Post on 18-Apr-2015
“Quando os ventos
de mudança sopram,
umas pessoas levantam barreiras,
outras constroem moinhos de
vento.”
Érico Veríssimo
No abismo misterioso e
fecundo,um punhado
de poeira cósmica.
E em meio a esta silenciosa imensidão,
um pequeninoponto azul.
A brisa que sopra na superfície deste pequenino ponto
produzum leve ruído que atravessa
as colinas e os campos verdes.
Uma leve brisa pode anunciar a chegada de uma
nova estação.
Uma leve brisa pode anunciar a chegada de uma
nova estação.
Nos países árabes,
ventos de mudança
anunciam a chegada da primavera.
Regimes que pareciam sólidos e intocáveis vão sendo varridos
pela brisa transformadora.
Num mundo cada dia mais interconectado,
as velhas regras de opressão e manipulação
vão sendo uma a uma superadas.
Pintura num muro na capital
da Tunísia, exaltando
a liberdade.
“LIBERDADE, essa palavra que o sonho
humano alimenta, que não
há ninguém que explique, e ninguém que
não entenda...”
Cecília Meireles
Porém, as brisas que anunciam mudanças
muitas vezes trazem junto
de sicaos, dor e confusão.
Londres, agosto de 2011
Raiva, desencanto e violentos distúrbios que se alastram por vários dias.
Uma vigília pacífica em Tottenham contra a morte
de um jovem por policiais acaba se convertendo
numa explosão de selvageria que se espalhapor diversos outros bairros londrinos.
Saqueadores atacam vitrines e depósitos de lojas, carregando principalmente
equipamentos eletrônicos,
– celulares, computadores, TVs de plasma, entre outros.
Também são alvos de saques lojas contendo
“itens de grife”, – marcas valorizadas
por mensagens de consumo.
E depois dos saques, a onda de incêndios criminosos.
A jovem moça, cujo apartamento fica acima de uma
loja de móveis que foi
incendiada, salta numa
desesperada fuga das chamas.
Um morador que presenciou a
onda de saques, depredações e
incêndios relata: “Nunca vi tanto desprezo pela vida humana.”
“Queimaram carros, lojas, e casas, sem se preocupar se
havia velhos ou bebês dormindo
dentro.”
São tempos de crise os nossos,
– crise econômica, financeira,
política e social.
E acima de tudo, ética e moral.
Tristes tempos em que uma
vida vale tão pouco,perdendo-se por
quase nada.
Saldo de quatro mortos e dezenas de feridos,
além de prejuízos que ultrapassam R$ 260 milhões.
Diversos especialistas
acreditam que os conflitos que
tiveram por palco as ruas londrinas
poderiam ter ocorrido em
qualquer outra cidade grande.
A voracidade consumista,
a pulsão pela aquisição do
novo,
a permanente sensação de
insaciabilidade, e vidas vazias
de sentidoinfelizmente permeiam a
quase totalidade das sociedades
modernas.
Tempos desleais os nossos, onde testemunhamos
a mercantilização
de tudo:sentimentos, ideais, metas existenciais
e sonhos.
Zygmunt Bauman, sociólogo polonês considerado, aos 86 anos de idade,
um dos principais pensadores daatualidade, classificou os distúrbios
na capital inglesa como
“um motim de
consumidores excluídos e frustrados.”
Em obras como
“Modernidade Líquida” e “Vida para consumo:
a transformação das pessoas
em mercadoria”, Bauman já havia
observado como na atual sociedade
de consumo as campanhas publicitárias sucessivas
atrelam a busca da felicidade
a indicadores de consumo e de riqueza ostentada.
Anúncios publicitário
s que vendem o delírio de que ser
dono de um determinado produto é
o coroamento do sucesso individual.
A torrente desumana de publicidade a que somos
expostos todos
os dias, fomentando o individualism
o e o
consumismo, em
detrimento à
solidariedade e cidadania.
“Prazer é mais do que
uma sensação.
É um objetivo de vida”,
nos recorda o anúncio ao lado.
Em outras palavras,
se você não adquirir o produto
anunciado, sua vida
estará vazia não somente
de prazer, mas
de um objetivo.
Bauman é enfático ao afirmar que
“enquanto não repensarmos a maneira como
medimos o bem-estar,
mais problemas
são inevitáveis.”
“A busca da felicidade
não deve ser atrelada
a indicadores de riqueza,
pois isso apenas resulta numa
erosão do espírito
comunitário em prol de competição
e egoísmo.”
Em suas entrevistas,
Bauman costuma citar um antigo
provérbio chinês de mais de
dois mil anos antes do advento da modernidade,
que diz:...
“Quando planejas por um ano,
semeias o grão.
Quando planejas por uma década, plantas árvores.
Quando planejas por uma vida
inteira, formas e educas
as pessoas.”
As graves crises éticas e morais,
sociais e ambientais
que solapam ahumanidade por todos os lados
anunciam a necessidade de superarmos
a modernidade, e trabalharmos para o advento daquilo definido por pós-modernidade.
E o que significa ‘educar’ paraos tempos de
pós-modernidade?
O urgente e vital desafio de
educar as futuras
gerações de modo que possam
cultivar uma nova visão,
uma atenção expandida.
Pais e avós, professores e educadores, e todos aqueles amantes da
vida devemos abraçar a
causa de como garantir às
novas gerações uma
educação plena.
Uma educação capaz de
estimular a reflexão e a crítica,
de modo que saibam cultivar
a ética, a
transcendência,
a cooperação, a solidariedade
e o respeito à
vida.
Uma educação plena, que abarque o
desenvolvimento físico e
intelectual, emocional, espiritual e social das crianças
pequenas que estão iniciando
a sua caminhada
pela jornada terrena.
Somente teremos ordem, progresso e beleza...
...no dia em que a Educação e a Infância forem consideradas uma prioridade
essencial.
O educador recifense
Paulo Freire, considerado um dos pensadores mais notáveis na história da
pedagogia mundial,afirma:...
“Eu nunca poderia pensar em educação sem amor.
É por isso que eu me
considero um educador:acima de tudo
porque eu sinto amor.”
“Eu sou um intelectual que
não tem medo de ser amoroso,
eu amo as gentes e amo o mundo.E é porque amo
as pessoas e amo o mundo, que eu brigo para que a
justiça social se implante
antes da caridade.”
“Pra mim, o ‘eu sou, logo existo’ há muito tempo
sumiu. ‘Nós somos,
logo existimos’, esta é que é
a formulação.
Nós existimos, fazemos coisas, por isso somos,
entende?...”
“Não é possível refazer este país, democratizá-lo, humanizá-lo, torná-lo
sério, com adolescentes brincando de matar
gente, ofendendo a
vida, destruindo o sonho,
inviabilizando o amor. Se a educação
sozinha não transformar a sociedade,
sem ela tampouco
a sociedade muda.”
“Mudar é difícil mas é
possível.”Paulo Freire(1921 – 1997)
Projeto “Compaixão e Cidadania”
Um espaço para refletirmos sobre temas essenciais.compaixao_cidadania@hotmail.com
“Mudar é difícil mas é
possível.”Paulo Freire(1921 – 1997)
Tema musical:“Johnny's Gone To France”, Anthea Lawrence.
“Mudar é difícil mas é
possível.”Paulo Freire(1921 – 1997)