Post on 29-Mar-2016
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CENTROhistória
Tratar o Centro da cidade sem levar em consideração as muitas camadas de tempo, superpostas e incrustadas na sua paisagem é subestimar a complexidade desse espaço. Muitos dos problemas que apontamos em nosso diagnóstico decorrem de intervenções que não levaram em consi-deração esses indícios do tempo, estigmas, nuances que apontam com-portamentos diante do espaço. Nossa intervenção se propõe a trazer à tona um pouco dessa história do centro, e até questionar os rumos tomados pela sua expan-são ao longo desses anos de ocupa-ção.
CIRCUITOpaisagem
A intervenção proposta resume-se na integração de pontos culturais importantes para a constituição espacial e da identidade do centro da cidade. Propomos a criação do que denominamos “Circuito Cultural”, uma vez que as intervenções promovem a integração não só física e visual dos já falados marcos culturais deste lugar.
CULTURALpercepção
A integração dos pontos culturais nessa intervenção vai além de modifi-cações físicas nos passeios, bouleva-res ou no trânsito. É na verdade um plano de ação em uma área do centro com grande concentração de potenciais equipamentos culturais, que seriam articulados também no sentido de promover um resgate de sentido àquela área que tomou um uso meramente comercial. A valori-zação do Mar, portanto, tornou-se parte essencial da proposta, uma vez que sua ressignificação é fundamental para o entendimento da área a partir de outras funcionalidades.
CIRCUITOCULTURAL
CENTRO
DIAGNÓSTICOPU1
arquitetura e urbanismoUFC____
lucianaximenes rebeca gaspar
cibele bonfim
paisagem percepção história
O uso habitacional passa atualmente por uma crescente redução no bairro, este declínio teve iníco na década de 50, como o surgimento da possibili-dade de mobilidade urbana através dos automóveis particulares. É possível identificar duas grandes áreas habita-cionais no bairro: o setor residencial leste e o setor residencial oeste. O núcleo central apresenta a menor con-cetração de moradias do centro, visto que as estruturas arquitetônicas são mais adeguadas ao uso do comércio. Hoje o centro passa por um processo novo, o de encortiçamento, processo este que preocupa por sua velocidade e os riscos que trazem. Por este quadro sobre moradia na zona central pode-se concluir que a atual quantidade de populaçao e densidade ali existentes não apresentam condições de susten-tação econômica para a formação de um ambiente vitalizado e vibrante, em especial no período noturno.
Atualmente o uso do solo predomi-nante na zona central é o comercial homogêneo, que inclui principalmente, tecidos, confecções, móveis e eletro-domésticos. Além dele destacam-se os usos de estacionamentos privados gerados pela demolição de edificações, usos dos espaços públicos como praças e ruas de pedestres, em grande parte no pedíodo diurno. De forma reduzida, porém relevante, encontra-mos ainda o uso habitacional, ativi-dades de serviços públicos, instituições culturais e alguns museus.O comércio é atualmente o uso que mais trás vitalidade ao bairro. Atrai diariamente um grande número de pessoas, em sua maioria de classes sociais baixas e médias. Atualmente este uso tem enfrentado uma disputa de mercado com os comércios ambu-lantes. Este tipo de comércio tem crescido de forma descontrolada e com isso há uma grande ocupação de espaços públicos, como calçadas e praças.
É possivel identifarmos alguns edifícios que abrigam atividades terciárias no bairro, porém sabe-se que este é um uso que se distancia do centro urbano, levendo junto com ele os seus usuários . O grande número de edifício vazios que inicialmente eram destina-dos a este fim mostra-nos quão graves são as conseguências destes esvazia-mento.
USOS
habitacional
comercial
lazer
misto
industrial
institucional
N
“I - preservar, valorizar, monitorar e pro-teger o patrimônio histórico, cultural, arquitetônico, artístico,arqueológico ou paisagístico;II - incentivar o uso dessas áreas com atividades de turismo, lazer, cultura, edu-cação, comércio e serviços;III - estimular o reconhecimento do valor cultural do patrimônio pelos cidadãos;IV - garantir que o patrimônio arquit-etônico tenha usos compatíveis com as edificações e paisagismo doentorno;V - estimular o uso público da edificação e seu entorno;VI - estabelecer a gestão participativa do patrimônio.” (PDDU, 2009)
Por fim temos a ZEDUS que cobre a área central do bairro. Esta zona está inclusa nos planos e projetos estratégicos de desenvolvimento sócio-ambiental que são intevenções, podendo ser de natur-eza privada ou com participação do poder público, afim de promover a requalificação urbanística e ambiental, a inclusão sócio-ambiental e a dinamização sócio-econômica.
A região central de Fortaleza é hoje abordada por diversas legislações, dentre elas o plano diretor atual, que contempla a região com a aplicação de três zonas, são elas: Zona de preservação ambiental (ZAP) e sua subdivisão em Zona de preservação ambiental da faixa de praia (ZAP1); Zona especial de preservação do patrimonio paisagistico, histórico e cultural do Centro (ZEPH) e Zona espe-cial de dinamização urbanística e socio-econômica (ZEDUS). Além da legislação estadual e federal que se mostra presente através dos diversos tom-bamentos de edifícios históricos. É pos-sível notar no mapa apresentado que os bens tombados encontram-se concetra-dos em algumas áreas como ao longo da Rua João Moreira, próximos a Praça do Ferreira e próximos à praça José de Alencar.
Cada zona proposta pelo PDP apresenta justificativa e objetivos próprios. A ZAP, assim como suas subdivisões, tem como objetivo maior a preservação integral dos ecossistemas e dos recursos naturais da área a qual delimita e os usos permiti-dos são os de pesquisa científica, monito-ramento, educação ambiental e o uso indireto de recursos naturais, de forma que não haja consumo, coleta, dano ou destruição dos mesmos.Nota-se pelo mapeamento que a ZEDUS protege lugares importantes para o bairro como o corredor cultural da Rua João Moreira, o percurso da Rua Conde D’Eu, passando pela Praça do Ferreira e chegando ao Parque das Crianças, e o leito do rio Pajeú. Esta zona tem como objetivos pontuados no Plano Diretor:
LEGISLAÇÃO
0102
03
0405
0607
08
09 10
11
12 13
1415 16 17
1819
20
21
01.
03. Cadeia Pública (Centro de turismo)04. Passeio Público05. Fortaleza Nossa Senhora de Assunção
Galpões da Estação João Felipe02. Estação João Felipe
06. Palace Hotel07. Sociedade da União Cearense
08. Secretaria da Fazenda09. Igreja São Bernardo10. Solar Fernandes Vieira (Arquivo Público)11. Banco Frota Gentil12. Assembléia Provincial (Museu do Ceará)13. Praça General Tibúrcio (Praça dos Leões)14. Cine São Luis
15. Palacete do Ceará16. Igreja Nossa Senhoraa do Rosário17. Palácio da Luz18. Antiga Escola Normal (IPHAN)19. Teatro José de Alencar20. Palacete Carvalho Mota (DNOCS)21. Instituto do Ceará
Zona de preservação ambiental da faixa de praia (ZAP 2)
Zona de preservação ambiental (ZAP
Zona especial de preservação do patrimonio paisagistico, histórico e cultural do Centro (ZEPH Centro)
Zona especial de dinamização urbanística e socioeconômica (ZEDUS)
Imóveis tombados por orgãos federais, estaduais ou projeto prodetur
N
Ao tratarmos de mobilidade urbana, deve-se considerar toda a complexidade da cadeia de mobilidade de usuários na condição de pedestres, bicicletas, automóveis e transportes públicos em modos diversos. Partindo deste conceito podemos avaliar como o centro da cidade recebe esses fluxos. Com relação ao transporte público cole-tivo, meio pelo qual grande parte da pou-pulação chega ao bairro, há uma con-vergência de ônibus, que seguem os mesmos caminhos radiais históricos, ocu-pando a maioria das estreitas ruas da vias centrais com um volume superior a capacidade das caixas das vias, produz-indo grandes áreas de trânsito lento e congestionamentos.
A circulação de cicilistas e o tráfego de pedestres é em grande parte oprimido pelo volume de automóveis particulares. As calçadas irregulares e ocupadas pelo comércio são exemplos claros das dificul-dades encontradas dos pedestres ao pecorrerem a região. A situação de agrava quando trata-se da mobilidade de defi-cientes motores e visuais, usuários desprestigiados, salvo algumas interven-ções pontuais recentes em espaços públi-cos como a Praça do Ferreira.
Um grande problema que surge como reflexo dos demais são os diversos esta-cionamentos dispostos de forma irregular e sem planejamento, muitas vezes utilizando-se de edifícios de valor patri-monial histórico. Estes investimentos acabam por incentivar o uso dos automóveis particulares, resultado da ausência de transportes públicos locais adeguados.
Principais rotas do transporte coletivo
Espaço de uso por pedestres
Estacionamentos de automóveis
Visadas
Área de estacionamento e pontos �nais de ônibus
MOBILIDADEvisadas
1
22
3
4
3
4
1
N
Área de influência da intervenção
ÁREA
N
inadequadas
Leste-Oeste.
veículos
intervenção.
DIRETRIZES
Visadas de lugares de interesse tratados na intervenção.
Visada da Catedral
N
Diante dos problemas e constata-ções expostos no disgnóstico real-izado, propomos diretrizes de inter-venção do projeto na área. A princi-pal delas é a criação de um percurso voltado para o caminhante e o ciclista, interligando fisica e visual-mente os pontos destacados como marcos históricos d paisagem. Para tal escolhemos a av. João Moreira, no trecho que vai da Estação João Felipe ao Mercado Central, para ser trans-formada em uma rua de pedestres com espaço para ciclovia.
A segunda intervenção seria a abertura das visadas e acesso ao mar nesse trecho. Para tal, pretende-se fazer uma praça elevada por sobre a av. Leste Oeste, no trecho exata-mente correspondente ao Passeio Público, garantindo o aceso à Orla por essa via.
Dando continuidade ao eixo de intervenção, algumas áreas da orla seriam desapropriadas pelo seu uso indevido do espaço de marinha, como é o caso do Marina Park Hotel, que seria reaproveitado enquanto espaço de lazer para a comunidade local.
Foi pensada a reuso para a rua José Avelino, que recberia tratamento especial por seu grande potencial visual e de integração do centro à prai de Iracema no entorno do Dragão do Mar.
Quanto às comunidades do Poço da Draga e Moura Brasil, seriam trabalhadas aberturas de visadas e passeios que interligassem essas comundade aos equipamentos culturais existentes e previstos no seu enorno, no sentido de garantir o acesso dessas pessoas aí residentes à vida cultural no centro da cidade.
2
ENCETUR e Santa Casa de Misericórdia
Área de tratamento da orla.
Av. Leste-Oeste constitui-se como barreira física no acesso à orla.
Lotes vagos que serão desapropriados para uso público
N
Nessa etapa tratamos de integrar a Praça e a Estação João Felipe, tendo em vista seu novo papel de centro cultural. Admitimos essa área como ponto de partida para nosso corredor cultural, localizado na rua João Morreira, onde já podemos notar o tratamento dado ao passeio, no qual o pedestre é o grande privilegiado.
Nessa segunda etapa, a intervenção se dá desde o tratamento da via João Moreira compreendida entre a ENCETUR e a Santa Casa de Misericórdia até a ação na orla, onde propomos a expropriação de empreendimentos particulares sua utiliza-ção para equipamentos públicos. Privilegia-se aí também a abertura das visuais para o mar junto com a criação de praças e equipamentos de lazer, usando um conceito de espaço democrático, direcionado para todas as classes e todas as idades.
Na etapa 3 a intervenção volta-se para a integração do Passeio Público e Fortaleza Nossa Senhora de Assunção. Seguindo a mesma linha de intervenção, privilegia-se a utilização por pedestres da via João Moreira e muda-se o uso da praça da estaçao (atualmente terminal de onibus) para um espaço para eralização de ativi-dades culturais.
Na etapa 4, os principais pontos a serem tratados são a Catedral e o Mercado Central e sua integração através dos passeios e espaços públicos. Nela o percuros para pedestres se encerra com grande praça.
Documentação do processo criativo. Croquis esquemáticos e zoneamentos que serviram
de base para o trabalho
1
2
3
4
INTERVENÇÃO
RUA JOÃO MOREIRA
RUA SENADOR JAGUARIBE
AV. LESTE OESTE
13
4
2
N
etapa 2INTERVENÇÃO
sem escala
CORTE DO CONJUNTO
TRECHO 1
TRECHO 2
TRECHO 3
Coqueiral
Calcadão
Ciclovia
Quiosques para locação de pequenos comércios, bares e lanchonetes
Quadras poliesportivas
Área para prática de esportes radicais
Arquibancadas em concreto para uso em jogo e apresentaçõs
Caramanchão em madeira e vegeta-ção trepadeira seguindo a mesma linguagem dos quiosques
Arborização do canteiro central daLeste - Oeste
Estacionamento
Passarela em aço para ligação dos dois complexos.
Mirante para contemplação da paisagem natural.
Rua com bloco intertravado e paginação diferenciada para privilegiar o pedestre
Banco em concreto, madeira e aço onoxidável
Faixa de pedestres em platô
Ciclovias
DETALHAMENTOS
corte
vista vista
Banco Quiosque Bicicletário
sem escala
corte corte
vista
pl. baixa pl. baixapl. baixa
215cm
Assentamentoem concreto
Peça em aço inoxidável
de madeira
Tábuas de madeira
205cm
37cm
98cm Peça em aço inoxidável
de madeira
Assento em madeira
mobiliário