Projeto escolar: resgatando saberes populares

sobre plantas medicinais em aulas de química

Autores: Ana Carolina Pereira Real

Jonas de Albuquerque Barbosa Filho

Vinícius Oliveira da Silva Pinto

Coordenação: Maria de Fátima Teixeira Gomes

INTRODUÇÃO

A OMS define planta medicinal como

sendo “todo e qualquer vegetal que

possui, em um ou mais órgãos,

substâncias que podem ser utilizadas

com fins terapêuticos ou que sejam

precursores de fármacos

semissintéticos”. WHO, 1998 apud PINTO, 2005.

INTRODUÇÃO

Os pesquisadores da área, no entanto,

reconhecendo “o papel fundamental do

conhecimento popular e do uso que os

seres humanos fazem das espécies

vegetais”, conceituam planta medicinal

como qualquer espécie vegetal usada com

a finalidade de prevenir e tratar doenças ou

de aliviar sintomas de uma doença.

DI STASI, 2007.

OBJETIVO DO PROJETO

Resgatar saberes populares sobre o uso de

plantas medicinais e associá-los a

conhecimentos adquiridos em aulas de

Química, como forma de motivar os

estudantes para o aprendizado desta Ciência.

METODOLOGIA

Público alvo:

Estudantes do Ensino Médio Regular: uma turma

do 1° ano e de três do 3° ano;

Estudantes de uma turma da NEJA (Nova EJA).

Turno: matutino

Local:

Colégio Estadual Herbert de Souza, situado no

Rio de Janeiro, RJ.

METODOLOGIA

Etapas:

1. Levantamento dos conhecimentos prévios dos

estudantes sobre o tema “Plantas Medicinais”

a partir da aplicação de um questionário

composto por quatro questões abertas;

2. Consulta a diferentes fontes de informação e a

familiares para buscar respostas para questões

sobre os benefícios e os riscos que o uso das

plantas medicinais traz para a saúde.

Etapas:

3. Produção de uma horta de ervas medicinais;

4. Atividades práticas de extração de óleos essenciais;

5. Elaboração, pelos estudantes, de produtos finais contendo em sua composição essências ou tinturas de plantas medicinais.

6. Apresentação dos produtos finais do projeto em uma Feira de Ciências realizada no Colégio.

Questionário aplicado em sala de aula

I. Você já fez ou faz uso de alguma planta como medicamento? Quais plantas medicinais você usou?

II. Em sua família é comum o uso de plantas medicinais? Quais são as mais utilizadas?

III. Você tem algum pé de planta medicinal em casa? Qual ou quais?

IV. Dê os nomes das plantas medicinais que você conhece e informe os problemas de saúde para quais elas são indicadas.

Questões que nortearam as consultas/ pesquisas

1. O que uma planta medicinal tem que as outras plantas não têm?

2. Muitas plantas medicinais têm um nome popular e um nome científico. Dê o nome popular de duas plantas medicinais, a sua escolha, e pesquise quais são os seus nomes científicos.

3. Quais os benefícios que o uso das plantas medicinais traz para a saúde?

4. Muitas pessoas se medicam com plantas medicinais por conta própria. Quais os riscos desta ação?

5. Podemos substituir os remédios por plantas medicinais?

RESULTADOS

Levantamento dos conhecimentos prévios

O questionário foi respondido por 89 estudantes

do EM Regular (1° e 3° ano) e da NEJA.

I. Você já fez ou faz uso de alguma planta

como medicamento? Quais você usou?

48% dos estudantes afirmaram que sim e

nomearam 20 espécies diferentes.

35%

11%

10%

6%

5%

5%

5%

23%

Quais plantas medicinais você já usou?

Boldo

Camomila

Erva Cidreira

Hortelã

Erva-doce

Goiaba (broto)

Romã

Outras 13 espécies

RESULTADOS

42% dos estudantes afirmaram que sim;

Foram citadas 23 espécies diferentes de

plantas, dentre elas a mais citada foi o

boldo (37%).

II. Em sua família é comum o uso de

plantas medicinais? Quais são as mais

utilizadas?

37%

7%

7%6%

6%

4%

33%

Quais plantas medicinais sua família usa?

Boldo

Camomila

Erva cidreira

Erva doce

Romã

Saião

Outras 17 espécies

III. Você tem algum pé de planta medicinal em

casa? Qual ou quais?

Somente, 27% afirmou que sim.

56%

9% 9% 6% 6%

3% 3% 3% 3% 3%

IV. Dê os nomes das plantas medicinais que

você conhece e informe os problemas de

saúde para quais elas são indicadas.

137 respostas plausíveis;

Foram citadas 25 espécies diferentes; descartando a

duplicidade de nomes para: capim-limão/capim-santo,

erva de santa maria/mastruz e hortelã/menta.

As mais citadas foram: boldo (33%), erva cidreira

(11%), camomila (7%), arnica (6%) e babosa (6%).

Planta

Medicinal

Frequência

(%)

Concepções dos

estudantes Alegações terapêuticas

Boldo 33

Dores no

estômago; dores no

corpo; males do

fígado; prisão de

ventre; enjoo;

ressaca e cólica.

a Dispepsia (distúrbios

digestivos) e hipotensão; b dispepsia, ação colerética

(aumenta a produção de bile)

e colagoga (auxilia a sua

eliminação).

Erva

cidreira 11

Tranquilizante; dor

de cabeça e cólica.

Quadros leves de ansiedade e

insônia, como calmante suave.

Cólicas abdominais.

Camomila 7 Tranquilizante e

anti-inflamatório.

Quadros leves de ansiedade,

como calmante suave. Cólicas

intestinais. Processos

inflamatórios da boca e

Gengiva. aBoldo-da-terra (Plectranthus barbatus); bboldo-do-chile (Peumus boldus)

RESULTADOS

Produção de uma horta de ervas medicinais

RESULTADOS

Experimentos demonstrativos de extração de óleo

essencial de cravo-da-índia e de canela pelo

processo de destilação por arraste a vapor.

RESULTADOS

Os estudantes foram incentivados a apresentar para a comunidade escolar os conhecimentos adquiridos, o que foi feito com a apresentação de cartazes na Feira de Ciências realizada no Colégio.

Com os óleos essenciais extraídos do cravo-da-índia e da canela foram produzidos aromatizantes para ambientes.

RESULTADOS

O concentrado de citronela foi diluído com

álcool de cereais para produzir um repelente

contra mosquitos e a tintura de eucalipto foi

utilizada na produção de um desinfetante.

Também foi produzido sabão caseiro

aromatizado com essência de erva de doce,

a partir de óleo de cozinha já utilizado.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

O projeto escolar possibilitou a concretização

de um trabalho interdisciplinar em aulas de

Química.

O interesse dos estudantes pelo tema motivou

a busca de informações e o planejamento de

atividades práticas que permitiram correlacionar

saberes populares com conhecimentos

científicos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Para nós, estudantes de Licenciatura em

Química e participantes do Pibid, o

desenvolvimento de um projeto escolar com

alunos de uma escola pública, com uma faixa

etária tão diferenciada, foi importantíssimo, pois

vivenciamos formas mais dinâmicas e

contextualizadas de ensinar.

REFERÊNCIAS • CONSELHO REGIONAL DE FARMÁCIA DO ESTADO DE SÃO

PAULO. Plantas Medicinais e Fitoterápicos. São Paulo: CRF-SP, julho,

2012.

• FURLAN, Marcos R. Cultivo de Plantas medicinais. 2.ed. São Paulo:

Sebrae, 1999.

• FURTADO, Junia Ferreira. Medicina tropical. Revista de História da

Biblioteca Nacional. Historia da Ciência. Edição especial, n.1, outubro

2010.

• LAMEIRA, Osmar Alves; PINTO, José Eduardo B. P. Plantas

Medicinais: do cultivo, manipulação e uso à recomendação popular.

Belém: Embrapa Amazônia Oriental, 2008.

• VEIGA Jr., Veiga F.; PINTO, Angelo Cunha. Química Nova, vol. 20, n. 3,

p. 519-528, 2005.

Obrigado!

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