PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM EDUCAÇÃO (UFSM) … · Creio que sim... Precisamos cava-los para...

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Intervalo

Vacúolo

Entre-dois

Separação

Distanciamento

Ausência

Blanchot (2005) (2010) e (2011) Deleuze (1992) e(2006) Levy (2011) Corazza (2007) A

UTO

RES

Outros termos pelos

quais é abordado:

Entre uma linguagem e outra […] existem pontos de silêncio,

vazios de linguagem, vácuos de ângulos classificatórios, pontos de vista não perspectivados, enunciados ainda a serem articulados.

[…] Só aqui é possível produzir abalos; provocar mudanças no que somos capazes de ver e de dizer; dar alegres cambalhotas;

radicalizar nossas relações com o poder e o saber; partir as linhas; mudar de orientação; desenhar novas paisagens; promover

outras fulgurações. Enfim, artistar, inventando novos estilos de vida e, portanto, de práticas (CORAZZA, 2007, p. 122).

Brígida Baltar, A Coleta da Neblina , 2002. (fotografia)

Blanchot (2010) - Falar não é ver

Entre o que dizemos e aquilo (a coisa) do qual falamos, há um distanciamento que não

permite equivalência entre ambos.

Este vazio seria como “um intervalo que sempre se cava e cavando-se se preenche, o

nada como obra em movimento” (BLANCHOT, 2010, p. 35).

Se os vazios estão, por toda a parte, “entre uma linguagem e outra” (CORAZZA, 2007) o que invisibilizaria este vazio? A rotina da linguagem cotidiana, os discursos, os saberes e o que tomamos por verdades?

O intervalo, já existente, estaria apenas camuflado (embora visível) em meio ao que satura o espaço com tantos ditos e vistos?

Seria então preciso fazer um exercício de cavar vazios? Ficar a espreita do que pode funcionar como ferramenta para tal?

Abrigo, Brigida Baltar, 1996.

\

Creio que sim... Precisamos cava-los para assim experiência-los. Rachar as coisas, rachar as palavras, diria Deleuze (1992) a partir de Foucault.

Produzir espaços nos quais outros visíveis possam brotar em meio as palavras, e outras palavras possam brotar em meio àquilo que vemos.

Viver este espaço onde “a intencionalidade cede lugar a todo um teatro, uma série de jogos entre o visível e o enunciável” onde “um racha o outro” (DELEUZE, 1992, p. 134).

“pensar é chegar ao não estratificado. Ver é pensar, falar é pensar, mas o pensar opera no interstício, na disjunção entre ver e falar”

(DELEUZE, 2006, p. 93-94).

Experiência relacionada ao pensar e também à arte (LEVY, 2011).

“Uma violência que nos tira do campo da recognição”, uma violência que nos lança ao imprevisível, “onde nossas relações com o senso

comum são rompidas, abalando certezas e verdades”

(LEVY, 2011, p. 100).

A experiência do vazio, enquanto experiência do fora ...

O pensar e a arte enquanto maneiras de cavar o vazio …

• Que implicações estas questões tem em uma pesquisa em educação que intenta pensar a docência? E que intenta

pensa-la desde outros lugares que não somente o de uma atuação docente? Que intenta pensá-la a partir de diferentes afetos recolhidos em meio a diferentes andanças cotidianas?

• Que estranhamentos estes afetos podem trazer à docência, que moradas desmancham e que abrigos

provisórios permitem inventar?

• Em que medida contribui para cavar os estratos, as camadas que fecham a docência em um ‘é’ ou um ‘deve ser’?

No momento a intenção desta tese é cavar vazios nos ditos e vistos da

docência, traçar possibilidades de ‘entres’ a partir dos afetos recolhidos em diferentes andanças... Uma passagem de

ar para que enfim possa dizer, escrever, pensar, inventar uma docência que

escape do já dado, estratificado, do já pronto, dos modelos de docência que as vezes me imponho, naturalizo, e a partir

dos quais me frustro por não dar conta dos seus “deve ser de tal maneira”.

Compor a tese com imagens e escritas... Mantendo-os em sua

heterogeneidade, em tensionamento...

O desafio aqui é de fazer com que eles tenham uma relação em seu

distanciamento e, que este distanciamento não fique

longínquo demais, a ponto do leitor não se interessar em

experimentar seus vazios, e também que não mate a

experimentação do leitor saturando estes vazios com

possibilidades já dadas.

- Como produzir uma tese enquanto experimentação do vazio e como convite para

habitar vazios?

- Que docências podem brotar em meio a estas experimentações/ composições com imagens e

escrita?

• BLANCHOT, Maurice. A conversa infinita. A palavra plural. Tradução Aurélio Guerra Neto. São Paulo: Escuta, 2010.

• BLANCHOT, Maurice. A parte do fogo. Tradução de Ana Maria Scherer. Rio de Janeiro: Rocco, 2011.

• BLANCHOT, Maurice. O livro por vir. Tradução Leyla Perrone-Moisés. São Paulo: Martins Fontes, 2005.

• CORAZZA, S. M. Labirintos da pesquisa, diante dos ferrolhos. In: COSTA, Marisa Vorraber (Org.). Caminhos investigativos I: novos olhares na pesquisa em educação. 3a Ed. Rio de Janeiro: Lamparina editora, 2007. p. 103-127.

• DELEUZE, G. Conversações. Tradução Peter Pál Pelbart. São Paulo: Ed. 34, 1992.

• ______. Foucault. 6º reimpr. da 1º Ed. de 1988. Tradução Claudia Sant’Anna Martins; Revisão de tradução Renato Ribeiro. São Paulo: Brasiliense, 2006.

• LEVY, T. S. A experiência do fora: Blanchot, Foucault e Deleuze. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

Referências:

Convite à escrita:

Você já experimentou a violência do vazio? Como foi esta experiência?