Post on 17-Apr-2015
Profª Drª Gisele MassonDepartamento de Educação
Universidade Estadual de Ponta Grossa UEPG
EDUCAÇÃO NA PERSPECTIVA CRÍTICO-REPRODUTIVISTA
Pierre Bourdieu
1930-2002 França
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Jean-Claude Passeron
1930 França
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
A escola reproduz as desigualdades sociais em forma de desigualdades escolares.
Os estudantes mais favorecidos devem ao meio de origem os hábitos, as atitudes, os saberes e um savoir-faire, gostos e um bom gosto.
O sistema educativo perpetua o privilégio. A igualdade de oportunidades não promove a superação das desvantagens dos alunos das classes trabalhadoras.
Compreendem que a instituição escolar dissimula por trás de sua aparente neutralidade a reprodução das relações sociais e de poder vigentes: encobertos sob as aparências de critérios puramente escolares, estão critérios sociais de seleção dos indivíduos para ocupar determinados postos na vida.
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
O acesso ao ensino superior é o resultado de uma seleção escolar que acontece ao longo do percurso escolar, de acordo com a origem social dos alunos.
De todos os fatores de diferenciação, a origem social é aquele que mais fortemente se faz sentir sobre os estudantes.
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
Os sucessos e os fracassos dependem de orientações precoces que são produtos do meio familiar.
Os estudantes de origem burguesa manifestam maior segurança na escola.
Em qualquer domínio cultural os hábitos culturais de classe e os fatores econômicos acumulam os seus efeitos.
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
A influência do privilégio cultural transmite-se de forma indireta.
Para as camadas mais desfavorecidas a escola continua a ser a única via de acesso à cultura.
Entendem que não há qualquer possibilidade de romper com as estruturas de reprodução e afirmam que as teorias pedagógicas são uma cortina de fumaça que procura ocultar o poder reprodutor do sistema que está nas mãos dos educadores.
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
Os estudantes só são formalmente iguais face à aquisição da cultura, mas na realidade diferem através de todo um conjunto de conhecimentos adquiridos no meio de origem.
Discordam do discurso dominante segundo o qual a conquista de uma “escola para todos”, de caráter igualitário, tornaria possível a realização das potencialidades humanas.
Obra: Os Herdeiros (1964) Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
A cultura da elite é mais parecida com a cultura da escola.
Para uns a aprendizagem da cultura da elite deve ser conquistada, mas para outros é uma herança.
Obra - A reprodução: elementos para uma teoria do sistema do ensino
Pierre Bourdieu e Jean-Claude Passeron
Escrita em 1970
Christian Baudelot
1938 - França
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Roger Establet
1938 - França
Obra: L’École Capitaliste en France (1971) Christian Baudelot e Roger Establet
Ao longo de todo o percurso escolar, verifica-se uma oposição – o Secundário Superior (SS), frequentado pelos filhos das classes dominantes, e o Primário Profissional (PP), frequentado pelos filhos das classes dominadas. Assim, o objetivo da escola não é unificar mas dividir.
A escola distribui os indivíduos nos diferentes postos de trabalho.
A base real sobre a qual funciona a escola é constituída pela divisão da sociedade em duas classes antagônicas.
Obra: L’École Capitaliste en France (1971) Christian Baudelot e Roger Establet
Do ponto de vista da burguesia, a escola é democrática, contudo, ela reforça a relação de dominação de uma classe sobre a outra.
Para aqueles que abandonam a escola, depois do ensino primário ou profissional, não existe apenas uma escola. Existem escolas distintas, com propósitos distintos.
Obra: L’École Capitaliste en France (1971) Christian Baudelot e Roger Establet
A divisão social do trabalho promove percursos de formação distintos. O ensino primário e o profissional não dão acesso ao secundário nem ao superior, mas ao mercado de trabalho, ao mundo da produção material.
Na escola primária ocorrem divisões porque esta não é unificadora. Ela divide a massa escolarizada em duas seções distintas e opostas.
Obra: L’École Capitaliste en France (1971) Christian Baudelot e Roger Establet
Tal processo resulta em dois aspectos: a) assegura uma repartição dos indivíduos em pólos opostos da sociedade; b)desempenha uma função política e ideológica de inculcação da ideologia burguesa.
Na escola primária, é a partir da linguagem escolar que se realiza a ideologia burguesa, não só através dos seus conteúdos manifestos, mas também através das práticas coercitivas que impõe.
Obra: L’École Capitaliste en France (1971) Christian Baudelot e Roger Establet
A escola limita-se a reproduzir ou a perpetuar as desigualdades sociais já existentes (família de origem).
As crianças são desiguais quando ingressam na escola porque antes de aí entrarem foram submetidas à ação de diferentes fatores.
O que determina a estrutura do aparelho escolar e as consequências dos diferentes percursos individuais é a divisão da sociedade em classes.
Samuel Bowles1939 - EUA
Herbert Gintis1940 - EUA
Obra: Schooling in Capitalist Society (1976)
Samuel Bowles e Herbert Gintis
Consideram que o capitalismo requer uma força de trabalho competente e disciplinada, requisitos esses que não podem ser satisfeitos adequadamente através das instituições socializadoras tradicionais, como a família ou a Igreja.
O sistema de educação de massa atende as necessidades da sociedade capitalista. Assim, as transformações educativas são “respostas à transformações das estruturas econômicas associadas ao processo de acumulação de capital”.
A educação massiva torna-se um meio importante no inculcamento de valores e comportamentos necessários ao trabalho.
As relações entre professores e alunos reproduzem as relações existentes no mundo do trabalho entre patrões e funcionários.
Obra: Schooling in Capitalist Society (1976)
Samuel Bowles e Herbert Gintis
Obra: Schooling in Capitalist Society (1976) Samuel Bowles e Herbert Gintis
A desigualdade de escolarização reproduz a divisão social do trabalho. Essa divisão é reproduzida de geração em geração, através da escola.
O sistema educativo dá a ideia de promover e desenvolver a igualdade de oportunidades com o conjunto de crenças cuja reprodução é assegurada através da inculcação deliberada dos conceitos modernos de justiça distributiva.
Obra: Schooling in Capitalist Society (1976) Samuel Bowles e Herbert Gintis
É na escola, segundo eles, que os indivíduos aprendem a pontualidade, o respeito pela autoridade (extra familiar), a responsabilidade em relação ao cumprimento de tarefas, a questão da recompensa, sendo ela também responsável pela preparação dos alunos ao sistema de produção.
Obra: Schooling in Capitalist Society (1976) Samuel Bowles e Herbert Gintis
Diferentes conhecimentos (no que se refere à quantidade e qualidade), habilidades diferentes (para o comando ou para a obediência), tornando legítima a cultura dominante e preparando de modo diferenciado para o trabalho de acordo com a classe social, com a raça e também com o gênero.
Toda democratização da educação é ilusória.
Louis Althusser1918-1990 Argélia e França
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970)
Louis Althusser
Os aparelhos ideológicos do Estado não podem ser confundidos com o aparelho repressivo do Estado.
O aparelho de Estado (AE) compreende: o governo, a administração, o exército, a polícia, os tribunais, as prisões, etc, que constituem o que chamamos de aparelho repressivo de Estado.
Repressivo indica que o aparelho em questão funciona através da violência.
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970) Louis Althusser
Os aparelhos ideológicos do Estado se apresentam sob a forma de instituições distintas e especializadas:
AIE religiosos AIE escolarAIE familiarAIE jurídicoAIE políticoAIE sindicalAIE de informaçãoAIE cultural
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970) Louis Althusser
Enquanto que o aparelho repressivo do Estado pertence inteiramente ao domínio público, a maior parte dos aparelhos ideológicos do Estado remete ao domínio privado.
A diferença fundamental é que o aparelho repressivo do Estado funciona através da violência ao passo que os aparelhos ideológicos do Estado funcionam através da ideologia.
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970)
Louis Althusser
O aparelho do Estado funciona tanto através da violência como através da ideologia.
A repressão dos aparelhos ideológicos do Estado é bastante atenuada, dissimulada, ou mesmo simbólica.
Os aparelhos ideológicos do Estado podem não apenas ser os meios mas também o lugar da luta de classes.
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970) Louis Althusser
Apesar da diversidade dos aparelhos ideológicos do Estado há uma função comum que é reproduzir as relações sociais de produção.
O aparelho ideológico escolar é dominante porque constitui o instrumento mais acabado de reprodução das relações de produção de tipo capitalista.
Obra: Aparelhos ideológicos de Estado (1970)
Louis Althusser
Tese 1: A ideologia representa a relação imaginária dos indivíduos com suas condições reais de existência.
Tese 2: A ideologia tem uma existência material.
REFERÊNCIAS
ALTHUSSER, L. Aparelhos ideológicos de Estado. 4. ed. Rio de Janeiro: Graal, 1989.
BAUDELOT, C.; ESTABLET, R. L'École Capitaliste en France. Paris: Maspero, 1971.
BOURDIEU, P. PASSERON, J.-C. Les héritiers: les étudiants et la culture. Paris: Minuit, 1964.
______. A reprodução: elementos para uma teoria do sistema de ensino. Rio de Janeiro, Francisco Alves, 1975.
BOWLES, S. GINTIS, H. Schooling in capitalist America: educational reform and the contradictions of economic life. New York: Jegan Paul, 1976.