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CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE RONDONÓPOLIS
PRODUÇÃO DE MUDAS: DIAGNÓSTICO E
SITUAÇÃO ATUAL NOS VIVEIROS DO MUNICÍPIO
DE RONDONÓPOLIS - MT
Karine Aline Novaes
MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS - MT
Federal de Rondonópolis como parte dos requisitos do Curso de
Graduação em Engenharia Agrícola e Ambiental para a obtenção
do título de bacharel em Engenharia Agrícola e Ambiental.
Orientador: Prof. Dr. José Adolfo Iriam Sturza
Rondonópolis – MT
Engenharia Agrícola e Ambiental
A comissão examinadora abaixo assinada aprova o trabalho de
curso
PRODUÇÃO DE MUDAS: DIAGNÓSTICO E SITUAÇÃO ATUAL NOS
VIVEIROS DO MUNICÍPIO DE RONDONÓPOLIS - MT
elaborado por
Karine Aline Novaes
como requisito parcial para obtenção do grau de Bacharel em
Engenharia Agrícola e
Ambiental
UFMT – Universidade Federal de Rondonópolis
_______________________________________
UFMT – Universidade Federal de Rondonópolis
____________________________________________
Rondonópolis, oito de abril de 2019.
2
AGRADECIMENTOS
Primeiramente a Deus, por me conceder saúde e capacidade para a
concretização desta
pesquisa.
A todos da minha família, em especial: Maria de Fátima Dias, pelo
apoio e compreensão
necessários à realização deste curso.
Ao meu orientador José Adolfo Iriam Sturza, por fazer parte de seu
projeto de pesquisa
e por me auxiliar e ensinar durante o processo de trabalho de
conclusão de curso.
Aos meus amigos de curso por sempre estarem presentes durante todo
o período de
graduação, tanto em atividades curriculares quanto
extracurriculares e por me ajudar sempre
quando necessário.
Nunca desistir
“O sucesso nasce do querer, da determinação e persistência em se
chegar a um
objetivo. Mesmo não atingindo o alvo, quem busca vencer obstáculos,
no mínimo
fará coisas admiráveis.”
José de Alencar
4
RESUMO
O Cerrado é o segundo maior bioma brasileiro em extensão sendo a
savana mais rica em
biodiversidade do mundo. Com alto grau de endemismo, o bioma abriga
mais de 11 mil
espécies de plantas nativas já catalogadas, segundo o Ministério do
Meio Ambiente. A
consciência a respeito da problemática ambiental cresceu
significativamente nos últimos
anos. Com isso, tem aumentado a demanda por produção de mudas para
os mais variados
fins. Seja para a horta caseira ou comercial, processos de
reflorestamento, jardins públicos
ou residenciais, a instalação de pomares frutíferos ou outras
finalidades. Este setor possui
extrema importância socioeconômica para o país, e os estudos sobre
o sistema produtivo
de sementes e mudas florestais são de grande relevância, tanto para
produção e proteção,
quanto ao paisagismo no âmbito urbano. O município de Rondonópolis
– MT foi
selecionado para este estudo devido a concentração de poucas
informações relacionadas
à produção de mudas na região, o que torna está uma área de escasso
conhecimento quanto
a produção de mudas para a realização de projetos voltados para a
área ambiental. A
pesquisa foi realizada a partir de estudo bibliográfico,
levantamento e entrevistas junto
aos viveiros de Rondonópolis. Concluiu-se que apenas um viveiro
possui produção
assertiva de mudas nativas, os demais não produzem mudas florestais
nativas e sua alta
comercialização está voltada para mudas ornamentais. Evidencia-se a
existência de
desigualdades na organização da cadeia de espécies florestais
nativas e a baixa demanda
de procura na região. Muitos produtores não têm a produção
formalizada e não estão
cadastrados no sistema RENASEM.
5
ABSTRACT
The Cerrado is the second largest Brazilian biome in extension,
being the richest savanna in
biodiversity in the world. With high degree of endemism, the biome
shelters more than 11
thousand sorts of already catalogued native plants, according to
the Ministry of the
Environment. Awareness of environmental issues has grown
significantly in recent years.
Therewith it has been increasing the demand for seedlings
production for the most varied aims.
Be for the domestic or commercial vegetable garden, processes of
reforestation, public or
residential gardens, the installation of fruitful orchards or other
finalities. This sector has
extreme importance socioeconomic for the country, and the studies
on the productive system
of seeds and forest seedlings are of great relevance, so much for
production and protection, as
for the landscaping in the scope urban. The local authority of
Rondonópolis – MT was selected
for this study due to concentration of few information made a list
to the production of seedlings
in the region, which compensation is an area of scarce knowledge as
for seedlings production
for the realization of projects for turned to the environmental
area. The inquiry was carried out
from bibliographical study, lifting and interviews near the
nurseries of Rondonópolis. It was
ended that only a nursery has assertive production of native
seedlings, the rest do not produce
native forest seedlings and his high marketing is turned for
ornamental seedlings. Evidence
itself the inequalities existence shows up in the organization of
the chain of native forest sorts
and the low search demand in the region. Many producers have not
the formalized production
and are not set up in the system Renasem.
Key words: Biome, Seedlings, Production, Rondonópolis-MT
6
GRÁFICOS
Gráfico 1 – Quantidade de viveiros produtores de espécies
florestais no município de
Rondonópolis 22
Gráfico 4 – Categorias administrativas dos viveiros 33
Gráfico 5 – Principal comprador segundo os viveiros entrevistados
34
Gráfico 6 – Recipientes utilizados para as embalagens de mudas
35
7
FIGURAS
Figura 1 – Localização de viveiros 20
Figura 2 – Mudas ornamentais nos viveiros boa esperança e Cláudio
paisagismo 23
Figura 3 – Produção de mudas florestais nativas no viveiro paraíso
26
Figura 4 - Zona de Infraestrutura Verde de Rondonópolis ano 2006
28
Figura 5 – Localização geográfica do horto florestal 29
Figura 6 - Mudas Florestais distribuídas no horto florestal
30
Figura 7 - Utilização de sacos plásticos e tubetes 35
Figura 8 – Irrigação por aspersores nos viveiros primavera e
paraíso 37
1
QUADROS
Quadro 1 – Lista dos viveiros entrevistados 21
Quadro 2 – Lista de espécies produzidas 31
Quadro 3 – Especificação de números quanto ao perfil de cliente
34
11
3.2. Demanda no Brasil e Mato Grosso 14
3.3. Características de mudas 15
3.3.1. Mudas Ornamentais 15
4. METODOLOGIA 18
5.1. Viveiros entrevistados 20
5.4. Capacidade máxima de produção 30
5.4.4. Espécies nativas produzidas nos viveiros 30
5.5. Caracterização administrativa dos viveiros 33
5.6. Perfil de consumidor 33
5.7. Recipientes utilizados para embalagens de mudas 34
5.8. Sistema de irrigação utilizada nos viveiros 36
5.9. Registro dos Viveiros 37
6. CONCLUSÃO 38
7. REFERÊNCIAS 39
ANEXO A 44
ANEXO B 46
1. INTRODUÇÃO
Viveiro é o ambiente ou local onde se desenvolvem as plantas
selecionadas. É nele
que as mudas serão cuidadas até adquirir idade e tamanho
suficientes para serem levadas ao
local definitivo, onde serão plantadas. Viveiros permanentes ou
fixos são aqueles construídos
principalmente visando à comercialização em larga escala e
geralmente se localizam
próximos a mercados consumidores (OLIVEIRA, 2016).
Diversas espécies de plantas encontradas nos viveiros apresentam
importância
econômica reconhecida tanto pelas populações tradicionais como pela
pesquisa, e muitas
delas enquadram-se em mais de um tipo de utilização, por isso são
espécies de conhecido
uso múltiplo (RIBEIRO et al. 2008).
O reflorestamento com espécies nativas é um mercado em franca
evolução, seja em
projetos de recuperação de áreas degradadas ou na implantação de
parques públicos e
privados ou paisagismo, a procura por mudas de espécies arbóreas
tem aumentado cada vez
mais.
Para atender esta demanda há necessidade de produção de mudas
tropicais arbóreas
típicas do cerrado, por serem plantas rústicas, acostumadas a solos
pobres e a baixa
disponibilidade de água, ambiente muito semelhante ao proporcionado
pelo ambiente
urbano. Com isso, há falta do mercado quanto a oferta de mudas de
qualidade, prejudica o
crescimento do setor. (EMBRAPA, 2002).
No que se refere à qualidade e identidade das mudas, a legislação
brasileira teve um
significativo avanço em 2003, com a Lei Federal nº 10.711, que
versa sobre as atividades
relativas à produção e comercialização de sementes e mudas no país.
Esta legislação institui
o RENASEM – Registro Nacional de Sementes e Mudas, o RENAM –
Registro Nacional de
Matrizes e o RNC – Registro Nacional de Cultivares (BRASIL, 2003).
Em 2011, o MAPA
emitiu a Instrução Normativa nº 56 que regulamenta a produção,
comercialização e utilização
de sementes e mudas de espécies florestais nativas e exóticas, com
intuito de garantir a
procedência, qualidade e identidade deste material (BRASIL,
2011).
11
2. OBJETIVOS
2.1. Geral
Diagnosticar e levantar informações do setor de produção de mudas e
etapas de
produção, legislação, espécies comercializadas e perfil de
consumidor em Rondonópolis.
2.2. Específicos
• Avaliar o desenvolvimento das mudas produzidas.
• Levantar a legislação exigida para a produção de mudas.
• Diagnosticar a produção atual de mudas no município e
destinos.
• Mapear os viveiros produtores de mudas nativas
12
3.1. Legislação exigida para a produção de mudas
Em 2003, foi aprovada a Lei no 10.711 que institui o Sistema
Nacional de Sementes e
Mudas (SNSM), pelo seu regulamento Decreto nº 5.153, de 23 de julho
de 2004 no âmbito do
Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e
objetiva garantir a identidade
e qualidade do material de multiplicação e de reprodução vegetal
produzido, comercializado e
utilizado em todo território nacional. Este marco legal apresenta
definições de termos técnicos
e botânicos utilizados bem como demais componentes do SNSM, tais
como o Registro Nacional
de Sementes e Mudas (RENASEM), o Registro Nacional de Cultivares
(RNC), o processo de
produção, análises de laboratório, certificação, documentação, o
comércio interno e
internacional, a fiscalização, entre outros. Para o detalhamento
dos comandos legais e aderência
conforme a cultura envolvida na produção de sementes ou de mudas,
foram publicadas diversas
instruções normativas complementares.
De uma forma geral, a legislação prevê três passos iniciais que o
interessado em produzir
sementes ou mudas e seu responsável técnico (RT) devem observar: a
inscrição de seu
estabelecimento no RENASEM, a inscrição do material de propagação
no MAPA ou sua
aquisição com documentos que comprovem essa inscrição prévia pelo
fornecedor e a inscrição
anual dos campos de produção de sementes ou da produção anual de
mudas do viveiro.
Com a aprovação da Lei no 10.711, especialistas já afirmavam que
esta lei não
contemplava o setor de produção de espécies florestais nativas, e
sim, tinha foco no setor de
espécies agrícolas (PIÑA RODRIGUES et al., 2007). Para remediar
esse fato, houve diversas
articulações entre as redes de sementes florestais para propor a
inserção de regras diferenciadas
para as espécies florestais. Tais discussões resultaram na inclusão
do Artigo 47 da lei,
autorizando o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
(MAPA) a estabelecer
mecanismos específicos e exceções para regulamentação da produção
de espécies florestais
nativas ou exóticas (ALONSO, 2013). As discussões também fomentaram
a criação da
Comissão Técnica de Sementes e Mudas de Espécies Florestais Nativas
e Exóticas, pelo
MAPA, ficando a cargo dessa comissão propor normas e padrões
complementares à legislação
no que diz respeito às espécies florestais, dispondo de parâmetros
específicos para a produção,
comercialização e utilização de sementes e mudas florestais, tanto
nativas como exóticas.
13
Em 2011 foi aprovada a Instrução Normativa (IN) nº 56 do MAPA, que
estabeleceu
normas para a regulamentação da produção e comercialização das
espécies florestais nativas e
exóticas. Anteriormente à IN 56, eram aplicadas duas outras
normativas para as espécies nativas
e exóticas (IN 9/2005 e IN 24/2005); porém, essas normativas eram
usadas não apenas para as
espécies florestais, como também para as espécies cultivadas, o que
trazia confusão em relação
à aplicação das regras para as culturas florestais, que acabavam
ficando à margem da
fiscalização. Quando foi aprovada a IN 56, o grupo de espécies
florestais passou a ser legislado
à parte, com regras mais simples do que as exigidas anteriormente,
mas ainda desenhadas para
a produção industrial. Como consequência, os produtores de espécies
florestais exóticas, cuja
maioria estava em processo de regularização ou já regularizada, não
tiveram dificuldades em
cumprir as regras exigidas. O mesmo não pode ser dito para os
produtores de espécies florestais
nativas, que ainda apresentavam dificuldades para se regularizar,
além de o setor apresentar
peculiaridades que dificultavam atender à norma em sua
totalidade.
O esforço de trazer regulamentações para o setor das espécies
florestais pode ser
entendido como uma tentativa de organizar a cadeia de produção
dessas espécies. Porém, no
caso das espécies nativas, a norma acaba não auxiliando nesse
sentido, porque traz exigências
difíceis de serem cumpridas com a atual infraestrutura de produção
e análise disponível.
Estudos com a finalidade de diagnosticar a situação da produção de
mudas e sementes
nos estados de São Paulo, Rio de Janeiro e Bahia (SMASP, 2011;
SEA-RJ, 2010; ALMEIDA
et al., 2007) revelaram dificuldades para a estruturação do setor.
Entre elas está o cumprimento
da legislação referente à produção de mudas e sementes florestais,
a Lei no 10.711/2003 e a IN
56 do MAPA. Tais trabalhos apresentam uma preocupação em relação à
não conformidade dos
produtores de mudas e sementes florestais nativas com a
normativa.
Além disso, o SNSM apresenta diversas restrições para os pequenos
produtores, uma
vez que está voltado principalmente para o setor industrial
(SANTILLI, 2012). Existe uma
enorme complexidade de controles e documentação exigidos pelo MAPA
sobre todo o processo
de produção, o que demanda tempo e recursos – humanos e financeiros
– para realizá-los; tal
fato torna a atividade inviável para pequenos produtores, além de
não permitir que organizações
de pequeno porte e com reduzida equipe técnica possam cumpri-los
(LONDRES, 2006), outro
grande problema é que mesmo tendo se passado quase 10 anos de sua
publicação da Lei nº
10.711/03, muitos donos de viveiros e produtores de sementes
florestais ainda a desconhecem,
não a considerando no desempenho de suas atividades, ilustrando uma
deficiência da legislação
14
(RIOESBA, 2007; SEA, 2010; SMA, 2011). Além disso, os produtores
que conhecem a lei e
seus instrumentos legais, comumente manifestam dificuldades para
compreendê-los e adequar-
se aos mesmos (SEA, 2010).
3.2. Demanda no Brasil e Mato Grosso
É provável que nos próximos anos ocorra um relevante aumento na
demanda por
sementes e mudas de espécies nativas, que são importantes insumos
para a restauração da
vegetação nativa. Diante desta perspectiva, a análise da
infraestrutura existente para suprir esta
demanda, assuma um papel estratégico no planejamento das ações de
regularização das
propriedades rurais. Informações sobre a localização dos viveiros
produtores de mudas nativas,
a capacidade de produção e a qualidade das mudas, são fundamentais
para orientar os
proprietários rurais que pretendem restaurar seus imóveis, bem como
para direcionar as ações
que visam incrementar a infraestrutura existente. Atualmente, estas
informações encontram-se
pouco estruturadas ou são inexistentes em diversas regiões do país
(MARQUES et al. 2013).
De forma geral, as secretarias estaduais de Meio Ambiente e de
Agricultura não
apresentam nenhum tipo de cadastro ou levantamento de produtores de
mudas de espécies
nativas, exceto alguns estados com destaque São Paulo e Rio de
Janeiro. Cabe ressaltar que,
apesar de algumas regiões apresentarem diagnósticos e cadastros de
produtores de mudas,
existe grande dificuldade para acessar estes dados que são
pontuais, escassos e encontram-se
dispersos em diferentes instituições – muitas vezes estão
desatualizados (MARQUES et al.
2013).
O setor produtivo de essências florestais nativas do Brasil
apresenta atraso tecnológico
de mais de 30 anos. As pesquisas em tecnologias para produção de
espécies exóticas possuem
destaque no Brasil e, infelizmente, os produtos florestais nativos
somente despertaram interesse
na última década (SCREMIN, 2006).
Atualmente, o destino da produção atende principalmente aos
processos de restauração
ambiental. Contudo, a geração de tecnologias para o plantio
consorciado de espécies, para fins
madeireiros ou para sistemas agroflorestais, ainda é incipiente. Em
decorrência do grande
número de espécies de interesse florestal no Brasil e do atraso
tecnológico no setor, os
parâmetros técnicos ideais para a produção e comercialização das
sementes e mudas florestais
brasileiras são desconhecidos para a grande maioria das espécies
(SCREMIN, 2006).
15
A produção de mudas nativas no estado do Mato Grosso é ainda
incipiente, mas,
apresenta um grande potencial de crescimento para exploração
econômica nessa área.
3.3. Características de mudas
3.3.1. Mudas Ornamentais
A floricultura – entendida como o conjunto das atividades
produtivas e comerciais
relacionadas ao mercado das espécies vegetais cultivadas com
finalidades ornamentais -
constitui-se em um dos mais novos, dinâmicos e promissores
segmentos do agronegócio
brasileiro. Iniciada comercialmente a partir da década de 1950,
pelo trabalho e iniciativa de
imigrantes holandeses (na região hoje pertencente ao município de
Holambra/SP), japoneses
(em Atibaia/SP) e alemães e poloneses (em Santa Catarina e Rio
Grande do Sul), passou a
receber forte impulso de crescimento, notadamente na última década,
o qual foi puxado pela
evolução favorável de indicadores socioeconômicos, pelas melhorias
no sistema distributivo
destas mercadorias e pela expansão da cultura do consumo das flores
e plantas como elementos
expoentes de qualidade de vida, bem estar e reaproximação com a
natureza. (SEBRAE, 2015)
A produção de mudas ornamentais, voltada para a comercialização,
tem sido uma
atividade rentável nos últimos anos. Isso porque o setor de flores
e plantas ornamentais vem se
destacando muito no agronegócio brasileiro. As condições de
produção do Brasil, este dotado
de diversidade de solo e clima, permitem o cultivo de infinitas
espécies que conferem aos
produtos brasileiros oportunidades de abrirem espaços e de se
firmarem no mercado
internacional (LAZIA, 2013).
Dentre as plantas ornamentais comercializadas nos viveiros de Mato
Grosso destaca-se
a espécies da família Araceae que tem sua origem nas Américas do
Sul e Central são muito
apreciadas pela população local para compor as variedades no design
paisagístico dos jardins,
principalmente Syngoniumpodophyllum, Spathiphyllumwallisi e
Anthuriumandraeanum. Com
suas belezas estética e visual proporcionam belas paisagens
florísticas em residências,
condomínios e mesmo nas praças e rotatórias. Somente as herbáceas
representam 36% do total
das espécies presentes e com excelente comercialização pela
população da região (SILVA, L;
BISI, J; LEITE, K; 2018).
16
Em contrapartida, a exigência do mercado consumidor por produtos de
qualidade e de
maior valor agregado, junto aos efeitos da globalização, concorrem
para uma necessidade de
mudança na forma como as cadeias produtivas vêm operando. (LAZIA,
2013).
3.3.2. Mudas florestais nativas
Segundo a Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação
da Natureza e
dos Recursos Naturais (IUCN, 2000), entende-se por espécie nativa
autóctone (nativa) uma
espécie, subespécie ou táxon inferior, que ocorre dentro de sua
área natural de dispersão
potencial (por exemplo, dentro da área que ocupa de maneira
natural, ou pode ocupar, sem a
direta ou indireta introdução ou cuidado humano).
Plantas nativas desempenham importante papel no paisagismo moderno,
com destaque
para a baixa necessidade de manutenção, regionalismo, diversidade
biológica e habitat para a
vida silvestre local (BUCKSTRUP e BASSUK, 1997).
As árvores nativas são importantes na natureza, para manter o
equilíbrio nos
ecossistemas. Cada espécie nativa tem características próprias, e
deve ser valorizada, por seus
diversos benefícios que podem nos proporcionar:
• Fonte de alimentação e abrigado para fauna nativa;
• As paisagens ficam mais belas e diversificadas;
• Auxilia o equilíbrio ecológico ambiental;
• Interação Lavoura Floresta;
• Contribuem para o controle de erosão dos solos.
Segundo (Carrion e Brack, 2012), constata-se o baixo número de
espécies nativas em
viveiros e floriculturas brasileiras. Assim, a prospecção de novas
possibilidades na produção de
plantas ornamentais tem um amplo caminho a partir das espécies
nativas, com grande potencial
de produção e comercialização.
Foi registrado durante o estudo a importância da preservação das
espécies nativas que
estão cada vez mais ameaçadas de extinção, pois são exploradas por
muitos anos,
principalmente as espécies que fornecem a madeira com várias
utilidades e alto valor
econômico.
17
Quanto ao processo produtivo de sementes e mudas das essências
florestais nativas deve
ser embasado em parâmetros técnicos consistentes e bem elaborados.
As mudas destinadas à
comercialização devem possuir excelente qualidade, resultando em
produtos valorizados no
mercado, sem problemas fitossanitários e que se estabeleçam
eficientemente após o plantio.
18
4. METODOLOGIA
O município de Rondonópolis – MT foi selecionado para este estudo
devido
concentração de poucas informações relacionado a produção de mudas
na região, o que torna
está uma área de escasso conhecimento quanto a produção de mudas
para a realização de
projetos voltados para a área ambiental. A pesquisa é do tipo
exploratória e qualitativa. Os
dados para este trabalho foram coletados e analisados no período
entre dezembro de 2018 e
janeiro de 2019.
A análise da produção de mudas florestais foi realizada a partir do
levantamento de
11 viveiros do município de Rondonópolis – MT, considerando-se como
principais fatores:
produção anual, finalidade de produção e destinação de mudas.
As atividades realizadas nos viveiros acompanharam desde o início
da produção, e
terminando na comercialização. Todas estas etapas foram estudadas
com pesquisa
bibliográfica paralela e de acordo com a necessidade. Uma maior
importância foi dada ao
diagnóstico sobre a produção atual de mudas no município de
Rondonópolis, para ter um
melhor entendimento da produção na região.
Também foi realizado um estudo das principais variedades de
espécies nativas da
região produzidas nos viveiros. Além de um estudo sobre as
exigências para a produção de
mudas certificadas e a legislação em vigor.
Os questionários (ver anexos) foram aplicados aos responsáveis
pelos viveiros, por
meio de entrevistas realizadas nos viveiros. Este questionário
permitiu um maior
entendimento sobre a produção local de mudas. Foi solicitado para
cada viveiro uma lista de
espécies mais vendidas.
De posse dos questionários e da lista de espécies comercializadas,
os resultados e
dados foram tabulados e consolidados em tabelas e gráficos
demonstrativos, para análise
posterior.
Após a coleta de informações, foi realizado uma análise dos dados,
eliminando-se as
informações repetidas. Os casos em que não foi possível distinguir
quais os tipos de espécies
que o viveiro produzia (nativas ou exóticas) foram também
eliminados. Com base nesses dados,
elaborou-se, então, um panorama geral dos produtores de mudas e
sementes florestais nativas
no município.
19
A caracterização dos viveiros foi feita por meio de visitas com
entrevistas, e telefonemas
realizados nos meses de janeiro e fevereiro de 2019. Utilizou-se um
questionário estruturado
(anexo A e B), aplicado nos viveiros. O questionário utilizado foi
composto por 22 questões e
organizado em 4 blocos: i) informações básicas; ii) registros
ambientais; iii) caracterização; iv)
dados socioeconômicos.
Alguns destes viveiros estavam passando por processo de
reestruturação – com vistas a
se adequar à legislação ou mudança de local – e pretendiam reativar
a sua produção em um
momento futuro.
5. RESULTADOS E DISCUSSÕES
Os resultados e discussões deste trabalho foram estruturados de
acordo com os seguintes
tópicos, que serão detalhados nos próximos itens desta seção: a)
lista de viveiros entrevistados
b) diagnóstico dos viveiros entrevistados, c) destinação de mudas,
d) capacidade máxima de
produção, e) lista de espécies nativas produzidas nos viveiros f)
caracterização administrativa
dos viveiros, g) perfil de consumidor, h) recipientes utilizados
para embalagens de mudas, i)
sistema de irrigação utilizada nos viveiros e j) Registro dos
Viveiros.
5.1. Viveiros entrevistados
A localização dos viveiros visitados é vista na Figura 1.
Figura 1 – Localização de viveiros Fonte: Google Earth
Foram visitados 11 viveiros que se encontram identificados na
Tabela 1.
21
Lista de Viveiros
Nome Telefone Endereço
Vila Operária -
Rondonópolis, MT
Viveiro Paraíso
Jardim Nilmara -
Rondonópolis, MT
3, Lote 2
Centro –
Jardim Belo Horizonte -
Viveiro e Flor Primavera (66) 3423-4376 Av. Dom Wunibaldo,
810
Vila Aurora –
Rondonópolis, MT
Jardim Sao Francisco –
Centro –
Vila Goulart –
Rondonópolis, MT
Savana Viveiro
Zona Rural -
Rondonópolis, MT
5.2. Diagnóstico
Durante a execução do trabalho foram realizados levantamentos de
informações dos
principais viveiros da região, através de telefonemas e
acompanhamentos presencial, apenas
22
um viveiro confirmou produzir espécies florestais nativas os outros
dez viveiros praticam a
revenda de mudas florestais nativas e quatro viveiros não trabalham
com mudas florestais
nativas. É importante salientar que algumas entrevistas foram
feitas por telefone, é possível que
exista viés na amostra. A dificuldade de localizar o responsável
pelo viveiro para responder às
questões ou encontrar um telefone ativo foi frequente. Para a
grande maioria dos viveiros
entrevistados no município, não existem levantamentos anteriores de
informações, dificultando
assim comparações e não permitindo estimar se o universo amostrado
possui boa
representatividade.
Gráfico 1 – Comercialização de mudas florestais nos viveiros do
município de
Rondonópolis
Apenas quatro viveiros entrevistados na região não trabalham com
mudas florestais, são
eles 2 Ypês, Viveiro e Floricultura Natureza, Cláudio Paisagismo e
Viveiro Rondonópolis sua
produção é voltada para mudas ornamentais, frutíferas e flores onde
existe uma demanda maior
de consumos tendo como destaque mudas de rosas do deserto onde tem
uma procura maior.
A presidente da Associação Floral Mato-grossense (Floral-MT),
Luciana Wolff, explica
que o Estado evoluiu significativamente nos últimos anos, tanto na
produção, como no
treinamento de pessoas para atuarem na cadeia produtiva das flores,
que compreende o cultivo
de plantas nativas, de flores tropicais e folhagens, de espécies
ornamentais, os floriculturistas,
26,7 %
73,3 %
Não Comercialização de Mudas
23
viveiristas, paisagistas, decoradores e afins. No total, a
Floral-MT, criada em 2003, tem cerca
de 35 associados, que atuam em diferentes setores da cadeia.
A Floral-MT tem como meta implementar o setor, tendo como um dos
grandes avanços
o aumento da área plantada. Desde de dezembro de 2011, a área
cultivada de flores tropicais,
folhagens e plantas ornamentais alcançou um crescimento de
aproximadamente 30%, o que é
um fator positivo para todas as pessoas do setor. Além do aumento
da produção e
comercialização de plantas, flores e folhagens, decorações com arte
floral, paisagismo e afins,
a associação incentiva também a geração de trabalho e renda,
melhoria da qualidade de vida,
preservação e conservação do meio ambiente e da biodiversidade, por
meio de uma parceria
com o Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas em Mato Grosso
(Sebrae-MT).
Apesar da produção de plantas ornamentais e flores ter evoluído
significativamente, as
dificuldades existem, como em qualquer atividade comercial. Uma
delas está no transporte das
plantas, que tem que ser feito em caminhões fechados, refrigerados
e por pessoas
especializadas. Outra está no próprio plantio, pois Mato Grosso é
um Estado quente e, portanto,
há a necessidade irrigação constante, (TOMAZ, 2009).
Na figura 2 mostra-se viveiros que trabalham com a comercialização
de plantas
ornamentais.
Figura 2 – Mudas ornamentais nos viveiros Boa Esperança e Cláudio
Paisagismo Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
Economicamente as plantas oferecem rentabilidade, para grandes,
médios e pequenos
produtores, também para feirantes, atacadistas, floriculturas e
viveiros e gerando positividade
na economia e no PIB (Produto Interno Bruto). Com o estado atual de
devastação da natureza,
é importante resgatar espécies com possibilidade de aplicação e
divulgá-las, a fim de ampliar a
oferta (CHAMAS e MATTHES, 2000). A inserção de uma espécie vegetal
em cultivo é uma
24
forma de conservação (HEIDEN et al., 2006) e ajuda a despertar
interesse na sua preservação
a medida que aumenta sua visibilidade e importância
econômica.
Segundo os dados desta pesquisa, existe apenas um viveiro que se
dedica à produção de
mudas nativas. A grande maioria dos viveiros coleta a quantidade de
mudas necessária de outros
centros para atender à demanda interna, sem gerar excedentes
passíveis de comercialização.
Esses números corroboram com a hipótese de deficit de mudas.
Alguns viveiros além da produção de mudas nativas também prestam
serviços de
plantios para restauração florestal, outros trabalham como
paisagismo, mudas de maior porte
para arborização urbana para atender a demanda da região e outros
possuem como fonte de
renda principal a produção de mudas de eucalipto.
Em Rondonópolis – MT não existe uma alta demanda por mudas
florestais nativas,
tendo relatos de viveirista que ficou um ano inteiro sem vender uma
muda sequer, então muitos
viveiristas optam pela produção de eucalipto, existe na cidade a
Savana Viveiros e a
COOPERFLORA Brasil que preferiram esse tipo de mercado.
A COOPERFLORA Brasil é uma entidade fundada para reunir os
produtores de
eucalipto do estado de Mato Grosso, visando o melhoramento das
técnicas de plantio, a correta
formação da cultura, o fomento da cadeia produtiva, o auxílio
necessário para acesso ao crédito
rural e a promoção da diversificação de mercado. A entidade abrange
os estados de Mato
Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás, tendo como principal meta o
desenvolvimento de grandes
polos florestais nas regiões de Mato Grosso, com capacidade de
atrair investidores de indústrias
de processamento do eucalipto.
O eucalipto é a espécie mais utilizada para o reflorestamento no
Brasil. Isso ocorre
devido ao seu alto índice de rentabilidade, já que o seu cultivo
permite a extração da celulose,
carvão vegetal e também a produção de chapas de madeira amplamente
utilizadas pela indústria
civil. De acordo com a Associação de Reflorestadores do Estado de
Mato Grosso
(Arefloresta/MT), em 2018, o Estado totalizava 187 mil hectares
plantados com eucalipto, ainda
segundo Fausto Takizawa, secretário-geral da Arefloresta o problema
no setor é que a floresta
plantada está distante da indústria do etanol. A maior concentração
da produção de Eucalipto
está na região de Rondonópolis, mas o maior mercado consumidor está
no circuito Lucas do
Rio Verde, Sorriso e Sinop (ATRIBUNA, 2018). Os dois viveiros
entrevistados nesse trabalho
têm como finalidade de produção voltado para as indústrias de
esmagamento de grãos de
Rondonópolis.
25
Cerca de 72,7 % dos viveiros do município de Rondonópolis realizam
a compra de
mudas e sementes florestais nativas e ornamentais de outras regiões
do Brasil, com destaque
São Paulo e Minas Gerais, porém boa parte não soube especificar
nome da empresa que fornece
as mudas, pois não existe somente uma fornecedora e sim várias
(Gráfico 2).
Gráfico 2 – Tipos de produção de espécies florestais
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
Uma das empresas fornecedora é a rede de Sementes do Xingu que
realizam trocas e
encomendas de sementes de árvores e outras plantas nativas das
regiões do Xingu, Araguaia e
Teles Pires. As sementes são coletadas e beneficiadas por 600
coletores, gerando uma renda de
R$ 4,2 milhões repassadas diretamente para as comunidades. As
sementes e suas relações
socioculturais, funções e características ecológicas unem
agricultores familiares, produtores
rurais, comunidades indígenas, pesquisadores, organizações
governamentais e não
governamentais, prefeituras, movimentos sociais, escolas e
entidades da sociedade civil. Essa
união se dá por meio da Rede de Sementes do Xingu, uma rede de
desenvolvimento
comunitário, que surgiu em 2007, a partir do crescimento da demanda
por sementes para
plantios de restauração na região, realizados, principalmente, via
semeadura direta dentro da
Campanha Y Ikatu Xingu. Na rede, os coletores que são formados por
agricultores familiares,
indígenas e viveiristas organizam-se em grupos coletores, que
unidos formam os núcleos
coletores com diferentes organizações sociais, perfis e motivações.
A rede visa disponibilizar
sementes da flora regional em quantidade e com a qualidade que o
mercado demanda; formar
26
uma plataforma de troca e comercialização de sementes; gerar renda
para agricultores familiares
e comunidades indígenas e servir como um canal de comunicação e
intercâmbio entre coletores
de sementes, viveiros, ONGs, proprietários rurais e demais
interessados por onde circule o
conhecimento que valorize a floresta, o cerrado e seus usos
culturais diversos (ARSX, 2013).
Outra fornecedora em destaque é a Holambelo Flores e Plantas,
localizada em Holambra
em São Paulo, estando no mercado atacadista de flores, plantas e
acessórios a mais de 30 anos,
com filial em Cuiabá.
Existe apenas um viveiro entre os entrevistados que produz mudas
florestais nativas em
Rondonópolis, (Figura 3). Com o baixo número de espécies nativas em
Viveiros e Floriculturas
na região existe a prospecção de novas possibilidades com grande
potencial de produção e
comercialização.
Figura 3 – Produção de mudas florestais nativas no Viveiro
Paraíso
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
Foi registrado durante o estudo a importância da preservação das
espécies nativas que
estão cada vez mais ameaçadas de extinção, pois são exploradas por
muitos anos,
principalmente as espécies que fornecem a madeira com várias
utilidades e alto valor
econômico.
A inserção de plantas nativas com potencial ornamental na cadeia
produtiva e sua
disponibilização para a comercialização representam um diferencial
em um mercado altamente
competitivo, ávido por novidades e com tendência a tornar-se cada
vez mais inclinado a
produtos considerados de impacto ambiental reduzido (HEIDEN et al.,
2006).
27
5.3. Destinação de mudas
A maioria dos viveiros entrevistados, cerca de 53,80% tem como
destinação de
produção de mudas voltado para o paisagismo (Gráfico 3).
Gráfico 3 – Destinação de mudas encontradas nos viveiros
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
O paisagismo sempre estará atrelado aos serviços de arborização
urbana, e este, por sua
vez, visa melhorar a fisionomia do ambiente por meio da implantação
de plantas ornamentais e
florestais. A arborização urbana é o conjunto de áreas públicas e
privadas com vegetação
predominantemente arbórea ou em estado natural que uma cidade
apresenta, incluindo o ato de
implantar árvores em vias públicas, como ruas, avenidas, parques
públicos e demais áreas
verdes (MILANO, 1984) de modo que não cause conflito com outros
componentes do meio
urbano, como fiações da rede elétrica, meio fio, calçadas e postes.
Assim, a arborização vem
como uma ferramenta e serviço público cuja finalidade principal é
amenizar os impactos
ambientais adversos devido as condições de artificialidade do meio
urbano além dos aspectos
ecológico, histórico, cultural, social, estético e paisagístico,
que influenciam a sensação de
conforto ou desconforto das pessoas (CEMG, 2011).
O Artigo 128 do Plano Diretor Municipal de Rondonópolis
(PDM/ROO/2006) define
as Zonas de Proteção Paisagística como:
28
Art. 128 As Zonas de Proteção Paisagística (ZPP) compreende as
áreas verdes públicas
a serem preservadas, no Perímetro Urbano de Rondonópolis, tais
como:
I – Praças;
VI – Arborização nos passeios públicos.
No mapeamento atual (Figura 4) observa-se áreas verdes no espaço
urbano de
Rondonópolis.
Figura 4 - Zona de Infraestrutura Verde de Rondonópolis ano 2006
Fonte: PDM/ROO/2006.
Já para recomposição florestal são 53,80%, com destaque para o
horto florestal. Criado
no ano de 1996, o Horto Florestal conta com 91 espécies de árvores
nativas catalogadas em
uma área de extensão total de 173.100 m², além de 2.400 m de trilha
ecológica e um viveiro
onde se oferecem mudas para doação (OLIVEIRA e NASCIMENTO, 2004;
Silva, R.M 2001).
De acordo com o Plano Diretor de Rondonópolis os objetivos da
criação do Horto Florestal se
constituem na reprodução de espécies nativas da flora do cerrado (o
que não ocorre em
29
Rondonópolis) e projetos de experimentação científica, bem como a
educação ambiental e a
pesquisa científica (RONDONÓPOLIS, 2006).
O viveiro localizado no horto florestal (Figura 5) tem seu
potencial produtivo voltado a
atender a demanda de restauração florestal para adequação das
propriedades rurais, através de
doações de industrias da região. As indústrias têm realizado ações
de compensação para
preservação do meio ambiente, assim, fortalecendo o vínculo entre
as duas instituições.
Figura 5 – Localização geográfica do horto florestal Fonte: NOVAES,
2019.
A compensação consiste em destinar uma área fora da propriedade
rural, equivalente
em métrica e padrões ecológicos, para a conservação. Segundo o
Decreto nº 8.235/2014 que
estabelece normas complementares aos Programas de Regularização
Ambiental (previsto na
Lei nº 12.675 e no Decreto nº 7.830/2012) a adequação ambiental
poderá ser feita de quatro
formas: i) recuperação; ii) recomposição; iii) regeneração; e iv)
compensação. A compensação
só é válida para a RL e deve ser equivalente em extensão à área a
ser compensada, deve estar
localizada no mesmo bioma e, no caso de estar localizada em outra
UF, deverá ser uma área
identificada como prioritária para conservação pela União ou pelos
estados (as áreas prioritárias
foram identificadas pelo Decreto nº 8.235/2014).
Na produção de mudas de espécies arbóreas nativas, a tendência
atual dos projetos de
restauração florestal com elevada diversidade, tem esbarrado na
dificuldade de se encontrar
30
sistemas efetivos de produção de mudas de variadas espécies. Na
prática o que se vê em muitos
viveiros florestais, salvo algumas exceções, é a disponibilidade de
mudas de poucas espécies,
demonstrando assim como principais desafios da restauração
florestal com alta diversidade: a
coleta da chuva de sementes; emprego correto de técnicas de
viveiros; resgate de plântulas;
beneficiamento e armazenamento (MARTINS, 2010).
Atualmente o sistema de distribuição de mudas nativas do Horto
Florestal junto a
SEMMA, conforme se observa na Figura 6.
Figura 6 – Mudas Florestais distribuídas no horto florestal
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
5.4. Capacidade máxima de produção
Com os levantamentos executados nos viveiros apenas um realiza a
produção de mudas
florestais nativas, sendo ele o Viveiro Paraíso com uma produção
anual de 30.000 mudas por
ano e com capacidade máxima 60.000 de produção de mudas, com 15
diferentes tipos de
espécies produzidas.
No presente trabalho foram reconhecidas diversas espécies nativas
do cerrado,
totalizando 7 famílias e 29 espécies. A distribuição das espécies e
nome científico e família são
encontradas na Tabela 3.
Espécie Nativas Nome Científico Família
Amburana Amburana cearensis Fabaceae
Flamboiã Delonix regia Fabaceae
Ingá -mirim Pseudopiptadenia
Jatobá-do-cerrado Hymenaea
Fonte: Dados da pesquisa, 2019.
As espécies encontradas nos viveiros são de extrema importância
para revegetação de
áreas degradadas, devido o rápido crescimento e sombreamento, o que
termina por fornecer
proteção ao solo e condições microclimáticas necessárias ao
estabelecimento de espécies
advindas de outros biomas.
As famílias com maior representatividade nos viveiros foram
Fabaceae e Bignoniaceae,
com treze e quatro espécies cada. Demonstrando a família Fabaceae
tem a maior riqueza de
espécies.
Loverde também encontrou resultados semelhantes em seus estudos na
UFMT –
Campus Rondonópolis, onde estas famílias apresentaram a maior
contribuição para a flora
arbórea (OLIVEIRA et. al. 2010).
O levantamento ambiental das espécies consiste em forte instrumento
de difusão de
informações com critérios científicos, fundamentais para
preservação e elaboração de
estratégias de conservação.
Sendo assim o levantamento é de suma importância, pois permite
observar que as
espécies utilizadas para a conservação ambiental respeitam e
valorizam a flora existente o que
favorece a fauna local.
Uma das dificuldades encontradas durante o levantamento refere-se
ao conhecimento
do funcionário no repasse de informações. No sistema, não existem
filtros de consulta que
permitam organizar as informações por categorias, como produtores
de espécies exóticas ou
nativas. Não existe também funcionalidade do sistema para o
cadastro e registro, e filtragens
por tipo de espécie e de quantidade produzida. Além disso, no
sistema não estão disponíveis
contato telefônico ou endereço eletrônico dos produtores.
33
Quanto à caracterização administrativa dos viveiros, nove dos
viveiros entrevistados são
privados caracterizando 82%, apenas um viveiro é público
caracterizando 9% e apenas um
viveiro está na categoria de outros sendo ele uma cooperativa
caracterizando 9%.
Dos nove viveiros privados, oito comercializa mudas florestais,
ornamentais e frutíferas
e apenas um comercializa somente eucalipto. Do único viveiro
público há somente
comercialização de mudas florestais e frutíferas. Do único viveiro
com características
administrativas de cooperativa, existe somente a comercialização de
eucalipto, (Gráfico 4).
Gráfico 4 - Categorias administrativas dos viveiros
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
5.6. Perfil de consumidor
Quando questionados sobre os principais compradores de mudas,
observou-se que a
maioria dos viveiros respondeu que sua produção era vendida para a
iniciativa privada (Gráfico
5). Os volumes médios de comercialização para estes grupos não
tiveram como estimar, pois
não existia nos viveiros nenhum dado ou lista de característica de
compradores.
34
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
Dos onze viveiros, nenhum realiza distribuição de mudas para a
iniciativa pública, oito
viveiros tem a maior parte da sua venda inclinada para a iniciativa
privada, apenas um viveiro
tem como maior parte de perfil de cliente inclinada para
comunidades e dois viveiros não
souberam estimar perfil de consumidor (Quadro 2).
Quadro 3 – Especificação de números quanto ao perfil de
cliente
Perfil de Cliente Nº de
viveiros
5.7. Recipientes utilizados para embalagens de mudas
O processo de transplante das mudas das sementeiras para as
embalagens (tubetes ou
sacos plásticos) denomina-se repicagem. Esta atividade tem o
propósito de tornar o lote
homogêneo e é complementar à semeadura indireta.
A escolha do recipiente determina todo o manejo do viveiro, o tipo
de sistema de
irrigação a ser utilizado, sua capacidade de produção anual,
transporte e custos. Dentre os tipos
35
de recipientes que podem ser utilizados na produção de mudas
podem-se citar: saco plástico de
18 cm x 28 cm, tubetes de plástico de 5,5 cm x 19,2 cm em bandejas
plásticas e no futuro tubetes
biodegradáveis (Figura 7).
Figura 7 – Utilização de sacos plásticos e tubetes Fonte: Dados de
Pesquisa, 2019.
Cerca de 64% dos viveiros utiliza sacos plásticos, porém seu uso
vem diminuindo
gradualmente, devido à grande quantidade de substrato ou solo
necessário ao seu enchimento,
peso final da muda pronta, área ocupada no viveiro, diminuindo a
produção por m², maior
necessidade de mão-de-obra em relação à outros tipos de recipientes
e, dificuldades de
transporte, além de gerar grande quantidade de resíduos no ato do
plantio devido ao seu
descarte.
Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
36
Tem como vantagem o baixo custo, a possibilidade de utilização de
sistemas de
irrigação simples, e a possibilidade de obter mudas de maior
tamanho, valorizadas para
ornamentação, dependendo da espécie semeada.
Outro recipiente também muito utilizado são os tubetes plásticos,
cerca de 18% dos
viveiros entrevistados utiliza esse tipo de embalagem, são os
recipientes que tem melhor
aceitação no mercado atualmente. Apresenta como vantagens o uso
racional da área do viveiro,
permitindo o acondicionamento de um número grande de mudas, a
possibilidade de
automatização do sistema de produção de mudas, desde o enchimento
dos recipientes, até a
semeadura e expedição das bandejas para a área de germinação. Os
tubetes também possibilitam
a sua reutilização, que pode chegar a cinco anos, dependendo da
qualidade do plástico utilizado
na sua confecção e do armazenamento adequado à sombra
O uso de tubetes requer um cronograma rígido de produção e
expedição de mudas para
o campo. A manutenção das mudas por um período muito além do
período de rustificação pode
causar problemas de enovelamento de raízes e deficiências
nutricionais, o que se traduz em
menor sobrevivência das mudas no campo no plantio, ou mortes
posteriores, por problemas de
má capacidade de absorção de água da planta ou tombamentos pelo
vento das árvores devido à
má distribuição das raízes no solo em função do enovelamento
acontecido na fase de viveiro.
5.8. Sistema de irrigação utilizada nos viveiros
Dos onze viveiros entrevistados todos utilizam o sistema de
irrigação convencional por
aspersão de água, (Figura 8). O tempo que o sistema deve permanecer
ligado, e o número de
irrigações ao longo do dia, deve ser determinado pela experiência,
observando-se se após a
irrigação se processar o substrato se encontra suficientemente
úmido sem estar encharcado, e
se no intervalo entre uma irrigação e outra, não ocorre murchamento
das mudas por falta de
água. É importante ressaltar, que para cada etapa de formação das
mudas, e para diferentes tipos
de recipientes, existem diferentes sistemas de irrigação, com bicos
de diferentes vazões, pressão
de trabalho e área de cobrimento.
37
Figura 8 – Irrigação por aspersores nos viveiros Primavera e
Paraíso Fonte: Dados de Pesquisa, 2019.
5.9. Registro dos Viveiros
Nesta pesquisa, onze dos cinco viveiros afirmaram estar cadastrados
no RENASEM.
Existiu também situações em que os responsáveis dos viveiros tinham
receios de passar
informações relacionados registros, outra situação ocorrida foi
que, o profissional que respondia
pelo viveiro não tinha habilitação legal para ser responsável
técnico, por exemplo, um biólogo.
A exigência do responsável técnico (RT) é apenas um dos
pré-requisitos para obtenção do
registro junto ao Mapa. De acordo com a legislação de mudas e
sementes é necessário que o
RT seja um engenheiro florestal ou agrônomo.
No que tange às espécies nativas, o que tem sido relatado são
esforços isolados. Infere-
se que a muito a ser feito, no desenvolvimento no potencial
tecnológico na seleção de genótipos
mais bem adaptados e produtivos às diversas condições ambientais de
cultivo, embora no estado
de Mato Grosso especifico o município de Rondonópolis, diversas
espécies, incluindo nativas,
vem sendo plantadas, ainda é pouco com relação ao potencial da
região.
38
6. CONCLUSÃO
Essa pesquisa buscou traçar um perfil quantitativo, econômico e
social da produção de
mudas de espécies florestais nativas do município de Rondonópolis.
Acredita-se que essas
informações são necessárias para entender qual é a infraestrutura
de mudas que está disponível
para comercialização e quais são as necessidades de melhoria do
setor.
Uma das primeiras dificuldades encontradas para traçar esse perfil
foi a obtenção de
contatos de produtores de mudas nativas, pois, apesar de existir um
cadastro nacional de
produtores de espécies florestais, o RENASEM, não é possível
filtrar e fazer pesquisas no
sistema. A impossibilidade de realizar consultas e filtragens para
espécies nativas torna inviável
o uso das informações do cadastro para outras finalidades e até
mesmo localizar esses
produtores. Além disso, muitos produtores não têm a produção
formalizada e não estão
cadastrados no sistema.
A situação encontrada no município de Rondonópolis é preocupante no
que diz respeito
a produção de mudas florestais nativas. No trajeto dessa pesquisa
observamos que apenas um
viveiro possui produção assertiva de mudas nativas os demais não
produzem mudas florestais
nativas e sua alta comercialização está voltada para mudas
ornamentais. O que sugere a
existência de desigualdades na organização da cadeia de espécies
florestais nativas e a baixa
demanda da procura na região.
Como sugestão, deveríamos arborizar o centro da cidade, facilitando
assim a vida da
comunidade com sombras e a melhoria da temperatura, com um projeto
de lei por parte de
vereadores, obrigaria os comerciantes a plantarem árvores na frente
de seus comércios,
tornando assim uma cidade com o clima mais ameno e mais verde, com
isso aumentaria a
demanda de comercialização de mudas nativas florestais no
município.
39
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44
Responsável pelas informações:
Nº de funcionários (*) Nº de associados :
O Viveiro está registrado no RENASEM? (Registro Nacional de
Sementes e Mudas):
O viveiro está em dia com TCFA? ( IBAMA) (Taxa de Controle e
Fiscalização Ambiental):
Outros registros? (especificar)
Tem controle da quantidade de água utilizada? (hidrômetro):
Há conhecimento sobre a procedência das sementes e mudas?
Existe uma lista organizada de mudas produzidas no viveiro por
espécie?
1. PRODUÇÃO
Sacos plástico________ % da produção tamanho médio da
muda:____
Outros ______________% da produção
3. SUBSTRATO UTILIZADO
4. ADUBAÇÃO
6. EXPEDIÇÃO DAS MUDAS
7. PARÂMETROS OBSERVADOS NO CONTROLE DE QUALIDADE
( ) Altura ( ) Diâmetro do colo
( ) Bifurcação ( ) Retidão do Caule
( ) Sanidade ( ) Coesão do substrato
( ) Viscosidade ( ) Qualidade da folhagem
( ) % Município de Rondonópolis
( ) % Iniciativa Pública
( ) Privada
( ) Publica
Existe alguma fiscalização:
Existe Licenciamento Ambiental:
Demanda de procura por mudas: aumentou? É suficiente?
Destino das mudas:
( ) reflorestamento ( ) arborização urbana