Post on 22-Apr-2015
Princípios
ecológicos
necessários ao
processo de RAD
Um dos maiores desafios do homem tem sido utilizar de forma
equilibrada os recursos naturais.
Na intensa busca de tirar da natureza os meios para seu
sustento e desenvolvimento, o homem, com freqüência, provoca
intensa degradação ambiental comprometendo a vida futura.
Propõe-se, portanto, ampliar o conceito de
recuperação de áreas, para que seja feita através da
sucessão de todos os elementos: solo, microflora,
fauna e flora.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
Se não levarmos em conta as interações planta-
animal, a recuperação de áreas degradadas será
sempre utópica, pois não respeita os princípios nem
promove a biodiversidade, o equilíbrio ecológico e o
desenvolvimento sustentável.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
É fundamental promover uma nova dinâmica de
sucessão ecológica, onde a área impactada é considerada o
ponto de partida para o restabelecimento de novas
espécies.
É fundamental conhecer as inter-relações entre plantas e
animais envolvidos, para estabelecer um processo
contínuo de regeneração, que pode auto-sustentar-se.
Ou seja,
Aproveitar a incrível teia de ligações entre plantas e
animais, que se responsabilizarão pelo papel de
“semeadores” e “plantadores” naturais na área que
necessita ser revegetalizada e posteriormente recuperar
sua resiliência ambiental.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
A vegetação é uma das características mais
importantes do hábitat para os animais e, mudanças
nesta, produzem efeitos diretos sobre a fauna, alterando
dois fatores básicos: alimento e abrigo Firkowslki (1990)
O profissional responsável deverá prever e provocar o
aparecimento de diferentes espécies, tanto da flora,
quanto da fauna. Deverá considerar as etapas de
sucessão, reconhecendo em quais estágios os diferentes
grupos ecológicos de espécies ficarão inseridos.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
É extremamente importante escolher espécies que darão novo
início à sucessão local, adequadas às restrições locais
condicionadas pelo solo, que após distúrbios é geralmente
pobre em minerais e fisicamente inadequado para o crescimento
da maioria das plantas.
Na seleção também considerar as espécies que apresentam um
grau máximo de interação biótica – por exemplo, optar
por um vegetal cujos frutos atraiam muitos e
diversificados pássaros dando-lhes alimento e abrigo,
e cujas flores sustentem diferentes tipos de
polinizadores.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
Quanto maior o nível de interação, maior a
capacidade de diversificar as espécies envolvidas
e consequentemente, mais rápida a recuperação.
A RAD necessita da ação humana apenas no
início do processo, sendo que a própria natureza
se encarregue de sua continuidade.
Espera-se que o incremento da biodiversidade
local ocorra gradual e naturalmente.
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação.
Sistema de manejo, além de condizente com
as características ecológicas e propiciador do
aumento da biodiversidade, representa
também uma minimização de esforços
dispendidos.
Assim, pode-se considerá-lo como um
programa de regeneração menos oneroso..
4. Princípios ecológicos necessários ao processo de recuperação
O conceito de sucessão está ligado à
tendência da natureza em estabelecer novo
desenvolvimento em uma determinada área,
correspondente com o clima e as condições
de solo locais.
4.1. Sucessão ecológica
SUCESSÃO
Em seu sentido mais amplo, pode ser definido como
o processo contínuo, direcional e não estacional de
modificações no padrão de colonização e extinção de
espécies em determinada área, resultando em um estágio
onde estas transformações são muito lentas ou
inexpressivas.
Início Fim
4.1.2. Sucessão primária
Quando o desenvolvimento
inicia-se a partir de uma área que não
tenha sido antes ocupada, como por
exemplo uma rocha, ou um exposição
recente de areia
4.1. Sucessão ecológica
Ex:Leitos de lava vulcânica
4.1.2. Sucessão secundária
O desenvolvimento se processa numa
área que já sofreu modificações, como uma área
utilizada pela agricultura, ou que já sofreu
desmatamento (Odum, 1988)
Como estamos tratando de recuperação
de áreas que foram impactas pelo homem, nos
interessa a sucessão secundária.
4.1. Sucessão ecológica
SUCESSÃO
Sucessão Primária: Ex: Rochas nuas, ilhas vulcânicas
Sucessão Secundária: Após distúrbios florestais
Ex: Florestas exploradas, pastagens, queda de árvores
Sucessão secundária
Corresponde ao processo que ocorre quando há destruição da comunidade instalada num dado local em um meio que já foi povoado mas do qual foram eliminados os seres vivos, quer seja por catástrofes naturais ou ação antrópica, ou seja, retorno de uma área à sua vegetação natural após uma perturbação. Esta sucessão é, normalmente, mais rápida que a primária, uma vez que existe um solo bem desenvolvido, com presença de microorganismos e um razoável banco de sementes e propágulos vegetativos que tornam o substrato, previamente ocupado, mais favorável à recolonização.
Ex: Abertura de uma clareira em uma floresta
Exemplos de situações que posteriormente ocorre a sucessão secundária
EXEMPLO DE SUCESSÃO SECUNDÁRIA
T0 T1 T2 T3 T4 T5 T6
O inicio era uma floresta.
Através de um distúrbio virou um pasto
Que foi abandonado e as espécies se instalaram novamente
Houve uma sucessão de espécies e a recomposição da vegetação
DISTÚRBIO
Um distúrbio de fato, deve consistir de um evento grave, provocando forte impacto sobre a vegetação local.
Podem ser: 1)Autogênicos – provocados por fatores
internos à floresta. Ex.: morte de árvores que abrem uma clareira.
2)Alogênicos – provocados por fatores externos à floresta. Ex.: fogo, clareiras por extração de madeira, desmatamento humano, etc.
Distúrbio Início da Regeneração
Quais as espécies que irão regenerar???????
Severidade do distúrbio
Histórico de distúrbios
Tamanho da área
Condições ambientais durante o distúrbio
SUCESSÃO
+ Luz
- Luz-Luz
Estágio Inicial
Estágio Intermediário
Estágio Final
SUCESSÃO
Ocorre em etapas. Desenrolam-se desde a área desocupada, onde
começam a se estabelecer as primeiras espécies vegetais, até a
nova formação de uma floresta madura. Começa com um distúrbio.
•Um grande distúrbio geralmente mata a maioria dos indivíduos do
estrato arbóreos, mas deixa grande parte do banco de sementes,
do chão da floresta e do sub-bosque. Entretanto, muda
radicalmente as condições ambientais e os fatores bióticos e
abióticos. As espécies pioneiras (heliófilas) irão se estabelecer.
•Os indivíduos pioneiros começam a invadir a área até que todos
os espaços disponíveis sejam ocupados.
•As comunidades animais também participam intrinsecamente do
processo .
4.1.2. Sucessão secundária. . .
As etapas sucedem-se à medida que uma
comunidade modifica o ambiente, preparando-o
para que uma outra comunidade possa ali se
estabelecer.
Substituição de uma comunidade por outra,
até atingir um nível onde muito mais espécies
expressam-se, no seu tamanho máximo, e onde a
biodiversidade também é máxima.
4.1.2. Sucessão secundária. . .
Cada etapa da sucessão: uma condição de
ambiente distinta. Para que as espécies, tanto vegetais
como animais se restabeleçam em determinada etapa
(continuando no processo, ou desaparecendo com sua
progressão), elas dispõem de uma série de estratégias de
adaptações.
Estas estratégias facilitam a sobrevivência e a
reprodução dentro da sucessão de ambientes (Piña-
Rodrigues et al., 1990).
4.1.2. Sucessão secundária. . .
Exemplo: roça abandonada ou
pasto, representando áreas
degradadas pela ação humana
4.1.2. Sucessão secundária
Primeira comunidade estabelecida:
espécies herbáceas
Plantas consideradas “daninhas” ou
“mato”. Em geral samambaias (Pteridium
aquilinum ou Gleichenia pectinata, ou outras) e
capins formando grandes touceiras.
Propágulos (sementes, frutos e esporos)
transportados pelo vento
4.1.2. Sucessão secundária – 1ª Etapa Herbácea
4.1.2. Sucessão secundária:
Mantêm níveis menores de interação com animais,
devido à adaptação ao transporte eólico (pelo vento)
Já apresenta uma vegetação perene.
Iniciam o processo de modificação do solo,
aumentando sua aeração e quantidade de matéria
orgânica.
Retém, ainda de forma inadequada, os processo
erosivos; é preciso deixar a sucessão continuar para que
haja uma efetiva proteção do solo.
4.1.2. Sucessão secundária – 1ª Etapa Herbácea ...
4.1.2. Sucessão secundária – 2ª Etapa Arbustiva
Espécies herbáceas, substituídas pelas de arbustos
Raízes mais profundas, exploram outros horizontes
Forte interação com animais
Solo com maior quantidade de matéria
orgânica, e pode conter larvas de insetos e
decompositores, insetos herbívoros e roedores.
Estes animais, atraem outros, os seus predadores.
4.1.2. Sucessão secundária – 2ª Etapa Arbustiva
Plantas arbustivas podem atingir 1-2 m e assim
produzem muita biomassa.
Em geral representados pelas vassouras (Baccharis
spp.) e outros arbustos da família Compositae
(Senecio spp., Eupatorium spp., Vernonia spp.).
Em geral polinizados por insetos
Frutos/sementes dispersados pelo vento.
4.1.2. Sucessão secundária – 2ª Etapa Arbustiva ...
A comunidade de arbustos é visitada por pássaros
onívoros (sabiás, bem-te-vis...) à procura de larvas.
Neste ato, levam sementes provenientes dos
ambientes de floresta, permitindo a chegada de uma
grande diversidade delas.
As primeiras sementes de formas arbóreas, que
se estabelecerão devido às condições criadas no
ambiente, dentre as quais um maior
sombreamento.
4.1.2. Sucessão secundária
São naturalmente vistas como “mato” e tendem a ser
eliminadas através de fogo ou mesmo de roçadas.
Sua retirada representa a estagnação do
processo e o retorno para a degradação,
ficando cada vez mais difícil a recuperação
da resiliência local.
A manutenção representa a propulsão para o
aparecimento de uma comunidade local com diversidade
ainda maior e grande probabilidade de garantir a
resiliência local.
4.1.2. Sucessão secundária
Evitar queimadas e roçadas
representa ação recuperadora mais
eficiente que o plantio de árvores de
forma indiscriminada, sem critérios de
escolha das espécies
4.1.2. Sucessão secundária
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea
Ação do vento e dos animais estabelece uma nova
comunidade: das árvores.
Primeiras árvores crescerão por entre os
arbustos, onde a penetração da luz é intensa – são
adaptadas a estas condições de solo e luminosidade
(pioneiras) provenientes das circunvizinhanças.
Provoca grande transformação, principalmente no
solo, que apresenta muito mais matéria orgânica e
boa aeração.
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea
Devido ao entrelaçamento de galhos e folhas, o solo
passa a ficar todo sombreado, sementes que
necessitam de umidade e sombra podem germinar.
A biodiversidade, representada pela comunidade de
espécies florestais propriamente ditas, passa a
caracterizar uma sucessão florestal.
Sob as árvores pioneiras: banco de plântulas, que
aguardam novas oportunidades para se desenvolver.
corresponde à futura floresta, a do amanhã, que se
desenvolverá e manterá toda uma dinâmica própria.
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea...
Nas condições criadas se instalarão as espécies
climáticas. A velocidade de implantação dependerá
de uma série de fatores, tais como:
Proximidade ou não de outras florestas
em estádio sucessional mais avançado do que a área
em recuperação (que podem suprir os propágulos);
Existência de animais capazes de
transportar as sementes;
Existência de plantas com flores e frutos
durante todo o ano, evitando a migração de
animais na busca de alimentos.
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea...
A sucessão é um processo complexo e
concomitante, ou seja, evoluem as
condições de solo, o microclima, a
biodiversidade da flora e da fauna.
Assim qualquer interferência antrópica,
em qualquer destes elementos, interfere no
processo sucessional de todos os setores.
4.1.2. Sucessão secundária
Se a recuperação de uma área consistisse em uma
revegetalização, então o trabalho seria fazer crescer
plantas na região. Este fato pode representar – e
geralmente o faz – o primeiro passo no processo.
Não pode prevalecer, a idéia de se manter apenas uma
comunidade estática, ou ainda, realizar simplesmente a
plantação de uma só espécie de árvore.
A sucessão de todos os elementos (solo, microflora,
flora e fauna) deve ser induzida, e fará com que a área
ganhe nova resiliência.
4.1.2. Sucessão secundária
As plantas, como produtores primários (capazes de
absorver a energia solar e transformá-la em matéria
orgânica), devem ser escolhidas de forma a se
implantarem na área e cumprirem sua tarefa.
Tentativas de querer quebrar o processo
sucessional, simplificando ou acelerando de forma
quase instantânea, levam a grandes probabilidades
de insucesso e perda de muito recurso
4.1.2. Sucessão secundária
O meio ambiente
pode servir de
parâmetro para a
RAD
Naturalmente,
apresenta uma situação
similar na qual devemos
buscar as espécies
adequadas para o
manejo.
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea...
A seleção de espécies capazes de induzir uma nova
resiliência deve basear-se na escolha de espécies:
Pioneiras, agressivas, capazes de rapidamente
cobrir o solo, evitando a erosão.
Que permitem processos sucessionais.
Especializadas em nutrir o solo, simbiose com
bactérias fixadoras de nitrogênio (nitritos e nitratos) e
com fungos micorrízicos (fósforo) – leguminosas
Capazes de atrair animais através da polinização e
dispersão de sementes.
4.1.2. Sucessão secundária
4.1.2. Sucessão secundária
Espécies exóticas podem fazer bem o trabalho inicial de
cobertura, mas muitas delas, de tão agressivas que são,
impedem ou permitem de forma muito lenta o processo
sucessional.
A seleção é fundamental para permitir uma nova
resiliência ambiental; devem estar presentes diferentes
formas de vida (ervas, arbustos, liana, árvores e
epífitas).
É necessário também envolver distintas síndromes de
polinização e dispersão de sementes, de forma a
garantir o todo o ano a presença de animais na área
4.1.2. Sucessão secundária – 3ª Etapa Arbórea...
Os conhecimentos populares podem ajudar muito na
recuperação.
As populações tradicionais, acostumadas com a
regeneração das florestas, sabem quais espécies são
mais adequadas para crescerem em solos
degradados, também conhecem o papel das
plantas e dos animais,
podendo indicar as mais apropriadas.
4.1.2. Sucessão secundária
Implantação de Centros de Alta Diversidade – com
espécies:
Que contemplem todas as formas de vida das
espécies vegetais, adaptadas aos estágios
sucessionais:
- pioneiras, oportunistas, climáticas,
- erva, arbusto, árvore, liana (cipó) e epífita.
Adaptadas aos processos de polinização
Com fenofases (principalmente floração e
frutificação), distribuídas em todo o ano
4.1.2. Sucessão secundária
Uma vez estabelecidos, os centros de diversidade
podem então representar centros de dispersão de
propágulos necessários para a ocupação do restante
do terreno.
O processo simplifica-se, pois os centros de alta
diversidade propiciam o reinicio de um processo
sucessional para toda a área, restabelecendo a
resiliência local.
A implantação dos Centros de Alta Diversidade, não
deve ser o único passo no processo de recuperação.
4.1.2. Sucessão secundária