Post on 04-Feb-2016
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Vírus PlanetárioPorque neutro nem sabonete, nem a Suíça
tem morador!
R$5edição nº 20
fevereiro2013
Espaços populares por todo o Brasil são ameaçados de remoção
Com intervenções artísticas urbanas, coletivo critica a especulação imobiliária em São Paulo
Realidade de Pinheirinho (SP) um ano depois. E a Ocupação Novo Pinheirinho em Brasília
Com conteúdo do
MEDIAFAZEN
DO
EntrEvista INclusiva com
OcupeaCidade
A luta dos índios agora é pela primeira Universidade Indígena
Aldeia Maracanãresiste
Pinheirinho(s)Edição Digital reduzida.
Clique aqui - www.tinyurl.com/20impressa para adquirir a edição impressa pela internet e receber
em casa
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Por Carlos Latuff | Veja mais em
latuffcartoons.wordpress.com
Em defesa do projeto dos movimentos sociais
para o petróleo, com monopólio estatal,
Petrobrás 100% pública e investimento em
energias limpas.
Participe do abaixo-assinado:www.sindipetro.org.br
Notícias da campanha:www.apn.org.br
www.tvpetroleira.tvorganização:
traço li
vre
Por Paulo Marcelo Oz | Veja mais em: facebook.com/tirinhasoz
Por Ricardo Tokumoto | Veja mais em: www.ryotiras.com
ExPEdiENTE:Rio de Janeiro: Aline Rochedo, Ana Chagas, Artur Romeu, Beatriz Noronha, Caio Amorim, Chico Motta, Eduardo Sá, Gabriel Bernardo, Ingrid Simpson, Julia Maria Ferreira, Maria Luiza Baldez, Mariana Gomes, Miguel Tiriba, Noelia Pereira, Raquel Junia, Seiji Nomura e William Alexandre | Mato Grosso do Sul: Marina Duarte, Tainá Jara, Jones Mário, Fernanda Palheta, Eva Cruz e Juliane Garcez | Brasília: Alina Freitas, Mariane Sanches, Luana Luizy e Thiago Vilela | São Paulo: Ana Carolina Gomes, Bruna Barlach , Duna Rodríguez e Luka Franca | Minas Gerais: Ana Malaco e Laura Ralola diagramação e projeto gráfico: Caio Amorim ilustrações: Carlos Latuff (RJ), Paulo Marcelo Oz (MG) e Ricardo Tokumoto (MG) Revisão: Bruna Barlach Colaborações: Edemilson Paraná, Luiz Baltar, Renan Otto, Ratão Diniz, Raquel Oliveira, Fábio Caffé, Daniel Carvalho e
Diogo Salles Capa: foto: Renan Otto
Conselho Editorial: Adriana Facina, Amanda Gurgel, Ana Enne, André Guimarães, Carlos Latuff, Claudia Santiago, Dênis de Moraes, Eduardo Sá, Gizele Martins, Gustavo Barreto, Henrique Carneiro, João Roberto Pinto, João Tancredo, Larissa Dahmer, Leon Diniz, MC Leonardo, Marcelo Yuka, Marcos Alvito, Mauro Iasi, Michael Löwy, Miguel Baldez, Orlando Zaccone, Oswaldo Munteal, Paulo Passarinho, Repper Fiell, Sandra Quintela, Tarcisio Carvalho, Virginia Fontes, Vito Gianotti
e Diretoria de Imprensa do Sindicato Estadual dos Profissionais de Edução do Rio de Janeiro (SEPE-RJ)
Muitos não entendem o que é a Vírus Planetário, principal-
mente o nome. Então, fazemos essa explicação maçante, mas
necessária para os virgens de Vírus Planetário:
Jornalismo pela diferença, não pela desigualdade. Esse é
nosso lema. Em nosso primeiro editorial, anunciamos nosso
estilo; usar primeira pessoa do singular, assumir nossa parcia-
lidade, afinal “Neutro nem sabonete, nem a Suíça.” Somos, sim,
parciais, com orgulho de darmos visibilidade a pessoas exclu-
ídas, de batalharmos contra as mais diversas formas de opres-
são. Rimos de nossa própria desgraça e sempre que possível
gozamos com a cara de alguns algozes do povo. O bom humor
é necessário para enfrentarmos com alegria as mais árduas
batalhas do cotidiano.
Afinal, o que é a Vírus Planetário?
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A Revista Vírus Planetário - ISSN 2236-7969 é uma publicação da Malungo Comunicação e Editora com sede no Rio de Janeiro. Telefone: 3164-3716#Tiragem: 2.500 exemplares
#Impressão:
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ComuniCação e editora
O homem é o vírus do homem e do planeta. Daí, vem
o nome da revista, que faz a provocação de que mesmo a
humanidade destruindo a Terra e sua própria espécie, acredi-
tamos que com mobilização social, uma sociedade em que
haja felicidade para todos e todas é possível.
Recentemente, unificamos os esforços com o jornal alternativo Fazendo Media (www.fazendome-dia.com) e nos tornamos um único coletivo e uma única publicação impressa. Seguimos, assim, mais fortes na luta pela democratização da comunicação para a construção de um jornalismo pela diferença, contra a desigualdade.
Correio
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Editorial
Tem morador. Mesmo quando não podemos ver, mesmo por onde não passamos, mesmo longe da gente, em outras cidades, em outros espaços, a verdade é que pelo Brasil inteiro tem gente morando e gente tentando morar. Gente a quem foi negada a chance de ter um teto sobre si, mas que nem por isso se calou: foi atrás de conseguir seu espaço.
Nesta edição, mostramos gente que lutou pelo direito de morar e perdeu, um ano depois a história do Pinheirinho, em São José dos Campos-SP, ainda nos comove e faz com que pensemos qual é o limite da imposição da força policial mandada pelo Estado. O Pinheirinho foi dizimado, mas sua memória permaneceu e inspirou um Novo Pinheirinho em Taguatinga-DF.
Mas fevereiro tem carnaval, e esse clima de festa transpira por nossas páginas em diferentes expressões e tons, trazendo não só suas cores, mas também seu aspecto político, questionador e belamente brasileiro. E como nem só de carnaval vive a cultura brasileira, o duelo de MCs de BH está aqui para representar a cultura de rua. De Minas também vem a Mostra de Cinema de Tiradentes, um dos principais pontos de encontro para os cinéfi-los e entusiastas da sétima arte.
Como arte, cultura, política e Vírus sempre caminham jun-tas, na inclusiva demos um giro por São Paulo nas palavras do coletivo de artistas OcupeaCidade. Lá e cá vamos ouvir falar muito sobre especulação imobiliária e como o desejo de se ga-nhar muito dinheiro a qualquer custo tem despido a cidade de seu papel central de agregador de pessoas, quando se proíbe não somente o direito à moradia, mas o direito a existirmos, convivermos, andarmos, brincarmos e vivermos, de fato, nas grandes cidades.
Depois de ocuparmos e resistirmos juntos com os indíge-nas na Aldeia Maracanã (antigo Museu do Índio, ao lado do estádio Maracanã - em reforma para os megaeventos que irá receber), mostramos um pouco da trajetória dessa aldeia que sobrevive com todas as pressões que um centro urbano com um metro quadrado ultra-valorizado como o Rio de Janeiro pode causar. Após conseguirem a vitória pela não-demolição do prédio, os índios lutam agora para permanecerem ali, mantendo a aldeia viva e construindo a primeira Universida-de Indígena do país.
Chegamos a edição de número 20, duas dezenas, duas vezes dez! Não poderíamos deixar passar em branco esta edição sem agradecer a todos aqueles que ajudam a cons-truir a Vírus cotidianamente, seja como leitores, como compartilhadores de nossa página, como curtidores no facebook. Sempre bom lembrar que a cada dia queremos que nossa voz ecoe mais longe e, para isso, você também está convidado a fazer parte desta comemoração e da construção da revista. Participe.
sumário(da edição completa)
6 Bula Cultural_O som que vem
das ruas
7 Bula Cultural
8 Bula Cultural_Deixa o carnaval
ser!
11 Bula Cultural_Quem é você na
MOstra de Cinema de Tiradentes
14 Rio de Janeiro_De Cabral a
Cabral, 513 anos de opressão
18 São Paulo_Outros Janeiros
22 Brasília_Quando morar é um
privilégio...
25 CAPA_Ensaio Fotográfico: Tem
Morador!
32 Fazendo Media_O agrotóxico
atravessa samba
35 Fazendo Media_Entrevista: João
Martins
38 Entrevista Inclusiva_Coletivo
OcupeaCidade
42 O sensacional repórter
sensacionalista
Edição Digital reduzida.
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Bula cultural algumas recomendações médico-artísticas
Deixa o carnaval ser!
É impressionante como uma ci-dade se transforma no Carnaval. São cores, sons, cheiros, pessoas, que nos dão a sensação de estar-mos noutro lugar, transmutando-nos em turistas. Lugares como Rio de Janeiro, Ouro Preto, Olinda, Reci-fe, Salvador, dentre tantos, abrem-se para acolher um número imenso de pessoas de todas as partes. E estes visitantes transitam ente nós, trazem suas diferentes culturas que se agregam, derrubando as frontei-ras.
Por Aline Rochedo
O carnaval é ou não é a festa do povo?
Ceu
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erra. Foliõ
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as ruas d
e Santa T
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Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
Vírus Planetário - feVereiro 20136
Ceu
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jam aleg
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el Oliveira
Contra a privatização dos Hospitais Universitários!
NÃO À EBSERH!www.aduff.org.br
GestãoMobilização Docentee Trabalho de Base
513 anos de opressão
Nos dias atuais, há ainda quem se comporte como os desbrava-dores do século XVI, associando o domínio de uma cultura sobre outra a um processo legítimo e natural. Preconceituoso e cercea-dor, o termo civilizar ainda é uti-lizado repetidamente ao se referir aos índios, muitas vezes justifican-do ações truculentas e ilegítimas como a demolição do antigo pré-dio de Memória Indígena da Aldeia Maracanã.
Na ocupação cultiva-se ver-duras e frutas em uma pequena horta e cozinha-se em um forno a lenha. O lugar, além de centro cultural, serve de abrigo temporá-rio ou permanente para índios de todo o país que chegam ao Rio de Janeiro para trabalhar, estudar e participar de eventos.
Enquanto isso, o governo do estado do Rio de Janeiro pretende ali construir um estacionamento. Mais uma vez, as autoridades go-vernamentais priorizam interesses das grandes corporações, o trans-porte individual mais poluente e elitizado, e atropela-se parte im-portante da nossa História além do nosso senso de coletividade.
Ressaltam que se trata de revi-talizar o “Maracanã”, palavra ironi-camente de origem tupi, como se demolir um edifício histórico mais antigo que o próprio estádio fosse essencial ao projeto. Falácia desla-vada, desmentida pela FIFA e por diversos pareceres técnicos.
Por Aline Rochedo, Ana Chagas, Beatriz Noronha Bruna Barlach e Chico Motta
rio de janeiro
De Cabral a Cabral...
Aldeia indígena em pleno centro urbano resiste aos ataques do capital que sob a desculpa dos
megaeventos deseja lucrar com o terreno.
Ilustração
: Carlo
s Latuff
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
Vírus Planetário - feVereiro 20138
Outros janeirosPinheirinho jamais será esquecido
são paulo
22 de janeiro de 2012. Essa data ficaria mar-cada para sempre na vida das famílias do Pinheirinho. Acordadas pela polícia, com vio-lência, elas foram arrancadas de suas casas, de suas vidas, sem respeito, sem dignidade. Numa manhã de domingo em São José dos Campos onde não houve lei.
Dias antes houve uma grande comemora-ção, com a chegada da liminar que garantia que os moradores não seriam expulsos. Mas infelizmente o governo tem toda a força poli-cial ao seu lado, contra a qual, muitas vezes, não se pode brigar com um pedaço de papel.
Depois de expulsas de suas casas, as famí-lias foram levadas a um acampamento onde ficaram sob vigilância direta da polícia e con-tinuaram a ser sistematicamente agredidas pelos policiais. Agressões verbais e agressões físicas. Ali, a lei também não conseguia chegar.
Por Ana Carolina Gomes e Bruna Barlach
Simulação do ex-prefeito eduardo Cury e Geraldo Alkmin removendo moradores do Pinheirinho. | Foto: Portal do PSTU
Confira a reportagem na edição completa digital ou impressa
Vírus Planetário / fazendo media - fevereiro 2013 9
Shopping centers, grandes super-mercados e mega-empreendimen-tos imobiliários com apartamen-tos que beiram R$ 800 mil. Desde o último dia 4 de janeiro, essa é a vizinhança de mais de 400 famílias com renda de 0 a 2 salários míni-mos. Elas não ganharam na loteria, muito menos foram beneficiadas pelas promessas de programas ha-bitacionais do governo. A razão pela qual passaram a viver na área é uma só: não tem para onde ir.
Em mais uma homenagem à ocupação Pinheirinho, despejada há um ano violentamente em São Paulo pelo governo local, o acam-pamento foi batizado de Novo Pi-nheirinho.
O prédio ocupado pelas famílias no centro de Taguatinga, a 20 qui-lômetros de Brasília, está abando-
nado há cerca de 20 anos. O dono, Abdalah Jarjour, um grande empre-sário da capital, pretendia construir um shopping no local. Abandonado, o imóvel vazio era usado para o uso e comércio de drogas tendo sidoi palco de crimes como estupros e assassinatos. Alguns moradores de rua alegam viver no local há mais de 14 anos.
Há um mês acampadas no pré-dio, as famílias integrantes do Movi-mento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) reivindicam a construção de moradias populares e o cumpri-mento de um acordo rompido pelo Governo do Distrito Federal que, após a ocupação de um terreno em Ceilândia em 2011 pelas mesmas famílias, prometeu o pagamento de auxílio-aluguel e a inclusão dessas no programa habitacional do gover-
no local, o Morar Bem. Após poucos meses de pagamento, o auxílio foi cortado e a lei que regulamentaria o auxílio para as famílias não foi encaminhada à Câmara Legislativa do Distrito Federal. O governo se negou ainda a cadastrar o MTST como entidade apta a registrar fa-mílias no programa. O nome Novo Pinheirinho, o mesmo da ocupação de Ceilândia, remete, também, ao fato de que se trata da mesma luta pelas mesmas pautas de 2011.
Disposto a fazer do prédio um conjunto habitacional, o MTST já obteve sinalizações do Ministério das Cidades e da Caixa Econômi-ca Federal de que é possível reali-zar a compra do terreno, avaliado em mais de R$ 150 milhões, para a construção de moradias pelo pro-grama Minha Casa Minha Vida. In-
brasília
Por Alina Freitas, Edemilson Paraná e Thiago Vilela.
Ocupação urbana do Movimento dos Trabalhadores Sem Teto completa um mês de resistência no coração da especulação
imobiliária em Taguatinga – DF
Quando morar é um privilégio...
Vírus Planetário - feVereiro 201310
transigente, o Governo do Dis-trito Federal, de quem depende a desapropriação do imóvel, se nega a participar da mesa de ne-gociações.
O “esqueleto de Taguatinga”, como é conhecido pelos mora-dores da região, quase foi de-molido em várias ocasiões. Em acordo com o Governo do Dis-trito Federal, firmado em 2007, o dono se comprometeu a reiniciar as obras que, segundo ele, abri-gariam uma faculdade particular — projeto acabou oficializado apenas em 2011. Desde então, pouca coisa, além de uma rudi-mentar pintura externa do pré-dio, foi realizada. Em estado de abandono, o imóvel serve como um pote de ouro, um investi-mento a longo prazo garantido pela especulação imobiliária do Distrito Federal, uma das mais avassaladoras do país. Em volta do “esqueleto” estão alguns dos prédios mais caros do Distrito Federal.
Disposto a impedir a requali-ficação do imóvel para que sirva como moradia para as famílias o empresário entrou na Justiça reivindicando a reintegração de
posse e a desocupação do local. Acatado o pedido, a Justiça decretou 10 dias para que as famílias deixassem o prédio. Mobilizados para im-pedir o despejo, apoiadores do movimento recolheram assinaturas de intelectuais e juristas renomados de todo país, entre eles o jurista Fábio Konder Comparato, em defesa do direito à moradia. Eventos públicos foram realizados e uma campanha pela manutenção das famílias no lo-cal foi iniciada. A Assessoria Jurídica Universitária Popular Roberto Lyra Filho, projeto de extensão da Universidade de Brasília (UnB) que presta assessoria ao movimento, conseguiu derrubar na Justiça a decisão que determinava a desocupação. O empresário Abalah Jarjour acionou um time de bem-pagos advogados para recorrer. Perderam novamente. A disputa segue.
O abandono do prédio, parado a mais de 20 anos visando a espe-culação imobiliária, escandaliza a população, mas a ocupação dos Sem Teto de baixa renda em área nobre é uma pedra no sapato da elite local, que vê ameaçados muitos de seus interesses. Acuado e sem argumentos razoáveis para a desocupação das famílias, Jarjour conta com o apoio do Governo do Distrito Federal, de grandes empresários e dos principais veículos da imprensa regional, que protagonizam inser-ções patéticas como a do comentarista Alexandre Garcia, da TV Globo, que confundiu Sem Teto com Sem Terra e questionou, ao vivo, o quê os acampados plantariam no local.
“ Em volta do “esqueleto” estão
alguns dos prédios mais caros do
Distrito Federal.”
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>> Logo após a ocupação do esqueleto abandonado há 20 anos, o proprietário, Abdalla Jarjour, fez uma declaração à imprensa:
“Eles invadem minha área e eu tenho que ficar dando explicação pra ‘Zé e pra Mané’ (sic), por que minha obra tá a 18, a 15 a 20 anos?[...] eu estou trabalhando com meu dinheiro, pra não dever nada a ninguém. Se eu qui-ser demorar mais cinco anos é problema meu”.
Pelo contrário: pelo menos desde 1988, se ele quiser demorar mais 5 anos o problema é NOSSO. Como nos ensinam a Constituição e o Estatuto da Cidade, o uso da propriedade deve cumprir função social. Faz-se neces-sário, portanto, diferenciar legítimos direitos de propriedade de pretensões abusivas relacionadas a ele. Jarjour é a voz da especulação imobiliária. A imagem a baixo, elaborada pelo militante Renato Moll, deixa claro os reais motivos de uma ordem de despejo rápida e precipitada como esta:
infográfico: Renato Moll fonte: www.tinyurl.com/avudj5v
Briga na Justiça
Vírus Planetário - feVereiro 2013 11
brasília
Se ao lado do dono do prédio estão a elite e o poder local, um exército de apoiadores se mobilizou para garantir a moradia das famí-lias e dar vida ao “esqueleto”. Recursos e ajuda de todo o tipo, desde alimentos e roupas a assessoria jurídica e de comunicação, chegam de todos os lados.
Um grande sarau de apoio ao movimento foi realizado na ocupação com música, artes-plásticas, dança e atrações infantis. Uma roda de samba com os moradores em comemoração a queda da liminar que determinava a desocupação do prédio, além de debates, discussões públicas e eventos de apoio foram realizados na UnB, em bares e cafés da cidade. Para o aniversário de um mês da ocupação, que ocorre dia 4 de fevereiro, está prevista uma grande festa no acampamento.
A vida das famílias segue normalmente, apesar das dificuldades. A grande maioria sai cedo para trabalhar e volta à noite, numa rotina comum a dos demais trabalhadores do Distrito Federal. Para animar os dias chuvosos, comuns nessa época do ano em Brasília e que muitas
vezes fazem os moradores passa-rem por grandes dificuldades, um cinema foi montado na ocupação com lonas, projetor e caixa de som. O cineclube atrai moradores e apoiadores para momentos de descontração. Imagens gigantes de momentos do acampamento foram transformadas em lambe-lambe e coladas em diferentes lugares do prédio, relembrando a grande poesia que é união da co-munidade.
Assembleias gerais são realiza-das corriqueiramente para infor-mar os acontecimentos e decidir com as famílias os rumos do mo-vimento. Num cenário composto por lonas e tijolos, concreto enve-lhecido, vigas enferrujadas e terra, vê-se crianças correndo, pessoas conversando, varrendo a frente de suas “casas”, em suma, vivendo e morando.
Mas nem tudo são flores. A estrutura é precária, as famílias sofrem com as intempéries e fal-tam recursos para dar conta das necessidades de alimentação de mais de 400 famílias. Por isso, o movimento vive em campanha por apoios e novas doações. E por isso luta, resiste e acredita num amanhã diferente, com moradia para todos, em que a vida digna de seres humanos tem mais valor do que um “esqueleto” sem alma.
Fotos: Aferidor de Vuelos (www.facebook.com/aferidor.devuelos)
*Durante o fechamento desta edição, a justiça determinou a reintegração de posse do local e deu um prazo de 48 horas para que as famílias desocupassem o prédio.
Para informações em tempo real, acesse: http://tinyurl.com/novopinheirinho
Dando vida ao “esqueleto”
Vírus Planetário - feVereiro 201312
ensaio fotográfico
O Rio de Janeiro mostrado nas propagandas do governo e nas lentes da grande mídia leva-nos facil-mente a pensar que vivemos tempos de fartura: em uma cidade sofisticada, moderna, democrática e não excludente. Mas só quem vive na pele o peso de ter seus direitos violados, simplesmente por morar em regiões de interesse do mercado imobiliário, sabe que não há nada a ser comemorado.
Foi para mostrar o outro lado dessa história, o co-tidiano das comunidades, suas lutas e principalmente a força e a beleza desses moradores, que nos orga-
nizamos em um projeto coletivo de documentação o “Tem Morador”. Nosso objetivo é apoiar, divulgar e dar visibilidade, através de nossas fotos, às pessoas simples e fortes como nós: o povo.
A continuação do nosso trabalho de documenta-ção só é possível graças às inúmeras parcerias que foram se estabelecendo com o tempo, ao carinho que recebemos em todas as visitas que fazemos às comu-nidades, e às lições de solidariedade que tivemos de pessoas que doam suas vidas para terem seus direitos e os do próximo respeitados.
Luiz Baltar e Renan Otto,
fotógrafos da agência Imagens do Povo
Confira o ensaio fotográfico na edição completa digital ou impressa
Por Eduardo Sá
Organizações, movimentos sociais e pesquisadores, que integram a Campa-nha Permanente contra os Agrotóxicos e pela Vida, entregaram no último dia 29 de janeiro uma carta à vice-presidente da Unidos de Vila Isabel, Elizabeth Aqui-no. O documento elogiava a escola pelo samba enredo “A Vila canta o Brasil celeiro do mundo – água no feijão que chegou mais um”, composto por Rosa Magalhães, Alex Varela e Martinho da Vila, que enaltece a agricultura familiar. A carta também criticou o patrocínio da empresa alemã Basf, uma das maiores fabricantes de agrotóxicos do mundo, devido à associação da imagem do gru-po com a biodiversidade.
Campeã do desfile das escolas de samba do Rio de Janeiro, a Vila Isabel encantou na sapucaí, com o samba en-redo que moveu as multidões em coro. Mas a que preço?
fevereiro de 2012 | Ano 10 | Número 103 | www.fazendomedia.com | contato@fazendomedia.coma média que a mídia faz
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Agrotóxico atravessa samba
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Movimentos sociais elogiam samba da Vila Isabel e questionam patrocínio da Basf
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Vírus Planetário / fazendo media - fevereiro 201314
O coletivo OCUPEACIDADE surgiu na cidade de São Paulo, em meados do ano de 2006, como uma propos-ta de unir pessoas interessadas em produzir coletivamen-te ações artísticas nos diversos espaços da cidade, de maneira a criar novas relações com o território vivido coti-dianamente pelos habitantes da nossa metrópole – sejam eles artistas ou não. Desde então vem atuando como um grupo aberto, de livre participação, propondo ações onde o processo de produção coletiva constitui o método de trabalho, e o principal objetivo é a participação ativa dos sujeitos na vida da cidade.
EntrEvista INclusiva:
coletivoOcupeacidadeAlgumas pessoas colaboraram com o grupo e foram
realizadas intervenções urbanas, murais, ações em parce-ria com outros coletivos, exposições e oficinas – além da produção de trabalhos como cadernos, posters, vídeos, gravuras e painéis. Da mesma maneira que tem como proposta a participação aberta, existe também uma aber-tura para a utilização de linguagens artísticas inéditas na trajetória do grupo, propiciando assim um processo contí-nuo de construção de situações coletivas onde a hetero-geneidade e a diversidade de olhares constituem o material fundamental.
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Vírus Planetário - feVereiro 2013 15
Quem tem que sair é o Cabral e o Risolia!
www.seperj.org.br
Educação Estadual na luta!
36 anos
Sindicato Estadual dos Profissionais de Educação do Rio de Janeiro
Os serventes, inspetores de alunos e as merendeiras das escolas esta-duais (os funcionários administrativos), muitos com mais de duas déca-das de trabalho em escolas espalhadas pelo estado inteiro, estão sendo removidos, compulsoriamente, de suas unidades de origem. Em seus lugares, o governo do Estado vem colocando pessoal de empresas pri-vadas, em um processo de terceirização dos nossos serviços públicos, que já conhecemos onde vai dar: corrupção e superfaturamento.
Este ataque atinge mais de cinco mil funcionários estatutários, concursa-dos e que já haviam definido as suas vidas pessoais e profissionais em função das escolas onde trabalhavam. O governo alegou que a medida era uma determinação do Tribunal de Contas do Estado (TCE). Mas em audiência acompanhada pelo Sepe e pela Comissão de Educação da Alerj, o próprio presidente do Tribunal negou que existisse um parecer, determinando a remoção dos concursados das escolas para dar lugar a terceirizados.
Quem tem que pedir para sair é o secretário Risolia e o governador Cabral, que promovem a destruição da escola pública. Os funcionários reagiram ao arbítrio do governo, com várias manifestações realizadas na sede da Secretaria de Educação, como mostra a foto. Não aceitaremos a remoção dos funcionários administrativos!
Calendário da
Rede Estadual:
23 de fevereiro (sábado): assembleia da rede
estadual de educação, às 14h, na ABI (Rua Araújo
Porto Alegre 71/9º andar).
COMPAREÇA!!
Remoção de funcionários das escolas estaduais: