Post on 16-Nov-2018
A vida profissional e pessoal do presidente da
Impresa foi passada a pente fino por ordemdo antigo director do Serviço de InformaçõesEstratégicas de Defesa (SIED). O empresário seria
uma peça fundamental no "ataque" ao maiorbanco privado português.
¦ Carlos Tomás
Francisco Pinto Balsemão será umdos "homens de mão de empre-sários angolanos e israelitas quecriaram a InterOceânico para in-vestimentos estratégicos em Por-
tugal, Angola, Brasil e China, na
agro-indústria, energia, indústriatransformadora e sector financeiro"
e que terão como "principal alvo o
BCP". Esta é uma das muitas infor-
mações constantes do relatório de
uma "espionagem" que foi feita ao
patrão da SIC e ordenada pelo an-
tigo director do Serviço de Informa-
ções Estratégicas de Defesa JorgeSilva Carvalho, a que "o Crime" teve
acesso.
O ex-espião terá solicitado um
relatório pormenorizado sobre o
presidente da Impresa, a 4 de No-vembro de 2011, numa altura em
que já trabalhava na Ongoing. A
ordem, segundo consta da acu-
sação, foi dada a outro ex-espião,Paulo Félix, que na altura também
integrava os quadros da empresa de
Nuno Vasconcellos. O relatório vaidas páginas 80 à 113 do processo
5481/1 1.4TDLSB, que corre na 9 a
Secção do Departamento de Inves-
tigação e Acção Penal de Lisboa, e
nele consta informação de ordem
pessoal, íntima e profissional re-lacionada com o dono da SIC, quemantém um conflito público como presidente da Ongoing pelo con-trolo do grupo Impresa. A equipa de
Jorge Silva Carvalho encarregava-sedepois de atacar a imagem de PintoBalsemão recorrendo a órgãos de
Comunicação Social e à Internet."Balsemão surge como um peão
útil no xadrez angolano de controlodo maior banco privado português,o BCP. Esta utilidade permitiu-lhefazer as "pazes" com o regime an-
golano e ganhar uns cobres comisso. Balsemão ajuda os angolanosa ganhar o controlo do BCP e passaa ter acesso ao mercado dos mediado país, como mostra a anunciada
criação de um grupo de media an-golano em parceria com a Finicapi-tal - empresa muito ligada ao Ban-
co Atlântico, em parte detido pelaSonangol, que está metido na Inte-roceânico. Em Angola este negócioé visto como uma normalização das
relações entre Luanda e Balsemão",lê-se numa das páginas do relatóriodatada de 24 de Fevereiro de 201 1.
Brasileiros "passados"Outra questão abordada na espio-
nagem feita a Pinto Balsemão foi a
Impresa, a principal empresa de Pin-
to Balsemão. Em Julho de 2011, o
espião Paulo Félix escrevia: "Os nú-meros desastrosos da Impresa são a
explicação para o 'forcing' que Bal-semão fez, desde o início de 2011,
para se encontrar com os brasileirosda Globo em Lisboa (ir ele ao Brasil
daria má imagem e enfraqueceria a
sua posição negociai...) Balsemão
conseguiu que viessem a Lisboa,
mas o encontro não correu nadabem e os brasileiros não deixaramde mostrar a sua insatisfação. As
melhores fontes garantem que eles
ficaram 'passados' com a conver-sa que aconteceu. Mal ouviram, os
brasileiros recusaram a oferta deBalsemão: 49% sem acesso à ges-tão, por 187 milhões de euros, qua-se o dobro do valor bolsista da Im-
presa (pouco mais de 100 milhões,antes da apresentação dos resulta-dos semestrais)."
Segundo o relato do espião, "a
Globo não perdeu tempo a fazer
uma contra-proposta", e estava na
altura disposta "a negociar a com-
pra de 51% da Balseger". "Balsemãoé que parece não estar disposto a
uma OPA (Operação Pública de
Aquisição) sobre a Impresa e ago-ra vai fazer tudo para manter ocontrolo nas suas mãos e dos seusdescendentes (...) A alternativa aos
brasileiros são investidores ango-lanos, talvez os mesmos que têmusado Balsemão para preparar umaofensiva ao BCP através de um 'altovoo' InterOceânico", ironizou Paulo
Félix.
O prejuízo BPPDe acordo com o relatório apre-endido pelas autoridades a JorgeSilva Carvalho, a "Impresa tem ex-cesso de dívida para os resultados
que gera, que estão a ser agravadospela conjuntura económica, e preci-sa de um aumento de capital queBalsemão não pode acompanhar:está depauperado pelo escândaloBPP". Paulo Félix concretizou: "A de-bilidade da sua condição financeiraé conhecida e diz-se sem contem-
plações que o BPI que dá o respaldoa Balsemão que lhe permite pros-
seguir o controlo da sua empresa.A SIC tem sido nos últimos anos a
principal dor de cabeça da Impresa:perdeu a liderança para a TVI e mui-tas das suas apostas têm sido discu-
tíveis. A queda abrupta do mercado
publicitário e a eventualidade do
surgimento de um novo canal priva-do não são boas notícias para o gru-po. Menos dinheiro quer dizer mais
fragilidade. E mais tentação alheia."O relatório descreve depois os
prejuízos de Balsemão motivados
pelo escândalo BPP: "O Estado im-
pugnou os créditos que a famíliaBalsemão tinha no BPP (não recla-
mados, mas reconhecidos pela Co-missão Liquidatária do BPP) coma justificação de que Balsemão é
'accionista da Privado Holding, de-tendo 6,45% das acções desta so-ciedade que, por seu turno, detémna íntegra o capital social do BPP
1
.
A família Balsemão - Francisco, a
mulher e os filhos - tinha mais de
quatro milões de euros a receberdo BPP, mas estranhamente nin-
guém reclamou qualquer crédito.O valor estava dividido em sete
partes. Além deste montante, Bal-semão perdeu mais de 200 milhõesde euros, dinheiro seu. Balsemão
esteve até ao fim ao lado de João
Rendeiro, o líder do BPP. Antes ha-via funcionado como uma espéciede 'caução moral' de Rendeiro que
lhe terá permitido passar de Yider'
a banqueiro."Pinto Balsemão, descreve o es-
pião, terá mesmo tentado socorrer-se de dinheiro que tinha na Suíça,mas também aqui as coisas não te-rão corrido como desejava: "A rela-
ção familiar de Balsemão com ArturTorres Pereira (gestor de fortunas)degradou-se. Fontes fidedignas dis-
seram-nos que algumas reuniões na
Suíça não tinham corrido de formanada agradável para Balsemão, como gestor de fortunas a dizer-lhe quenão o deixava mexer na fortuna da
família para tapar buracos na sua
empresa. A acrescentar a isto e, re-sultado fatal de uma aventura ex-
tra-conjugal, Balsemão foi forçadopela actual mulher a alterar o tes-tamento com tratamento preferen-cial dos filhos mais novos, em pre-juízo dos filhos da anterior mulher e
da relação com Isabel Supico Pinto."
Amigos e inimigos¦ Uma parte do relatório é dedi-cada a analisar as relações de PintoBalsemão com algumas pessoascom quem se relacionava. O espiãoPaulo Félix dividiu essa análise porcategorias: amigos, aliados e inimi-
gos. Assim, como "amigos", Balse-
mão teria: "André Gonçalves Perei-
ra, velho amigo, foi seu ministro e
antes colega de advocacia, MiguelVeiga, fundador do PSD e vogal da
administração da Impresa, RobertoIrineu Marinho, presidente da Glo-
bo, filho de Roberto Marinho, outro
amigo (e financiador), Artur Santos
Silva, ex-presidente do BPI, amigo e
aliado de sempre, Fernando Ulrich,
ex-jornalista do Expresso, o presi-dente do BPI que é o pulmão finan-ceiro da Impresa, João Rendeiro, as
relações não romperam mesmocom o escândalo BPP, António Gu-
terres, o mais destacado amigo da
área socialista, José Galvão Telles,
advogado e vogal da Impresa, Da-niel Proença de Carvalho, advoga-do, velho conhecido e parceiro na
InterOceânico e João Valle e Azeve-
do, o ex-presidente do Benfica quetrabalhou no seu gabinete quandofoi primeiro-ministro.
Como aliados, revela o relatório,
Balsemão terá: "Pedro Norton, n° 2da Impresa e que lidera a adminis-
tração executiva (um nome forteda nova geração de gestores, Luís
Marques, recentemente promovi-do à administração da Impresa, Ca-
vaco Silva, nomeou-o conselheirode Estado, Paulo Portas, a oposiçãode Portas à privatização da RTP fa-lo aliado, Nogueira Leite, foi levadoeste ano por Balsemão ao grupode Bilderberg e está agora como
vice-presidente da Caixa Geral de
Depósitos, Zeinal Bava, fez várias
operações na SIC Notícias, João Lí-
bano Monteiro, estratega de comu-
nicação, ex-assessor de imprensade Ferreira do Amaral nos governosCavaco Silva e assessor do grupoBalsemão, Belmiro de Azevedo,
parteiro num negócio com inter-
mediação do BPI."
Finalmente, surgem os inimi-
gos, com Nuno Vasconcellos, líderda Ongoing, à cabeça: "Nuno Vas-
concellos, afilhado de casamento,filho do grande amigo Luiz e hojeo seu mais visível opositor, Rafa-el Mora, gestor espanhol sóciode Nuno Vasconcellos, José Maria
Ricardi, não lhe perdoou textos
publicados no Expresso que con-
siderou ofensivos, Joe Berardo,aliado de outras guerras, deixoude ser quando vendeu parte daSIC à Cofina, José Sócrates antigoprimeiro-ministro, não gostava do
tratamento editorial dos meios da
Impresa e não o esconde, MiguelRelvas, mentor do projecto de pri-vatização da RTP, Manuela Moura
Guedes, que viu vetada a sua en-trada na SIC por Balsemão, Emídio
Rangel, com quem se zangou devi-do à gestão da informação da SIC,
e Vasco Pulido Valente, de quemnão gosta pelas posições públicas
que assume contra os interessesde Balsemão."
Recorde que Francisco Pinto
Balsemão, quando soube do rela-tório apreendido a Jorge Silva Car-
valho, mostrou a sua indignação,lembrando que já fora alvo do inte-resse da PIDE, mas que ser espiadoem democracia é ainda mais grave.O empresário garantiu que iria pro-cessar todos os envolvidos na ac-
ção de espionagem de que foi alvo.
Jorge Silva Carvalho, Nuno Vascon-celos e outro ex-dirigente do SIED,
João Luís, são os únicos acusados
naquele que é agora conhecido
como o processo das secretas.
Vida privada de Pinto Balsemão foi vista à lupa pelo ex-espião
A cocaína e atraição da mulhercom Carlos Cruz¦ Carlos Tomás
0 relatório apreendido pelas autoridadesa Jorge Silva Carvalho contém pormenoressórdidos sobre o patrão da SIC.
"1970 - 1 a mulher inicia relação com
Carlos Cruz." Este é o título de mais
um capítulo do relatório apreendido
pelas autoridades ao ex-responsáveldo Serviço de Informações Estraté-
gicas de Defesa, Jorge Silva Carvalho,
no âmbito do processo das secretas,
cuja acusação foi deduzida recente-
mente, e onde são feitas considera-
ções sórdidas sobre a vida privada do
patrão da SIC.
"A 1 a mulher, Maria Isabel Sil-
va (Belixa) Lacerda Rebelo Pinto da
Costa Lobo inicia uma relação com
o apresentador Carlos Cruz (não é
claro se a mesma tinha começado
antes ou depois de Belixa se sepa-
rar de Balsemão). De assinalar que,durante o depoimento do processoCasa Pia sobre esse período, Carlos
Cruz tem o cuidado de nunca referir
nem o nome de Maria Isabel, nem de
Balsemão, nem dos filhos de ambos.
A relação entre Balsemão e Cruz não
era a melhor, dada a vontade deste
em levar a Mónica e Henrique paraNova lorque, ideia a que Balsemão se
opôs", escreveu o espião Paulo Félix,
a quem Jorge Silva Carvalho ordenou
que fizesse o relatório.
Segue-se uma nota feita pelo
próprio Paulo Félix, a que ele de-
nominou "coincidências": "Circula
na internet uma mensagem com o
título 'coincidências'. Refere que a
SIC foi a única estação que esteve
no Parlamento quando o juiz Rui
Teixeira ali entregou o pedido de le-
vantamento de imunidade a Paulo
Pedroso. Refere depois uma série de
relações pessoais ou profissionais de
pessoas da SIC: Daniel Cruzeiro, chefe
de redacção, é filho do advogado de
Paulo Pedroso e é casado com Rita
Ferro Rodrigues, também ela da SIC
e filha do secretário-geral do PS; So-
fia Pinto Coelho, jornalista, é casada
com Ricardo Sá Fernandes, da defesa
de Carlos Cruz; Ricardo Costa, editor
de política, é irmão de António Costa,
dirigente do PS. A que se somam es-
tes factos: Cruz era apresentador da
SIC até à eclosão do caso Casa Pia;
Marta Cruz, filha do apresentador,era presença constante num progra-ma da SIC; Herman José, arguido no
mesmo caso, era apresentador de um
programa da SIC."
E o espião cita outras fontes paracontinuar com as "coincidências": Odono da SIC, onde Carlos Cruz tra-balhava é Pinto Balsemão; o dono do
semanário Expresso, que denunciou o
caso, é Pinto Balsemão. O primeiro-ministro em 1982, altura em que a
secretária de Estado da Família, Teresa
Costa Macedo, teve acesso ao relató-
rio da Casa Pia com o nome de Carlos
Cruz, era Pinto Balsemão. Balsemão
é amigo e visita da Casa Redonda de
André Gonçalves Pereira, que era o
ministro dos Negócios Estrangeiros
naquele mesmo ano de 1982 em queforam descobertas crianças na casa
do embaixador Jorge Ritto. André Pe-
reira é sócio de Balsemão."
Outro episódio referido no relató-
rio "secreto" prende-se com o nasci-
mento de um filho de Isabel SupicoPinto, de nome Francisco Maria: "A
criança só foi reconhecida pelo pai
(Balsemão) após ordem do tribu-
nal", lê-se no documento elaborado
por Paulo Félix, que relata depois a
criação, em 1973, do semanário Ex-
presso, e as perseguições da PIDE a
Balsemão e ao falecido Sá Carneiro.
"Balsemão usou o Expresso para de-
fender as suas ideias políticas, usan-
do uma perspectiva puramente ins-
trumental e utilitária de um órgão de
Comunicação Social."
O relatório analisa ainda a su-
posta má relação de Balsemão com
Vasco Pulido Valente, que apelidou o
patrão da SIC como "Francisquinho,
o medíocre mensageiro", passa pela
fundação do PSD, pela admiração de
Balsemão por Mao Tse-Tung e pelavisão pessimista da entrada de Portu-
gal na então Comunidade Económica
Europeia (CEE). É igualmente aborda-
da uma possível ligação de Balsemão
e de jornalistas do Expresso à KGB, a
secreta da ex-URSS, em 1980 e a sua
nomeação para primeiro-ministro.
A TV da IgrejaUma parte extensa do relatório ela-
borado para Jorge Silva Carvalho
prende-se com a promessa de Pinto
Balsemão, em Janeiro de 1982, de
uma televisão para a Igreja: "Quan-do foi primeiro-ministro, Francisco
Pinto Balsemão prometeu um canal
de televisão à Igreja, mas mudou de
ideias quando regressou ao seu grupode comunicação, admitindo apenas a
concessão do canal 2 da RT, uma vez
que tinha então interesse na criação
do seu próprio canal. Actualmente,
o presidente da Impresa está contra
a criação de mais TV's, por temer os
efeitos de mais concorrentes em sinal
aberto." Pinto Balsemão, assegura o
relatório, terá mesmo impedido queCavaco Silva cumprisse a promessa
que ele próprio terá feito à Igreja.
"Já em 2009 Pinto Balsemão afir-
mou, perante deputados na Assem-
bleia da República, ter fortes dúvidas
sobre a existência de mercado publi-citário para todos os canais em sinal
aberto. Hoje, é um dos maiores opo-sitores à privatização da RTP, que vê
como séria ameaça à sobrevivência
da SIC, mergulhada em dificuldades
financeiras", acrescenta o relatório
agora na posse das autoridades.
A espionagem feita a Balsemão
fala igualmente da sua desavença
com Marcelo Rebelo de Sousa, tudo
porque o professor terá tratado Bal-
semão por Francisco e este exigidoa Marcelo que o chamasse primeiro-ministro. Apesar disso, lê-se no docu-
mento, Balsemão entregou o Expres-so a Marcelo e este acabou por se
revelar um crítico feroz do Governo.
"Talvez para afastar Marcelo do Ex-
presso, talvez por querer aproveitaro seu talento nas negociações par-
lamentares, talvez pelas duas coisas,
Balsemão chamou-o ao Governo.
Não demorou a arrepender-se. Na
semana das autárquicas de 1982, de-
cisivas para o futuro do moribundo
Governo, Marcelo comunicou ao seu
amigo Francisco que iria demitir-sedo Governo. O primeiro-ministro não
gostou de ver o seu protegido aban-
donar o barco que se estava a afundar,mas este prometeu manter a boca fe-chada. Dois dias depois a notícia es-
tava escarrapachada na capa do DN.Balsemão chamou-o logo a S. Bento e
deu-lhe um violento raspanete."
Grupo BilderbergO grupo de Bilderberg é outro as-
sunto tratado no relatório de espio-
nagem ao dono da Impresa: "Balse-
mão tem-se revelado, ao longo dos
anos, como um agente de influência,
sabe-se lá ao serviço de quê e con-trolado por quem. A sua participaçãoem encontros de Bilderberg é disso
exemplo. Trata-se de uma organiza-
ção nada transparente e que, por isso
mesmo, muitos rumores e teorias da
conspiração tem suscitado, mas que,
independentemente dos objectivos
específicos, é um concentrado de
gente com claras ambições de con-trolo de tudo o que de importantese passa no globo, sem que se conhe-
çam as suas motivações, nem obje-vctivos, sabendo-se apenas que são
os seus objectivos particulares queos movem. Aos encontros de Bilder-
berg, Balsemão, que funciona como
porteiro português do grupo, temlevado inúmeras personalidades por-
tuguesas. Ele escolhe o convidados do
grupo desde 1988."
O diferendo com Emídio Rangel
é igualmente abordado no relatório,ficando a saber-se que Balsemão
considerava o então director da es-
tação de Camaxide "um gastador".As críticas a Rangel terão motivado
uma cisão na SIC, que culminou com
o afastamento do director.
"Quando foiprimeiro-ministro,
Balsemão
prometeu umcanal de televisão
à Igreja, masmudou de ideias
quando regressouao seu grupo de
comunicação,admitindo apenas
a concessão docanal 2 da RT,
uma vez que tinhaentão interesse
na criação do seupróprio canal.
¦ As referências pouco abonató-
,rias no relatório mandado elaborar
por Jorge Silva Carvalho sobre Pinto
Balsemão surgem ainda referências
sobre os hábitos do empresário.Uma delas prende-se com o alega-do consumo de cocaína: "É pública a
Jiistória de que, depois de um voo deIÉ2 horas, vindo de Macau, Balsemãotíoi jogar golfe. Em 2001 , ao Expresso,
gustificou a proeza com a sua resis-
Tência física. Resistência que ainda
hoje é provada pelas horas que passaa trabalhar. Facto atribuível, segundo
bem informadas, a uma ope-, ração de Relações Públicas. Outras
ligam esta resistência física
ao consumo de cocaína."
E o relatório vai mesmo mais lon-
ge: "Associado ao caso Casa Pia sur-
gem rumores do consumo por Bal-
semão de cocaína." E Paulo Félix cita
um documento do GOVD - Grupo
Operacional de Vigilância Demo-crática: "As testemunhas são falsas,
mentirosas, treinadas e pagas com
o dinheiro da droga, as duas moedas
que também pagam Felícia Cabrita.
Ela é, como é público, alcoólica e
cocainómana em adiantado estado
de dependência. Daí as suas intimi-dades com Pinto Balsemão de quemtambém é fornecedora".
Outra nota da espionagem vai
para um alegado negócio de ges-tão danosa de Balsemão e que teve
alegadamente a ver, em 2009, com
o facto da Impresa ter perdido 5,8milhões de euros com a alienação da
Iplay por um curo: "Este é um negó-cio que configura, no mínimo, uma
situação de gestão danosa por partede Balsemão. 5,8 milhões de euros foi
quanto custou à Impresa a alienaçãoda editora discográfica Iplay (...). Ovalor resultou de perdas de impari-
dade de 1,7 milhões e prejuízos de
exercício de 4,1 milhões, montante
que foi registado em actividades des-
continuadas nas contas referentes a
31 de Dezembro de 2008 da Impre-sa". A Iplay acabou por ser alienada à
Fantasy Land e à Lemon por um curo.
A empresa tem, segundo o espião,
uma situação positiva, conforme re-
velaram os novos donos.
O relatório elaborado por ordem
de Jorge Silva Carvalho termina com
um perfil de Belmiro Azevedo, onde
se descrevem todos os cargos por ele
ocupados ao longo da vida, os seus
dados pessoais, as suas raízes bei-
ras, as suas características pessoais,onde se inclui o gosto pelo golfe e
por tocar bateria. E destaca-se umafrase do próprio Pinto Balsemão:
"Se obtive êxito como empresário,foi pelo facto de me sentir acima de
tudo jornalista."
IO consumo de cocaína