Post on 22-Jul-2020
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA - PUC
FERNANDO JOSÉ LOPES
TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM
PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO PRESENCIAL”.
STRICTO – SENSU - MESTRADO MULTIDISCIPLINAR
TECNOLOGIA DAS INTELIGÊNCIAS E DESIGNE DIGITAL
SÃO PAULO
2013
FERNANDO JOSÉ LOPES
“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE
ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM
PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO
PRESENCIAL”.
Trabalho de Conclusão de curso
apresentado a Pontifícia Universidade
Católica PUC-SP como requisito para a
obtenção do título de Mestre em
Cognição em Semiótica no curso de
Tecnologias das inteligências e
designe Digital.
Orientado pela professora Dra. Sônia
Maria de Macedo Allegretti.
São Paulo - SP
2013
FICHA CATALOGRÁFICA
LOPES, FERNANDO JOSÉ
“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE
ENSINO UTILIZANDO AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM
PARA PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO
PRESENCIAL”, 2013, 147 f.
Dissertação (Mestrado em Cognição em Semiótica) Pontifícia Universidade Católica
PUC – SP, São Paulo, 2013.
Orientadora: Dra. Sonia Maria Macedo de Allegretti
1. Aprendizagem. 2. Educação. 3. Ambiente. 4. Construtivista
FERNANDO JOSÉ LOPES
“TEORIAS DA APRENDIZAGEM CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE
ENSINO NOS MEIOS VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM”
Trabalho de conclusão de curso
apresentado à banca examinadora da
pontifícia universidade católica, como
parte dos requisitos para a obtenção
do título de mestre no curso superior
de pós graduação stricto – sensu -
mestrado multidisciplinar tecnologia
das inteligências e designe digital , sob
orientação da prof (a). Dra. Sônia Maria
de Macedo Alegretti.
Aprovado em _______________________
BANCA EXAMINADORA:
_________________________________
_________________________________
RESUMO
O presente trabalho tem como objetivo estudar, por meio de pesquisa
exploratória, a possibilidade de utilizar um meio virtual de aprendizagem dentro
de uma instituição de ensino superior como colaboração para uma proposta
construtivista de aprendizagem ao ensino presencial. A pesquisa tornou mais
objetiva e significativa a proximidade com as teorias construtivistas da
aprendizagem abordadas por Vygotsky, Piaget, Wallon e Ausubel que
auxiliaram na compreensão do objeto de estudo, no caso a abordagem das
teorias construtivistas em sala de aula, utilizando o AVA como mediador de
conteúdo. O tema foi escolhido como justificativa a pesquisa da utilização do
AVA das Faculdades Flamingo como forma de mediar a proporcionar
condições para que os docentes trabalhem a abordagem construtivista da
aprendizagem no ambiente presencial de aprendizagem. Serão apresentadas
as características dos ambientes virtuais de aprendizagem e, a partir disso,
serão exploradas as teorias da aprendizagem e, mais especificamente, as
ligadas à abordagem construtivista. Serão apresentados os principais
pensamentos de cada autor e o que eles pensam sobre a construção do
conhecimento, sobre a aprendizagem significativa, enfim, sobre uma educação
transformadora. Por último, será mostrada uma pesquisa exploratória realizada
nas Faculdades Flamingo, com 25 docentes, dos 300 existentes na instituição,
de várias áreas do conhecimento, com o intuito de verificar a contribuição do
AVA para uma educação que visa à abordagem construtivista em um meio
presencial de ensino. A pesquisa foi realizada com dados obtidos nas
Faculdades Flamingo, especificamente com questionários que procuraram
desvelar como os professores utilizam a AVA em prol de uma abordagem
construtivista no meio presencial de educação. O que se pode observar é que
os docentes utilizam o AVA para oferecer materiais para serem trabalhados
pelos alunos em sala de aula em uma abordagem construtivista de
aprendizagem. Para tanto, implementam ações capazes de desencadear o
processo de construção do conhecimento a partir da equilibração e com a
interação com o meio e com o professor-mediador.
Palavras Chave: Aprendizagem, educação, ambiente, construtivista.
ABSTRACT
Este trabajo pretende estudiar, a través de la investigación exploratoria, la
posibilidad de utilizar un entorno virtual de aprendizaje dentro de una
institución de educación superior como colaboración para una propuesta de
aprendizaje constructivista a la enseñanza presencial. La investigación fue más
objetiva y la proximidad a las teorías constructivistas de aprendizaje cubiertos
por Piaget, Wallon, Vygotsky y Ausubel que han ayudado a la comprensión del
objeto de estudio, en el caso del enfoque de las teorías constructivista en el
aula, usando al AVA como mediador de contenido. El tema fue elegido como
investigación de fondo usando Dio AVA de Flamingo colegios como una forma
de mediar para proveer condiciones para profesores trabajar el constructivismo
del aprendizaje en el aula de medio ambiente de aprendizaje. Se presentarán
las características de los entornos de aprendizaje virtuales y, desde allí, será
exploradas teorías de aprendizaje y, más específicamente, aquellos vinculados
al enfoque constructivista. Se presentarán los pensamientos principales de
cada autor y lo que piensan sobre la construcción del conocimiento, el
aprendizaje significativo, de todos modos, en una educación transformadora.
Por último, se le mostrará una investigación exploratoria realizada en colegios
con 25 profesores, Flamingo de 300 existentes en la institución, varias áreas
de conocimiento, con el fin de verificar la contribución de la AVA a una
educación que tiene como objetivo el enfoque constructivista en un ambiente
de cara a cara. La encuesta se realizó con datos de colegios Flamingo,
específicamente con cuestionarios que buscaba dar a conocer cómo los
maestros usan a AVA hacia un enfoque constructivista en la persona del
medio. Lo que se puede ver es que los maestros usan al AVA para
proporcionar materiales para ser resueltos por los alumnos en el aula en un
constructivista de aprendizaje. Para ello, implementar acciones capaces de
desencadenar el proceso de construcción del conocimiento desde el equilibrio
y la interacción con el medio ambiente y con el maestro.
Palabras clave: aprendizaje, educación, medio ambiente, constructivista.
DEDICATÓRIA
Dedico este trabalho aos meus pais e familiares. Aos meus mestres e
orientadores por tudo que me ensinaram. A todos aqueles que acreditam em
mim como pessoa e educador.
AGRADECIMENTOS
Agradeço primeiramente a Deus que me iluminou e guiou meus
caminhos e pensamentos permitindo que eu tivesse êxito nesta conquista.
Aos meus pais Aristides Lopes e Irma Aparecida Vanucchi Lopes (in
memória), pelo amor, dedicação e excelentes valores que me ensinaram.
As minhas irmãs e amigos, pelo apoio e incentivo a continuar e realizar
esse sonho.
Agradeço também a todos os professores que estiveram me
acompanhando no decorrer do curso, compartilhando seus conhecimentos e
experiências para que obtivéssemos o melhor desempenho nesta construção.
E principalmente a Dra. Sonia Allegretti pela paciência e por poder me
orientar e compartilhar parte de seu conhecimento para a realização deste
projeto.
EPÍGRAFE
“Independentemente das circunstancias
devemos ser sempre humildes, recatados
e despidos de orgulho para que assim
cheguemos ao lugar almejado”.
(Autor desconhecido)
LISTA DE FIGURAS
Figura 1 : Pinturas rupestres das cavernas de Lascaux – França..............26
Figura 2: Um modelo sistêmico para a educação à distância.................... 62
LISTA DE GRÁFICOS
Gráfico 1 – Gerações no Brasil......................................................................56
Gráfico 2 – Consumo líquido..........................................................................57
Gráfico 3 – Faixa etária do público de alunos dos cursos das Faculdades
Flamingo........................................................................................................103
Gráfico 4 – Você sabe do que se trata a teoria construtivista da
aprendizagem?..............................................................................................109
Gráfico 5 – A utilização da teoria construtivista da aprendizagem na
disciplina pelo meio virtual de ensino como apoio ao ensino
presencial.......................................................................................................111
Gráfico 6 – O processo educacional da instituição como meio virtual de
aprendizagem colaborando com a aprendizagem nas disciplinas dos
docentes no meio presencial de educação............................................... 112
Gráfico 7 – A teoria construtivista de aprendizagem é possível dentro de
um meio virtual de ensino.......................................................................... 115
Gráfico 8 – Existe uma proposta de educação construtivista em suas
disciplinas .....................................................................................................117
Gráfico 9 - Materiais do meio virtual de ensino (portal) como suporte para
as aulas presenciais. (textos, Chats, fóruns, aulas em
vídeo)..............................................................................................................119
Gráfico 10 – Os materiais do meio virtual de ensino (portal). (textos,
Chats, fóruns, aulas em vídeo). Agregam valor ao ensino
presencial?................................................................................................... 120
Gráfico 11 - A construção do saber pelo virtual como suporte ao ambiente
presencial de aprendizagem....................................................................... 121
Gráfico 12 - Diversificação de materiais colocados no portal................. 122
Gráfico 13 - Melhoria na educação da instituição pelo meio virtual de
ensino, proporcionando melhor aprendizagem.........................................123
Gráfico 14- Valor agregado de conhecimento educacional pelo meio
virtual de ensino............................................................................................124
Gráfico 15 - Behaviorismo x construtivismo.............................................125
Gráfico 16 - Recebimento do material, impressão e discussão em sala de
aula.................................................................................................................127
Gráfico 17 - Interatividade e interação dos alunos com o docente no meio
virtual de ensino prolongado ao meio presencial de educação...............129
Gráfico 18 - Educação colaborativa é a solução para melhoria na
construção do conhecimento..................................................................... 130
Gráfico 19 - Processo de educação e aprendizagem construtivista no
meio virtual de ensino propagado ao meio presencial de educação...... 131
Gráfico 20 - A comunicação no meio virtual de ensino............................ 132
Gráfico 21 - Participação dos alunos no meio virtual de ensino das
Faculdades Flamingo ...................................................................................133
Gráfico 22 - Satisfação das necessidades de inserção de material no meio
virtual de ensino............................................................................................134
LISTA DE QUADROS E TABELAS
Quadro 1 – Breve histórico do uso de tecnologias na Ead no Brasil
...........................................................................................................................41
Quadro 2 – Legislação de ensino a distância no Brasil............................. 59
Tabela 1: Participação dos docentes por área na pesquisa.....................106
SUMÁRIO
Introdução........................................................................................................14
CAPÍTULO I - GESTO E PRODUÇÃO DO SIGNIFICADO PARA A
PERCEPÇÃO E ENTENDIMENTO ENQUANTO SIGNIFICADO DO
SABER..............................................................................................................25
1.1– Percepção e linguagem...........................................................................27
1.1.1– Dos instintos à inteligência.................................................................28
1.2 – A construção do saber pelo pensamento, pela fala e pelo
registro..............................................................................................................29
1.3 – A formação dos conceitos.....................................................................34
1.4 – O avanço dos códigos no sentido de educar rumo à era
digital................................................................................................................36
CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E SUA IMPORTÂNCIA...........40
2.1 – Origens da educação à distância..........................................................40
2.2 – O que é educação a distância................................................................42
2.2.1 – A EaD como educação promissora hoje e para o futuro ................46
2.3 – A virtualidade e suas transformações na educação ..........................48
2.3.1 – Geração Y e Z .....................................................................................55
2. 4 – As leis e os componentes da EaD ......................................................58
2.4.1 – Vantagens da EaD ...............................................................................63
2.4.2 – Desvantagens da EaD.........................................................................67
III - TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUA CONTRIBUIÇÃO PARA
APRENDIZAGEM NOS MEIOS VIRTUAIS DE ENSINO .................................71
3.1 – Educação e as teorias da aprendizagem .............................................71
3.2 – Teorias de aprendizagem e a formação da educação ........................75
3.2.1 – Behaviorismo ......................................................................................75
3.2.2 – Construtivismo ....................................................................................77
3.3 – Desenvolvimento proximal e desenvolvimento real para Vygotsky
...........................................................................................................................81
3.3.1 - Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget ......................83
3.3.2 – Wallon e sua teoria de cognição e aprendizado ..............................91
3.4 – Aprendizagem significativa ..................................................................93
3.4.1 – Tipos de aprendizagem no contexto escolar ...................................98
IV “Teorias da aprendizagem construtivistas: uma proposta de ensino
utilizando ambientes virtuais de ensino aprendizagem para propor uma
abordagem construtivista no ensino presencial”. (pesquisa exploratória).
.........................................................................................................................101
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...........................................................................136
REFERÊNCIAS .............................................................................................142
ANEXO...........................................................................................................147
14
INTRODUÇÃO
1 - ORIGEM
Esta pesquisa é motivada por problemáticas que envolvem observações
permanentes sobre a aprendizagem de alunos no ambiente presencial com a
colaboração do AVA.
A origem do problema de investigação está na compreensão em quanto
às teorias da aprendizagem podem ser compatível no ensino presencial
utilizando o AVA como mediador de conteúdo para a abordagem construtivista
da aprendizagem. Essa preocupação surgiu há algum tempo, no início da
minha vida acadêmica. Fiz magistério, sempre gostei de trabalhar com pessoas
e para pessoas, porém os caminhos da minha vida levaram a me tornar
administrador, algo que não foi escolhido, mas conduzido pela existência em
uma grande metrópole.
Atuei em um grande banco privado em São Paulo, fiz faculdade de
Administração, trabalhei em uma área coligada do banco que cuidava da parte
de informática e foi assim que comecei a perceber a necessidade de os
indivíduos aprenderem. Sempre fui prestativo, ensinava a meus colaboradores
muitas coisas em termos de processos e procedimentos que deveriam ser
aplicados no setor, inclusive dentro de um sistema integrado (Microsiga da
empresa Totus), porém sentia a vontade de contribuir mais para o aprendizado
e acolhi essa percepção como uma oportunidade para meu amadurecimento
profissional e pessoal.
Eu devia encontrar uma maneira significativa para criar condições para a
produção com fundamentos construtivistas adequados para que meu
colaborador pudesse entender como, por meio da mídia informativa, no caso a
15
internet, houvesse a possibilidade de melhorar sua forma de trabalhar pelo
sistema integrado informatizado, adequando, desta maneira, sua realidade em
termos de processos e procedimentos com melhor qualidade.
Por se tratar de uma empresa de informática, passei a observar que os
indivíduos, muitas vezes, tinham problemas em conseguir realizar suas tarefas,
descritas presencialmente, no âmbito virtual, algumas vezes porque não
sabiam operacionalizar a mídia; outras por não entenderem a informação que
era passada pelos gestores ou pela empresa. Mas por que isso acontecia? O
fato era que essa linguagem se fazia nova e os meios de se conceber a
realização de tarefas estavam muito mais ligados a um condicionamento dos
indivíduos do que a uma criação de caminhos para melhorarem sua forma de
produzir.
Essa preocupação individual fez-me observar os fatores que envolviam o
ensino- aprendizagem. Ensinei meus colaboradores a entenderem o processo
de construção do significado por meio da aprendizagem, não de forma apenas
a copiar o que estava sendo transmitido pela empresa ou pelo sistema
integrado, mas de forma que entendessem todo o processo desde a
informação, o que se pretendia com ela e os resultados esperados.
Essa visão, por mais simples que pareça, era uma forma de
operacionalizar um processo construtivista educacional. Nessa fase, eu ainda
não tinha os conhecimentos necessários sequer para pensar produzir uma
mídia ou para apresentar uma proposta construtivista e tão pouco educar
dentro dessa linha, até porque não conhecia as teorias da aprendizagem,
embora tivesse tido contato com alguns autores, como Piaget e Vygotsky no
magistério. Naquele momento, eu ainda não tinha a condição de aplicar as
16
teorias à realidade e nem espaço para isso, pois era apenas mais um
funcionário na empresa, pertencendo à área financeira e apenas seguia
ordens.·.
Fiz minha pós-graduação em gestão de pessoas, entendendo, desta
forma, vários aspectos sobre educação e me aprofundei um pouco mais nas
teorias da aprendizagem e do construtivismo, pois, em Recursos Humanos,
aprendemos sobre a educação corporativa voltada aos indivíduos. Terminei
essa faculdade em 2001 e, depois de alguns anos, em 2007, comecei a
lecionar na instituição que estou até hoje. Iniciei na tutoria virtual de ensino; em
paralelo trabalhava na empresa coligada ao Banco. Depois de dois anos, por
não ter espaço para ensinar o que queria na empresa onde estava, fiquei
apenas na instituição de ensino. Ali, tornei-me professor em educação à
distância.
Foi um caminho difícil. Muitas vezes, eu tinha que deixar de lado o
racional para ser emocional ao ensinar, mas a administração me mostrava ao
contrário, pois, nas empresas, como gestores, temos que ser racionais e firmes
em nossas decisões; já na educação, temos tanto a razão quanto a emoção ao
ensinar, e eu me tornei primeiro professor virtual para depois ser professor
presencial. É claro que a razão ou a emoção estão ligadas à estratégia que a
empresa tem e a seu objetivo em ensinar.
Meus alunos evoluem na sua aprendizagem, tanto no virtual - ao
participarem dos fóruns e chats para construção de um TCC ou monografia, ou
ainda quando estão on-line tirando dúvidas sobre as disciplinas, quanto no
presencial.
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Para mim, essa evolução é algo importante, pois sinto poder utilizar o
construtivismo na educação cada dia com mais consciência. Trata-se de uma
troca entre o professor e o aluno, e o significado para ambos completa o
processo em uma união entre as partes envolvidas, um entrosamento que
depende do que os alunos querem aprender e do que o professor está
proporcionando em termos de educação. Propiciar ensino-aprendizagem é
tarefa de todas as instituições educacionais, independente se a relação é
presencial ou virtual. O que diferencia o processo de ensino-aprendizagem é a
seleção de conteúdos e a estratégia do ensinar, os pressupostos
metodológicos.
Sou professor presencial há mais de duas décadas, passando pelas
bases da educação, como a infantil, e chegando ao nível de educação
universitária, porém resolvi delimitar meu tema aos estudantes universitários.
Sempre valorizando a leitura e a escrita, como professor presencial e como
virtual também, notei a evolução da aprendizagem, tal como abordada por
cientistas especializados na área, como Piaget, Vygotsky, Wallon, Pozo e
Ausubel. Todos eles mostram o processo de construção do conhecimento por
meio da produção dos significados. Esses estudos me deram suporte para que
eu pudesse fazer observações em sala de aula.
Na área de educação à distância, sou docente há pouco mais de cinco
anos. Hoje, atuo nos cursos de gestão, tanto na graduação quanto na pós-
graduação. Nas faculdades onde leciono, as bases da educação construtivista
são utilizadas para proporcionar aprendizagem significativa nas duas
modalidades de ensino.
18
2 - PRESSUPOSTO: DESENVOLVIMENTO DO TRABALHO
Quando falamos de aprendizagem, temos que nos remeter à origem da
leitura e da escrita para chegarmos à virtualidade porque trabalhamos com
signos e símbolos. Este estudo está atrelado às questões da inserção do
indivíduo nos ambientes virtuais, tendo como alvo as teorias construtivistas da
aprendizagem no ambiente presencial de aprendizagem.
A educação a distância é uma realidade na nossa sociedade
contemporânea, onde os indivíduos têm a facilidade de estudar muitas vezes
em seus lares ou na empresa nas horas de folga. Hoje, no Brasil, temos três
tipos de modalidades de estudo em educação a distância: um em que o aluno
estuda virtualmente, mas deve comparecer na escola para tirar as dúvidas com
o professor ou tutor de campus; outro totalmente virtual, em que o aluno só vai
até o campus da faculdade para fazer provas; e o semipresencial, em que as
disciplinas ora são presenciais, ora virtuais.
A educação a distância é constituída por mídias, meios que oferecem a
comunicação. Temos aprendizagens por meio de símbolos e signos, ou ainda
por figuras, plataformas as mais diferentes possíveis, onde a interatividade
pode ser trabalhada de forma contínua, onde o aluno tem encontro com seu
professor tutor, ou plataformas onde o indivíduo entra, responde as questões,
estuda os livros-texto e deixa sua contribuição nos fóruns de discussão, a
aprendizagem se dá pelo estímulo de quem está administrando a plataforma,
mas que depende do interesse do aluno em querer crescer em termos de
significado para ele mesmo.
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A participação do estudante é fundamental para a construção dos
conceitos e para sua evolução. É uma renovação constante da aprendizagem.
Comparando com o presencial, vejo que, metodologicamente, dá-se da mesma
maneira, pois as origens da abordagem construtivista são comuns, o que
realmente muda é o ambiente no qual o indivíduo está imerso: um é real, outro
é virtual.
Os ambientes virtuais podem produzir educação e, inclusive, podem
contribuir para uma melhoria na educação presencial. Por isso, algumas
instituições utilizam educação a distância por meio de aulas virtuais,
videoconferências, chats e fóruns para complementar a educação presencial
com o virtual.
A pesquisa realizada aborda um portal utilizado por uma instituição para
essa complementação de estudos dos alunos presenciais. O portal pode
oferecer diversas maneiras de educação, isso depende do profissional, no caso
o professor, em inserir conteúdo nesta plataforma virtual.
Conforme Pierre Lévy (2003, p.47), “a palavra virtual pode ser entendida
em três sentidos: o primeiro, técnico ligado à informática, um segundo corrente
e um terceiro filosófico1”. O que é explícito na obra do autor é que a virtualidade
é um domínio que não pertence a ninguém de fato, pois cada indivíduo possui
diferenças e terá domínio momentaneamente, quando está em contato com o
objeto e, através deste, é capaz de criar determinadas situações pertencentes
à sua razão, ao seu pensamento e a sua forma de enxergar as coisas, portanto
é um território que não pertence a ninguém (LÉVY, 2003, p.47).
1 Ainda há outros sentidos para esta palavra em ótica, mecânica etc.
20
3 - QUESTÃO DE INVESTIGAÇÃO
Os ambientes virtuais possibilitam a construção ou elaboração de um
curso a partir dos pressupostos do construtivismo no ambiente presencial de
ensino?
4 - OBJETIVO GERAL
Analisar a potencialidade do ambiente virtual na elaboração de um curso
com bases construtivistas em um ambiente presencial de ensino.
5 - OBJETIVO ESPECÍFICO
Fazer uma pesquisa exploratória qualitativa, observando o trabalho dos
docentes e a utilização do portal virtual de ensino, tendo em vista as teorias
construtivistas da aprendizagem de maneira a promover a educação para os
alunos do curso presencial de ensino.
Identificar as principais teorias construtivistas da aprendizagem,
articulando-as aos AVA como mediador da construção do conhecimento nos
cursos presenciais.
Esclarecer a importância da educação modal à distância no processo de
educação.
Analisar a proposta de ensino em diferentes áreas de uma determinada
instituição de ensino (Faculdades Flamingo).
21
Identificar aspectos da teoria construtivista e as intenções do professor
no processo de ensino.
6 – METODOLOGIA
As técnicas são as estratégias práticas determinadas para a
realização das pesquisas. Estas, por sua vez, podem ser adotadas em
pesquisas com metodologias diversas.
Segundo Severino (2007), as técnicas de pesquisa são as seguintes:
documentação, entrevista, entrevistas não diretivas, entrevistas estruturadas,
história de vida, observação e questionário. No caso, será utilizada a pesquisa
exploratória quantitativa, buscando respostas ao problema da existência das
teorias construtivistas no meio presencial de aprendizagem com a mediação do
AVA da faculdade para promover educação.
Esta pesquisa nas Faculdades Flamingo tem um caráter de busca de
respostas sobre a abordagem construtivista no meio presencial de ensino
proporcionado através dos conteúdos disponibilizados no AVA.
A pesquisa exploratória ainda depende muito da intuição do explorador,
sendo um tipo de pesquisa específica, quase sempre assumindo a forma de
estudo de caso (GIL, 2008).
Utilizam-se diferentes métodos e técnicas:
• A primeira parte da pesquisa ocorrerá por meio de questionários
direcionados, focando as teorias da aprendizagem construtivista
para aferir se existe produção construtivista no portal, ferramenta
utilizada como meio virtual de educação pela instituição Flamingo.
22
• Depois, serão coletados os dados, por meio de entrevistas
direcionadas, focando a informação aos professores do que
tratam as teorias voltadas ao construtivismo, buscando saber
deles se, em suas disciplinas, existe educação com essa
perspectiva no meio virtual. Será de caráter exploratório por
buscar respostas referentes ao material colocado à disposição no
portal. Se existe uma lógica construtivista, essa está embasada
em alguma das teorias de aprendizagem construtivistas. Após a
coleta quantitativa desses dados, será utilizado o método
qualitativo, apresentando explicações em gráficos e sua
apreciação.
Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve
uma ciência ou arte; é a habilidade para usar esses preceitos ou
normas, a parte prática. Toda ciência utiliza inúmeras técnicas na
obtenção de seus propósitos. (LAKATOS; MARCONI, 2010, p.157)
Segundo Lakatos e Marconi (2010), além dos métodos específicos das
Ciências Sociais, como o de Abordagem e o de Procedimento, o método
Qualitativo e o método Quantitativo também são muito importantes nas
investigações científicas.
O método qualitativo difere do quantitativo por não empregar
instrumentos estatísticos, tais como percentual, média, desvio-padrão,
coeficiente de correlação, análise de regressão, entre outros. Além disso,
Lakatos e Marconi (2010) também afirmam que a forma de coleta e a análise
de dados também diferem.
23
No método quantitativo, os pesquisadores valem-se de amostras
amplas e de informações numéricas, enquanto que no qualitativo as
amostras são reduzidas, os dados são analisados em seu
psicossocial e os instrumentos de coleta não são estruturados.
(LAKATOS; MARCONI, 2010, p. 269)
A metodologia, de uma maneira superficial, engloba dois momentos
distintos: a pesquisa/coleta de dados e a análise/interpretação, quando se
procura investigar determinado assunto.
A metodologia a ser aplicada no trabalho é de ordem qualitativa para
compreensão dos fenômenos estudados de acordo com as perspectivas dos
sujeitos em estudo, no caso os professores, no que se refere à abordagem
construtivista de educação, utilizando a plataforma virtual de ensino como
mediadora de conteúdos para serem explorados nos cursos presenciais da
instituição.
Será realizado estudo exploratório, abordando a maneira de inserir
conteúdos educacionais na plataforma de ensino da instituição. Será dada total
liberdade aos indivíduos em relatarem como inserem conteúdo educacional na
plataforma virtual e sugerem o construtivismo em seu curso presencial.
Para tanto, será feito um questionário a ser distribuído aos professores
de diferentes disciplinas dentro de um curso, buscando verificar a percepção
que os indivíduos possuem ao atuarem na educação virtual compreendida
como complemento construtivo para a educação presencial. Também será
analisada sua formação para atender ao processo da educação fornecida aos
alunos através da plataforma virtual de ensino.
24
Os dados obtidos serão analisados e compilados a fim de conseguirmos,
como resultado, a resposta para a questão de investigação desta pesquisa,
tendo o objetivo de mapear e dar respostas a perguntas pertinentes à utilização
do ambiente virtual de educação ao propor um curso com objetivos
construtivistas no ambiente presencial de educação.
Para Gil (1999), a pesquisa tem um caráter pragmático, sendo um
processo formal e sistemático de desenvolvimento do método científico,
portanto seu objetivo fundamental é descobrir respostas para problemas
mediante o emprego de procedimentos científicos.
Pesquisa é um conjunto de ações, propostas para encontrar a
solução para um problema, que têm por base procedimentos
racionais e sistemáticos. A pesquisa é realizada quando se tem um
problema e não se tem informações para solucioná-lo. (SILVA;
MENEZES, 2001, p.20)
Segundo Severino (2007), a pesquisa exploratória é o método utilizado
para levantar dados a respeito de determinado assunto e ou objeto,
delimitando, assim, um campo de trabalho, analisando suas condições e
manifestações. Dessa maneira, faz-se uma preparação para a pesquisa
explicativa. A pesquisa explicativa, por sua vez, além de registrar e analisar os
fenômenos estudados, também investiga as causas. Já a pesquisa
experimental consolida seu objeto de estudo como fonte de pesquisa e o
manipula dentro das condições ideais para sua análise. De acordo com Gil
(1999), algumas pesquisas explicativas podem ser aproximadas das pesquisas
exploratórias por proporcionar uma nova visão do problema.
25
CAPÍTULO I - GESTO E PRODUÇÃO DO SIGNIFICADO PARA A
PERCEPÇÃO E ENTENDIMENTO ENQUANTO SIGNIFICADO DO
SABER
A imagem é importantíssima para o aprendizado. Muitas vezes, vemos
objetos, figuras e imagens e, por não compreendermos, acabamos deixando
para trás algo que poderia ser interessante ao nosso aprendizado. Quando isso
acontece, temos duas situações, uma que pode ser pela dificuldade de
compreender algo que não sabemos o que é e outra por questões de interesse.
O ideal em educação é que o indivíduo tenha motivação para aprender
algo ou tente interpretar as imagens e consiga resultados no aprendizado, ou
que exista um mediador que o incentive a compreender a imagem de outras
formas para que a aprendizagem seja amadurecida. As pessoas aprendem
quando querem e estão interessadas em saber, ou quando são estimuladas.
O estímulo nasce, internamente, da vontade do indivíduo em aprender, a
compreender e querer saber cada vez mais, porém, se este tiver um incentivo,
um acompanhamento, o resultado poderá ser mais significativo em termos de
resultados.
Conforme Flusser (1996, p. 243), “o gesto não é apenas articulação de
uma interioridade. Rebate sobre a interioridade e a transforma”. Um exemplo é
nossa imaginação, que é fortalecida a cada vez que a complementamos e a
alimentamos. Desta maneira, ela vai se tornando cada vez mais forte e, por
isso, dá novos significados às dúvidas que temos sobre nós e sobre o ambiente
em que interagimos, da mesma forma a relação entre objeto e pessoa
(FLUSSER, 1996, p.64)
26
As primeiras manifestações da leitura e escrita através dos símbolos
acontecem por volta de 20.000 em Lascaux (França), onde localizaram pinturas
rupestres que significavam animais e vida cotidiana dos nossos pré-históricos
antecessores, porém a escrita, de fato, surgiu cerca de 2.000 anos a. C. A ideia
das pinturas era a de expressar sentimentos, visões e imaginação sobre a
sociedade da época e Flusser (1996) diz que essa imaginação, para o
Ocidente, tornaram-se letras que, posteriormente, voltariam à imaginação em
uma contramão à nossa pré-história.
Figura1 : Pinturas rupestres das cavernas de Lascaux – França.
Fonte: http://www.mz.usp.br/portugues/ddc/museologia/temporarias/ilustracao/ilustracao.html,
acessado dia 20/10/2012.
Flusser (1996) propõe uma pós-história onde os textos tomam vida
através da imaginação dos homens e os transformam em imagens cada vez
mais trabalhadas, podendo levar o indivíduo a criar diversas formas de
entender o que está escrito através do seu formato. Porém, diz que essa
27
linguagem técnica nos faz perder a identidade dos conceitos e da consciência,
que era algo fundamental na pré-história das imagens.
1.1– Percepção e linguagem
As sensações são fundamentais para nossa observação sobre as
coisas. Quando se fala sobre educação, pensadores como Jean Piaget e
Vygotsky observaram as fases do desenvolvimento cognitivo através da
percepção que tinham em relação ao indivíduo com seu objeto, bem como o
meio que está em torno dele para que este pudesse desenvolver seu
conhecimento. Isso ocorreu desde meados dos anos 30 até os anos 50, porém
nosso mundo está em constante evolução. Observações, hoje, transcendem o
real e passam para o virtual, onde o objeto pode ser criado e estudado pelo
indivíduo, as sensações já não estão apenas em torno do indivíduo, mas ele
mesmo a cria em ambientes não mais palpáveis, chamados ambientes virtuais.
Quando se fala da virtualidade, é possível associar alguns autores que
fizeram considerações a respeito das sensações, como Merleau-Ponty (1994,
p.158), que diz que,
“quando falamos da virtualidade reduzimos as coisas à condição de
objetos calculáveis, disponíveis a todo tipo de manipulação,
passamos dos sentidos em um contexto real para sensações
diferenciadas criadas por nós no virtual, onde podemos impor nossa
vontade de acordo com o tempo de manipulação adequada para o
resultado esperado”.
28
1.1.1– Dos instintos à inteligência
O indivíduo, ao buscar soluções, procura caminhos que sejam favoráveis
à resolução dos seus problemas, seja por métodos que o levem a patamares
melhores de aprendizagem ou na busca de objetivos a serem realizados. Ele
deve seguir seus instintos, através das suas sensações e sentidos, buscando a
melhor maneira de satisfazer suas necessidades para o aprender,
empenhando-se e caminhando para o progresso de suas reflexões e meios
para resolver pendências que o levem ao fim.
Em questões virtuais, ora estamos utilizando instintos para criar, ora
para decifrar o que é colocado em termos de aprendizagem, e a aprendizagem
só é dada a partir do momento em que se consiga internalizar o que é
proposto. Uma vez entendido um conteúdo, há caminhos que instintivamente
serão percorridos e, por meio destas ações, poderão ser criadas novas
aprendizagens, até mesmo em um meio virtual. A educação é o caminho para
a formação de novos conceitos e experiências que vão levar o indivíduo a um
amadurecimento cognitivo e, portanto, a uma evolução em sua educação.
Piaget (2007, p.64-65) reflete sobre instinto se tornar inteligência da
seguinte forma:
“A questão consiste, pois em compreender a passagem do instinto à
inteligência ou, dito de outro modo, o processo de irrupção dos
instintos”. A esse respeito, o lamarckismo quis ver nos instintos uma
inteligência que teria se estabilizado hereditariamente (por herança
do adquirido), ao passo que outros autores, seguidos pela maior parte
dos neodarwinistas, insistiram nas oposições ditas naturais entre o
29
caráter rígido e cego, mas infalível, do instinto e as propriedades de
intencionalidade consciente, de flexibilidade, mas também da
falibilidade, da inteligência.
O grande problema da virtualidade é que perdemos o objeto real, bem
como o meio que nos cerca no dia-a-dia. Heidegger (2001, p. 243-64) deixa
clara essa posição quando diz que o saber técnico científico implica não
apenas na ciência de todas as ciências, mas também tem a consequência de
perder à ‘coisalidade’ das coisas, no acesso do contato e da inserção dos
sentidos sobre o objeto.
Merleau-Ponty (1994, p.3) mostra que: [...] Tudo aquilo que eu sei do
mundo, mesmo por ciência, eu o sei a partir de uma visão ou de uma
experiência do mundo [...]. O grande problema da virtualidade é a questão do
experimentar, do saber e de dar sentido, são fases que podem ser identificadas
nas teorias do conhecimento, fases de amadurecimento do conhecimento em
que o indivíduo, por meio das experiências, chega a um progresso de
aprendizado, não diferente em meios virtuais, mas que também pode ser
contido pelo não uso de alguns sentidos ou do conhecimento do que se está
experimentando no virtual e que não pode ser anteriormente observado ou
sentido no ambiente (BASBAUM, 2005, p.7-8).
1.2 – A construção do saber pelo pensamento, pela fala e pelo registro.
O pensamento é a reflexão sobre sensações sobre as quais temos
intenção de reproduzir em signos, símbolos, figuras e outras formas de
comunicação.
30
De acordo com Vygotsky (2008, p.5), qual é a unidade do pensamento
verbal que satisfaz os requisitos entre pensamento e palavra?
Acreditamos poder encontrá-la no aspecto intrínseco da palavra, no
significado da palavra. Até o momento, poucas pesquisas sobre esse
aspecto intrínseco da fala foram realizadas, e a psicologia tem pouco
a nos dizer sobre o significado da palavra que não se aplique, do
mesmo modo, a outras imagens e atos do pensamento. A natureza
do significado como tal não é clara. No entanto é no significado da
palavra que o pensamento e a fala se unem em pensamento verbal.
È no significado, então, que podemos encontrar as respostas às
nossas questões sobre a relação entre o pensamento e a fala.
A grande questão no pensar não é apenas a de falar e se fazer
entender, mas registrar os insights sobre determinadas ideias que surgem a
partir de observações que fazemos sobre o objeto em estudo.
As palavras, muitas vezes, podem se referir não apenas a um objeto,
mas tem diversos significados e significâncias para quem está recebendo a
informação.
Conforme Vygotsky (2008, p.41):
O progresso da fala não é paralelo ao progresso do pensamento. As
curvas de crescimento de ambos passa por várias mudanças. As
curvas de crescimento de ambos cruzam-se muitas vezes; podem
atingir o mesmo ponto e correr lado a lado, e até mesmo fundir-se por
algum tempo, mas acabam se separando novamente.
31
Nos meios virtuais, os símbolos, signos e figuras têm papel importante
na comunicação, porém depende muito de quem receberá essa informação e o
que este indivíduo pretende interiorizar, ou seja, o que faz sentido para ele.
Não existe construção sem um pensamento gerado a partir das
sensações que o indivíduo tem com um objeto presencial. Nas questões
virtuais, muito do que se é criado parte das sensações do indivíduo com seu
meio, com o contato com o objeto, porém criar em cima do que já está no
virtual não descaracteriza um contato direto com o objeto, mas sim o contato
com o objeto em outra dimensão, a semiótica. Logo, existe sensação, por meio
dos sentidos visuais ou auditivos, que levam o indivíduo a pensar e,
consequentemente, a um estágio de aprendizagem evolutiva, ao criar.
O significado das coisas é que irá gerar a fala e a produção de
aprendizagem em contextos reais ou virtuais.
De acordo com Vygotsky (2008, p.6):
[...] o significado é parte inalienável da palavra como tal, e dessa
forma pertence tanto ao domínio da linguagem quanto ao domínio do
pensamento. Uma palavra sem significado é um som vazio, que não
mais faz parte da fala humana. Uma vez que o significado da palavra
é simultaneamente pensamento e fala, é nele que encontramos a
unidade do pensamento verbal que procuramos.
A fala ou a escrita, bem como as figuras, têm a função de comunicar
algo a alguém. Essa absorção de imagens, signos e símbolos é o que nos leva
a uma convivência social. Seja por meios reais ou virtuais, os grupos se
formam a partir de afinidades e a comunicação também é significativamente
importante nesse processo, pois, por meio dela, os indivíduos interagem, criam
32
e inovam os processos de aprendizagem, sejam em contexto individualizado ou
coletivamente.
Conforme Vygotsky (2008, p.6):
“A função primordial da fala é a comunicação, o intercâmbio social”
Quando o estudo da linguagem se baseava na análise em elementos,
também essa função foi dissociada da função intelectual da fala.
Ambas foram tratadas como funções separadas, até mesmo
paralelas, sem se considerar a inter-relação de sua estrutura e
desenvolvimento. No entanto o significado da palavra é uma unidade
de ambas as funções da fala. O fato de que o entendimento entre as
mentes é impossível sem alguma expressão mediadora, é um axioma
da psicologia científica.
Porém, devemos levar em conta que alguns indivíduos não falam, ou
ainda não enxergam ou escutam, mas existe uma linguagem primitiva, em que
os sinais são importantes para existir uma comunicação eficiente em um
processo de aprendizagem. Por isso, temos o braile ou ainda as libras, que
também são utilizados não apenas na educação presencial, mas também na
educação a distância.
Vygotsky (2008, p.7) afirma que:
Na ausência de um sistema de signos, linguísticos ou não, somente o
tipo de comunicação mais primitivo e limitado torna-se possível. A
comunicação por meio de movimentos expressivos, observada entre
os animais, é mais uma efusão afetiva do que comunicação. [...] A
transmissão racional e intencional de experiência e pensamento a
outros requer um sistema mediador, cujo protótipo é a fala humana
33
[...] de acordo com Edward Sapir, o mundo da experiência precisa ser
extremamente simplificado e generalizado antes que possa ser
traduzido em símbolos. [...] As formas mais elevadas da comunicação
humana somente são possíveis porque o pensamento do homem
reflete uma realidade conceitualizada.
O pensamento é vago e ilimitado, mas o registro fica limitado ao
escrever ou digitar, porém, interpretado por outros, pode levar a uma reflexão
significativa sobre o objeto e criar um novo contexto de aprendizado, ou ainda
uma evolução da complexidade criativa do saber.
De acordo com Heidegger (1999, p. 37), “quem quer que seja pode falar
sem cessar e sua palavra não dizer nada”.
Heidegger vai além, não basta apenas falar ou escrever para si mesmo,
mas saber dizer, que, segundo ele, é saber mostrar. Mostrar e saber ver e
entender qualquer coisa envolve a inteligência individual e esta se torna
coletiva a partir do momento em que se propagam as próprias ideias em forma
de palavra registrada por símbolos, signos ou sinais. Heidegger ainda afirma:
“o homem não pode verdadeiramente dizer isto é, mostrar e fazer aparecer
senão aquilo que se mostra a ele de si próprio, que aquilo que se mostra a ele
de si próprio aparece se manifesta e se dirige a ele”. (HEIDEGGER, 1999,
p.37)
Heidegger ainda condena a questão de a informatização reduzir os
meios de linguagem através do computador, pois este acredita que esta
linguagem reduz as dos sinais da comunicação em termos de produção
intelectual.
34
1.3 – A formação dos conceitos
Conforme Vygotsky (2008, p.65):
Os métodos tradicionais de estudo dos conceitos dividem-se em dois
grupos. O chamado método de definição, com suas variantes, é típico
do primeiro grupo. É utilizado para investigar os conceitos já formados
na criança através da definição verbal de seus conteúdos. Dois
importantes inconvenientes tornaram esse método inadequado para o
estudo aprofundado do processo.
O método é centrado no que está no exterior, logo focando repetições de
definições já prontas, imediatistas que levam à questão da reprodução de algo
que já existe. Ainda há problemas em relação às sensações, que são
simplesmente ignoradas.
No universo virtual, a leitura e a escrita são fundamentais para a criação
dos meios semióticos, como a leitura de uma figura, de números que darão
origem à aprendizagem e, posteriormente, poderão gerar criatividade, em uma
estrutura onde só exista a reprodução e que não leve em conta a capacidade
de transformar através dos sentidos e experiências que o indivíduo tem. Sem
elas, não existiria aprendizagem progressiva, mas uma reprodução de algo que
já foi produzido por alguém sem grandes projeções em termos de aprendizado
significativo e criativo.
De acordo com Vygotsky (2008, p.66):
O material sensorial e a palavra são partes indispensáveis à formação
de conceitos. O estudo isolado da palavra coloca o processo no plano
35
puramente verbal, que não é característico do pensamento infantil. A
relação entre o conceito e a realidade continua inexplorada; aborda-
se o significado de uma determinada palavra através de outra, e o
que quer que se descubra por meio dessa operação é antes um
registro da relação, na mente da criança, entre famílias de palavras
previamente formadas, do que um quadro dos conceitos da criança.
O segundo grupo abrange métodos utilizados no estudo da
abstração.
O segundo método limita o indivíduo a internalizar os conceitos através
das abstrações, com impressões discretas e que não caracterizam os símbolos
como forma de aprendizado ou significado, limitando, assim, as palavras neste
processo.
Através destes métodos, foi criado um novo método, no qual as palavras
não tinham significado, mas eram associadas a determinados atributos de um
objeto. Essa metodologia, inclusive, pode ser aplicada a adultos. O que importa
é a sensação que o indivíduo tem em relação à determinada situação e um
objeto e que também prova que um conceito não é ou será sempre verdadeiro,
mas sim parte de uma aprendizagem constante.
Conforme Vygotsky (2008, p.69):
Só podemos concluir que os fatores responsáveis pela diferença
essencial entre o pensamento conceitual do adulto e as formas de
pensamento características da criança pequena, não são nem o
objetivo a ser alcançado, nem a tendência determinante, mas sim
outros fatores ainda não examinados pelos pesquisadores.
36
A diferença básica entre crianças e adultos é a forma de organizar e
articular as ideias. Mesmo quando falamos de conceitos, as crianças criam pré-
conceitos pouco ricos em detalhes que não definem o foco final; logo, o
processamento ocorre de forma diferenciada, ou seja, falta o amadurecimento
do desenvolvimento do pensamento.
Conforme Vygotsky (2008, p.69):
Deparamo-nos, então, com o seguinte estado de coisas: num estágio
inicial de seu desenvolvimento, uma criança é capaz de compreender
um problema e visualizar o objetivo colocado por esse problema;
como as tarefas de compreender e comunicar-se são essencialmente
as mesmas para o adulto e para a criança, esta desenvolve
equivalentes funcionais de conceitos numa idade extremamente
precoce [...] essas tarefas diferem profundamente das do adulto, em
sua composição, estrutura e modo de operação [...].
Para que exista essa evolução significativa da aprendizagem, deve
haver uma mediação, mas, para isso acontecer, é necessário existir um
domínio dos signos que será fator fundamental para o progresso em busca do
conceito e evolução na aprendizagem.
1.4 – O avanço dos códigos no sentido de educar rumo à era digital
A partir dos anos 40, no pós-guerra, as cores e as imagens do mundo
foram se transformando. Os indivíduos, antes da II Guerra Mundial, viviam em
um contexto de imaginação, que buscava a interpretação do mundo; hoje, em
37
um universo pós-moderno, interpretamos as teorias já elaboradas sobre o
mundo.
Conforme Vygotsky (2008, p.70):
O signo mediador é incorporado a sua estrutura como uma parte
indispensável, na verdade a parte central do processo como um todo.
Na formação de conceitos, esse signo é a palavra, que em princípio
tem o papel de meio na formação de um conceito e, posteriormente,
torna-se o seu símbolo.
Logo, para que exista uma aprendizagem, deve haver uma lógica de
entendimento, um conceito sobre o que se quer entender, onde o indivíduo
está qual o grau de aprendizado que possui em relação ao objeto, o meio de
identificação dele e como fazer para alcançar os resultados desejados, ou seja,
um amadurecimento sobre o conceito do objeto em questão.
De acordo com Vygotsky (2008, p.73):
A presença de um problema que exige formação de conceitos não
pode, por si só, ser considerada a causa do processo, muito embora
as tarefas com que o jovem se depara ao ingressar no mundo
cultural, profissional e cívico dos adultos sejam, sem dúvida, um fator
importante para o surgimento do pensamento conceitual. Se o meio
ambiente não apresenta nenhuma dessas tarefas ao adolescente,
não lhe faz novas exigências e não estimula o seu intelecto,
proporcionando-lhe uma série de novos objetos, o seu raciocínio não
conseguirá atingir os estágios mais elevados, ou só alcançará com
grande atraso.
38
Esse conceito funciona muito bem quando falamos na virtualidade, onde
os signos, símbolos e códigos são importantes para que o indivíduo tenha
progresso na aprendizagem, porém, se esses fatores, de alguma forma, não
despertarem o interesse ou não criarem estímulo ao indivíduo, este não terá o
progresso adequado.
Conforme Flusser (2007, p.130),
“um código é um sistema de símbolos. Seu objetivo é possibilitar a
comunicação entre os homens. Como os símbolos são fenômenos
que substituem (“significam”) outros fenômenos, a comunicação é,
portanto, uma substituição: ela substitui a vivência daquilo a que se
refere, portanto trata-se de um fluxo constante de substituições
referente à construção de novos modelos que agregam valor na
questão de novos aprendizados ao homem.
O homem, com o passar do tempo, nessa nossa era moderna, aprendeu
a interpretar os símbolos de acordo com o tempo, é como se deslizássemos os
olhos por um texto e tentássemos decifrá-lo, fragmentá-lo para achar uma
resposta para as nossas dúvidas. Os signos são agentes de representação
para o significado, desde que estes tenham relação e, principalmente,
pretendam demonstrar algo. Os signos, necessariamente, representam uma
coisa, mas sim como se representa essa coisa, a ligação entre o entendimento
do que é a coisa e como falar sobre a coisa (SANTAELLA; NÖTH, 2001).
Conforme Flusser (2007, p.135),
“o mundo codificado em que vivemos não significa mais processos,
pois não conta mais histórias, e não tem ação, o que Flusser quer
39
dizer com isso é que a magia, aos poucos, foi substituída pela lógica
e muitas coisas que, no passado, eram programadas, pensadas,
mesmo que em tom de imaginação fantasiosa, hoje podemos ter de
imediato”.
Porém, os textos atuais nos levam a nos programar, porém temos a
referência do passado, nossos valores, nossa forma de pensar, nossos
sentimentos e sensações, algo que hoje, nos meios digitais, através dos novos
símbolos, tem um outro propósito, que é o de criar uma nova referência em
termos de códigos, sinais e sensações diferenciados em um mundo virtual.
Conforme Flusser (2007, p.135), “[...] nossa ignorância quanto aos novos
códigos não é surpreendente. Levou séculos depois da escrita, para que os
escritores aprendessem que escrever significava narrar’”. Ora, se demoramos
tanto para aprender a escrever algo que transmitia significado a outros, a
codificação digital também aos poucos pode ser aprendida, mas cada coisa ao
seu tempo.
Como na escrita, que foi inventada para que as alucinações, ou ainda a
imaginação, fossem registradas, as mídias digitais, com seus textos, servem
para a rapidez da disseminação das ideias por meio dos seus códigos, porém
cabe aos indivíduos serem preparados e terem a capacidade de decifrá-los de
forma significativa, não apenas de uma maneira quantitativa, mas qualitativa,
para garantir uma aprendizagem adequada que imprima significado na
construção do conhecimento.
40
CAPÍTULO II - A EDUCAÇÃO À DISTÂNCIA E SUA
IMPORTÂNCIA
2.1 – Origens da educação à distância
Os modelos de educação a distância que conhecemos não nasceram da
forma como se apresentam hoje, eles são antigos e, através dos tempos, foram
se transformando até incorporarem mídias digitais. Foi um caminho longo, mas
contribuiu para significativas mudanças.
Conforme LITWIN (2001), a educação a distância surgiu no século XIX,
em instituições europeias e americanas que ofereciam cursos a distância por
correspondência, porém essa modalidade de educação era considerada de
segunda linha. Apesar disso, renomadas universidades acreditavam nessa
nova forma de educar.
De acordo com o citado autor (2001), universidades, como a de Chicago,
em 1892, ofereciam cursos que complementavam os estudos universitários,
mas eram por correspondência. Em 1930, já existiam 39 escolas que utilizavam
estudos à distância (LITWIN, 2001). Nos Estados Unidos e na Europa, a
contribuição dessa modalidade só foi percebida na educação após a década de
60.
No Brasil, a história dessa modalidade de educação começou com o
Instituto Universal Brasileiro em meados da década de 50. Esse instituto é um
dos pioneiros do Ensino a Distância (EaD) no Brasil. Há mais de 60 anos, vem
colaborando para o preparo de profissionais capazes e produtivos, com cursos
profissionalizantes, supletivo e, agora, ensino
41
técnico.(http://institutouniversal.com.br2). Na década de 50 e 60, o Instituto
Universal Brasileiro era um monopólio em educar à distância, mas, hoje, já está
ultrapassado com as novas tecnologias.
No quadro abaixo, podemos observar à evolução da educação a
distância no Brasil.
Quadro 1 – Breve histórico do uso de tecnologias na Ead no Brasil
Fonte: Adaptado de Maia (2001)
No Brasil, a educação a distância começou por volta do início do século
XX, porém as universidades só adotaram o modelo ao final da década de 90
2 Ver mais sobre o instituto universal brasileiro no site.
1904 – Mídia impressa e correio – ensino por correspondência privado.
1923 – Rádio Educativo Comunitário.
1965 – 1970 – Criação das TVs Educativas pelo poder público.
1980 – Oferta de supletivos via telecursos (televisão e materiais impressoras), por fundações sem fins lucrativos.
1985 – Uso do computador stand alone ou em rede local nas universidades.
1985 – 1988 – Uso de mídias de armazenamento (videoaulas, disquetes, CR-ROM etc.) como meios complementares.
1989 – Criação da Rede Nacional de Pesquisa (uso de BBS, Binet, e e-mail).
1990 – Uso intensivo de teleconferências (cursos via satélite) em programas de capacitação a distância.
1994 – Início da oferta de cursos superiores à distância por mídia impressa.
1995 – Disseminação da Internet nas instituições de nível superior, via RNP.
1996 – Redes de videoconferência – início da oferta de mestrado à distância, por universidades públicas em parceria com empresas privadas.
1997 – Criação de Ambientes Virtuais de Aprendizagem – Início da especialização a distância via internet, em universidades públicas e particulares.
1999 – 2001 – Criação de redes públicas, privadas e confessionais para cooperação em tecnologia e metodologia para o uso das NTIC na EAD.
1999 – 2002 – Credenciamento oficial de instituições universitárias para atuar em Educação à distância.
2003 – 2012 – Novas formas de educação através de redes sociais e plataformas de ensino.
42
quando se deu o credenciamento e a legalização para o ensino superior em
EaD.
Conforme Maia (2003, p.78),
Em 1996, surgem os primeiros cursos de mestrado oferecidos com o
uso de videoconferência, integrando universidade, empresa com
tecnologia digital e interatividade completa em áudio e vídeo. Em
1997, as universidades completam o ciclo de aprendizagem para
gerar ambientes virtuais de aprendizagem (AVA).
Essa evolução continua de forma acentuada, ampliando formas de
educação por meio da virtualidade, ou ainda por Ead, o que diferencia a
qualidade educacional é a estrutura e a forma de trabalho com as mídias, só
assim conseguiremos uma educação virtual com qualidade.
2.2 – O que é educação a distância
Quando falamos de educar a distância, estamos nos referindo a uma
educação em que temos um professor ou um mediador em um espaço e o
aluno em outro. O tempo pode ser em um mesmo instante ou não, dependendo
da mídia utilizada para propagar a educação. O aluno pode estar on-line, pois
podemos trabalhar com chats, fóruns e outras ferramentas, dependendo do
modelo de educação escolhido para agregar informação, de forma que o aluno
possa dirigir suas dúvidas e construir um novo raciocínio.
43
Conforme Moore (1992 apud NETTO, 2001), educação a distância “são
todas as formas de educação nas quais o aprendiz normalmente se encontra
em lugar distinto daquele em que se acha o professor”.
Ely (1992) define educação a distância como uma modalidade em que
os indivíduos, professor e aluno, não estão no mesmo espaço e estão
separados pelo tempo. Isso inclui estudos que podem ser por correspondência,
telecurso, computadores e outros, mas deixa claro que serve como um
complemento à aprendizagem. Quando temos referência de mais de vinte anos
atrás, o que a autora afirma mostra-se coerente, mas não podemos desprezar
o fato de que, quando trabalhamos on-line, estamos falando no mesmo tempo
e, portanto, os alunos não estão necessariamente separados, a não ser pelo
espaço.
A educação a distância pode ser utilizada como complemento à
educação presencial. De fato, em algumas faculdades aqui no Brasil e no
mundo, ela é assim concebida, pois ajuda na construção do conhecimento e
agrega na formação profissional.
Netto (2001) ressalta que essa modalidade de educação contribui
quando associada à educação presencial, por permitir que o aluno esteja em
contato com uma quantidade e qualidade de materiais e conteúdos mais
diversificada e pode educar-se em sua própria casa por meio da internet.
Alexander (1997) menciona uma investigação nos Estados Unidos, em
que os alunos que têm acesso ao computador e à internet apresentam um
desempenho maior do que os que não possuem.
Demo (2009) critica o modelo de educação a distância praticado por
algumas faculdades, que utilizam as tecnologias digitais apenas como aparato
44
aos cursos presenciais e que o fazem apenas aos finais de semana. Na
verdade, o referido autor (2009) não concorda com a metodologia se aplicada
apenas por algumas horas com a finalidade de oferecer material para
aprendizagem. Acredita que deveria ter melhor elaboração por parte dos
responsáveis para propiciar educação de qualidade com conteúdos
adequados, como chats (conversa entre os integrantes do mesmo curso com o
professor para tirar dúvidas sobre a disciplina); fóruns (participação dos alunos
com perguntas, questionando, sugerindo e colocando suas ideias a respeito do
assunto em pauta definido pelo professor); exercícios (perguntas a serem
respondidas on-line). Tudo isso de maneira a proporcionar interatividade de
alunos e professores.
De toda forma, são vários os questionamentos que envolvem a
educação a distância, tendo em vista o comprometimento das instituições em
educar.
Ainda retomando Demo (2009), impressiona, certamente, a presença
enorme da aprendizagem informal: 53% de usuários adultos da Internet
procuram apoios on-line para pesquisa na escola e no trabalho; 8% de adultos
usam a internet todo dia; 52% de adultos fizeram pesquisa on-line na internet
em um dia típico. O que Demo (2009) quer apontar é que o computador e a
internet colaboram para as pesquisas na educação, mas isso não caracteriza
educação a distância, apresentando-se como educação informal realizada
pelos usuários. Esse fato é muito comum para os alunos de EaD, assim
como para os do presencial. Muitos utilizam a internet como forma de estudo.
O fato de trabalharmos com a virtualidade não quer dizer que o aluno tenha
que pesquisar necessariamente tudo na internet. Ele pode utilizar recursos,
45
como periódicos, livros, além de outras fontes, em cursos de educação a
distância, o que define sua forma de estudo são as mídias que compõem e o
tipo de mediação, que pode ser mais eficiente e eficaz de acordo com o
comprometimento do docente, assim como do aluno.
Conforme Castilho (2011,19),
Do ponto de vista de modalidade, distinguem-se duas. Na modalidade
assíncrona, cada indivíduo tem acesso aos conteúdos educacionais,
mas tem pouca interação com os colegas, a não ser por e-mail,
fóruns de discussão ou chats – a forma é chamada de comunicação
unidirecional. A modalidade síncrona é mais eficaz, ou seja, com
elementos que promovem a interação em tempo real, por meio de
voz, imagens e dados (TV interativa, conferências por computador),
entre pessoas que se concentram dentro de uma espécie de aula
virtual [...].
De fato, muitas instituições trabalham com as modalidades apontadas
por Castilho. Algumas adotam cursos totalmente a distância, em que os
indivíduos estudam por AVA em casa e somente comparecem à universidade
para fazer as provas. Os exercícios valem como presença, os vídeos são
gravados em estúdio por professores e são postados no ambiente virtual, além
dos textos, chats e fóruns, que são aplicados em uma mídia e acessados
individualmente pelos alunos. Há, também, cursos a distância em que os
indivíduos acessam a mídia (sala virtual no computador) em hora definida e
sua participação é computada pela sua entrada. O que diferencia o primeiro
modelo proposto de ensino virtual a distância do segundo é que o primeiro
praticamente é feito pelo indivíduo em casa, este deve apenas ir ao local de
46
sua matrícula para fazer as provas de tempos em tempos; já no segundo
modelo, o indivíduo tem que ir até a faculdade toda semana pelo menos uma
vez para assistir às aulas e para fazer as provas.
Há, ainda, polos (locais fora da unidade matriz), onde os alunos
comparecem fisicamente para terem teleconferências em EaD em tempo real.
Os polos servem como canais utilizados para proposta de ensino a distância
pelo AVA, idealizado pela instituição de ensino aos alunos de vários lugares do
país e do mundo. A proposta é a de prover uma educação de acordo com sua
necessidade de aprendizagem e da abordagem pedagógica local. Cabe aos
idealizadores do curso ter essa capacidade de mediar uma educação de
qualidade que venha agregar valor aos alunos interessados em aprender. A
maioria das instituições não pensa nessa questão social e faz cursos iguais
para necessidades diferentes, como sendo padrão, e oferecem esses cursos
para todos em todos os lugares, visando à quantidade de alunos e à
arrecadação de valores monetários.
2.2.1 – A EaD como educação promissora hoje e para o futuro
A educação a distância torna-se promissora, principalmente por fornecer
aos seus usuários a capacidade de interagir com outras pessoas ou grupos,
por agregar valor à educação presencial, por sua rapidez, quantidade e
qualidade de material. Além disso, apresenta a vantagem de poder oferecer
possibilidade de conhecimento nos tempos livres e em casa. É fato que muitas
pessoas procuram os cursos em EaD por não terem tempo de ir a uma
faculdade.
47
Conforme Castilho (2011), “as redes de aprendizagem, etapa mais atual
do processo de ensino a distância são uma prova de que a interatividade do
aluno elimina a sensação de solidão e torna o aprendizado mais atraente”.
O que podemos observar é que a educação a distância já ocupou seu
espaço em nossa sociedade e no mundo. O que impede, muitas vezes, a
propagação maior desse modelo de educação são as formas de se realizar o
ensino e exigir a aprendizagem sem dar condições reais para o fato, ou seja,
muitas instituições visam quantidades de alunos sem proporcionar condições
de estudo adequadas, sem material que agregue, de fato, valor construtivo
educacional, deixando os alunos sem apoio e assessoria.
Há grande exploração por parte da indústria financeira que alonga seus
tentáculos sobre a educação. Dessa forma, lucro pela quantidade de alunos é a
visada mais forte das instituições de ensino com esse viés mercadológico e
não a qualidade do ensino e a aprendizagem.
Muitas instituições não se preocupam em fazer uma pesquisa das reais
necessidades dos alunos, mas vendem um produto que creem ser adequado e
que pode oferecer um bom resultado na educação.
Para um bom futuro utilizando a EaD, devemos ter consciência de que
precisamos fornecer uma educação de qualidade, com materiais compatíveis à
realidade do público- alvo, oferecendo as melhores mídias para que o aluno
não apenas seja educado, mas produza, por meio da aprendizagem, melhores
frutos para ela, para a educação e, consequentemente, para a sociedade.
48
2.3 – A virtualidade e suas transformações na educação
Conforme Lévy (2003, p.47), “o fascínio suscitado pela “realidade virtual”
se dá por uma confusão nas três esferas principais entendidas como
virtualidade”.
Pela ótica filosófica, a virtualidade é algo que existe em potencial e não
em ato, que é resolvida constantemente através da atualização, ou seja, pela
mudança do tempo, o virtual está ligado ao pré-acontecimento, é um estágio de
aporte ao resultado, e, portanto, têm grande significado quando falamos em
transformações da realidade. Para muitos, a virtualidade está ligada ao irreal,
ou algo não tangível, mas ela é uma recriação do tangível em um meio
intangível, que é adaptado através dos tempos, remontando ao tangível (LÉVY,
2003, p.47).
É um território do qual ninguém é dono plenamente e que só se domina
se estiver no âmbito do pensamento de quem o está criando, transpondo a
realidade, mas que se torna realidade, portanto quem domina o local e o que
está sendo criado é dono temporariamente daquele momento, daquela ideia,
da identidade e pensamento do sujeito sobre aquele objeto.
Conforme Pierre Lévy (2003, p.48), “o virtual é uma fonte indefinida de
atualizações”.
Acrescenta o autor (2003, p.49):
[...] a extensão do ciberespaço acompanha e acelera uma
virtualização geral da economia e da sociedade. Das substâncias e
dos objetos, voltamos aos processos que os produzem. Dos
territórios, pulamos para as nascentes, em direção às redes móveis
49
que os valorizam e os desenham. Dos processos e das redes,
passamos às competências e aos cenários que as determinam, mais
virtuais ainda. Os suportes de inteligência coletiva do ciberespaço se
multiplicam e colocam a sinergia das competências. Do design à
estratégia, os cenários são alimentados pelas simulações e pelos
dados colocados à disposição pelo universo digital.
Os espaços destinados aos meios virtuais estão em crescente
aceleração, propagando-se e expandindo cada vez mais, e essas mudanças
fazem com que a sociedade seja transformada de forma contínua. Quanto mais
existe criatividade e inovação, mais os desafios são postos aos homens que
vão transformando sua vida através da virtualidade, que é expressa em um
mundo que não é real, mas é feito por pessoas que vivem no real e podem
exprimir suas vontades em um novo mundo, modelando, desse modo, novas
formas de criar no mundo real.
Conforme Allegretti (2003, p.8),
Existe, hoje, uma nova visão do conhecimento e de seu processo de
elaboração e construção por parte dos indivíduos. As modernas
teorias - Morin (2001), Capra, (2002), Maturana (2001), Pozo (2002) e
Demo (2001) - desenvolvidas por estudiosos do assunto mostram
claramente a necessidade de relacionar diferentes contribuições
científicas provenientes de vários campos do saber, evidenciando-se,
assim, a complexidade do tema e a necessidade de se tomar por
base as novas concepções quando se pretende introduzir mudanças
na aprendizagem e no ensino. Tais teorias (Morin, Capra, Maturana,
Pozo e Demo) assumem uma concepção sistêmica e ecológica da
vida humana, em que mente e corpo não se separam interagindo com
50
o seu ambiente num sistema de troca de energias que assegura o
seu autodesenvolvimento.
Os computadores cresceram em quantidade, mas diminuíram de
tamanho, facilitando, desta forma, a utilização pelas pessoas no meio
doméstico. Cada vez mais, as empresas informatizam suas formas de trabalho,
escolas operam com a tecnologia e as pessoas usam esse meio para a
aprendizagem e trabalho no dia-a-dia.
Com o passar dos anos, o computador deixou de ser uma ferramenta
exclusiva para o trabalho e adentrou a educação e as salas de aula, inclusive
se tornando um meio virtual de aprendizagem, fazendo com que o ensino a
distância, que antes era feito por postagem de cartas, passasse a acontecer
por meio de computadores interligados à internet.
A partir da década de 1990, alguns segmentos da população assumiram
a utilização dessa ferramenta em seu dia-a-dia, em tarefas de casa, no trabalho
ou como forma de estudo, em possibilidades infinitas enquanto não
determinadas, mas finitas dentro do que se compreende como aprendizado
(COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.7).
O que pode ser percebido é que o computador constitui-se como uma
novidade que trouxe melhorias para as empresas, para os estudos e para a
vida doméstica, contribuindo nas tarefas que antes eram mais difíceis e
demoradas. Esse instrumento possibilita solucionar problemas de uma forma
rápida e otimizada de tempo, inclusive tem ampliado suas contribuições na
questão da aprendizagem dentro de um contexto educacional.
O que era luxo no início da década de 90 passou a ser rotineiro dentro
dos lares, instituições de ensino e empresas, independente de seu tamanho ou
51
meio de atuação. A Internet, que antes era privilégio de grandes corporações,
passou a ser uma ferramenta comum para entretenimento, lazer, comunicação,
trabalho e estudos no cotidiano das pessoas, inclusive possibilitando-as de
fazer cursos virtuais (COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.8).
De acordo com Lévy (2003, p.111):
“A cada minuto que passa, novas pessoas passam a acessar a
Internet, novos computadores são interconectadas, novas
informações são quanto mais o ciberespaço se amplia, mais ele se
torna universal, e menos o mundo informacional se torna totalizável”.
O universal da cibercultura não possui nem centro, nem linha diretriz.
É vazio, sem conteúdo particular. Ou antes, ele os aceita todos, pois
se contenta em colocar em contato um ponto qualquer com qualquer
outro, seja qual for a carga semântica das entidades relacionadas.
Não quero dar a entender, com isso que a universalidade do
ciberespaço é neutra ou sem consequências, visto que o próprio fato
do processo de interconexão já tem, e terá ainda mais no futuro,
imensas repercussões na atividade econômica, política e cultural.
Essas mudanças propiciadas pelas mídias virtuais transformam a
sociedade do ponto de vista econômico, social, político, cultural, fazendo com
que o processo de melhorias seja propagado com uma velocidade incrível e
também coopera para que essas mudanças sejam constantes e evolutivas,
construindo sistemas dentro de um sistema, propagando informação, é algo
que está em constante transformação.
Para se entender um pouco sobre como a informação foi transformada
até se chegar à cibercultura, temos que nos remeter ao passado, quando as
52
culturas utilizavam a oralidade, posteriormente passaram a escrever o
pensamento para mais tarde chegar à cibercultura.
Conforme Lévy (2003, p.114), “nas sociedades orais, as mensagens
linguísticas eram sempre recebidas no tempo e lugar em que eram
emitidas”. Emissores e receptores compartilhavam uma situação idêntica e,
na maior parte do tempo, um universo semelhante. O que Pierre Lévy quer
dizer com isso é que as sociedades trabalhavam a comunicação onde os
indivíduos estavam próximos, frente a frente e, desse modo, as formas de
comunicação eram propagadas em tempo real, mas os indivíduos estavam
presentes e compartilhavam dos mesmos símbolos ou signos para propagar as
mensagens ou ensinamentos. Um exemplo disso são os professores que
trabalhavam com a informação individual, aluno por aluno em sala de aula, em
uma comunicação direta, objetiva e exclusiva, em uma linguagem com a qual o
emissor propagava a mensagem e o receptor (aluno) a assimilava como se
fosse uma aula individual.
Outro exemplo importante refere-se ao método de ensino de Platão e
Aristóteles, segundo o qual o mestre propagava as informações verbalmente
através da fala e, desta forma, estimulava a aprendizagem dos seus alunos.
Eram modelos sociais que acreditavam que a aprendizagem devia ser
realizada por meio da fala.
A comunicação se propagava em pequenas distâncias, em especial
quando os indivíduos interagiam bem próximos uns dos outros.
De acordo com Lévy (2003, p.114):
A escrita abriu um espaço de comunicação desconhecido pelas
sociedades orais, no qual se tornava possível tomar conhecimento
53
das mensagens produzidas por pessoas que se encontravam a
milhares de quilômetros, ou mortas há séculos, ou então que se
expressavam apesar de grandes diferenças culturais ou sociais. A
partir daí os atores da comunicação não dividiam mais
necessariamente a mesma situação, não estavam mais na interação
direta.
Um fator importante é a questão do repensar o aprendizado na sala de
aula ou local de aula, as capacidades e as formas e formatos de
aprendizagem, o advento das novas linguagens, a necessidade de inclusão
das pessoas ao novo cenário de estudos, a emergência da ampliação dos
horizontes do conhecimento e rever todo o planejamento de aula
(COSCARELLI; RIBEIRO, 2007, p.8).
As escolas como empresas e pessoas, devem seguir as tendências e
cenários mundiais. Portanto, quando se fala em mudanças, entende-se que
sejam para melhor, buscando o aperfeiçoamento e a inclusão de acordo com o
que ocorre no mundo e, portanto, a educação não poderia ser desprezada, por
isso a necessidade de se capacitar e mudar formas de ensino na escola.
Porém, o que deve ser observado é que esse novo formato de educação
não está acessível ainda a todos. Cabe às escolas e aos governos dar essa
oportunidade aos excluídos, fazendo com que estes participem e conheçam a
nova forma de se aprender.
Os computadores possuem e fornecem facilidades como diversidade de
imagens e de textos antes inacessíveis pelos alunos. A internet é uma
ferramenta poderosa que possibilita novos ambientes de leitura e escrita, bem
como consultas de novos formatos de aprendizagem.
54
A questão é como todas as pessoas serão inseridas nesse contexto
digital. Sabemos que apenas alguns têm acesso e possibilidades de ter um
computador em casa, por isso as escolas devem ser mais bem preparadas
com equipamentos que possam satisfazer essas necessidades.
A cultura escrita conta com uma imensa gama de gêneros textuais,
como jornais, bilhetes, artigos, notícias e outros. A tecnologia proporcionou
ainda mais diversidade na comunicação, com a criação do e-mail, das
conversas on-line em chats, dos bate-papos.
Algumas formas de aprendizado podem ser feitas em grande escala com
custo menor e com ampla gama de diversificação de informações; outras
devem ser experimentadas pessoalmente por quem está aprendendo, pois se
torna difícil utilizar o meio virtual.
O que facilita o aprendizado, sem dúvida alguma, é a rapidez, a
informação através de emails e a capacidade de assimilação de muitas
informações diversificadas sobre um determinado assunto, algo que, se fosse
por livros, ou por situações no cotidiano, muito demoraria e incorreria em mais
gastos.
O que facilita o aprendizado é a dinâmica de ensino, a gama de
informações, o custo e, principalmente, a praticidade e a comodidade para
conseguir as informações por meio do computador (COSCARELLI; RIBEIRO,
2007, p, 9-14).
A educação atual participa de um movimento revolucionário e mostra-se
cada vez mais complexa, porque sai do espaço físico da sala de aula para
ocupar outros espaços presenciais ou virtuais; descentraliza a figura do
professor para incorporar novos papéis, como de mediador, de facilitador, de
55
gestor, de mobilizador; desfigura o aluno individual para integrar o conceito de
aprendizagem colaborativa, considerando que aprendemos também juntos,
participamos e contribuímos para uma inteligência cada vez mais coletiva. Um
dos espaços onde a educação mais cresce é nas empresas: a expectativa é de
que o número de universidades corporativas ultrapasse o das universidades
tradicionais (MORAN; MASETTO; BEHRENS, 2004).
2.3.1 – Geração Y e Z
Existem quatro tipos de geração no Brasil, a Baby Boomers, que são
aqueles com mais de 46 anos nascidos na década de 60; a geração X,
pessoas com 30 a 45 anos nascidos na década de 70; a geração Y, nascidos
na década de 80 com idade de 20 a 29 anos; e, por último, a geração Z
(www.ibope.com.br).
O que diferencia essas gerações são seus hábitos, estilo de vida,
formas de trabalho e, principalmente, a capacidade com a qual esses
indivíduos interagem com os meios virtuais.
O poder aquisitivo dos indivíduos varia de acordo com a idade e a
geração, até por uma questão de vivência social. As preocupações das
gerações Baby Boomer e X eram diferentes das Y e Z, pois se tornavam pais e
responsáveis pela família mais cedo. As gerações Y e Z se preocupam menos
com esse aspecto social.
56
Gráfico 1 – Gerações no Brasil.
Fonte: Site (www.ibope.com.br).
O comportamento varia muito de uma geração para outra e as gerações
Y e Z são mais ligadas à virtualidade, por terem nascido em uma época em
que os videogames, o computador e a internet afloravam com mais intensidade
no Brasil e no mundo.
O comportamento da geração Y difere em algumas coisas da Geração
Z. Por exemplo, enquanto a primeira é altamente consumista, até porque já
trabalha na maioria das vezes e tem um poder aquisitivo maior, portanto sai
mais e se preocupa com a aparência e com a vida social, a geração Z ainda
está voltada para os jogos, para ouvir música e praticar esportes, porque, na
sua maioria, ainda não são adultos, são adolescentes.
Enquanto a geração Y se preocupa com coisas boas e duráveis, a
geração Z gosta de coisas que chamem a atenção e sejam divertidas.
57
Gráfico 2 – Consumo líquido.
Fonte: Site (www.ibope.com.br).
A geração Z é campeã na tecnologia, gosta de estar conectada, via
celular, relógio, tablets, computador, tudo que esteja dentro de um contexto
informatizado. Essa geração tem novas necessidades, imprime ritmo às
profundas transformações no padrão de consumo atual. O celular e a internet
se firmam como itens indispensáveis no dia-a-dia das pessoas desta geração
(www.ibope.com.br).
O que pode se perceber é que o computador e a internet, além do
celular, são fundamentais para a conectividade tanto da geração Y quanto da
Z.
58
2. 4 – As leis e os componentes da EaD
Em primeiro lugar, temos que analisar a veracidade da educação a
distância e a lei que a ampara. O que será educação e o que ela deve
proporcionar aos alunos?
O artigo 205 da Constituição Brasileira de 1988 determina que:
“a educação, direito de todos e dever do Estado e da família será
promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando
ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício
da cidadania e sua qualificação para o trabalho.
(www.portalmec.gov.br)”.
Pelo artigo 205, podemos compreender que a educação tem o dever de
proporcionar o desenvolvimento dos indivíduos na esfera pessoal e
profissional, dando condições para que o indivíduo esteja inserido na
sociedade onde vive. Indo mais além, Castilho (2011) mostra que o artigo 206
ampara a EaD quando cita o “pluralismo de ideias de concepções pedagógicas,
e a coexistência de instituições públicas e privadas de ensino”. A lei deixa claro
que a diversidade de ideias colabora para a promoção de novas modalidades
de educação, e a EaD, de fato, é uma modalidade diferenciada de educação.
Algo importante a ser observado é que, perante a lei (LDB- Lei nº
9.394/96), “no ensino superior é obrigatória a presença do professor e do
aluno, porém na modalidade educação a distância não”. Isso nos remete ao
conceito de EaD, segundo o qual o mediador e o aluno estão em lugares
distintos. O que é importante ressaltar é que, mesmo o aluno tendo aula
59
totalmente a distância, ele deverá comparecer à instituição ou polo para
realização das provas.
No decreto nº 5.622, de 19 de dezembro de 2005, artigo 1º, lê-se que:
Para os fins deste Decreto, caracteriza-se a educação a distância
como modalidade educacional na qual a mediação didático-
pedagógica nos processos de ensino aprendizagem ocorre com a
utilização de meios e tecnologias de informação e comunicação, com
estudantes e professores desenvolvendo atividades educativas em
lugares ou tempos diversas. (www.portalmec.gov.br).
Apesar de os materiais serem preparados em um lugar e o aluno
receber em outro, a educação, o aluno e o professor devem ter
comprometimento com a educação, pois a relação informação e mídia devem
ser claras para que exista uma conexão entre ensino e aprendizado por meio
da EaD.
Quadro 2 – Legislação de ensino a distância no Brasil3.
Fonte: Adaptado de Castilho (2011).
3 Ver legislação LDB no site www.portalmec.gov.br
Lei nº 9.394/96, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional.
Resolução nº1, de 16/2/1997, fixa condições para validade de diplomas de cursos de graduação e depós graduação em níveis de mestrado e doutorado oferecidos por instituições estrangeiras, no Brasil, nas modalidades semipresenciais ou à distância.
Portaria nº 301, de 7 de abril de 1998, normatiza os procedimentos de credenciamento de instituições para oferta de cursos de graduação e educação profissional tecnológica à distância.
Decreto nº 5.622/05 trata da regulamentação do ensino a distância no Brasil.
60
Alguns componentes são importantes para o funcionamento da
educação a distância. É preciso sinalizar o fato de que as condições, as mídias
e as formas de comunicação são importantes para a construção do
conhecimento nos ambientes educacionais de EaD.
Percebe-se que a relação professor-aluno é fundamental para o sucesso
na construção do conhecimento, assim como a metodologia, o canal de
comunicação e uma organização adequada do meio virtual de aprendizagem e
bem gerenciada para obtenção de resultados satisfatórios para as partes
envolvidas no processo ensino-aprendizagem: o aluno, o professor, a
instituição de ensino.
Moore (2008) sugere um modelo de elementos que devem interagir para
que sejam alcançados os resultados esperados em termos de ensino
aprendizado:
• Uma fonte de conhecimento que deve ser ensinada e aprendida aqui
pode ter uma ou mais disciplinas contemplando um determinado curso,
ou seja, um assunto a ser abordado.
• Um subsistema para estruturar esse conhecimento, ferramentas
adequadas e materiais, ou seja, uma estruturação de conteúdo com
atividades interativas, classificando o curso em alguma área específica.
• Outro subsistema denominado mídia para a transmissão da educação
aos alunos.
61
• Mediadores, tais como professores que compartilhem essa educação e
estejam em sintonia com o aluno para que exista ensino-aprendizagem.
• Alunos que aprendam de acordo com suas necessidades sociais,
culturais, pois a aprendizagem não se dá da mesma maneira para todos.
• Na EaD, existe uma gestão onde temos início, meio e fim; logo, propor a
educação pressupõe interação entre professor e alunos, atividades e
textos sobre o conteúdo.
Na EaD, a proposta sempre será como em um projeto onde exista um
gerenciamento de dados focado nas necessidades dos alunos, em que exista
uma pesquisa de todo material para ser inserido como conteúdo de forma
individual, no caso de textos para reflexão, vídeos e exercícios, e de conteúdo
coletivo, como os chats e fóruns interativos. Outro fator importante é onde os
indivíduos irão estudar, a proposta será totalmente a distância, ou seja, o
acesso será de casa, ou por teleconferência nos polos da instituição? Os
materiais devem ter um tratamento de design para propiciar uma imagem
adequada, com gráficos, figuras textos e as videoaulas, as instituições devem
inserir um tutorial explicativo capaz de proporcionar ao aluno a condição de que
ele possa entender o passo a passo de forma construtiva de como procurar as
informações no AVA. Desta maneira, podemos ter uma educação construtivista
adequada para que o aluno possa aprender dentro de um ambiente virtual de
ensino.
62
Figura 2: Um modelo sistêmico para a educação à distância.
Fonte: Adaptado de Moore (2008).
Essa proposta de sistema acontece de forma bem clara nas instituições
brasileiras de ensino universitário de EaD, a questão implícita é a de respeitar
ou não a ordem proposta, ou ainda de aproveitar todas as mídias e formas de
Gerenciamento
Avaliação das
Necessidades
prioridades
Recursos
Alocação
Administração
Pessoal
Recrutamento
Treinamento
Controle
Monitoramento Avaliação
Política
Fontes de conteúdo
Organização
Individual
Finalidade dupla
Finalidade única
Consórcio
Gerencia os especialistas em conteúdo
Avalia as necessidades
Decide o que ensinar
Criação do programa/curso
Equipe do curso
Especialista em conteúdo
Responsável pelo módulo de instrução
Designer gráfico
Programador de internet
Produtores de áudio/vídeo
Editor
Gerente de equipe do curso
Ambiente de aprendizado
Local de trabalho
Residência
Sala de aula
Viagem
Mídia
Texto Imagens Som Dispositivos
Tecnologia Gravada Impressa/on- line Áudio: CD/fita on-line Vídeo: Cd/fita/on-line Transmitida Áudio: Rádio Visual: Televisão Interativa Audioconferên-cia Videoconferên-cia Computador de mesa Computador/ internet
Interação
Instrutores
Conselheiros
Equipe
administrativa
Bibliotecários
Centro/local de
aprendizado
Outros alunos
63
comunicação propostas. Cada instituição trabalha de uma forma diferente, com
conteúdos diferentes e público-alvo diversificado.
2.4.1 – Vantagens da EaD
A vantagem em se ter a educação a distância está no próprio nome
romper as barreiras de tempo e espaço em lugares diferenciados, porém
alguns aspectos devem ser observados: o que deverá ser proporcionado em
termos de educação? Quem são os alunos e onde estão? Quais as reais
necessidades deste lugar ou comunidade? O adequado é fazer uma pesquisa
e verificar as necessidades dos indivíduos e, em contrapartida, avaliar o que o
modelo de educação dentro das diretrizes educacionais pode proporcionar.
Desta forma, com uma boa administração, as instituições são capazes de
promover uma educação de qualidade4, eficiência5 e eficácia6 aos alunos.
Conforme Moore (2008,45),
Um sistema de educação a distância é formado por todos os
processos componentes que operam quando ocorre o ensino e o
aprendizado a distância. Ele inclui aprendizado, ensino, comunicação,
criação e gerenciamento.
Moore (2008) ainda afirma que a educação a distância é importante porque
supre necessidades que a educação presencial não contempla como um todo.
São elas:
4 O conceito de Qualidade foi primeiramente associado à definição de conformidade às especificações.
Posteriormente, o conceito evoluiu para a visão de Satisfação do Cliente. Fonte:
http://www.qualidade.com.Acessado em: 27/02/2013. 5 Eficiência está ligada à forma de se fazer, os caminhos utilizados para conseguirmos resultados.. 6 Eficácia é o objetivo, o resultado alcançado através dos esforços, o final do projeto.
64
1. Acesso crescente à oportunidade de aprendizado e conhecimento. Essa
acessibilidade tem fundamento, pois os indivíduos estão em lugares
diferentes do professor e cobrindo uma área maior de público educacional.
No caso, os alunos, além de terem acessibilidade de qualquer lugar, não
estão presos a um espaço fechado, no caso à sala de aula, e podem
acessar seu curso quando quiserem e no tempo que desejar.
2. Proporcionar oportunidades para atualizar aptidões no que diz respeito a
dar espaço para que as pessoas acessem a educação independente de
onde estejam (região geográfica no país).
3. Melhorar a redução dos custos dos recursos adicionais, o que dependerá
muito do tipo de mídia utilizado pela instituição. Tendo acesso ao
computador, podemos reduzir custos quando falamos em impressão de
papel principalmente, além de energia.
4. Apoiar a qualidade das estruturas educacionais existentes. Nesse caso, a
EaD pode ser outra modalidade de ensino ou agregar valor ao ensino
presencial, dependendo do curso e do que a instituição pretende em termos
de educação. A EaD pode ajudar nos processos de educação e
aprendizagem no que diz respeito a um grande potencial em informações
proporcionadas em pouco tempo. Basta que essas informações sejam
adequadas e gerenciadas para poder proporcionar uma educação
interessante e produtiva em termos de construção do conhecimento aos
alunos.
65
5. Melhorar a capacidade do sistema educacional. Com a educação a
distância, podemos romper fronteiras em qualquer lugar do mundo em
termos de espaço. Basta termos a tecnologia adequada. Por serem on-line
as informações, as consultas a material ficam bastante interessantes, pois
os alunos podem consultar pela internet informações que demoraria mais
tempo se fossem procurar em uma biblioteca, com figuras, gráficos e outras
informações desejadas.
6. Nivelar desigualdades entre grupos etários. Neste caso, acredita-se que
as oportunidades são homogêneas para todos, independente das idades,
ou seja, todos podem utilizar-se do EaD para estudar. Não existe
preconceito com a idade dos alunos que a utilizam, mas deve-se deixar
claro que todos precisam ter um preparo para conseguir estudar no meio
virtual de aprendizagem proposto pela instituição de ensino, ou seja, um
tutorial ou instrutor no caso do semipresencial onde os alunos vão aos polos
para que possam navegar dentro do AVA.
7. Direcionar campanhas educacionais para públicos-alvo específicos, ou
seja, criar cursos que satisfaçam as necessidades de determinados alunos
em algum lugar. Existem diversos cursos no mercado para satisfazer as
várias necessidades de pessoas que desejam estudar, desde cursos
corporativos (empresas) até educacionais (superior, técnico etc.).
8. Proporcionar treinamento de emergência para grupos-alvo importantes.
Nesse caso, estamos falando sobre uma videoconferência ou um e-learning
66
para empresas. Tanto no meio educacional, como no corporativo deve
existir um suporte para que os indivíduos aprendam a interagir com o AVA.
9. Aumentar as aptidões para a educação em novas áreas de
conhecimento, que, de alguma forma, serão ampliadas pela facilidade em
entrar nos sites e pela rapidez das informações fornecidas pela EaD. A
quantidade de opções no virtual é grande. Cabe ao indivíduo saber o que
irá pesquisar e, no caso das instituições, deve ter um mediador, como o
professor que proporcione o caminho para o estudo e educação dos seus
alunos.
10. Oferecer uma combinação de educação com trabalho e vida familiar. A
EaD proporciona a praticidade de se estudar em casa e, inclusive, coisas do
cotidiano, portanto agrega valor à educação no sentido de harmonizar
essas três esferas. A virtualidade já faz parte das vidas de muitas pessoas
no mundo; logo, a aprendizagem estabelecida através da educação no
meio virtual está em ascensão.
11. Agregar uma dimensão internacional à experiência educacional.
Quando falamos de EaD, computadores e mídias, podemos oferecer uma
conexão com a educação mundial, inclusive oferecendo educação
globalizada, ao administrar os conteúdos. Podemos buscar infinitas
informações na EaD, cabe a nós mesmos ter interesse e aos mediadores
de educadores proporcionar o melhor caminho para a educação. (MOORE,
2008).
67
2.4.2 – Desvantagens da EaD
Existe muita resistência ainda na adoção da educação na modalidade a
distância. Um dos principais motivos está ligado à presença do mediador. Esse
contato pessoa a pessoa faz com que a EaD não tenha credibilidade para
muitos, que acreditam ser o modelo presencial de educação o adequado,
principalmente pela figura do professor presente em sala de aula e por tirar
dúvidas no tempo e espaço presencial, cara a cara, no mesmo lugar.
Uma das grandes desvantagens do sistema EaD é o de não
conseguirmos saber as reações de fato dos indivíduos que estão sendo
educados. Por mais que teclem ou interajam em um fórum ou chat, o que está
sendo digitado muitas vezes pode ser interpretado de maneira diferente da
real, pois não estamos frente a frente com os indivíduos. Depende muito da
interatividade proposta pelo curso, se for um chat onde apenas teclamos e
temos respostas, este tem a tendência de ser mais frio, sem emoção; já no
caso de uma teleconferência, poderia proporcionar uma visão perceptiva do
aluno como mais caloroso, mais acolhedor, proporcionando credibilidade nas
informações propagadas pelo professor. Essa questão gera descontentamento
dos alunos e muitos desistem da EaD por não serem atendidos com a
compreensão que gostariam.
Pessoas que não estão aptas a mudanças em relação ao sistema em
sala de aula para o EaD expressam dificuldade em aprender, pois percebem
diferenças no modelo. Apesar de o conteúdo muitas vezes ser o mesmo do
presencial adotado em algumas instituições de ensino brasileiras, a
acessibilidade é diferente de estar frente ao professor. O vídeo e o áudio
68
podem não ser compreendidos, e o aluno, se não tiver conhecimento e domínio
das mídias, pode não compreender o que está sendo proposto em termos de
educação.
Muitos alunos não sabem trabalhar com a mídia. Cabe aos idealizadores
dar um curso introdutório no qual seja exposto o passo a passo, um manual
onde o aluno possa tirar suas dúvidas em relação a como construir sua
aprendizagem pelo AVA, mas, mesmo assim, muitos alunos insistem em
aprender pela EaD em qualquer instituição de ensino. Isso dificulta tanto a
proposta de ensino de qualidade, com chats, fóruns, vídeos e outros elementos
construtivistas do saber em um AVA, bem como o conhecimento por parte do
aluno, pois, se ele nem sabe ao menos por onde começar, como irá atuar no
AVA, adquirir e construir conhecimento e ter condições de buscar novos
saberes neste ambiente virtual?
Acreditamos que, para um aluno entrar em um curso de EaD, este curso
deve proporcionar os caminhos para o acesso à virtualidade, bem como
proporcionar respostas às dúvidas dos alunos em termos de acessibilidade.
Desta maneira, o estudante vai construindo sua forma de acessibilidade, bem
como o de aquisição de conhecimentos durante um processo de EaD.
A relação humana faz falta aos alunos de EaD, é como se fossem muito
carentes e isto é perceptível. Os alunos querem uma maior atenção por parte
dos docentes, muitas vezes, expondo problemas pessoais do seu cotidiano,
quando se acessam fóruns ou chats. A carência por educação é muito grande,
mesmo que os professores não estão frente a frente com o aluno, suas
palavras digitadas ou mesmo um atendimento telefônico remetem a essa
carência, de forma muito mais acentuada do que em uma educação presencial.
69
Se o mediador professor não for capaz de sanar essa carência, causará
transtornos na aprendizagem do aluno, bem como seu desinteresse em
estudar.
A EaD é uma modalidade de ensino cara, tanto para as instituições que
devem investir em sistemas integrados e plataformas de ensino, como para os
alunos, que, mesmo tendo acessibilidade ao curso, pagam o que é equivalente
ao presencial. Portanto, só mudamos o status de tempo e lugar, mas o preço
nem sempre, isso depende muito de instituição para instituição e do tipo de
curso. Normalmente, quem domina a educação EaD são grandes instituições,
que visam, muitas vezes, à educação em termos quantitativos e nem sempre
qualitativos. Empresas (escolas) pequenas raramente possuem um processo
de educação em EaD completo, a maioria possui um site, uns portais que
contribuem para a educação a distância como complemento à educação
presencial.
No Brasil, ainda existem lugares em que não se tem acesso à internet,
causando um grande problema de desenvolvimento e, consequentemente,
acessibilidade à EaD (CASTILHO, 2011).
A educação a distância está em constante mudança, pois, a princípio,
tem como objetivo proporcionar educação em lugares onde a sala de aula não
pode chegar. Porém, ainda existe muitas barreiras que colaboram para essa
educação ser reconhecida como séria e de qualidade equiparada à educação
presencial, por alguns motivos;
• Falta de estrutura local para a implantação dos meios virtuais;
70
• Desinteresse por algumas pessoas na modalidade por não
conhecerem seus benefícios em termos de rapidez, qualidade e
quantidade de material a ser pesquisado;
• Por alguns governantes não terem interesse que seus eleitores
saibam questionar seus mandos e desmandos.
• Pelo despreparo dos próprios mediadores em poder oferecer
educação em um meio virtual de ensino.
• Para algumas instituições, para as quais investir em EaD é ganhar
dinheiro, , vale mais a quantidade de alunos que forneça grande
capital financeiro do que proporcionar educação da qualidade da
educação presencial, mesmo tendo diversas maneiras de
oferecer uma educação com conteúdo mais rápido e dinâmico do
que conhecemos na educação presencial.
Cabe às novas gerações de professores continuarem propagando a
educação a distância como um modelo diferenciado de proposta de educação
on-line e acreditarem que é possível educar pelo virtual. É fato que utilizar a
EaD como ampliação da educação proposta na sala de aula contribuiria muito
para melhoria do ensino em termos de tempo, de quantidade e qualidade aos
alunos.
Para que isso ocorra, a educação a distância terá que contar com
professores mais compromissados com a proposta de ensino-aprendizagem
dentro do meio virtual de aprendizagem; com alunos comprometidos e
ambientados à nova proposta de educação oferecida pela instituição de ensino
e, principalmente, com a própria instituição de ensino e seu papel em acreditar
no potencial que essa modalidade tem em contribuir com a educação.
71
CAPÍTULO III - TEORIAS DA APRENDIZAGEM E SUA
CONTRIBUIÇÃO PARA APRENDIZAGEM NOS MEIOS VIRTUAIS
DE ENSINO
3.1 – Educação e as teorias da aprendizagem
A educação tem a missão de propiciar caminhos para que o aluno
adquira conhecimento. Para tanto, é preciso interagir com o meio, contando
com o auxílio de um mediador. Sem interesse, não há aprendizagem. Educar
está em fazer propostas para o desenvolvimento do conhecimento, de modo
que o aluno seja capaz de aprimorá-lo, posteriormente, de acordo com seu
interesse, assim chegando à acomodação de informações em suas estruturas
cognitivas. Para Piaget, é um processo no qual existe uma interação, ou seja,
o indivíduo se ambienta, participa do que está sendo proposto, realiza a
assimilação dos conceitos oferecidos pelo mediador e, por fim, dá-se a
acomodação, que é o aprender.
Conforme Coll (2004), para Piaget, “o conhecimento é um processo e,
como tal, deve ser estudado em seu devir”.
Toda vez que um aluno tem dúvida, ele busca satisfazer seu desejo de
conhecimento. Se não tem dúvidas, realizou um processo de educação, que é
a acomodação de conceitos que serão colocados em prática, seja na sua vida
pessoal ou profissional. A partir do momento em que existe dúvida, a
participação em um debate, a conversação entre professor e aluno na busca de
ações que levem a um resultado esperado que contribua para o crescimento
intelectual e pessoal, houve um desequilíbrio; logo, o aluno terá que refazer
72
todo o processo de interação, assimilação e acomodação para poder construir
seu conhecimento. Desse modo, existindo uma melhora na forma de pensar
sobre um determinado objeto de discussão, podemos dizer que houve
aprendizagem, pois o aluno agregou conhecimento ao que existia
anteriormente.
A construção do conhecimento se dá, conforme Coll (2004), de acordo
com a natureza de seus esquemas, do número deles e da maneira com que se
combinam e se coordenam entre si.
A aprendizagem está ligada a uma troca de informações entre aluno e
professor, motivada por um ponto de desequilíbrio estabelecido entre a
proposta de ensino realizada por parte do mediador e o interesse do aluno em
buscar respostas. Quando os dois chegam a um acordo, existe o equilíbrio e,
portanto, a educação. O mediador conseguiu chegar ao seu propósito. Nessa
interação, ao assimilar os conceitos e acomodá-los, o aluno aprendeu, poderá
discutir seu ponto de vista com o educador e haverá crescimento para ambas
as partes.
Conforme Coll (2004, p.47), para Piaget, equilibração é
um fator interno, mas não geneticamente programado [...] é um
processo de auto-regulação, ou seja, uma série de compensações
ativas do sujeito em reação a perturbações externas [...] uma
propriedade intrínseca e construtiva da vida orgânica e mental.
O fato é que a proposta de ensino presencial no passado era focada na
transmissão de conhecimento apenas por parte do professor, limitando, assim,
a criatividade, a melhoria da capacidade de o aluno ter sua opinião e discutir
73
sobre os assuntos ligados à educação. Era uma educação passiva, em que o
professor dizia que o correto era sua observação e sua sensibilidade sobre
determinado assunto, e o aluno não participava desse processo de construção
do conhecimento.
De acordo com Mizukami (2002 apud ALLEGRETTI, 2003),
[...] o sucesso do professor dependerá da sua capacidade de manejar
essa complexidade, integrando com criatividade o conhecimento
técnico. O conhecimento técnico que antes era oriundo
exclusivamente da formação inicial, não mais se reduz a ela e o
professor deverá saber ler o mundo para buscar as informações,
analisá-las, contextualizá-las em busca da construção de
conhecimento.
Para que a educação seja prazerosa e traga assimilação e progresso, o
professor como mediador, deve propiciar condições para que o aluno tenha
prazer em aprender, que entenda os conceitos, que consiga identificar, no seu
meio, o que está sendo ensinado, mas, para isso, o professor deve estar
preparado para ser um mediador.
Em consonância com Castilho (2011, p.39),
Aprender é muito mais do que receber informações. Envolve
percepção, seleção, cognição, organização. Envolve atitude. Envolve
sociabilização. São as três dimensões do discurso: sintaxe, semântica
e pragmática – a forma, o significado e aplicação [...] associada
necessariamente à linguagem, sempre regidas pela lógica.
74
Para ter educação e, posteriormente, aprendizagem, a assimilação é
importante para que o aluno possa saber interpretar a linguagem estabelecida
entre seu mediador (professor), a proposta de ensino, ou seja, como irá ocorrer
o processo, o seu conteúdo e as experiências que facilitarão o entendimento do
aluno em relação ao assunto, trazendo exemplos do cotidiano e, por último, a
mediação, ou seja, como vai ocorrer a maneira de se propiciar a construção
desse conhecimento para o aluno e o que se espera em questões de
participação dele.
Conforme Allegretti (2003, p. 44),
O contexto não é uma realidade única, rígida e acabada; ele permite
a expansão da rede a partir da multiplicação das relações, pois o
contexto faz parte da rede social e permite atribuir significados,
valores e crenças ao objeto do conhecimento. O que ocorre,
entretanto, é que se apresentando como uma rede, ele assume
características da não linearidade, objeto de permanentes mutações.
Isso faz com que se atribuam diferentes significados às informações
inseridas nesse ambiente.
Logo, o conhecimento é compartilhado. A educação, para ser assertiva e
ter eficiência e eficácia, deve ser partilhada por ambas as partes envolvidas no
processo: professor e aluno.
Conforme Coll (2004, p.48),
[...] o desenvolvimento consiste na construção de uma série de
estruturas que determinam a natureza e a amplitude das trocas das
75
pessoas com seu meio e que, além disso, sucedem-se
invariavelmente respeitando a tendência a um equilíbrio melhor [...].
O que Coll (2004) quer dizer é que, para que o indivíduo possa fazer as
ligações com o meio, a proposta de ensino deve ser desafiadora, cheia de
oportunidades, em que o aluno consiga fazer as conexões de equilíbrio com o
conhecimento acomodado e, aos poucos, possa unir o conhecimento já
equilibrado internamente com as novas propostas do conhecimento oferecidas
pelo mediador, no caso o professor, e construir, dessa maneira, novos
processos de equilíbrio dentro de sua cognição.
Entretanto, o autor faz uma ressalva: quando menciona que o processo
de cognição do aluno se limita ao seu nível de competência cognitiva, ao que é
proposto pelo professor, para que exista esse equilíbrio, a proposta feita pelo
meio (mediador) deve ter significado de acordo com o que o aluno sabe e,
desta forma, possa ter um equilíbrio interno com a nova proposta oferecida.
Acrescenta o referido autor que, quando a proposta de aprendizagem
imposta pelo professor vai fazer com que o aluno memorize de forma mecânica
o conteúdo, ou ainda tenha uma compreensão incorreta, não haverá
aprendizagem significativa.
3.2 – Teorias de aprendizagem e a formação da educação
3.2.1 – Behaviorismo
É uma teoria bastante utilizada atualmente nos meios virtuais de ensino.
Apesar da resistência por parte de algumas pessoas, muitas instituições
76
educacionais trabalham com a teoria behaviorista, pois acreditam que o
comportamento do estudante pode ser aprendido para trabalhar com propostas
educacionais em um meio virtual de ensino.
Retomando Castilho (2011), eis “a base do behaviorismo, como
psicologia aplicada: todo comportamento é aprendido”.
Um dos mentores dessa teoria merece ser citado, como Skinner. Com
sua pesquisa do condicionamento operante, ele acreditava que o organismo,
ao ter estímulos externos, poderia formar o comportamento. Porém, em sua
pesquisa, mostra que existem duas fases importantes: uma em que o cientista
propõe, pelo condicionamento operante, respostas estimuladas e premiações
através de ações externas condicionadoras; e outra, que é a do reflexo
condicionado, estudado também por outro cientista, Ivan Pavlov.
O que se destaca nessa teoria e pode se associar às discussões ligadas
à educação a distância é o que chamamos de instrução programada, em que
existe um acúmulo de fases que são respeitadas ou escolhidas dentro de uma
proposta modular. As recompensas podem ser dadas por meio de notas,
incentivos e até de elogios que estimulem o aluno.
Conforme Castilho (2011, p.17), existem duas estratégias de ensino na
EaD possíveis de serem abordadas a partir da teoria behaviorista: “a instrução
programada linear, em que todos os estudantes seguem uma mesma
sequência de etapas, e a instrução programada ramificada, em que as
respostas dos estudantes definem o que lhes será apresentado a seguir”.
A ideia principal da teoria é ter respostas aos estímulos propiciados aos
alunos, porém a teoria não é interessante no ambiente virtual de
aprendizagem, pois se trata de uma proposta para a qual a educação é de uma
77
via apenas, ou seja, o professor propõe conteúdo sem a participação ativa dos
alunos, portanto uma proposta robotizada de educação, desprezando as
vontades, desejos, criatividade, inovação ou melhorias na evolução do
conhecimento inovador do aluno (CASTILHO, 2011).
3.2.2 – Construtivismo
O Construtivismo surgiu entre 1913 e 1930, em um movimento artístico,
dentro do modernismo europeu. Seu principal colaborador foi o Suíço Jean
Piaget, sua principal característica é a busca da abstração, captando as ideias
que as pessoas têm sobre a ótica da observação sobre um determinado objeto.
Para Piaget, nada é acabado, sempre podemos ter uma visão diferente das
coisas e podemos transformá-las ou inová-las de forma a serem melhoradas
(CASTILHO, 2011).
Construtivismo significa que o conhecimento não está pronto, ou seja,
nada está acabado, ele vai ocorrer pelo convívio que o indivíduo tem com seu
meio físico e social, não é algo que vem do ser humano, mas de seu interesse
e interação com o meio físico e social que o rodeia, possibilitando opções de
acumulação de informações (BECKER,1992).
Mostra Castilho (2011, p.37):
Para os construtivistas, a educação deve ser um processo de
construção de conhecimento, numa iniciativa conjunta de alunos e
professores, considerando a questão social e levando em conta o
conhecimento já construído e que está nos bancos de dados como
bibliotecas e laboratórios.·.
78
Construtivismo está ligado a construir, interagir com o meio, assimilar as
informações propiciadas pelo meio onde o indivíduo está inserido e acomodar
essas informações de forma acumulativa. São novos caminhos para o
entendimento sobre o objeto de estudo, no caso as disciplinas, e pode ser
pensado dentro de um meio virtual de ensino. O conhecimento é limitado a
partir do momento em que o aluno aprende, mas, quando surge uma dúvida,
torna-se ilimitado, pois vivencia-se um amadurecimento e, portanto, um
crescimento que levará a um novo patamar de construção do conhecimento.
Para Becker (2009, p.34);
“A origem do conhecimento deve ser buscada, para Piaget, não no
sujeito, nem no objeto, mas no fenômeno da assimilação primordial
[...]”. A assimilação é resultado da organização [...]. a assimilação é
algo que vem do exterior [...] é forçada a modificar-se para dar conta
da novidade.
A assimilação é um processo interno em que é feita uma conexão com o
conhecimento ou domínio de algo exposto ao indivíduo. A partir dessa
acomodação, a cada momento em que existam novos desafios, haverá um
acúmulo de novidades ou do meio que o rodeia, que devem ser investigadas e
averiguadas para que novos patamares de conhecimento venham a existir, de
forma constante.
Conforme Becker (2009, p.35);
A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual
faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação
79
sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos
os domínios ela se apresenta como a origem e resultado da
organização.
Um fator relevante e significativo dentro dos meios virtuais de
aprendizagem é a interpretação dos signos por parte do indivíduo que têm
contato com formas de ensino nesse meio. O aluno precisa ter conhecimento
sobre a forma de ensino e sobre a linguagem utilizada na mídia, no caso o
computador.
Sempre que possível, nas instituições de ensino, deveria existir um
manual de acompanhamento para preparar o indivíduo para a utilização do
meio virtual de aprendizagem. Isso facilita a compreensão dos conteúdos
apresentados, assim como a forma de acesso e utilização dos meios de
educação como chats, fóruns etc.
Conforme Vygotsky (2008, p.76),
O pensamento por complexos já constitui um pensamento coerente e
objetivo, embora não reflita as relações objetivas do mesmo modo
que o pensamento conceitual. [...] o universo dos objetos isolados
torna-se em famílias separadas, mutuamente relacionadas. Em um
complexo, as ligações entre seus componentes são concretas e
factuais, e não abstratas e lógicas, da mesma forma que não
classificamos uma pessoa como membro da família Petrov por causa
de qualquer relação lógica entre ela e os outros portadores do mesmo
nome. A questão nos é resolvida pelos fatos.
A aprendizagem se realiza pelo contato com o objeto do conhecimento e
com os fatos que remetem à solução de um problema. Os alunos aprendem
80
participando das dinâmicas oferecidas a ele no virtual. Para que exista
aprendizagem significativa, em que os alunos sejam capazes de assimilar e ter
interesse no que estão aprendendo, existe um tutor ou um professor que
mostra o caminho para que adentrem no ambiente, efetuem suas ações e
consigam o resultado. Portanto, por meio de fatos sincronizados, tornam-se
capazes de construir aprendizado pela acomodação de informações.
Vygotsky (2008, p.77) afirma que: “enquanto um conceito agrupa os
objetos de acordo com um atributo, as ligações que unem os elementos de um
complexo ao todo, e entre si, podem ser tão diversas quanto os contatos e as
relações que de fato existem entre os elementos”.
O autor mostra que o adulto, também, ao buscar significado para suas
ideias ou aprendizado, a princípio faz a associação, posteriormente separa em
famílias, para depois desmembrar o que é significativo e relevante para
construção do conceito.
Conforme Vygotsky (2008, p.77),
Até mesmo os adultos, sempre que se referem a louças ou roupas,
costumam pensar em conjuntos de objetos concretos, ao invés de
conceitos generalizados. [...] a imagem sincrética que leva à formação
de “amontoados” baseia-se em conexões vagas e subjetivas,
confundidas com as conexões verdadeiras entre os objetos; o
complexo associativo apoia-se em semelhanças ou em outras
conexões necessárias entre as coisas, ao nível da percepção; o
complexo de coleções baseia-se nas relações entre os objetos
observados na experiência prática. Poderíamos afirmar que o
complexo de coleções é um agrupamento de objetos com base em
81
sua participação na mesma operação prática, em sua cooperação
funcional.
.
Também na virtualidade, os indivíduos aprendem por comparações, por
elos entre linguagens, signos e símbolos que os remetem a acomodar
informações e, após terem mais dúvidas, vão começar o processo de
internalizar, assimilar e acumular novas informações, porém, muitas vezes, o
que parece ter ligação, ao contrário quer identificar um outro código, uma outra
informação sobre outro assunto fora da realidade estudada, desta forma
gerando aprendizado em outras vertentes, mas que não é significativo para a
evolução daquela ideia buscada.
3.3 – Desenvolvimento proximal e desenvolvimento real para Vygotsky
Para Vygotsky (2008), a zona de desenvolvimento proximal representa o
espaço entre o nível de desenvolvimento real e potencial. A referência da zona
de desenvolvimento proximal implica a compreensão de outras ideias que
completam a ideia central.
Existirá um agente que mediará os estudos e, posteriormente, irá
verificar se houve uma melhoria no aprendizado. Na virtualidade, ocorre desta
forma, existem pré-conceitos que o indivíduo traz pelo contato social com os
amigos, meios de comunicação etc., porém ainda não tem o conhecimento
sobre o meio no qual estará interagindo, ou seja, o objeto com que terá sua
atuação direta. Para isso, há um mediador que irá instruí-lo para que apreenda
os conteúdos e, a partir daí, se espera que seja capaz de operacionalizar esse
aprendizado.
82
Não basta apenas ter vontade de aprender, deve existir uma mediação
externa, ou seja, dos conhecimentos que se tem do meio onde vive ou ainda
por um incentivo por parte de adultos, professores ou ainda outros alunos, além
do próprio ambiente de aprendizagem.
Na virtualidade, o fato se dá dessa maneira também. Os indivíduos, ao
se depararem com um meio diferenciado do seu ambiente, onde não existam
experiências anteriores, terá problemas para inserção, porém, existindo uma
mediação, um acompanhamento ou uma instrução para a inserção, este
indivíduo terá capacidade de realizar aprendizagem pelos meios virtuais.
A linguagem é um fator importante para os indivíduos que estão
aprendendo. De acordo como é disposta, pode produzir melhor ou pior
resultado, dependendo da internalização do que lhe é oferecido, ou ainda o que
lhe faz sentido, que é mais fácil de ser aprendido também.
A mediação é a forma de conceber o percurso transcorrido pela pessoa
no seu processo de aprender. Quando o professor, ao utilizar a mediação,
consegue chegar à zona de desenvolvimento proximal, através dos “porquês” e
dos “como”, ele pode atingir maneiras através das quais a instrução será mais
útil para o indivíduo. Desta forma, o professor terá condições de não só utilizar
meios concretos, visuais e reais, mas, com maior propriedade, fazer uso de
recursos que se reportem ao pensamento abstrato, ajudando o aluno a superar
suas dificuldades.
Tanto no meio virtual, como no presencial, o desequilíbrio acontece
mediante os fóruns - locais onde os alunos participam de discussões de
assuntos estabelecidos por um mediador, no caso o professor - e os chats.
Assim, os porquês são estabelecidos entre os alunos e seus mediadores,
83
sejam tutores ou professores, pois, ao adentrarem a virtualidade, envolvem-se
em um novo mundo, semiótico, que ultrapassa as fronteiras de sua realidade
cotidiana e se estabelece neste meio, onde precisarão de ajuda constante até
que atinjam um patamar suficiente para se sentirem confortáveis até que surja
uma nova dúvida sobre o objeto e o meio de estudo.
Na EaD, o processo é o mesmo, o indivíduo vai aprendendo, através do
tempo, a se ambientar no meio virtual, a interagir com o objeto através do novo
meio e, futuramente, a dominar, através da aprendizagem, formas de
manipulação deste meio onde está introduzido.
3.3.1 - Desenvolvimento e aprendizagem para Piaget
Segundo Piaget, o conhecimento resulta das ações e interações do
sujeito com o ambiente onde vive. Todo o conhecimento é uma construção que
vai sendo elaborada desde a infância, através da interação do sujeito com os
objetos que procura conhecer.
Os objetos do conhecimento têm propriedades e particularidades que
nem sempre são assimiladas pela pessoa. A este processo de ampliação ou
modificação de um esquema de assimilação Piaget chamou de acomodação.
Embora seja estimulado pelo objeto, o conhecimento é possível graças à
atividade do sujeito, pois é este que se transforma para a elaboração de novos
conhecimentos.
Com sucessivas aproximações, construindo assimilações e
acomodações, completa-se o processo a que Piaget chamou de adaptação. A
cada adaptação constituída e realizada, o esquema assimilador se torna
84
solidificado e disponível para que a pessoa realize novas acomodações. O que
promove esse movimento é o processo de equilibração, conceito central na
teoria construtivista.
Os indivíduos precisam se conhecer, situarem-se dentro do mundo e
com os objetos que o rodeiam para depois conhecer as relações com eles a fim
de manipulá-los e de produzir transformações, quebrando o paradigma. A
educação é um processo necessário, é importante considerar seu principal
objetivo, que é autonomia, tanto intelectual como moral.
A autonomia intelectual do indivíduo vai depender de como ele pensa
sua realidade, quais as perspectivas que tem em relação ao aprendizado e,
principalmente, envolve habilidades para modificar essa situação e objetivos a
serem alcançados.
De acordo com Piaget (2007, p. 9-10):
Numa estrutura de realidade que não comporta sujeitos nem objetos,
é óbvio que o único vínculo possível entre o que virá mais tarde a ser
um sujeito e objetos é constituído pelas ações, mas por ações de um
tipo particular, cuja significação epistemológica parece instrutiva.
As escolhas são feitas pelos indivíduos para que estes consigam
internalizar os significados dos objetos e, com isso, através de um
desequilíbrio, possam promover o progresso no aprendizado. O adulto utiliza
os meios de conhecimento, o que este tem como aporte do presencial para o
virtual, dando representatividade às ações para que estas consigam produzir
resultados. A partir daí, começa a perceber que os meios virtuais de
85
aprendizagem é que produzem o resultado, transformando em significado o
objeto e para si mesmo, como sujeito da aprendizagem (PIAGET, 2007, p.11).
Conforme Becker (2009, p.42),
o sujeito, para Piaget, é ativo na sua essência. Falar em sujeito é falar
em atividade, fundamentalmente assimiladora. O sujeito epistêmico
só o é na medida em que ele se constitui como tal. E ele se constitui
pela assimilação e pela acomodação combinadas.
A liberdade de expressão em termos de aprendizagem é bem frequente
nas escritas de Piaget (2007, p.12), como se pode observar:
[...] a coordenação das ações do sujeito, inseparável das
coordenações espaços-temporais e causais que ele atribui ao real, é
origem tanto das diferenciações entre esse sujeito e os objetos,
quanto dessa descentração no plano dos atos materiais que tornará
possível, com o concurso da função semiótica, o advento da
representação ou do pensamento. Mas essa mesma coordenação
suscita, se bem que ainda bem limitado a esse plano de ação, um
problema epistemológico, e a assimilação recíproca invocada para
esse efeito é um primeiro exemplo dessas novidades
simultaneamente não predeterminadas e tornando-se, porém,
necessárias, que caracterizam o desenvolvimento dos
conhecimentos.
Existe um enriquecer do conhecimento e da aprendizagem a partir do
momento em que o indivíduo consegue saber que o objeto existe, à medida
86
que ele sabe distinguir suas partes. Ele produz uma sequência de descobertas
que o levam a aprender progressivamente sobre o objeto.
Quando falamos de virtualidade, podemos afirmar que os alunos
também constroem seus conhecimentos com a produção de esquemas que os
levam a aprenderem sequencialmente, a princípio com as formas primeiras de
manipular o objeto e, posteriormente, com a criação dentro desse novo mundo
(virtualidade) e, a partir daí, aprendem novos conceitos.
Ensina Piaget (2007, p.14),
Por mais modesto que seja esse começo, pode se ver aí em ação um
processo que em seguida se desenvolverá cada vez mais: [...] Em
contrapartida, coordenar os meios e os fins respeitando a ordem de
sucessão dos movimentos a executar constitui uma novidade em
relação aos atos globais no seio dos quais meios e fins permanecem
indiferenciados, mas essa novidade é naturalmente adquirida a partir
de tais atos por um processo que consiste em extrair delas as
relações de ordem, encadeamento etc., necessárias a essa
coordenação.
Para existir aprendizagem, sempre haverá um começo, um ensaio, em
que o indivíduo, aos poucos, irá adquirir as sequências dos atos que o levaram
a novos horizontes dentro da sua compreensão, surgindo, assim, novos
patamares de aprendizagem, onde existirá novo desequilíbrio, logo uma nova
questão que será naturalmente desvendada pela curiosidade do indivíduo.
Podemos chamar de imaturidade do conhecimento a situação em que o
indivíduo conhece o objeto, exerce algumas ações sobre ele, mas não
consegue, efetivamente, dominar os resultados. É como ler um livro ou uma
87
página virtual, mas não conseguir sintetizar a ideia principal deste texto, ou
ainda entrar em um sistema integrado educacional, localizar as ferramentas,
mas não saber utilizá-las plenamente.
Piaget (2007, p.17) mostra o seguinte:
[...] seria muito mais simples admitir que a interiorização das ações
em representações ou pensamento, consiste apenas em reproduzir-
lhes o curso ou em imaginá-las por meio de símbolos ou signos
(imagens mentais ou linguagem) sem que por isso sejam modificadas
ou enriquecidas. Na realidade, essa interiorização é uma
conceituação com tudo o que isso envolve de transformação dos
esquemas em noções propriamente ditas.
Um exemplo clássico é a busca de sites na internet com um determinado
perfil ou característica, determinadas comunidades que falam sobre o mesmo
assunto, ou ainda, em termos de escola, um estudo virtual onde se deve
construir um texto, utilizar autor determinado, todos os sites remeterão aos
estudos de um determinado autor, porém, mesmo sendo descrito de formas
diferentes, com fundos e cores diferentes, cada indivíduo entenderá aquilo
(texto) de acordo com seu domínio de compreensão, independentemente da
informação, pois existe uma manipulação por parte do que se foi pedido, logo
impedindo a projeção de novas buscas a respeito do assunto, por exemplo de
novos autores.
O indivíduo é capaz de fazer suas transformações em seus
pensamentos, bem como nas ações para a busca do resultado até porque a
verdade só é absoluta dentro do limite do conhecimento do indivíduo. A partir
do momento em que surge uma dúvida (desequilíbrio), aí surge o momento de
88
criar, de buscar novos rumos para a solução do problema e,
consequentemente, decorrerá a aprendizagem.
Em meios virtuais de aprendizado, quando o indivíduo já tem a
possibilidade de domínio do objeto, ele é capaz de produzir ações que façam
com que exista repercussão no resultado. Uma vez satisfeito, ele chegou ao
seu objetivo final, ou limite de aprendizado; não satisfeito, ele provocará novas
ações que satisfaçam sua necessidade de aprendizagem e é aí que existe a
criação, a inovação ou a busca de novos horizontes na aprendizagem nos
meios virtuais.
Na virtualidade, quando o indivíduo tem um domínio de atuar no
ambiente virtual de aprendizagem, entendendo como funcionam suas
ferramentas, como chats, fóruns, e exercícios, ele estará pronto para aprender
e reinventar novas formas de gerar aprendizagem, pois dominará o objeto, as
formas de se trabalhar com ele e, inclusive, de instruir outros a aprenderem a
buscar aprendizagem com esse novo modelo de ver o mundo, a virtualidade.
Ele está interagindo com o todo (ambiente virtual de aprendizagem) e com
todos, professor e outros alunos inseridos no curso.
Para Piaget, o fator principal de aprendizagem está no equilíbrio interno
do indivíduo em ser capaz de fazer trocas com o meio, acomodando
informações. Para tal, existem mecanismos internos reguladores, que são as
estruturas cognitivas. Elas têm a função de controlar e coordenar as
informações obtidas pela maturação do indivíduo, de sua experiência com os
objetos e com o meio social.
Conforme Coll (2004), a proposta de Piaget é por uma aprendizagem
interacionista, em que a intervenção, para que ocorra aprendizagem, se dá
89
com a participação do sujeito e do objeto e é modulada pelos fatores internos
de equilibração.
Na aprendizagem escolar, Coll (2004) aponta que não se trata de uma
recepção passiva do conhecimento, pois, neste caso, não se trata de
aprendizagem construtivista, mas diz que a má compreensão ou as
assimilações incompletas servem como degraus para processos de elaboração
do conhecimento.
De acordo com o referido autor (2004), “[...] o ensino deve favorecer as
intenções múltiplas entre o aluno e os conteúdos que tem de aprender; o aluno
constrói o conhecimento por meio das ações efetivas ou mentais que realiza
sobre o conteúdo de aprendizagem [...]”.
A proposta de Coll (2004) é a de que os conteúdos propiciados aos
alunos tenham diversificação, que sejam ricos em informações, que
possibilitem fazer suas conexões em termos de cognição com seus esquemas
mentais acomodados, possibilitando um equilíbrio entre o que já está
acomodado com as novas informações propostas pelo mediador do
conhecimento, o professor.
Para Coll (2004, p.57),
A interpretação construtivista em sentido estrito dá ênfase aos
processos individuais e endógenos7 de construção do conhecimento
e apresenta a atividade auto-estruturante do aluno – atividade cuja
origem, organização e planejamento correspondem ao aluno – como
o caminho melhor, se não único, para que esse possa realizar uma
verdadeira aprendizagem.
7 Que se forma no interior
90
A proposta se baseia no pressuposto de que o aluno deve ter interesse
em aprender para que consiga fazer seus esquemas de cognição, assim como
o de equilíbrio interno ao acomodar as novas propostas do conhecimento
oferecidas pelo meio (no caso o ambiente de aprendizado escolar) a fim de que
tenha aprendizagem. Essa assimilação, organização e planejamento de
conhecimentos são organizados internamente no indivíduo, proporcionando
uma nova pré-disposição a receber novos conhecimentos vindos do ambiente
de aprendizagem.
Por outro lado, para Coll (2004, p.57),
[...] a ação pedagógica terá como finalidade criar um ambiente rico e
estimulante no qual ele possa se desenvolver sem limitações à sua
atividade auto-estimulante [...], as intervenções do professor deverão
dirigir-se fundamentalmente para criar situações pedagógicas de tal
natureza que os alunos possam produzir “idéias maravilhosas” e
possam explorá-las até onde sejam capazes.
O que se coloca em questão são as possibilidades de o professor
proporcionar ao aluno desafios e situações para desenvolver criatividade, para
que seja estimulado a produzir conhecimento. Por meio de ações propostas
pelo docente, o aluno será capaz de se sentir estimulado a pensar, a criar e,
desta forma, a alimentar a sua cognição, assimilando os conteúdos, colocando
em comparação e criando novos degraus de conhecimento a partir do seu
equilíbrio interno, proporcionando nova aprendizagem.
91
3.3.2 – Wallon e sua teoria de cognição e aprendizado
As teorias da aprendizagem e seus métodos de evolução significativa
focam o enriquecimento do indivíduo como crescimento em termos de
aprendizado e evolução. A questão que diferencia uma das outras é o como
acontece essa melhora, em que parte existe um desequilíbrio que gera a
dúvida e gera um novo conhecimento a partir das dúvidas. Piaget focou o
amadurecimento de suas filhas pelas fases em termos de idade e a relação
que elas tinham com o objeto, já Vygotsky acreditava que o meio interferia nas
relações do indivíduo com o objeto, mas que o meio produzia sensações
diferenciadas sobre a observação e a interação entre objeto e sujeito. Wallon
trata da diferenciação como fator importante para o crescimento e
amadurecimento da aprendizagem.
Conforme Wallon (2009, p.11)
Comparar não é assimilar, ver apenas as semelhanças. A
comparação visa tanto às semelhanças como às diferenças, cujas
condições é preciso identificar cuidadosamente. O conhecimento
busca simultaneamente o mesmo e o diferente. O contraste é um dos
recursos mais surpreendentes pelos quais se opera a diferenciação.
Wallon aborda fatores tanto orgânicos quanto sociais que levam ao
desenvolvimento do indivíduo de acordo com sua inserção em determinada
época ou local. Logo, o que o autor enfoca é o indivíduo em um determinado
local com uma determinada cultura e é isso que determinará o estágio que este
92
desenvolverá em relação às condições que o rodeiam, assim como suas
sensações orgânicas. Com isso, revela sua teoria do desenvolvimento.
De acordo com o referido autor, as fases são difundidas no processo de
cognição e aprendizado, então, mesmo que o indivíduo avance em seu
processo de aprendizagem, ele traz com ele fatores da fase anterior e, aos
poucos, vai amadurecendo suas ideias e adquirindo novos patamares de
aprendizagem, dependendo das circunstâncias a que está exposto.
Para Wallon (2009, p.12),
Cada configuração cria novas possibilidades, novos recursos
motores, afetivos, cognitivos que se revelam em atividades que, ao
mesmo tempo em que convivem com as atividades adquiridas
anteriormente, preparam a mudança para o estágio seguinte.
O autor caracteriza desenvolvimento por meio da parte orgânica (que
vem de dentro do indivíduo em relação ao objeto, mas também acredita que o
que está à sua volta interfere e faz pressão sobre as perspectivas de
aprendizagem estabelecidas, ora pelo indivíduo, ora pelo ambiente e, em
sincronia, dão origem a uma nova estrutura de aprendizagem).
A teoria de Wallon aponta para duas ordens de fatores que irão constituir
as condições em que emergem as atividades de cada estágio: fatores
orgânicos e sociais.
Conforme Wallon (2009, p.13):
“Será no mergulho do organismo em dada cultura, em determinada
época, que se desenvolverão as características de cada estágio”. A
interação entre esses fatores define as possibilidades e os limites
93
dessas características. A existência individual como estrutura orgânica
e fisiológica está enquadrada na existência social de sua época.
O método de aprendizagem determinado pela época poderá ser
absorvido pelo indivíduo mediante sua ocupação no espaço e tempo ao qual
está inserido, então o que se aprendeu há 20 anos é particular daquela época,
as coisas evoluem, as sociedades e métodos de ensino também e até as
próprias crianças e adultos têm diferenciação no aprendizado, dependendo das
sociedades nas quais estão inseridos.
As ações de um indivíduo, em uma virtualidade fora do seu contexto
palpável, também dependem de suas sensações e da motivação para que
exista significado.
Conforme Wallon (1975, p.153):
É-lhes indispensável uma assistência a todos os instantes. É um
ser cujas reações têm todas as necessidades a ser completadas,
compensadas. Incapaz de efetuar algo por si só, é manipulado por
outrem, e é nos movimentos do outro que tomarão forma as primeiras
atitudes.
3.4 – Aprendizagem significativa
Quando falamos de significado, estamos nos referindo a tudo quilo que
faz sentido à nossa compreensão, ou ainda, algo que tenha lógica dentro do
campo do conhecimento. Na teoria da aprendizagem, o que se busca
comprovar é que o significado tem relação com aquilo que o indivíduo já sabe,
94
por exemplo, um gosto por determinada leitura, um determinado assunto, um
objeto, algo que faça sentido a este indivíduo.
Conforme Moreira, Masini (2009, p.61),
A ideia central da teoria de Ausubel é a de que o fator isolado mais
importante influenciando a aprendizagem é aquilo que o aprendiz8 já
sabe. A ideia é simples, mas a explicação de como e por que esta
ideia é defensável é complexa (2009, p. 61).
A proposta de David Ausubel está ligada à relação que o sujeito tem
com seu objeto de estudo e o meio onde está inserido, levando-o a ter
interesse por determinado assunto. O significado faz com que os indivíduos
produzam de forma melhorada, ou ainda que o conhecimento seja feito de
forma mais propensa à evolução, principalmente pelo interesse.
Um exemplo prático é quando um indivíduo tem interesse por uma
determinada matéria com a qual se identifica. A facilidade da compreensão é
maior, pois o aluno será capaz de procurar novas formas para compreender o
que é proposto pelo professor, sem que este exija.
Para Ausubel, existem relações de pré-conexão em que o indivíduo, ao
ter uma determinada informação, vai buscar, em sua mente, aspectos que
tenham relação com a nova proposta e, pela junção de informações, vai fazer
com que exista um processo de amadurecimento cognitivo sobre o tema; logo,
um significado que estava aguardando uma oportunidade para ser colocada em
prática ressurge.
De acordo com Moreira, Masini (2009, p.61);
8 O termo “aprendiz” é usado aqui no sentido geral de “o ser que aprende”, e não no sentido específico de
“aquele que aprende a arte ou ofício”.
95
Para Ausubel, aprendizagem significativa é um processo pelo qual
uma nova informação se relaciona com um aspecto relevante da
estrutura de conhecimento do indivíduo. Ou seja, neste processo, a
nova informação interage com uma estrutura de conhecimento
específica ao qual Ausubel define como conceito subsunçor ou,
simplesmente, subsunçor (subsumer), existentes na estrutura
cognitiva do indivíduo [...] Ausubel vê o armazenamento de
informações na mente humana como sendo altamente organizado,
formando uma hierarquia conceitual, na qual os elementos mais
específicos de conhecimento [...] são assimilados.
Ausubel propõe que cada coisa tem sua validade em determinado
tempo, que a classificação de conhecimentos prévios dentro de nossa mente
será ativada no tempo exato onde uma nova informação terá conexão com o
que está guardado dentro do nosso conhecimento.
Ausubel ainda propõe que os subsunçores são fruto de uma
aprendizagem de assimilação e acomodação das informações que será
utilizada conforme outras propostas de conhecimento sejam oferecidas pelo
ambiente, ou seja, um conhecimento novo, em que o indivíduo aprenda o
conceito, a aprendizagem irá ficar significativa a partir do momento em que
este indivíduo consiga relacionar novas informações aos subsunçores e
consiga elaborar novos elos para que o conhecimento possa evoluir, ou seja,
onde ele seja capaz de criar, inovar, experimentar e dar condições para
inventar novos caminhos para produção do conhecimento diferenciado do
conceito inicial.
96
Nos meios virtuais de aprendizagem, a proposta de ensino é colocada
pelo professor na mídia; mas, para que exista um significado para o aluno, o
assunto deverá ser explicado, contextualizado e discutido em classe; caso
contrário, não passará apenas de um conceito e, portanto, não existirá
significado em termos de aprendizagem, mas apenas reprodução de
conhecimento sem aprendizagem, ou seja, sem aplicação ou evolução no que
foi proposto.
Conforme Moreira, Masini (2009, p.62);
A aprendizagem significativa propõe que:
a) O material a ser aprendido seja potencialmente significativo para o
aprendiz, ou seja, relacionável a sua estrutura de conhecimento de
forma não arbitrária e não literal (substantiva).
b) O aprendiz manifeste uma disposição de relacionar o novo material
de maneira substantiva e não arbitrária a sua estrutura cognitiva.
A proposta é interessante quando partimos da premissa de que existe
um interesse em propor educação e o assunto abordado seja motivador ao
aluno, pois, sem este desejo por parte do educando, fica complicado existir
uma relação de educação que possa favorecer uma aprendizagem com
significados para o aluno.
Quando se fala de forma não arbitrária, a referência está ligada a algo
que seja de um conhecimento prévio de quem vai receber a informação, ou
seja, parte do pressuposto de que aluno tenha um conhecimento prévio, ou
ainda já tenha ouvido falar ou já tenha lido anteriormente. Isso facilita a
absorção do seu conhecimento e, portanto, dá condições para que exista uma
produção intelectual.
97
Já o tema substantivo está ligado a proporcionar ao aluno condições de
ele conseguir agregar valor ao que já tem como conhecimento primitivo, ou
seja, dar atributos e qualidades ampliando seu conhecimento em relação ao
anterior.
Nas estruturas de meio virtual de educação, o adequado é proporcionar
educação com conteúdo que seja de entendimento do aluno, para que ele
tenha uma assimilação e possa produzir conhecimento, dúvidas e, pelo
diálogo, chegar a novos patamares de conhecimento sobre o assunto proposto
em sala de aula.
O que pode ser observado é que tanto no meio presencial de ensino,
como no ambiente virtual de aprendizagem, pelas teorias da aprendizagem, o
aluno pode ter educação. Cabe ao mediador ser capaz de proporcionar um
material que tenha um significado com as conexões acomodadas em suas
experiências de vida, de forma que os substantivos, conforme Masini (2009, p.
62) aponta, venham a agregar valor de conhecimento ao que já existe no
subconsciente do aluno. É importante que seja claro que o aluno tenha uma
pré-disposição a aprender, que o conteúdo inserido no meio virtual de
aprendizagem, assim como o proposto no meio presencial de ensino, estejam
relacionados com a realidade do aluno e, desta maneira, possa existir interesse
dele, uma participação e, consequentemente, um novo processo após a
acomodação desse aprendizado.
Quanto à abordagem construtivista de educação, dentro do processo de
aprendizagem significativa, observa-se a união de um novo evento ao todo, de
forma que o todo possa ser o conhecimento acumulado pelo indivíduo, mas
que, a cada novidade, vai se renovando, ou seja, o indivíduo vai assimilar a
98
informação, organizá-la e, após isso, acomodá-la, para que, posteriormente,
quando existirem novos estímulos vindos do seu meio, o processo se repita. No
ambiente virtual de aprendizagem, o estímulo, por meio das figuras, símbolos,
chats, fóruns, exercícios e textos, despertado pelo mediador (professor),
deverá promover o interesse. Desta maneira, começa o processo de
construção de conhecimento mais uma vez e, portanto, surgem ações que
levem o aluno à construção e à aprendizagem do conhecimento apresentado a
ele.
3.4.1 – Tipos de aprendizagem no contexto escolar
A preocupação com a aprendizagem vem sendo uma constante
dificuldade para muitos educadores, seja na sala de aula real, seja nos meios
virtuais de aprendizagem. Para Ausubel, existem duas formas interessantes
que devem ser investigadas ao se proporcionar aprendizagem na educação.
A primeira aborda uma aprendizagem por recepção, em que predomina
a associação arbitrária9 e literal10, em que não se respeitam os conhecimentos
prévios do aluno, apenas se expõem conteúdos a serem associados por eles.
A segunda abordagem, a significativa, não-arbitrária, leva em consideração os
substantivos incorporados ao sujeito.
A característica principal da aprendizagem por recepção abordada no
contexto dos cursos oferecidos nos meios de aprendizagem se dá por um
conteúdo que é apresentado ao aluno como pronto, ou seja, o professor
9 Adição de informação sem produção de significado 10 De forma isolada desrespeitando o contexto
99
estipula tópicos e assuntos referentes ao tema principal e o aluno deverá ter a
capacidade de assimilar o que foi proposto pelo professor.
A outra maneira de sugerir aprendizagem está em uma proposta por
descobertas, em que o aluno terá que descobrir significados antes de
internalizar o conhecimento à sua estrutura cognitiva, ou seja, o professor terá
que dar condições ao aluno para que ele possa seguir caminhos e ter ações
para fazer significado com o que já tem conhecimento ao que está sendo
proposto pelo mediador, de forma a fazer um equilíbrio interno e acomodar
essas novas informações à sua cognição.
Para que o aluno tenha uma aprendizagem significativa, deve estar
exposto a três condições propostas por Ausubel, conforme Coll (2004, p.62):
A primeira refere-se à necessidade de que o material novo a ser
aprendido seja potencialmente significativo do ponto de vista lógico;
que tenha estrutura e organização internas que não sejam arbitrárias.
Em segundo lugar, o aluno deve contar com conhecimentos prévios
pertinentes que possa relacionar de forma substancial com o novo
que deva aprender. Ou seja, a informação nova deve ser relevante
para outros conhecimentos já existentes, ou, o que dá no mesmo, o
conteúdo da aprendizagem deve ser potencialmente significativo do
ponto de vista psicológico. E por último que o aluno queira aprender
de modo significativo [...].
A significância se dá a partir do momento em que o aluno consegue
fazer significado entre o que ele já sabe e as novas propostas, possibilitando
interagir o antigo com o novo. Ele deve ter pelo menos um conceito, algo que
dê significado à nova proposta de conhecimento, portanto cabe ao professor
100
propor novos conhecimentos, embasando-se no que já foi ensinado
anteriormente, agregando novas ideias, caminhos e ações para que o aluno
possa produzir novos desequilíbrios, motivando-se para a busca de respostas
e, portanto, para uma nova equilibração interna ao se satisfazer
momentaneamente em sua cognição intrínseca.
A ideia é a de que o professor, ao fazer a proposta de novos
conhecimentos, parta de conhecimentos mais gerais e, posteriormente, vá às
partes do todo, aos detalhes desse novo conhecimento, para que o aluno
possa ir fazendo conexões com seu conhecimento prévio. Desta forma, o
docente vai proporcionar ações e caminhos que levem o aluno a construir seu
conhecimento pelo significado acumulado em sua equilibração cognitiva.
101
CAPÍTULO IV “TEORIAS DA APRENDIZAGEM
CONSTRUTIVISTAS: UMA PROPOSTA DE ENSINO UTILIZANDO
AMBIENTES VIRTUAIS DE ENSINO APRENDIZAGEM PARA
PROPOR UMA ABORDAGEM CONSTRUTIVISTA NO ENSINO
PRESENCIAL”. (PESQUISA EXPLORATÓRIA).
A proposta da pesquisa é de caráter exploratório, sobre a observação
feita em um ambiente virtual de aprendizagem (AVA) nas Facudades Flamingo,
onde se utiliza um portal acadêmico para proporcionar educação complementar
aos cursos presenciais.
O presente trabalho aborda a teoria construtivista da educação em um
portal utilizado por professores em uma instituição de ensino com pouco mais
de 3.000 alunos, que utilizam uma plataforma de gerenciamento de EaD para
complementar sua educação presencial de forma construtivista. O material é
colocado no portal para o aluno assimilar e, posteriormente, será discutido em
sala de aula.
Os alunos normalmente não estão ambientados à virtualidade ou não
querem acessar os meios virtuais por não terem um acompanhamento do
mediador no tempo exato, ou seja, acreditam que o ambiente virtual de
aprendizagem serve para depósito de materiais para serem consultados mais
tarde. No caso das Faculdades Flamingo, antes de começar qualquer curso, o
aluno participa de reuniões de grupo com os professores coordenadores da
instituição e estes apresentam o portal, por meio de um tutorial para que ele
saiba trabalhar com os meios digitais, aprendendo o que significa cada botão,
102
cada ambiente virtual aberto dentro do portal, para que possa participar de
fóruns, chats e enquetes proporcionadas pelo professor de determinada
disciplina.
O aluno ainda recebe instruções de como retirar ou consultar o material
disponível em cada disciplina de forma a poder assimilar os conteúdos ou levá-
los para sala de aula.
O propósito do AVA na instituição ser um meio de oferecer conteúdo
para agregar valor ao conhecimento do aluno, por isso há chats, fóruns,
exercícios, textos, figuras, que complementam as disciplinas no ensino
presencial, mas que também poderiam ser trabalhados como um curso no meio
virtual de aprendizagem, depende da proposta de ensino da instituição.
A proposta no ambiente virtual de ensino nesta instituição é a de que o
portal possa ser utilizado como um complemento às disciplinas oferecidas no
curso presencial, um lugar onde o professor possa inserir material, como
textos, colocar temas nos fóruns e chats e, desta forma, proporcionar conteúdo
extra para que os alunos consigam agregar valor ao seu conhecimento
acadêmico.
Cerca de 60% dos alunos da Faculdade Flamingo pertencem à geração
X, indivíduos com mais de 30 anos de idade, nascidos na década de 80, mas
existem 30% dos alunos da instituição que se enquadram no perfil da geração
Y, que são os indivíduos com mais de 20 anos nascidos na década de 90 e
apenas 10% na geração Z, que são os indivíduos que vão até uma faixa etária
de 20 a 22 anos, nascidos a partir dos anos 90, como poderemos ver no
gráfico a seguir.
103
Gráfico 3 – Faixa etária do público de alunos dos cursos das Faculdades Flamingo
Fonte: Próprio autor.
A preocupação da instituição é a de que esses 90%, se não forem bem
instruídos, podem ter problemas quanto ao acesso ao ambiente virtual. Por
temerem essa dificuldade dos alunos, a instituição providenciou mediadores
capazes de instruí-lo desde a entrada no ambiente virtual até o trabalho com
suas ferramentas. Foi criado um ambiente virtual de aprendizagem no qual
existe um manual e uma orientação de como acessar e interagir no portal.
No ambiente virtual, existem sequências estruturais de forma
organizada para que o aluno acesse o portal, consiga visualizar as propostas
de conteúdo, valorizando a aprendizagem no meio virtual da instituição. Essas
sequências vão desde acessar o conteúdo macro do AVA, como disciplinas,
notas, frequência, biblioteca virtual, até estruturas internas das disciplinas,
como conceitos macro que dão um panorama geral ao conceito até seus
detalhes, ou seja, as partes que compõem o estudo.
A instituição se preocupou em fazer o tutorial para facilitar a
acessibilidade por parte dos alunos, ao verificar que 90% deles poderiam ter
dificuldades e, portanto ter a complementação de seus estudos no ambiente
presencial de ensino comprometida.
104
Até mesmo os professores, ao colocarem material no portal acadêmico,
instruem os alunos a buscarem determinado texto, ou ainda a participarem em
um fórum ou chat para que não tenham problemas na coleta e na realização
de trabalhos com os conteúdos por parte dos próprios alunos.
A pesquisa foi elaborada com dados coletados por meio de
questionários solicitados a professores de várias áreas de ensino. O objetivo
principal era saber se os professores reconhecem a teoria construtivista e se a
aplicabilidade é viável no ambiente de ensino presencial, utilizando o AVA
como um processo de auxílio para a melhoria da aquisição dos conhecimentos
dos alunos no meio presencial de aprendizagem.
O relatório foi elaborado com base em perguntas fundamentadas na
teoria construtivista de aprendizagem e sua aplicabilidade dentro do meio de
ensino virtual das Faculdades Flamingo.
O que deve ficar claro é que a pesquisa exploratória busca observar se o
meio virtual de aprendizagem da instituição pode colaborar para proporcionar
uma educação de caráter construtivista pelo meio presencial nas Faculdades
Flamingo.
O questionário foi oferecido aos professores das áreas de Exatas,
Humanas e Biológicas, de forma a não interferir no resultado final das
respostas; porém, foi elaborado de forma estruturada para investigar se os
educadores aplicam a teoria construtivista de aprendizagem em suas
disciplinas utilizando o portal da instituição como ferramenta complementar aos
seus alunos do seu curso.
105
O questionário possui 18 questões fechadas e uma aberta (conforme
anexo). Dos cerca de 300 docentes da instituição, 25 responderam ao
questionário conforme tabela abaixo.
A análise dos dados apresenta-se como uma forma de ilustrar
inicialmente e tem caráter qualitativo no sentido de verificar a viabilidade, a
aplicabilidade da proposta construtivista de aprendizagem mediada pelo meio
virtual de aprendizagem, podendo gerar educação com características
construtivistas aos alunos dos cursos presenciais.
Foi feito um levantamento de dados a partir de uma pesquisa
exploratória na qual o professor devia assinalar, no questionário, a utilização
da proposta construtivista de aprendizagem em suas disciplinas no meio virtual
de ensino oferecido pelas Faculdades Flamingo. Também era intenção
investigar se os professores acreditam na teoria de aprendizagem
construtivista, se ela é viável em um meio virtual em sua disciplina como
complemento à aprendizagem presencial, se existe uma busca de construção
do conhecimento por meio do material colocado no portal em uma primeira
fase para ser abordado, em uma posterior, no meio de aprendizagem
presencial.
106
Áreas do conhecimento Participantes por área
Pedagogia 2
Contabilidade 1
Direito 2
Administração 3
Recursos Humanos 2
Finanças 2
Educação Física 2
TI 2
Língua Portuguesa 2
Marketing 2
Logística 1
Matemática 1
Automação Industrial 1
Produção 1
Qualidade 1
Total 25
Tabela 1: Participação dos docentes por área na pesquisa.
Fonte: Próprio autor
Algumas observações devem ser registradas. Dos 25 professores aos
quais foi distribuído o questionário, dois não sabiam o que é construtivismo,
nunca ouviram falar do termo e cinco sabiam o que é, mas não conseguiram
escrever com suas palavras, portanto apenas dezoito questionários podem ser
considerados como válidos. O que se esperava era que os docentes
soubessem do que se tratava: um processo de aprendizagem que consiste em
107
assimilação, internalização e acomodação, como um processo contínuo
passível de ser efetivado no ambiente virtual de aprendizagem.
A primeira questão está voltada a saber se o docente sabe o que é a
teoria construtivista da aprendizagem, se a conhece, do que se trata, para que
serve. Nessa questão, foram colocadas duas opções: a de sim ou não, com
um espaço abaixo para que o docente colocasse seu parecer sobre a teoria,
caso se sentisse à vontade.
Veja, a seguir, alguns exemplos extraídos dos formulários preenchidos
pelos docentes da instituição.
Professor L., do curso de Administração diz que:
“A teoria construtivista de aprendizagem é uma forma de construir o
conhecimento de forma interativa dos sujeitos que aprendem com o meio em
seus diversos contextos e atores, de forma que passam a utilizar de diversas
maneiras de construção de conhecimento de forma autônoma”.
O professor S. S. Santos, do curso de Contabilidade, fala que a teoria
construtivista de aprendizagem é:
“Um processo de construção do conhecimento através de ferramentas,
canais, textos, vídeos e a interação entre aluno, professor e ambiente com foco
em acomodar informações.”
A professora Dra. P.S.G. de Língua Portuguesa se refere à teoria
construtivista de aprendizagem como:
“Trata-se do ensino como um ganho a cada etapa, todo incentivo é bem
vindo. O aprendizado é uma evolução na qual tudo pode ser contado como
algo que adiciona valor”.
108
A teoria construtivista da aprendizagem significa que o conhecimento
não está pronto, ou seja, nada acabado, ele vai ocorrer pelo convívio que o
indivíduo tem com seu meio físico e social, não é algo que vem do ser humano,
mas sim de seu interesse e interação com o meio físico e social que o rodeia,
possibilitando opções de acumulação de informações (BECKER, 1992).·.
O autor define bem o que é a teoria construtivista da aprendizagem
quando diz que se trata de um processo contínuo, no qual o indivíduo deve ter
uma interação com o seu meio e que o professor, como mediador, tem papel
fundamental por já ter um conhecimento social, podendo proporcionar opções
ou caminhos para que o aluno construa seu conhecimento.
O que foi percebido é que 81% dos 25 docentes sabem do que se trata
a teoria construtivista de aprendizagem e que 9% não sabem, conforme o
gráfico 1. Apenas duas áreas não entendiam o que era trabalhar com a teoria,
mas os professores afirmam se tratar de uma assimilação de conhecimento,
uma internalização e acomodação para ser utilizado mais tarde como
referência para novos eventos de aprendizagem. Na área de Finanças e na
área de TI, um docente realmente não sabia sobre a teoria construtivista,
nunca ouvira falar do termo. Foi percebido, ainda, que 52% dos 25 professores
que responderam o questionário se sentiram à vontade para explanar o que
era o construtivismo em seu ponto de vista.
No quarto gráfico, a preocupação principal era a de saber se os
professores sabiam do que se tratava a teoria construtivista de aprendizagem,
portanto a pergunta foi elaborada de forma direta e objetiva, conforme
podemos verificar no gráfico 2 a seguir.
109
Gráfico 4 – Você sabe do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem?
Fonte: Próprio autor.
A partir da questão 2 até a questão 19, foram feitas alternativas distintas
capazes de estimular o docente a expressar a praticidade e a utilização da
teoria construtivista da educação no meio virtual de ensino da instituição, de
forma a proporcionar ações construtivistas de aprendizagem no ambiente de
educação presencial, que é o foco desta pesquisa exploratória.
A maioria das perguntas foi elaborada para saber do docente se ele
utiliza a teoria construtivista de aprendizagem em sua disciplina, se coloca o
conteúdo no portal (meio virtual de ensino da instituição), se o material
oferecido no virtual serve como suporte para as aulas presenciais, se existe
um valor agregado na educação dos alunos e se existe uma melhoria no
ensino e na forma do aprender do aluno presencial.
A preocupação que motiva esta pesquisa está na melhoria da educação
proporcionada pelos docentes das Faculdades Flamingo no meio presencial de
110
aprendizagem utilizando, como apoio, o meio virtual. A dúvida principal está
em o docente proporcionar educação por meio de associação, ou seja, onde
ele propõe conteúdo já finalizado e o aluno apenas o interpreta sem
intervenção final, ou uma proposta construtivista de aprendizagem segundo a
qual são dispostos materiais no portal ou AVA da instituição e estes materiais,
posteriormente, são discutidos, revistos e trabalhados em sala de aula pelo
professor e pelo aluno, buscando a construção do conhecimento e, portanto,
favorecendo uma aprendizagem de caráter construtivista.
O importante neste processo de aprendizagem voltado à construção do
conhecimento está nas ações proporcionadas pelo docente, a princípio no
AVA, no que será assimilado pelos alunos e levado à sala de aula onde não se
espera uma educação arbitrária, mas uma forma de proporcionar substantivos
à origem ou material inicial para que o aluno faça ligações ou elos com novos
conhecimentos oferecidos pelo meio e pelo docente.
Assim, existirá um desequilíbrio que fará com que o aluno busque
respostas para as suas dúvidas dentro de si mesmo e ao que é apresentado a
ele pelo mediador. Uma vez resolvida a dúvida, o aluno entrará em um ponto
de equilibração que, cada vez que for estimulado, dará origem a um novo
processo de busca do conhecimento. Cabe ao aluno ter interesse, ao professor
proporcionar condições que estimulem a aprendizagem e ao meio onde está
inserido tanto aluno como professor ser adequado para o processo ocorrer.
Outros pontos abordados foram a participação, a satisfação em termos
de conteúdo e ferramentas, assim como o processo de comunicação dentro do
meio virtual de ensino da instituição.
111
Os professores selecionados para essa análise foram aqueles que
souberam conceituar do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem, a
segunda questão abordada, que procura identificar se o docente utiliza a teoria
construtivista da aprendizagem em sua disciplina no meio virtual de ensino da
instituição como complemento do ensino presencial, tal como está no gráfico 5
a seguir.
Gráfico 5 – A utilização da teoria construtivista da aprendizagem na disciplina pelo meio virtual
de ensino como apoio ao ensino presencial.
Fonte: Próprio autor.
Na segunda questão do questionário, foi verificado se os professores
utilizavam os pressupostos da teoria construtivista em sua disciplina pelo meio
virtual de aprendizagem como complemento na educação presencial. 13%
alegou que sempre, ou seja, buscam abordar a teoria em todas suas aulas
presenciais, utilizando os materiais colocados anteriormente no AVA; 21% em
75% de suas aulas no presencial, 30% em 50% de suas aulas no presencial,
27% em 30% de suas aulas no presencial e apenas 9% não utilizam a teoria
112
construtivista de aprendizagem. O que pode ser observado é que o portal é um
meio virtual de aprendizagem utilizado por 34% dos 25 professores que
participaram da pesquisa, enquanto 57% utilizam em 50% de suas aulas
presenciais e apenas 9% não utilizam nunca. Desta maneira, podemos
perceber que os docentes das Faculdades Flamingo utilizam o meio virtual de
aprendizagem, promovendo educação para o meio presencial de educação,
em grande escala independente de sua disciplina, 91% das vezes quando
propõem seu material de apoio ao aluno presencial pelo portal.
Na terceira questão da pesquisa, foi proposta a temática da abordagem
construtivista da educação colaborar para a melhoria educacional na disciplina
do docente, utilizando o ambiente virtual de aprendizagem da instituição.
Conforme o gráfico 6 a seguir:
Gráfico 6 – O processo educacional da instituição como meio virtual de aprendizagem
colaborando com a aprendizagem nas disciplinas dos docentes no meio presencial de
educação.
A autonomia intelectual do aluno vai depender de como ele pensa sua
realidade, quais as perspectivas que tem em relação ao aprendizado e,
113
principalmente, focar onde está como modificar essa situação e quais objetivos
a serem alcançados.
De acordo com Piaget (2007, p. 9-10):
Numa estrutura de realidade que não comporta sujeitos nem objetos,
é óbvio que o único vínculo possível entre o que virá mais tarde a ser
um sujeito e objetos é constituído pelas ações, mas por ações de um
tipo particular, cuja significação epistemológica parece instrutiva.
A aprendizagem, em uma abordagem construtivista, depende de três
fatores importantes destacados por Ausubel (apud COLL, 2004): o indivíduo
deverá ter uma predisposição a aprender; o professor deve fazer com que o
ambiente seja estimulante para o aluno através das propostas de conteúdos
colocados à disposição, e, principalmente, o material deve fazer algum sentido
ou relação com os primeiros conceitos equilibrados pelo aluno.
A proposta de ensino da instituição está ligada a oferecer conteúdo
dentro do AVA da instituição para que o aluno o assimile e o aplique em sala
de aula sob mediação.
Apenas 1% dos 25 docentes participantes da pesquisa acredita que o
portal proporciona um processo de aprendizagem a partir de uma abordagem
construtivista que pode ser utilizada no meio presencial de ensino para sua
disciplina, pois trabalham constantemente com conteúdo e com a ideia de que
o aluno assimile o que é proposto em termos de materiais, como textos,
exercícios para serem discutidos em classe e que acomodem o conhecimento,
podendo propor discussão sobre o assunto. Entretanto, 49% dos 25 docentes
têm a crença de que o portal ajuda na abordagem construtivista da educação
114
em sua disciplina nas 75% das vezes, pois os alunos têm a tendência de
absorver o que é proposto no portal e discutir em suas aulas presenciais, mas
percebem que alguns materiais não devem ser postados, mas discutidos
apenas em classe, por exemplo, dados estatísticos amostrais, que necessitam
ser interpretados de acordo com a prática em ambiente presencial,
contribuindo, portanto, para suas aulas e para o acréscimo não apenas de
conteúdo, mas para a melhoria na educação proporcionada aos alunos da
instituição; 23% utilizam o portal como recurso educacional 30% das vezes,
pois, para esses docentes, a utilização do portal serve para colocar apenas o
conteúdo textual, por trabalharem com pesquisas em laboratório. Um exemplo
são os professores de automação, em que 18% utilizam o meio virtual como
suporte para passar o material para os alunos, alguns textos, outras tabelas,
que nem sempre têm caráter voltado à aprendizagem construtivista, mas em
uma série de dados que devem ser associados. Esses professores trabalham,
na maioria das vezes, com pesquisas in loco, por exemplo, exercícios de
Educação Física em quadra, e a teoria servem como suporte ao aluno no
processo de ensino-aprendizagem e apenas 2% não acreditam que a teoria
construtivista da aprendizagem possa ser utilizada para agregar valor em sua
disciplina, pois utilizam o portal acadêmico apenas para lançar notas e faltas,
ou seja, não utilizam o portal como AVA.
A quarta questão da pesquisa busca saber do docente se o
construtivismo é uma forma de trabalho possível, capaz de proporcionar
educação dentro do meio virtual de aprendizagem. Como vamos ver, a maioria
dos docentes acredita que sim.
115
O capítulo III aborda a teoria construtivista de aprendizagem como uma
opção de trabalho em que o indivíduo deverá ter uma assimilação dos
conceitos, uma participação ou conversação sobre as temáticas oferecidas
pelo professor e uma acomodação de conhecimento, e esse processo pode
continuar diversas vezes, vai depender muito do interesse do aluno e do que o
professor possa vir a propiciar com o conteúdo por sua mediação no meio
virtual de aprendizagem.
Becker (2009, p.35) define a assimilação como fundamental para
ocorrer a construção do conhecimento.
A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual
faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação
sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos
os domínios, ela se apresenta como a origem e resultado da
organização.
No gráfico 7, a seguir, estão os dados percentuais quantificados e
tratados de forma qualitativa.
Gráfico 7 – A teoria construtivista de aprendizagem é possível dentro de um meio virtual de
ensino.
116
Fonte: Próprio autor.
Apenas 5% dos 25 docentes não acreditam que a teoria construtivista
de aprendizagem possa ser utilizada no meio virtual de ensino como forma de
agregar conhecimento ao meio presencial de ensino. Em contrapartida, 95%
dos 25 professores utilizam a abordagem construtivista de aprendizagem, que
antes é colocada como forma de conteúdo no portal e trabalhada em sala de
aula, sendo que 21% utilizam em 50% das vezes, 44% em 75% das vezes e
30% sempre no conteúdo que disponibilizam no meio virtual de ensino da
instituição, buscando proporcionar educação construtivista no meio presencial
de ensino. Isso comprova que a teoria construtivista de aprendizagem é
utilizada pela maioria dos docentes na instituição no meio virtual de
aprendizagem, compreendido como mediador no processo de aprendizagem
construtivista para agregar educação aos alunos.
A quinta pergunta do questionário aborda se o docente tem uma
proposta construtivista no ensino voltado para a educação dos alunos da
instituição, utilizando o portal e os conteúdos no meio presencial de educação.
Como podemos observar anteriormente, nem todos os professores
sabem do que se trata a teoria construtivista da aprendizagem, qual seu
objetivo em proporcionar educação, conforme mostra o gráfico 8 a seguir.
117
Gráfico 8 – Existe uma proposta de educação construtivista em suas disciplinas
Fonte: Próprio autor.
83% dos 25 professores trabalham com propostas construtivistas, por
exemplo uma sequência de materiais como textos que acrescentam
conhecimento por fases. Isso é realizado pelos professores de RH, que
trabalham conceitos da história da Administração, conceitos de relações
humanas e estrutura dos subsistemas de RH, ou ainda pelos professores de
logística, que ressaltam a importância do transporte, suas modalidades e como
é utilizado nas empresas atualmente. Trata-se da construção do conhecimento
em etapas em que o aluno deverá assimilar, discutir suas dúvidas, acumular o
conhecimento e fazer novas ligações com outras informações. É uma
sequência de fatos que tem como objetivo a assimilação do conhecimento pelo
aluno. A participação construtivista se dará nas aulas presenciais e,
consequentemente, a acomodação para que exista um novo processo de
apropriação de novos conceitos e, portanto, uma nova sequência de
construção do conhecimento. Logo, deve ficar claro que o construtivismo não
118
está em colocar material no portal, mas em utilizá-lo em sala de aula, de
maneira que o docente irá propor ações para que o aluno faça ligações com o
que já sabe em sua cognição.
Apenas 17% dos docentes não trabalham com a teoria construtivista,
pois preferem trabalhar com materiais em laboratório, como mecatrônica em
Automação Industrial, ou ainda profissionais da Educação Física, que
trabalham em quadra. Isso comprova que a maioria do corpo docente
pesquisado na instituição adota, em meios virtuais, a teoria construtivista com
frequência como complemento para proporcionar educação aos seus alunos
presenciais.
No gráfico 9, temos uma amostragem referente à utilização do material
disponibilizado pelos professores no portal como suporte aos alunos
presenciais, que pode ser desde um texto, ou ainda um fórum, chat, figuras ou
vídeo, utilizados para complementar as aulas no ensino presencial.
No capítulo II, apresentamos várias opções para propiciar educação em
meios virtuais de aprendizagem, como os chats, fóruns, exercícios, textos e
videoaulas. Cabe ao docente explorar esse universo e utilizar a criatividade
para produzir material capaz de favorecer uma educação construtivista, com
uma sequência lógica, explicações de como utilizar as ferramentas para obter
resultados esperados, propiciando, desta forma, melhoria no conhecimento e
na aprendizagem do aluno presencial.
Alguns professores da instituição não utilizam constantemente o portal
para colocar material para o aluno. Apenas ao acaso, preenchem informações,
como notas, faltas e cumpre tarefas burocráticas de controle da instituição.
119
Gráfico 9 - Materiais do meio virtual de ensino (portal) como suporte para as aulas presenciais.
(textos, Chats, fóruns, aulas em vídeo).
Fonte: Próprio autor.
Todos os professores colocam material no portal da instituição para que
o aluno utilize como suporte nas aulas presenciais, o que varia é a intensidade
percentual. Temos 65% dos 25 docentes que utilizam sempre o portal para o
feito e apenas 35% que usam 50% das vezes o portal para postagem de
material, no caso um professor da área de produção.
O gráfico 10 busca mostrar se esses materiais disponibilizados no portal
agregam valor à educação dos alunos, pois, se os materiais ofertados pelo
professor no portal servem como suporte para as aulas presenciais como pode
ser visto no gráfico anterior, acredita-se que eles agreguem valor à educação.
Conforme Coll (2004), a aprendizagem poderá ser, ou de ordem
receptiva - em que os materiais serão colocados de forma finalizada e,
portanto, o aluno apenas irá aprender o que for determinado pelo professor -,
ou em forma de descoberta - em que o docente propõe materiais no AVA que
vão ser abordados em classe. Nesse caso, haverá a participação do aluno e as
120
ideias e ações serão elaboradas tanto pelo docente como pelo aluno, ao
construir significados pelo desequilíbrio e pelo entendimento, que será parte da
equilibração, constituindo a cognição que o aluno tem sobre o assunto, uma
nova aquisição de conhecimento por parte do aluno.
Gráfico 10 – Os materiais do meio virtual de ensino (portal). (textos, Chats, fóruns, aulas em
vídeo). Agregam valor ao ensino presencial?
Fonte: Próprio autor.
Existindo suporte às aulas presenciais pelo material disponível no meio
virtual de ensino, a proposta é uma agregação de valor, seja no conteúdo e na
qualidade de material disponibilizado, seja na construção de conhecimento
pela complementação dos materiais presenciais, associados aos virtuais
propostos pelo docente.
O gráfico 11 aborda o meio virtual de aprendizagem como forma de
contribuir para a melhoria da educação no presencial. Vejamos as respostas
dos docentes no gráfico a seguir.
121
Gráfico 11 - A construção do saber pelo virtual como suporte ao ambiente presencial de
aprendizagem.
Fonte: Próprio autor
60% dos 25 docentes participantes da pesquisa acreditam que, em 75%
das vezes, o ambiente virtual de aprendizagem contribui para uma melhoria na
aprendizagem construtivista proporcionada em sala de aula, pois colabora com
uma assimilação prévia dos conceitos será serem abordados em sala de aula
por ações construídas pelo professor e pelo aluno para a busca do
conhecimento. 40% deles acreditam, em 50% vezes, que existe essa
construção a partir dos materiais colocados no meio virtual de ensino como
suporte à educação presencial, validando a teoria construtivista de
aprendizagem.
A diversidade de materiais é outra preocupação ao se propor uma
educação em meio virtual de ensino. O gráfico 12 aponta a qualidade e as
formas diferenciadas utilizadas pelos docentes ao propor educação no portal.
A pergunta foi feita focando diferentes materiais colocados no portal. Vale
observar o gráfico a seguir.
122
Gráfico 12 - Diversificação de materiais colocados no portal.
Fonte: Próprio autor.
61% dos docentes utilizam grande diversificação de materiais no portal,
como textos, figuras, fóruns, aula gravada e chats; já 26%, em 50% das vezes,
trabalham mais com textos e vídeos e 13%, em 25% das vezes, com textos.
A pergunta do gráfico 13 aponta para a melhoria da educação, ao
buscar melhor aprendizagem proposta pela instituição ao aluno. Destacam-se
as respostas dos docentes no gráfico. O que os docentes relatam é que os
alunos, podendo ter contato com o conteúdo no portal, são capazes de estudar
com mais facilidade em suas casas, ainda podem participar das enquetes
propostas nos fóruns e assistir a vídeos ou a aulas para complementar seu
conhecimento. Desta maneira, realizam uma assimilação melhor dos materiais
propostos, pela comodidade de poderem estudar em casa. Ao chegarem na
sala de aula, já estão com os textos lidos e assimilados, podendo discutir e
realizar a acomodação do conhecimento, agora com novas perguntas a
respeito do assunto abordado dentro do conhecimento adquirido.
123
Gráfico 13 - Melhoria na educação da instituição pelo meio virtual de ensino, proporcionando
melhor aprendizagem.
Fonte: Próprio autor.
Os espaços destinados aos meios virtuais estão em crescente
aceleração, propagando-se e expandindo. Essas mudanças fazem com que a
sociedade seja transformada de forma contínua. Quanto mais existe
criatividade e inovação, mais os desafios são postos aos homens, que vão
transformando sua vida através da virtualidade, que é expressa em um mundo
que não é real, mas é feito por pessoas que vivem no real e podem exprimir
suas vontades em um novo mundo. Dessa forma, podem recriar formas de
viver melhor no mundo real de que participam.
Na questão 12, a preocupação foi perguntar ao professor o que ele
espera com a inserção de materiais no portal, se existe acúmulo de
conhecimento por parte do aluno. Vale observar as respostas no gráfico 14.
Mais da metade dos docentes, 57%, colocaram que, em 75% das vezes, existe
uma proposta voltada a construir conhecimento do aluno e que o AVA contribui
para essa construção; 26%, em 50% das vezes, por não trabalharem apenas
com material no AVA, muito do conteúdo na classe e 17%, em 30% das vezes,
124
por utilizarem materiais no portal como complemento a conhecimento
proporcionado em classe, apenas textos.
Gráfico 14- Valor agregado de conhecimento educacional pelo meio virtual de ensino.
Fonte: Próprio autor.
O capítulo III demonstra que a abordagem construtivista de
aprendizagem pode favorecer o conhecimento e a adequação em um meio
presencial através do meio virtual de aprendizagem. Isso depende do aluno, do
mediador e do espaço utilizado para se propor materiais para educação.
De acordo com Mizukami (2002 apud ALLEGRETTI, 2003);
“o sucesso do professor dependerá da sua capacidade de manejar
essa complexidade, integrando criativamente o conhecimento técnico.
O conhecimento técnico, que antes era oriundo exclusivamente da
formação inicial, não mais se reduz a ela, e o professor deverá saber
ler o mundo para buscar as informações, analisá-las, contextualizá-
las em busca da construção de conhecimento”.
Para que a educação seja prazerosa e traga uma assimilação e
acomodação por parte do aluno, o professor, como mediador, deve propiciar
125
condições para que o estudante tenha prazer em aprender, que entenda os
conceitos, que consiga identificar, no seu meio, o que está sendo ensinado.
Para isso, o professor deve estar preparado para ser um mediador.
O gráfico 15 aborda uma das teorias da aprendizagem, o behaviorismo.
Foi colocada a questão para verificar o tipo de controle realizado pelos
docentes de seus alunos ao colocar o material no portal. Se é algo dirigido, ou
seja, se o professor espera respostas controladas, ou se o docente trabalha a
abordagem construtivista, em que o aluno tem uma assimilação, uma
participação e uma acomodação do conhecimento.
Construtivismo está ligado a construir, interagir com o meio, assimilar as
informações propiciadas pelo meio onde o indivíduo está inserido e
acomodando tais informações, tal como descrito no capítulo III.
Gráfico 15 - Behaviorismo x construtivismo.
Fonte: Próprio autor.
O que Ausubel propõe conforme Coll (2004) é que, quando existe uma
aprendizagem por recepção, ou seja, de caráter passivo, o aluno apenas
126
estará associando conceitos de forma arbitrária e, desta maneira, ocorre uma
perda significativa no tempo, pois o aluno não fará uma equilibração cognitiva
adequada. Já no caso de uma aprendizagem por descoberta, existe o desafio,
o novo, a participação da construção pelos sujeitos, mediante a exposição aos
objetivos, portanto existirá o desequilíbrio e a construção do conhecimento.
O gráfico 15 demonstra que 2% dos 25 professores trabalham com a
teoria behaviorista na instituição. O professor propõe materiais no ambiente
virtual para trabalhar as respostas no presencial, sem que o aluno questione,
intervenha, ou participe da construção de ações para o conhecimento. É algo
associado, imposto pelo professor, uma proposta educacional baseada em
responder exatamente o que o docente exige. Entretanto, 98% dos 25
docentes trabalham com a teoria construtivista da aprendizagem, utilizando o
portal como mediação para proporcionar ações a serem trabalhadas no meio
presencial de ensino.
No gráfico 16, a preocupação está no recebimento do material via
portal, sua impressão e discussão em sala de aula. Como se trata de uma
ferramenta virtual que propõe educação colaborativa ao presencial, essa
questão é significativa na pesquisa exploratória.
Os docentes colocam material, seja em forma de texto, ou de discussão
em um fórum e tiram dúvidas em chats. Na maioria das vezes, o aluno recebe
esse material via portal, imprime o conteúdo, assimila esse conhecimento, leva
para sala de aula, discute e realiza a acomodação, dando, desta forma, espaço
para que o professor possa trabalhar outros temas de maneira mais detalhada
sobre o assunto compreendido pelo aluno.
127
O papel do professor é mediar essa situação em que a acomodação do
conhecimento possa ser aproveitada nas novas propostas de conhecimento,
portanto o interesse tem que ser de ambas as partes - ora do mediador, em
proporcionar novos conhecimentos ao aluno - ora do aluno, em conseguir, pela
acomodação, fazer novas ligações com os assuntos propostos pelo docente.
Veja, no gráfico a seguir, a resposta dos docentes.
Gráfico 16 - Recebimento do material, impressão e discussão em sala de aula.
Fonte: Próprio autor.
O ambiente virtual de aprendizagem sempre será como em um projeto:
existe um gerenciamento de dados que será focado nas necessidades dos
alunos; existe uma pesquisa de todo material a ser inserido como conteúdo de
forma individual, no caso de textos para reflexão, vídeos e exercícios, e de
conteúdo coletivo, como os chats e fóruns interativos. Outro fator importante é
onde os indivíduos irão estudar. A proposta será totalmente a distância, ou
seja, o acesso será de casa, ou por teleconferência, nos polos da instituição?
Os materiais devem ter um tratamento de design para propiciar uma
128
imagem adequada, com gráficos, figuras textos e as videoaulas. As instituições
devem inserir um tutorial explicativo capaz de proporcionar ao aluno a condição
de entender o passo a passo de forma construtiva para procurar as
informações no AVA. Desta maneira, podemos ter uma educação construtivista
adequada e o aluno passa a aprender dentro de um ambiente virtual de ensino.
61% dos docentes sempre utilizam a proposta de aprendizagem
construtivista para proporcionar educação aos alunos presenciais, utilizando o
AVA para oferecer materiais, chats, fóruns, imagens, além de textos e aulas
gravadas em vídeo, que colaboram para uma melhor assimilação, para
aplicabilidade e participação na sala pelo aluno, favorecendo, assim, uma
acomodação de novo conhecimento. 22%, em 50% das vezes, trabalham com
abordagem construtivista no AVA, porém a maioria do conhecimento é
passado em sala de aula e 17% utilizam, em 25% das vezes, pois trata-se de
trabalhos em que o docente tem que utilizar máquinas e ferramentas, como por
exemplo nos cursos técnicos instrumentais (mecatrônica), mas 98% utilizam o
portal para propagar algum tipo de material ao seu aluno no meio ambiente
virtual de aprendizagem.
No caso das Faculdades Flamingo, o portal é bastante usado para
propagação de material, mas apenas 9% dos 25 entrevistados utilizam-no
como ferramenta para interação de professor e aluno de forma mais efetiva, ao
propor debates, fóruns e outros tipos de materiais oferecidos no meio virtual e
passíveis de serem levados à sala de aula presencial. É o que podemos
observar no gráfico 17.
129
Gráfico 17 - Interatividade e interação dos alunos com o docente no meio virtual de ensino
prolongado ao meio presencial de educação.
Fonte: Próprio autor.
Aproveitando o gráfico 15, antecipamos a pergunta do gráfico 16, que
está ligada à eficiência e eficácia nos meios virtuais de ensino e sua
importância para a educação nas disciplinas da instituição. Os resultados
podem ser consultados no gráfico a seguir. 95% dos docentes acreditam que a
interatividade possibilita uma educação colaborativa aos alunos nos meios
virtuais de ensino e apenas 5% afirmam que isso ocorre poucas vezes.
O alto índice de aproveitamento do portal se dá por existirem muitas
disciplinas dos cursos, em geral Administração, Ciências Contábeis, Logística,
RH, entre tantos outros, em que o professor pode trabalhar com o AVA
utilizando o construtivismo, colaborando para aprendizagem. Esses
professores colocam textos, exercícios, propõem fóruns e chats das
disciplinas, de modo que o aluno vai assimilar o conhecimento, debatê-lo para
tirar suas dúvidas, acomodar esse conhecimento e continuar o processo de
aprendizagem em outros conteúdos que são colocados no portal
130
gradativamente. Em paralelo, esses conhecimentos aprendidos no AVA vão
ser utilizados como complementos colaborativos à educação na sala de aula
presencial.
Os outros professores ligados à Educação Física e Automação
Mecatrônica, que precisam que o aluno pratique em quadra ou laboratório,
utilizam o AVA, mas apenas para colocar alguns textos, para informação do
aluno. Na maioria das vezes, utilizam o AVA para colocar notas e faltas.
Gráfico 18 - Educação colaborativa é a solução para melhoria na construção do conhecimento.
Fonte: Próprio autor.
No gráfico 19, estão expostos dados que demonstram se os docentes
acreditam existir um processo de aprendizagem construtivista dentro do meio
virtual de aprendizagem e estendida ao meio presencial. 83% dos 25 docentes
acreditam que sim; apenas 13% acreditam que 30% das vezes; e 4%, nunca.
131
Gráfico 19 - Processo de educação e aprendizagem construtivista no meio virtual de ensino
propagado ao meio presencial de educação.
Fonte: Próprio autor.
Conforme Coll (2004), a educação significativa supõe vincular a nova
informação com conceitos ou proposições já existentes na estrutura cognitiva
do aluno.
Os professores buscam colocar informação no meio virtual de
aprendizagem para que exista uma assimilação do aluno a ser abordada em
sala de aula com novas propostas de conhecimento que sejam vinculadas às
experiências já obtidas pelo aluno no AVA e, portanto, criando novas situações
em que o aluno possa participar da criação de caminhos que satisfaçam seus
novos degraus de conhecimento.
O processo de comunicação no meio virtual de ensino deve ter
eficácia. No gráfico 20, está a amostra do que os docentes acreditam sobre o
poder da comunicação pelo portal.
132
Gráfico 20 - A comunicação no meio virtual de ensino.
Fonte: Próprio autor.
As informações sobre a evolução da comunicação, sobre os processos
e elementos da comunicação estão no capítulo I, pois, em qualquer processo
de educação, a comunicação é fundamental para que signos, símbolos, escrita
ou leitura sejam interpretadas, assimiladas e acomodadas. Em um processo
em que o professor propõe conteúdo, o aluno deverá saber interpretar o que é
proposto, portanto a comunicação é fundamental para a construção do
conhecimento.
A participação do aluno no meio virtual de ensino é relevante para que a
abordagem construtivista ocorra. Note, a seguir, no gráfico 19, as observações
dos docentes. 55% dos 25 participantes da pesquisa têm uma participação
efetiva, ou seja, realizam todas as atividades propostas, como chats, fóruns,
assistem aos vídeos, discutem em classe e têm a assimilação e a acomodação
dos conhecimentos propostos, podendo ser utilizados para novas propostas de
conteúdo; 45% utilizam, em 50% das vezes, os docentes notam que esses
alunos entram no AVA, mas estudam apenas o que lhes é interessante, por
133
exemplo, em uma época de prova, quando é colocado o conteúdo que será
abordado, ou ainda para um trabalho valendo nota, que será executado em
classe.
Gráfico 21 - Participação dos alunos no meio virtual de ensino das Faculdades Flamingo
Fonte: Próprio autor.
Essa pergunta é muito pessoal, mas, dependendo da área de ensino,
por exemplo, aquelas voltadas à tecnologia, a participação é fundamental, já
outras, como mecatrônica, nem tanto, depende da proposta do professor.
O gráfico 22 está ligado à satisfação da necessidade do docente em
colocar material no meio virtual da instituição. 75% dos 25 participantes da
pesquisa acreditam mostram-se positivos, porque o AVA contribui para
inserção de materiais que ajudam na construção do conhecimento dos alunos
com suas ferramentas, como textos, vídeos, fóruns e chats e 25%, afirmam
que isso ocorre apenas em 50% das vezes, pois o professor não coloca todo o
material no meio virtual de aprendizagem, ou seja, ele tem que passar a
prática para o aluno ou em laboratório ou nas quadras, por exemplo uma aula
de natação, eles podem passar o conteúdo, mas devem ensinar in loco a
prática.
134
Gráfico 22 - Satisfação das necessidades de inserção de material no meio virtual de ensino.
Fonte: Próprio autor.
A vantagem em se ter a educação a distância está no próprio nome
romper as barreiras de tempo e espaço em lugares diferenciados. E o meio
virtual de aprendizagem é uma forma de propagar essa educação.
O que podemos observar com esta pesquisa é que os professores
utilizam o meio virtual de aprendizagem da instituição Faculdades Flamingo
para poder proporcionar conhecimentos aos alunos de forma híbrida. O
conhecimento aprendido no virtual e assimilado pelos alunos é levado para a
educação presencial, os temas são discutidos, analisados e acomodados pelos
alunos.
Outro ponto importante abordado na pesquisa exploratória é a utilização
da aprendizagem construtivista, em que os professores, dependendo da
disciplina, normalmente nas de caráter não técnico, utilizam o portal como algo
facilitador na proposta de construção do conhecimento para os alunos, seja por
meio de fóruns, de textos, vídeos ou slides, além de chats, para que os alunos
assimilem o conteúdo, trabalhem em classe os conceitos e acomodem o
135
conhecimento para novas propostas futuras de materiais por parte dos
professores, ou seja, novos textos e conteúdos relacionados às disciplinas.
O que a pesquisa exploratória demonstra é que a abordagem
construtivista é utilizada pelos docentes da instituição por meio do AVA, mas
também cabe ao aluno ter interesse em aprender, buscar no ambiente as
informações necessárias para fazer seus elos para construção do
conhecimento.
Por último, cabe mencionar o entendimento do aluno realizado pela
comunicação, que é a maneira com que o professor expõe o seu material e o
seu conteúdo no portal. Assim, podemos concluir que a instituição utiliza o
meio virtual de aprendizagem com abordagem construtivista.
136
CONSIDERAÇÕES FINAIS
A dissertação teve como objetivo o de verificar se os professores das
Faculdades Flamingo utilizavam o AVA como uma forma de proporcionar
informações para o trabalho da abordagem construtivista no meio presencial de
aprendizagem, de forma a colaborar para o trabalho em classe dos conceitos
oferecidos aos alunos no ambiente virtual de aprendizagem.
Para isso, a primeira questão implícita, em uma abordagem
construtivista de aprendizagem, é assimilação por parte do aluno. Portanto, no
primeiro capítulo da dissertação, a preocupação foi buscar elementos que
dessem suporte à comunicação.
Ao tratar de assimilação, a preocupação foi com o que o professor
poderia proporcionar ao aluno e se este teria a capacidade de compreender o
que estava sendo proposto, portanto a comunicação realizada por meio dos
símbolos e signos. Sabe-se que, desde os primórdios da era das cavernas até
a comunicação via mídias e, no caso deste estudo, o AVA, a linguagem é um
meio facilitador para uma compreensão significativa no processo de
aprendizagem.
Flusser (1996) mostra que os textos se transformam em imagens cada
vez mais trabalhadas, levando o indivíduo a compreender o significado dos
objetos e a ter criatividade.
Em uma abordagem construtivista, cuja proposta de ensino-
aprendizagem se dá no meio virtual e presencial, como o que estudamos nesta
dissertação, o material proposto pelo professor no AVA tem o papel de facilitar
essa aprendizagem por favorecer uma assimilação prévia dos conteúdos no
137
meio virtual, para, posteriormente, experimentar ou ainda trocar ideias com o
mediador (professor) no meio presencial e, desta maneira, poder criar novos
caminhos e ações que levem à construção do conhecimento.
Para que ocorra o processo de assimilação, a instituição tem um tutorial
que facilita através da instrução o aluno como entrar no portal (AVA) da
instituição e, por meio deste informativo, facilita ao estudante navegar pelo
meio virtual de aprendizagem. Assim, o aluno consegue identificar as
disciplinas do curso, entrar nos conteúdos oferecidos pelo docente para
estudá-los na sua própria casa e, consequentemente, assimilá-los para debater
em sala de aula, construindo novos padrões de conhecimento sobre os
assuntos disponibilizados pelo docente da disciplina. Nesse processo, existe o
que chamamos de equilibração, em que o aluno tem contato com o conceito,
suas partes e vai criando novas ações de conhecimento, gerando um processo
de acomodação dos conhecimentos.
O AVA deve ter um gerenciamento adequado dos conteúdos
disponibilizados para que os alunos possam levar esses conteúdos para serem
discutidos em sala de aula, mas isso não impede de o docente propor
atividades, inclusive dentro do sistema.
No portal das Faculdades Flamingo, observa-se a preocupação em
colocar espaços para chats, fóruns e um banco de dados para o professor
inserir material. Portanto, o processo de aprendizagem, em uma proposta
construtivista, pode começar já no AVA e terminar na sala de aula como se
fosse uma forma contínua de propiciar a acomodação de conhecimento para os
alunos.
138
No capítulo II, a preocupação foi a de demonstrar como o ambiente
virtual pode ser construído, sua importância para propagar a educação rápida e
motivadora, cheia de informações e capaz de trazer propostas interessantes
em termos de conteúdo a serem oferecidos ao aluno.
No capítulo III o que pode ser percebido é que se o objetivo da
dissertação era o de abordar uma proposta construtivista da educação seria
necessário saber quem foram os precursores desta educação, logo, temos as
teorias da aprendizagem, utilizadas para prover educação aos alunos,
interessante saber as diferenças entre o behaviorismo e teoria construtivista,
porém, a proposta da educação pode começar com aspectos da primeira e
terminar com a segunda, desde que o professor tenha como proposta sugerir
conteúdos que devam ser respondidos como ele espera como resultado, mas
isso não impede que este professor trabalhe as respostas prévias
determinadas como caminhos diferenciados e ações construídas pelo professor
e pelo aluno em classe vão depender de como será disponibilizados estes
dados ao aluno.
Outro aspecto importante abordado nesse capítulo foi o processo de
aprendizagem, enfatizando a abordagem construtivista da educação, que
pressupõe a assimilação por parte do aluno ao receber os conteúdos do
mediador (professor) pelo AVA. Esse conteúdo deve ser levado para a sala de
aula presencial e trabalhado em parceria com o professor a fim de buscar
novos conhecimentos dentro do assunto, propiciando a equilibrarão a partir do
que este aluno já conhecia e, por último, a acomodação desse novo
conhecimento.
139
Conforme Becker (2009, p.35),
A assimilação funciona como um desafio sobre a acomodação a qual
faz originar novas formas de organização. Resumindo, a assimilação
sob o ponto de vista psicológico é um fato primordial, pois, em todos os
domínios, ela se apresenta como a origem e o resultado da
organização.
Temos, ainda, nesse capítulo, a teoria de Ausubel, a da aprendizagem
significativa, que mostra que a aprendizagem se dá pelas relações que o
indivíduo estabelece em um processo interno ao fazer elos de seu
conhecimento com a proposta de novos conteúdos, dando origem a um novo
conhecimento.
Nas abordagens apresentadas, temos a educação por recepção – em
que os conteúdos prévios são disponibilizados de forma arbitrária e acabados
pelo professor - e a educação participativa - em que existem os substantivos e
o aluno trabalha o conteúdo para construir novos conhecimentos, portanto
utiliza elos com o que já está acomodado em sua cognição, faz ligações com o
que é proposto e transforma essa ligação em novos conhecimentos para serem
acomodados, evidenciando uma nova proposta de aprendizagem.
No capítulo IV, a preocupação foi a de demonstrar, pela pesquisa
exploratória, com um questionário de 18 perguntas abertas e uma fechada,
proposto a 25 dos 300 docentes de diversas áreas do conhecimento, nas
Faculdades Flamingo, se os docentes utilizavam a abordagem construtivista da
aprendizagem em seus cursos presenciais com a mediação do AVA.
140
O que pôde ser observado pelos resultados obtidos com o questionário é
que 81% dos professores, de 25 que participaram da pesquisa, sabem o que é
a abordagem construtivista e utilizam essa abordagem em suas aulas
presenciais.
Outro dado importante na pesquisa é que 98% dos 25 docentes da
instituição utilizam o AVA (portal) da faculdade para oferecer material para os
alunos para que trabalhem em classe, valorizando a abordagem construtivista
da educação. Constata-se que 95% dos 25 docentes que participaram da
pesquisa acreditam que a interatividade possibilita uma educação colaborativa
aos alunos pelos meios virtuais de ensino, mostrando que o professor pode
trabalhar com o AVA utilizando a abordagem construtivista, colaborando para a
aprendizagem. Esses professores postam textos, exercícios, propõem fóruns e
chats com os quais o aluno vai assimilar o conteúdo, debatê-lo para tirar suas
dúvidas, acomodar esse conhecimento e continuar o processo de
aprendizagem em outros conteúdos que são colocados no portal
gradativamente. Em paralelo, esses conhecimentos aprendidos no AVA vão ser
utilizados como complemento colaborativo para a educação na sala de aula
presencial.
Os professores buscam colocar informação no meio virtual de
aprendizagem para que exista uma assimilação do aluno das questões a serem
abordadas em sala de aula com novas propostas de conhecimento que sejam
vinculadas às experiências já obtidas pelo aluno no AVA, possibilitando,
portanto, novas situações para que o aluno encontre caminhos que satisfaçam
seus novos degraus de conhecimento.
141
75% dos 25 participantes da pesquisa acreditam que o AVA contribui
para encaminhar propostas de material que ajudam na construção do
conhecimento dos alunos, através de suas ferramentas, como textos, vídeos,
fóruns e chats. Essa proposta de construção se estende ao presencial,
proporcionando conteúdo para que seja discutido, criando novas ações para
construção do conhecimento no presencial, permitindo ao aluno assimilar, fazer
novos elos de conhecimento com o novo conteúdo ao que ele já tem
acomodado, criando, assim, novos caminhos para obter conhecimento pela
abordagem de construção da aprendizagem.
O que podemos observar com esta pesquisa é que os professores
utilizam o meio virtual de aprendizagem, no caso da instituição Faculdades
Flamingo, para poder proporcionar conhecimentos aos alunos de forma híbrida,
pois o conhecimento aprendido no virtual e assimilado pelos alunos é levado
para a educação presencial e ali é discutido, analisado e acomodado pelos
alunos.
O que pode ser verificado é que o AVA das Faculdades Flamingo
mediante os materiais postados pelos professores com uma linguagem e
comunicação adequada proporcionam uma assimilação prévia dos conteúdos
que irão ser discutidos em sala de aula pelo professor e aluno para novas
propostas de caminhos que colaborem para uma proposta da construção do
saber, uma vez acomodado este conhecimento e equilibrado pelo aluno, o
professor deverá propor novos desafios que estimule o aluno a querer aprender
e mais uma vez o processo de construção do conhecimento acontecerá, de
forma a propor uma aprendizagem construtivista significativa e que agregue
cada vez mais conhecimento a equilibração cognitiva do aluno.
142
REFERÊNCIAS
Livros
ALEGRETTI, Sonia Maria Macedo, Diversificando os ambientes de
aprendizagem na formação de professores para o desenvolvimento de uma
nova cultura, 2003.
BASBAUM, Sérgio: O primado da percepção e suas conseqüências nos
ambientes midiáticos. Tese de doutorado em Comunicação e Semiótica. PUC-
SP, 2005.
BECKER, Fernando. O que é construtivismo? Revista de Educação AEC, Brasília, v. 21, n. 83, p. 7-15, abr./jun. 1992. BECKER, Fernando, A epistemologia do professor: o cotidiano da escola, 14ª
Ed. RJ:Vozes, 2009.
CASTILHO, R. Ensino a distância EAD: Interatividade e método, São Paulo:
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Fonte:http://www.mz.usp.br/portugues/ddc/museologia/temporarias/ilustracao/il
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147
ANEXO (QUESTIONÁRIO ELABORADO PARA PESQUISA)
Professor:____________________________________________________________________
Área de ensino:______________________________________________________________
Disciplina:____________________________________________________________________
Esta pesquisa tem caráter exploratório com a intenção de identificar a existência do contrutivismo através da educação nos meios virtuais de ensino, no caso do portal acadêmico das Faculdades Flamingo. O objetivo principal é a obtenção do título de Mestre em Cognição em Semiótica pelo professor Fernando José Lopes na Instituição PUC –SP através de sua dissertação deMestrado.
1 – Você como professor sabe do que se trata o construtivismo?
a) Sim b) Não
________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________________
2 – Em um processo educacional o meio virtual de aprendizagem oferecido pela instituição contribui para um acrescimo educacional construtivista em sua disciplina?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
3 – Você acredita que o construtivismo é possível dentro de um meio virtual de ensino?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
4 – Sua proposta de disponibilização de materiais dentro do meio virtual de ensino disponibilizado pela faculdade tem caráter construtivista?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
5 – Os materiais colocados no portal servem para suporte as aulas presenciais?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes
148
e) Nunca
6 – Estes materiais propostos no meio virtual de ensino agregam valor na educação dos alunos?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
7 – A proposta da virtualidade traz novas maneiras de construção do saber para os alunos do curso?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
8 – No portal você utiliza diversas formas de materiais, como textos, vídeos, figuras etc?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
9 – Existe uma evolução da educação através do material sugerido e colocado no meio virtual de aprendizagem da faculdade?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
10 – Você espera que o aluno agregue valor de conhecimento educacional quando propõe material no meio virtual de ensino disponibilizado pela faculdade?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
11 – Ao disponibilizar o material no portal você espera que os alunos tenham uma evolução educacional condicionada?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
149
12 – Seus alunos apenas recebem o material e imprimem para ser discutido em sala de aula?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
13 – Seus alunos interagem de alguma maneira dentro do proposto por você no meio virtual de ensino da instituição?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
14 – Você acredita que a interatividade representa a vida para os ambientes virtuais de aprendizagem, pois possibilita o aprendizado colaborativo, na sua disciplina é possível esta interação entre os alunos através do meio virtual de ensino utilizado na faculdade?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
15 – Você como docente acredita que existe um processo de aprendizagem construtivista com o material proposto no meio virtual deensino da faculdade?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
16 – O aluno tem um entendimento adequado em termos de um processo de comunicação dentro do meio virtual de ensino (proposta colocada no virtual).
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
17 – Seus alunos participam de ações dentro do meio virtual de aprendizagem como leitura de texto, debates on line, resenha de filmes etc.
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
150
18 – O meio virtual de ensino da instituição satisfaz sua necessidade em relação aos conteúdos abordados novirtual?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
19 – O processo de comunicação oferecido pelo meio virtual de ensino está adequado quanto a proporcionar construtivismo e educação aos alunos?
a) Sempre; b) Na maioria das vezes c) Às vezes d) Poucas vezes e) Nunca
20 – O que você sugere como melhoria para o meio virtual de ensino da instituição? Se é que este precisa ser melhorado.
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