Post on 07-Apr-2016
poemethosadroaldo bauer
Porto Alegre – Outono de 2008
Não me penso modesto,Apenas verso sem ser prosa
Da inconstância para o amor
Se fácil fosse ao marem lasso repouso estar,
se deixasse o pereneir e constante voltar,
a areia fria o recebesseem quente calmaria,existiriam a paixão
ou então o terno amor?
Encanta a sereiaTraz-me a brisa o eco de um canto.
Na areia, arrolhada resta a mensagem.
Deliro, conheço apenas uma sereia.
Lua ensolaradaNa ponta dos dedos sinto tua aura
amadaa alma nua de lua iluminada, e
ensolarada.
Eu e tu, sem espelhosSe me vês,
sei que estou em frente a ti.E assim também te vejo,
o olho em mim.
Se em silêncio me ouves,também te ouvi.
Aprendendo a ler e amandoEu ainda saberei ler
E um dia poderei te dizerO que tantas tuas letras
em mar revolto disseram-meQue em ondas me arrebataram
Um sol que lavaGuardas do solum brilho tal
que lava a alma
Quando um é o outroHá só uma humanidade
Há ou não a luzA alma é que seduz
CompactoO poeta já disse:
nada mais compactoé do que o vazio é
Ferido de amoramarrei-me
ameirasguei-me
Outonal querênciaAs folhas loucas
em balé dos elementosbraseiros acalentam
Jogam o juízo ao vento... Outono
A lua me diz de flores e fantasias, cores, brilho e perfumes.
Então, a lua me diz assim, sem segredo, tudo que sei de ti.
O coração do poemaE porque amamos é que seguimos
renascendoa cada verso, morrendo a cada antevisãoeis que o problema não está no poema,o problema, adivinho, está no coração.
ProcuraA dor de não encontrar,tanta terra e tanto mar,nem abraço, nem porto
para meus ais...onde o cais?
AmargoBissetrizes bissextasSonho entre frestas
Não é o mate amargoÉ o tanto que morro.
Porque sempre amareiEspero quem não virá;desespero do que fui.
Nu e cru, um fio de navalhaEm essência, remanesce o aroma da presença
tua.Passo a passo na linha, uma alma desalinhada,
nua.Enredado em teus cabelos, um fio de navalha,
crua.
A poesia deseja ardenteO querer indizível é das castas criaturas,
e não existem adultas.A poesia deseja ardente, profundo ensejo:
o leito do poema.
Setas em brasa no coraçãoEmbora sinceros de quem se vai,
Conselhos são, quando resta a paixão,setas em brasa no coração.
Da cor, da flor, do amorA mulher amada envia floresO poeta enlouquece, lindas,ambas, que são, alma e cor.
Curupira apaixonadoO curupira apaixonado, a si próprio
enfeitiça:Faz das próprias pegadas paisagem, uma
vista.
MestiçagemDoce mescla matinalleite branco virginalcafé preto ao natural
Pensando carnavalValete penando
Dama em Dia de ReisColombina serpenteando púrpura
Pierrô amarga rubroArlequim, palhaço, ri.
SaudadesArfa o peito em solidão tamanha
A lembrança já não é tanta, acalenta;mas a dor não mais espanta.
Na descendente do plano inclinado
É já o limiar dessa minha transversal do amor
o pensamento oblíquo imensa dor há causado
A pedra rolante na descendente desse plano
É a parte inda viva do coração despedaçado
nós de nósDesatento de nósEu te vi enleada
Novelo desenroladoNovela inacabada
De bronzeTorpor matinalAngélico sinal
Solfa 2A festa que teu riso lindo em mim faz
deixa-me lasso, náufrago salvo em paz.
Solfa 4 - De amar o vôoAlbatroz rasante voaPela alva luz cegado
Revolta contra a rochaRevoluta, volta ao mar
O teu beijoÉ indelével a tinta que usa,traçando iluminuras no céuda boca e na própria alma
O brilho a Lua emprestasEmprestas beleza a LuaE o próprio brilho à auradela flui da tua iluminura
PoemethosFicha Técnica
Poemas: Adroaldo Bauer Ilustração e montagem: Adroaldo B. S.
CorrêaTrilha: Choro para o maestro, de
Ricardo Mansur Mansur - violão base e solo
Kim Pereira - loop de bateria
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