Poemas da meia-noite (e do meio-dia) - EditoraMoinhos · Poesia 2. Poesia Brasileira I. Título...

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Poemas da meia-noite(e do meio-dia)

Poemas da meia-noite(e do meio-dia)

William Soares dos santos

© Moinhos, 2017.© William Soares dos Santos, 2017.

Edição:Camila Araujo & Nathan Matos

Revisão:LiteraturaBr Editorial

Diagramação e Projeto Gráfico:LiteraturaBr Editorial

Ilustração da Capa:William Soares dos Santos

Capa:LiteraturaBr Editorial

1ª edição, Belo Horizonte, 2017.

Nesta edição, respeitou-se o novo Acordo Ortográfico da Língua Portuguesa.

S237pDos Santos, William Soares | poemas da meia-noite (e do meio-dia)

ISBN 978-85-92579-47-0CDD 869.91Índices para catálogo sistemático1. Poesia 2. Poesia Brasileira I. Título

Belo Horizonte: Editora Moinhos 2017 | 208 p.

Todos os direitos desta edição reservados à Editora MoinhosRua João Antônio Cardoso, 46/501Ouro Preto - Belo HorizonteMinas Gerais - CEP 31310 390editoramoinhos.com.br editoramoinhos@gmail.com

Sumário

Danças das esferasSó há sol, 14Horizontes, 15A vida, 16Big Bang, 17Neutrinos, 18Quando a vida, 19Mitocôndria, 20A água (ou o paradigma de Tales), 21O princípio (depois de Anaximandro), 22Indeterminado, 23A princesa azul, 24Cada ser, 25Processos, 26Corrente, 27Prometeu no inferno, 28A carne dos homens, 29Como pode, 30No túmulo de Anúbis, 31Dúvida, 32Sustentar o universo, 33

Meia-noiteSempre me deito, 36Canção, 37Desalinho, 39Os elefantes, 40Infelicidade clandestina, 42Lira, 44Redemoinho, 45Soneto (depois de Petrarca e Camões), 47O genitor e seu destino, 48

Laranjeiras, 50A dança, 51Cometa , 54Procura, 55Quando a madrugada, 56Fé, 57Vinho, 58À hora dos zelos, 59Somente a dor, 60Aço, 61É madrugada, 62Teoria das reverberações, 63Food selfy ou selfy food, 64Alta torre, 65Desagrego, 66Roubo, 67Não quero, 68Não sei por quanto tempo, 69Porque o suspiro, 70O que nos leva?, 71O tempo fez de nós, 72Há uma febre, 73Súplica, 74

AlvoradaDescortinando a manhã, 78Meu coração, 79Café, 80Augusta manhã, 81Lírio, 82Clareza, 83Amanhecer I, 84Amanhecer II, 85Amanhecer III, 86

A fonte, 87Tesla, 88As iluminações, 89Manhã (depois de Ungaretti), 90

Meio-dia ou manhãs sem sol...Manhãs sem sol, 94A tristeza dos dias claros, 95Acordo-me estrangeiro, 96Falta, 97Até que quis, 98O único alimento, 99A forma do vento, 100Tardes inteiras, 101O tempo, 102Ácido celeste, 103Carpideiras da manhã, 104Uma vida, 105Quando partes, 107Não deveríamos, 108O sol, 109A hora precisa, 110Na face antecipada do dia, 111O som das águas, 112Somente agora, 113Um sopro, 115Um anjo soprou em minha alma, 116

Três poesias do desvioBalada das águas mortas do Rio Doce , 120Ser mulher, 126Minha pátria, 129

Tecer palavrasTessitura, 132Desfolhar (depois de Juan Ramón Jiménez), 133A poesia exige I, 134A poesia exige II, 137Os que cansam, 139Romanillos, 141Libertação, 143

Ecos ÍntimosAdélia Prado, 148Adriano Espínola, 149Alberto Pucheu, 150Ana C., 152Antonio Carlos Secchin, 154Ascenço Ferreira, 155Baudelaire, 157Carlos Drummond, 158Carlos Nejar, 160Cecília Meireles, 161(Em busca de) Dante Alighieri, 162Dino Campana, 164Dylan Thomas, 165Emily Dickinson, 166Eugenio Montale, 167Fernando Pessoa, 168Georg Trakl, 169Geraldo Carneiro, 170Gérard de Nerval, 172Giacomo Leopardi, 173Giorgios Seferiades, 174Giuseppe Ungaretti, 176Gullar, 177Helena Parente, 178

Homero, 179Jean Arthur Rimbaud, 181João Cabral de Melo Neto, 182John Donne, 183José Régio, 184Khliébnikov, 185Konstantinos Kavafis, 187Lautréamont, Conde de (Isidore Lucien Ducasse), 188Maiakovski, 189Manuel Bandeira, 191Manuel de Barros, 192Marco Lucchesi, 193Paul Valéry, 195Reiner Maria Rilke, 196Salvatore Quasimodo, 197Stéphane Mallarmé, 198Walt Whitman, 200William Butler Yeats, 201William Wordsworth, 202

Agradecimentos, 205Figuras, 206

O poesia poesia poesia

O poesia poesia poesiaSorgi, sorgi, sorgiSu dalla febbre elettrica del selciato notturno.Sfrenati dalle elastiche silhouttes equivocheGuizza nello scatto e nell'urlo improvvisoSopra l'anonima fucileria monotonaDelle voci instancabili come i fluttiStride la troia perversa al quadrivioPoiché l'elegantone le rubò il cagnolinoSaltella una cocotte cavallettaDa un marciapiede a un altro tutta verdeE scortica le mie midolla il raschio ferrigno del tramSilenzio — un gesto fulmineoHa generato una pioggia di stelleDa un fianco che piega e rovina sotto il colpo prestigiosoIn un mantello di sangue vellutato occhieggianteSilenzio ancora. Commenta seccoE sordo un revolver che annunciaE chiude un altro destino.(...)

Oh, poesia, poesia poesia

Oh, poesia, poesia, poesiaSurges, surges, surgesAcima da febre elétrica do pavimentonoturno.Desenfreada pelas silhuetas elásticas equívocasBrilha no disparar e no grito repentinoSobre os fuzis anônimos e monótonosDas vozes incansáveis como as ondasRange a prostituta perversa nas encruzilhadasPorque o vaidoso lhe roubou o cachorrinhoSalta um gafanhoto coqueteDe uma calçada para outra todo verdeE esfola a minha medula o ranger do férreo bondeSilêncio — um gesto fulminanteGerou uma chuva de estrelasEm um lado que se dobra e corrói sob o golpe prestigiosoEm um manto de sangue aveludado brilhanteSilêncio ainda. Comenta consigoE surdo um revólver que anunciaE fecha um outro destino.(...)

Dino Campana (1885 -1932)In: Poemi Orfici. Tipografia F. Ravagli: Marradi, 1914.Tradução William Soares dos Santos

ParaHelena Parente Cunha,

magister de excelsos versos

dança das esferas

14

Só há sol

Só há solem intervalosde sistemasque dançam.

Só há vidaem sistemascujo solsoube bailar,

em harmonias de distânciascom planetas,

a celestiale sempiterna

dança das esferas.

15

Horizontes

Horizontesimensosnos quais o limiar do marse perdeem pleno caos.

Em meio adesassossegossem fim,

a terra se aqueceno silêncio.

16

A vida

A vida,um processoentre energiaemovimento

entre sonharmosesermos sonhados

entrepoeira cósmicae pensarmos.

17

Big Bang

Se a energianão pode sercriada,nem destruída,isso significaque a alma éa nossa formaenergéticaemcaminhareterno?

Onde eu estava no Big Bang?