Post on 23-Nov-2018
II CONINTER – Congresso Internacional Interdisciplinar em Sociais e Humanidades
Belo Horizonte, de 8 a 11 de outubro de 2013
POBREZA E DISCRIMINAÇÃO: A FESTA DE AGOSTO E O LAZER DE HOMENS, NEGROS, VELHOS E CATOPÊS NA CIDADE DE MONTES
CLAROS-MG
BRITO, ÂNGELA ERNESTINA CARDOSO DE (1); RODRIGUES, SARA VELOSO (2).
1. Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES. Departamento de Política e Ciências
Sociais. Curso de Serviço Social. angelafro@yahoo.com.br
2. Universidade Estadual de Montes Claros-UNIMONTES. Departamento de Política e Ciências
Sociais. Curso de Serviço Social saravelosog1@yahoo.com.br
RESUMO A pesquisa visa resgatar a memória de homens, negros, idosos, integrantes do grupo catopês e participantes da “Festa de Agosto”, na cidade de Montes Claros-MG. Expõe os processos de construção da identidade assim como os conflitos, ambiguidades e absorções sofridas pelo grupo na dinâmica social. Desvendar o processo de construção da identidade é explicitar seus conflitos, seus estigmas e preconceito racial sofrido pelo grupo nas relações que vão estabelecendo nas poderosas redes de sociabilidade. Entendemos que esse tipo de sociabilidade, tem sido praticamente ignorado pela nossa historiografia. A compreensão dos papéis desempenhados por esses homens, negros e idosos, integrantes dos catopês é de fundamental importância para compreendermos a dinâmica da realidade vivenciada por eles e, que foge completamente aos padrões explicativos de desenvolvimento. Apontamos então, que, os velhos negros, são sujeitos que se destacam na comunidade montesclarense, fortalecendo seus elos, preservando e divulgando os valores culturais do grupo. Esta investigação vem confirmar o que temos buscado demonstrar, qual seja a participação na Festa de Agosto está fortemente associada à noção de identidade, aonde os indivíduos vão imprimindo suas marcas e estabelecendo a sua diferença.
Palavras-chave: Memória. Velhice. Identidade Cultural. Preconceito Racial.
INTRODUÇÃO
Em função das investigações que estamos realizando em torno de questões sobre as
relações raciais em famílias negras e inter-raciais, e na medida em que, em relação ao
racismo, preconceito e discriminação, havíamos nos limitado a analisar o significado do
racismo no âmbito do espaço familiar, verificamos a necessidade de investigar a velhice dos
afrodescendentes, uma vez que são discriminados por serem negros e também por serem
idosos.
A pesquisa vem acontecendo na cidade de Montes Claros por entender ser possível a partir
daí avançar no conhecimento de problemas relativos à velhice dos quilombolas no Brasil.
Os integrantes dos Catopês que envelheceram são os personagens escolhidos1, isso porque
são negros e residem na cidade de Montes Claros. Embora no âmbito das Ciências Sociais
tenha sido de grande relevância os estudos sobre o universo caipira, não conhecemos
pesquisas que tenham se debruçado sobre a velhice dos catopês, negros e idosos
especialmente na região em que nos propomos a estudar, daqueles que pertencem a esse
“mundo”.
Optamos pela historia de vida, porque compreendemos que “a maneira espontânea de um
entrevistado falar em uma pesquisa é através de uma pessoa. A maneira natural de uma
pessoa explicar alguma coisa é através de uma historia de vida, ou através de um fragmento
de relações entre sua própria e aquilo que responde” (BRANDÃO, 1984, p.117). Há que se
observar que as historias de vida não podem falar por si mesmas, isto é, não podem ser
compreendidas e analisadas de forma descontextualizada. No caso do objetivo de estudo em
questão, a velhice de velhos catopês não poderá ser tratada como particularidade do seu
modo de vida. Assim escolhemos três homens idosos, participantes e líderes dos catopês
para realizar a pesquisa. As histórias de vida já foram coletadas.
Paralelamente a coleta das histórias de vida, usamos como métodos a ficha de informante –
ou de identificação - contém dados pessoais dos entrevistados. Nestas fichas coletamos
dados objetivos de todos os integrantes dos catopês, velhos, adultos e crianças. Os registros
desses dados foram imprescindíveis para a obtenção de informações que estão possibilitando
diferenciar internamente os entrevistados e verificar em que medida as diferenciações têm
significado no universo das suas representações. “A ficha do informante não mero deposito
das informações individuais: ela tem um sentido coletivo dentro da pesquisa, de onde sua
importância” (QUEIROZ, 1983, P. 53). A ficha de identificação foi uma forma de socialização
1 Pesquisa submetida ao Comitê de Ética da Universidade estadual de Montes Claros- Unimontes/MG. Parecer
142/2011.
entre pesquisadores e sujeitos da pesquisa como também essencial para conhecermos
internamente e cada membro dos integrantes dos catopês, como idade, tempo de
participação, profissão, saúde etc.
Num terceiro momento realizamos pesquisa no acervo documental da Unimontes, no período
de dezoito de março ao dia vinte e dois de março de 2013. E no acervo documental do
jornalista Américo Martins, no período de onze a dezessete de abril de 2013. Em busca de
reportagens que mencionava a Festa de Agosto da cidade.
Neste momento estamos realizando novas pesquisas. Visitamos os ensaios dos Catopês,
onde coletamos dados referentes ao perfil socioeconômico de todos os integrantes dos três
ternos: Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino Espirito Santo. Posteriormente
estaremos realizando as analises dos jornais que foram fotografados, arquivados e
processando as informações sobre o perfil dos integrantes.
CATOPÊS: CULTURA E IDENTIDADE
Constitui objetivo desta investigação: analisar a velhice dos integrantes do grupo Catopês,
diferenciados de outros grupos de idosos despossuídos dessas localidades no Estado de
Minas Gerais, uma vez que participaram ou participam da “Festa de Agosto”. O objeto foi
abordado tendo em vista os seguintes objetivos: “ouvir e dar voz na pesquisa àqueles idosos
que vivem a experiência concreta de participarem da Festa de Agosto como integrantes dos
Catopês; avaliar o significado da experiência dos integrantes dos Catopês, no âmbito das
relações sociais que mantém com iniciantes e demais participantes da Festa de Agosto;
conhecer as formas de preenchimento do tempo livre dos idosos, avaliando o lugar da festa e
do lazer na trajetória de suas vidas; Identificar as representações que orientam as suas
práticas cotidianas; verificar como adaptam, resistem ou sobrevivem na última etapa da vida
assim como percebem e enfrentaram o preconceito e a descriminação racial nos diferentes
espaços sociais”.
Cumpre esclarecer os pressupostos teóricos que embasaram as reflexões sobre os mesmos.
Marilena Chauí aborda a Cultura Popular não “como outra cultura dominante, mas como algo
que se efetua por dentro dessa mesma cultura, ainda que para resistir a ela” (CHAUI, 1986,
p.24).
A Cultura Popular não é tratada pela autora pelo ângulo de uma totalidade que se põe
antagonicamente à totalidade dominante, mas como,
Um conjunto disperso de praticas, representações e formas de
consciência que possuem lógica própria (o jogo interno de conformismo,
do inconformismo e da resistência), distingui-se da cultura dominante
exatamente por essa lógica de práticas, representações e formas de
consciência (CHAUI,1986, p. 25).
Assim as práticas e concepções dos personagens estudados não estão isentas da ideologia
dominante, resultado da dominação e do conflito inerentes à sociedade de classes brasileira.
São manifestações diferenciadas que se realizam “no interior de uma sociedade que é a
mesma para todos”, porém dotadas “de sentimentos e finalidades diferentes para cada uma
das classes sociais” (CHAUI, 1986, p.24), isto é, manifestações que possuem uma lógica
própria.
Em outras palavras, da mesma forma como refutamos a visão gerontologica que,
universalizando a velhice, acena com um modelo homogeneizado, tampouco aceitamos a
ideia de que a forma como a velhice é vivida e pensada pelos idosos a serem investigados
esteja imune à cultura dominante. Práticas e concepções impregnadas pela cultura dominante
são interiorizadas e reproduzidas, mas também são transformadas, recusadas ou afastadas
“implícita ou explicitamente” – conforme Chauí - , daí a lógica interna própria, a lógica do
conformismo, do inconformismo e da resistência.
Já para (Edward Said, 1995) a cultura é representada como,
[...] algo híbrido (no sentido complexo que Homi Bhabha atribui à palavra)
e emaranhado ou entrelaçado, sobreposto, com elementos habitualmente
considerados estranhos - tal me parece ser a idéia essencial para a
realidade revolucionária de hoje, na qual as lutas do mundo secular dão
forma, de maneira muito instigante, aos textos que lemos e escrevemos.
Não podemos mais aceitar concepções da história [...] ou pressupostos
geográficos e territoriais que atribuam posição central ao mundo atlântico
e posição periférica congênita, e até criminosa, às regiões não ocidentais
(SAID, 1995 p. 389).
Não se trata, também, de exaltar o aspecto imediato e o sentido que os negros catopês idosos
atribuem às suas práticas, é preciso compreendê-los em sua conexão com os conflitos e as
condições de exploração a que são submetidos. Especialmente no caso de negros idosos
essas condições são mais acentuadas e os conflitos, preconceito e discriminação racial mais
agudo. Portanto, este estudo se prende à complexidade e contraditoriedade do conteúdo da
vida cotidiana, totalidade que comporta as relações sociais, raciais, o processo identitário, a
identidade, a dominação, a alienação, o imaginário, o público, o privado, a territorialidade, a
resistência e a possibilidade transformadora.
Para (Hall, 1999) a Identidade poderá retornar às suas raízes ou desaparecer através da
assimilação e da homogeneização, mas há outra possibilidade, a da tradução que, segundo
Hall,
Descreve aquelas formações de identidade que atravessam e intersectam
as fronteiras naturais, compostas por pessoas que foram dispersadas para
sempre de sua terra natal. Essas pessoas retêm fortes vínculos com seus
lugares de origem e suas tradições, mas sem a ilusão de um retorno ao
passado (p.88).
Há uma negociação com as novas culturas para que não haja uma assimilação total e a perda
completa da identidade. Mantêm-se os traços das culturas, tradições, linguagens e histórias
particulares, que jamais serão unificadas, porque se construíram como produto de várias
histórias e culturas cruzadas, ou culturas híbridas, nascidas da renúncia da ideia de pureza
cultural ou de absolutismo étnico,
Mais precisamente, hoje, não se sabe viver apenas sabe-se, depois de ter
vivido, como se viveu. E que amargura nessa consciência infeliz
(LEFEBVRE, 1958, p. 207-8).
A associação entre espaço e identidade cultural serve de referência básica aos grupos
marginalizados e discriminados. A participação na Festa de Agosto significa para os negros
catopês luta pelo espaço. Esses grupos, briga pelo reconhecimento a sua própria existência,
imprimindo nele as suas marcas, sua identidade, seus desejos, sua história. Assim, a ideia de
território está estreitamente ligada à questão da identidade. A Festa demarca um espaço, o
grupo está estabelecendo a sua diferença em relação aos outros (SODRÉ, 1988). Há vínculos
de afetividade entre os sujeitos que compõe o grupo.
A escolha dos integrantes dos Catopês, já bastante idosos e negros como sujeitos a serem
investigados, deve-se ao fato de que sua condição de trabalhadores, muitas vezes
submetidos a subemprego, com suas lembranças do passado, as músicas por eles cantadas2,
as formas como ocuparam e ocupam o tempo livre, as manifestações do racismo, da exclusão
e da discriminação racial. O significado da Festa de Agosto em suas vidas abrem espaços
para o conhecimento da velhice de personagens que vivem num universo de relações raciais
e econômicas muito especificas. Além disso, representam o único grupo da festa de Agosto,
2 Assim como José de Souza Martins, entendemos ser possível fazer “uma sociologia de relações sociais que têm
a música como instrumento de mediação ou como resultado” (MARTINS, 1975, p. 103).
na cidade de Montes Claros, que preserva, em suas manifestações, elementos africanos e
que foram incorporados em nosso cotidiano, também introduziram novos hábitos, novos
costumes e valores que influenciaram a cultura montesclarense.
Eles poderão ser alguns dos poucos representantes vivos em uma cultura de desarticulação.
Se a festa de Agosto virou espetáculo, se as formas de lazer estão sendo substituídas por
outros, açambarcadas pelo reino da mercadoria, o que restou do estilo do passado, uma vez
compreendermos a cultura caipira como um “estilo no seio da miséria e da opressão”?
(LEFEBRE, 1991, p. 45). Se a obra desapareceu – ou quase desapareceu- substituída que
fora pelo produto, como vivem no final desse século os integrantes dos catopês que, de
personagens, viveram coadjuvantes? O que foram sendo e deixaram de ser na trajetória de
sua existência, marcada pelo racismo e trabalho rural ou sub trabalho? Como se constituíram
como quilombolas? Como sobrevivem na velhice? Quais foram às ocupações de tempo livre
no passado? E no presente? De que maneira a identidade é manifestada?
Algumas considerações sobre o mundo caipira precisam ser feitas.
Assentada num cotidiano marcado por mínimos vitais e sociais, a cultura caipira
disseminou-se em regiões de São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso e Paraná. Antônio
Cândido aponta como características dessa cultura: o isolamento, a posse de terra, o trabalho
domestico, o auxilio vacinal, a disponibilidade de terras e a margem de lazer (CANDIDO,
1975). Diferentemente para (MARTINS, 1975), “são as relações econômicas aquelas pelas
quais concretamente se determina o mundo caipira.” O Autor explica que essas relações
econômicas não podem ser confundidas com as típicas relações de mercado, uma vez que “a
mercadoria da sociedade caipira é o excedente, e a sue economia é a economia do
excedente, que engendra a sociedade e a cultura do excedente” (MARTINS, 1975, p.106). A
vida material, social e cultural do caipira é marcada pela exploração. Longe de estar à margem
do “mundo” sua vida é, na realidade, assim medida,
pelos resultados acumulados da atividade ‘fora’ da economia do
excedente. (...) O excedente procede de uma exclusão integrativa do
caipira na sociedade capitalista: justamente porque não produzido como
mercadoria, não implica necessariamente na interdependência e nas
relações implícitas na divisão social do trabalho, mas porque é
demandado como mercadoria necessária, sob essa forma de produção
sem custos, especialmente monetária (MARTINS, 1975, p.107).
Procurando ressaltar os significados das contribuições de Martins e destacar os perigos que
representam as análises que desconsideram as relações econômicas, vale consignar que
Robert W. Shirley, referindo-se aos habitantes da zona rural de Cunha - SP. Aponta o êxodo
rural como possibilidade aberta para a superação do nível de vida “próximo da subsistência”
(SHIRLEY, 1977). Observamos que esta interpretação, além de não apreender a lógica
explicativa da expulsão ou da permanência do homem rural, apresenta uma visão
estereotipada do caipira.
Não é possível separar o lazer do trabalho. É necessário que concebamos a unidade
“trabalho-lazer”, como explica Lefebvre (LEFEBVRE, 1958). Lembremos, ainda, que o “ciclo
do cotidiano” do caipira é marcado pelo “ciclo da natureza” e pelo “ciclo das comemorações
litúrgicas do catolicismo”. “As regularidades da natureza e as regularidades da religião
combinam-se em função do trabalho rural, da atividade humana sobre a natureza” (MARTINS,
1975, p.108).
Os negros catopês incorporam grande parte do trabalho informal, construindo redes de
sociabilidade. Marginalizadas da sociedade global, destituídos de cidadania e de identidade,
elas criam novos canais de comunicação sócio-política na medida em que participam da Festa
de Agosto, ganham visibilidade e aceitação social. Esse tipo de sociabilidade e visibilidade
baseia-se em papéis, muitas vezes improvisados, esses papéis sociais são de fundamental
importância para compreendermos a dinâmica dessa realidade que foge completamente aos
padrões explicativos de desenvolvimento formais.
No universo da ideologia, a velhice é pensada exclusivamente como etapa natural do ciclo
biológico da vida, como momento inexoráveis da existência, a que todos estão virtual e
igualmente expostos, como fenômeno independente do modo pelo qual a sociedade
capitalista explora a força de trabalho, condenando o trabalhador não apenas a uma
antecipação do processo de depreciação natural de sua capacidade de labor, mas antes de
tudo, a uma depreciação social que afeta o conjunto da classe trabalhadora. Por isto, a
característica fundamental da ideologia da velhice repousa em sua a - historicidade, em
ocultar e descobrir os diferentes modos de viver, sofrer e suportar a velhice (HADDAD, 1986).
Os estudos referentes a questões ligadas à velhice no Brasil, assim como os realizados em
outros países, apontam as alternativas que vem sendo propostas para amenizar os dramas
enfrentados pelos idosos. Dentre as propostas construídas, ganharam visibilidade em nosso
país os programas voltados para o “envelhecimento sem velhice”, fundamentados na doutrina
da integração social, que, por sua vez, se apoia em princípios importantes da Gerontologia
Social.
A partir de pesquisa realizada por (HADDAD, 1986) foi possível concluir que o saber
gerontológico: 1º) se funda numa nova natureza de velhice, ativa e participante,
universalizando-a; - difunde a crença de que a realidade vivida pelo homem no final de sua
vida poderá ser alterada com a ação de “ciência”, das instituições sociais, do estado e do
próprio idoso; 2º) passa a ter um sentido messiânico: através da ação conjunta dos
“esclarecimentos”, pretende anular a discriminação, a solidão, a depressão, contando coma
educação libertária; 3º) propõe um “modelo” a ser utilizado igualmente por todos os idosos
para relacionarem-se com os outros homens e sua vida.
Em outros termos, a referida pesquisa permite inferir que o saber gerontológico, seduzido pelo
culto ao cientificismo, produz um discurso fetichista sobre a velhice, post que suas
“representações misteriosas” encobrem a produção social da velhice trágica (HADDAD,
1986).
Anne-Marie Guillemard aprofundou-se na análise das influências exercidas pela gerontologia
e, mais particularmente, pela corrente gerontologica ativista. Ela destaca na produção da
política da velhice na França o adultocentrismo e a psicologização.
Em primeiro lugar, a gerontologia social, em virtude dos seus pressupostos, contribuiu para
uma naturalização da velhice. Considerando somente o que a população idosa,
exclusivamente os negros idosos tem em comum – a idade, a “cor da pele”, entendendo cor
como categoria nativa e a condição de não inserção em atividades consideradas produtivas
na sociabilidade capitalista - a gerontologia social ignora que este grupo geracional está
dividido em classes sociais e, sobretudo em raça. “Consequentemente, ela elabora, de
maneira continua, uma representação unificada do mundo da velhice, na qual ela tenta
reencontrar todas as qualidades substanciais consideradas como constitutivas de sua
“natureza”” (GUILLERMARD, 1930, p.83).
Em segundo lugar, a corrente gerontologica ativista inspira diretamente a nova representação
da velhice que fundamenta a política de integração. Essa corrente associa o nível de
satisfação na velhice com o engajamento no sistema social. A teoria ativista é denominada
“adultocêntrica”, na medida em que considera o envelhecimento bem sucedido com aquele
que mais se aproxima das “normas da idade adulta”. “Bem envelhecer, corresponde, nesta
perspectiva, conservar durante o maior tempo possível o nível da atividade da idade madura”
(GUILLEMARD, 1980, p.34). Um dos ensinamentos da análise ativista é, pois, a arte de
envelhecer. Por conseguinte, nesta perspectiva, a prevenção do envelhecimento poderá
ocorrer de forma simples e eficaz, através da difusão e assimilação dos princípios do bom
envelhecimento.
DOS DIFERENTES MODOS DE VIVER, SOFRER E SUPORTAR A
VELHICE AO MITO REDUTOR E A SUBMISSÃO À ORDEM
DOMINANTE ATIVA
A gerontologia tem exercido o papel de “mito redutor”. “Ela reconstruiu a realidade da velhice
de tal maneira que sufocou sua voz para submete-la à ordem dominante ativa”
(GUILLEMARD, 1930, p. 85).
Segundo Guillemard, a gerontologia, particularmente a corrente gerontologica ativista,
privilegia em suas análises os fatores psicológicos e psico-sociológicos. Na medida em que o
êxito do envelhecimento depende das características pessoais, o fracasso é explicado pelas
deficiências de interesse do individuo singular.
A desconsideração dos determinantes sociais, associadas à existência de uma filosofia
voluntarista, acaba desembocando numa postura de culpabilidade da vitima.
O diagnóstico da situação dos velhos aparece ligado aos problemas decorrentes do
desenvolvimento; apela para os efeitos da industrialização e da urbanização para as
transformações na família, para o conflito de gerações, problemas culturais, especialmente os
problemas raciais que pouco são pesquisado. Portanto, tudo se passa como se a política da
integração fosse capaz de colocar fim à vulnerabilidade particular dos idosos. Tomando os
efeitos pelas causas, a política de integração acena com a intervenção no modo de vida, a fim
de “reinserir” os idosos na sociedade.
Estudos realizados por Haddad demonstram, além da preocupação com um novo modo de
vida, o conflito entre a nova forma de integração (pública e privada) na “problemática da
velhice” e as reivindicações dos aposentados e pensionistas, materializadas no Movimento
que tomou vulto nestes últimos anos.
De fato, ao longo das últimas décadas, as condições objetivas de vida dos idosos se
deterioraram violentamente, o que pode ser constatado pela brutal defasagem dos proventos
dos aposentados.
A doutrina da integração motiva os idosos a novas atividades, novos movimentos, novas
ocupações, etc. Mas não as desperta para a necessidade de luta contra as causas da velhice
trágica. Enfim, nos princípios doutrinários se escondem as relações sociais mediadas pela
mercadoria. O Movimento de Aposentados e Pensionistas é desqualificado na sociedade
brasileira pelos defensores da nova moral que fundamenta a intervenção na velhice,
buscando, assim, despolitizar as reivindicações e impedir que ele desvende a problemática
que envolve o fim da vida (HADDAD, 1993).
A FESTA DE AGOSTO, A RELIGIOSIDADE E SUBJETIVAÇÃO.
A Festa de Agosto se originou em 1839, há quase duzentos anos, é marcada pela realização
de uma festividade que homenageia Nossa Senhora do Rosário, São Benedito e Divino
Espírito Santo. Durante a realização desta festa acontecem missas, bênçãos e levantamentos
de mastros que são práticas religiosas. Acontece também apresentação de Marujadas,
Caboclinhos ou Cabocladas e Catopês. A festa, com o passar dos anos, adquiriu novas
facetas, resinificando-se enquanto “acontecimento”, mas mantendo-se “viva” (ZUBA &
ANDRADE, 2004, p.114).
Embora o Congado de Montes Claros seja representado pelos grupos de Catopês, Marujos e
Caboclinhos, destacaremos aqui a dança dos Catopês, tradição de origem africana
incorporada por nossa cultura. Daí o motivo de nossa escolha em aprofundar os
conhecimentos sobre esse grupo específico dentro da Festa de Agosto, também por ser uma
das mais importantes manifestações afro-brasileiras do Estado de Minas Gerais.
(ZUBA & ANDRADE, 2004, p.114), referindo-se aos catopês ressaltam: “os catopês também
conhecidos como Dançantes, é a mesma Congada de outros lugares, tendo, porém,
características regionais. Dançam em homenagem a Nossa Senhora do Rosário e São
Benedito”. Já (Queiroz, 2003) enfatiza que o Congado, uma das mais fortes e importantes
manifestações da cultura afro-brasileira em Minas Gerais, “mescla tradições africanas com
elementos de bailados e representações populares luso-espanholas e indígenas”.
Os Catopês se compõem somente por homens e se agrupam em ternos, sendo considerados
os donos da festa, uma vez que é de sua obrigação organizar e acompanhar o reinado. Os
Dançantes saem pelas ruas da cidade cantando e dançando, incansavelmente, sendo
apreciados pelo público (ZUBA & ANDRADE, 2004 p.115).
Durante este “espetáculo” nas ruas da cidade se estabelece a comunicação: o catopê que
emite e o público que contempla a mensagem congadeira; comunicação esta que se faz
internamente entre os homens que se reúnem para entoar cantos e danças e externamente
pelo diálogo estabelecido com aqueles que observam a performance (QUEIROZ, 2003).
O trabalho, as formas particulares de ocupação do tempo livre, a Festa de Agosto, assim
como outras festas, as danças, fazem parte de uma mesma realidade onde a música,
manifestação espontânea “desempenha o papel de elemento mediador das relações sociais”
(CALDAS, 1979). A música é o meio para que sejam garantidas as relações fundamentais no
“ciclo do cotidiano”.
Por meio da participação na Festa de Agosto a cultura negra foi ganhando espaços e
destaque no conjunto da sociedade, fazendo-se aceita. Os códigos culturais se entrecruzaram
de diversas formas dando visibilidade e destaque aos negros catopês participantes e SUS
cultura. O ápice ou centro irradiador dessa cultura é a participação dos integrantes no desfile
que acontece todos os anos no mês de agosto.
TRABALHO, RELIGIOSIDADE E SAÚDE
Não é possível separar o lazer do trabalho. É necessário que concebamos a unidade
“trabalho-lazer”, como explica (Lefebvre, 1958) 3. Para o autor o “ciclo do cotidiano” do caipira
é marcado pelo “ciclo da natureza” e pelo “ciclo das comemorações litúrgicas do catolicismo”.
“As regularidades da natureza e as regularidades da religião combinam-se em função do
trabalho rural, da atividade humana sobre a natureza” (MARTINS, 1975, p.108).
Vejamos o gráfico pertinente aos dados sobre religião levantada na pesquisa:
0,00%
50,00%
100,00%
Católica
Evangélica
94,73%
5,26%
RELIGIÃO
Fonte: tabulação própria. Arquivo da pesquisadora. Dados fornecidos pelos integrantes dos
Catopês da Festa de Agosto, Montes Claros-MG. 2012.
As irmandades de negros se assemelham a este ciclo. Conforme (VIANA, 2013) “as
irmandades eram associações religiosas que permitiam a agregação dos negros de modo
relativamente autônomo, em torno da devoção a um santo católico em particular.” Essas
associações destacavam-se como “locais de solidariedade e ajuda mútua para seus
integrantes” (VIANA, 2013).
Os integrantes dos Catopês, já bastante idosos e negros estão associados ao fato da sua
condição de trabalhadores, muitas vezes submetidos a subemprego, com suas lembranças
do passado, as musicas por eles cantadas4, as formas como ocuparam e ocupa o tempo livre,
as manifestações do racismo, da exclusão e da discriminação racial, o significado da Festa de
Agosto em suas vidas abrem espaços para o conhecimento da velhice de personagens que
vivem num universo de relações, sociais, raciais e econômicas muito especificas. Além disso,
3
Na sociedade moderna, conforme Lafebvre, o trabalhador procura no lazer-diversão ou divertimento a compreensão pelas horas de trabalho. “o Lazer aparece assim como o não cotidiano no cotidiano”. Todavia, “não se pode sair do cotidiano. O maravilhoso só se mantém na ficção e ilusão consentida. Não há evasão.” Mas a ilusão da evasão é por nos desejada. Entretanto, continua o autor, esta ilusão “não será inteiramente ilusória, mas constituíra um mundo ao mesmo tempo aparente e real – realidade da aparência e aparência do real – mas diversos da cotidianidade e, entretanto tão largamente aberto e tão inserido nela quando possível. Trabalha-se assim para ganhar lazeres, e o lazer só tem um sentido: sair do trabalho. Circulo infernal (LEFEBVE, 1958, p.4950).
4 Assim como José de Souza Martins, entendemos ser possível fazer “uma sociologia de relações sociais que têm
a música como instrumento de mediação ou como resultado” (MARTINS, 1975, p. 103).
representam o único grupo da Festa de Agosto, na cidade de Montes Claros, que preserva,
em suas manifestações, elementos africanos e que foram incorporados em nosso cotidiano,
também introduziram novos hábitos, novos costumes e valores que influenciaram a cultura
montesclarense.
Nas entrevistas constamos a inserção significativa no mercado informal de todos os lideres
dos grupos, nos relatos podemos averiguar a associação dos catopês em trabalhos de menor
prestígio, no caso, o entrevistado X5, relatou que trabalhava na rede de esgoto, local de
deposito de excrementos, tal trabalho insalubre causava-lhe sérios problemas de saúde,
“Eu mexia trabalhando no córrego esses córregos ai nóis mexia agora eu
sai só ... tava dando problema... frieira essas coisa o mal cheiro
atacando a cabeça eu falei o não vou mexer com isso mais não cês mim
transfere pra outro serviço que num é porque não quero não é por causa
que eu tô é sentido mal quase todo dia da cabeça de mal chero ai
passei lá pro zoonose e tô lá ante hoje... lá é perigoso também porque é
problema de cachorro né e tem chega cachorro de todo tipo lá chega
cachorro já até catingando lá agente recebe aquilo lá e ai isso tudo se a
gente não te cuidado com a luva com a máscara tudo transfere
(Entrevistado X)”.
Podemos observar que o destaque do trabalho associado aos problemas de saúde causados
pelo odor, pela insalubridade, por estar associado a excrementos e fezes. O outro local de
trabalho para qual é transferido, também apresentam da mesma forma, desvantagens: é
perigoso, e também menos valorizado, propenso a se contrair doenças levadas pelos
cachorros abandonados como sarna, coceira, raiva etc. Ou seja, este idoso continuou
associado a trabalhos, embora formal, de menor prestigio e pouco valorizado.
5 Os nomes foram codificados.
5,26%10,52%
5,26%
5,26%
5,26%5,26%5,26%
10,52%
5,26%
5,26%
5,26% 5,26%
PROFISSÃO Auxiliar de Combate a dengue
Carpinteiro
Comerciante
Carroceiro
Eletricista
Mecânico
Músico
Não declarou nenhuma profissão
Oleiro
Pedreiro e Pintor
Professor
Reciclador
Segurança eletrônica
Fonte: tabulação própria. Arquivo da pesquisadora. Dados fornecidos pelos integrantes dos
Catopês da Festa de Agosto, Montes Claros-MG.2012.
A historiografia indica que grande parte dos homens negros incorpora o trabalho informal,
construindo, nestes espaços redes de sociabilidade.
A pesquisa assinala a participação dos lideres dos catopês no marcado informal, aponta para
a participação da Festa de Agosto como espaço informal importante, onde se criam
marginalizados da sociedade em geral, novos canais de comunicação sócio-política á medida
em que participam da Festa, ganham visibilidade e aceitação social. Esse tipo de
sociabilidade e visibilidade baseia-se em papéis, muitas vezes improvisados, papéis sociais
são de fundamental importância para compreendermos a dinâmica dessa realidade que foge
completamente aos padrões explicativos de desenvolvimento formais.
Não é preciso ser um bom observador para verificar, nos trajes, nas roupas, nos sapatos, na
boca sem dentes, nos pés descalços, nas crianças que desfilam. A pobreza e o descaso das
autoridades para com os integrantes, esta por trás da Festa. São nos desfiles pelas ruas da
cidade, em meio à pobreza, aos sorrisos, as limitações da idade, na carência aparente, que
esses homens podem estabeleciam seus contatos sociais, criam e reforçam laços. Esta
sociabilidade não faz parte dos códigos formais estabelecidos, mas está presente na vida
concreta, do dia-a-dia. Esse é o espaço onde a comunicação se inscreve de forma mais
eficiente, flui livremente. Com efeito, as ruas constituem esse espaço que escapole
sistematicamente da normatização e regulamentação.
Além disso, devemos considerar que a saúde deste público específico está de certa forma
relacionada ou mesmo condicionada a diferentes fatores, tais como: moradia, saneamento,
transporte, lazer, renda, cultura, raça, relações de sociabilidade, acesso aos bens de
consumo, história de vida e aos serviços essenciais. Esse conjunto de dados revela que
promover saúde no envelhecimento dos negros não é tarefa exclusivamente da responsa-
bilidade do idoso, mas sim de uma união formada pelo idoso, pela sociedade, pelo Estado,
sendo dever do Estado estabelecer normas e diretrizes para efetivar a promoção, a proteção e
a recuperação da saúde de pessoas com idade igual ou superior a sessenta anos.
CONSIDERAÇÃO FINAL
A cultura Norte Mineira representa elemento importante e facilitador das influências culturais,
com grande participação da cultura negra, fato percebido na devoção aos santos negros como
Nossa Senhora do Rosário e São Benedito. As Festas de Agosto é um momento de
socialização e de devoção, se mostra como forma de agradecimento aos santos
homenageados. Os desfiles dos Catopês, as missas, as procissões, são todos atos e
demonstração dessa devoção. A festa representa importante elemento de fortalecimento da
identidade racial de seus participantes, que embora empobrecidos lutam para preservar
traços da cultura africana.
Os negros integrantes deste grupo são pobres; muitos recebem benefício social; são por
diversas vezes rejeitados pelas autoridades nos períodos que antecedem a Festa; sofrem
discriminação; vive uma velhice trágica; exercem serviços subalternos; tem a saúde
comprometida; desmaiam no horário do desfile, sem assistência médica; não recebem ao
menos água da organização do evento, no percurso da festa; alguns desfilam descalço, não
possuem sapatos adequados; as crianças negras e pobres, que participam do desfile,
retornam a suas residências distantes, caminhando, pela madrugada (BRITO, 2013).
Os estudos de (Brito, 2013) vêm considerando que embora estigmatizados no cotidiano, os
catopês exercem influência na cultura e nos hábitos local. Sua cultura idealizada influi no
conjunto. Essa influência, embora clandestina, desfecha no desfile pela cidade onde há
imposição do “reconhecimento” por parte da burguesia local, da imprensa e das autoridades.
No universo da cultura dos catopês, o desfile adquire um sentido marcadamente de luta: há
toda uma dança de gestos, dos ritmos, dos sons e movimentos destinados a abrir passagem.
Por meio da dança, dos ritmos, dos sons, encontram um novo sentido e significado às coisas.
O desfile não é regulado apenas pelas leis e regras institucionais, mas pela própria dinâmica
das necessidades, daí a rua vira “ponto” e a casa do Mestre “local de concentração”.
REFERÊNCIAS
BRITO, Ângela Ernestina Cardoso de. O ontem eterno? Moradia e desigualdade
sociorracial no Brasil, desafio para o Serviço Social. In: III Simpósio Mineiro de
Assistentes Sociais, 2013. BELO HORIZONTE. Expressões Sócio Culturais da crise do
capital e as implicações para garantia dos direitos sociais e para o serviço social, 2013.
BAUMAN, Z. Identidade, Rio de Janeiro. Jorge Zahar, 2005.
BRANDAO, C.R. Produtores tradicionais da cultura popular. IN:Cadernos. (17): 109-28. 1º
série. São Paulo: CERU, set. 1982.
CANDIDO, A. Os parceiros do Rio Bonito. Rio de Janeiro: José Olympio, 1964.
__________ O caipira e sua cultura. IN: FERNANDES, F. Comunidade e Sociedade no
Brasil: leituras básicas de introdução ao estudo macro-sociológico do Brasil. 2 ed. São Paulo:
Nacional, 1975.
CHAUI, M. Conformismo e resistência: aspectos da cultura popular no Brasil. São Paulo:
Brasiliense, 1986.
DURHAN, E.R. A dinâmica cultural na sociedade moderna. IN: Ensaios de Opinião. (4):
32-5. Rio de janeiro: INUBIA, 1977.
GUILLEMARD, A. M. La vieillesse et I´Etat. Paris:UF, 1980
HADDAD, E.G. M. O direito à velhice: os aposentados e a previdência social. São Paulo:
Cortez, 1993.
HALL, S. A Identidade cultural na pós modernidade, Rio de Janeiro. DP&A Ed, 1999.
__________ A ideologia da velhice. São Paulo: Cortez, 1986.
HALBWACHS, M. A memória coletiva. São Paulo: Vertice, 1990.
HELLER, A. O cotidiano e a historia. 2ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra. 1985.
LEFEBVRE, H. Critique de l avie quotidienne I: Introduction. 2ed. Paris: L´Arche Editeur,
1958.
__________Quotidien. IN: Le retour de la dialectique. Paris Messidor/Editions Sociales,
1986; p.103-12.
MARTINS, J. S. Capitalismo e tradicionalismo: estudos sobre as contradições da sociologia
agrária no Brasil. São Paulo: Pioneira, 1975.
QUEIROZ, M. I. P. Variações sobre a técnica de gravador no registro da informação
viva. 2ed. São Paulo: CERU e FFLCH/USP, 1985.
_______________. “Viajantes do século XIX: negras escravas e livres no Rio de Janeiro”.
Revista do Instituto de Estudos Brasileiros, São Paulo, (28): 53-76. (Edição comemorativa
do centenário da abolição da escravatura). 1988
SAID, E. W. Cultura e imperialismo. São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
____________ . Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo: Companhia
das Letras, 2001.
SANTOS, E. P.; MAHFOUD, M.. Irmandades de negros e identidade exigente de velhos
negros das Gerais. (Mestrado em Psicologia) – Programa de Pós-Graduação em Psicologia
da Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas. Belo Horizonte: Universidade Federal de
Minas Gerais, 2001.
SHIRLEY, R. W. O fim de uma tradição. São Paulo: Perspectiva/ Secretaria de Cultura,
Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo, 1977.
SODRÉ, M. A verdade seduzida; por um conceito de cultura no Brasil. 2. ed. Rio de
Janeiro: Francisco Alves, 1988. 214p.
SOUZA, F. J. A A Festa dos Catopés: Descortinando cenários discursivos: Belo Horizonte:
UFMG, 2003 (Dissertação de Mestrado).
THOMPSON, P. A voz do passado: História oral. Rio de Janeiro: Paz terra, 1992.
VOVELLE, M. Ideologias e mensalidades. São Paulo, Brasiliense. 1987.
ZUBA, A. S. N; ANDRADE, C. M. Festas de Agosto em Montes Claros. In: SOUTO, M. G. F.
Festas populares: palavras em Movimento. Montes Claros, 2004.