Post on 30-Nov-2018
1
PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE GOIÁS
PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM VIGILÂNCIA SANITÁRIA
PERFIL DE MORBIMORTALIDADE DAS INTOXICAÇÕES POR
AGROTÓXICOS EM MINAS GERAIS, NO PERÍODO DE 2007 A 2011
Cristiane Moreira Magalhães Andrade¹
Daniela Buosi Rohlfs²
¹ Farmacêutica Bioquímica formada pela Universidade Federal de Ouro Preto. Aluna da pós-graduação em
Vigilância Sanitária, pela Universidade Católica de Goiás/IFAR.
² Engenheira Florestal. Mestre em Ciências Florestais pela Universidade de Brasília – UnB. Especialista em
Gestão Integrada das Águas – Saneamento Ambiental pela Universidade das Águas da Itália; especialista em
Saúde e Poluição Atmosférica pela Universidade de São Paulo - USP. Doutoranda em Saúde Coletiva, pela
Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ. Atuando como Coordenadora Geral de Vigilância em Saúde
Ambiental do Ministério da Saúde. E-mail: daniela.buosi@gmail.com
Resumo O presente artigo objetivou investigar o perfil de morbimortalidade das intoxicações por agrotóxicos no estado
de Minas Gerais utilizando o Sistema Nacional de Agravos de Notificação – SINAN e o Sistema de Informação
de Mortalidade - SIM, além de fazer uma análise comparativa do total de casos registrados no Sistema de
Informação Tóxico Farmacológica - SINITOX e no SINAN. Trata-se de um estudo descritivo retrospectivo. No
SINAN, houve 5015 casos de intoxicação sendo que a maioria ocorreu em homens. Tanto entre as mulheres
quanto entre os homens, houve predomínio de intoxicações na faixa etária de 20 a 34 anos; na residência; na
zona urbana; por raticidas; na pulverização; pela via digestiva; por tentativa de suicídio; fora do local de
trabalho. A maioria teve atendimento hospitalar e cura sem sequela. No SIM, a ingestão de agrotóxicos foi a
principal causa de morte (76%) entre esses agentes. Houve prevalência de registros no SINITOX. Apesar da
subnotificação, foi possível traçar o panorama das intoxicações por agrotóxicos e sugerir algumas ações para
aumentar os registros e proteger a população exposta dos efeitos nocivos dos agrotóxicos.
Palavras-chave: Intoxicações. Morbimortabilidade. Suicídio. Subnotificação. Sistema de informação.
Abstract This article aimed to investigate the morbidity and mortality profile of pesticide poisoning in the state of Minas
Gerais using the National Notifiable Diseases System (SINAN) and by Mortality Information System - SIM,
and make a comparative analysis of all cases registered in the Information System Toxico Pharmacological -
SINITOX and in the SINAN. This is a retrospective descriptive study. In SINAN, there was 5015 cases of
poisoning, the majority occurred in men. Both among women as among men, there was a predominance of
intoxication in the aged 20 to 34 years, at the residence, in the urban area; rodenticides; in the spraying the
digestive TRACT , for attempting suicide; outside the workplace. Most had hospital treatment and cure without
sequelae. In SIM, ingestion of pesticides was the leading cause of death (76%) of these agents. The prevalence of
records was in the SINITOX. Despite the underreporting, it was possible to trace the panorama of pesticide
poisoning and suggest some actions to increase notifications and protect the exposed population from the
harmful effects of pesticides.
Keywords: Poisoning. Morbidity and Mortality. Suicide. Subnotification. Information System.
2
1 INTRODUÇÃO
Agrotóxicos são compostos largamente utilizados em vários setores econômicos
como na saúde pública, em empresas desinsetizadoras e aquelas envolvidas no transporte,
comercialização e produção desses produtos. Contudo o maior emprego ocorre na agricultura
(BRASIL, 1996).
A exposição aos agrotóxicos pode acarretar diferentes graus e tipos de
intoxicações ocasionados por contato direto ou indireto durante síntese, manuseio, preparo,
aplicação e transporte desses agentes ou ainda por meio da água, de alimentos e de leite
materno contaminados com resíduos (CARNEIRO et al, 2012).
As intoxicações podem se apresentar nas formas agudas ou crônicas. As agudas
acontecem por exposição a concentrações elevadas e após pouco tempo de contato com o
produto. Entre os vários efeitos, destacam-se náuseas, vômito, cefaleia, tontura, desorientação,
irritação de pele e mucosas, dificuldade respiratória, hemorragia, convulsões, coma e até a
morte (SILVA et al., 2005).
Já a sintomatologia crônica pode surgir anos após a exposição a um ou mais tipos
de agrotóxicos por longos períodos, a doses menores. Os efeitos pela exposição prolongada
são diversos, muitas vezes irreversíveis e de difícil reconhecimento clínico, entre os quais se
destacam as neoplasias, problemas nos sistemas nervoso, respiratório e cardiovascular
(DOMINGUES et al .2004; SOARES; ALMEIDA; MORO, 2003).
Os agrotóxicos constituem também importante causa de morte. De acordo com a
Organização Mundial da Saúde - OMS, cerca de três milhões de intoxicações agudas e 220
mil mortes por ano aconteceram em consequência da exposição a esses produtos. No Brasil,
os dados são subestimados, mas, apenas no ano de 2009, foram registradas 11.641
intoxicações e cerca de 188 casos de mortes (BRASIL, 2009a; WHO, 1990).
A ampla utilização, associada ao grande número de produtos disponíveis
aumentaram os impactos para o ambiente e a saúde. Somente o Brasil, no ano 2011,
comercializou 826 toneladas de agrotóxicos. Em Minas Gerais, no mesmo período, foram
comercializados 62.678 toneladas de produtos comerciais, distribuidos em mais de 1.271
marcas comerciais (IMA, 2011a, b).
No Brasil, os registros de intoxicação por agrotóxicos podem ser obtidos pelo
Sistema Nacional de Agravos de Notificação - SINAN e também pelo Sistema Nacional de
Informações Tóxico-Farmacológicas - SINITOX. Já os registros de mortalidade, incluindo
3
aqueles relacionados a intoxicações por agrotóxicos, são obtidos por meio do Sistema de
Informação de Mortalidade - SIM (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).
O SINAN é um sistema informatizado de base de dados nacional, gerenciado pelo
Ministério da Saúde. É utilizado para notificar e investigar, obrigatoriamente, determinadas
doenças e agravos determinados em legislação. Atualmente, a Portaria 104/2011 é
responsável pela definição das notificações, sendo que as intoxicações por agrotóxicos estão
nela incluídas. Essa norma estabelece também fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições
aos profissionais e serviços de saúde inerentes à notificação e à investigação (BRASIL, 2011).
O SINITOX é um sistema vinculado à Fundação Oswaldo Cruz, que coordena a
coleta, compila, analisa e divulga os casos de intoxicação e envenenamento obtidos por
notificação espontânea recebida pelos 35 Centros de Informação e Assistência Toxicológicas
(CIAT), situados em 19 estados brasileiros (BRASIL, 2012b).
O SIM foi desenvolvido pelo Ministério da Saúde - MS para a obtenção de dados
sobre mortalidade no país, enviados pelas Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde.
Possui variáveis que permitem, a partir da causa da morte, construir indicadores e processar
análises epidemiológicas que contribuam para a eficiência da gestão em saúde (BRASIL,
2001).
A notificação efetiva nas bases de dados possibilita estimar e monitorar de forma
mais precisa o perfil de morbimortalidade de intoxicações por agrotóxicos, fornecendo
subsídios para que ações sejam planejadas, realizadas e aprimoradas, produzindo impactos
positivos na qualidade de vida da população exposta aos efeitos nocivos dessas substâncias
(BRASIL, 1996).
Diante disso, os objetivos que nortearam esta pesquisa foram:
Analisar o perfil epidemiológico de morbimortalidade relativo à exposição a
agrotóxicos, em Minas Gerais, utilizando-se as bases de dados do SINAN e SIM.
Realizar uma análise comparativa entre o total de intoxicações por agrotóxicos
notificados no SINAN e no SINITOX.
2 METODOLOGIA
Foi realizado um estudo descritivo e retrospectivo utilizando-se dados secundários
dos bancos do SINAN, SINITOX e SIM, com a garantia de sigilo e anonimato dos casos
4
notificados nesses sistemas de informação, nos seguintes períodos: SINAN e SIM, no período
de 2007 a 2011; no SINTOX, no período de 2007 a 2010.
2.1 Fontes de dados
2.1.1 SINAN
Para a realização do estudo foram consideradas todas as notificações de
intoxicação por agrotóxicos, ocorridas em Minas Gerais no período de 2007 a 2011,
fornecidas em formato eletrônico pela Secretaria de Saúde do Estado de Minas Gerais.
Foram incluídos no grupo todos os tipos de agrotóxicos: os de uso agrícola,
domiciliar, na saúde pública, raticida e produto veterinário. Após consulta da Ficha de
Investigação de Intoxicação Exógena (SINAN-NET), foram selecionadas, por sexo, as
variáveis: faixa etária, local de ocorrência da exposição, zona de exposição, grupo de agente
tóxico, finalidade da utilização, atividade exercida na exposição, via de exposição,
circunstância de exposição, decorrência do trabalho, tipo de exposição, tipo de atendimento e
evolução do caso.
Em seguida, os dados obtidos foram convertidos em tabela e gráficos, com o
auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise. Foram efetuados cálculos
de porcentagem de cada uma das variáveis nas tabelas sobre o total da população masculina e
sobre o total da população feminina.
2.1.2 SINITOX
Os dados de morbidade referentes à intoxicação por agrotóxicos foram obtidos
via on line, no próprio site do SINITOX, do ano de 2007 a 2010. O ano de 2011 não foi
analisado, em função de não estar disponível no site. O quantitativo obtido foi convertido em
tabela e gráficos, com o auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise.
2.1.3 SIM
Os dados sobre mortalidade foram obtidos no site do Tabnet-MG, administrado
pela Coordenadoria de Gestão de Sistemas de Informações de Saúde de Minas Gerais,
5
referentes ao período de 2007 a 2011. A pesquisa foi efetuada no campo “Mortalidade por
causas externas”, selecionando-se os códigos X48, X87, Y18 e X68 da Classificação
Internacional de Doenças - CIDs. Posteriormente, os dados tabulados foram convertidos em
tabela e gráficos, com o auxílio do Microsoft Office Excel 2007 e ordenados para análise.
3 RESULTADOS
3.1 Dados de Morbidade – SINAN
O total de intoxicações exógenas, em Minas Gerais, no período de 2007 a 2011 no
SINAN aumentou. Nesse mesmo período, houve aumento também do número de intoxicações
relacionadas aos agrotóxicos, sendo que no período de 2007 a 2008, houve ampliação de 54%,
no período de 2008 a 2009, ampliação de 61%, no período de 2009 a 2010, ampliação de 14%
e no período de 2010 a 2011 houve aumento de 44 % (GRAF. 1). Apesar de os dados ainda
serem parciais, para o ano de 2012, o SINAN já registra 1.678 casos.
GRÁFICO 1 - Total de intoxicações exógenas relacionadas aos agrotóxicos, Minas Gerais, 2007 a 2011
Fonte: BRASIL, 2012c.
Contudo esses dados devem ser analisados com cautela uma vez que o aumento
dos casos de intoxicados por agrotóxicos reflete a obrigatoriedade da notificação pelos
serviços de saúde conforme será discutido mais adiante.
Em relação às intoxicações exógenas 44% do total foi em decorrência dos
medicamentos seguida de 14,3 % aos alimentos e bebidas. Os agrotóxicos foram os
6
responsáveis pela terceira maior causa de intoxicação (GRAF. 2), com um total de 5015
casos, perfazendo 14 % do total.
GRÁFICO 2 - Total de intoxicações por grupo de agente tóxico, em Minas Gerais, 2007 a 2011
Fonte: BRASIL, 2012c.
Conforme discriminado na TAB. 1, de acordo com o sexo, a faixa etária
predominante de intoxicados por agrotóxicos foi a de 20 a 34 anos de idade ( 39,7% dos
homens, 36,5% das mulheres), seguida pela faixa etária entre 35 a 49 anos (24,9% dos
homens e 22,8% das mulheres).
Em relação ao local de ocorrência da exposição, 53,1% dos homens e 67,4% das
mulheres foram expostos na residência. Quanto à zona de exposição, 43,9 % dos homens e
61,2% das mulheres foram expostos na área urbana. De acordo com o agente tóxico, houve
2614 casos de intoxicação em decorrência dos raticidas, representando 52% do total de casos,
sendo 42,8% das intoxicações entre os homens e 64,5% entre asmulheres (GRAF. 3),
seguidos de 1365 casos de agrotóxicos agrícolas, representando 27 % do total, sendo que
desses, 79 % se referem aos homens e 21%, às mulheres.
GRÁFICO 3- Total de intoxicações por tipo de agrotóxico, em Minas Gerais, 2007 a 2011
Fonte: BRASIL, 2012c.
7
Conforme TAB. 2, os inseticidas foram responsáveis por 17,2 % das intoxicações
em homens e 11,9% das intoxicações em mulheres. A principal atividade envolvida na
intoxicação foi a pulverização (14,4 % dos homens e 3,7% das mulheres). Com relação à via
de exposição/contaminação, a predominante foi a digestiva, com 3.684 casos, representando
74 % do total (66,6% entre os homens e 82,6% entre as mulheres), seguida da via respiratória,
com 649 casos, representando 13% do total (17,7% dos homens e 6,7% das mulheres)
A TAB. 3 evidencia, quanto à circunstância da exposição/contaminação, o
predomínio da tentativa de suicídio, 52,3% em homens e 70,6% em mulheres. Quanto ao
local de exposição, 65% dos homens e 82,1% das mulheres não foram expostos no trabalho.
Quanto ao tipo de exposição 85 % dos homens e 83,10 % das mulheres tiveram intoxicação
aguda (única e repetida). Com relação ao tipo de atendimento, 60,8% dos homens e 62,3% das
mulheres receberam atendimento hospitalar, sendo que de acordo a evolução do caso 81,4%
dos homens e 82,7% das mulheres tiveram cura sem sequela.
3.2 Dados de Mortalidade SIM
Em Minas Gerais, no período de 2007 a 2011, foi notificado, no SIM, um total de
538 casos de óbitos em decorrência das intoxicações por agrotóxicos, incluindo os casos de
suicídios (GRAF. 4), sendo que 76% desse total ocorreram em decorrência de auto-
intoxicação por exposição intencional aos agrotóxicos, seguidos de 12 casos de óbitos
provocados pela intoxicação por exposição a pesticidas, representando 2 % do total de óbitos
por exposição à agrotóxicos.
GRÁFICO 4 - Total de casos de mortalidade ocasionados por agrotóxicos em Minas Gerais 2007 a 2011
Fonte: BRASIL, 2012e.
TABELA 1
8
Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados no
SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais
Caracteristica nº de Indivíduos
Sexo Masculino Feminino Total
Nº % Nº %
2846 57 2167 43 5015
Faixa Etária SINAN
<1 Ano 54 1,9 32 1,5 86
1-4 204 7,2 177 8,2 381
5-9 52 1,8 35 1,6 87
10-14 59 2,1 112 5,2 171
15-19 243 8,5 327 15,1 570
20-34 1131 39,7 790 36,5 1921
35-49 709 24,9 493 22,8 1202
50-64 294 10,3 158 7,3 452
65-79 88 3,1 37 1,7 125
80 e+ 12 0,4 6 0,3 18
Local de ocorrência da exposição
Residência 1512 53,1 1461 67,4 2973
Ambiente de trabalho 623 21,9 141 6,5 764
Trajeto do trabalho 10 0,4 0 0,0 10
Serviços de saúde 1 0,0 1 0,0 2
Escola/creche 23 0,8 36 1,7 59
Ambiente externo 70 2,5 27 1,2 97
Outro 69 2,4 27 1,2 96
Ignorado 539 18,9 475 21,9 1014
Zona exposição
Urbana 1250 43,9 1327 61,2 2577
Rural 711 25,0 245 11,3 956
Periurbana 13 0,5 13 0,6 26
Ignorado 873 30,7 583 26,9 1456
Grupo do agente
Tóxico
Agrotóxico agrícola 1076 37,8 289 13,3 1365
Agrotóxico doméstico 201 7,1 211 9,7 412
Agrotóxico saúde
pública 54 1,9 80 3,7 134
Raticida 1217 42,8 1397 64,5 2614
Prod. veterinário 299 10,5 191 8,8 490
Ignorado 0 0,0 0 0,0 0 Fonte: BRASIL, 2012c
9
TABELA 2
Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados no
SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais
Caracteristica nº de Indivíduos
Sexo Masculino Feminino Total
Nº % Nº %
2846 57 2167 43 5015
Finalidade da utilização
Inseticida 490 17,2 258 11,9 748
Herbicida 357 12,5 87 4,0 444
Carrapaticida 36 1,3 13 0,6 49
Raticida 20 0,7 20 0,9 40
Fungicida 79 2,8 23 1,1 102
Preserv. madeira 2 0,1 1 0,0 3
Outro 61 2,1 28 1,3 89
Não se aplica 40 1,4 29 1,3 69
Ign/Branco 1762 61,9 1709 78,9 3471
Atividade exercida na exposição
Diluição 227 8,0 52 2,4 279
Pulverização 411 14,4 80 3,7 491
Tratamento de sementes 55 1,9 4 0,2 59
Armazenagem 10 0,4 3 0,1 13
Colheita 27 0,9 17 0,8 44
Transporte 5 0,2 0 0,0 5
Desinsetização 50 1,8 77 3,6 127
Produção 7 0,2 1 0,0 8
Outros 127 4,5 66 3,0 193
Não se aplica 106 3,7 85 3,9 191
Ign/Branco 1822 64,0 1783 82,3 3605
Via de exposicão
Digestiva 1895 66,6 1789 82,6 3684
Cutânea 214 7,5 80 3,7 294
Respiratória 504 17,7 145 6,7 649
Ocular 34 1,2 15 0,7 49
Parenteral 6 0,2 4 0,2 10
Vaginal 0 0,0 0 0,0 0
Transplacentária 3 0,1 0 0,0 3
Outra 6 0,2 2 0,1 8
Ign/Branco 185 6,5 133 6,1 318 Fonte: BRASIL, 2012c
10
TABELA 3
Variáveis dos casos de intoxicação por agrotóxicos notificados
no SINAN, 2007 a 2011, Minas Gerais
Variáveis nº de Indivíduos
Sexo Masculino Feminino Total
Nº % Nº %
2846 57 2167 43 5015
Circunstância da
exposição
Uso Habitual 229 8,0 38 1,8 267
Acidental 833 29,3 410 18,9 1243
Ambiental 88 3,1 58 2,7 146
Uso terapêutico 0 0,0 1 0,0 1
Prescrição médica 2 0,1 0 0,0 2
Erro de administração 39 1,4 6 0,3 45
Automedicação 5 0,2 2 0,1 7
Abuso 11 0,4 4 0,2 15
Ingestão de alimento 14 0,5 7 0,3 21
Tentativa de suicídio 1488 52,3 1530 70,6 3018
Tentativa de aborto 1 0,0 4 0,2 5
Violência/homicídio 18 0,6 19 0,9 37
Outra 24 0,8 20 0,9 44
Ign/Branco 95 3,3 69 3,2 164
Exposição trabalho
Sim 726 25,5 153 7,1 879
Não 1849 65,0 1779 82,1 3628
Ign/Branco 272 9,50 236 10,8 508
Tipo de exposição
Aguda–única 2188 76,9 1652 76,2 3840
Aguda–repetida 230 8,1 149 6,9 379
Crônica 20 0,7 12 0,5 32
Aguda sobre crônica 13 0,5 5 0,2 18
Ign/Branco 396 13,8 350 16,2 746
Tipo de atendimento
Hospitalar 1730 60,8 1349 62,3 3079
Ambulatorial 1031 36,2 745 34,4 1776
Domiciliar 9 0,3 6 0,3 15
Nenhum 8 0,3 3 0,1 11
Ign/Branco 69 2,4 65 2,9 134
Evolução
Cura sem sequela 2318 81,4 1792 82,7 4110
Cura com sequela 44 1,5 33 1,6 77
Óbito por intoxicação
Exógena 101 3,4 43 1,9 144
Óbito por outra causa 7 0,3 0 0 7
Perda de Seguimento 41 1,4 20 0,9 61
Ign/Branco 336 11,8 280 12,9 616 Fonte: BRASIL, 2012c
11
3.3 Dados de Morbidade – SINAN x SINITOX
O total de notificações registradas no SINAN, no período de 2007 a 2010, foi de
3.304 casos. No mesmo período, foram registrados 3.632 casos no SINITOX (GRAF. 5),
demonstrando que o número de casos de intoxicação por agrotóxicos é superior em 5% ao
registrado pelo SINAN. Ressalta-se, novamente, que o SINITOX apresenta registro apenas
até o ano de 2010.
GRÁFICO 5 - Comparação entre o número total de intoxicações por agrotóxicos notificados no SINAN e no
SINITOX , Minas Gerais, 2007-2010
Fonte: BRASIL, 2012 b, c.
4 DISCUSSÃO
No SINAN, desde o ano de 2004, as intoxicações por agrotóxicos foram definidas
como de notificação obrigatória em redes sentinelas, contudo a partir do ano de 2010, tais
notificações passam a ser compulsórias em unidade sentinela ou não. Ambas as alterações na
legislação explicam o aumento do número de intoxicações nesse Sistema (54% entre 2007 a
2008, 61% entre 2008 a 2009, 14% entre 2009 a 2010 e 44 % entre 2010 a 2011). Porém com
a obrigatoriedade das notificações por agrotóxicos em qualquer unidade de saúde, estima-se
que a quantidade de notificações aumente ainda mais (BRASIL, 2004; BRASIL, 2010).
Ainda quanto ao SINAN, a análise dos casos de intoxicação por agrotóxicos
notificados, demonstrou que entre as mulheres, houve expressivo número de casos de
intoxicações ocorridos na residência (67,4%), na zona urbana (61,2%), por raticidas (64,5%),
pela via digestiva (82,6%) e por tentativa de suicídio (70,6%). Os dados sugerem que as
mulheres estão empregando os raticidas para provocar suicídio. Nesse grupo populacional, o
12
envenenamento por substâncias como medicamentos, produtos de limpeza e agrotóxicos, tem
sido considerado como causa predominante de tentativa de suicídio (MARÍN-LEÓN;
BARROS, 2003; VIANA et al. , 2008).
No Brasil, o chumbinho, produto irregular utilizado com raticida, tem sido
associado a casos de intoxicação e óbitos devido a tentativas de suicídios. Estimativas da
Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) apontam que quase 60% dos oito mil casos
de intoxicação relacionados por esse produto ocorridos no Brasil, anualmente, estão
relacionados ao aldicarbe, princípio ativo de muitos agrotóxicos e principal composto
utilizado no preparo do chumbinho, o que levou a essa instituição a banir esse agente químico
do mercado desde outubro de 2012 (SANTOS et al., 2011; MOLINA, 2012).
Vale ressaltar que a tentativa de suicídio aparece como a principal circunstância
desencadeadora de intoxicações por agrotóxicos (77% do total de casos). Nesse tipo de
episódio as manifestações clínicas são intensas, fazendo com que o indivíduo busque
assistência nos serviços de saúde, aumentando, portanto, a notificação dessa ocorrência,
diferentemente das intoxicações ocupacionais e acidentais, que, na maioria das vezes,
apresentam manifestações clínicas menos severas em um curto prazo de tempo (OLIVEIRA;
BURIOLA, 2009).
Quanto à faixa etária de maior prevalência de intoxicação por agrotóxicos,
verificou-se que os maiores índices compreenderam as idades produtivas, ou seja, entre 20 a
49 anos. Todavia observou-se que, na faixa etária entre 01 a 14 anos, houve 13% de casos de
intoxicação entre o total de casos. Esse índice pode estar relacionado ao trabalho infantil
realizado principalmente no meio rural, assim como pelos acidentes com crianças envolvendo
esses produtos em ambientes domésticos (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009; SCARDOELLI et
al., 2011).
Por sua vez, Benatto (2002) admite que, mesmo não exercendo atividades
produtivas na agricultura, tanto menores de idade como adultos residentes no meio rural
podem se contaminar com os agrotóxicos de uso agrícola, uma vez que as residências estão
localizadas próximas às lavouras, aumentando o risco de intoxicação.
A exposição na área urbana foi de 2,70 vezes maior do que na área rural.
Considerando-se que 85% dos agrotóxicos são utilizados na agricultura, provavelmente um
número expressivo de intoxicações ocorridas no meio rural não foi notificado (OLIVEIRA-
SILVA; MEYER , 2003).
13
A exposição ocupacional ocorreu em apenas 18% dos casos totais. Contudo, em
relação à população geral, os trabalhadores, nos mais diversos ramos econômicos
(agropecuária, saúde pública, empresas desinsetizadoras, transporte e comércio e indústrias de
formulação), são os que apresentam maior risco de intoxicação por agrotóxicos,
demonstrando que grande parte dos casos de intoxicação, entre o maior grupo exposto, ainda
não é notificada (BRASIL, 2009b).
Além disso, os trabalhadores podem estar expostos durante toda a sua vida laboral
a baixas doses, comumente, a múltiplos agrotóxicos, ocasionando efeitos em longo prazo.
Assim, muitos casos de intoxicações crônicas não estão sendo identificados e registrados por,
geralmente, não haver correlação entre o adoecimento e a exposição ocupacional aos
agrotóxicos (SILVA et al., 2005).
Aliás, a intoxicação crônica também é subestimada na população em geral. A
ingestão de alimentos com resíduos de agrotóxicos acima dos níveis toleráveis, tem sido
considerada como preocupante do ponto de vista de saúde pública em decorrência de efeitos
prejudiciais a saúde. Dados da Anvisa demonstram que um terço dos alimentos consumidos
rotineiramente pela população esta contaminado com resíduos dessas
substâncias,evidenciando a gravidade do problema (ANVISA, 2011; CARNEIRO et al.,
2012).
O campo “Atividade exercida na exposição” não foi preenchido/ignorado em 72%
dos casos, o que dificulta a compreensão e a análise mais aprofundada das situações de risco
de exposição ocupacional aos agrotóxicos uma vez que o conhecimento da totalidade das
atividades realizadas pelo trabalhador bem como as possibilidades de exposição geradas a
partir delas possibilita a aplicação de medidas preventivas e corretivas visando à proteção da
saúde (SILVA et al., 2005).
Apesar do baixo preenchimento desse campo de informação ou a incompletude do
dado, entre as atividades, a que teve maior percentual de intoxicação entre o total de casos
(10%) foi a pulverização seguida da diluição (6%). Independente de como a pulverização é
realizada (trator, costal ou tração animal), acarreta exposição massiva no aplicador. Além
disso, em ambas as atividades os trabalhadores utilizam, com pouca frequência, os
Equipamentos de Proteção Individual (EPIs) tornando, assim, o risco de intoxicação ainda
maior (BEDOR et al, 2002; VEIGA, 2007).
14
Destaca-se que o trabalhador tende a usar com pouca constância os EPIs, por
causarem desconforto térmico, já que essas vestimentas não estão adaptadas às condições
climáticas do país (VEIGA, 2007).
Vale ressaltar que, além do trabalhador, a pulverização pode acarretar
intoxicações em toda a população, pois esse tipo de aplicação ao ser realizada por aviões e
tratores ocasiona a dispersão do produto para longas distâncias, levando à exposição humana
e à contaminação dos solos, dos recursos hídricos, da fauna e da flora fora da área de
aplicação (JACOBSON et al., 2009).
Espera-se que as autoridades (trabalhistas, sanitárias e do meio ambiente)
intensifiquem a fiscalização em todas as fases da atividade exercida na exposição,
principalmente a pulverização e a diluição, em defesa da vida e dos recursos naturais.
O campo “finalidade de utilização” também apresentou uma alta porcentagem de
ignorados/branco (69%). O seu preenchimento deve ser estimulado pelas autoridades, pois
conhecer o tipo de ação do agrotóxico é útil para o diagnóstico e o tratamento específico das
intoxicações. A maioria dos casos (15%) foi ocasionada pelos inseticidas, os quais acarretam
grande risco à saúde, sendo responsáveis por significativo número de intoxicações e mortes
no país (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009).
Com relação ao tipo de atendimento, a maioria dos pacientes intoxicados por
agrotóxicos recebeu atendimento hospitalar tanto entre os homens (60,8%) quanto entre as
mulhers (62,3%). A predominância desse tipo de atendimento evidência que a maioria dos
casos de intoxicação por agrotóxicos captados pelos serviços de saúde, conforme já descrito,
são os de maior gravidade, implicando no modelo hospitalocêntrico ainda vigente. Além do
mais, sugere que as unidades de atenção primária, principalmente as localizadas em áreas
rurais, mesmo quando recebem casos de intoxicação, não realizam a notificação (BENATTO,
2002).
Quanto ao tipo de exposição houve predomínio de intoxicações agudas, sejam
únicas ou repetidas, em ambos os sexos (85% dos homens e 83,10% das mulheres). A
tendência de se ter maior número de notificações por casos agudas é uma realidade no
SINAN, SINITOX e SIM, e por isso nenhum deles ainda responde adequadamente como
instrumento de vigilância em saúde (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).
Quanto à mortalidade relacionada ao uso de agrotóxicos obtidos no SIM, observa-
se que grande parte dos casos deve-se à utilização desses produtos para provocar suicídio. Tal
15
fato pode estar relacionado ao conhecimento da população sobre o alto poder tóxico dessas
substâncias, associado ao fácil acesso (OLIVEIRA; BURIOLA, 2009).
Além disso, esse sistema tem capturado, de forma clara, ocorrências por
exposição aguda. Já os óbitos por exposições crônicas, que podem estar relacionados a
diversos tipos de desfechos de saúde, em sua grande maioria, não são relacionados à
exposição a agrotóxicos, prejudicando, assim, a captura de registros de óbitos por esses
agentes químicos (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).
Ao se comparar o número de intoxicações por agrotóxicos registradas pelos
sistemas SINAN e SINITOX, constatou-se que há um maior registro de notificações no
SINITOX em relação ao SINAN, nos anos de 2007, 2009 e 2010. Porém, não é possível
afirmar que os casos registrados por um sistema não estejam também registrados no outro.
Podem ocorrer, casos registrados pelos dois sistemas, por apenas um dos sistemas, ou casos
não registrados em nenhum deles (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).
Cabe destacar que o Sistema nacional de registro oficial do Ministério da Saúde e
das Secretarias Estaduais e Municipais de Saúde é o SINAN. Porém, até os anos de 1990, as
intoxicações, incluindo por agrotóxicos, não eram notificadas, o que se constituía em uma
importante lacuna no Brasil em relação aos registros desses agravos. Assim, o SINITOX foi
desenvolvido na década de 1980, tendo como um dos objetivos o registro das intoxicações,
entre as quais a por agrotóxicos (OLIVEIRA, 2010).
Conhecer o perfil de morbimortalidade relativo à exposição aos agrotóxicos é
fundamental para a realização de ações estratégicas e bem planejadas. Contudo a
subnotificação tem dificultado o estabelecimento de um processo dinâmico de planejamento,
de avaliação, de manutenção e de aprimoramento das ações (BRASIL, 2009b).
Várias são as causas da subnotificação das intoxicações por agrotóxicos. Entre
elas, destacam-se a deficiência de profissionais de saúde treinados para reconhecer os quadros
de intoxicação, principalmente os casos crônicos; baixa iniciativa do trabalhador rural em
procurar os serviços de saúde, em decorrência da utilização de terapias alternativas para
tratamento ou por dificuldade de acesso aos serviços de saúde e dificuldade de diagnóstico
entre os casos suspeitos (SCHMIDT; GODINHO, 2006; OLIVEIRA-SILVA; MEYER ,
2003).
Com relação especificamente ao SINITOX, o subregistro está atrelado ao fato do
número de Centros não ser abrangente para todo o país. Além disso, a maioria deles possui
vínculos institucionais precários, algumas vezes vinculados às Secretarias de Saúde, ou em
16
sua maioria, ligados às universidades ou a outros institutos, implicando na dificuldade de
manutenção de profissionais, bem como na regularidade e na suficiência de recursos
financeiros específicos para a realização das atividades (BOCHNER, 2007).
Além disso, em função do SINITOX ser um sistema de consulta para os
profissionais da saúde, geralmente, o registro de atendimento refere-se às intoxicações
agudas, havendo, portanto, subregistro das intoxicações crônicas. Soma-se a isso o fato de que
o número de registros varia de acordo com a capacidade de o profissional identificar e
reconhecer os casos de intoxicação. Ou seja, locais com maior número de casos propicia
maior experiência profissional no diagnóstico e no tratamento, acarretando menor número de
solicitação de auxílio ao Sistema. Ainda deve-se considerar que muitos profissionais
desconhecem ou não têm acesso ao SINITOX (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).
Com relação ao sub-registro dos casos de mortalidade ocasionados pelos
agrotóxicos, uma das causas deve-se ao fato que somente os Institutos Médico Legais dos
grandes centros urbanos realizam análises toxicológicas necessárias à identificação dos casos.
Associado a isso, a causa do óbito se concentra no desfecho fatal da intoxicação, não sendo
considerada a causa principal (OLIVEIRA-SILVA; MEYER, 2003).
Apesar de haver vários sistemas de informação em saúde que possuem registros
de intoxicação por agrotóxicos no Brasil, verifica-se que nenhum deles atende adequadamente
aos objetivos de um sistema de vigilância em saúde, principalmente, porque os dados são
analisados isoladamente e os casos registrados, são em sua grande maioria, referentes às
intoxicações agudas (FARIA; FASSA; FACCHINI, 2007).
Além de aumentar as notificações, faz-se necessário desenvolver e fortalecer os
procedimentos de Vigilância em Saúde voltados para as populações expostas aos agrotóxicos.
Nesse sentido, o Ministério da Saúde publicou a Portaria n° 2.938/12, autorizando o repasse
de mais de 22 milhões para as Secretarias Estaduais de Saúde e o Distrito Federal, para o
planejamento das ações de vigilância, incluindo as de Vigilância em Saúde Ambiental,
Sanitária, Epidemiológica e de Saúde do Trabalhador. Para o estado de Minas Gerais, foi
destinado um milhão de reais (BRASIL, 2012d).
Apesar da provável subnotificação, a análise dos casos registrados evidenciou o
expressivo impacto dos agrotóxicos sobre a saúde humana no estado de Minas Gerais. Esse
estudo demonstrou a necessidade de aprimoramento das estratégias implantadas para
notificação, de forma que os registros ocorridos possibilitem ações de Vigilância em Saúde
mais eficazes.
17
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
O crescente consumo de agrotóxicos em Minas Gerais, assim como no restante do
país, expõe cada vez, maior número de pessoas aos efeitos nocivos dessas substâncias. Assim
conhecer o perfil epidemiológico da população, principalmente daquela mais vulnerável,
torna-se fundamental para o delineamento de estratégias eficazes de controle, de minimização
e de eliminação dos riscos.
Contudo, para o melhor desenvolvimento das ações, faz-se necessária a obtenção
de informações que retratem de maneira mais fidedigna possível a realidade da população em
risco. Tais informações terão esse caráter quando efetivamente forem registrados os casos nos
sistemas de informação.
Assim, deve-se investir na ampliação do número das notificações por agrotóxicos,
no âmbito do Sistema Único de Saúde, bem como na capacitação dos profissionais para
diagnóstico dessas intoxicações. É importante também a partir das informações obtidas traçar
medidas estratégicas para reduzir ao máximo o risco de intoxicação na população exposta.
Para atingir tais objetivos, são necessárias medidas sistêmicas:
Qualificar, ampliar e estruturar toda a rede de serviços de atenção à saúde, enfatizando
o papel da atenção primária, na identificação da população de risco, no diagnóstico e
no tratamento dos intoxicados, bem como na execução de ações preventivas,
corretivas e educativas visando à promoção e à proteção da população exposta.
Envolver a população, principalmente a trabalhadora, para a busca e a aplicação de
medidas e ações necessárias à redução/minimização dos riscos inerentes à utilização
dos agrotóxicos, destacando-se a importância do uso dos Equipamentos de Proteção
Individual e a busca frequente dos serviços primários de saúde para prevenção de
intoxicações agudas, crônicas e de doenças ocupacionais.
Fortalecer o processo de notificação no SINAN, sensibilizando gestores e profissionais
de saúde sobre a importância da notificação em todas as unidades de saúde, sejam elas
públicas ou privadas e independente de sua resolutividade (baixa, média ou alta
complexidade).
Expandir e estruturar os laboratórios públicos com pessoal e aparelhagem adequados
para a realização do diagnóstico dos casos suspeitos.
18
Estimular e promover a troca de informações entre os centros de informação
toxicológica com as secretarias municipais e estaduais de saúde e os profissionais de
saúde.
Buscar parcerias para se implementar no meio rural práticas alternativas de cultivos
sem a utilização de agrotóxicos, oferecendo subsídios ao agricultor para que possa
desenvolvê-las em sua rotina de trabalho de maneira sustentável.
Desenvolver junto à Saúde Mental ações para minimizar as causas relacionadas às
tentativas de suicídio, em especial às relacionadas à própria exposição das pessoas aos
agrotóxicos.
REFERÊNCIAS
AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANAITÁRIA - ANVISA. Programa de
Análise de Resíduos de Agrotóxicos em Alimentos - PARA: relatório de atividades de
2010. Brasília, DF: ANVISA, 2011. 26 p. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps
/wcm/connect/b380fe004965d38ab6abf74ed75891ae/Relat%C3%B3rio+PARA+2010+-
+Vers%C3o+Final. pdf?MOD=AJPERES>. Acesso em: 1 jul. 2012.
BEDOR, C. N. G.; RAMOS, L. O.; PEREIRA, P. J.; RÊGO, M. A. V.; PAVÃO, A. C.;
AUGUSTO, L. G. S. Vulnerabilidades e situações de riscos relacionados ao uso de
agrotóxicos na fruticultura irrigada. Revista Brasileira de Epidemiologia, São Paulo, v. 12,
n. 1, p. 39-49, mar. 2002.
BENATTO, A. Sistemas de Informação em Saúde nas Intoxicações por agrotóxicos e
afins no Brasil: situação atual e perspectivas. 2002. 118 f. Dissertação (Mestrado em Saúde
Coletiva) - Universidade Estadual de Campinas, Campinas, 2002.
BOCHNER, R. Sistema Nacional de Informações Tóxico-Farmacológicas – SINITOX e as
intoxicações humanas por agrotóxicos no Brasil. Ciência saúde coletiva, Rio de Janeiro, v.
12, n. 1, mar. 2007. Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/media/artigo1. pdf>.
Acesso em: 21 out. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ . Sistema Nacional de
Informações Toxico Farmacológicas - SINITOX. Casos de Intoxicação por Agrotóxicos em
Geral por Unidade Federada, segundo circunstância, registrado em 2009. 2009a.
Disponível em: <http://www.fiocruz.br/ sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>.
Acesso em: 10 out. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ. Sistema Nacional de
Informações Toxico - Farmacológicas - SINITOX. Acesso ao sistema. Anos: 2007 a 2010.
2012a. Disponível em: http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?sid=9.
Acesso em 04 out. 2012.
19
BRASIL. Ministério da Saúde. Fundação Oswaldo Cruz - FIOCRUZ . Sistema Nacional de
Informações Toxico Farmacológicas - SINITOX. Sobre o SINITOX: missão. 2012b.
Disponível em: <http://www.fiocruz.br/sinitox_novo/cgi/cgilua.exe/sys/start.htm?tpl=home>.
Acesso em: 9 jul. 2012.
BRASIL. Ministério da Saúde. Manual de Procedimento do Sistema de Informações sobre
Mortalidade. Brasília, DF: FUNASA, 2001. 36 p.
BRASIL. Ministério da Saúde. Organização Pan-Americana da Saúde. Manual de vigilância
da saúde de populações expostas a agrotóxicos. Brasília, DF: OPAS/OMS, 1996.
BRASIL. Ministério da Saúde. Plano Integrado de Ações de Vigilância em Saúde
Relacionadas a Agrotóxicos. Brasília, DF: MS, 2009b. BRASIL, 2009b.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria n.º 2.472, de 31 de agosto de 2010. Define as
terminologias adotadas em legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento
Sanitário Internacional 2005 (RSI 2005), a relação de doenças, agravos e eventos em saúde
pública de notificação compulsória em todo o território nacional e estabelece fluxo, critérios,
responsabilidades e atribuições aos profissionais e serviços de saúde. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, 1 set. 2010. Seção 1, p. 50.
BRASIL. Ministério da Saúde. Portaria nº 777/GM, de 28 de abril de 2004. Dispõe sobre os
procedimentos técnicos para a notificação compulsória de agravos à saúde do trabalhador em
rede de serviços sentinela específica, no Sistema Único de Saúde – SUS. Diário Oficial da
União, Poder Executivo, Brasília, DF, n. 81, 29 abr. 2004. Seção 1, p. 37-38. BRASIL, 2004.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Sistema de Informação de Agravos de
Notificação - SINAN-NET. Agravos de saúde do trabalhador. Investigação de
intoxicação exógena, anos 2007 a 2011. [S.l.]: Secretaria de Estado da Saúde de Minas
Gerais/ Diretoria de Saúde do Trabalhador, 2012c.
BRASIL. Ministério da Saúde. DATASUS. Dados de Mortalidade - SIM. Tabnet
Mortalidade por causas externas. 2012e. Disponível em: http://200.198.43.8/cgi-
bin/deftohtm.exe?def/Obitos_APVP_Causas_ExternaS.def. Acesso em 04 out. 2012.
BRASIL. Portaria nº 104, de 25 de janeiro de 2011. Define as terminologias adotadas em
legislação nacional, conforme o disposto no Regulamento Internacional 2005 (RSI 2005), a
relação de doenças, agravos e eventos em saúde pública de notificação compulsória em todo o
território nacional e estabelece fluxo, critérios, responsabilidades e atribuições aos
profissionais e serviços de saúde. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, n.
18, 26 ja. 2011. Seção 1, p. 38.
BRASIL. Portaria nº 2.938, de 20 de dezembro de 2012. Autoriza o repasse do Fundo
Nacional de Saúde aos Fundos Estaduais de Saúde e do Distrito Federal, para o fortalecimento
da Vigilância em Saúde de Populações Expostas a Agrotóxicos, destinado aos Estados e
Distrito Federal. Diário Oficial da União, Poder Executivo, Brasília, DF, 21 dez. 2012.
Seção 1, p. 762.
20
CARNEIRO, F. F; PIGNATI, W.; RIGOTTO, R. M.; AUGUSTO, L. G. S.; RIZOLLO, A.;
MULLER, N. M.; ALEXANDRE, V. P. FRIEDRICH, K.; Mello, M. S. C. Dossiê
ABRASCO: um alerta sobre os impactos dos agrotóxicos na saúde. Rio de Janeiro:
ABRASCO, 2012. Parte 1. 98 p.
DOMINGUES, M. R.; BERNARDI, M. R.; ONO, E. Y. S.; ONO, M. A. Agrotóxicos: Risco
à Saúde do Trabalhador Rural. Semina: Ciências Biologicas e da Saúde. Londrina, v. 25, p.
45-54, jan./dez. 2004.
FARIA, N. M. X.; FASSA, A. G.; FACCHINI, L. A. Intoxicação por agrotóxicos no Brasil:
os sistemas oficiais de informação e desafios para realização de estudos epidemiológicos.
Ciência & Saúde coletiva, Rio de Janeiro, v. 12, n. 1, p. 25-38, mar. 2007.
INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA – IMA. Gerência de Defesa Sanitária
Vegetal – GDV. Setor de Agrotóxico. Agrotóxicos aptos para comercialização no Estado
de Minas Gerais. Belo Horizonte: IMA, 2011a. Disponível em:
<http://www.funarbe.ima.mg.gov.br/Agrotoxicos 01.pdf>. Acesso em: 18 jul. 2012.
INSTITUTO MINEIRO DE AGROPECUÁRIA – IMA. Gerência de Defesa Sanitária
Vegetal – GDV. Setor de Agrotóxico. Consumo de agrotóxicos em Minas Gerais e no
Brasil em 2011: (marcas comerciais). Belo Horizonte: IMA, 2011b.
JACOBSON, L. S. V.; HACON, S. S.; ALVARENGA, L.; GOLDSTEIN, R. A.; GUMS, C.;
BUSS, D.; LEDAL, L. Comunidade pomerana e uso de agrotóxicos: uma realidade pouco
conhecida. Ciência & Saúde Coletiva, v.14, n. 6, p. 2239-2249, jan./dez. 2009.
MARÍN-LEÓN, L.; BARROS, M. B. A. Mortes por suicídio: diferenças de gênero e nível
socioeconômico. Revista de Saúde Pública, São Paulo, n. 37, n. 3, p.357-363, jun. 2003.
MOLINA, D. Agrotóxico utilizado como chumbinho é retirado do mercado brasileiro. In:
AGENCIA NACIONAL DE VIGILANCIA SANITÁRIA - ANVISA. Sala de Imprensa.
Brasília, DF: ANVISA, 2012. Disponível em: <http://portal.anvisa.gov.br/wps/content/
anvisa+portal/anvisa/sala+de+imprensa/assunto+de+interesse/noticias/agrotoxico+utilizado+c
omo+chumbinho+e+retirado+do+mercado+brasileiro>. Acesso em: 20 dez. 2012.
OLIVEIRA, C. S. Vigilância das intoxicações por agrotóxicos no Estado do Mato Grosso
do Sul: uma proposta de relacionamento entre bancos de dados. 2010. 104 f. Dissertação
(Mestrado em Saúde Pública) – Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de
Janeiro: [S. n.], 2010.
OLIVEIRA, M. L. F.; BURIOLA, A. A. Gravidade das intoxicações por inseticidas inibidores
das colinesterases no noroeste do estado do Paraná, Brasil. Revista Gaúcha Enfermagem,
Porto Alegre, v. 30, n. 4, p. 648-655, out./dez. 2009.
OLIVEIRA-SILVA, J., MEYER, A. O Sistema de notificação das intoxicações: o fluxograma
da joeira. In: PERES, F., MOREIRA, J. C. (Org.s.). É veneno ou é remédio?: agrotóxicos,
saúde e ambiente. Rio de Janeiro: FIOCRUZ; 2003. Cap. 14, p. 317-326.
SANTOS, J. A. T.; SELEGHIM, M. R.; MARANGONI, S. R.; GONÇALVES, A. M.;
BALLANI, T. S. L.; OLIVEIRA, M. L. F. Gravidade de intoxicações por saneantes
21
clandestinos. Texto Contexto de Enfermagem, Florianópolis, v. 20, 2011. Edição Especial.
Disponível em: <http://www.scielo.br/pdf/tce/v20nspe/v20nspea31.pdf>. Acesso em: 24 mar.
2013.
SCARDOELLI, M. G. C.; BURIOLA, A. A.; OLIVEIRA, M. L. F.; WAIDMAN, M. A. P.
Intoxicações por agrotóxicos notificadas na 11ª regional de Saúde do Estado do Paraná.
Ciência, Cuidado e Saúde, Maringá, v. 10, n. 3, p.549-555, jul./set. 2011.
SCHMIDT, M. L. G; GODINHO, P. H. Um breve estudo acerca do cotidiano do trabalhador
e produtores rurais: intoxicação por agrotóxicos e subnotificações. Revista Brasileira de
Saúde Ocupacional, v. 31, n. 113, p. 27-40, 2006.
SILVA, J. M.; NOVATO-SILVA, E.; FARIA, H. P.; PINHEIRO, T. M. M. Agrotóxico e
trabalho: uma combinação perigosa para a saúde do trabalhador rural. Ciência & Saúde
Coletiva, Belo Horizonte, v.10, n. 4, p. 891-903, out./dez. 2005.
SOARES, W.; ALMEIDA, R. M. V. R.; MORO, S. Trabalho rural e fatores de risco
associados ao regime do uso de agrotóxicos em Minas Gerais, Brasil. Caderno de Saúde
Pública, Rio de janeiro, n. 19, p. 1117-1127, jul./ago. 2004.
VEIGA, M. M.; DUARTE, F. J. C.M.; MEIRELLES, L. A.; GARRIGOU, A.; BALDI, I. A
contaminação por agrotóxicos e os Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Revista
Brasileira de Saúde Ocupacional, São Paulo, n. 32, n. 116, p. 57-68, 2007.
VIANA, G. N.; ZENKNER, F. M.; SAKAE, T. M.; ESCOBAR, B. T. Prevalência de suicídio
no Sul do Brasil, 2001-2005. Jornal Brasileiro de Psiquiatria, Porto Alegre, n. 57, n. 1, p.
38-43, 2008.
WORLD HEALTH ORGANIZATION - WHO. United Nations Environment Programme.
Public health impact of pesticides used in agriculture. Geneva: OMS, 1990.