Pensar Babel

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Pensar Babel percorre a representação de imagens, de forma dinâmica, quase pictoral, que cumpre a função de atribuír um novo sopro ao trabalho, procurando nele a nobreza e a beleza estéticas. Partindo da selecção de um conjunto de obras, o tema da construção civil é explorado tendo por base composições de pinturas de autores do passado: A Torre de Babel de Pieter Bruegel, O Baco de Caravaggio, A Ceia de Cristo de Leonardo DaVinci, algumas obras de Magritte, entre outras. A ideia é fortificar o conceito de arte no interior de um espaço marcado por intensos laços de preocupação estética e arquitectónica.

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Pensar Babel fotografia de

Ângela Mendes Ferreira

Ângela Mendes Ferreira

Nascida a 25 de Outubro de 1975, Ângela Mendes Ferreira é portu-guesa, natural de Felgueiras, onde passou a infância e a adolescência. É licenciada em Direito pela Universidade do Minho em Braga, onde exerceu Advocacia e cursou Fotografia. A sua obra foi inserida em várias exposições individuais e colectivas e publicou uma obra de Fotografia e Texto sobre a Índia portuguesa.

Optando por uma carreira no domínio da Fotografia, realizou no ano de 2004, como bolseira da Embaixada Real dos Países Baixos, um mestrado europeu em Multimédia e Tecnologias na área da Fotografia Digital na Utrecht School of Arts.Como dissertação de mestrado, estudou as comunidades indíge-nas do Estado de Amazonas e Ceará, um estudo antropológico e imagético sobre a identidade indígena. Em paralelo colaborou como docente na Faculdade de Comunicação e Imagem da Grande Fortaleza-Brasil nas áreas de Fotografia e Estética de Arte.

Ângela Mendes Ferreira é pós-graduada em Direcção Artística pela Escola Superior Artística do Porto onde lecciona Fotografia. Vive en-tre Portugal, Holanda e Brasil, onde é directora artística e curadora de projectos na área de Comunicação e Imagem. Recentemente viu seu trabalho nomeado como Fotógrafa do Ano para a categoria de Emoções da BBC News.

Braga, 2005www.angelaberlinde.com

apoios:

Fotográfico

Um texto fotográfico, um comentário fotográfico nunca serão fotográficos porque lhes faltará o instante e o olhar fotográficos.

O sentir fotográfico é que deve ser fotográfico.

Quando a Ângela me foi apresentada, o meu sentir fotográfico sentiu, registou e arquivou, com sentido, em locais para valor acrescentado.

A Ângela vinha com o cabelo muito dourado e de sorriso plano – muito plano mesmo. Olhei que os olhos sorriam tanto como o sorriso mesmo muito plano.

O material apresentado eram instantes de olhares fotográficos que sou incapaz de olhar mas sou capaz de sentir e de me sentir, assim, bem.

Disse ao que vinha e porque vinha, menos fotograficamente e já sem instantes porque a Ângela vinha mostrar fotografias mais do que falar de fotografias.

O tempo de conversa não é o tempo do instante da fotografia nem o tempo de um olhar mas funcionou e fizemos o nosso acordo.

O nosso acordo foi instantâneo e resultou nestes instantes de olhares de artista.

José TeixeiraCEO dst

Dezembro de 2005

O jogo das formas

Este projecto envolve dois caminhos que se cruzam: a acção mecenática e a obra artística.A cumplicidade entre o mecenas e o artista remonta ao Renascimento e traduziu-se numa prática que permitiu a sobrevivência dos artistas para poderem criar a sua obra. Neste projecto Ângela Mendes Ferreira é beneficiária dessa prática e há que louvar a atitude da empresa dst. Aliás, recorde-se que a atitude da empresa não constitui uma novidade no panorama de apoio ao mecenato cultural, já que é conhecido o apoio concedido em variados projectos que passam pela literatura, artes performativas e artes visuais. Podemos então concluir que estamos face a uma instituição que, paralelamente à sua natureza empresarial, está consciente do quão é importante participar no dinamismo cultural com vista a uma melhor cidadania.No que respeita à obra fotográfica em concreto, encontramos um certo hibridismo, tendo em conta as tradicionais classifi-cações da fotografia. Moda? Porque não? Publicidade? Sem dúvida que sim e imbuída de uma estratégia de sedução que contrasta com a dureza do produto “construção” e se insere nos actuais cânones de comunicação. Mas a sua última essên-cia traduz-se num projecto autoral de grande vigor e cuidado estético.Babel surge aqui enquanto metáfora de desconstrução/cons- trução de algo que partindo de diversos comportamentos humanos (pecado, traição...) caminha no sentido da confluência para uma nova ordem.A elaboração da obra transporta-nos, como a própria autora confessa, a um mundo onírico e pleno de alusões ao universo da pintura. Facilmente identificamos referências picturais com génese em quadros renascentistas ou inspirações colhidas no Surrealismo, corporizadas na evocação do sonho e no para-digma do querer dizer tudo ou dizer nada. Estas apropriações alegóricas são atitudes muito características das posturas pós-modernistas, tendo a autora a capacidade de entrecruzar discursos sem resvalar para um barroquismo inusitado, onde a sedução se poderia limitar ao efeito encantatório.Estes jogos de teatralidade evocam na nossa memória as obras de autores tais como Jeff Wall ou Wendy MacMurdo, cuja prática cenográfica é igualmente inspirada em tableaux vivants e que procuram recriar o mundo com referências ao passado, numa perspectiva crítica e de acordo com as ideologias do presente.

Contudo, os cenários e figurações criadas por Ângela, conferem à sua obra uma particularidade especial que, indubitavelmente, cativam a atenção do observador e o convida a momentos de sedução. A consecução deste projecto revela-nos um camin-har seguro por parte da autora que tem vindo a apresentar, progressivamente, uma maturidade consistente no seu processo criativo.

Rui PrataDirector do Museu da Imagem de BragaDezembro de 2005

Pensar Babel

Num exercício assumidamente de sonho e de recriação de quimeras, Pensar Babel surge como trova e elogio ao nascimen-to e edificação de um plano, ora de vida, ora de sonho.

Assente na premissa cósmica da produção de fotografias, desenvolvi em colaboração com a empresa dst_domingos da silva teixeira, s.a. - o projecto que ora se dá a lume, tendo por base a produção de imagens fotográficas, onde sobressai o intento de valorizar os princípios do trabalho e partilha subja-centes a qualquer obra de construção civil.Pensar Babel percorre a representação de imagens, de forma dinâmica, quase pictoral, que cumpre a função de atribuír um novo sopro ao trabalho, procurando nele a nobreza e a beleza estéticas. Partindo da selecção de um conjunto de obras, o tema da construção civil é explorado tendo por base composições de pin-turas de autores do passado: A Torre de Babel de Pieter Bruegel, O Baco de Caravaggio, A Ceia de Cristo de Leonardo DaVinci, algumas obras de Magritte, entre outras. A ideia é fortificar o conceito de arte no interior de um espaço marcado por intensos laços de preocupação estética e arquitectónica.Mas não é apenas a ideia que evoca a fantasia: pretende-se ultrapassar a esfera cósmica e apresentar os colabo-radores da empresa como participantes activos deste mesmo projecto. Existiu por isso o cuidado dos personagens serem retratados, em nome da valorização do projecto e estímulo dos intervenientes.Através destas imagens visa-se permitir uma reflexão sobre as emoções, os lugares de trabalho, as ferramentas e os símbolos ligados ao trabalho.Na sua essência, este projecto cruza a linguagem conceptual e artística de um planeta de sonho habitado por imagens que nos levam a reflectir sobre a regra da fotografia como instrumento de valorização de identidade do tema e dos fotografados.

Pensar Babel surge como proposta, como meio transmissor de ideias e emoções, de desafios e de limites onde todos cabemos na mais bela e díspar maneira de encararmos a vida. Surge como metáfora da ambição de “penetrar nos céus”, quebrar o limite entre o humano e o divino, o profano e o sagrado, a Terra e o Céu. Já não é a divindade que desce à Terra, é o ser humano que invade o Céu graças à obra de suas mãos.Pretende esta mostra narrar a assumida ou recriada ligação do Homem com trabalho, por vezes sagrada, a possível inocêcia do olhar, a hipotética alegria, o possível amor ou a surpreendente interrogação acerca do tempo.

E faça-se o que se fizer, o centro do sonho continuará a ser o território de toda a obra.

Ângela Mendes FerreiraDezembro de 2005

Rever Baco

impressão digital sobre acrílico183cmx200cm

Passagem entre mundos imaginários

200cmx177cm

impressão digital sobre acrílico

Pensar Babel

180cmx180cm

impressão digital sobre acrílico

O corpo e a pedra

133cmx200cm

impressão digital sobre acrílico

Acrescentar ao coração

134cmx200cm

impressão digital sobre acrílico

Fitar o destino

183cmx200cm

impressão digital sobre acrílico

Adão e Eva

200cmx160cm

impressão digital sobre acrílico

Fortificar quimeras

200cmx180cm

impressão digital sobre acrílico

Guardar o sonho

133cmx200cm

impressão digital sobre acrílico

Proteger valores

133cmx200cm

impressão digital sobre acrílico

Imaginar caminhos

200cmx142cm

impressão digital sobre acrílico

Revelar o sentido

200cmx170cm

impressão digital sobre acrílico

Reconstruir o significado

500cmx166cm

impressão digital sobre acrílico

Traçar os dias

150cmx140cm

impressão digital sobre acrílico

Making of de “Reconstruir o significado”

Pensar Babel

AutorÂngela Mendes Ferreira

Coordenação do projectodst- departamento de marketing e design

Produçãoberlinde produções

MontagemEquipe dst com a coordenação da berlinde produções

CatálogoConcepção, coordenação, designberlinde produções, Rui Viana

TextosJosé Teixeira, Rui Prata, Ângela Mendes Ferreira Produção e design de moda Óscar Casares

Exemplares1500

Ediçãodst_domingos da silva teixeira, sa

berlindeproducoes@gmail.com