Post on 03-Feb-2016
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Pedagogia do Oprimido / Paulo Freire – 50. ed. rev. e atual. – Rio de Janeiro: Paz e
Terra, 2011.
Paulo Freire em “Pedagogia do Oprimido” descreveu um novo modelo de educação
que, ao contrário do vigente, tem no diálogo sua característica dominante.
Quatro são as principais abordagens do autor: na primeira o autor explica o objetivo do
livro que é o de apresentar a situação oprimido/opressor, a segunda descreve o
modelo bancário da educação como ferramenta de opressão, a terceira parte
apresenta um modelo novo de educação baseado na dialogicidade usada como
instrumento de libertação e transformação e a quarta parte confronta o modelo
dialógico com seu antagônico.
A Pedagogia do Oprimido visa abrir os olhos destes ao mundo, a ajudá-los na
transformação de suas vidas por meio de uma educação com eles e não para eles.
Alguns dos conceitos apresentados no livro são de grande relevância para o universo
educativo, são eles:
O ”Medo da Liberdade” (p. 31). Paulo Freire descreve esse como sendo um dos
principais empecilhos a libertação das massas oprimidas, onde o oprimido acomoda-
se na condição de ser menos e conformado não busca a O professor deve servir de
mediador, utilizando na sala de aula o conhecimento trazido pelos alunos,
compartilhando experiências para que ocorra a construção de seres críticos.
• transformação.
• A “Educação Bancária” (p. 79). Freire aponta que esse método educacional, que
ensina a ouvir e não a falar - onde o professor apenas deposita conhecimento na
cabeça dos alunos -, como sendo uma das principais e primeiras formas de se oprimir.
• A Educação Dialógica (p.110). Ao contrário da Educação Bancária, está seria a
alternativa para a libertação das massas excluídas, uma educação feita deles,
respeitando suas opiniões e experiências, tendo o diálogo como ferramenta
transformadora.
• A “Liderança Revolucionária” (p.181). O líder das massas, não deve de modo algum
“hospedar” o opressor em seu subconsciente, deve sim compartilhar as aflições dos
oprimidos e com eles lutar.
Pedagogia do Oprimido, ao tratar de um tema que sempre será atual, o da inclusão, se
faz obra-prima.
A educação é fundamental para a libertação, então para um mundo justo e
humanizado, a transformação da prática oprimido/opressor deve acontecer agora,
para que assim “seja menos difícil amar”.
O livro Pedagogia do Oprimido de Paulo Freire, traz em tona a questão da
contradição opressor X oprimido.
Para desenvolver sua crítica sobre o modelo de educação reproduzida conforme
o conformismo social, ele utiliza vários conceitos dos quais compreenderemos a
seguir.
Em seu primeiro capítulo que tem como título “justificativa da pedagogia do
oprimido”, Freire discute o processo de desumanização causada pelo opressor a
seus oprimidos. Ele relata, que a forma de imposição que o opressor envolve o
oprimido,e faz com estes sejam menos, ou seja, vejam-se em condições onde
ele precise do seu usurpador. Neste capítulo paulo Freire desenvolve dois
conceitos importantes: o revolução de contradição. Para ele uma revolução no
campo da opressão, por buscar mudanças daqueles que dominam, acabam
gerando novos opressores e oprimidos. Já na contradição o opressor se
reconhece como o tal e o oprimido consegue vê-se subjugado por outro. É a
contradição que gera a consciência. Mas a autor adverte que o processo de
desintoxicação da opressão deve acontecer de maneira cuidadosa para que os
opressores não venham a ser novos oprimidos. O processo de liberdade deve ser
vista e sentida por ambas as partes. A libertação do estado de opressão é uma
ação social, não podendo portanto, acontecer isoladamente. O homem é um ser
social e por isso, a consciência e transformação do meio deve acontecer em
sociedade.
Em todo o contexto de seu livro, o autor busca mostrar como a educação no
Brasil produz um fetiche social, reproduzindo a desigualdade, a marginalização
e a miséria. Ele coloca que o ensinar a não pensar é algo puramente planejado
pelos que estão no poder, para que possam ter em suas mãos a maior
quantidade possível de oprimidos, que se sentindo como fragilizados,
necessitam dos que dominam para sobreviverem. Mas como poderá o homem
sair da opressão se os que nos “ensinam” são também aqueles que nos
oprimem? No desenvolver de seu livro, Paulo Freire procurar conscientizar o
docente dom seu papel problematizador da realidade do educando.
No capítulo II, a autor discute “a concepção ‘bancária’ da educação como
instrumento de opressão. Seus pressupostos. Suas criticas”. Ele traz a discussão
de que é o professor quem faz o seu aluno um mero depositário, ao considerar o
aluno como incapaz de produzir conhecimento, e desconsiderar-se como um ser
em formação contínua. Para Paulo Freire, ensinar a pensar e problematizar
sobre a sua realidade é a forma correta de se reproduzir conhecimento, pois é a
partir daí que o educando terá a capacidade de compreender-se como um ser
social. Um vez conhecendo sua situação na sociedade, o educando jamais se
curvará para a condição de oprimido, pois seu lema será a igualdade e por ela
buscará. A educação bancária, transformar a consciência do aluno em um
pensar mecânico, ou seja, em sentir como se a realidade social fosse algo
exterior a ele e de nada lhe aferisse. Já a educação problematizadora gera
consciência de si inserido no mundo em que vive e diz respeito à idéia de que
deve existir um intercâmbio contínuo de saber entre educadores e educandos,
com a intensão de que os últimos não se limitem a repetir mecanicamente o
conhecimento transmitido pelos primeiros. Por meio do diálogo entre
professores e alunos, estabelecem-se possibilidades comunicativas em cuja raíz
está a transformação do educando em sujeito de sua própria história. É a
superação da dicotomia educado X educando. Nesse processo de educação
problematizadora, o professor aprende enquanto ensina pelo diálogo de seus
educando, estimulando o ato cognoscente de ambos, ou seja, ensina e aprende a
refletir criticamente.
O processo de educação é consciência humana, pois só os homens tem
consciência de sua incompletude e, por isso busca compreender o mundo que
vive em sua finitude. Mas é no ser que transforma que ele percebe a sua
importância, portanto é na educação problematizadora que gera história que se
humaniza a sociedade.
O capítulo III tem como tema “a dialogicidade – essência da educação como
prática de liberdade” demostra o quanto é importante o desenvolvimento no
diálogo no processo educativo. A comunicação é expressa pela palavras e pela
ação, por isso a verdade tem que está constante neste dois momentos de
construção da educação, tanto do aluno quanto do professor. É isso que dá
sentido ao mundo em que os homens vivem e se relacionam. O diálogo entre
educador-educando começa em seu planejamento do conteúdo programático,
quando questiona o que vai refletir com seus alunos. Mas esse conteúdo não
pode estar dissociado do cotidiano dos alunos. Ele tem que ter uma relação com
o que eles vivem no mundo atual. Tem que haver uma conexão real. Ensinar e
aprender é uma constante investigação, porém Paulo Freire adverte para que
não torne o homem, neste processo, um mero objeto de investigação. Que não se
perca a essência do ser humano.
O capítulo IV trata da “teoria da ação antidiagógica”, na qual descreve a
importância do homem como ser pensante de práxis sobre o mundo. A ação
transformadora se faz pela reflexão e ação. Demonstra também que um ser que
se dedique a liderança revolucionária da opressão, não deve confundir seu papel
de representante do diálogo oprimidos, impondo o seu ponto de vista. Tem que
levar a verdadeira palavra daqueles que representa emergindo o novo em meio
ao velho da sociedade dominante. O caráter revolucionário dos oprimidos, em
sua ação transformadora, é uma ação pedagógica, da qual se emerge novas
possibilidade de renovação social.
Em sua descrição sobre o sistema de opressão antidialógico, Paulo Freire
descreve que são quatro os elementos utilizados para a realização da dominação.
A primeira delas é a conquista, método pelo qual o opressor impõem
jeitosamente sua cultura sobre o opressor;A divisão das massas para poder
dominá-las, pois, povo unido é sinal de perigo de desordem social, esse é o
discurso de quem oprime, por isso, evita-se trabalhar conceitos como lutas,
revoltas, união, etc. É pela manipulação que os opressores controlam e
conquistam as massas oprimidas para a realização de seus objetivos. Também
a invasão cultural é um instrumento da conquista opressora. A minoria
dominante impõem sua visão de mundo e todos se guiam por ele.
Por fim, Paulo Freire encerra esse capítulo colocando os elementos da ação
dialógica, que são a co-laboração, a união, a organização e a síntese cultural.
A co-laboração do diálogo, entende o outro como o outro e respeita a sua
culturalidade. A união da massa oprimida se faz necessária, e é papel do
representante dessa classe mantê-la unida para ganhar força de transformação.
A organização é um aporte da união das massas, mas é também um sinal de
liberdade para os oprimidos. A síntese cultural se fundamenta na compreensão
e confirmação da dialeticidade permanência-mudança, que compõem a
estrutura social.
Portanto, compreendendo a tese fundamental de Paulo Freire neste livro, vemos
que ele elabora conceitos pedagógicos pelos quais o educador deve enveredar-se
para uma transformação no contexto social de dominação que se dá através do
processo de educar. Opressores e oprimidos são vítimas da mesma
inconsciência. A conscientização se dá por um processo gradual em que se busca
a liberdade sem produzir novos opressores e oprimidos. Ele coloca uma
revolução na estrutura social, através da qual o homem como sendo de
fundamental importância a sua existência no mundo, é capaz de fazer sua
história, sem um futura apriori, como este que é imposto pelas minorias
dominantes.
Ao analisarmos essa obra de Paulo Freire, percebemos que até hoje, em nossas
escolas, o conceito de educação problematizadora ainda não conseguiu ser
implantadas. O professor formador de conscientização vive um drama entre
ensinar o que a pensar ou cumprir com o currículo que lhe é imposto pelos
órgãos educacionais. O tempo lhe traga toda a esperança de uma
conscientização social. Vive pesquisando para preparar uma aula que muitas
vezes os alunos nem param para ouvir por que o conteúdo que o professor tem
que cumprir não condiz com a realidade que seus alunos vivem. Então podemos
entender que o sistema educacional de hoje também continua a disseminar a
opressão. Não por causa do professor, mas pelas condições de trabalho que lhes
é imposto. O educador hoje é tão vítima como o oprimido, pois é meramente
mais um deles.