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Departamento de Educação
Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e
Cultura
Aluno: Caroline Bárbara F.C.B. Reis1
Orientador: José Maurício Paiva Andion Arruti
Introdução
Este relatório é resultado do meu primeiro semestre como bolsista do Laboratório de
Antropologia dos Processos de Formação (Lapf), do Departamento de Educação da PUC-Rio.
O Lapf tem por objetivo desenvolver estudos e pesquisas sobre a relação entre os processos de
formação e agenciamentos de identidades e os processos de produção e transmissão do
conhecimento, em suas modalidades escolar e não escolar. Em acordo com tal objetivo geral,
minhas atividades de Iniciação Científica estão associadas ao projeto Panorama Quilombola do
estado do Rio de Janeiro: Terra, Cultura e Educação e têm o objetivo específico compreender e
analisar como a questão da terra, educação e cultura relaciona-se nos contextos das
comunidades, assim como gerar subsídios à produção de material didático que responda às
exigências da lei 10.639/2003, tendo por base a história e organização cultural das
comunidades quilombolas do Rio de Janeiro.
Objetivo
Meus dois principais objetivos no âmbito do Lapf são:
(a) A elaboração de um texto sobre a História da Terra das Comunidades Quilombolas do
sul fluminense;
(b) A análise das notícias sobre comunidades quilombolas que tratem do tema da educação,
tendo por fonte privilegiada o site Observatório Quilombola.
1 Aluna do Departamento de História e bolsista do LAPF (Laboratório de Antropologia dos Processos de
Formação) do Departamento de Educação, coordenado pelo professor José Maurício Arruti.
Panorama Quilombola no Estado do Rio de Janeiro: Terra, Educação e Cultura
Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 2
O objetivo de trabalhar com a produção de um texto destinado a tratar e analisar a
“História da Terra” das comunidades do sul fluminense, tem por foco, especificamente, a Ilha
da Marambaia (Mangaratiba), Santa Rita do Bracuhy (Angra dos Reis) e Campinho da
Independência e Cabral (Parati), e destina-se a produzir subsídios úteis para o trabalho com a
história dos africanos na diáspora, , destinada em especial às escolas localizadas em
comunidades quilombolas e/ou que atendam alunos oriundos dessas comunidades, oferecendo
uma visão articulada de suas próprias histórias locais e nacionais do período da escravidão e do
pós-abolição.
Já o trabalho com as notícias relacionadas às comunidades do Estado do Rio de Janeiro
tem como objetivo elaborar um panorama da questão educacional nas comunidades
quilombolas, com prioridade para aquelas localizadas no Rio de Janeiro, verificando o nome
dos eventos, seus tipos (programas institucionais, não governamentais, projetos, agendas
sociais etc.), quais as comunidades envolvidas etc.
Metodologia
O método de trabalho destinado à produção do texto sobre a “História da Terra” se deu
por meio da leitura dos laudos de reconhecimento territorial das comunidades de Marambaia,
Santa Rita de Bracuhy, Campinho da Independência e Cabral. No primeiro semestre de 2009,
foi proposto ao grupo que se fizesse uma leitura coletiva dos laudos antropológicos dessas
comunidades, identificando aspectos como “conflitos e conflitantes”; “produção e
comercialização” e etc. Um ano depois, visando produzir subsídios a respeito da história dos
negros africanos, visando a execução da Lei 10.639, realizei uma leitura direcionada ao
histórico de ocupação dos territórios das comunidades mencionadas acima, cruzando de forma
preliminar com bibliografias do período pós-abolição. O intuito foi usar uma fonte
relativamente nova para os trabalhos de história – os laudos antropológicos -, além de realizar
um quadro comparativo e compreensivo sobre a origem territorial dessas comunidades. Este
texto foi pensado como um primeiro exercício na organização do material que deverá
posteriormente, entrar em diálogo mais preciso, não apenas com a literatura do período pós-
abolição, mas sobretudo, com a historiografia das regiões.
Com relação ao método de trabalho com as notícias, primeiramente, foi realizado
levantamento e organização das notícias do Observatório Quilombola
(http://www.koinonia.org.br/oq/), que compreende o período de cinco anos (2005 à 2010). Em
seguida o quantitativo de notícias coletado foi transformado em uma base de dados em Excel.
Ao tomarmos ciência da agilidade que o software NVIVO proporciona ao trabalho de seleção
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de informações das notícias passei a utilizá-lo, armazenando e analisando as informações de
cada notícia através do NVIVO. Dessa forma, o trabalho quase que manual com a plataforma
Excel foi substituído pela agilidade do NVIVO que tornou a análise mais dinâmica e simples.
É importante ressaltar, que para o trabalho com o NVIVO fez-se necessário estabelecer
tópicos que norteariam os principais elementos a serem analisados. Os tópicos são: Data/Data
do Evento/Título da Notícia/Nome da Ação/Nome da Ação-Análise/Nome da Ação-
Evento/Tipo da Ação/Âmbito/Nome do Quilombo/Documento de Referência/Nominata -
Instituições/Nominata – Pessoas. Depois de completado o processamento das notícias, ao longo
do segundo semestre desta bolsa PIBIC (2010.2), esperamos ser possível produzir uma analise
da situação e das iniciativas relativas à educação nessas comunidades.
Primeiros Resultados
Neste relatório nos concentraremos apenas no resultado do primeiro objetivo de nosso
projeto de pesquisa PIBIC, ou seja, a apresentação de um texto sintético e preliminarmente
comparativo sobre a Historia da Terras das Comunidades Quilombolas do estado do Rio de
Janeiro. Este texto já foi apresentado, em meados do mês de julho, no encontro da Associação
Nacional de Pesquisa em História (ANPUH) Regional Rio de Janeiro. O segundo objetivo, de
análise da situação e das iniciativas educacionais nas comunidades quilombolas ficará para o
segundo relatório.
Texto História da Terra:
As comunidades remanescentes de quilombo do litoral sul-fluminense: notas preliminares sobre a história contada nos seus laudos
Resumo
Este trabalho tem o objetivo oferecer uma visão articulada das histórias locais das
comunidades do Sul Fluminense, tendo em vista a possibilidade de articula-las também à
história regional e nacional da escravidão e do pós-abolição. Para tanto, trabalharemos a partir
da leitura dos laudos antropológicos de reconhecimento territorial das comunidades da
Marambaia, em Mangaratiba, de Santa Rita do Bracuhy, em Angra dos Reis, de Campinho da
Independência e de Cabral, em Paraty.
Nosso principal objetivo aqui é explorar uma fonte relativamente inédita para os trabalhos de
história e quase totalmente baseadas em relatos orais. Nela investigaremos a visão de conjunto
que se pode produzir a partir dos laudos de cada uma destas situações tomadas isoladamente.
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Relatório PIBIC 2010.1 / Caroline Bárbara F.C.B. Reis / 4
Este texto é pensado como um primeiro exercício na organização do material, que, em seguida,
deverá entrar em diálogo mais largo com a historiografia da região, assim como a literatura que
tem se acumulado sobre o pós-abolição.
Origem da Terra
Marambaia
A Ilha da Marambaia, localizada em Mangaratiba, por sua posição geográfica
estratégica, recepcionava as embarcações de negros que vinham da África e que serviriam
como escravos no trabalho com as lavouras de café. Seriam distribuídos pelo litoral e pelo Vale
do Paraíba, pelo comendador e proprietário da Ilha Joaquim José de Souza Breves2, que junto
com sua família aplicou uma estrutura produtiva e comercial na região, através da produção,
transporte, lavoura e tráfico de escravos, mediante o fracasso canavieiro decorrente do apogeu
do café.
Em fevereiro de 1851, o chefe de polícia interino da província do Rio de Janeiro
apreendeu na Marambaia 199 africanos que de acordo com uma denúncia, haviam
desembarcado na ilha há poucos dias, a maioria dos africanos apreendidos constava ser
procedente de Cabinda. Dias depois dessa apreensão, o patacho Actividade desembarcou na
Marambaia aproximadamente 500 africanos, muitos constavam ser procedentes de Benguela3.
Com a abolição, em 1888, a produção enfraquece. O comendador decide doar “de
boca” a cada família de ex-escravos uma praia da Ilha, muito provavelmente essas famílias já
ocupavam essas praias. No entanto, não há qualquer documentação que comprove a doação
feita por Breves.
Santa Rita do Bracuhy
Situada em Angra dos Reis, a antiga fazenda escravista Santa Rita do Bracuhy, tinha
como proprietário José Joaquim de Souza Breves4 – irmão do então proprietário da Marambaia
– que também fazia da Ilha um porto de desembarques clandestinos de negros africanos, além
de fazê-los trabalhar na produção cafeeira, tanto na agricultura que existia na fazenda, como
nas lavouras de toda a região do litoral e do Vale do Paraíba.
2 Importante traficante de escravos do sul-fluminense, no século XIX. Proprietário da Ilha de Marambaia no
período da produção cafeeira no Rio de Janeiro. 3 Yabeta, Daniela. “A Capital do Comendador” – A Auditoria Geral da Marinha no julgamento sobre a liberdade
dos africanos apreendidos na Ilha da Marambaia (1851). Dissertação de Mestrado. Nov/2009. 4 Proprietário da antiga fazenda escravista Santa Rita do Bracuhí e irmão de Joaquim José de Souza Breves,
ambos traficantes de escravos na região sul-fluminense.
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Em 1852, o porto de Bracuhy foi palco do desembarque de aproximadamente 500
africanos do Quelimane, trazidos pelo brigue americano Camargo para trabalharem na
produção do café5 no sul fluminense.
Em 1877, José Breves redigiu seu testamento alforriando os escravos da fazenda do
Bracuhy e deixando 260 alqueires de terra nesta propriedade para os mesmos. Dois anos mais
tarde, em 1879, José Breves morreu e seu irmão Joaquim Breves – o da Marambaia - ficou
responsável pela execução de seu testamento, que nuca foi cumprido.
Campinho da Independência
A comunidade negra de Campinho da Independência está localizada na região sul de
Paraty6. Também se configurou, no XIX, como uma fazenda escravista, fazendo com que os
negros que lá chegavam trabalhassem compulsoriamente na produção da cana e café.
Quando abolido o trabalho escravo, no final do XIX, as atividades comerciais
enfraqueceram. O proprietário, então, doou “de boca” as terras da fazenda aos seus ex-
escravos, sem também, documentar a doação. De acordo com os relatos de moradores, é nesse
momento – a partir da decadência do regime escravocrata - que a comunidade de Campinho
surge. As terras foram entregues à três mulheres negras (duas eram irmãs e a outra era prima),
chamadas Antonica, Marcelina e Luísa, que as receberam do ex- dono da Fazenda
Independência.
Cabral
Localizada no sertão de Paraty-Mirim, especificamente, na Bacia Hidrográfica dos
Meros7, Cabral era, no XIX, uma fazenda escravista, cujos avós e bisavós dos moradores da
comunidade foram escravos na Antiga Fazenda da Caçada8, onde se situa o território de Cabral.
Assim como em Campinho, os escravos que chegavam na Fazenda da Caçada trabalhavam
compulsoriamente nas plantações de cana e café.
5ABREU, Martha. “O caso Bracuhy” In: MATTOS, Hebe e SCHNNOR, Eduardo (Orgs). Resgate: Uma janela para o
oitocentos. Rio de Janeiro: Topbooks, 1995. 6 Laudo antropológico, realizado em 1998, pelo Projeto mapeamento e Sistematização das Áreas Remanescentes
de Quilombos em convênio, cuja responsável foi Neusa Maria Mendes de Gusmão. 7ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade
quilombola de Cabral – Município de Parati. Rio de Janeiro. Incra, 2008. 8 Relato oral de moradores da comunidade negra de Cabral contido em: ARRUTI, José Maurício: : Relatório
histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade quilombola de Cabral – Município de Parati.
Rio de Janeiro. Incra, 2008.
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Com a decadência do sistema escravista, a ex-proprietária Francisca Alvarenga, doou o
território às suas filhas de criação alforriadas9. Uma delas casou-se com um ex-escravo da
proprietária, enquanto o filho de Francisca havia se casado com uma das escravas da mãe.
Três núcleos familiares se constituem em Cabral: Os “Alves”, os “Lucas” e os
“Angélica”. Os dois primeiros se constituíram no bairro de Cabral através do apossamento,
enquanto o último tem o legado da descendência com os ex-escravos da Fazenda. Esse é um
elemento que será melhor descrito quando falarmos a respeito da organização ocupacional
dessas comunidades.
Comparativo
Marambaia, Bracuhy, Campinho e Cabral são comunidades situadas no litoral sul
fluminense e, no século XIX, desempenharam papéis muito distintos no contexto regional,
devido às suas localizações na geografia econômica da região e as suas funções nela. As duas
primeiras, de acordo com seus respectivos laudos, formaram-se na rota dos desembarques
clandestinos de africanos escravizados, que alimentaram de braços toda a região do café.
Ambas eram administradas pela família Breves, que as mantinham com a função de
recepcionar o desembarque clandestino. Já os laudos antropológicos de Campinho e Cabral
explicitam que a base econômica da região de Parati como um todo era a partir da produção de
cana-de-açúcar, que movimentou o trabalho escravo na região por um longo período entrando
em declíneo e abandono no século XX.
Organização Ocupacional
Marambaia
Após a morte de Breves, sua viúva transferiu em 1891, a propriedade da Ilha à
Companhia de Indústrias e Melhoramentos, iniciando um período de sucessivas transferências.
Em 1896, em liquidação forçada, a Ilha foi vendida ao Banco da República do Brasil; em 1905,
devido a uma crise econômica, a Ilha passou a ser propriedade da União, até que a Marinha
nela chegasse e, em 1908, instalasse a Escola de Aprendiz de Marinheiro do Rio de Janeiro.
Mas, em 1910, a Escola é transferida para Campos, deixando a Ilha novamente sem outra
destinação.
9 ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade
quilombola de Cabral – Município de Parati. Rio de Janeiro. Incra, 2008.
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Depois disso, a Ilha só será ocupada novamente por iniciativas externas, em 1939, com
a instalação da Escola Técnica de Pesca Darcy Vargas, que funcionou até 1970. A mudança
tornou-se radical. A Escola transforma a pesca em fonte de renda dos moradores10
, que até
então, plantavam e pescavam como fonte de subsistência. O trabalho na roça, aos poucos, foi
sendo relegado pelos moradores que passaram a ter na pesca uma profissão. De acordo com o
laudo, os moradores da Ilha da Marambaia se organizaram em núcleos familiares, em que cada
praia possui um grupo de famílias, cuja produção e consumo são coletivos.
Santa Rita do Bracuhí
De acordo com os relatos de moradores, após a morte do proprietário da Fazenda
Bracuhy, em 1879, o principal meio de subsistência dos moradores foi a partir do trabalho com
a agricultura de subsistência, em que plantavam todos os tipos de semente: feijão, arroz, café,
milho e etc. Algumas pessoas vendiam esses produtos, uma vez que se tinha máquinas de pilar
café, arroz...
De acordo com esses relatos, o laudo reflete acerca da autonomia que esses moradores
sempre tiveram sobre seu trabalho, sobre o que plantar, como plantar e sobre a utilização dos
recursos que tinham disponíveis.
É um legado de autonomia deixado para as gerações de agora, em que os moradores
que lá vivem criam seus filhos e constituem suas famílias tendo no trabalho com a roça o
principal meio de sobrevivência, demonstrando total domínio e autonomia com a exploração
das terras herdadas por seus antepassados.
Campinho da Independência
Segundo os relatos orais recolhidos pelo laudo antropológico da comunidade, com a
proibição do trabalho escravo no país, os negros que na Fazenda estavam permaneceram,
enquanto muitos outros migravam para Campinho fugindo do trabalho compulsório que
continuavam a desempenhar para seus ex-senhores, no final do XIX.
Os moradores passaram a ter na agricultura, no artesanato e na criação de animais em
pastos e quintais suas principais fontes de subsistência11
. A pesca, de acordo com o laudo,
tornou-se uma prática eventual, pois o Rio Carapitanga está poluído em função do crescimento
do núcleo urbano que se instalou nos arredores da comunidade. Por esse motivo, os moradores
10
ARRUTI, José Maurício: Excertos do Relatório Técnico-Científico sobre a comunidade remanescente de
quilombos da Ilha da Marambaia – Município de Mangaratiba. Rio de Janeiro, 2003. 11
GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de: Relatório Técnico-Científico da comunidade negra de Campinho da
Independência – Município de Parati. Unicamp. Rio de Janeiro, 1998.
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perceberam a necessidade de trabalharem fora de Campinho, como trabalhadores assalariados,
embora temporários, sem garantias trabalhistas ou uma maior estabilidade.
Cabral
Dada a Abolição, a principal atividade de produção e comercialização se deu através do
cultivo dos produtos da roça12
, como: mandioca, feijão, milho, legumes em geral e banana,
além da criação de animais, embora somente a banana e mandioca tivessem bom mercado
comercial no entorno de Angra dos Reis.
Verifica-se, a partir do laudo, uma lógica de ocupação muito diferente das que foram
apresentadas nas comunidades acima. A dinâmica de ocupação da comunidade, no geral, se
deu através da política de apossamento e da permanência de escravos e alforriados no mesmo
território – os “Alves”, os “Lucas” e os “Angélica”.
O “Alves” é um núcleo residencial constituído por moradores descendentes de Benedito
Alves dos Santos, filho da ex-proprietária da Fazenda da Caçada, Francisca Alvarenga. Casou-
se com uma ex-escrava de sua mãe e ao unir-se à ela, constituiu família. De acordo com o
laudo, não se sabe sob qual título que sob quais meios, Benedito conseguiu documentar a
doação feita por sua mãe à ex-escrava. Mas o que se sabe é que seu filho Benedito Pequeno fez
nova documentação incluindo apenas o nome dele e de outra irmã como herdeiros das terras,
deixando outras duas irmãs de fora, embora estas tenham vivido e constituído família em
Cabral.
Segundo relatos de moradores, Benedito Pequeno impôs que todos que nas terras
morassem trabalhassem, sendo ele que escolheria onde plantar, onde construir e onde tirar
lenha. Por uma década (1940 – 1950) a terra deixou de ser “livre”. Essa situação só foi
modificada com o falecimento de Pequeno em 1958, em que seu filho, conhecido como Binto,
encerrou com essa política de restrição arbitrária.
Os moradores que vivem no núcleo residencial dos “Lucas” são todos descendentes de
Benedito Francisco dos Santos, homem que chegou na região, de acordo com o laudo, sem ter
qualquer descendência com ex-escravos e tão pouco família constituída na localidade.
Comprou um terreno e passou a viver no bairro de Cabral.
O caso dos “Angélica” é diferente. Os moradores que vivem nessas terras, de acordo
com os relatos, carregam consigo o legado da descendência com os ex-escravos. Maria
12
Relatos Orais de moradores colhidos em: ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de
reconhecimento territorial da comunidade quilombola de Cabral – Município de Parati. Incra. Rio de Janeiro,
2008.
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Angélica de Alvarenga, uma ex-escrava da Fazenda de Itatinga, no pós-abolição, recebeu como
doação de seu ex-senhor, 70 alqueires de terra. A doação nunca foi documentada.
Comparativo
Verifica-se que em ambas as comunidades os usos da terra foram primordiais para o
sustento das famílias. Em comunidades como Bracuhy, Campinho e Cabral constatou-se a
tentativa de comercializar alguns produtos, embora nem todos encontrassem comércio. Já em
Marambaia, a pesca tornou-se profissão, em que os moradores tinham nela bom comércio.
Além disso, os moradores dessas comunidades se organizaram em núcleos familiares,
cujas funções e tarefas eram divididas coletivamente. Isso fica muito bem explicitado com a
leitura do laudo de Marambaia, por exemplo
Ao analisarmos a organização ocupacional dos moradores dessas comunidades e os
cultivos e a forma de trabalho que desempenham, percebe-se o quanto essas comunidades se
aproximam nesse sentido. O uso coletivo da terra é um dos exemplos que comprova o quanto
essas comunidades se assemelham umas das outras.
Expropriação
Marambaia
Em 1971, a Escola de Pesca é desativada e a Marinha de Guerra do Brasil retorna à Ilha
declarando-a “área de interesse militar13
”. Instala o CADIM (Centro de Adestramento da Ilha
da Marambaia), dando início a uma política de restrições e expulsões dos moradores da
localidade.
A pesca, de acordo com os relatos de moradores, torna-se proibida em determinadas
praias, bem como a queima do mato para a roça e a reforma de casas ou construção de
residências novas para os jovens casais. É o começo de intensas mudanças na realidade das
famílias que lá residem. Além disso, origina-se fortes tensões entre autoridades, moradores e
militares.
Santa Rita do Bracuhy
A construção da estrada BR101 (Rio-Santos), em 1950, iniciou para a Santa Rita do
Bracuhy um período de fortes conflitos, de acordo com o laudo de reconhecimento da
13
ARRUTI, José Maurício: Excertos do Relatório Técnico-Científico sobre a comunidade remanescente de
quilombos da Ilha da Marambaia – Município de Mangaratiba. Rio de Janeiro, 2003.
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comunidade. Mediante o agravante dos moradores não terem como comprovar a posse da terra,
tão pouco a descendência com os ex-escravos que herdaram os 260 alqueires de terra do ex-
proprietário da Fazenda14
,parte do território que lhes pertence foi tomado para a construção da
estrada.
Os problemas se agravaram quando em 1970, a empresa Bracuhí Administração,
Participações e Empreendimentos LTDA, de acordo com os moradores, chegou na região e
expulsou famílias que moravam entre a estrada e a faixa litorânea afirmando possuir 302
alqueires de terra. De acordo com o que foi apurado pelo laudo, tanto intimidações por parte da
Companhia, como indenizações irrisórias aos moradores foram feitas, além da destruição de
casas e a extração de areia das margens do Rio Bracuhí. Além disso, verifica-se a total
destruição do caminho de acesso à praia e ao manguezal, em detrimento da construção de uma
mansão pela mesma Empresa.
Campinho da Independência
Parte das terras de Campinho foi perdida para a construção da estrada BR101 (Rio-
Santos)15
. O Rio Carapitanga, como mencionado anteriormente, foi atingido pela poluição
oriunda do crescente núcleo urbano que se instalara no entorno da comunidade.
Além disso, de acordo com os relatos orais, o proprietário de Paraty-Mirim, em 1950,
fez com que os moradores da comunidade marcassem com os dedos – a maioria era analfabeta
– folhas em branco que, posteriormente seriam anexadas a um processo de despejo dos
moradores de Campinho, cujo intuito era a anexação da Fazenda de Campinho à Fazenda de
Paraty-Mirim.
Cabral
De acordo com o laudo antropológico de Cabral, a construção da rodovia BR101 (Rio-
Santos), também significou problemas para os moradores da comunidade negra de Cabral.
Culturas como banana, mandioca, as atividades de pastagens de animais, entre outras,
declinaram. Além disso, a especulação imobiliária na região aumentou, principalmente nas
terras próximas à construção da rodovia e próximas do litoral.
O fato de Paraty ter se tornado, em 1958, Patrimônio Histórico e Artístico Nacional
trouxe reconhecimento ao município, embora Cabral tenha sido diretamente afetada. O título
14
O’DWYER, Eliane Cantarino; BRAGATTO, Sandra: Laudo antropológico de identificação da comunidade
negra rural de Santa Rita do Bracuhy – Município de Angra dos Reis. Rio de Janeiro, Dez/1998. 15
GUSMÃO, Neusa Maria Mendes de: Relatório Técnico-Científico da comunidade negra de Campinho da
Independência – Município de Parati. Unicamp. Rio de Janeiro, 1998.
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de Paraty dividiu a comunidade negra em duas partes: “cidade antiga” e “cidade nova16
”. Dessa
forma, ainda de acordo com o laudo, os moradores da comunidade passaram a viver na parte
denominada como “cidade nova” reconhecida como uma espécie de “favela horizontal” que
cresceu vertiginosamente.
De acordo com os moradores que vivem na “cidade nova”, um dos principais motivos
que os fizeram optar por morar nessa parte da região foi o fato de estar localizada próxima à
escola e próxima às oportunidades de emprego, além de evitarem o extremo parcelamento de
terra familiar no bairro rural.
Comparativo
No que diz respeito a conflitos e conflitantes, a Ilha da Marambaia se diferencia. Como
explicitado acima, a Marinha brasileira é a causadora de uma política arbitrária e restritiva,
impedindo os moradores de darem continuidade à rotina que haviam conquistado com a pesca
e com a organização espacial que existiam até então.
Bracuhy, Campinho e Cabral são comunidades que possuem um único conflitante: a
estrada BR101, que desde meados do século XX, vem afetando tanto o que diz respeito à
produção quanto à qualidade de vida. A urbanização desenfreada impede que a pesca, por
exemplo, seja realizada em Campinho, já que o Rio Carapitanga foi atingido pela poluição
proveniente da construção da rodovia.
Além disso, tanto os moradores de Marambaia, como os de Bracuhy, Campinho e
Cabral tiveram parte de suas terras tomadas, tanto pela Marinha, como pela estrada, já que não
possuem qualquer documentação que legitime a posse das terras como herança de seus
antepassados.
Plano de Continuidade de Pesquisa
Em 2010.2, o plano é dar continuidade ao texto “Origem da Terra”, tendo ainda como
método de trabalho o uso dos laudos antropológicos, embora comece a ser feita uma maior
articulação com leituras da historiografia das regiões e com literaturas do período pós-abolição.
Dessa forma, pretende-se introduzir um debate historiográfico realizando uma análise mais
profunda e concisa das alterações nas dinâmicas de ocupação oriundas do processo de
16
ARRUTI, José Maurício: Relatório histórico-antropológico de reconhecimento territorial da comunidade
quilombola de Cabral – Município de Parati. Incra. Rio de Janeiro, 2008.
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expropriação, bem como a relação estabelecida entre a comunidade e a região logo após a
abolição.
Inicialmente, o que se fez com relação ás notícias do bloco das comunidades do Rio de
Janeiro, foi realizar uma análise preliminar da situação educacional do Estado, verificando os
eventos culturais e territoriais também. Em 2010.2, a continuidade será dada com a realização
de um texto, de aproximadamente dez laudas, que condense e descreva o panorama
educacional nas comunidades de quilombo do Rio de Janeiro focando, sobretudo, a
comunidade de Campinho da Independência, já que se revelou como protagonista nesse debate.
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