Post on 07-Jun-2015
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FOME,INDIGNAÇÃOOU
CONIVÊNCIA?
Calcula-se que 815 milhões de
pessoas, em todo o mundo sejam vítimas crônicas ou graves de subnutrição, a maior parte das
quais são mulheres e crianças dos
países em vias de desenvolvimento.
A subnutrição crônica, quando não
conduz à morte física, implica freqüentemente uma mutilação grave, nomeadamente a falta de desenvolvimento das células cerebrais nos bebês, e cegueira
por falta de vitamina A.
Todos os anos, dezenas de
milhões de mães gravemente
subnutridas dão à luz dezenas de
milhões de bebês igualmente
ameaçados.
África Etiópia, Eritréia,
Somália, Sudão, Quênia, Uganda e Djibuti a fome
que há muito mata nestes países milhões de
africanos, já deixou de ser notícia na imprensa
internacional. Entre as principais causas desta
mortandade está a seca, as guerras e a permanente
instabilidade política e religiosa na região.
Na África austral, existem presentemente 10 milhões
de mulheres, homens e crianças a conhecer
formas extremas do flagelo da fome. Malaui,
Zimbábue, Lesotho e a Suazilândia são alguns
dos países mais afetados. Malaui enfrenta seca e a pior fome nos últimos 50
anos. Segundo o governo, 70% da população de 11
milhões passa fome.
As perspectivas de desenvolvimento para
este continente são pouco animadoras. Na África subsaariana, o
número de pobres pode aumentar de 315
milhões para 404 milhões em 2015, afetando perto de
metade da população da região.
Ásia
A situação é particularmente dramática no Afeganistão, onde cinco a dez milhões de pessoas estão ameaçadas de fome, mas também muito grave
na Coréia do Norte, Mongólia, Armênia,
Geórgia e Tajiquistão, etc.(Dados de 2002).
Médio Oriente No Médio Oriente as
projeções do Banco Mundial são também pouco animadoras para esta região, a
situação é dramática na Palestina e no
Iraque. O número de pobres irá disparar,
estimulando o crescimento de
conflitos sociais.
A intervenção dos EUA no
Iraque, para além das vítimas que já produziu, agravou ainda mais esta
tragédia.
América Latina
Milhões de pessoas passam fome na América Latina,
segundo o director-geral da
Organização das Nações Unidas para
a Agricultura e a Alimentação (FAO).
211 milhões de latino-americanos
e caribenhos vivem abaixo da linha de pobreza, com um aumento
de 11 milhões desde 1990.
As perspectivas futuras continuam a ser pouco risonhas para toda a
América Latina. Os efeitos da globalização far-se-ão sentir por muito tempo,
nomeadamente através de continuas crises
econômicas. As suas frágeis economias estão
hoje à mercê das empresas dos países mais
ricos.
A fome é, portanto, uma verdade mundial
que não há como esconder, uma
realidade que atua como um espinho na
carne de todos aqueles que se incomodam
com ela.
O grande teólogo e pastor batista Martin Luther King em uma de
suas célebres frases disse: “O que me assusta não é o
grito dos maus, e sim o silêncio dos
bons”.
Concordamos com Luther King, pois no que diz respeito á fome,
o mais assustador não são os índices,
mas a indiferença.
Se pensarmos como Luther King,
poderemos ter duas posturas
diante da fome, indignação ou
conivência.
Estamos acostumados a pensar na indignação
como um sentimento negativo.
Corretamente entendida, a indignação não apenas é aceitável,
mas absolutamente necessária para que
certas situações sejam transformadas.
Sentir indignação significa reagir
diante do mal, não ficar passivo e indiferente, é
protestar ativamente contra aquilo que
atenta contra a verdade, contra a justiça, contra a
dignidade humana.
Segundo o australiano Peter
Singer, professor de bioética na
universidade de Princeton, em seu mais
recente livro, A Vida que Você Pode Salvar, “há uma mácula moral
em um mundo rico como o nosso”.
Singer prega que as pessoas em
situação financeira confortável
deveriam separar 5% de sua renda anual
para impedir o sofrimento e a morte
dos mais necessitados.
Peter Singer não é um teórico sobre o assunto. Além de doar 25% de sua
renda anual, em um de seus sites ele
encoraja as pessoas a fazerem o mesmo,
combatendo assim a pobreza mundial.
Ele ensina que essa ajuda
aos pobres trará
significado e propósito às nossas vidas.
É compreensível o sentimento de
impotência e de desalento que tomam conta de muitos de boa vontade, diante de sofrimentos tão
antigos, poderosos e arraigados na nossa
sociedade.
Tem-se a impressão que será impossível extirpá-los de nosso meio.
Todavia, experiência de
outros mostra que não precisa ser
assim.
Na Inglaterra do século 18, a
indignação e as ações concretas de
pessoas, como William Wilberforce, contribuíram para o
fim do tráfego de escravos e a
erradicação do trabalho infantil.
Nos Estados Unidos, já no século 20, a
indignação e os protestos de
Luther King iniciou o vigoroso
movimento que resultou no fim da segregação racial.
Não podemos calar, ser
conivente, com a fome que assola
o mundo, matando sem piedade nosso semelhante.
Devemos nos indignar contra ela, é nosso dever
como cidadão mundial!
FOME,INDIGNAÇÃOOU
CONIVÊNCIA?