P2_ Dos Salões de Paris ao "Cubo Branco"

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Série: "Do Museu-Templo aos Espaços Alternativos" Curso ministrado no SESC-SP, Vila Mariana, a convite do Departamento de Programação e Curadoria de Artes Visuais. (São Paulo, Jun.-Jul., 2013) Parte 2 - Dos Salões de Paris ao "Cubo Branco"

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Sesc Vila Mariana – Artes Visuais.Curso: Repensando Espaços Expositivos: do Museu-templo aos Espaços Alternativos.

Prof. Wesley Macedo

do museu-temploaos espaços alternativos

#2dos salões de Paris ao cubo branco

SALÕES DE PARIS

_1667 | SALON DE PARIS, FUNDADO PARA EXIBIR OBRAS DE ARTE(ESPECIALMENTE PINTURAS) DOS MEMBROS DA REAL ACADEMIAFRANCESA DE PINTURA E ESCULTURA.

_EXPOSIÇÃO ANUAL (E BIENAL, DE 1736 ATÉ A REV. FRANC.) NO SALOND’APOLLON, DO PALÁCIO / MUSEU DO LOUVRE

_SELEÇÃO DOS ARTISTAS POR JÚRI, A PARTIR DE 1748.

_ÚNICA EXPOSIÇÃO OFICIAL DE ARTE NA FRANÇA, ATÉ 1863.

_1863 | SALON DES REFUSÉS (SALÃO DOS RECUSADOS), COM OSARTISTAS NÃO SELECIONADOS PARA O SALÃO PRINCIPAL.

_ A PARTIR DE 1881, O SALAO DE PARIS PASSA A SER ORGANIZADO PELASOCIEDADE DOS ARTISTAS FRANCESES. APESAR DE VÁRIAS MUDANÇAS,O SALÃO MANTEVE-SE POUCO ABERTO A NOVOS ARTISTAS E A NOVASLINGUAGENS E AOS POUCOS SUBSTITUÍDO POR OUTRAS EXPOSIÇÕESCOMO O SALON DES INDÉPENDANTS (1884), O SALON DE LA SOCIETÉNATIONALE DES BEAUX-ARTS (1890) E O SALON D’AUTOMNE (1903)

Charles V distributing awards to the artists at the close of Salon of 1824. François Joseph Heim (1827)

Charles V distributing awards to the artists at the close of Salon of 1824. François Joseph Heim (1827)

Charles X Distributing Awards to Artists Exhibiting at the Salon of

Charles V Distributing Awards to the Artists at the Close of the

Galerie D’Apollon au Musée du Louvre.Armand Julien Palliere (1850)

Salão Apollo, Museu do Louvre.

Galeria Apolo (após renovações)Museu do Louvre.

Salon Carré au Musée du LouvreArch. Félix Duban.

View of the Grand Salon Sarré in the LouvreGiuseppe Castiglione. (1861)

Le Salon Carré du LouvreK. Lucjan Przepiorski (1875)

_A PARTIR DE 1830, ARTISTAS RECUSADOS PELO SALÃO DE PARISPASSARAM A EXIBIR EM OUTROS CIRCUITOS.

_1863 | O SALÃO DOS RECUSADOS_ÉDOUARD MANET (LE DÉJEUNER SUR L’HERBE)

government. In that year, artists protested

the Salon jury’s rejection of more than

3,000 works, far more than usual. "Wishing

to let the public judge the legitimacy of

these complaints," said an official notice,

Emperor

rejected artists could exhibit their works in

an annex to the regular Salon. Many critics

and the public ridiculed the

included such now

as

Grass

l’herbe)

Whistler

White Girl

legitimized the emerging

painting. The

exhibited their works outside the Salon

beginning in 1874. Subsequent Salons des

Refusés were mounted in Paris in 1874,

1875, and 1886, by which time the

popularity of the Paris Salon had declined

for those who were more interested in

Impressionism; this was not the case for

the artist Manet who still wanted to be

acclaimed by the original Salon, looking for

Déjeuner sur l'herbeEdouard Manet (1862-63)

Le DésespéréAuto-retrato de Gustave Courbet (1845)

The Painter's Studio: A Real Allegory of a Seven Year Phase in my Artistic (and Moral) LifeGustave Courbet (1855)

The Painter's Studio: A Real Allegory of a Seven Year Phase in my Artistic (and Moral) LifeGustave Courbet (1855)

Pavilion of Realism, Universal Exhibition, Paris, 1855Fotografia de Charles Thurston Thompson (1855) do Pavilhão construído por G. Courbet para expor suas obras rejeitadas pelo Salão Universal de Paris de 1855

L'Origine du mondeGustave Courbet (1866)

Em “The Painter’s Studio / The Artist’s Studio “, G. Courbet, sentado e pintando, ao centro da tela, está cercado por pessoas que influenciam seu trabalho.À esquerda, ordinary people e à direita people of influence, como por exemplo Charles Baudelaire, figura significativa na construção da crítica moderna.

CHARLES BAUDELAIRE(Paris, 1821 – Paris, 1867)

_poeta, teórico e crítico de arte._um dos fundadores da tradição moderna em poesia._influenciou profundamente as artes plásticas no XIX._em 1857, lança Flores do Mal (Le Fleurs du Mal), títulodo livro que foi acusado por ultrajar a moral pública_morre em 1867 (aos 46 anos), sem conhecer a fama.

_Walter Benjamim é um dos pensadores que retomam apoesia e crítica de C.Baudelaire, principalmente nocomeço do século XX, disseminando e melhor teorizandoos conceitos de Baudelaire, como o célebre sujeitoflaneur.

“(...) É preciso, entretanto, assinalar quepoucos artistas aceitaram tal mudança como desembaraço que caracteriza amodernidade de Baudelaire. Mais: osartistas ligados a uma concepção clássicade arte viam qualquer aproximação àscircunstâncias da vida diária como umaameaça ao conceito de aura que osdistinguia desse mesmo mundo. Refiro-me,como o leitor já sabe, à célebre definiçãobenjaminiana de aura: "a aparição única deuma coisa distante, por mais perto que elaesteja”. De um lado, o artista, privado deaura, não é mais reconhecido como tal; deoutro, privado dessa identidade, comomanter uma presença singular em meio àcópia e à simultaneidade de impressõesoferecidas pelas novas condições docotidiano nas grandes cidades? (...)”

ROCHA, João Cezar de Castro.Museu do presente: Rimbaud leitor de Benjamin.

Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-106X2005000200006&script=sci_arttext#nt01

“(...) O fetichismo dos museus, característicodo século XIX, tentou fornecer uma respostaa essa questão, ao criar um lugardiametralmente oposto ao dia-a-dia dasmetrópoles. O museu: espaço idílico,dominado pelo ruidoso silêncio dasinumeráveis galerias. Observe-se: galeriasfreqüentadas por corpos etéreos, que semovem como se não tocassem o chão; pormãos inúteis, que poderiam ser esquecidasna entrada (uma vez que tocar as peçasoferecidas à contemplação abstrata seria umsacrilégio); por vozes que sussurramrespeitosamente; por olhos ansiosos paraserem iluminados por incontáveis obras-primas. A rígida disciplina desse espaço sejustifica pela promessa de exibir asrealizações do "Belo". O museu, portanto,deveria oferecer um abrigo contra ahomogeneização crescente da vida diária.(...)” ROCHA, João Cezar de Castro.

Museu do presente: Rimbaud leitor de Benjamin.Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?pid=S1517-106X2005000200006&script=sci_arttext#nt01

AS MULTIDÕESCharles Baudelaire

“Não é dado a todo o mundo o direito de tomar um banho de multidão: gozar da presença das massas populares é uma arte. E somente ele pode fazer, às expensas do gênero humano, uma festa de vitalidade, a quem uma fada insuflou em seu berço o gosto da fantasia e da máscara, o ódio ao domicílio e a paixão por viagens.

Multidão, solidão: termos iguais e conversíveis pelo poeta ativo e fecundo. Quem não sabe povoar sua solidão também não sabe estar só no meio de uma multidão ocupadíssima.

O poeta goza desse incomparável privilégio que é o de ser ele mesmo e um outro. Como essas almas errantes que procuram um corpo, ele entra, quando quer, no personagem de qualquer um. Só para ele tudo está vago; e se certos lugares lhe parecem fechados é que, a seu ver, não valem a pena ser visitados.

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O passeador solitário e pensativo goza de uma singular embriaguez desta comunhão universal. Aquele que desposa a massa conhece os prazeres febris dos quais serão eternamente privados o egoísta, fechado como um cofre, e o preguiçoso, ensimesmado como um molusco. Ele adota como suas todas as profissões, todas as alegrias, todas as misérias que as circunstâncias lhe apresentem.

Isto que os homens denominam amor é bem pequeno, bem restrito, bem frágil comparado a esta inefável orgia, a esta santa prostituição da alma que se dá inteiramente, poesia e caridade, ao imprevisto que se apresenta, ao desconhecido que passa.

É bom ensinar, às vezes, aos felizes deste mundo, pelo menos para humilhar um instante o seu orgulho, que existem bondades superiores às deles, maiores e mais refinadas, Os fundadores de colônias, os pastores de povos, os sacerdotes missionários exilados no fim do mundo conhecem, sem dúvida, alguma coisa dessas misteriosas bebedeiras; e, no seio da vasta família que seu gênio criou, eles devem rir, algumas vezes, dos que se queixam de suas fortunas tão agitadas e de suas vidas tão castas.”

A Liberdade Guiando o PovoEugène Delacroix (1830)

A Barca de DanteEugène Delacroix (1822)

O Massacre de ChiosEugène Delacroix (1824)

A tomada de Constantinopla pelos cruzadosFerdinand Victor Eugène Delacroix (1844)

" 'The last of the great artists of the Renaissance and the first modern...'Baudelaire's definitive description of Delacroix requires us to explain notonly the influences that left their mark upon him, but how he was able toassimilate these; how he made use of them to construct his own originality.This, in its turn, became his own legacy, and his own influence has been verywidespread. The lesson that he teaches is clear. It is not enough to imitatethe great masters, one must, instead, draw on them for inspiration as oneseeks to transcend their achievement...”

NERET, Giles.Eugéne Delacroix 1798-1863: The Prince of Romanticism. Taschen, 1999

“We work not only to produce but to give value to time”

Eugéne Delacroix

_vanguardas artísticas do século XXFuturismo Italiano e Marcel Duchamp

10_

Noi vogliamo distruggere i musei, le biblioteche, le accademie d'ogni specie, e combattere contro il moralismo, il femminismo e contro ogni viltà opportunistica e utilitaria.

Queremos destruir os museus, bibliotecas, academias de todo tipo, e lutar contra o moralismo, o feminismo, toda covardia oportunista e utilitária.

Forme uniche della continuità nello spazio Umberto Boccioni (1913)

MARCEL DUCHAMP(1887-1968)

_um dos mais importantes e embrionários artistas doséculo XX, criador de uma série de obras de arte,conhecidas como ready-mades. A partir de suas obras,novos conceitos entram para a teoria e crítica da arte,contribuindo para a formulação de novas idéias queainda hoje estão presentes na arte contemporânea.

Nude descending a staircaseMarcel Duchamp (1912)

The Passage from Virgin to BrideMarcel Duchamp (1912)

3 Standard StoppagesMarcel Duchamp (1913-14)

3 Standard StoppagesMarcel Duchamp (1913-14)

Bicycle WheelMarcel Duchamp(original de 1913 com reproduções até 1951)

FountainMarcel Duchamp (original de 1917)

The Bride Stripped Bare by Her Bachelors, (The Large Glass)Marcel Duchamp (1915-23)

Boîte-en-valise (box in a suitcase) / Museu portátilMarcel Duchamp (1935-41)

International Surrealist Exhibitionat Galerie Beaux-Arts in Paris, 1938

Marcel Duchamp (1937), a convite de André Breton ePaul Éluard realiza pela primeira vez um projeto decuradoria / expografia no qual concebe um novo tipo deespaço expositivo

First Papers of Surrealism exhibition held at New York City, 1942, com a instalação de Marcel Duchamp intitulada Sixteen Miles of String

_boccioni e giacomettidois artistas e dois momentos

Tall Figure, IIIAlberto Giacometti (1960)

Tall Figure, IIIAlberto Giacometti (1960)

Three man walkingAlberto Giacometti (1948)

City Square (praça de uma cidade)Alberto Giacometti (1948) | 21.6 x 64.5 x 43.8 cm

DogAlberto Giacometti(1951)

_o moma-ny

Expansão de 1997. Projeto de yoshio Taniguchi

_outras propostas modernaspara um museu moderno de arte

Project for a museum in a small cityMies van der Rohe (1941-3)

Project for a museum in a small cityMies van der Rohe (1941-3)

Project for a museum in a small cityMies van der Rohe (1941-3)

Project for Mundaneum Museum – 1929, and Unlimited Growing Museum – 1931Le Corbusier

Project for Mundaneum Museum – 1929Le Corbusier

Project for Unlimited Growing Museum – 1931Le Corbusier

Guggenheim New York CityFrank Lloyd Wright, 1943-59

Guggenheim New York CityAnnex by William Wesley Peters , 1982-92

Guggenheim New York CityInstalação de Anish Kapoor

Guggenheim New York CityInstalação de James Turrel

Guggenheim New York CityInstalação de James Turrel

_e o cubo branco?

O’DOHERTY, Brian. No interior do cubo branco. A ideologia do espaço da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

_ Brian analisa, pela primeira vez, o efeito do contextodemasiadamente orientado da galeria modernista sobre oobjeto artístico, sobre o visitante e, num momento crucialpara a arte moderna, como o contexto se apodera doobjeto, tornando-se ele próprio.

_ O espaço da galeria modernista como “construídosegundo preceitos tão rigorosos quanto os da construção deuma igreja medieval”, onde o princípio fundamental é que“o mundo exterior não deve entrar, de modo que as janelassão geralmente lacradas. As paredes são pintadas debranco. O teto torna-se a fonte de luz (...). A arte é livre,como se dizia, ‘para assumir vida própria’”.

_ as obras de arte, como as verdades da religião, devemparecer “intocadas pelo mundo e suas vicissitudes”.

_ pretensão de que a obra de arte já pertence à posteridade

O’DOHERTY. Brian. No interior do cubo branco. A ideologia do espaço da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

_ “A arte existe numa espécie de eternidade de exposição e,embora haja muitos ‘períodos (ultimo modernismo) nãoexiste o tempo. Essa eternidade dá a galeria uma condição delimbo; é preciso já ter morrido para estar lá.”

_ relação do cubo branco na cronologia histórica emcomparação às câmaras mortuárias egípcias: um paraleloespantosamente forte. Elas foram projetadas para expurgar aconsciência do mundo exterior. Eram também câmaras ondea ilusão de uma presença eterna devia ser resguardada dapassagem do tempo. Ainda, antes das tumbas egípcias, ascavernas pintadas nos períodos do Paleolítico na França eEspanha. As pinturas encontravam-se num ambienteapartado do mundo exterior e de difícil acesso.

_ nas galerias modernistas típicas, como nas igrejas ou naAcrópole de Platão, não se fala no tom normal de voz; não seri, não se come, não se bebe, não se deita nem se dorme;não se fica doente, não se enlouquece, não se canta, não sedança, não se faz amor.

O’DOHERTY. Brian. No interior do cubo branco. A ideologia do espaço da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

_ As instalações de Duchamp: 1.200 sacos de carvão (1938)e Milhas de Fio (1942) abandonaram de uma vez por todasa moldura do quadro e transformaram o próprio recinto dagaleria em matéria-prima a ser modificada pela arte.

_ O cubo branco foi um instrumento de transição quetentou descorar o passado e ao mesmo tempo controlar ofuturo lançando mão de métodos pretensamentetranscendentais de presença e poder. Mas o problema dosprincípios transcendentais é que, por definição, referem-sea outro mundo, e não a este. É esse outro mundo, ou oacesso a ele, que o cubo branco representa.

_ O sentido definitivo do cubo branco é essa ambiçãotranscendental que elimina a vida, disfarça-se e transforma-se com fins sociais específicos.

O’DOHERTY. Brian. No interior do cubo branco. A ideologia do espaço da Arte. São Paulo: Martins Fontes, 2007.

White Cube Gallery at LondonInstalação de Jacques Lerner

White Cube Gallery at Hong Kong

White Cube Gallery at Hong KongInstalação de Antony Gormley

White Cube Gallery at Hong KongInstalação de Antony Gormley

White Cube Gallery at Hong KongInstalação de Antony Gormley

White Cube Gallery at Hong KongInstalação de Antony Gormley

White Cube Gallery at Hong KongInstalação de Antony Gormley

Instalação de Marcius Gallan

Instalação de Marcius Gallan

Instalação de Marcius Gallan

Untitled, 1969Instalação de Jannis Kounellis na Galleria L.Attico, Rome. Photo Claudio Abate

I like America and America likes me, 1965Instalação de Joseph Beuys at René Block Gallery at 409 West Broadway

V04_Joseph Beuys with coyotehttp://www.youtube.com/watch?v=e5UXAqpSJDk

“é melhor exibir numa fábrica que num museu novo, recém criado”

Joseph Beuys .

I like America and America likes me, 1974.Performance realizada por Joseph Beuys, em galeria de NYC

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#3 | anti-museu