Post on 03-Aug-2016
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O Governador da Bahia, Jacques
Wagner, guiou a cerimônia oficial
de abertura da 8ª edição da Bienal
do Livro da Bahia. A solenidade
contou também com as presenças
do Secretário de Cultura do Estado
da Bahia – Marcio Meirelles, do
Secretário da Educação – Adeum
Sauer, do Diretor da Fundação Pedro
Calmon – Ubiratan Castro de Araújo,
do Cônsul de Portugal – João Sabido
Costa, da Vice-presidente da Fagga
Eventos – Andréia Repsold, e do
Diretor Nordeste da Fagga Eventos
– Antônio Vieira Júnior.
As autoridades visitaram os espaços
paralelos da Bienal e assistiram
algumas atividades representativas
de cada um deles.
Bienal do Livro - Bahia 2007
Vitória da Ca&Ba. Conquista nossa.A fundação em Vitória da Conquista.
Apresentações e recitais longe de
casa.Pág. 06
Jornal Cultural e Ecológico da Fundação Cultural Ca&Ba - Camaçari, abril de 2007
O Secretário Márcio Meirelles falou
ao Oxente Jornal sobre os 100 dias
do Novo Governo e a sobre a 2ª
Conferência do Sistema Nacional
de Cultura. Pag. 09
Entrevista com o Secretário de Cultura
O poeta Geraldo Maia presta uma
merecida homenagem à Antônio
Frederico de Castro Alves pelos seus
160 anos de eternidade.Pag. 06
Uma homenagem a Castro Alves
O Presidente da Petrobrás José
Sérgio Gabrielli abre o Ciclo de
Conferências da Fundação Pedro
Calmon sobre o Desenvolvimento
da BahiaPag. 09
O desenvolvimento da Bahia em debate
A Fundação Cultural Ca&Ba presta
contas à SOCIEDADE, sobre os
projetos realizados pela instituição
nos últimos 2 anos. Mês-a-mês e
com fotos. Pag. 04
Fundação Ca&Ba presta contas...
Nos estandes da Secretaria de Educação
e da Fundação Salvador Cidade
Educadora, dois corais
infantis - um deles composto
por deficientes visuais - se
apresentaram para o grupo.
O Governador foi presenteado
com um belo duelo de repentes
entre os cantadores Bule-Bule e
Paraíba da Viola, no Espaço
Cordel. Jacques Wagner
anunciou que seu governo
irá fazer do estado um pólo
de produção cultural e do
investimento à leitura,
um dos caminhos mais
importantes para o futuro da
Bahia.Pág. 12
Samba: É mais que interessante.O poeta Bule Bule fala do que mais
entende. Cultura popular com
Samba de roda.Pág. 10
Visões sobre o nosso Carnaval.Jackson Arléo explana sobre as
lutas de classes que mudaram a
maior festa “popular” do planeta.Pág. 11
Cultura: a essência das civilizaçõesO professor e sociólogo Jorge
Lisboa nos mostra a importância
da Cultura para a sociedade.Pág. 07
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Expediente do OxenteCONSELHO CONSTITUTIVO Erick Cerqueira - Geraldo Maia - Wilson BizerraRevisão: Janete Bezerra (DRT 2152)Diagramação: Erick CerqueiraFotos: Pedro Santos/ Erick Cerqueira/ Wilson Bizerra.Matérias: Geraldo Maia, Bule Bule, Wilson Bizerra, Erick Cerqueira. Agradecimentos: Verena da Silva Cerqueira, Jorge Lisboa, Verbena Córdula, Faculdade 2 de Julho, Isabela Borges, Ivan Erick, Gal Meirelles, Jackson M. Reis Arléo, Emerson Leandro, Francisco Aírton, Solange (SINART), Helmut e Rita Papaiz
Equipe do Ca&Ba: Toninho Barreto, Cácia Gomes, Isa Santos, Lukas Ronan, Refson Scarpin, Marcelo Ricardo, mônica Homem, Ceilma Santos, Audrin Cavian, Mari Araújo, Milena de Souza, Biuna Bizerra, Tony Eracheo, Glícia Santos, Cleber Conceição, Natasha Kiss.
FUNDAÇÃO CULTURAL CA&BA Travessa Paranapanema Nº. 33 - Nova Vitória – Camacari - BahiaNúcleo de Artes Cênica: Estação Rodoviária de Camaçari Salas 01/02 1º Piso • CNPJ MF Nº 02 459 455/0001-03• Tel.: (71) 3627-0132 / 8136-2499• Utilidade Pública Municipal: Lei nº 441/99 - 09/11/99 • Utilidade Pública Estadual: Lei nº 9489 - 10/05/05 Tel: (71) 3627-0132 / 8136-2499/ 9962-8095
• Portal: www.caeba.org.br
• E-mail: oxente@caeba.org.br
A Fundação Cultural Ca&Ba sempre
foi alvo de diversos boatos. Os mais
comuns são os de sempre associar
a Fundação à oposição ao poder
público. Mas finalmente, oposição a
quê, mesmo?
Na época do PFL éramos “de esquerda”
e por isso oposição. Hoje com o PT
no poder, somos “de direita”. Ou seja,
somos BURROS, pois ao invés de
apoiar os que ganham sempre nos
juntamos aos que perdem.
Na verdade, a Fundação sempre
buscou a isenção partidária . Nossas
convicções e principalmente nossas
ações, sempre foram voltadas para o
lado social. Sempre buscando formar
os cidadãos e incluí-los na sociedade
através da arte. Nossa política sempre
foi levar a Cultura a todos.
Nosso lema, “Cultura é preciso”,
é a expressão mais limpa desse
anseio da nossa instituição. Em
termos políticos preferimos nos
sentir ambidestros, pois seguindo a
Esquerda ou a Direita, iremos sempre
encontrar o nosso objetivo. Levar a
arte a quem precisa dela.
Desde o início buscamos a
independência, nunca nos filiando
a essa ou aquela agremiação.
Nosso partido é Arte e amamos
e defendemos a nossa ideologia.
Enfrentamos e superamos todas as
adversidades, nunca fugindo ou nos
acovardando no silêncio das intrigas.
Temos autonomia para aplaudir os
acertos dos nossos governantes, mas
também temos a cabeça erguida pra
apontar os erros dos mesmos.
Fomos perseguidos de forma
declarada pela administração
passada. Hoje, somos perseguidos
de forma mesquinha e covarde,
pelas intrigas e fofocas de pessoas
que nem ao menos nos conhecem
e já nos apontam como “de direita”.
Essas mesmas pessoas são as ervas-
daninhas de grupo do atual prefeito,
que fazem de tudo para que ele
não tenha sucesso em seus anos de
mandato.
Direita, Esquerda, Vou Ver!Cultura e DesenvolvimentoAgora é oficial. Cultura é vital para o
desenvolvimento econômico e social de
qualquer país. A ONU incluiu o acesso a
bens, serviços e equipamentos culturais
como componente do I D H (Índice de
Desenvolvimento Humano), da mesma
forma que incluiu outras questões vitais
como Educação, Saúde, Emprego, Renda,
Ecologia, etc. Assim a cultura passa a ser
uma tarefa prioritária de governo para
ser executada e formulada em parceria
com os demais atores culturais e
econômicos da sociedade.
O Estado, até então, ao chamar para si
a função de fazer cultura, apropriou-se
dos meios de produção, enfraquecendo
a iniciativa privada, fomentando o
consumismo da sub-arte que produzia
ou terceirizava segundo seus ditames
do que era ou não cultura e arte, o
que excluiu de vez a grande massa de
trabalhadores em arte e cultura.
Assistimos a esse absurdo aqui na Bahia
durante pelo menos quatro décadas.
O resultado é bem visível: o atraso do
processo de evolução do estado em
pelo menos um século. Impotentes
para criar e para lidar com a diferença,
com o novo, apenas, de modo pífio,
davam continuidade à “modernização
conservadora” lá dos primórdios da
ditadura militar. E não sabem mesmo
fazer outra coisa.
No governo Lula, o Minc fez a cultura
perder o papel de mero coadjuvante,
bibelô, ornamento, e a fez funcionar
como ferramenta imprescindível para
o desenvolvimento social e econômico.
Ampliar e aprofundar a noção de
desenvolvimento cultural tem sido
o principal papel do Minc até agora, o
que lhe valeu confiabilidade nacional e
visibilidade internacional.
O Estado da Bahia, no governo Wagner,
através de sua Secretaria da Cultura,
entra em sintonia com o trabalho do
Minc de colocar a cultura como eixo
central no processo de desenvolvimento
social, com a dimensão de direito
de cidadania, essencial no resgate
da auto-estima, do sentimento de
pertencimento e apoderamento,
da construção da identidade e da
autonomia. E da construção de políticas
culturais capazes de alavancar o
trabalho digno e a redução da pobreza.
Mas essa tarefa é de responsabilidade
de toda a Sociedade que deseja, através
de um amplo debate, formular um
projeto de Nação com uma organização
social mais justa, capaz de garantir
vida digna para todos e um país
economicamente viável.
Geraldo MaiaPoeta
Mas temos a consciência limpa
e desafiamos aos detratores, ou
melhor, aos fofoqueiros de plantão
a demonstrar provas da nossa
associação com o “grupo de direita”
do município.
Esse ano completamos 12 anos
de fundação. Uma história que
nasceu da luta e que em nenhum
momento desistiu de lutar por um
futuro melhor para a cultura local.
Nossos projetos são conhecidos
em várias partes do mundo. Parece
exagero, mas não é. Grupos de países
como Espanha, Itália, Portugal e
até de Israel já se inscreveram para
participar dos Festivais Pluricultural
e de Monólogos. Nosso portal
contém mais de 600 páginas e tem
uma visitação de mais de 4000
acessos por mês.
Isso é trabalho, é coisa de quem não
pára pra falar do que não sabe ou
de quem não conhece. Não temos
tempo pra isso.
Mas será que realmente somos
burros. Não acredito. Somos sim,
meros espelhos à refletir a essência
daqueles que nos olham.
Erick S. Cerqueira
Diretor de Marketing da Fundação Ca&Ba e
Estudante da Faculdade 2 de Julho
3
Ninguém é Inferior ou Superior, mas Diferente.Nenhum povo é superior ou inferior a
outro. Ninguém é superior ou inferior
a ninguém. Cada um com suas coisas
boas e ruins, negativas e positivas,
certas e erradas, relativamente, sem que
nenhum desses conceitos seja melhor
ou pior que o outro, absolutamente.
Cada país, cada comuna, cada quilombo,
cada tribo, cada tapera, cada coió, cada
vilarejo, cada cidade, tem o seu conceito
de bom, ruim, certo, errado, negativo,
positivo, deus, demônio, etc. Ainda mais
que somos originários de uma mesma
família e de um mesmo território:
ÁFRICA!
Apenas as culturas se diferem, mas
a origem é a mesma, a (o) Criadora
(o) Divina (o), DEUSADEUS. Não existe
uma predominância “natural”, “normal”,
“divina”, desta ou daquela raça ou povo
sobre os demais, Agora, é preciso que
cada povo, cada tribo, cada nação
conheça e valorize sua base cultural e
psicológica para que possa se fortalecer
e evoluir sem perder suas características
no contato com outras culturas.
Precisamos “globalizar” as culturas,
não no sentido de impor uma, branca,
européia, norte-americana, judaico-
cristã-islâmica, liberal, capitalista,
marxista, etc, sobre as outras, mas
de trocar experiências, valores,
informações, conhecimentos, de
valorizar e fortalecer as culturas
originais regionais no contato e no
intercâmbio com as culturas nacionais
e internacionais, ou até mesmo
intergaláticas.
A base cultural e psicológica dos
antepassados pré-ibéricos de AbyaYala
(Terra Fecunda), nome original, em
língua Kuna, de toda a imensa região
hoje mais conhecida como América,
apenas uma equivocada homenagem
ao antigo navegador Américo Vespúcio,
e dos africanos, de caráter mais
multirracial, multicultural, multiétnica,
mono-plural e includente, é muito
mais adequada para nós do que a
européia, norte-americana, branca,
cristantan, de caráter mais cartesiano,
positivista, militarista, cientificista,
monomaníaca, maniqueista, racista,
excludente,etc. Nem melhor ou pior.
Mas nossa base cultural ancestral é a
que deve predominar entre nós, e não
o contrário.
E por que essa base cultural, herdada dos
nossos antepassados originais, pouco,
ou sequer sabemos de sua existência?
Não existe traço muito dela ainda nas
escolas e universidades, mesmo com a
força da Lei 10.639/03, que agora obriga o
estudo da cultura e da história africana
nas salas de aula. Mas para a cultura e
história indígena ainda não existe Lei, ou
existe, a Lei do Extermínio, que vigorou
até agora, aliás, uma das poucas leis
realmente cumpridas em nosso país.
Para delícia dos “bugreiros” (“espertise”
contratado especialmente para matar
índios e negros”). O fato é que não existe
nada sobre essas culturas, ainda, nos
currículos do ensino fundamental ao
pós-doutorado. Só alguns “antenados”
é que, vez por outra, trazem à baila
assuntos relativos a essa nossa base
cultural ancestral.
Existem alguns estudos, alguns
institutos que “pesquisam” a cultura
afro e a indígena sob o prisma do
“saber” universiotário importado
das elites brancas européias que o
fazem por vaidade e arrogância, para
se acreditarem generosas com os
“selvagens primitivos”, e ao mesmo
tempo “senhoras” do saber estabelecido.
Alguns mestres doutores e intelectuais,
como precisam sobreviver, fazem de
tudo para se ajustar aos parâmetros
estabelecidos por essas elites a fim
de ostentarem títulos verborrágicos
e o monopólio absoluto (e burro)
do pretenso “saber” oficial. Alguns já
percebem que só vão chegar a “saber”
alguma coisa quando unificarem
“ciência” e “senso comum”, por exemplo.
Por enquanto pouquíssimos se
interessam pela cultura ancestral dos
povos afroíndios porque isso “ainda”
não lhes dá poder (títulos e grana). Só
quando estiver valendo muita grana
mesmo é que o “interesse” vai rolar, e
muito! E tem outros fatores para esse
descaso todo. É que a cultura ancestral
nativa é ainda desprezada pelo simples
fato de que a mesma é muito mais
evoluída, sob vários aspectos, do que a
cultura européia norteamericanizada.
E o aspecto principal é que a cultura
ancestral afroíndia está mais
sintonizada com a Divindade, a
Natureza e o Ser Humano, que a cultura
intolerante, racista e hipócrita dos
invasores. Como não tiveram capacidade
para assimilar tais características,
porque cultuam uma relação distante
e mercantilista para com DeusaDeus,
com o Ecossistema e a Vida Humana,
resolveram então destruir a cultura
nativa com a desculpa de que a mesma
era heresia, não tinha alma, e por isso
não reconhecia DeusaDeus.
Claro, as culturas africana e abyayalana
não reconhecem o deus dos brancos
europeus e norte-americanos como
Divindade (DeusaDeus) porque o mesmo
não passa de Mamom, o deus dinheiro,
a quem cultuam verdadeiramente,
fanaticamente, idióticamente, mas
que os nossos gloriosos antepassados
desprezavam (desprezam) porque
sabiam (sabem) o quanto Mamom é
nocivo para o processo de evolução da
Natureza, do SER humano, da Cultura e
da Arte, tal como acontece em nossos
dias.
Outro aspecto: enquanto nas culturas
nativas, autóctones, se aceita, se respeita,
se valoriza e se interage abertamente
com culturas diferentes, com os
ignorantes e arrogantes invasores
ocorre o contrário. Só a cultura deles
é ”civilizada”, e portanto, merecedora
da vida, de estar viva. O diferente deve
ser excluído, destruído, massacrado,
porque é “bárbaro”, “selvagem”, “herege”,
“preguiçoso”, “lento”, “sem alma”, “atrasado”,
“ignorante”, “direita”, “esquerda”, etc
E os invasores conseguiram, em parte,
direcionar a cultura dos povos nativos
para os seus interesses de lucros
incessantes, transformando-a em
FOLCLORE, a arte em ARTEZANATO, as
línguas em DIALETOS, e reduzindo a
quase totalidade de nossas sociedades
em consumidores de ignorância
letrada, de anestésicos verbais, de
venenos mentais, emocionais e
materiais, tornando-nos cada vez mais
alienados pelo lixo cultural fabricado
até então pelo estado, ou com o seu
apoio, e consumido na marra por
todos nós, obedecendo cegamente às
determinações das megaempresas
transnacionais.
O sistema de dominação instalado
atualmente no planeta é realizado
bem menos com armas e soldados
e bem mais com cultura e grana.
A linguagem, o pensamento e o
sentimento dominantes nos países de
AbyaYala e África estão impregnados
da visão de mundo obsoleta, defasada,
mercantilista, gananciosa e genocida
dos europeus e norte-americanos, de
forma avassaladora. E é essa visão de
mundo que instituiu a globalização
neoliberal, a hegemonia dessa cultura
mercantilista assassina sobre as demais
como forma de garantir mercados e o
altíssimo nível de vida dos países mais
ricos (materialmente) do mundo. A
contrapartida é a miséria da maioria
absoluta da população do planeta.
Tão terrível é o massacre sobre
as avançadas e traídas culturas
autóctones que quase não nada sobra
para contar a história. Mas sobrou sim,
ninguém, poder nenhum, pode destruir
totalmente a cultura de um povo, de
povos, por mais que tentem, jamais o
conseguirão. Pode até exterminar quase
todo mundo, matar quase todo mundo,
como fizeram com a maioria dos povos
“índios” (nativos amarelos, negros e
vermelhos). Mas a cultura resiste em
cada pessoa da qual faz parte, que a
teceu, dançou, cantou, riu, enterneceu,
fumou, bebeu, traçou, esculpiu, cavou,
aprendeu e ensinou algo na interação
com a mesma. E ela resiste viva aqui e
agora!
ENIGMA DE VIVIR (poema asteca)No es verdad que vivimosNo es verdad q ue duramosEn la tierra!Yo tengo que dejar las bellas flores,tengo que ir en busca del sítio del mistério!Pero por breve tiempo,Hagamos nuestros los hermosos
cantos.
Geraldo Maia
4
Apesar de nos últimos dois anos nada
de novo ter acontecido do ponto de
vista de apoio as iniciativa do CA&BA,
mesmo diante dos relevantes trabalhos
prestados ao município ao longo dos
mais de dez anos da
Fundação Ca&Ba, das
inúmeras parcerias
firmadas com
empresas e autarquias
do poder público em
especial, fizemos, aliás,
continuamos sendo,
a grande diferença
no município no campo da cultura
alternativa de raiz.
Com os pouquíssimos
recursos que tivemos,
suplantamos obstáculos,
vencemos barreiras e o
mais impressionante, continuamos vivos,
mais do que nunca.
RELATÓRIO 2005
Janeiro- Anoitecer
com Arte
no Terminal
Rodoviário de Camaçari.
- Invasão Cultural
Fevereiro- TAE – Teatro Ação Educar (8º ano). Com
os espetáculos • Paz no Trânsito • Filomena
Contra a Dengue • Pro Dia Nascer Feliz
- Cobertura fotográfica do Carnaval de
Salvador (para os sites caeba.org.br e
baladabala.com.br)
Março- Mobilização na Sessão Especial da
Câmara de Vereadores de Camaçari
- Apresentação de um recital em
homenagem a mulher
- Destaque para os 1.800
acesso no dia da mulher.
- Dia 14 de Março
participação no dia da
Poesia
- Dia 27 Dia Internacional
do Teatro (Terminal Rodoviário de
Camaçari)
- Participação no Seminário da SEAGRI
Abril - Parceria com a Sol Embalagens e o Centro
de Cultura Casa do Sol.
- Dia do Índio (Barraca Solidária da
Semana)
- Adiamento do Festival de Monólogos
para julho
Maio- Divulgação da Semana de Cultura de
Camaçari no portal do Ca&Ba, dia a dia,
com matérias e fotos
- Participação nas oficinas do evento
- O TAE continuou sendo apresentado
Junho- Anoitecer com Arte
- Arraiá da Estação
(desde 2003)
Julho- Festival de Monólogos
nos 10 anos do Ca&Ba.
Parceria com a
Coordenação de Cultura.
Presença de Sérgio
Mamberti
Agosto- Participação no projeto Viagem a Casa
do Sol (Sol Embalagens)
Setembro- Plricultural 10 anos de Fundação Ca&Ba
em Camaçari e Dias D´ávila. (Apoio
da Prefeitura de Dias D’ávila, Câmara
de Vereadores de Camaçari e da Sol
Embalagens)
Outubro- Participação na Semana de Saúde de Dias
D’ávila com a obra PAZ NO TRÂNSITO
- Comemoração
do dia das
crianças em Jauá.
Transferimos o
Invasão Cultural
para Jauá a pedido da Coordenação de
Cultura. Apoio da LIONDEL.
Novembro- Participação no Projeto Sol Verão (Sol
Embalagens)
- Homenageamos
Cilene Guedes.
Exibição do filme
“Caveirinha, My
Friend” que contou com a participação da
mãe do teatro de Camaçari.
- Invasão Cultural nos Bairros do Jardim
Limoeiro, Parque das Mangabas, Bairro
Santo Antonio, Arembepe e Jauá
- Ajudamos a consolidar a Conferência
Municipal de Cultura
- Ajudamos
a divulgar o
Encontro de
Sambadores
da Bahia em
Parafuso
- Continuação do projeto Sol Verão
Dezembro- Projeto Viagem a Casa do Sol
- Apresentação do Festival Minuto Vivo
- Lançamento da Obra Carneirinho de
Belém (Centro de Cultura Casa do Sol,
Terminal Rodoviário de Camaçari, Praça
de Vila de Abrantes e Associação de
Arembepe (Barracão Solidário).
- Concurso de Dança Cover e
Transformismo no Terminal Rodoviário
de Camaçari, com cobertura do programa
NA CARONA da Rede Bahia.
RELATÓRIO 2006Em 2006 a luta continuou. Mais um ano
de grandes desafios e a Fundação Cultural
Ca&Ba, lança um plano de trabalho e
de manutenção das iniciativas com
lançamentos e/ou relançamentos durante
todo o ano.
A arte pede passagem!
Janeiro- Ensaios do
espetáculo Feliz
Ano Novo de
Ruben Fonseca
- Estréia do
espetáculo 23,24 e 25 de janeiro no Teatro
Magalhães Neto
- Elaboração do cronograma das atividades
e distribuição dos regulamentos dos
festivais de Monólogos e Pluricultural,
seleção de trabalhos para o TAE – Teatro
Ação Educar.
Fevereiro- Cobertura fotográfica do Carnaval de
Salvador (caeba.org.br)
- Reestréia de KAIRÓ’S CORPO ALMA
ESPÍRITO
- FELIZ ANO NOVO
(Dias D’ávila, Catú,
Mata de São João,
São Sebastião do
Passé).
- TAE - Teatro Ação
Educar, numa escola pública de periferia.
- Lançamento do projeto: DANÇANDO NA
PRAÇA
Março- Reestréia da Obra de Cecília Meireles
(Romanceiro da Inconfidência)
- Lançamento do
projeto, Mulher
Poesia e Cidadania,
08 de março - um
recital no dia internacional da mulher em
praça pública.
- Distribuição da programação do
Romanceiro em escolas públicas, Terminal
Rodoviário, Centro de Cultura Casa do Sol
e municípios da região.
Abril- Apresentação do Romanceiro da
Inconfidência
Maio- Participação e Organização da
Caminhada da Cidadania
Dia dos trabalhadores
- Tae nas Escolas
- Apresentação de Nosso Mais Sublime
Amor - de Roberto Vilani
Relatório de atividades 2005/06 Fundação Cultural Ca&Ba
5
Junho- ARRAIÁ DA ESTAÇÃO, concurso de
quadrilhas.
Julho- Festival de Monólogos com espetáculos
de São Paulo, Rio de Janeiro, Ceará e
Bahia. No colégio modelo Luiz Eduardo
Magalhães.
Agosto-Volta em cartaz os espetáculos Romanceiro
da Inconfidência e Feliz Ano Novo)
- Apresentação no Centro de apoio a
educação inclusiva de Camaçari.
Setembro- Participação na
reunião com os
artistas baianos,
reunidos com o
candidato Jaques
Wagner.
- TAE - Teatro Ação Educar (continuação)
Outubro- Fomos convidados a participar do
Projeto Teatro de Cabo-a-Rabo do Teatro
Vila Velha em Salvador.
- Oficina de Maquiagem com Janete
Bezerra.
- Comemoração do Dia das Crianças
(LIMPEC). Com espetáculo educativo “Sem
Lixo é o Bicho” e levamos também a turma
do HipHop, Djs e Grafiteiros de Camaçari.
Novembro- Invasão Cultural em Arembepe.
- Apresentação do espetáculo de rua “A
Feira de Campina Grande”.
Dezembro- Auto de Natal do Ca&Ba
- SIPATs das empresas Tigre Nordeste, IPC,
Ceramus
- Apresentação de “Sem Lixo é o Bicho” -
Comunidade de Nova Vitória
Maiores informações e fotoswww.caeba.org.br
Foi-se o tempo em que visitar a Praça
Desembargador Montenegro, tinha
um significado e valor cultural e
sentimental muito grande. O maior
point da juventude camaçariense
no final da década de oitenta, mais
precisamente a partir de 10 de março
de 1987 quando foi inaugurado o cine
Camaçari. Nascido de uma parceria
que reuniu o Clube Social e Cultural
de Camaçari e a Prefeitura Municipal
que isentou o cinema do ISS (Imposto
Sob Serviço). E quem era o prefeito de
Camaçari em 1987? Nada mais, nada
a menos que o nosso atual gestor,
Luiz Carlos Caetano. Exatamente
vinte anos depois, nos deparamos
novamente na Praça Montenegro
onde tal qual no final dos anos 80,
temos um atrativo popular, a Fonte
Luminosa. O velho cine Camaçari
no entanto, espera novamente pela
sensibilidade do mesmo prefeito
de outrora para voltar a respirar e
transpirar cultura.
Com uma história recheada de
situações inusitadas o Cine Camaçari
abriu suas portas ao público depois de
passar por uma excepcional reforma,
onde foram instalados equipamentos
de ultima geração para projeção
cinematográfica. “Perdido em Nova
York” foi o primeiro cartaz, além de
tantos outros lançados em primeira
mão no saudoso “cinema da praça”,
que contava com a parceria da
Condor Filmes e da Paris Filmes, duas
distribuidoras cinematográficas do
eixo Rio-São Paulo. Contava ainda
com a Orient Filmes da Bahia, que
haviam ganhado a concessão das
novas salas do Shoping Barra, ainda
em construção no período.
Não contavam eles, aliás, ninguém
contava com a extinção da
Embrafilmes e a conseqüente falência,
“mais uma vez”, do cinema brasileiro.
Depois da Cinédia, da Vera Cruz,
do Cinema Novo, das Chanchadas
produzidas na Boca do Lixo, por
nomes como Tony Vieira, David,
Cardoso, Jerson Valadão, Zé do Caixão,
Vera Ficher etc... O golpe fulminante
de Collor de Mello no cinema popular
nacional provocou um efeito dominó
em todos os cinemas do Brasil, até
mesmo no Rio de Janeiro e São
Paulo. As falências se multiplicaram,
multiplicando-se também o número
de templos evangélicos. O Nosso
Cinema, através da Cinematográfica
Camaçari, administrava oito salas
de exibição na Bahia. O Cine Santo
Antonio (Santo Antonio de Jesus),
Cine Coliseu (Paulo Afonso), Cine
Central (Feira de Santana), Cine
Jacobina (Jacobina), Cine Pedra
(Delmiro Golveia-AL), Cine Santo
Antonio (Candeias), com pretensão de
abrir-se mais 10 salas em todo estado.
Imagine o desconforto e os prejuízos
que estes pequenos e verdadeiros
empreendedores tiveram ao verem
seus projetos ruírem diante da
impossibilidade de continuidade. Os
motivos? A falta de película e cartaz
para exibição! Isso determinou que a
maioria dos cines de rua ou fechavam
suas portas ou passavam a exibir
filmes de baixo calão, os chamados
pornográficos, única fonte de renda
que restou aos cinemas populares. O
Cine Camaçari foi o último cinema a
fechar as portas e só o fez por conta
de diversos fatores, onde a política
foi o principal. Administrado pela
Fundação Cultural CA&BA a partir de
sua criação em 1985, desde 1987 sob o
comando dos criadores da entidade,
o cine Camaçari bem que poderia
estar sendo utilizado por quem o fez
a vida inteira, por quem o recuperou
por inúmeras vezes evitando o
desabamento e a deteriorização da
suas estruturas, ao invés de estar
servindo de alojamento de morcegos
e sanitário público. Uma pena, uma
perda irreparável para os tantos
grupos que ali se formaram, para o
Movimento Rock, de dança, de teatro,
os principais grupos em atividades
no município, foram ali constituídos:
Cio da Terra, FHUNAMI, Movimento
Cultural, Kit Dance, Mane, Funk-se
Quem Puder, Let’s dance Funk dentre
outros. Foram realizados no nosso
velho cinema 03 Rave Rock, inclusive
com a participação da roqueira, hoje
nacionalmente famosa, Pitty. Mas se
a mesma voltasse hoje a Camaçari,
com certeza acharia essa situação e o
nosso cinema muito, Bizarro.
Wilson Bizerra
O Cine Camaçari
Lançamento de livro “Memorial do Inferno. A Saga da
Família Almeida no Jardim do
Éden”
Autor: Valdeck Almeida de Jesus
Data: 13 a 22 de abril de 2007
Horário: 10 às 22 horas
Local: Estande “VALDECK ALMEIDA”,
ao lado da Tenda do Cordel
Centro de Convenções da Bahia,
durante a Bienal do Livro da
Bahia
Ingresso para a feira: R$ 6,00 (seis
reais), e você pode usar parte do
ingresso para comprar livros
PUBLIQUE SEUS POEMAS NUM LIVROO escritor e poeta Valdeck
Almeida de Jesus, já com vários
livros publicados, sabedor da
grande dificuldade de o escritor
anônimo ser lançado no mercado
editorial, patrocina a publicação
de poemas para escritores
baianos residentes no interior do
estado da Bahia.
A antologia é aberta a escritores
de outras cidades e estados,
porém com o pagamento de
uma pequena taxa de inscrição,
que dá direito ao recebimento de
exemplares do livro.
A primeira edição intitulada
Antologia Poética Valdeck
Almeida de Jesus – Vol. I, já se
encontra à venda nas livrarias
Espaço do Autor Baiano e Teatro
XVIII, ambas no Centro Histórico
(Pelourinho).
A primeira antologia, publicada
em 2006, será lançada
oficialmente na Bienal do Livro
da Bahia, de 13 a 22 de abril de
2007, no estande do escritor
Valdeck Almeida.
Maiores informações:
www.literaturaecritica.blogspot.com
E-mail: valdeck@hotmail.com
6
Castro Alves, 160 anos de EternidadeNo dia 14 de março de 1847, nos sertões
da Bahia, às margens do Paraguaçu,
nascia Antonio Frederico de Castro
Alves, na fazenda Cabaceiras, perto da
Vila de Curralinho, hoje cidade de Castro
Alves. O filho do Dr. Antonio José Alves e
D. Clélia Brasília da Silva Castro, chamado
carinhosamente de “Cecéu”, viveu nos
sertões até os sete anos, embalado pelos
“causos” da negra Leopoldina, escrava,
ama-de-leite e mucama que povoou
com lendas, cantigas e histórias de reis,
princesas e guerreiros da sua África mãe,
a fértil imaginação daquele menino que
se tornaria o maior poeta do Brasil e da
América Latina em todos os tempos.
A grandeza de Castro Alves deve-se,
principalmente, ao seu comportamento
como ser humano, pois dedicou-
se totalmente às causas sociais e
libertárias de sua época, como a luta
pela libertação do Brasil, dos escravos e
das mulheres, pela libertação da alma
do jugo inquisitorial e pela libertação
da natureza cada vez mais aprisionada
e violentada, sendo o primeiro militante
feminista e ecologista do país.
Para todas essas lutas assentou sua
arma invencível e eterna: A POESIA.
Foram apenas 24 anos, mas que já duram
160 anos de eternidade, e que tentaram,
em vão, interromper no episódio do
covarde atentado que sofreu em São
Paulo, articulado pela elite escravocrata
e submissa aos interesses colonialistas.
Mas foi na luta pelo fim da escravidão
que Castro Alves travou com sua
poesia os combates mais renhidos,
aos quais se entregou inteiramente.
Tanto que muitas de suas brigas
com Eugênia Câmara, musa e maior
amante, foram em razão de destinar
quase todo o dinheiro que recebia para
a luta antiescravagista, contribuindo
materialmente para a construção e
manutenção de quilombos.
Escapou do atentado, mas não
da vingança cruel dos médicos
imperialistas, que, por descaso, deixaram,
propositadamente, 37 grãos de chumbo
em seu pé, o que lhe valeu uma cirurgia
para amputá-lo. Essa amputação o
enfraqueceu até a morte prematura,
quando estava em plena atividade e
com apenas 24 anos, no dia 06 de julho
de 1871, às 15:30h, no Solar do Sodré, atual
Colégio Ipiranga.
É autor de “Espumas Flutuantes”, único
livro, lançado em 1870, e de diversos
poemas “imortais” e revolucionários
como “Vozes D’África”, “Navio Negreiro”,
“O Livro e a América”, “Ode ao Dois de
Julho”, “Pedro Ivo”, “Mocidade Morte”, “Os
Escravos”, “O Século”, “O Povo ao Poder”
e o drama “Gonzaga ou a Revolução de
Minas”.
Castro Alves pode, sem dúvida, ser
considerado o maior revolucionário da
América Latina, aquele que realmente
lutou para revolucionar o seu tempo
em todos os níveis, quando não havia
qualquer mecanismo por trás dando
ordens ou acenando com promessas. Sua
atitude perante o mundo foi conduzida
unicamente pelo juízo, pela emoção, pela
vontade, pela alma e pela poesia que
norteou o tempo todo cada gesto de sua
lavra infinita.
Agora, dia 14 de Março de 2007, Dia
Nacional da Poesia e 160 anos de
Eternidade do poeta Castro Alves, novos
poetas dão continuidade ao trabalho de
Castro Alves nas praças, ruas e cidades da
Bahia e do Brasil. ARTPoesia, Biblioteca
Prometeu, Cria Poesia, Importuno
Poético, Poetas na Praça, Casa Poesia
Bahia Brasil, Grupo União Integração
da Juventude da Cidade Nova, Grupo de
Poetas de Bomjuá, Grupo Maccacca e
centenas de outros poetas estão a sair
em PASSEATA POÉTICA para marcar
com a poesia libertária a presença da
Luz que demorada chega às ruas da
Bahia. Do Campo Grande à Praça Castro
Alves, um Festival de Poesia e Liberdade
a concretizar o sonho eterno do nosso
poeta maior.Geraldo Maia Santos,
a partir de consultas ao livro “Castro Alves e o Sonho de Liberdade”, do biógrafo maior e
poeta sempre, Eduardo Teles.
A homenagem da Fundação Cultural CA&BA ao Município de Camaçari através das suas obras poéticas, teatrais e multifacetárias, aconteceu no município de Morro do Chapéu, no coração da Chapada Diamantina entre os dias 15 e 18 de março. Encontramos longe da nossa cidade sede o lugar ideal para executar uma agenda de trabalhos culturais e de comprovada absorção popular. É engraçado como as intrigas dos nosso covardes opositores, longe de nos prejudicar, levou a nossa trupe e nosso trabalho para municípios como Dias D’ávila, Mata de São João, Catú e Salvador. Mas um dia entenderão a nossa importância, nem que seja quando ouvirem de prefeitos e secretários municipiais de outras cidades. Mas voltando ao Morro do Chapéu. Foram realmente três dias inesquecíveis, não só para o Núcleo de Artes Cênicas CA&BA que apresentou os espetáculos “Mistura Cênica”, “Feliz Ano Novo”, “Judite Fiapo” e a “Feira de Campina Grande”. Tivemos ainda a participação do grupo de street dance, Jackson Funk. O grande diferencial das três noites do CA&BA no Morro do Chapéu, foi justamente o debate provocado depois das apresentações no Teatro Minerva, abrindo inclusive
a possibilidade de voltarmos, como de fato o faremos já agora no mês de maio, com os espetáculos KAIRÓ’S e CAOS.Nos dias 13 e 15 de abril, mais uma vez o Núcleo de
artes cênicas da Fundação CA&BA, ultrapassous os limites de Camaçari para mostrar suas obras em outros municípios. Vitória da Conquista no sudoeste do estado foi invadida por esta trupe que tudo faz para exercitar o direito sagrado de manifestar-se livremente, transformando um curso de Capacitação de Alfabetizadores de Jovens e Adultos num evento inesquecível com inúmeras intervenções, antes, durante e depois das aulas. Abrimos as apresentações com “Furô tem que casar” da obra de Marcos Cristiano. Vários recitais foram se formando nos lugares mais inusitados, como no Restaurante, na quadra de esporte, no hotel, dentro de ônibus, dentro das salas de aulas e na área externa do complexo educativo da Fainor (instituição estudantil ligada a UESB). Alô Vitória da Conquista, estaremos de volta em maio.
Wilson Bizerra
Vitória da Ca&Ba. Conquista nossa.
Parceiros da Fundação Ca&Ba
7
Cultura, a essência das civilizaçõesHá cultura chinesa,
cultura brasileira,
cultura gaúcha,
cultura nordestina,
cultura pantaneira,
entre outras. Somente
pelas diversas culturas
citadas nesta lista,
pode-se perceber
que diferentemente
da interpretação
mais comum do
termo cultura aqui se pretende
explorar o conceito de forma mais ampla.
Discutiremos cultura como um conjunto
de conhecimentos, normas, valores e
modos de vida compartilhado por toda
a sociedade. Um complexo sistema de
referências predominante nos diversos
grupos sociais que serve de base comum
para orientar as práticas cotidianas
visando a sempre facilitar a vida dos
indivíduos e melhorar as relações entre
eles.
Frequentemente quando pensamos a
palavra cultura, damos a ela um sentido
geral de expressão dos sentimentos
humanos, através da arte, da literatura, da
música, da dança, do teatro... É verdade que
todas essas linguagens de manifestação
das nossas emoções compõem a cultura
do ponto de vista da elevação da alma,
porém estamos propondo
uma reflexão da cultura
como o estoque de idéias
necessário e por isso
mesmo indispensável a
todos os agrupamentos
humanos, exatamente
porque dela depende
a continuidade
da existência da
civilização.
Seguindo esse raciocínio,
poderíamos assinalar a força
expressiva de algumas dessas culturas
citadas no início deste texto, capazes
de identificar uma civilização pela
singularidade do emprego de certos
costumes. Alguém comendo com rachi
– pauzinhos utilizados pelos chineses
- consegue facilmente
lembrar os asiáticos.
Alguém vestindo um
ponche imediatamente
lembraria os andinos,
assim como portar
um bebê amarrado
com tecido nas
costas faz pensar nas
sociedades africanas,
especialmente nas
mulheres daquela região
do globo terrestre.
Através das práticas
mais comuns como
a maneira de se
vestir, de construir
as suas habitações,
de preparar sua
alimentação, de se
divertir, entre outras
peculiaridades o
indivíduo passa a
construir uma identidade
cultur al. A partir daí também é que ele,
utilizando primeiramente do processo de
comunicação básica, promove a integração
dos novos membros da comunidade. Isso
passa a ter fundamental importância
à vida humana porque permite aos
indivíduos fazer mais diferentes escolhas.
Casar ou manter-se solteiro, seguir a
profissão de engenheiro ou
jogador de futebol, ser carólico
ou se tornar evangélico.
Desse modo, nascendo ou
vivendo em determinada
região do planeta, em
determinada época, homens
e mulheres tendem
adotar o comportamento
praticado pela maioria dos
seus habitantes.
A capacidade de assimilação
de cada um e o tempo de permanência
em uma nova região da terra, ou a
inserção em outra organização
social serão de grande relevância
para o desenvolvimento do
indivíduo na cultura por ele
adotada. Isso pode ser percebido
com uma observação bem
simples, bastando acompanhar
a adaptação de alguém que foi
admitido numa nova empresa, ou
ainda, notadamente mais interessante,
as dificuldades enfrentadas por um
estrangeiro recém-chegado a um novo
país.
O primeiro pela necessidade de
ajustamento às novas regras antes
desconhecidas e o segundo pelo esforço
exigido, para a incorporação dos novos
hábitos impreteríveis à sua existência
como a assimilação de hábitos, idioma,
alimentação, etc. Tomar sopa de cachorro
na Ásia pode ser uma prova difícil para
alguém acostumado a comer pirão de
aipim com carne de bode. Todavia, a
diversidade cultural é tão rica por este
mundo, que uma oportunidade tão
excepcional quanto esta não poderia
jamais deixar de ser aproveitada.
Jorge Lisboa – Professor Faculdade 2 de Julho
Apesar de não ter sido lembrado, nem mesmo ter feito parte da programação de inauguração da CIDADE DO SABER a Fundação Cultural CA&BA, reconhece a importância, inclusive histórica, da obra, seja pela sua arquitetura moderna, seus equipamentos avançados, etc. É inegável reconhecer que o município de Camaçari será lembrado a partir de agora em dois tempos: antes e depois da Cidade do Saber. Sem poder figurar entre as diversas atrações que marcaram o período de inauguração e ocupados em atribuições artísticas em outros municípios, a trupe de teatro e dança da Fundação CA&BA, pouco assistiu do evento, não podendo tecer comentários sobre ele. Mas nem por isso deixaremos de reconhecer a importância da obra para o futuro de Camaçari. As atrações nacionais dividiram o palco com as famosas BANDAS LOCAIS, que aqui no Oxente, temos o prazer de escrever os seus nomes: Nadja Meirelles, Ladrões Engravatados, Urublues, Atitude de Rua, Carol Assemany e Eric Mazzone.Vale ressaltar ainda as apresentações do
Grupo TAC de Cilene Guedes, com o Vaso Suspirado, e as companhias de dança “Corpo de Baile” e “Câmbah”, com direção de Vânia Costa e Claudia Guedes, respectivamente.Se utilizado e dado à importância merecida, a Cidade do Saber poderá em pouco tempo modificar toda uma geração, para melhor! O teatro é magnífico, a Biblioteca exuberante, as salas de informáticas moderníssimas, as salas de ensaios pomposas, a técnica, as dependências, os espaços interno e externo, tudo leva a um universo jamais imaginado pelo povo de Camaçari, por mais otimistas que fossem. A quadra poliesportiva, lembra os grandes ginásios de esporte, a piscina semi-olímpica dá margem a uma infinidade de iniciativas para alicerçar, uma época. Um sonho para o mais exigente dos mortais, realizado por uma equipe competente, mas ainda com algumas pequenas falhas.É assim que vemos a construção, e é por isso que parebenizamos o prefeito Luiz Caetano e toda equipe envolvida na obra: Cidade do Saber!
A Cidade do Saber de Camaçari
8
A literatura é considerada uma manifestação
da arte que por sua vez é tida como uma
espécie de revolução simbólica da realidade.
Assim como o pintor se expressa através das
cores, o músico através do som, o arquiteto
através das linhas, a arte literária se expressa
através da palavra, oral ou escrita. Mas para
existir literatura é preciso que a palavra
(significante) esteja carregada de significado,
de conteúdo, de visão de mundo, de ideologia,
crença, formas de pensar, sentir e fazer, quer
dizer, a literatura não pode prescindir de sua
função social.
Será? Os “clássicos” europeus não admitiam
muito a função social da literatura, que para
eles devia proporcionar apenas prazer estético,
a “bela literatura”, destituída de qualquer
responsabilidade social, traço ideológico ou
fundo religioso e manifestava-se na forma
de verso ou prosa, falada ou escrita. Segundo
Aristóteles, seria dividida em três gêneros a
seguir: o lírico (a emoção do “eu”), o épico (as
narrativas em verso e prosa) e o dramático
(acontecimentos “encenados” por atores num
local adequado utilizando gestos e falas).
Modernamente o épico define apenas as
narrativas em verso e surge então o gênero
“ficção” para as narrativas em prosa (romance,
conto, novela, etc).
A tendência de reduzir a literatura ao seu
caráter meramente “literário”, desprovido de
qualquer praticidade, resiste até hoje. Por outro
lado também resiste o caráter transgressor,
rebelde, desafiador e revolucionário da
literatura que exprime em seu bojo as grandes
demandas das revoluções, principalmente no
que concerne aos interesses e necessidades da
classe trabalhadora, seja operária, camponesa,
marginalizada, excluída, etc, o que amplia a
condição revolucionária antes limitada ao
proletariado urbano.
Mas a tendência dominante ainda é a da
literatura que se mantém no vácuo, acima
da luta de classes, alienada do que ocorre
em torno, com a grande maioria explorada,
esmagada, submetida e imersa na mais
profunda penúria e abandono. Essa imensa
maioria, hoje formada por proletários,
indígenas, quilombolas, trabalhadores sem
terra, sem teto, sem trabalho, sem comida,
sem saúde, sem transporte, compõe a
verdadeira e legítima classe revolucionária,
a única que realmente quer e pode mudar,
evoluir e transformar a realidade.
Porque as condições de vida da sociedade
burguesa não encontram mais espaço nas
vidas dessas pessoas. Não possuem mais nada
com relação ao modo burguês de vida. Seus
referenciais são outros: a aldeia, o quilombo, a
terra-mãe-àfrica, a caatinga, a favela, a feira, o
lixão, o assentamento, a invasão. Organizam-
se em “movimentos”, “grupos”, “associações”,
“espaços”, cooperativas, ongs, sindicatos e
também no partido dos trabalhadores.
Não se tornaram “lumpemputrefatos”, nem
foram arrebatados por outra revolução
que não seja a que processam no dia a dia,
nem estão predispostos a venderem-se para
“maquinações reacionárias”.
As classes revolucionárias de agora constroem
a sua arte, a sua moral, a sua ciência, a sua
cultura, a sua política, a sua música, a sua
dança, a sua arte e a sua literatura a partir de
sua herança ancestral original que permanece
viva, presente em seus remanescentes,
descendentes, que resistiram, resistem,
insistem em preservar a originalidade de
suas
culturas, seus idiomas, sua arte, sua literatura,
sua poesia. É a literatura que explode nos
guetos, nas praças, nas periferias, nas aldeias,
nos lugarejos distantes, nos acampamentos,
nos assentamentos, nas invasões de terras
e de prédios, é a literatura de cordel, a
poesia de rua, do rap, dos escritores e poetas
marginalizados, a grande maioria excluída
que mesmo assim faz arte, faz poesia, faz
literatura, mas uma literatura revolucionária
porque transformadora, anunciadora,
reinventora da revolução alinhada com a
ancestralidade original, autóctone.
Uma revolução que se alimenta da reserva
de alma dos índios e dos negros e que está
construindo novas civilizações, outras
civilizações, outros mundos em realização.
Registrar, cantar, contar esse processo
revolucionário é tarefa da literatura.
Literatura revolucionária (índia, negra,
marginal, proletária, popular, de rua, de cordel,
etc), de ponta de vanguarda, de ruptura com
os modos de apropriação existente e suas
formas de propaganda. Geraldo Maia
Poeta
Literatura e luta de classes
Em 1856, William John Thoms cunha
– em carta endereçada a Revista The
Atheneum – o termo Folk-Lore. No
entanto, só a partir de 1858, passa a
ser largamente utilizado em Londres
devido à fundação da primeira
Sociedade de Folclore. Desde então,
as investigações sobre este tipo de
conhecimento, nos mais variados
países, buscam consolidá-lo como
área de estudo científico. No Brasil,
tal processo, traz à luz o empenho e
o trabalho de Sílvio Romero quando,
tentando sistematizar parte da
produção literária brasileira, faz
referências ao conjunto de textos orais
e práticas culturais na publicação de
Folclore Brasileiro.
Após um século e meio da “invenção”
do termo, o esforço em delimitar o
campo de atuação do folclore, bem
como de defini-lo ainda requer tempo
de pesquisadores em variadas áreas
disciplinares. No entanto, parece
ser senso comum considerar o fato
folclórico e o referido estudo como
elementos imprescindíveis para
a contínua solidificação da forma
moderna de nação. Mesmo assim,
pesquisadores contemporâneos
têm se debatido em delimitar um
método para o estudo e ensino
do fato folclórico. Nesse sentido,
há um hiato entre a prática e a
reflexão sobre ela. Gramsci considera
dois motivos preponderantes: os
pesquisadores buscam o elemento
estudado como pitoresco para coletar
material para erudição, reduzindo
metodologicamente os estudos
a uma ciência de coleta, seleção e
classificação desse material; este
processo de sistematização toma o
povo, cujas concepções de mundo
são assistemáticas e não elaboradas
como homogêneo e estático. Assim,
aponta uma questão ainda em
ordem nos estudos atuais: como
construir uma reflexão coerente
sobre um dado experiencial cujo
dinamismo determina modos de vida
diferenciados daqueles de quem sobre
ele buscar refletir?
Muito se tem discutido sobre o
assunto. Alguns optam por substituir
o termo folclore por cultura popular
visando, pela permuta de terminologia,
a dissolver os muitos preconceitos e
problemas que acarretam estudos
desta natureza. Entretanto, a simples
substituição – folclore por cultura
popular – não soluciona os problemas,
uma vez que são de natureza
metodológica: os estudos de folclore
buscam, meramente, sistematizar
o fato folclórico. Este procedimento
é elaborado por quem não têm a
experiência prática do fato; tampouco
é familiar ao ambiente em que é
produzido. Nesse sentido, categoriza o
objeto de modo inadequado, buscando
encaixá-lo em uma categoria aceita
como científica.
Os trabalhos que empreendem esforços
em delimitar os campos disciplinares
do folclore como ciência, ao que parece,
dividem-se em três momentos. O
primeiro, final do século XVIII, trata do
assunto como um recenseamento que
consiste na catalogação das práticas
utilizadas pelo povo e é iniciado por
indivíduos dispostos a somente
registrar e inventariar, a despeito
de rigor científico e compromisso
interpretativo. No segundo, final do
século XIX – com o surgimento da
Antropologia – novas técnicas são
adotadas: as culturas populares – além
de registradas e catalogadas – passam
também a serem interpretadas.
Há sobreposição da análise ao
recenseamento. O terceiro momento
se configura mais recentemente com
a renovação de práticas etnográficas
– as quais no bojo da ciência
contemporânea cujas bases assentam-
se no contínuo questionamento das
próprias metodologias – buscam
mesclar a vivência experiencial com a
prática científica. Assim, o estudo do
fato folclórico ou da cultura popular
– mesmo ainda em pequena escala –
tenta aliar a experiência prática com a
reflexão visando, sobretudo, a aceitar o
povo como produtor de expressividades
culturais heterogêneas.
Gal Meirelles
Doutoranda em Cultura e Sociedade – UFBA
Folclore ou cultura popular? Eis a questão.
9
para a missão de
fazer a interlocução
entre a sociedade
e o Estado. Eles irão
aplicar a metodologia
de mobilização
para o evento
nos municípios,
p a r t i c i p a n t e s
da conferência,
sempre atuando
junto aos prefeitos
e órgãos ligados a
cultura local.
OJ: Quantos municípios participarão da 2ª
Conferência?
MM: Atualmente mais de 160
municípios foram visitados ou
contatados para o evento. Esse
número pode parecer pouco se
comparado com os 417 do estado,
porém estamos com apenas 90 dias
de governo e temos a certeza do
aumento desses números, contando
para isso com o auxílio dos nossos
mobilizadores. O nosso objetivo é
preparar as conferências regionais
para os meses de maio e junho. A
conferência estadual será realizada
em julho.
Um outro detalhe importante é
que nós descobrimos a necessidade
da criação de câmaras de cultura
nos municípios e ainda um fórum
estadual dos dirigentes culturais, pois
avaliamos os órgãos municipais de
cultura, porque eles acabam muitas
vezes funcionando apenas em caráter
figurativo. Essa maior aproximação
com gestores culturais nos ajudará
a fortalecer esses órgãos e dar essa
nova visão de cultura que está sendo
implantada no nosso estado.
O Secretário falou ainda da
importância do Ciclo de Conferências
sobre o Desenvolvimento econômico
da Bahia e da necessidade de se
preservar a história do nosso estado.
Erick Cerqueira
Os 100 dias de Governo naSecretaria de Cultura
Ao ser empossado
Secretário de
Cultura do Estado
da Bahia, o
diretor de Teatro
Márcio Meirelles
falou sobre os
rumos a serem
tomados pela
sua gestão:
“A Bahia é um
estado de grande
d i v e r s i d a d e
cultural, mas
carente de políticas públicas
voltadas para o setor. Vamos mudar
esse panorama, mostrando a cultura
baiana como um todo.”
Com aproximadamente 100 dias de
governo o Secretário falou sobre os
preparativos para a II Conferência
Estadual do Sistema Nacional de
Cultura. Falou também sobre a
necessidade de apoio aos municípios
e dá falta de credibilidade de alguns
órgãos municipais de cultura no
interior do estado.
Oxente Jornal: Como estão os preparativos
para a II Conferência do Sistema Nacional de
Cultura?
Márcio Meirelles: A Conferência foi
adiada para julho, por questões
operacionais, pois a primeira teve
uma repercussão muito boa e o
desejo do nosso Governo é fazer algo
ainda melhor.
Os preparativos para o evento e a
metodologia a ser utilizada estão em
fase final, bem como as visitas aos
municípios.
OJ: Qual metodologia será usada na
organização do evento?
MM: Para a realização da conferência
estão sendo contratados
mobilizadores que agirão como
agentes de cultura estaduais nos
municípios, funcionando como os
agentes de saúde, já atuantes no
nosso estado. Esses agentes serão
capacitados e logo depois selecionados
A Fundação Pedro Calmon está
promovendo o ciclo de palestras
“Memória do Desenvolvimento da
Bahia (1945-1964)”. O projeto reúne
acadêmicos, políticos e artistas
que protagonizaram as mudanças
do período democrático de maior
desenvolvimento social, político e
cultural na Bahia.
Essas palestras farão parte de um
acervo para criação do Memorial
Ciclo de Conferências Memória do Desenvolvimento da Bahia
Presidente da Petrobrás abre evento
O primeiro palestrante do Ciclo
de Conferências Memória do
Desenvolvimento da Bahia (1945-1964)
foi o presidente da Petrobras, José
Sérgio Gabrielli. Muito descontraído
o presidente começou informando
aos presentes que há muito tempo
não vinha estudando
o desenvolvimento do
Estado. Pois, segundo
ele, só o que tem lido
ultimamente são
relatórios sobre o
BioDiesel.
José Sérgio Gabrielli
falou sobre o
desenvolvimento não
Casa da Bahia da Fundação Pedro Calmon
e estará a disposição da sociedade
baiana para estudos e pesquisas.
A abertura de ciclo de conferências, com
a palestra do presidente da Petrobras,
José Sérgio Gabrielli, foi marcada pela
presença do Secretário de Cultura do
Estado da Bahia Márcio Meirelles e o
presidente da Fundação Pedro Calmon
Ubiratan Castro de Araújo (foto) além
de outras autoridades.
O Memorial do Desenvolvimento da
Bahia contará ainda com palestras dos
renomados João Eurico Mata, Fernando
Schmidt, José Carlos Capinam, Eliana
Elisa de Souza, Wilton Valença, Aninha
Franco, Naomar de Almeida Filho,
Orlando Sena, Marília Murici, Fernando
da Rocha Peres, Ana Fernandes e o
Ministro Waldir Pires.
somente da Bahia, mas contou
também histórias sobre o início da
Petrobrás, apresentando gráficos
e fotos para demonstrar o quanto
a Bahia cresceu nesse período. Sua
apresentação só teve uma breve
pausa quando ele recebeu uma
ligação inadiável. O presidente Luis
Inácio Lula da Silva precisava falar
urgentemente com ele. “Desculpa
gente, mas não posso deixar o chefe
esperando”, brincou com a platéia.
O palestrante ouviu ao final da sua
apresentação elogios e sugestões
sobre sua apresentação dos
presentes, alguns deles, ex-colegas
do tempo de estudo.
10
Vocês outro dia judiaram com um menino
meu. E a cobrança é feita nessa hora, de
mestre pra mestre. Aí surge pé escondido,
parcela, quadra de meia, voltado, voltado
inteiro, bagaço, trava língua, licutixo, carreirão,
quadra furtada e outros recursos que a
mente humana cria como defesa do universo
do sambador, que faz seu nome crescer e ser
respeitado em mais uma região.
Como: Zé Afonso da Matinha, Dadinho da
Bela Vista, Izidro das Pedrinhas, Pregidio da
Maria Preta, Pulino da Barriguda, Idalina da
Pindobeira, Manoel de Luiz do Paiaiá, João
Grande do Couro Cru, Biziga dos Campinhos.
Agora com o registro que a UNESCO fez do
samba de roda patrimônio nacional, todo
mundo quer ser mestre de samba de roda.
É sempre assim, todo mundo quer ser pai de
aluno que tira nota 10.
Eu aviso:
“Olá sambador, eu vim aqui lhe avisar.
Você é muito fraco pra ser forte.
Sabe pouco pra quem quer ensinar.
Quando pensa que ganha, sai perdendo.
Diz que bate mas só faz apanhar.
Seu diploma de mestre é uma piada.
Quem lhe deu foi somente pra mangar.
Este é nosso lar. Mas o mestre Pregidio da
Maria Preta disse:
- Só de martelo quebrado eu tenho cento e
dez pra você”
Oxente, achei um lugar para falar de samba de
roda. Faltava um lugar pra eu sambar,
Não falta mais
Bule BuleMestre em Cultura
Popular
esta publicação em que revela
princípios transdisciplinares
para levar a cabo estudos
inovadores na
intensa malha
da cooperação
inter nac ional
e com pesquisadores de
renomadas universidades.
Publicado em 2005 pela
Lit-Verlag - Münster, Visual
Samba: Muito mais que interessante.A ARTE
Descobri;
Ser artista é saber transcrever
lágrimas ocultas, sentir a vida
com os olhos, interpretá-la com
os ouvidos, é ressuscitar cada
nobre pequenino sentimento,
fazendo com que a miserável
nobreza do progresso não os
soterrem.
Monstros auto-metalicos
vomitam dejetos ao ar,
descarregam literalmente toda
sua imundice quimérica,
e nós vivemos e dizemos...
NORMAL!
A normalidade é algo que nos foi
empurrado em nossa cotidiana
convivência,
são vícios alucinógenos que nos
cegam gradativamente...
E a arte talvez seja isso, parecer
bobo, incapaz ou quem sabe,
irracional a cada virgula.
Emerson Leandro Silva Do livro EXPOEMAS
(ainda não publicado)
Espaço Poesia
O autor Peter Ludes lançou
no dia 11 de abril o Livro
“Hegemonias Visuais” em
sessão de autógrafos no
Auditório da Faculdade
de Comunicação da UFBa
em Salvador. Peter Ludes,
professor da Escola de Humanidade
e Ciências Sociais da Jacobs
University Bremen, coordenador do
projeto Key visuals, nos brinda com
Lançamento do livro Hegemonias Visuais
Eu fico preocupado quando perto de mim
alguém diz: Samba de roda é interessante.
Acho que não é interessante para o samba
alguém lhe ver com tão diminuto adjetivo. Pois
se surgir algo ou alguém mais interessante, o
antigo interessante será automaticamente
desclassificado. Então, interessante é como
bonitinho, que é irmão de feio. Ou ainda
bonzinho, que é irmão de ruim.
Samba de roda é uma cultura milenar, todos
os povos em todas as épocas, sambaram
por diversos motivos. Para agradecer a farta
colheita, a pesca e a caça em abundância.
É prenuncio de guerra, mas também,
manifestação de vitória.
Agradecimento pela glória do casamento ou a
chegada de um filho. E na hora da partida de
um ente querido, todos cantam juntos:
“Despedida de amor faz chorar.
Faz chorar, faz soluçar
Despedida de amor faz chorar.”
É ainda a alegria no retorno de um ente
querido.
Samba é um sentimento de um povo, e é
muito mais que interessante.
É louvação, junto com uma novena para graças
alcançadas, pedidos ou promessas feitas aos
santos da devoção de povos de todos os níveis
culturais e de posses.
O samba é como uma charada. Tem conceito,
a rima é importante, mas o sentido da rima é
que dá a beleza ao samba.
Veja este
barravento ou este
côco.
Quando um filho
diz:
- “Meu pai, eu queria
me casar.”
O pai toma a
palavra e completa
o canto:
- “Meu filho não case não. Meu filho casar
é bom, mas não é pra você não. Quem casa
compra machado, bota roçado no chão.Planta
arroz, planta mandioca, planta milho, planta
feijão. Compra gás, compra café, compra sal,
compra sabão:
Compra a roupa pra mulher, compra o cueiro
do pagão.
Quando for no fim do ano, meu pai, não quero
casar mais não”
Conceito: o pai entendendo que o filho ainda
não tinha preparo para arrumar uma família,
numa cantiga de samba de roda mostrou
que ainda não era hora do tão sonhado
casamento.
Quem acha o côco simplesmente interessante,
está longe de entender o sábio conceito do
milenar samba de roda.
Um mestre de samba é um ser especial na sua
comunidade é um conselheiro, é um juiz de
paz. Tanto é que quando um jovem sambador
se encontra em outra região e alguém duvida
da sua capacidade, ele lamenta: “Ah se tu
soubesse quem foi meu mestre, quem me deu
lição.“ E se o mestre dele, tendo oportunidade
em outro samba de pegar aqueles que
tentaram menosprezar o seu discípulo, vai a
forra.
hegemonies é agora traduzido
para o português por Leonardo
Boccia com o propósito de divulgar
resultados e despertar o interesse
do leitor brasileiro. Para maiores
detalhes sobre publicações
e novas pesquisas visite o
website
www.keyvisuals.org
OS INOCENTESO universo discursivo dos 27 contos de Os inocentes (Salvador: Ed. Vento Leste, 2006), de Igor Rossoni expressa, de modo quase factual, o sentido trágico do homem. Os personagens são dispostos em estados limites e, ao mesmo tempo, corriqueiros: uma conversa entre irmãos; outra entre mãe e filha; uma experiência de ciúme; as indignações; o (des)encontro consigo mesmo; a deparação com a morte; a morte aos poucos de/em cada dia; enfim, espectros de um dado cotidiano que – às vezes – passa despercebido. Nesses momentos climáticos é que ocorre o desvirtuamento do esperado e uma quietude tensa instaura-se no germe do desdobramento traumático das cenas; como se verossímil fosse o natural serenamente resignado. Aí as narrativas pegam o leitor de calças-na-mão por evidenciarem exercício eficaz de depuramento no trato com a linguagem.
ROSSONI, Igor. Os inocentes [Contos/ISBN 85-997-6802-6] Salvador: Vento Leste, 2006, 59p.
11
Programa de Intercâmbio e Difusão
Cultural recebe solicitações de apoio
para participação em eventos a
serem realizados de maio deste ano
até março de 2008.
Artistas, técnicos e estudiosos podem
solicitar ao Ministério da Cultura a
partir desta quinta-feira, dia 19 de
abril, o custeio de transporte para a
participação em eventos culturais
no Brasil e exterior a partir do mês
de maio até março de 2008.
Serão viabilizados, por meio do
Edital de Divulgação nº 3/2007 do
Programa de Intercâmbio e Difusão
Cultural, o valor de R$ 900 mil reais
para a compra das passagens, sendo
direcionados R$ 100 mil reais para
cada mês, exceto para os meses
de janeiro, fevereiro e março, que
serão atendidos conjuntamente,
disponibilizando do mesmo valor.
A novidade possibilitará a solicitação
de transporte com antecedência
pelos artistas, que poderão enviar
as solicitações para quaisquer meses
previstos a partir de maio.
Os pedidos podem ser apresentados
por pessoas físicas, grupos
(reunião entre artistas, técnicos e
estudiosos da cultura brasileira para
apresentação de trabalho conjunto
em evento cultural promovido por
terceiros) ou entidades culturais
privadas e sem fins lucrativos.
As candidaturas individuais
ou de grupos serão analisadas
separadamente e o valor destinado
para cada período será dividido
igualmente entre os dois.
Os candidatos pré-selecionados
na fase de inscrição por meio
eletrônico serão considerados
pré-aprovados. Somente estes
candidatos deverão encaminhar
por Correio a documentação
complementar exigida no edital.
Caso a documentação não atenda às
exigências, o candidato não terá seu
benefício homologado.
Informações: www.cultura.gov.br
Viaje bem,Viaje MINC
Salvador já teve o melhor Carnaval do
Brasil. Não souberam, as entidades e
os órgãos ligados às folias momescas,
preservar a essência. As mudanças
sofridas desembocaram no carnaval
atual. Um carnaval que promove o
consumismo elitista, fazendo da alegria
do povo objeto de consumo dos mais
abastados.
As ruas, vazias nos primórdios, com o
passar do tempo foram se enchendo.
Do entrudo com o seu mela-mela,
expressão espontânea e inocente do
povo, que muito incomodava as elites.
Elite essa que criou o desfile de carros - o
corso - preservando assim, a integridade
pessoal e das ricas fantasias dos que
podiam participar. Mas precisavam
ainda, criar formas de disciplinar a folia.
Afinal de contas o povo em suas formas
de manifestar sua alegria, externar sua
irreverência, repudiava regras e ainda
promovia a melança.
Para se chegar aos blocos etc., matou-
se lenta e traiçoeiramente, o Carnaval
de salão. Carnaval este que, criado
também pelas elites, garantiu a folia
dos mais favorecidos. Só que o povo, não
tendo noção das limitações impostas,
sacrificava o pão-de-cada-dia, para
comprar convites ou se associar , não
se sabe como, aos clubes tidos como
“Social”.
Com os clubes cheios e “infestados” com o
suor do povo, fez-se necessário o retorno
para as ruas, na forma mais fechada
possível.
Como sempre, nada como o bom e
velho capital para ser usado em favor
da disciplina. Criou-se, então, as Escolas
de samba, os Cordões , os Afoxés, e,
nos últimos 40 anos, só de blocos
(entidades cercadas por cordas, com
som próprio e seguranças, base da
indústria da alegria) e algumas poucas
entidades representativas dos excluídos:
discriminados e marginalizados, que
costumam depender do auxílio do grande-
irmão-branco, para poder se organizar,
desfilar e ter alguma visibilidade.
Igual à Fênix, a ousadia, o sacrifício, e a
irreverência do povo renasceu e invadiu os
blocos, mesmo os mais elitistas e fechados,
adquirindo, mesmo em detrimento
de produtos primários necessários à
sobrevivência, o salvo-conduto, na forma
de abadá.
É possível concluir que a história se
repete?
Sim. Mesmo com as alterações ditadas pelo
avanço da tecnologia e do conhecimento
da mente. É bom atentar para o momento
do Carnaval de Salvador (depois de
industrializado, alugado ou vendido
para vários estados). OS camarotes
funcionam com os salões de antigamente
(antigamente?!). E a plebe tem, permitida,
volta e meia, formas de se divertir mesmo
tendo de trabalhar enquanto o senhorio
e família se esbaldam.
Mas, incansável e irritante, o povo continua
invadindo. Ô Povo!
Quem sabe se com o novo, (novo?! ) clube
criado por um empresário “du ritmu”, as
elites possam, enfim, poder brincar em
paz, longe do suor do povo, sem riscos de
incômodos, no que se prenuncia como
o espaço-da-elite, do quarto circuito do
maior carnaval do mundo. Não da Bahia
com h.
Jackson Miguel Reis ArléoEstudante de Jornalismo da
Faculdade 2 de Julho
A história se repete. Será que se repete?
12
Bienal do Livro Bahia - 2007Cheia de novidades atrativas e que
estimulam a prática da leitura, a 8ª
edição da Bienal do Livro da Bahia,
aconteceu de 13 a 22 de abril de 2007, no
Centro de Convenções da Bahia. O maior
evento literário do estado prestou uma
homenagem a Portugal, aproveitando
a ocasião do bicentenário da “Abertura
dos Portos Brasileiros às Nações
Amigas”, fato que marcou o fim do
Pacto Colonial. Para justificar a escolha,
foram convidados o escritor Francisco
José Viegas, Diretor da Casa Fernando
Pessoa, e Fernanda Eunice, Diretora
do Departamento de Bibliotecas e
Arquivos da Câmara Municipal de
Lisboa. Enquanto ele participa do “Café
Literário”, conversando e trocando
informações com o público, ela foi
vista na “Arena Jovem”, ambos espaços
paralelos do evento.
Entre os escritores brasileiros que
participaram do evento no “Café
Literário”, nomes como Amyr Klink,
Diógenes Moura, Elisa Lucinda,
Fernanda Young, Myriam Fraga,
Moacyr Scliar, Nelson Motta, Paulo
César de Araújo, Sérgio Cabral, Walter
Fraga Filho e Zuenir Ventura.
Além disso, a Bienal do Livro da Bahia
ofereceu exposições, lançamentos,
programas de incentivo à cultura e
visitação escolar.
E “o livro é sempre a estrela principal
do evento”, palavras de Antônio Vieira
Júnior, Diretor Nordeste da Fagga
Eventos, promotora oficial do evento
na Bahia desde 1996, com o apoio do
SNEL, da CBaL, e do Governo do Estado.
Foram 350 expositores, entre editores,
distribuidores, veículos impressos e
órgãos ligados ao livro. A Bienal Bahia
consolidou-se como a terceira maior
feira do País, já está completamente
inserida no calendário educacional e
cultural baiano.
A Bienal desde ano inovou ao trazer
espaçoes paralelos como:
CAFÉ LITERÁRIO - O Café Literário era a
sala de visitas da Bienal, palco de bate-
papos informais e descontraídos entre
autores e o público.
ARENA JOVEM - Em uma grande arena,
construída especialmente para
acomodar o público jovem, foram
apresentados e debatidos assuntos de
extremo interesse da juventude, como
qualidade de vida, responsabilidade
social, paz, família, mercado de trabalho,
exclusão social, entre outros. O acesso
à Arena Jovem era gratuito para todos
aqueles que visitaram a Bienal.
CIRCO DAS LETRAS - O Circo das Letras era
o espaço voltado para público infantil.
Com o objetivo de aproximar este
público do universo de livros e autores,
de forma prazerosa, despertando o
gosto pela leitura e o desenvolvimento
de sua imaginação e criatividade, o
1 - No Stand da EGBA uma máquina da Xerox imprimiu livros na hora para novos autores.
2 - Stand EDUFBA. 3 - Stand do Governo do Estado. 4 - Bule Bule na Praça do Cordel.
Livro Religiosos (Espiritismo) Stand do Governo do Estado
Livros de todos os preços... e tamanhos.
Circo das Letras reunirá atividades
como oficinas, contadores de histórias,
teatro, entre outras. Esta programação
será realizada pela Diretoria de
Bibliotecas.
PRAÇA DA POESIA - Espaço destinado à
divulgação da poesia através da leitura
e interpretação da poesia reunindo
poetas e apreciadores desta arte.
Programação coordenada pelos poetas
Juvenal Payayá e Douglas.
ESPAÇO CORDEL - Espaço reservado
a cultura nordestina com diversas
manifestações artísticas ligada ao
cordel, desde a poesia improvisada de
suas cantorias, oficinas, exposição e
composições literárias. O poeta Bule-
Bule é o responsável pelo espaço.