Post on 06-Jul-2015
Diretoria de Ensino Leste 4
Dirigente Regional de Ensino José Carlos Francisco
Núcleo Pedagógico
ORIENTAÇÃO TÉCNICA DE LÍNGUA
PORTUGUESA
MEDIAÇÃO E LINGUAGEM
PCNPs Responsáveis:
Tania Conceição Nunes de Sá Gomes
Adriana Cristina de Brito Pereira
Objetivos da Orientação Técnica e da
Videoconferência
Apresentar ao professor uma reflexão organizada a respeito
do trabalho de revisão e reescrita dos textos apresentados nas
práticas de linguagem;
Organizar os conhecimentos implicados na ação didática no
cotidiano da sala de aula;
Contribuir para a análise prática de revisão de textos
efetivamente realizados na escola.
Conceitos Preliminares
A aprendizagem da produção escrita é uma das finalidades do
ensino das línguas. Essa aprendizagem permite ao aluno:
Comunicação com outros pela escrita;
Obtenção êxito escolar;
Promoção da socialização.
Produção de textos diversos, respeitando as convenções da
língua e da comunicação, é uma condição importante para a
integração do indivíduo na vida social e profissional.
Compreensão da escrita como uma prática social (função e
utilidade do texto escrito).
A escrita como comunicação, expressão e
conhecimento
A produção e compreensão da diversidade de textos orais e
escritos é considerado como objetivo central do ensino das
línguas;
Produzir um texto é expor uma imagem de si e da sua
criatividade;
É preciso conhecer os conteúdos temáticos a serem abordados, o
sistema linguístico, o destinatário e as convenções sociais do
contexto de produção textual.
Dimensões da Escrita
Aspectos a serem considerados no
processo de escrita dos textos
A aprendizagem da escrita, por meio da produção de textos é uma atividade complexa;
O texto, e não a frase ou a palavra, é considerado como unidade de trabalho;
É preciso levar em conta a diversidade das situações de comunicação;
Antecipação, por meio da análise, dos obstáculos e dificuldades a serem ultrapassados pelos alunos;
A análise didática dos textos pelo professor, a fim de se encontrar caminhos para intervenção.
ORIENTAÇÕES PARA REFLEXÃO
Momento 1
Para começar a prévia reflexão sobre o assunto, leia os excerto
apresentados e, depois, faça a seguinte analise:
De que modo as citações se relacionam entre si e com a prática
de revisão de textos? Elabore um pequeno texto expositivo que
caracterize o procedimento de revisão, tendo a reescrita como
parte desse processo. Você pode organizá-lo na forma de itens
ou simples anotações, se quiser, e começá-lo da seguinte
maneira: “Podemos dizer que revisão envolve...”.
Observação: Os participantes deverão dividir-se em 4 grupos para a
realização da atividade proposta.
Excerto 1
“(...) os tempos deixaram de ser noite de si mesmos quando as pessoas começaram a escrever, ou
a emendar... que é obra doutro requinte e doutra transfiguração.” (Saramago)
Excerto 2
“(...) por que caminhos eles andaram e se perderam antes de alcançarem a definitiva forma, se é
que tal coisa existe.” (Saramago; idem)
Excerto 3
“Que a gente não canse, de apontar o lápis e refazer o texto, de procurar a palavra, de revirar o
papel e a alma do avesso, de encontrar a ‘rima’. Que não nos vença o gosto amargo, o riso
murcho, a palavra vazia. Que o inverso disso ganhe sim, e ganhe sempre. Que a rotina não nos
destrua, que ainda nos dê crises de riso, que ainda pulse. Só isso que eu quero pra dezembro, e
pros outros onze meses.” (Clara D.)2
Excerto 4
“Quero enfiar a ideia, achar o rumozinho forte das coisas, caminho do que houve e do que não
houve. Às vezes não é fácil. Fé que não o é.” (Guimarães Rosa)
Excerto 5
“O crescimento de níveis de deliberação (que precisam ser mais bem conhecidos na esfera da
pesquisa) envolve internalizações sucessivas de competências que se constroem no plano
intersubjetivo e que permitem a consolidação das funções comunicativa (regulação da ação do
outro) e individual (autorregulação) da escrita. Supomos que as mudanças nessa direção se
iniciem nos esforços de distinção entre gerar o texto e pensar sobre o texto, distinção esta que
não é manifestada imediatamente pelo escritor iniciante”. (Smolka e Góes: 1992; p. 96.)
Excerto 6
“A aprendizagem da linguagem é já um ato de reflexão sobre a linguagem. (...) As ações
linguísticas que praticamos nas interações em que nos envolvemos demandam esta reflexão, pois
compreender a fala do outro e fazer-se compreender pelo outro tem a forma de um diálogo.”
(Geraldi: 1997, p. 17.)
Excerto 7
[Sobre o rascunho como espaço de comunicação consigo mesmo.]
“Duas semióticas intervêm nas modificações de gênese: a da linguagem verbal por um lado, e a de uma
paralinguagem na qual se risca, flecha, sobrecarrega. O que faz o escriba? Ele faz indicações para ele
mesmo: ele coloca em memória, de forma econômica e não explícita, um programa de modificações
que ele reserva para modificar posteriormente. Ele representa para si mesmo ao menos duas faces da
inscrição, uma comportando notações mínimas, frequentemente não verbalizadas, e outra traduzindo,
por modificações de linguagem, indicações mais ou menos legíveis nas rasuras.” (Fabre: 1992, p. 09.)
Excerto 8
“A reescrita tem como origem uma série de interrogações sobre a adequação do discurso primeiro em
relação a uma consigna particular, um determinado leitor, seu próprio desejo, um ato a cumprir,
desafios precisos etc. Reescrever é colocar questões sobre seu próprio texto, ou seja, indica uma
consciência do já-dito, umacapacidade de avaliar em função de um certo número de parâmetros e da
possibilidade de reformulação.” (Delamote-Legrand: 1992, p. 106)
Momento 2 Agora faça a leitura dos seguintes textos: A. BRÄKLING, Kátia Lomba. Revisão e correção: variações sobre o mesmo tema?
São Paulo: 2012.
B. DOLZ, Joaquim et alii. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem. Campinas: Mercado de Letras. 2010.
Capítulo 1: Ensinar a Produção Escrita (pp. 13-30).
Capítulo 5: Os Dispositivos de Ensino (pp. 61-66).
Depois de realizada a leitura, retome as anotações que você fez a partir dos excertos e compare a reflexão que fez antes com a que realizou neste momento. Que aspectos puderam ser aprofundados, ampliados, esclarecidos? Observação: Os participantes deverão se dividir em 3 grupos para a realização da atividade proposta.
Em relação ao aluno é necessário
observar:
Quais são os conhecimentos que os alunos
dominam.
Quais são as lacunas, dificuldades e obstáculos
potenciais da sua escrita.
Revisão e correção: o mesmo conceito?
Correção
Supressão de erros ortográficos a partir da
indicação de erros feita pelo professor;
Ideia de que o que foi escrito está errado e
precisa ser substituído;
Atividade não reflexiva;
Aponta generalidades e superficialidades;
Condições de trabalho individual e sem
cooperação.
Revisão
Revisar dialoga;
Busca os sentidos pretendidos pelo aluno no texto;
Tenta ajustar o texto às intenções do escritor e aos
parâmetros definidos;
Apresenta-se um conjunto de possibilidades
linguístico-discursivas ao aluno;
A revisão é um exercício de alteridade – colocar-se
no lugar de quem escreveu para compreender suas
intenções.
É um processo de adequação do texto ao contexto
de produção.
A correção inserida no processo de revisão deve ser
REFLEXIVA.
Podemos dizer que a intervenção acima foi reflexiva?
Trata-se de uma orientação para revisão ou correção?
Que situações de escrita vivenciamos no cotidiano escolar,
tão complexo?
Todas elas requerem o mesmo tipo de intervenção ao
falarmos de revisão?
Que aspectos precisamos considerar ao organizar essas
intervenções?
Que procedimentos devemos adotar para garantir as nossas
referências teóricas e metodológicas?
É preciso garantir ao aluno uma efetiva oportunidade de reflexão sobre os
aspectos da língua e da linguagem, pelo processo de análise da adequação do texto, de levantamento de possibilidades de ajuste do texto e revisão;
Promoção das intervenções que orientam a textualização durante o processo de produção;
Acompanhamento dos alunos enquanto redigem, ainda que em parceria, ler o que escrevem e sugerir modificações, complementações, correções;
Acompanhamento dos registros feitos no caderno;
A apropriação do conhecimento ocorre pela cooperação na realização das tarefas.
Os procedimentos didático-metodológicos de
trabalho
Momento 3
Leia os textos dos alunos em anexo, assim como a proposta
de produção apresentada para os mesmos. Escolha um dos
textos e, supondo que seja representativo da proficiência
de uma classe, organize uma atividade de revisão – ou uma
sequência de atividades – para problematizar as questões
textuais que apresenta.
Observação: Os participantes deverão dividir-se em 4
grupos para a realização da atividade.
Proposta Apresentada para o Aluno
SARESP 2012
7º ano do Ensino Fundamental
Proposta de Redação
Escreva seu texto imaginando que você está participando de um concurso lançado pelo jornal de sua cidade para
descobrir novos talentos literários. As trinta melhores narrativas produzidas pelos alunos das escolas estaduais serão
publicadas em uma coletânea. Para participar, leia o trecho a seguir e continue a narrativa.
UM EXEMPLO DE CORAGEM E AMOR
Num bairro da cidade, havia um barracão abandonado cujas portas estavam lacradas.
No andar de cima, Sara, uma gatinha, vivia e alimentava-se de restos de comida que encontrava pelas redondezas. Ela
conseguia entrar no barracão por uma janela que tinha o vidro quebrado.
Estava, agora, com sua ninhada de cinco filhotes, no andar superior, bem protegidos, quando, no final de uma tarde,
iniciou-se um grande incêndio no local.
Considerando o que expressa o título do texto (Um exemplo de coragem e amor), crie um enredo com a história de
Sara e seus filhotes. Envolva outros personagens, incluindo humanos. Crie momentos de suspense capazes de
despertar a curiosidade e atenção do leitor.
Dê um final à sua história, que poderá ter um desfecho feliz ou não.
Observações:
1. Faça inicialmente um rascunho.
2. Passe seu rascunho para o local indicado, com caneta de tinta azul ou preta.
3. Capriche na letra.
4. Escreva seu texto na modalidade culta (norma-padrão) da língua portuguesa
Texto 1
Texto 2
Operações referentes à produção textual
A. Contextualização – Produção e construção de texto coerente e adaptado à situação de comunicação.
B. Progressão temática – Desenvolvimento dos conteúdos temáticos em função do gênero, atentando para a pertinência das escolhas das informações, o equilíbrio das informações do leitor e o aporte de novas informações.
C. Planificação – Articulação das partes separadas do texto (coerência) pela organização interna do texto.
D. Marcas Linguísticas – Coesão nominal e verbal utilizando meios linguísticos que asseguram as relações entre as frases.
E. Releitura, revisão, reescrita - Retomada do texto pelo produtor.
Entre os aspectos indicados, serão sempre
fundamentais os que forem relativos à:
a) manutenção de coesão e coerência do texto no processo tanto de
textualização de conteúdo já produzido (reescritas), quanto de criação de
conteúdo (produções de autoria), considerando-se todos os aspectos
implicados nesse processo;
b) criação de conteúdo, em si, com a explicitação das relações que se
estabelecem entre as ações narradas/inventadas (de anterioridade e/ou
posterioridade, de causalidade, de explicação, entre outras);
c) adequação do texto ao contexto de produção definido e combinado em
classe.
Uma orientação didática coerente com os pressupostos indicados recomenda
que o desenvolvimento do trabalho de ensino precisa organizar-se a partir de
um movimento metodológico que suponha:
a. trabalho no coletivo, feito pela professora: nesse momento, a intenção é fazer
circular informações relevantes sobre determinado conhecimento, buscando-se a
apropriação delas pelos alunos e modelizar procedimentos - de leitura, de escuta, de
produção de textos, de análise – oferecendo referências aos alunos;
b. trabalho em duplas/grupo: nesse momento a intenção é observar quais aspectos
tematizados foram apropriados pelos alunos a partir do momento anterior e criar um
espaço para que as informações apropriadas pelos diferentes parceiros circulem,
colocando a possibilidade de novas apropriações e novos aprendizados;
c. trabalho individual: esse é o momento de se constatar quais foram as aprendizagens
realizadas, efetivamente, pelos alunos; quais foram os conteúdos apropriados por eles.
Nesse momento tem-se a informação a respeito de quais aspectos precisarão ser
novamente tematizados, reiniciando-se o movimento do trabalho.
Procedimentos a serem observados
nas atividades de revisão
a questão da paragrafação;
a necessidade de esclarecimento de informações;
a adequação do título ao conteúdo temático do
texto.
a) Ler os textos produzidos e marcar os aspectos que precisam ser revisados
(aspectos relativos à coerência do texto; ausência de informações relevantes;
não estabelecimento de relações adequadas entre os fatos, necessidade de
paragrafação e pontuação, entre outros aspectos).
b) Utilizar para marcar, p.e., um traço vertical em uma das margens,
correspondendo ao trecho a ser revisto.
d) Organizar os alunos em duplas.
e) Devolver os seus textos, oriente-os para que conversem sobre o trecho a
ser revisado, levantando possibilidades de ajuste. Os dois conversam sobre
cada um dos textos, anotam as sugestões; depois, cada um revisa o seu
próprio.
Procedimentos a serem utilizados nas atividades de
revisão:
f) Nessa revisão, os alunos não deverão apagar e escrever de novo. Devem
escrever em um papel pautado, à parte. Depois que escreverem, cortam a tira
de papel e a colam sobre a 1ª versão (o texto original), mas apenas na margem,
de modo que se possa levantar a filipeta para ler o texto que está embaixo.
g) Receber os textos revisados e, dessa vez, lê-los fazendo anotações de
aspectos ortográficos que precisam ser revisados.
h) As anotações para correção ortográfica devem levar à reflexão; portanto,
procedimentos que já indicam ao aluno o que têm que corrigir e como, não
devem ser utilizados nessa situação (a da revisão de textos). Nessa situação, as
anotações devem ser feitas respeitando-se os seguintes critérios: •Erros relativos a aspectos já discutidos em classe: Ficha Ortográfica e Pauta
de Memorização;
•Erros relativos a aspectos ainda não discutidos em classe.
Bibliografia
BRÄKLING, Kátia Lomba. Revisão e correção: variações sobre o mesmo tema? São
Paulo: 2012.
DOLZ, Joaquim et alii. Produção escrita e dificuldades de aprendizagem. Campinas:
Mercado de Letras. 2010.
Capítulo 1: Ensinar a Produção Escrita (pp. 13-30).
Capítulo 5: Os Dispositivos de Ensino (pp. 61-66).