Post on 16-Nov-2018
Os Plásticos na Escultura
Definição e técnicas de aplicação dos plásticos na escultura
Ivo Manuel Peres Rodrigues
Mestrado em Escultura
2013
ii
Escultura em Plásticos
Definição e técnicas de aplicação dos plásticos na escultura
Ivo Manuel Peres Rodrigues
Mestrado em Escultura
Dissertação orientada pelo Prof. Doutor João Castro Silva
2013
iii
Resumo
Com apenas um século de existência, os plásticos alcançaram uma presença
constante e fulcral nas nossas vivências diárias. Não sendo ignorados pelos artistas,
viriam a encontrar o seu papel na escultura com as novas correntes artísticas do
modernismo. Os plásticos são frequentemente visíveis na escultura internacional, no
entanto a sua presença a nível nacional tem sido apenas esporádica.
Com o intuito de fomentar a aplicação de um material de grande versatilidade na
escultura portuguesa, a presente dissertação tem como objectivo abordar a aplicação
técnica dos plásticos na escultura. Com um principal foco no material, pretende-se em
primeira instância definir o plástico, descrever as suas propriedades e limitações,
fazendo-se em seguida a enumeração das técnicas de manipulação dos plásticos na
escultura. As técnicas descritas ignoram a utilização de equipamento industrial.
A bibliografia portuguesa relativa ao tema em questão é praticamente inexistente,
espera-se assim que o presente trabalho contribua para futuros empreendimentos
relativos ao presente tema.
Palavras Chave
Escultura
Técnica
Plástico
Polímeros
Termoplásticos
Termoendurecíveis
iv
Abstract
With only one century of existence, plastics achieved a constant presence in our
daily lives. Not being ignored by artists, they found their way into sculpture with the
new artistic movements of modernism. Plastics are frequently visible in international
sculpture, but at a national level the presence of plastics has been only sporadic.
In order to foment the application of a very versatile material in portuguese
sculpture, the present dissertation has as objective addressing the technical application
of plastics in sculpture. With a central focus on the material, it is intended, in first
instance to define plastic, describing its proprieties and limitations, and then describe
the techniques of manipulation of plastics without the use of industrial equipment.
Portuguese bibliography relative to the proposed subject is almost inexistent, it
is hoped that the present work contributes to future enterprises in the theme at hand.
Key Words
Sculpture
Technique
Plastic
Polymers
Thermoplastic
Thermosetting
v
Agradecimentos
a
António Rodrigues e Idalina Rodrigues
Pedro Rodrigues
Joanne Hovenkamp
João Castro Silva
obrigado
vi
Índice
Introdução.................................................................................................................................... 1
Parte I: Os plásticos e suas propriedades.................................................................................. 4
1) Os Plásticos .............................................................................................................................. 5
1.1) Polímeros........................................................................................................................... 6
Taxa de cristalinidade - plásticos amorfos e cristalinos ....................................................... 9
1.2) Propriedades gerais dos plásticos .................................................................................... 10
2) Categorização dos polímeros ............................................................................................... 13
2.1) Categorização por origem................................................................................................ 13
2.2) Categorização pela estrutura do polímero ....................................................................... 15
2.3) Categorização por utilidade ............................................................................................. 18
Parte II: Técnicas de aplicação dos plásticos na escultura .................................................... 19
1) Termoplásticos ...................................................................................................................... 22
1.1) Técnicas de modelação a calor ou termoformação.......................................................... 29
1.1.1) Aplicação de calor geral......................................................................................... 30
Drape box....................................................................................................................... 30
Caixa de vácuo ............................................................................................................... 31
Fundição de termoplásticos............................................................................................ 34
1.1.2) Aplicação de calor localizada ................................................................................ 35
Dobragem....................................................................................................................... 35
Soldadura ....................................................................................................................... 36
Modelação livre.............................................................................................................. 37
1.2) Utilização de solventes .................................................................................................... 38
1.3) Maquinação dos termoplásticos....................................................................................... 40
Transparência ..................................................................................................................... 42
1.4) Poliestireno expandido (PS-E ou EPS) como material auxiliar....................................... 44
2) Plásticos termoendurecíveis ................................................................................................. 48
2.1) Poliéster insaturado....................................................................................................... 49
2.1.1) Propriedades ........................................................................................................... 50
vii
Índice (continuação)
2.1.2) Polimerização.......................................................................................................... 52
Tempos de cura .............................................................................................................. 54
Tempo de vida e armazenamento da resina ................................................................... 56
2.1.3) Aditivos.................................................................................................................... 57
Colorantes ...................................................................................................................... 57
Cargas............................................................................................................................. 58
Microesferas................................................................................................................... 59
Tixotrópicos ................................................................................................................... 60
Monómero...................................................................................................................... 60
Solventes ........................................................................................................................ 61
Parafina .......................................................................................................................... 61
Estabilizantes.................................................................................................................. 62
Reforços (e materiais auxiliares de reforço) .................................................................. 62
Mistura de aditivos na resina.......................................................................................... 64
2.1.4) Técnicas de aplicação da resina poliéster............................................................. 66
2.1.4.1) Moldes .............................................................................................................. 66
2.1.4.1.1) Moldes para enchimento ou revestimento com res. poliéster .............. 66
Enchimento de moldes (sem aditivos)................................................................... 67
Encapsulamento de objectos.................................................................................. 68
Revestimento de moldes (com aditivos)................................................................ 69
2.1.4.1.2) Manufactura de moldes em res. poliéster e fibra de vidro................... 72
2.1.4.2) Estruturas ........................................................................................................ 74
Estruturas para revestimento com resina poliéster..................................................... 74
Revestimento de estruturas com resina poliéster ....................................................... 75
2.1.4.3) Maquinação ..................................................................................................... 76
2.2) Outros termoendurecíveis............................................................................................. 77
3) Reciclagem de plásticos ........................................................................................................ 79
4) Toxicidade e segurança......................................................................................................... 81
Conclusão ................................................................................................................................... 85
Bibliografia ................................................................................................................................ 88
viii
Índice de anexos Anexos .......................................................................................................................................................91 Anexo I – Polímeros
Diagrama 1) Zonas cristalinas numa rede amorfa ................................................................. 92 Diagrama 2) Polímero elastómero sobre tensão de alongamento.......................................... 92 Diagrama 3) Exemplo de polimerização por adição.............................................................. 93 Diagrama 4) Exemplo de polimerização por condensação.................................................... 93 Diagrama 5) Alguns polímeros por adição............................................................................ 93 Diagrama 6) Termoplásticos.................................................................................................... 94 Diagrama 7) Termoendurecíveis ........................................................................................... 94 Diagrama 8) Poliéster e monoestireno previamente à polimerização.................................... 95 Diagrama 9) Poliéster e o monoestireno após a polimerização ............................................. 95 Tabela 1) Regime de maturação da resina poliéster............................................................... 95
Anexo II – Propriedades dos plásticos
Tabela 1) Propriedades dos plásticos ..................................................................................... 96 Tabela 2) Resistência química dos plásticos.......................................................................... 98 Tabela 3) Propriedades das espumas plásticas....................................................................... 99 Tabela 4) Resistência química das espumas plásticas............................................................ 99
Anexo III – Termoplásticos
Imagem 1) Exemplo de caixa de resistências eléctricas ...................................................... 100 Imagem 2) Colocação de um laminado de termoplástico sobre um molde simples ............ 100 Imagem 3) Colocação de um laminado de termoplástico sobre uma semi-esfera ............... 100 Imagem 4) Drape box simples ............................................................................................. 101 Imagem 5) Drape box com contramolde.............................................................................. 101 Imagem 6) Caixa de vácuo (perfil) ...................................................................................... 102 Imagem 7) Caixa de vácuo sem molde ................................................................................ 103 Imagem 8) Caixa de vácuo com molde................................................................................ 103 Imagem 9) Caixa de vácuo seccionada com molde ............................................................. 103 Imagem 10) Laminado de termoplástico com moldura de madeira..................................... 104 Imagem 11) Laminado de termoplástico com moldura previamente à aplic. de calor ........ 104 Imagem 12) Laminado de termoplástico com moldura posteriormente à aplic. de calor .... 104 Imagem 13) Moldura com laminado de termoplástico colocada sobre a caixa de vácuo .... 105 Imagem 14) Molde fêmea sem perfurações sobre a caixa de vácuo.................................... 106 Imagem 15) Molde fêmea com perfurações sobre a caixa de vácuo ................................... 106 Imagem 16) Molde macho sem perfurações sobre a caixa de vácuo................................... 106 Imagem 17) Molde macho com perfurações sobre a caixa de vácuo................................... 106 Imagem 18) Moldes com prisões ......................................................................................... 107 Imagem 19) Molde sem prisões ........................................................................................... 107 Imagem 20) Dobragem de um laminado de termoplástico .................................................. 108 Imagem 21) Influência da estrutura sobre a dobra no laminado de termoplástico............... 108 Imagem 22) Dobragem de uma vara de termoplástico ........................................................ 109 Imagem 23) Influência da estrutura sobre a forma da dobra feita na vara de termopl......... 109 Imagem 24) Soldadura através da aplicação de calor e pressão de um termopl. ................. 110 Imagem 25) Soldadura por vareta........................................................................................ 110 Imagem 26) Tubulação da luz dentro de um paralelepípedo regular de termopl. transp. .... 111 Imagem 27) Influência das faces de um sólido transparente sob a luz transmitida ............. 111 Imagem 28) Comportamento da luz sob incisões feitas no plástico .................................... 111 Imagem 29) Sistema de corte por fio quente ....................................................................... 112 Imagem 30) Máquina de corte por fio quente...................................................................... 112 Imagem 31) Forma de poliestireno expandido cortada por fio quente ................................ 113 Imagem 32) Colocação de uma armadura metálica dentro de poliestireno expandido........ 113
ix
Índice de anexos (continuação) Anexo IV - Termoendurecíveis
Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis ......................................... 114 Imagem 1) Fibra de vidro moída.......................................................................................... 116 Imagem 2) Fibra de vidro cortada........................................................................................ 116 Imagem 3) Manta de fibra de vidro em duas gramagens diferentes .................................... 116 Imagem 4) Woven roving em duas gramagens diferentes.................................................... 116 Imagem 5) Objecto seccionado para a elaboração do molde ............................................... 117 Imagem 6) Colocação de barreiras de barro sobre o objecto ............................................... 117 Imagem 7) Aplicação de fibra de vidro na manufactura de um tacelo do molde ................ 118 Imagem 8) Realização das perfurações sobre os tacelos ..................................................... 118
Anexo V - Reciclagem
Tabela 1) Simbologia de identificação de plásticos recicláveis........................................... 119 Diagrama 1) Um método simples para a identificação de plásticos comuns....................... 121
Anexo VI - Escultura
Imagem 1) Naum Gabo, "Constructed Head No. 2"............................................................ 123 Imagem 2) Kenneth Slote, "Figure" .................................................................................... 123 Imagem 3) Ângelo de Sousa, "Sem Título".......................................................................... 124 Imagem 4) Lourdes Castro, "Sombra projectada da minha mãe" ....................................... 124 Imagem 5) Fred Deher, "Sentinels" ..................................................................................... 125 Imagens 6 e 7) Takayasu Ito, "Sphere in Negative Space" .................................................. 125 Imagem 8) Louise Nevelson, "Transparent Sculpture 1" .................................................... 126 Imagem 9) Marietta Warner Siegel, "Stephen".................................................................... 126 Imagem 10) Arman, "Vénus" ............................................................................................... 127 Imagem 11) Miguel Ângelo Rocha, "Torso" ....................................................................... 127 Imagem 12) Duane Hanson, "The Tourists" ........................................................................ 128 Imagem 13) Rogério Timóteo, "Catedral" .......................................................................... 128 Imagem 14) Niki de Saint-Phalle, "Nana"........................................................................... 129
Anexo VII – Distribuidores....................................................................................................................130
1
Introdução
O plástico, uma denominação que engloba vários materiais cujos primeiros
exemplos remontam a apenas um século de existência. O potencial destes novos
materiais viria a mostrar-se significativo, neste curto intervalo de tempo, nas
possibilidades tecnológicas da nossa sociedade contemporânea.
Resultante do progresso na área da química nos finais do século XIX, os
plásticos viriam a ser inicialmente empregues como substitutos pouco dispendiosos dos
materiais tradicionais. 1 Com o decorrer do século, o avanço cientifico na química
possibilitou o surgimento de novos plásticos, alargando a sua utilização. A facilidade e
baixo custo de produção de conveniência à industria, juntamente com a sua crescente
aceitação por parte do público ao longo do século XX,2 o plástico viria a estabelecer-se
autonomamente como material perante as alternativas tradicionais. Actualmente os
plásticos possuem uma grande versatilidade de aplicação que os incube de uma
existência fulcral às nossas praticas sociais, desde o armazenamento de comida ao
suporte de informação numa era digital.
Este grande potencial de aplicação não foi ignorado pelos artistas. Aproveitando
as correntes vanguardistas do modernismo, o plástico veio a encontrar o seu papel na
arte. Beneficiou a pintura fornecendo um novo veículo para os pigmentos, a arquitectura
como material de isolamento, decoração ou mesmo de construção, e a escultura com
materiais que permitem uma grande liberdade formal.
É na presença dos plásticos na escultura que se pretende focar esta dissertação,
particularmente na sua aplicação técnica na escultura.
Tema abordado
A introdução do plástico na escultura é atribuída a Naum Gabo, na sua escultura
Construction head Noº2 (1916) 3 onde utilizou laminados de nitrato de celulose
(celulóide). Gabo destaca-se como um dos percursores de uma nova corrente artística, o
Construtivismo, que não só contrastava com uma atitude formal tradicional de
representação pelo seu cariz abstracto e geométrico, como contribuiu para a introdução
1 Por materiais tradicionais pode-se entender pedra, madeira, bronze, etc. Materiais com uma ampla tradição de transformação. SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 9. 2 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 7. 3 Ver Anexo VI - Imagem 1) Naum Gabo, "Construction head Noº2". p. 123.
2
de novas técnicas e novos materiais no campo da escultura, até então dominado pelas
matérias nobres (mármore, bronze, etc.).
Ao longo do séc. XX o plástico torna-se uma presença frequente na escultura.
Podemos referir escultores como Arman, Nikki de Saint Phalle, Dubuffet, Eva Hesse,
César, Ron Mueck, entre outros, que aplicaram plásticos como a resina poliéster, a
resina epóxi, o polimetracrilato de metilo (genericamente conhecido por acrílico), o
poliuretano ou o poliestireno para desenvolver a sua escultura.
No entanto, num contexto nacional, mesmo após um século de crescente
utilização na escultura internacional, o plástico na escultura portuguesa tem tido uma
presença pouco visível, com apenas alguns trabalhos esporádicos nas últimas décadas.
Esta ausência é ainda mais acentuada na bibliografia portuguesa relativa à utilização de
plásticos na escultura, sendo esta quase inexistente. Como tal, considerou-se relevante
abordar a utilização dos plásticos na escultura, procurando realizar um trabalho que
contribua para uma fundação, na actual ausência bibliográfica portuguesa, a futuros
trabalhos referentes ao tema em questão. Em resposta ao pretendido, decidiu-se elaborar
esta dissertação fazendo um principal foco no material, o plástico, e a sua aplicação na
escultura – Os Plásticos na Escultura.
Objecto de estudo
Existem actualmente centenas de plásticos, cada um com as suas variantes,
variações estas ainda incrementadas pela possibilidade de uso de um grande número de
aditivos. No entanto, grande parte dos plásticos destina-se a aplicações industriais muito
especificas, sendo consequentemente observável não só um limitado acesso a estes
plásticos pelo escultor, como também uma dificuldade acrescida no seu processamento
técnico pela necessidade de equipamento especializado. Decidiu-se portanto limitar o
objecto de estudo aos principais exemplares dos grupos de plásticos mais comuns,
descrevendo as suas propriedades e técnicas. A escolha dos plásticos estudados é
direccionada a plásticos a que o escultor tenha acesso e capacidade de manipular.
Limita-se também assim a enumeração das técnicas descritas, deixando de parte todas
as técnicas de utilização dos plásticos que necessitem de equipamento industrial ou um
conhecimento químico mais especializado.
A descrição das técnicas é feita de modo a tirar o máximo proveito das
características inerentes do material, como as suas resistências. Deste modo não se
considera, por exemplo, queimar intencionalmente o plástico através da aplicação de
3
calor ou fazer uma sobredosagem de aditivos. No entanto, abordamos a aplicação do
plástico num campo artístico, ou seja, é legítimo um escultor queimar o plástico se
assim o pretender. Acredita-se aqui que o escultor poderá mais facilmente adulterar a
normatividade técnica tendo conhecimento desta.
Estrutura de exposição do tema
A presente dissertação divide-se em duas partes distintas: Os plásticos e suas
propriedades e Técnicas de aplicação dos plásticos na escultura.
Na primeira parte, Os plásticos e suas propriedades, em primeiro lugar define-se
o material – o que é um plástico – seguindo-se uma descrição das suas propriedades
gerais. Através de uma definição do material procura-se transmitir um conhecimento
geral que permita um entendimento da ampla variedade dos plásticos, as suas limitações
e aplicabilidades, concedendo ao escultor uma maior familiaridade com este material.
A segunda parte é dedicada à aplicabilidade técnica dos plásticos. Em primeiro
lugar descreve-se mais particularmente os plásticos que se pretende abordar e em
seguida os métodos de manipulação mais usuais dos plásticos referidos. À medida que
se enumera as técnicas, são fornecidos exemplos de esculturas onde as técnicas descritas
tenham sido aplicadas.
Posteriormente elabora-se sobre a reciclagem do plástico com o objectivo do seu
reaproveitamento na escultura e descreve-se os cuidados de segurança a ter na
manipulação dos plásticos.
Anexos
Por último, é colocado em anexo as imagens, diagramas ou tabelas a que o corpo
de texto faz referência. Encontramos aqui as imagens das esculturas ou processos
descritos, diagramas referentes à constituição química dos plásticos e algumas tabelas
com as propriedades dos plásticos graduadas. Todas as traduções para português são
feitas pelo autor. As adaptações realizadas consistem principalmente na substituição dos
nomes comerciais pelos nomes químicos gerais dos plásticos (por exemplo: nylon foi
substituído por poliamidas) e algumas adaptações menos recorrentes como a conversão
de unidades imperiais para unidades métricas ou de Fahrenheit para Celsius. Qualquer
imagem sem fonte referenciada é de autoria própria.
4
Parte I Os plásticos e suas propriedades
5
1) Os Plásticos
A larga aplicação e versatilidade do plástico deve-se, em parte, à existência de
um grande número de diferentes materiais que a palavra plástico engloba. Tal como
metal é uma denominação que engloba vários materiais como por exemplo o bronze, o
ferro e o alumínio, plástico surge-nos actualmente como denominação de toda uma
espécie de materiais, entre eles o poliéster, o poliestireno, o poliuretano, etc. Não é
simples estabelecer que materiais podem ou não ser denominados como plásticos, um
primeiro indício pode-nos ser dado pela etimologia da palavra.
A palavra plástico, de origem do grego plastikós e do latim plasticu, define a
capacidade de um material poder alterar a sua forma através de uma força exterior e
manter essa forma cessada a força que o constrange. Rodrigo Fontinha, no seu
dicionário etimológico, define plástico utilizando barro, gesso e cera como exemplo de
materiais plásticos.4 Quando as primeiras resinas5 semi-sintéticas e sintéticas surgiram,
exibindo tais propriedades de plasticidade6 , foram imediatamente apelidadas por
plásticos, permanecendo essa denominação.7 A propriedade de plasticidade é portanto
importante para a definição dos materiais plásticos.
Nos materiais considerados por plásticos, a plasticidade encontra-se sobre duas
formas distintas, categorizando os plásticos em dois grupos diferentes: os termoplásticos
e os termoendurecíveis. 8 Os termoplásticos possuem a propriedade de plasticidade
permanentemente, obtida pela aplicação de calor – como a cera. Por outra via, os
termoendurecíveis são plásticos apenas na parte inicial do seu processo de aplicação, ou
seja, são usualmente líquidos que, através de uma reacção química, solidificam na
forma pretendida. Uma vez solidificados, os plásticos termoendurecíveis perdem toda a
4 FONTINHA, Rodrigo - Plástico. In Novo dicionário etimológico de língua portuguesa, Porto, [196?], p. 1378. 5 Os plásticos são normalmente apelidados por resinas possivelmente por apresentarem semelhanças para com as resinas naturais, como a plasticidade e a composição química. 6 Deste ponto em diante na dissertação, de modo a evitar equívocos na leitura, a palavra plástico aparecerá em itálico quando se pretende referir a respectiva capacidade mórfica do material. 7 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978. p. 12. As resinas naturais (como o âmbar por exemplo), com séculos de existência e aplicação, embora possuam as propriedades que tecnicamente os posicionem dentro da categoria de plásticos, não são normalmente apelidados como tal, mantendo a sua designação original. A denominação de plástico é portanto mais aplicada a alguns materiais sintéticos e semi-sintéticos que surgiram em meados e final do séc. XIX e ao longo do séc. XX, não sendo no entanto incorrecto considerar as resinas naturais como plásticos. 8 Os termos «termoplástico» ou «termoendurecível» referem-se apenas ao tipo de plasticidade inerente ao material, não tendo o material de ser necessariamente um plástico. Em termo de evitar repetições, sempre que aqui se utiliza os termos «termoplástico» e «termoendurecível», pressupõe-se um plástico.
6
sua capacidade de plasticidade – como o gesso. É um tema abordado adiante mais
pormenorizadamente.9
A plasticidade não é, no entanto, a única característica necessária para definir
um material como um plástico. Um material é muitas vezes considerado plástico devido
à sua aparência artificial. Isto é em parte verdade, uma vez que grande parte dos
plásticos provêm de uma síntese molecular em ambiente artificial (plásticos sintéticos)
ou da transformação (plastificação) de uma matéria-prima natural (semi-sintéticos),
enquanto que os plásticos de proveniência natural não são normalmente apelidados
como plásticos pelo público em geral.10 No entanto existem materiais de proveniência
natural cujas características os posicionam dentro da família dos plásticos. Falamos de
resinas naturais, como o âmbar, ou da goma-laca, de proveniência animal11.
Para perceber o que caracteriza um material como plástico é necessário ter em
conta a sua estrutura química, uma vez que os plásticos apresentam, para com grande
parte das matérias tradicionais, claras distinções a nível molecular.
1.1) Polímeros
Para um material ser considerado plástico, não deve só possuir a propriedade de
plasticidade, como também possuir algumas particularidades químicas a nível
molecular que o distingue de grande parte dos materiais tradicionais.
Grande parte das matérias existentes são compostas por moléculas formadas por
uma pequena variedade e um número reduzido de átomos, que raramente ultrapassa a
centena. Temos o exemplo da pequena molécula de água (H2O : 3 átomos) ou a da
sacarose (C12H22O11 : 45 átomos) um pouco maior e mais complexa.12 Os plásticos, por
outra instância, são formados por moléculas de grandes dimensões ou macromoléculas
(compostas por centenas a milhares de átomos). Estas macromoléculas são resultantes
da união de um grande número de moléculas de pequenas dimensões. Às moléculas
dispostas a unirem-se entre si dá-se o nome de monómeros (mono - um / mero - parte) e
às macromoléculas resultantes da união dos monómeros dá-se o nome de polímeros
9 Ver "Parte I"-"2.2) Categorização pela estrutura do polímero", p. 15. 10 KATZ, Silvia - Classic plastics, London, 1984, p. 6. 11 A goma laca provém de um insecto que habita as zonas sul-meridionais da Ásia, de nome Tachardia
lacca (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Shellac. In Materials handbook, London, 2002, p. 837). 12 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 12.
7
(poli - muito). 13 Quando o polímero é de extensa dimensão, intitula-se por
macropolímero.14
O nome de um polímero sintético tem por base o nome dos monómeros que o
constituem. Por exemplo, o polímero polietileno é formado pela repetição de
monómeros de etileno (poli-etileno). Se um polímero for formado pela união de
monómeros compostos, como o monómero metacrilato de metilo, o nome do polímero
poderá opcionalmente referenciar o monómero que o constitui entre parêntesis após o
prefixo poli. Exemplificando com o monómero referenciado, é facultativo escrever
polimetacrilato de metilo ou poli(metacrilato de metilo).15
Por deverem a sua génese à união de monómeros, os polímeros apresentam
algumas distinções para com as moléculas de pequenas dimensões a nível químico.
Consideremos como molécula a definição que nos é dada por Lionel Coutarel:
"(...) [molécula] designa o último fragmento duma espécie química para lá do qual um
novo fraccionamento levará à destruição e perda das propriedades que a caracterizavam.
(...) As moléculas de um corpo são absolutamente idênticas e conferem-lhe as suas
propriedades intrínsecas; dois compostos constituídos por moléculas idênticas não são
mais do que uma única espécie química, e as suas propriedades são rigorosamente
iguais."16
A definição que nos é dada por Coutarel descreve a situação molecular de
grande parte das matérias tradicionais, no entanto, nos polímeros a situação já não se
apresenta tão simples.
Consideremos duas substâncias, o cauchu, uma borracha17 natural sólida e pouco
solúvel, e o isopreno, um líquido bastante volátil. São duas substâncias que diferem nas
suas propriedades mas apresentam a mesma fórmula química elementar C5H8.18 Isto
deve-se à particularidade de o cauchu ser composto por polímeros formados pela união
de monómeros de isopreno.19 Estas duas matérias, embora com características bastante
13 MICHAELI, Walter [et. al.] - Tecnologia dos plásticos, Florianópolis, 1995, p. 6. 14 BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques, New York, 1967, p. 73. 15 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 23. 16 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 12. 17 As borrachas também são formadas por polímeros e também podem ser termoplásticas ou termoendurecíveis. É difícil distinguir as matérias plásticas das borrachas. Ver "Parte I"-"2.2) Categorização pela estrutura do polímero", p. 15. 18 Ibid., p. 13 19 Ibid., p. 15-16
8
diferentes, possuem uma fórmula molecular elementar idêntica proporcionalmente.
Enquanto que a fórmula C5H8 corresponde à molécula do isopreno, a fórmula do cauchu
traduz-se em (C5H8)n, sendo n o número de monómeros C5H8 repetidos.
Elementarmente são fórmulas iguais, variando apenas na proporcionalidade. É portanto
visível que uma macromolécula poderá ter a mesma fórmula química elementar de outra
molécula, não corporalizando necessariamente uma substância idêntica.
As moléculas da mesma natureza deverão ter sempre a mesma dimensão, o que
já não acontece com os polímeros. Os polímeros poderão ter dimensões diferentes entre
si (dependendo do número de monómeros repetidos), permanecendo com a mesma
natureza, desde que os monómeros constituintes desses polímeros sejam em si da
mesma natureza e repetidos pela mesma ordem. Portanto, duas matérias plásticas da
mesma natureza poderão ser formadas por polímeros de diferentes dimensões. Esta
noção é importante ao entendimento das matérias plásticas porque delas é consequente a
variação de propriedades de uma mesma espécie plástica como a resistência. Temos
como exemplo o polímero de amida, ou poliamida (nylon), a variação do seu número de
monómeros confere-lhe diferentes graus de resistência:
"Se se mede a carga capaz de provocar a rotura dos fios de nilão, preparados a partir de
poliamidas de massas moleculares respectivamente M, 2M e 6M, encontram-se valores
de 5 kg/mm², 12 e 25 kg/mm²."20
A oscilação do número de monómeros (n) de um polímero também influencia
outras propriedades dos plásticos como o seu grau de viscosidade e a sua temperatura
de amolecimento. Por exemplo: "Um polietileno de massa 7000 (n = 280) amolece a
18º, enquanto, se a sua massa for 34 000 (n = 1360), permanecerá duro até 112º."21
As propriedades de dois plásticos da mesma natureza podem variar entre si, não
só pela quantidade de monómeros repetidos nos respectivos polímeros, mas também
pela própria disposição relativa dos polímeros entre si, ou seja, a suas estruturas.
20 Ibid., p. 16. A variável M refere-se à massa molecular do polímero que depende da quantidade de monómeros repetidos nesse mesmo polímero (M do polímero = n × M do monómero). Tanto variável M (massa) como a variável n (número de monómeros repetidos), referem-se a valores médios. Isto porque numa mesma espécie de matéria plástica, coexistem edifícios moleculares que comportam diferentes números de monómeros repetidos. Estas flutuações devem-se, durante o fabrico das matérias plásticas, ao modo de formação das macromoléculas, sendo as cadeias moleculares detidas em diferentes comprimentos aquando da sua génese. 21 Ibid.
9
Taxa de cristalinidade - plásticos amorfos e cristalinos
A disposição relativa entre os polímeros, ou a sua estruturação, tem uma
considerável influência sobre as propriedades da matéria plástica. Se os polímeros
estiverem dispostos de uma forma desorganizada entre si, ou seja, sem uma estrutura
ordenada, considera-se o plástico como amorfo. No entanto, os polímeros por vezes
ordenam-se paralelamente entre si formando uma estrutura ordenada. Este
comportamento ocorre em zonas localizadas dentro do encadeado amorfo dos
polímeros.22 A estas zonas ordenadas dá-se o nome de zonas cristalinas (ou «cristalites»)
e a sua quantidade e medida pode variar dentro da zona amorfa, traduzindo-se esta
variação por taxa de cristalinidade. A variação da taxa de cristalinidade de um plástico
influência as suas propriedades. Tipicamente, um plástico amorfo tem uma temperatura
de amolecimento ampla, uma baixa contracção23, é usualmente transparente e tem uma
baixa resistência química e uma baixa resistência à fadiga e desgaste. Por outro lado,
um plástico cristalino (com uma elevada taxa de cristalinidade) tem tipicamente uma
temperatura de amolecimento precisa, uma alta contracção, é usualmente opaco e tem
uma boa resistência química, à fadiga e desgaste. 24
Como dito anteriormente, as propriedades de dois plásticos da mesma natureza
podem variar entre si conforme a estrutura dos seus polímeros, isto porque a taxa de
cristalinidade de um determinado tipo de plástico pode oscilar dentro de determinados
parâmetros dependendo, por exemplo, da temperatura do seu processo de fabrico:
"A temperatura também desempenha um papel importante na formação estrutural das
matérias plásticas, fornecendo-nos a moldagem das poliamidas, como o nilão (...), um
exemplo característico: se o molde está frio no momento da fabricação, a solidificação
da matéria é rápida, pelo que as «cristalites» não têm tempo de se desenvolver,
resultando um plástico amorfo maleável e transparente. Se, pelo contrário, o
dispositivo de moldagem for preaquecido, e depois, muito lentamente, arrefecido, a
peça obtida resulta dura e opaca."25
Como a taxa de cristalinidade de cada tipo de plástico oscila dentro de um
determinado intervalo, podendo caracterizar-se os diferentes tipos de plásticos como
22 Ver Anexo I – Diagrama 1) Zonas cristalinas numa rede amorfa, p. 92. 23 A contracção de um plástico ocorre normalmente ao arrefecer após o calor que lhe é atribuído durante a sua fabricação ou modelação. 24 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 4-5. 25 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 30-31.
10
sendo amorfos ou semi-cristalinos. Por exemplo o polietileno de baixa densidade, a sua
taxa de cristalinidade varia entre os 60 a 75%, logo é um plástico semi-cristalino26.
Como plásticos amorfos temos o exemplo do cloreto de polivinilo (PVC), o poliestireno
(PS) e o polimetacrilato de metilo (PMMA). Como plásticos semi-cristalinos, podemos
exemplificar o polietileno (PE), o polipropileno (PP) e o poliéster.27
Percebe-se assim que, a acrescentar à variedade de plásticos existentes, as
propriedades intrínsecas a cada espécie podem oscilar por diferentes valores. Esta
variedade dos plásticos é ainda amplificada pela possibilidade da junção de aditivos
como posteriormente se verá.
1.2) Propriedades gerais dos plásticos
Para além da capacidade de plasticidade, um material deverá ser formado por
polímeros para ser considerado plástico. O barro mineral tem plasticidade mas não é
formado por polímeros, logo não é um plástico. De igual modo, a madeira (celulose) ou
a grafite são materiais formados por polímeros mas não possuem plasticidade, logo
também não podem ser considerados plásticos.
Não é no entanto simples perceber se uma matéria é ou não formada por
polímeros, ou mesmo distinguir os diferentes tipos de plásticos, sem recorrer a testes
laboratoriais. Esta dificuldade deve-se, em parte, à existência de um grande número de
polímeros com diferentes naturezas resultando num grande número de plásticos com
diferentes características entre si. A dificuldade é ainda acrescida ao constatar que
polímeros da mesma natureza poderão corporalizar matérias plásticas com diferentes
características embora permanecendo, estas matérias plásticas, com a mesma natureza.
Como tal, é difícil definir uma característica identitária a todos os materiais constituídos
por polímeros. É no entanto possível estabelecer uma série de propriedades gerais, num
sentido lato, inerentes aos plásticos pela sua composição por polímeros. Estabelecem-se
aqui algumas das propriedades gerais dos plásticos (algumas por via circunstancial
como o critério económico), ordenando-as por vantajosas ou desvantajosas de acordo
com a sua aplicação.
26 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A - Polyethylene - In materials handbook, London, 2002, p. 743. 27 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 4-5.
11
Vantagens:
• Resistência física: por serem compostos por cadeias moleculares de
grandes dimensões, as matérias plásticas têm geralmente um grau de
resistência mecânica muito elevada e uma leveza acentuada, permitindo
a construção de grandes volumes, leves e resistentes, com o recurso a
pouca matéria;
• Resistência térmica: os plásticos têm uma baixa condutividade térmica
funcionando como bons isolamentos térmicos;
• Resistência química: os plásticos têm geralmente boas resistências
químicas sendo habitual resistirem melhor à corrosão que os metais;
• Resistência eléctrica: grande maioria dos plásticos tem uma baixa
condutividade eléctrica, característica incrementada pelo baixo grau de
absorção de água dos plásticos;28
• Óptica: os plásticos são geralmente transparentes29 e, devido à facilidade
de junção de aditivos, têm uma boa capacidade de policromia (o
colorante facilmente se espalha uniformemente pelo plástico, grande
amplitude de cores e podem manter a sua transparência ou ficar
opacos)30;
• Critério económico: grande parte dos polímeros são pouco dispendiosos
por requererem industrialmente mão-de-obra pouco especializada,
equipamento de fabrico pouco complexo e matéria-prima barata.31 Esta
característica é bastante vantajosa para o escultor por lhe permitir
usufruir de matérias muito resistentes e menos dispendiosas que a pedra
ou o metal. Também pela vasta utilização dos plásticos pelas indústrias
para recipientes descartáveis ou outros produtos, é disponibilizado ao
escultor uma grande fonte de matéria-prima sem custos por via da
reciclagem.
28 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 15. A condutividade eléctrica dos plásticos pode ser melhorada pelo acrescento de aditivos como metais (níquel, prata, etc.), alguns pigmentos (como preto de carbono), fibra de carbono ou cerâmicas condutoras. (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Conductive Polymers and Elastomers, In Materials handbook, p. 266.). 29 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 26-27. 30 Todos os plásticos apresentam esta facilidade na adição de aditivos. No entanto, um escultor, sem o acesso a equipamento industrial, só poderá utilizar aditivos com os plásticos termoendurecíveis. Ver "Parte I"-"2.2) Categorização pela estrutura do polímero", p. 15. 31 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 7.
12
Desvantagens:
• Deformação: sob um peso constante, os plásticos têm tendência a
deformar-se. Mesmo que por vezes recuperem a sua forma original
quando a carga é removida, esta susceptibilidade à deformação poderá
consistir num problema em aplicações estruturais;32
• Calor: a baixa condutividade térmica poderá dificultar a manipulação
dos plásticos. Calor atribuído à superfície de um plástico poderá demorar
algum tempo a chegar ao seu interior. Por outro lado, os plásticos
geralmente não são capazes de resistir a elevadas temperaturas, sendo
afectados geralmente acima dos 150ºC.33 Também por serem compostos
orgânicos, grande parte dos plásticos é inflamável, podendo no entanto a
utilização de aditivos reduzir o seu grau de inflamabilidade;34
• Electricidade estática: por serem maus condutores de electricidade, os
plásticos tendem a acumular electricidade estática35 com a consequência
de partículas de pó e poeira aglomerarem-se na superfície do plástico.36
32 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 15. 33 Ibid., p. 14-15. 34 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002 p. 3. Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Estabilizantes", p. 62. 35 Ibid. 36 SMALE, Claude - op. cit. , p. 15.
13
2) Categorização dos polímeros
Os polímeros, e respectivos materiais, podem ser categorizados de vários modos:
de acordo com a sua origem, estrutura dos seus polímeros ou com a sua utilidade.
2.1) Categorização por origem
As matérias plásticas podem dividir-se em três grupos de acordo com a sua
origem e fabricação: naturais, semi-sintéticas e sintéticas.
As matérias plásticas naturais são directamente retiradas da natureza. Temos
como exemplo as resinas naturais que, excepto a goma-laca de proveniência animal,
são de origem vegetal e devem a sua génese ao metabolismo secundário de árvores ou
arbustos das espécies dos grupos das gimnospérmicas e das angiospérmicas. A maioria
destes compostos utiliza o isopreno como monómero, inserindo-se numa classe química
muito extensa denominada de terpenos. 37 Também é de menção a queratina,
macromolécula constituinte das unhas, cascos e chifres dos animais38, é definida por
Silvia Katz como matéria plástica por ter uma estrutura molecular formada por
polímeros e partilhar da característica de plasticidade através da aplicação de calor e
pressão.39
Os plásticos semi-sintéticos provêm do tratamento químico de macromoléculas
naturais, por outras palavras designa-se como plastificação de matérias naturais. A
plastificação ocorre por combinação molecular, ou seja, pela fixação de moléculas de
um agente plastificante às macromoléculas naturais40. É o caso do nitrato de celulose41,
obtido pela mistura de cânfora (agente plastificante) com nitrocelulose , que por sua vez
é resultante do tratamento químico da celulose do algodão (90 a 95% de celulose) ou da
madeira (aproximadamente 50% de celulose).42 Outro exemplo é a caseína-formaldeído,
obtida através da mistura de formol com a proteína caseína extraída do leite.43
Por último, temos os plásticos sintéticos que consistem em macromoléculas
obtidas através da síntese de moléculas simples. Às associações químicas moleculares
37 GIGANTE, Bárbara - Resinas naturais. Conservar o património, Lisboa, Nº1 (2005), p. 34. 38 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 21. 39 KATZ, Silvia - Classic plastics, London, 1984, p. 7. 40 COUTAREL, Lionel - op. cit., p.33. 41 Mais conhecido por celulóide, nome comercial do nitrato de celulose estabelecido pelo seu inventor – John Hyatt. 42 COUTAREL, Lionel - op. cit., p.43. 43 CLÉRIN, Philippe - Les pastiques. In La sculpture, Paris, 1988, p. 149-150.
14
formadoras de um polímero dá-se o nome de polimerização, sendo o número de
monómeros repetidos n expresso como grau de polimerização.44 Existem dois processos
fundamentais de polimerização:45
• Por crescimento em cadeia ou polimerização por adição;
• Por crescimento em etapas ou polimerização por condensação
(policondensação).
A polimerização por adição consiste na união consecutiva de monómeros
insaturados formando longas cadeias. Veja-se o caso do etileno46 onde ao quebrar uma
das ligações entre os átomos de carbono da molécula, possibilita-se a sua junção a
outras moléculas idênticas, e assim consecutivamente.47
A polimerização por condensação, ou policondensação, envolve normalmente
duas espécies químicas diferentes que ao associarem-se, formam uma macromolécula
intermédia capaz de se multiplicar48 provocando uma reacção que liberta um sub-
produto como a água ou cloreto de hidrogénio.49
Em ambos os processos o átomo de carbono é de particular importância. Pode-
se considerar que os átomos possuem ligações que lhes permitem vincular com outros
átomos. O átomo do hidrogénio tem uma ligação, o oxigénio duas e o carbono quatro.
Por possuir quatro ligações, o carbono possibilita uma larga amplitude de formas
moleculares, seja em cadeia, em anel ou em rede, permitindo uma maior variedade de
ligações que todos os outros átomos juntos. Com quatro ligações, o carbono está por
vezes duplamente ligado a outro átomo, como no exemplo do monómero de etileno
anteriormente mencionado. Quando esta dupla ligação existe, facilmente se quebra uma
delas de modo a possibilitar a junção da molécula a outra correspondente. Quando uma
substância química possui moléculas com uma dupla ligação entre os seus átomos dá-se
o nome de insaturada a esta substância, uma vez que está passível a uma futura
saturação com outra substância. Se a substância não tiver duplas ligações entre os seus
44 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 25. 45 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 25. 46 Ver Anexo I – Diagrama 3) Exemplo de polimerização por adição, e Diagrama 5) Alguns polímeros por adição, p. 93. 47 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 10. 48 COUTAREL, Lionel - op. cit., p. 23. 49 SMALE, Claude - op. cit., p. 11. Ver Anexo I – Diagrama 4) Exemplo de polimerização por condensação, p. 93.
15
átomos, dá-se o nome de saturada. Por dever a sua génese à capacidade de vinculação
dos átomos de carbono, a grande maioria dos plásticos são compostos orgânicos, ou
seja, têm o carbono como base.50
Se um polímero contiver em si apenas monómeros da mesma natureza, designa-
se por homopolímero (polietileno por exemplo). Se no entanto contiver mais do que um
tipo de monómero na sua estrutura, designa-se por copolímero (por exemplo:
politereftalato de etileno).51 Por vezes, monómeros diferentes são polimerizados juntos
para usufruir de características que não estão presentes nos polímeros formados
unicamente por um dos monómeros. É o caso do plástico acetato de vinilo cloreto que
possui a rigidez do cloreto de polivinilo com a estabilidade térmica do acetato de
polivinilo.52
2.2) Categorização pela estrutura do polímero
Já mencionámos que a estrutura dos polímeros influencia a transparência e as
resistências da matéria plástica. Ficou-se de referir que a estrutura individual do
polímero – linear, bidimensional ou tridimensional – influencia as propriedades de
plasticidade e de elasticidade da matéria plástica, categorizando os plásticos em
termoplásticos, termoendurecíveis ou elastómeros.
Os polímeros lineares são, como o nome indica, formados pela repetição de
monómeros num único sentido no espaço, como que numa linha. Numa substância
plástica estas cadeias lineares encontram-se entrelaçadas de forma algo complexa mas
aleatória, e estão ligadas entre si por forças intermoleculares conhecidas por forças van
der Waals. Esta força intermolecular é mais fraca que a força intramolecular, a força
que une os próprios átomos. Quando os polímeros lineares são sujeitos a calor, a força
van der Waals é a primeira força a entrar em colapso, permitindo às cadeias lineares
deslizarem entre si. Se for administrado demasiado calor (valor que depende da
substância plástica) as próprias forças intramoleculares também entram em colapso
50 Actualmente, o carvão e o petróleo consistem na principal matéria prima utilizada para a fabricação dos plásticos sintéticos. Resultantes da decomposição da vida vegetal primitiva, o elemento do carbono da matéria orgânica original não se perdeu, embora esteja quimicamente alterado pelo processo de decomposição. Através do refinamento da matéria-prima e processamento químico dos seus extractos, permitem-se as associações moleculares que vão dar origem às grandes cadeias moleculares, os plásticos. SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 10. 51 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 26. 52 SMALE, Claude - op. cit., p. 11.
16
decompondo o plástico.53 Ao deslizarem entre si, as cadeias lineares estão aptas a
adoptar uma nova posição relativa. Ao arrefecer, as forças van der Waals reafirmam-se,
constrangido as cadeias lineares na sua nova posição.54 Por outras palavras, as matérias
plásticas formadas por polímeros lineares são rígidas a temperatura ambiente,
amolecendo e adquirindo a capacidade de plasticidade quando submetidas a calor. Uma
vez arrefecidas, estas matérias voltam a ficar rígidas na sua nova forma, podendo
repetir-se este processo – de aquecimento, modelação, arrefecimento – inúmeras vezes,
desde que não se administre demasiado calor à matéria. Pela sua capacidade de
plasticidade recorrendo à atribuição de calor apelidou-se estes plásticos por
termoplásticos.55
Denote-se que os termoplásticos necessitam de uma elevada temperatura e
pressão para conseguir a sua polimerização, ou seja, a passagem de matéria-prima (em
pó, granulados ou líquidos) a plástico em estado sólido. Como consequência, o escultor
sem acesso a equipamento industrial só conseguirá ter obter e manipular os
termoplásticos no seu estado sólido, não podendo deste modo fazer a junção de aditivos
nestes plásticos.
Os polímeros bidimensionais são planos resultantes da combinação de
monómeros em dois sentidos no espaço. Caracterizam-se por um grau de mobilidade
menor ao dos polímeros lineares podendo os planos apenas deslizar uns sobre os outros.
Coutarel menciona que as macromoléculas bidimensionais “são praticamente
desconhecidas no campo da síntese”56 mas fornece-nos o exemplo da queratina, definida
por Sílvia Katz como uma matéria plástica.57
Por último, caso os monómeros se combinem em três sentidos no espaço, temos
os polímeros tridimensionais. Os polímeros tridimensionais provêm da união atómica de
polímeros inicialmente lineares, união esta (polimerização) espoletada pela atribuição
de calor, pressão ou catalizador.58 Enquanto os polímeros se encontram numa forma
linear, o termoendurecível apresenta-se em estado líquido. Quando ocorre a união dos
53 À decomposição de uma matéria orgânica, como os plásticos, por consequência da administração de calor em demasia, dá-se o nome de pirólise. É de menção que os gases libertados pela pirólise de uma matéria plástica são nocivos à saúde. 54 Ver Anexo I – Diagrama 6) Termoplásticos, p. 94. 55 SMALE, Claude – Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 11. 56 COUTAREL, Lionel – As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 21. 57 KATZ, Silvia - Classic plastics, London, 1984, p. 7. 58 BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques, New York, 1967, p. 74.
17
polímeros lineares, obtém-se um polímero tridimensional.59 O grau de mobilidade que
os polímeros tinham enquanto estruturas lineares perde-se completamente e a substância
passa a estado sólido. Como polímero tridimensional, os seus monómeros encontram-se
atomicamente ligados uns aos outros, permanecendo bloqueados e não sendo possível
reverter a sua estrutura de tridimensional a linear. A administração de calor ou solventes
a um polímero já em estado tridimensional apenas espoletará a degradação das forças
intramoleculares, resultando na degradação da própria matéria. É no entanto de referir
que os polímeros tridimensionais são mais estáveis (particularmente ao calor) do que os
polímeros lineares por não deverem a sua solidez apenas a forças van der Waals, mas
também a forças intramoleculares.
Devido à passagem de estado líquido a estado sólido pela acção de agentes como
o calor, as matérias plásticas formadas por polímeros tridimensionais são apelidadas por
termoendurecíveis ou termofixos. Resumindo, uma matéria termoendurecível possui
plasticidade enquanto líquida, na fase inicial do seu processo de manuseamento,
perdendo toda a plasticidade uma vez solidificada.
Alguns termoendurecíveis (como a resina poliéster ou epóxi), ao contrário dos
termoplásticos, encontram-se acessíveis ao escultor ainda em estado líquido, não sendo
necessário equipamento industrial para se conseguir a sua polimerização. Por estarem
acessíveis ainda em estado líquido, o escultor poderá facilmente utilizar aditivos com
estes plásticos.
Caso os polímeros tridimensionais estejam levemente reticulados, um certo grau
de mobilidade é permitida aos polímeros quando submetidos a tensão. Porém, a ligeira
reticulação existente evita que o grau de mobilidade seja permanente, constrangido o
polímero de volta à posição original quando retirada a tensão. Este comportamento, que
se resume em elasticidade, categoriza o material como elastómero, geralmente
conhecido como borracha. Relativamente à plasticidade dos materiais elastómeros,
estes são usualmente termoendurecíveis, existindo no entanto alguns exemplos
termoplásticos.60
A capacidade de elasticidade de um material pode gerar uma variação na sua
taxa de cristalinidade, uma vez que, quando submetidos a tensão por alongamento, os
59 Ver Anexo I – Diagrama 7) Termoendurecíveis, p. 94. 60 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 25, 41. Existem cinco tipos de elastómeros termoplásticos: de base em oleofinas (exemplos de nomes comerciais: Alcrym, Santoprene), poliuretanos (Elastollan, Caprolan, Pellethane), poliéster (Hytel, Arnitel), estireno (Solprene, Cariflex) e poliamidas (Pebax, Dinyl). CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 16.
18
polímeros têm a tendência a ordenarem-se paralelamente entre si, sendo visível numa
matéria originalmente amorfa, características de uma taxa de cristalinidade acentuada.61
É necessário referir que as borrachas e os plásticos não apresentam fronteiras
definidas. Elvira Callapez referencia Edward Yescombe que defende que a
diferenciação entre a propriedade de plasticidade dos plásticos e a propriedade de
elasticidade das borrachas baseia-se numa questão de temperatura. Enquanto que uma
borracha natural é elástica a temperatura ambiente e rígida a baixas temperaturas, o
poliestireno é rígido a temperatura ambiente mas assemelha-se à borracha a 100ºC.62
Será portanto necessário especificar que, nesta dissertação, a descrição dos plásticos é
feita de acordo com as propriedades que estes apresentam à temperatura ambiente
(21ºC.).
2.3) Categorização por utilidade
Uma categorização em tempos comum mas a entrar em desuso consistia em
diferenciar os polímeros de acordo com as aplicações tecnológicas a que são
geralmente empregues: plásticos, borrachas e fibras.63 Enquanto que as fibras têm o seu
foco na indústria têxtil, a utilização de plásticos e borrachas é feita por modelação com
fins industriais diversos, sendo a borracha utilizada onde a propriedade de elasticidade é
de importância para o produto fabricado. No entanto esta categorização é bastante
limitada porque actualmente um mesmo polímero poderá ser usufruído de diferentes
maneiras. Temos como exemplo o poliamida (nylon) ou o polipropileno que podem ser
utilizados como fibras ou como plásticos.64
61 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 30. Ver Anexo I – Diagrama 2) Polímero elastómero sobre tensão de alongamento, p. 92. 62 Apud CALLAPEZ, Maria Elvira - Os plásticos em Portugal, Lisboa, 2000, p. 21. 63 Ibid., p. 20. 64 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 17.
19
Parte II Técnicas de aplicação dos plásticos na escultura
20
Técnicas de utilização dos plásticos na escultura
Na sua utilização para fins escultóricos, os plásticos são primariamente materiais
de adição 65 e de enchimento e fabricação de moldes, tirando proveito das suas
propriedades de plasticidade. É no entanto de referir que a dicotomia da capacidade de
plasticidade dos plásticos, que os diferencia em termoplásticos e termoendurecíveis, irá
inevitavelmente traduzir-se numa diferenciação nas técnicas de abordagem dos
respectivos grupos de plásticos. Esta diferenciação técnica é ainda acentuada pelo
estado físico do plástico acessível ao escultor, divergente nos dois grupos de plásticos:
enquanto que os termoplásticos estão acessíveis ao escultor em estado sólido66 ; os
termoendurecíveis encontram-se acessíveis em estado líquido, permitindo a sua
polimerização (solidificação) pelo acrescento de um catalizador a temperatura ambiente.
Estas divergências levam-nos a descrever em separado as técnicas de utilização
dos termoplásticos das técnicas de utilização dos termoendurecíveis. É de mencionar
que os termoplásticos possuem técnicas de utilização idênticas entre si, divergindo entre
plásticos em poucas circunstâncias, como a temperatura de amolecimento. Após uma
enumeração e descrição breve dos termoplásticos mais comuns e respectivas
propriedades, proceder-se-á à descrição das técnicas viáveis a todos os plásticos
enumerados. Por outra via, na descrição das técnicas dos plásticos termoendurecíveis
decidiu-se utilizar a resina poliéster (ou poliéster insaturado) para exemplificar as
técnicas aplicáveis aos plásticos termoendurecíveis. Esta escolha deve-se por a resina
poliéster, para além de ser possivelmente o termoendurecível mais utilizado na escultura,
ser também uma matéria bastante versátil que permite a grande generalidade das
técnicas aplicáveis aos plásticos termoendurecíveis.
A descrição de utilização de aditivos só será feita nos plásticos
termoendurecíveis. Esta escolha deve-se por o escultor só poder servir-se de aditivos
nestes plásticos, uma vez que só tem acesso a termoplásticos já no seu estado sólido,
65 Método geral de elaboração de uma escultura onde se coloca sistematicamente matéria até chegar à forma pretendida (método comum na utilização de materiais plásticos como por exemplo o barro e gesso) . Oposto ao método subtractivo, onde se tira a matéria em excesso para chegar à forma pretendida (método de utilização da pedra e da madeira, matérias não plásticas). No entanto, não deixa de ser possível utilizar métodos de subtracção nos plásticos – Ver "Parte II" - "1.3) Maquinação dos termoplásticos", p. 40. Não se deixa também de parte outros métodos comuns tanto a materiais plásticos como a não plásticos, como a construção. 66 Os termoplásticos estão acessíveis ao escultor em estado sólido uma vez que necessitam de altas temperaturas e pressões para conseguir a sua passagem de estado líquido (ou em pó ou granulados) para estado sólido, ou seja, necessitam de equipamento industrial e conhecimento químico especializado para conseguir a sua polimerização.
21
não podendo consequentemente concretizar a mistura dos aditivos com os
termoplásticos.
22
1) Termoplásticos
Como mencionado anteriormente, os plásticos com uma permanente capacidade
de plasticidade, obtida através da aplicação de calor, são intitulados de termoplásticos.
Estes plásticos estão normalmente disponíveis ao escultor em estado sólido no formato
de pré-fabricados (laminados67, varas ou tubos, fibras, película)68.
Para além da aplicação de calor, os termoplásticos podem ser manipulados
através da acção de solventes ou por maquinação 69 . Outras técnicas para o
manuseamento de termoplásticos, como por exemplo a soldadura por fricção ou por
laser, necessitam de equipamento industrial ficando fora do âmbito desta dissertação.
Uma alternativa à obtenção de pré-fabricados em termoplásticos é a reciclagem,
uma vez que muitos produtos industriais descartáveis, como embalagens, são feitos em
termoplásticos. A reciclagem permite o acesso do escultor a uma fonte inesgotável de
matéria prima mas apresenta alguns problemas na identificação do plástico
reaproveitado e/ou na obtenção das quantidades pretendidas de um plástico específico.70
Nas técnicas aqui descritas faz-se principal foco à modelação dos termoplásticos
por calor, fazendo-se em seguida uma breve descrição das técnicas de manuseamento de
termoplásticos utilizando solventes e por maquinação. Por último, descrevem-se
algumas técnicas onde se utiliza o poliestireno expandido como material auxiliar.
Segue-se uma descrição breve dos termoplásticos mais comuns e suas
propriedades, fazendo a distinção entre plásticos semi-cristalinos e plásticos amorfos.71
67 A fim de simplificar, a denominação de laminado é utilizada nesta dissertação de modo abrangente a todo o tipo de formato em chapa, laminado e correspondentes. A bibliografia consultada faz por vezes a distinção (entre chapa e laminado por exemplo) de acordo com o modo de fabrico. 68 Alguns termoplásticos, como o poliestireno, também poderão estar acessíveis em espuma com o formato de blocos, placas, esferas, entre outros. Ver "Parte II" - "1.4) Poliestireno expandido como material auxiliar", p. 43. 69 Por maquinação entende-se a utilização de ferramentas como meios subtractivos. Ver "Parte II" - "1.3) Maquinação dos termoplásticos", p. 40. 70 Ver "Parte II" - "3) Reciclagem dos plásticos", p. 79. 71 Para algumas informações detalhadas dos plásticos como temperatura de amolecimento ou efeitos da luz solar, ver Anexo II - Tabela 1) Propriedades dos plásticos, p. 96.
23
Termoplásticos semi-cristalinos:
Polietileno (PE)
Também conhecido por polieteno, categoriza uma série de materiais resultantes
da polimerização de etileno, um gás incolor e inflamável extraído do petróleo.72 São
vários os plásticos caracterizados como polietilenos, talvez os mais conhecidos e
referenciados sejam o polietileno de baixa densidade (LDPE) e o polietileno de alta
densidade (HDPE)73, sendo o polietileno de baixa densidade um dos mais utilizados
industrialmente. Os polietilenos são caracterizados por serem leves, com uma excelente
resistência química e uma boa resistência física, um custo baixo relativamente a outros
plásticos e uma grande facilidade de processamento. O polietileno de baixa densidade
(com uma taxa de cristalinidade entre os 60 e 75%) tem uma resistência acrescida à
fissuração e quebra, e uma maior resistência a temperaturas baixas do que o polietileno
de alta densidade (com uma taxa de cristalinidade que pode chegar aos 95%). Por sua
vez, o polietileno de alta densidade tem uma maior dureza e transparência, uma maior
impermeabilidade ao gás e vapor de água, um ponto de temperatura de amolecimento
maior e é geralmente mais caro que o polietileno de baixa densidade.74
Polipropileno (PP)
Também conhecido por polipropeno, é obtido através da polimerização do
propileno (ou propeno). 75 É o plástico com a menor densidade de todos os
termoplásticos e é muito versátil podendo também existir em forma de fibra76, película77
ou espuma78. Polipropileno é um plástico muitas vezes comparado ao polietileno de alta
72 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Ethylene. In Materials handbook, London, 2002, p. 360. 73 Exemplos de outros plásticos polietilenos (não considerados nesta dissertação): polietileno de baixa densidade linear (LLDPE), polietileno linear de alta densidade (HDLPE), polietileno de ultra alto peso molecular (UHMWPE), polietileno reticulado (XLPE) e alguns copolímeros como espuma vinílica acetinada (nome português para coincidir com a sigla inglesa EVA - ethylene vinyl acetate) e etileno-etilacrilato (EEA). 74 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Polyethylenes. In Materials handbook, London, 2002, p. 742-743. 75 O polipropileno pode ser um homopolímero obtido unicamente a partir de propileno ou um copolímero obtido através da polimerização de propileno e etileno. 76 Fibra de polipropileno, é mais quebradiço a baixas temperaturas e tem uma menor estabilidade à luz que o polietileno mas tem o dobro da resistência física do polietileno linear de alta densidade. 77 Polipropileno biaxialmente orientado (BOPP) tem uma boa resistência física e boa resistência à humidade, e boas propriedades de clareza. 78 Polipropileno expandido (EPP) tem uma melhor resistência ao impacto e uma maior flexibilidade do que o poliestireno expandido e quase as mesmas propriedades de isolamento.
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densidade, tendo características semelhantes, embora o polipropileno tenha uma
superfície mais rígida, mais brilhante e resiste melhor à flexão sem apresentar fadiga.
Tem também um ponto de temperatura de amolecimento maior que o polietileno e,
comparado com o polietileno de baixa densidade, tem uma melhor resistência à
tensão.79
Poliamidas (PA)
Conhecido geralmente pelo nome comercial de nylon80 , os poliamidas são
obtidos através da policondensação feita a partir de ácidos e de aminas. Para além do já
mencionado controlo de temperatura e pressão durante o seu processo de fabrico, as
propriedades dos poliamidas alteram consoante o tipo de ácido e de aminas utilizados na
sua polimerização.81 Na generalidade é um plástico leve e com excelentes resistências
físicas (como uma boa absorção de choque e uma boa resistência à abrasão) garantindo-
lhe a reputação de plástico de engenharia.82 É um plástico com uma boa resistência
química, sendo resistente a solventes comuns, a alcalinos e a derivados de petróleo e a
gorduras83, é no entanto afectado por ácidos minerais fortes. É também muito resistente
tanto a altas temperaturas (tem um ponto de amolecimento elevado, até 250ºC)84 como a
baixas temperaturas (podendo ser utilizado até -65ºC)85. A grande desvantagem dos
poliamidas é a sua absorção de humidade, podendo chegar aos 11% do peso do plástico,
BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Polypropylene plastics. In Materials handbook, London, 2002, p. 746-749. 79 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 16-17. 80 O nylon é normalmente designado por um número que indica a quantidade de átomos de carbono no monómero, por exemplo: nylon 6 ou nylon 12. Quando a numeração é singular, está-se a referenciar poliamidas derivados de aminoácidos. Se a designação numérica for dupla (nylon 6.6 ou nylon 6.12), referencia-se nylons obtidos através da polimerização de diaminas e de diácidos, sendo o primeiro número a quantidade de átomos de carbono da diamina e o segundo número a quantidade de átomos de carbono do diácido. Quando a numeração dupla se encontra dividida por um ponto (nylon 6.12) referencia-se um homopolímero. Se a divisão da numeração dupla for feita por uma barra (nylon 6/12) referencia-se um copolímero. Cada vez maior seja a quantidade de átomos de carbono de um nylon, menor será a sua densidade, ponto de amolecimento e absorção de humidade (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Nylon. In Materials handbook, London, 2002, p. 648-649.). 81 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 67-68. 82 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 13. A denominação de «plásticos de engenharia» é usualmente aplicável a plásticos cujas propriedades sejam adequadas a fins estruturais, competindo com os metais. São plásticos de grande dureza e resistência física que, embora geralmente não tão boa como a dos metais, competem com estes por possuírem uma acentuada leveza, resistência química (resistentes a agentes que afectam os metais) e uma maior facilidade de processamento do que os metais. (Ibid., p. 6). 83 COUTAREL, Lionel - op. cit., p. 68. 84 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - op. cit., p.649. 85 COUTAREL, Lionel - op. cit., p. 68.
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o que poderá aumentar a sua condutividade eléctrica86 ou influenciar a sua estabilidade
dimensional.87 Paulo Davim indica que os poliamidas, quando fundidos, têm um baixo
grau de viscosidade, o que requer cuidados no seu processamento.88
Poliacetal (POM)
O poliacetal é um dos termoplásticos mais resistentes e duros, com uma elevada
taxa de cristalinidade, sendo branco translúcido no seu estado natural, podendo
facilmente ser-lhe atribuída cor.89 Com propriedades semelhantes à dos poliamidas90, é
também considerado um plástico de engenharia.91
Politetrafluoretileno (PTFE)
O politetrafluoretileno92 é um plástico altamente cristalino (chega a atingir os
98%)93, naturalmente branco e ceroso que varia entre semi-rígido e flexível. Tem uma
boa resistência ao impacto mas a sua resistência à tracção e à fadiga é apenas razoável.94
É no entanto um plástico de escolha preferencial para resistir a condições muito
adversas. Esta preferência justifica-se pela elevada resistência química do
politetrafluoretileno (inerte a ácidos, álcalis e solventes orgânicos, sendo apenas
afectado por alcalinos)95, pela sua resistência a elevadas temperaturas96 e o seu baixo
86 COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 68. 87 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Nylon. In Materials handbook, London, 2002, p. 649. Existem no entanto alguns tipos de políamidas com um grau menor de absorção de humidade, como por exemplo o nylon 11, também conhecido por rilsan, têm uma absorção de humidade de 0,30% do seu peso (COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 68.). 88 DAVIM, J. Paulo – Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 39. 89 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Acetal resins. In Materials handbook, London, 2002, p. 7. 90 Embora semelhantes, os poliacetais têm um ponto de amolecimento e uma resistência à abrasão menores que os poliamidas mas também têm uma menor taxa de absorção de humidade (menos do que 0,4% do seu peso). 91 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 14. 92 Politetrafluoretileno é por vezes referenciado pelo nome comercial Teflon. 93 DAVIM, J. Paulo – op.cit., p.40. 94 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Fluoroplastics. In Materials handbook, London, 2002, p. 399-400. 95 A excelente resistência química do politetrafluoretileno deve-se à presença de flúor na sua composição, sendo o flúor uma substância extremamente corrosiva (COUTAREL, Lionel - op. cit., p. 65-66). Por ter o flúor na sua base molecular, o politetrafluoretileno é considerado um polifluoretano (também denominado por fluoroplásticos, fluorpolímeros, resinas de fluorcarbono ou plásticos fluorados). Existem outros polifluoretanos, como o clorotrifluoretileno (CTFE ou CFE) ou o fluoreto de polivinilo (PVF), que têm geralmente melhores resistências físicas e uma maior facilidade de processamento mas têm uma resistência química e uma resistência a temperaturas elevadas menores que o politetrafluoretileno (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - op. cit., p. 399-400). 96 Dentro dos termoplásticos, o politetrafluoretileno é o plástico com a maior resistência às altas temperaturas (temperatura de serviço até 260ºC; derrete a 290-300ºC).
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coeficiente de atrito (tão baixo que é semelhante ao do gelo). É no entanto um plástico
de uso restringido devido ao seu elevado preço e, pela sua elevada viscosidade,
apresenta alguns problemas de processamento.97
Poliésteres termoplásticos (PET e PBT)
Grupo de polímeros termoplásticos com base no éster. São plásticos altamente
cristalinos com boas resistências mecânicas e químicas, um baixo coeficiente de atrito,
uma baixa absorção de humidade e uma baixa permeabilidade a gases. Possivelmente o
poliéster termoplástico mais comum é o politereftalato de etileno (PET), mas devido à
sua dificuldade de modelação por processos industriais, é um plástico geralmente
disponível em fibra (comum na indústria têxtil) ou em película (muito usado na
indústria para garrafas e embalagens alimentares).98 O polibutileno tereftalato (PBT)
tem propriedades semelhantes ao politereftalato de etileno mas apresenta uma maior
facilidade de modelação.99
Termoplásticos amorfos:
Cloreto de polivinilo (PVC)
É o plástico amorfo mais utilizado, disponível em dois formatos: flexível e
rígido (ou, respectivamente, plastificado: PVC-P; e não plastificado: PVP-U)100. Ambos
são resistentes à corrosão e abrasão, facilmente processados, possuem boas propriedades
de isolamento eléctrico101 e são resistentes à água e a hidrocarbonetos. O cloreto de
polivinilo flexível tem uma temperatura de amolecimento menor que o rígido. 102
Geoffrey Clarke e Stroud Cornock indicam que o cloreto de polivinilo é mais caro que o
97 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 17-18. 98 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Polyester thermoplastic resins. In Materials handbook, London, 2002, p. 738. 99 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 15. 100 Aqui plastificado refere-se à adição de plastificantes no plástico. Os plastificantes consistem em fosfatos ou ftalatos (CLÉRIN, Philippe - Les plastiques. In La sculpture, Paris, 1988, p. 152.). Servem para aumentar a capacidade de plasticidade de um plástico via inserção molecular (diferente da plastificação por combinação molecular especificada na elaboração dos plásticos semi-sintéticos), ou seja, faz-se penetrar o plastificante no interior da rede macromolecular (COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 33.) facilitando o movimento intermolecular de modo similar à atribuição de calor. Caso sejam adicionadas grandes quantidades de plastificantes, as moléculas ficam muito dispersas tornando a matéria plástica em estado líquido (forma de fabrico de algumas tintas e adesivos; SMALE, Claude - op. cit., p. 13.). Normalmente utilizados nas resinas termoplásticas para responder a preocupações industriais. 101 SMALE, Claude - op. cit., p. 18. 102 DAVIM, J. Paulo – Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 38.
27
aço ou que a fibra de vidro reforçada mas tem a vantagem de não precisar de tratamento
de superfície (como precisam alguns metais) e de ser plástico sob calor (ao contrário da
fibra de vidro reforçada). Acrescentam que o cloreto de polivinilo é mais barato (por
volume) que o polietileno e que o polipropileno mas apresenta maiores dificuldades de
modelação.103
Policarbonato (PC)104
Considerado um dos termoplásticos mais rígidos e fortes é também categorizado
como plástico de engenharia.105 Tem uma elevada resistência ao impacto, um elevado
módulo de elasticidade e uma grande resistência eléctrica, mantendo estas propriedades
num largo intervalo de temperatura (-170 a 121ºC). É geralmente resistente a gorduras,
óleos e ácidos mas tem uma fraca resistência a solventes de hidrocarboneto e a soluções
alcalinas. A exposição do policarbonato a estes químicos poderá resultar na quebra do
material se este estiver em condições de stress. É um plástico transparente (até 90% de
transmissão de luz) e é facilmente modelado (por termoformação a vácuo por
exemplo).106
Polimetacrilato de metilo (PMMA)
Geralmente conhecido por acrílico107 é um plástico com excelentes propriedades
de transparência (92% de transmissão de luz; melhores que a maior parte dos vidros).
Devido à sua transparência e capacidade de reflexão é capaz de tubular a luz.108 É um
plástico duro e rígido com boas resistências mecânicas mas poderá ser quebradiço
devido à sua rigidez. A superfície do polimetacrilato de metilo é geralmente brilhante e
facilmente polida mas risca facilmente. É resistente a alcalis, detergentes, óleos e ácidos
diluídos mas é afectado pela maior parte dos solventes. Uma vantajosa propriedade do
103 CLARKE, Geoffrey, CORNOCK, Stroud – Plastics. In A sculptor’s manual, London, 1970, p. 65. 104 Relativamente à simbologia de reciclagem, o policarbonato encontra-se sob a categorização nº7 "Outros". Ver "Parte II" - "3) Reciclagem dos plásticos", p. 79, e Anexo V - Tabela 1) Simbologia de identificação de plásticos recíclaveis, p. 119. 105 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 16. 106 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Polycarbonate resins. In Materials handbook, London, 2002, p. 737. 107 Referenciado por vezes pelos nomes comercias: Perspex, Plexiglas, Lucite, entre outros. Acrílico (mais propriamente resinas acrílicas ou poliacrílicos) é uma denominação geral para substâncias plásticas obtidas de derivados acrílicos (ácido acrílico, ácido metacrílico, acrilato de etilo e acrilato de metilo) sendo, destas substâncias, o polimetacrilato de metilo a mais comum (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Acrylic resins. In Materials handbook, London, 2002, p. 10-11). 108 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 21. Ver "Parte II" - "Transparência", p. 42.
28
polimetacrilato de metilo é a sua resistência aos efeitos atmosféricos, o que o torna ideal
para exposição no exterior.109
Poliestireno (PS)
Obtido através da polimerização do monómero de estireno, é um plástico leve,
de baixo custo, fácil processamento, resistente à água e serve de bom isolamento
eléctrico. No seu estado natural é muito transparente (90% de transmissão de luz, quase
tão transparente como o polimetacrilato de metilo)110, sendo no entanto quebradiço e
com uma baixa resistência ao impacto. De forma a melhorar as suas resistências físicas,
o poliestireno é por vezes modificado com borracha sintética, resultando em plásticos
como o Acrilonitrila butadieno estireno.
Acrilonitrila butadieno estireno (ABS)
Copolímero obtido através da polimerização do monómero de estireno com
monómeros de butadieno e acrilonitrila. A mistura de butadieno e acrilonitrila no
composto garantem-lhe boas resistências físicas (ao impacto, tracção e abrasão),111
comparáveis às dos poliamidas e poliacetal, sendo identificado igualmente como
plástico de engenharia (embora geralmente mais barato). 112 É um plástico
dimensionalmente estável, não transparente, resistente aos efeitos atmosféricos113 e com
boas resistências químicas, sendo no entanto afectado por solventes orgânicos.114
Acetato de celulose
Plástico semi-sintético obtido através do tratamento de celulose com ácido
acético ou anidrido acético na presença de ácido sulfúrico. É um plástico de cor âmbar,
muito transparente (até 90%), rígido e facilmente modelado e maquinado. Ao contrário
da nitrocelulose115 não é inflamável e tem melhor estabilidade perante o calor e a luz.116
109 CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, London, 2002, p. 15. 110 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Polystyrenes. In Materials handbook, London, 2002, p. 749-750. 111 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 21. 112 CRAWFORD, Roy J. - op. cit., p. 16. 113 SMALE, Claude - op. cit., p. 21. 114 DAVIM, J. Paulo – Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 36. 115 Nitrocelulose é o primeiro plástico semi-sintético, obtido igualmente de um tratamento da celulose, inventado em meados do séc. XIX por Alexander Parkes, apelidando-o de Parkesine (NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 30.). Mais tarde, John Hyatt desenvolveu a pesquisa de Parkes sobre os materiais celulosicos, e em 1870 descobriu o nitrato de celulose (ou piroxilina) apelidando-o de Celulóide. O nitrato de celulose é o plástico mais rígido de todos os termoplásticos, é facilmente moldável e maquinado mas não é estável à luz. A nitrocelulose e nitrato de
29
1.1) Técnicas de modelação a calor ou termoformação
A aplicação de calor a um termoplástico pode ser feita de dois modos: geral ou
localizada. Como modo geral entende-se a atribuição de calor à totalidade do pré-
fabricado com o intuito de, por exemplo, o forçar sobre um molde, conseguindo a forma
pretendida na sua totalidade de uma única vez. De modo localizado entende-se a
atribuição de calor a uma parte especifica do pré-fabricado com o intuito de lhe alterar a
forma apenas na zona pretendida ou para fins de soldadura.
Denote-se que a aplicação de calor repetidamente irá afectar os colorantes,
causando a descoloração do plástico e também poderá provocar a extracção dos
plastificantes, tornando o plástico mais rígido e quebradiço. O sobreaquecimento é
inicialmente visível num plástico de superfície polida fazendo-o perder o brilho117
seguindo-se da aparição de bolhas e de textura na superfície.118 Se sobreaquecido, o
termoplástico ficará com a superfície aderente, dificultando a sua colocação e extracção
do molde. O sobreaquecimento contínuo irá inevitavelmente queimar e decompor o
plástico (pirólise119) libertando gases nocivos à saúde.
Qualquer termoplástico pode ser sujeito a termoformação, no entanto, para as
técnicas descritas em seguida (particularmente a modelação por vácuo) Weiss
recomenda a utilização de acrilonitrila butadieno estireno (ABS), poliestireno (PS),
cloreto de polivinilo (PVC), polimetracrilato de metilo (PMMA) ou policarbonato
(PC).120 A quantidade de calor necessária para o amolecimento e modelação do plástico
dependerá do tipo de plástico utilizado.121 A acrescentar, a espessura dos pré-fabricados
laminados utilizados não deverá ultrapassar os 2,5mm devido à baixa condutividade
térmica dos plásticos (com uma espessura maior, facilmente se sobreaquece a superfície
celulose têm a inconveniência de serem altamente inflamáveis, podendo a nitrocelulose ser mesmo explosiva (nitrocelulose é por vezes referenciada como algodão-pólvora; BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Cellulose nitrate. In Materials handbook, London, 2002, p. 205-206.). 116 Existem algumas variantes ao acetado de celulose como o butirato de acetato de celulose (CAB) ou o propionato acetato de celulose (CAP). O butirato de acetato de celulose é mais rígido, tem uma menor absorção de humidade e um ponto de amolecimento maior que o acetato de celulose. O propionato acetato de celulose é similar ao CAB tanto em custo como em propriedades, mas tem uma resistência física e elasticidade ligeiramente melhores, é mais facilmente modelado, sendo no entanto menos resistente aos efeitos atmosféricos (BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Cellulose acetate. In Materials Handbook, London, 2002, p. 204-205.). 117 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 67. 118 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 79. 119 Pirólise consiste na decomposição por vias de calor excessivo de materiais orgânicos. 120 WEISS, Alex - Plastics for modellers, Swanley, 1998, p. 53. 121 Ver Anexo II - Tabela 1) Propriedades dos Plásticos, p. 96.
30
do laminado deixando o seu interior intacto) e também devido a algumas limitações
técnicas descritas adiante.
1.1.1) Aplicação de calor geral
A atribuição de calor generalizada pode ser feita com recurso a um forno
doméstico, mas este oferece limitações às dimensões do laminado (aproximadamente
40x40cm). Em alternativa pode construir-se (ou se possível comprar) uma caixa do
tamanho pretendido com resistências eléctricas montadas sobre um material
refratário. 122 Clarke e Cornock especificam que as resistências deverão ter um
espaçamento de 2,5cm entre si, distribuídas uniformemente por toda a caixa e um
afastamento de 12cm do laminado de plástico a aquecer.123
Uma vez o laminado amolecido na sua totalidade sobre a acção do calor,
proceder-se com a sua aplicação no molde. Extraído da fonte de calor, o laminado de
plástico irá arrefecer rapidamente (voltando a um estado de rigidez), sendo portanto
necessário fazer a sua aplicação no molde o mais breve possível. Deve-se também
manter a pressão do laminado sobre o molde até se ter a certeza que o laminado
arrefeceu por completo.
Para formas de moldes complexas (que não sejam planas ou de revolução), é
necessário exercer sobre o laminado uma força externa (por contramolde ou por vácuo)
que possibilite a adaptação do laminado de termoplástico ao molde onde é colocado. A
adaptação do laminado à forma envolve normalmente um alongamento do termoplástico,
ficando consequentemente o laminado com uma espessura mais fina nos locais onde
houve um maior alongamento.124
O molde sobre o qual se faz a aplicação do laminado é normalmente
denominado por drape box (que poderá ter vários formatos) ou, alternativamente,
poderá aplicar-se o laminado sobre uma caixa de vácuo.
Drape box
A drape box consiste num molde que restringe a forma do laminado enquanto
este arrefece. Em formas mais complexas, a drape box necessitará de um contramolde 122 Ver Anexo III - Imagem 1) Exemplo de caixa de resistências eléctricas, p. 100. 123 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 68. 124 Ver Anexo III - Imagem 6) Caixa de vácuo, p. 102. O coeficiente de alongamento de um plástico quando esticado varia entre o tipo de plástico utilizado. Ver Anexo II – Tabela 1) Propriedades dos plásticos, p. 96.
31
que execute uma força sobre o termoplástico de modo a que este se alongue e adapte à
forma do molde.
Uma drape box simples (sem contramolde) consiste num molde que acompanhe
a planificação do laminado, ou seja, a sua curvatura deverá encontrar-se apenas num
sentido no espaço (forma de revolução, como uma superfície curva cilíndrica).125 Se o
molde possuir curvaturas em mais do que um sentido no espaço (como a superfície de
uma esfera), o laminado irá sobrepor-se sobre si mesmo criando uma espécie de
drapejamento.126 A drape box simples deverá também possuir grampos que estabeleçam
uma presa contínua a duas extremidades opostas do laminado. 127 A colocação dos
grampos servirá para contrariar a tendência de o laminado se enrolar sobre si enquanto
amolecido pelo calor.128
Para a execução de formas mais complexas (com curvaturas em mais do que um
sentido no espaço) é necessária a utilização de um contramolde juntamente com a drape
box. Neste caso, é necessário que a drape box estabeleça uma presa contínua sobre todas
as extremidades do termoplástico 129 . Deste modo, ao pressionar-se o laminado
amolecido com um contramolde, este é obrigado a alongar-se e a adaptar-se à forma
interior da drape box.130
Caixa de vácuo
Outro modo de se conseguir a modelação do laminado sobre formas mais
complexas, tirando proveito da capacidade de alongamento dos plásticos, consiste na
termoformação do laminado por vácuo. O princípio base da termoformação por vácuo
consiste na criação de uma caixa aberta, cuja colocação do laminado amolecido no seu
topo gere um volume hermético no interior da caixa. Através da extracção do ar do
interior da caixa é produzido vácuo. O vácuo no interior da caixa irá exercer força sobre
o laminado amolecido, puxando-o, fazendo com que este se alongue e adapte à forma
interior da caixa e a qualquer molde que nesta esteja inserido.131
125 Ver Anexo III - Imagem 2) Colocação de um laminado termoplástico sobre um molde simples, p. 100. 126 Ver Anexo III - Imagem 3) Colocação de um laminado de termoplástico sobre uma semi-esfera, p. 100. 127 Ver Anexo III - Imagem 4) Drape box simples, p. 101. 128 ROUKES, Nicholas – Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 82. 129 Pode-se introduzir o laminado numa estrutura, independente à drape box, que sirva de moldura e estabeleça uma presa continua a todas as suas extremidades. É descrita a utilização de uma moldura de formato idêntico na termoformação por vácuo (ver 1.1.2) Caixa de vácuo p. xxx). 130 Ver Anexo III - Imagem 5) Drape box com contramolde, p. 101. 131 Ver Anexo III - Imagem 6 a 9) Caixa de vácuo, p. 102-103.
32
Na modelação por calor de um laminado por vácuo, será necessário prender o
laminado numa estrutura, como uma moldura, de modo a segurar as suas extremidades,
evitando que estas sejam puxadas para o interior.132 Se porventura as extremidades do
laminado se soltarem da moldura, a força do vácuo da caixa perde-se, impedindo uma
correcta e completa adaptação do laminado ao molde. A moldura deverá portanto
fornecer uma presa contínua, em toda a sua extensão, ao laminado. Pode-se por exemplo
fazer uma moldura dupla, com o laminado de plástico no meio, segurando tudo com
grampos G.133 A moldura do laminado pode ser feita em madeira ou outro material,
desde que suporte a breve aplicação de calor feita ao laminado134 e mantenha a sua
estrutura.
Para se conseguir o vácuo necessário, o escultor poderá utilizar um aspirador
caseiro. No entanto, o aspirador caseiro, embora de fácil acesso, não exerce grande
força de sucção, gerando portanto um fraca força de vácuo. A fraca força de sucção de
um aspirador limitará o tamanho da caixa de vácuo a aproximadamente 60x60x20cm.
De modo a aumentar a força de vácuo, e respectivamente o tamanho da caixa, o escultor
poderá utilizar dois aspiradores em simultâneo ou, preferencialmente, recorrer a uma
bomba de vácuo ou a um compressor de ar ligado a uma válvula venturi.
A caixa de vácuo deverá ser feita de modo a manter um volume hermético no
seu interior após a colocação da moldura com o laminado de plástico sobre o seu topo.
A colocação de uma gacheta de borracha sobre a sua extremidade superior, onde é
colocada a moldura, facilitará a criação do volume hermético. No interior da caixa é
colocada uma prancheta perfurada (para deixar passar a sucção gerada pelo vácuo),
132 Ver Anexo III - Imagem 10) Laminado de termoplástico com moldura de madeira, p. 104. 133 Ver Anexo III - Imagem 11 e 12) Laminado de termoplástico com moldura de madeira posteriormente e anteriomente à aplicação de calor, p. 104. Após a aplicação de calor, o laminado contido na moldura irá amolecer gerando uma convexidade descendente. Por tal é aconselhado adicionar suportes nas extremidades da moldura de modo a que a convexidade do termoplástico fique suspensa, sem entrar em contacto com mais nenhum corpo para além da moldura (o comprimento dos apoios dependerá do tamanho da largura da moldura e do tipo de plástico utilizado). O laminado amolecido não ficará pegajoso (a não ser que seja sobreaquecido), portando não irá aderir à superfície do local onde é aquecido, fazendo com que a colocação de apoios na moldura não seja estritamente necessária. No entanto, ao evitar o contacto do plástico com outro corpo (como a superfície inferior do local onde está a ser atribuído o calor), os apoios manterão o laminado incólume (por evitar marcas ou a transmissão de impurezas de outro corpo) e também possibilitam uma distribuição do calor mais homogénea por todo o laminado. A colocação dos apoios não dificultará a colocação da moldura na caixa de vácuo por se poder simplesmente inverter a moldura ao colocá-la na caixa, ou fazer a colocação dos apoios numa zona da moldura mais larga do que a caixa de vácuo (ver Anexo III - Imagem 13) Moldura com laminado de termoplástico colocada sobre a caixa de vácuo, p. 105). 134 A aplicação de calor deve ser breve uma vez que a espessura do laminado utilizado não deverá ultrapassar os 2,5mm, como mencionado anteriormente. A fina espessura do laminado é também devida ao fraco poder de sucção de um aspirador caseiro o que por sua vez também limitará o volume da caixa de vácuo, e consequentemente o comprimento do próprio laminado, como descrito em seguida.
33
onde por sua vez se coloca o molde. O molde deve ser colocado na prancheta sobre um
apoio amovível, de forma a não impedir a força de sucção por debaixo do molde.135
O molde colocado dentro da caixa de vácuo, é normalmente macho. Também é
possível a utilização de um molde fêmea, mas são necessários cuidados acrescidos. Um
molde fêmea poderá necessitar de algumas perfurações para a força do vácuo agir no
seu interior.136
Seja qual for a natureza do molde, é preciso evitar prisões. Prisões consistem em
secções de um molde que impossibilitam o retirar do laminado. 137 Devido a uma
contracção do termoplástico a arrefecer, secções verticais do molde (90º para com a
prancheta perfurada) também poderão dificultar o retirar do laminado, é portanto
aconselhado que estas secções tenham no mínimo 91 ou 92º para com a prancheta
(ângulos de extracção ou draft angles).138
Weiss menciona que o molde macho deve ser mais pequeno do que a forma
pretendida em duas vezes a espessura do laminado utilizado. De igual modo, um molde
fêmea deverá ser maior.139 O molde deverá possuir alguma resistência, podendo este ser
executado em madeira ou gesso, por exemplo, não sendo necessária a aplicação de
desmoldante. Weiss recomenda que a superfície do molde seja polida e «brilhante»,140
possivelmente para facilitar a extracção do laminado do molde. Por outra via, Clarke e
Cornock indicam que uma superfície lustrada do molde irá encorajar a criação de bolhas
sobre a superfície do laminado, aconselhando portanto uma superfície mate no molde.141
Após a modelação, retira-se o laminado, cortando em seguida o excesso em
volta do molde por maquinação142. Por necessidade de evitar prisões, a execução de
uma peça de volume completo deve ser feita recorrendo a várias tiragens individuais de
um molde dividido em tacelos. Uma vez conseguida a modelação do laminado sobre
todos os tacelos do molde, e cortado o respectivo excesso, procede-se à união das partes
através da colocação de um instrumento de metal aquecido, como uma faca, sobre as
extremidades das partes, fundindo-as, possibilitando a sua junção.
135 Ver Anexo III - imagem 6) Caixa de vácuo, p. 101, e Imagem 9) Caixa de vácuo seccionada com molde, p. 103. 136 Moldes macho poderão igualmente necessitar de perfurações caso possuam concavidades que impossibilitem a acção do vácuo no seu interior. Ver Anexo III - Imagens 14 a 17) Moldes com e sem perfurações, p. 106. 137 Ver Anexo III - Imagens 18 e 19) Moldes com e sem perfurações, p. 107. 138 Ver Anexo III - Imagens 15 e 19 – ângulos de extracção, p. 106 e 107. 139 WEISS, Alex - Plastics for modellers, Swanley, 1998, p.54. 140 Ibid. 141 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 68. 142 Ver "Parte II" - "1.3) Maquinação dos termoplásticos", p. 40.
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Como resultado desta técnica podemos exemplificar a escultura "Figure" de
Kenneth Slote.143 Através da moldagem por vácuo de laminados de polimetracrilato de
metilo, Slote realiza uma escultura figurativa e transparente. Aqui, o escultor aproveita
os ditos excessos do laminado, em torno do moldado, para colocar a escultura dentro de
uma caixa do mesmo material.
Fundição de termoplásticos
Uma possível técnica de aplicação dos termoplásticos (que não é muito comum)
consiste na atribuição de calor geral, durante tempo suficiente, de modo a fundir por
completo o termoplástico, obtendo assim uma espécie de pasta modelável.
A fusão do termoplástico é conseguida colocando-o num recipiente metálico144,
atribuindo-se de seguida calor ao recipiente. A espessura do termoplástico colocado no
recipiente é indiferente, mas deve-se ter em conta que cada vez maior seja a espessura
do termoplástico mais tempo será necessário submetê-lo a calor.145
Uma vez o plástico fundido, deve-se retirá-lo do recipiente e colocá-lo no molde
o mais rapidamente possível de modo a evitar que este arrefeça durante o processo. A
pasta obtida poderá ser retirada do recipiente com uma espátula, permitindo ao escultor
em seguida, com recurso a luvas146, colocar e pressionar a pasta sobre o molde.147 Este
processo pode ser repetido várias vezes até cobrir o molde por completo. O calor da
pasta, enquanto esta é colocada no molde, permitirá a sua fusão com outra pasta
previamente colocada.
143 Ver Anexo VI - Imagem 2) Kenneth Slote, "Figure", p. 123. 144 Pode-se recorrer a utensílios de cozinha como um tacho ou uma panela. 145 A temperatura de fundição dependerá do termoplástico utilizado. Devido à baixa condutividade térmica dos plásticos, este tipo de processamento poderá levar horas, dependendo do plástico utilizado e respectiva espessura. Deve-se evitar aumentar a temperatura atribuída ao recipiente metálico a fins de acelerar o processo (corre-se o risco de queimar e decompor a superfície exterior do plástico deixando o seu interior intacto). 146 As luvas deverão ser resistentes tanto fisicamente como ao calor. É aconselhado molhar as luvas com água de modo à pasta de termoplástico não aderir às luvas, ajudando também a isolar o calor. A colocação deve ser, como mencionado, o mais rápido possível, fazendo com que o contacto do escultor com a pasta seja breve. A água, por transposição das luvas para a pasta, fará com que o termoplástico fundido arrefeça ligeiramente na sua superfície exterior, impedindo que esta adira ao molde. Deste modo não é necessário aplicar desmoldante ou isolar o molde (caso este seja feito de um material poroso como o gesso). Poderá no entanto ser aconselhável também molhar com água o molde. 147 A pasta, com uma elevada viscosidade e sem uma consistência líquida, constringirá a forma do molde a utilizar. O molde deverá possuir uma abertura suficientemente grande de modo a permitir ao escultor colocar e pressionar a pasta nas paredes do molde. Outra possibilidade será a utilização de um molde de vários tacelos, fazendo-se a colocação da pasta sobre estes individualmente, procedendo em seguida à sua junção.
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Weiss menciona a fusão de termoplásticos utilizando poliestireno e ABS como
exemplo148, uma vez que nem todos os tipos de termoplástico permitem a sua fusão, de
exemplo o PVC.149
1.1.2) Aplicação de calor localizada
A aplicação de calor localizada a um termoplástico pode ser feita com recurso a
uma pistola de ar quente. Se o termoplástico tiver uma temperatura de amolecimento
baixa, poderá ser mesmo utilizado um secador de cabelo. Ambos os instrumentos estão
normalmente disponíveis com diferentes bocais que possibilitam alterar a forma de
como o calor é administrado, afunilando-o ou dispersando-o.
A aplicação de calor localizada é normalmente feita para dobrar o pré-fabricado
num local específico ou para fins de soldadura de termoplásticos. Os utensílios
especificados também podem ser utilizados para uma modelação de carácter mais livre,
administrando calor de forma geral a pequenas porções de termoplástico sobre um
molde.
Dobragem
A dobragem aqui especificada de um termoplástico é apenas aplicável a pré-
fabricados em formato de laminados ou de varas. Em ambos os casos será necessário
uma estrutura sobre a qual se possa fazer a dobra uma vez o plástico amolecido. A
forma da estrutura e a forma da aresta da estrutura (arredondada ou ortogonal) sobre a
qual se faz a dobra do laminado ou da vara, irá influenciar o tipo de dobra.150
Para dobrar um laminado, será necessário a administração de calor ao longo de
toda a linha onde se pretende fazer a dobra (pode-se utilizar, por exemplo, a pistola de
ar quente, movendo-a repetidamente sobre a linha). Após o plástico amolecido, dobra-se
o laminado sobre uma estrutura tipo régua que acompanhe o comprimento de toda a
linha de dobragem do laminado.151 A dobragem de uma vara é feita de modo idêntico,
administrando calor no sitio pretendido, dobrando-a em seguida sobre a estrutura.152
148 WEISS, Alex - Plastics for modellers, Swanley, 1998, p. 55. 149 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 65. 150 Ver Anexo III – Imagem 21 e 23) Influência da forma da estrutura sobre a forma da dobra, p. 108 e 109. 151 Ver Anexo III - Imagem 20) Dobragem de um laminado de termoplástico, p. 108. 152 Ver Anexo III - Imagem 22) Dobragem de uma vara de termoplástico, p. 109.
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Soldadura
A soldadura de um termoplástico através da administração de calor pode ser
feita de três formas (sem recorrer a meios industriais). Uma das formas de soldadura já
foi referida, na junção de laminados termoformados por vácuo: através da aplicação de
uma superfície metálica quente às extremidades do plástico. Deste modo, as
extremidades do plástico derretem ligeiramente (numa espécie de pasta aderente)
possibilitando a sua junção. É um método que deve ser feito rapidamente uma vez que o
plástico arrefecerá em pouco tempo. Após a união das partes poderá ser necessário lixar
e polir a linha de junção.153
Uma outra forma de soldadura será utilizar uma pistola de ar quente para
amolecer as extremidades de dois laminados, fazendo em seguida pressão sobre as
extremidades sobrepostas, recorrendo a um molde e contra-molde.154 Esta forma de
soldadura só é aconselhável utilizando laminados de termoplástico de pequena
dimensão e de fina espessura (1mm ou menos)155 de modo a permitir uma soldadura
sólida. Também é preciso ter em conta que a administração de calor às extremidades das
peças que se pretende soldar poderá facilmente deformar a forma pre-estabelecida das
peças, sendo necessários cuidados acrescidos.156
A terceira forma de soldar termoplásticos através da administração de calor é
similar à técnica de soldadura de metais, onde se derrete uma vareta do mesmo material
sobre as extremidades das partes a juntar. Antes de se proceder com a solda, chanfra-se
(a 60º) as extremidades dos laminados de termoplástico. Procede-se em seguida à
fundição da vareta sobre as extremidades chanfradas. A vareta deverá ser colocada
perpendicularmente sobre a superfície a soldar e feita alguma pressão sobre esta. O
calor é administrado com a pistola de ar quente com um bocal afunilado.157 À medida
153 Ver "Parte II " - "1.3) Maquinação dos termoplásticos", p. 40. 154 Ver Anexo III - Imagem 24) Soldadura através da aplicação de calor e pressão com contramolde de um laminado de termoplástico, p. 110. 155 Este método pode ser utilizado para a junção de películas de termoplástico mas será preciso um cuidado acrescido para a administração de calor não queimar ou decompor o plástico (é aconselhada a utilização de uma película com uma maior resistência ao calor, como politereftalato de etileno ou PET, com uma temperatura de amolecimento de 250ºC.). 156 Por cuidados acrescidos entende-se, por exemplo, a utilização de um bocal na pistola de ar quente que afunile mais o calor. Pode-se também fazer a soldadura directamente sobre o molde, estabelecendo a forma pretendida nas porções de termoplástico ao mesmo tempo que se faz a soldadura entre essas mesmas porções. Método descrito em seguida sobre o desígnio de modelação livre. 157 Esta técnica de soldadura poderá ter resultados mais satisfatórios se for utilizada uma variante da pistola de ar quente própria para a solda de termoplásticos. Esta variante possui uma fonte de gás externa e bocais próprios para soldar termoplásticos. Estes bocais permitem, por exemplo, fixar a vareta directamente em frente à saída de calor da máquina. (TWI Ltd.- Hot gas welding of plastics: Part 1 - the
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que a vareta funde, deve-se manter a pressão, deslocando-a lentamente no mesmo
sentido das extremidades a soldar.158
Indiferentemente da forma de soldar a calor, deverá ter-se em conta o tipo de
termoplásticos que se pretende soldar entre si, sendo aconselhado utilizar termoplásticos
da mesma natureza. Caso se pretenda soldar termoplásticos de diferentes naturezas, será
necessário em primeiro lugar fazer um teste com amostras dos mesmos plásticos, sendo
recomendável a escolha de termoplásticos com pontos de amolecimento o mais
idênticos possível. Este cuidado deve-se por existirem algumas incompatibilidades entre
plásticos (por exemplo: entre PVC e polietileno) devido às suas propriedades e
resistências químicas diferentes.159
Modelação livre
A aplicação de calor através da pistola de ar quente também possibilita a
modelação livre de termoplásticos. Entende-se aqui como modelação livre a modelação
de termoplásticos sem o recurso a caixa de vácuo, drape box ou sistemas semelhantes,
será no entanto necessária a utilização de um molde para estabelecer a forma pretendida.
Sem a utilização de um molde ou estrutura, a modelação de um termoplástico terá muito
provavelmente um carácter irregular e imprevisível.
Por não se recorrer à força do vácuo, não será possível tirar proveito da
capacidade de alongamento dos plásticos. Assim, é aconselhável a utilização de
pequenos fragmentos de termoplástico que mais facilmente se adaptem ao molde de
modo a evitar ao máximo o drapejamento anteriormente referido. No entanto, pela
utilização de vários fragmentos de plástico num mesmo molde, será visível a linha de
união entre os fragmentos (que requerem alguma sobreposição) no produto final.
Após a atribuição de calor a um fragmento sobre o molde, pressiona-se o
termoplástico com um pano humedecido com água (como um contra-molde). O pano
adaptar-se-á à forma juntamente com o fragmento de plástico amolecido. A água evitará
que o fragmento adira ao pano e fará com que o termoplástico arrefeça imediatamente
na posição pretendida. Repete-se o procedimento descrito até preencher a totalidade do
molde. Denote-se que a aplicação de calor para a modelação de um fragmento sobre o
basics [Em linha]. Cambridge, 2013. Disponível em WWW: <URL: http://www.twi.co.uk/technical-knowledge/job-knowledge/hot-gas-welding-of-plastics-part-1-the-basics-056/>. 158 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 67, 76. Ver Anexo III - Imagem 25) Soldadura por vareta, p. 110. 159 Ibid., p. 66.
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molde, e a posterior pressão com o pano, possibilitará a união de um fragmento com os
outros previamente modelados. De modo a possibilitar a união entre fragmentos e uma
correcta adaptação à forma, é aconselhado a utilização de fragmentos de pouca
espessura (1mm ou menos). Também será necessário ter os mesmos cuidados que os
referidos na soldadura entre termoplásticos.
O molde deverá possuir alguma rigidez para suportar a pressão feita sem perder
a sua forma. Não é necessário desmoldante ou isolar moldes de materiais porosos. O
molde deverá ter uma abertura suficientemente grande para possibilitar a administração
de calor e pressão aos vários fragmentos, ou alternativamente utilizar um molde de
vários tacelos, fazendo o preenchimento individual dos tacelos e unindo os resultados
em seguida pelo mesmo método descrito por Weiss para a união de laminados
termoformados por vácuo.
1.2) Utilização de solventes
Os solventes são líquidos voláteis que, de modo idêntico à aplicação de calor nos
termoplásticos, enfraquecem a carga electrostática entre as moléculas possibilitando
uma maior liberdade de movimento destas.160 O tipo de solvente depende do plástico
que se pretende trabalhar.161
A utilização de solventes com plásticos é principalmente feita para fins de
limpeza das ferramentas e local de trabalho, particularmente na utilização de plásticos
termoendurecíveis. Os solventes também poderão ser utilizados com os termoplásticos
para fins de soldadura ou para adquirirem plasticidade.
No entanto, a utilização de solventes com termoplásticos é pouco usual por
apresentar dificuldades técnicas acrescidas à utilização de calor. Uma destas
dificuldades é a elevada aderência com que o termoplástico fica quando sujeito à acção
dos solventes, por tal será necessário isolar162 e aplicar desmoldante163 a todo o tipo de
160 SMALE, Claude – Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 13. A utilização de solventes em termoplásticos permite amolecer o plástico tirando partido da sua capacidade de plasticidade. Por outra via, a utilização de solventes nos termoendurecíveis não polimerizados, ou seja, em estado líquido, permite uma redução da viscosidade do termoendurecível. Se o termoendurecível já se encontrar em estado sólido, a aplicação de solventes irá apenas decompor o plástico. 161 Por exemplo: acetona serve de solvente para polimetacrilato de metilo e para poliestireno. Diluente celuloso também serve de solvente para o poliestireno. 162 A necessidade de isolar o molde é particularmente importante na utilização de moldes de materiais porosos como o gesso ou a madeira. Para isolar o molde pode-se cobri-lo com algumas aplicações de goma-laca ou aplicar uma fina camada de poliéster insaturado, desde que o solvente utilizado no
39
molde ou superfície utilizada. Outras dificuldades devem-se à volatização do solvente
do termoplástico. A volatização do solvente ocorrerá inicialmente na superfície exterior
do termoplástico, dificultando a sua volatização no interior do plástico. Em resposta a
esta dificuldade, a espessura do termoplástico não deverá ultrapassar 1mm. O tempo de
espera para uma completa volatização do solvente no termoplástico será
exponencialmente maior quanto maior seja a espessura do termoplástico, podendo
mesmo demorar meses ou anos. Enquanto o solvente não volatizar na totalidade, o
termoplástico permanecerá amolecido, perdendo a sua forma caso seja retirado do
molde. É também de menção que a volatização do solvente de um termoplástico poderá
gerar bolhas na superfície do plástico. A impregnação do solvente no termoplástico
também apresenta outra dificuldade. A impregnação do solvente no plástico, e
consequente amolecimento, demorará algum tempo, dependendo do tipo de solvente e
de termoplástico utilizado e a respectiva espessura do termoplástico. Caso o solvente
seja aplicado durante demasiado tempo, a consistência do termoplástico ficará
demasiado gelatinosa, dificultando a sua utilização. É também de nota que, se a
aplicação de solventes no termoplástico for demasiado longa, o termoplástico poderá
mesmo deformar-se, contraindo e aglomerando-se em algumas secções enquanto
surgem vazios noutras secções devido à contracção. É aconselhado fazer testes com
amostras de solvente e termoplástico que se pretendem utilizar de modo a perceber os
tempos necessários.
É portanto visível a acrescida dificuldade na obtenção da capacidade de
plasticidade dos termoplásticos, através da aplicação de solventes relativamente à
atribuição de calor. Técnicas como a dobragem de pre-fabricados de termoplásticos
recorrendo a solventes poderão ser viáveis (através da aplicação de solventes na área
pretendida do termoplástico) mas melhores resultados serão obtidos, e mais facilmente,
através da aplicação de calor. O escultor poderá, através da sobredosagem de solventes,
obter uma pasta modelável de termoplástico com o fim de realizar uma técnica idêntica
à fundição por calor anteriormente descrita. No entanto, a elevada viscosidade,
aderência e baixa consistência da pasta obtida, juntamente com os problemas de
volatização do solvente da pasta, concedem a esta técnica uma dificuldade muito
elevada.
termoplástico não seja também um agente de solvência da resina poliéster. Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Solventes", p. 61. 163 O desmoldante aplicado pode ser cera desmoldante e/ou solução de álcool polivinílico (PVA mas também poderá ser referido como PVOH ou PVAI).
40
Possivelmente a técnica mais exequível, recorrendo à aplicação de solventes,
será a soldadura de termoplásticos. De modo a conseguir-se a soldadura de
termoplásticos por meio da utilização de solventes, deve-se amolecer as extremidades
das secções de plástico a soldar, fazendo-se em seguida pressão com molde e contra-
molde às respectivas extremidades sobrepostas. Posteriormente deve-se esperar que o
solvente volatize do termoplástico de modo a que este retome uma consistência sólida.
A importância de uma espessura fina das porções de termoplástico utilizado toma aqui
particular importância, uma vez que a solidez da soldadura estabelecida será menor
quanto maior for a espessura do termoplástico utilizado. As incompatibilidades entre
termoplásticos, descritas no método de soldadura pela atribuição de calor, também se
aplicam aqui.
1.3) Maquinação dos termoplásticos
Entende-se aqui por maquinação dos termoplásticos a utilização de ferramentas
como serras, brocas, lixas e todas as ferramentas idênticas que tenham como fim o corte,
perfuração ou polimento (meios subtractivos) de um termoplástico. Grande parte dos
termoplásticos permite a utilização destas ferramentas, particularmente aqueles que
apresentam maior rigidez164. Materiais com menos rigidez e maior flexibilidade, como o
PVC-P165, são facilmente cortados com o recurso a lâminas (como um estilete ou uma
tesoura).166
As ferramentas de corte (serras) e as de perfuração (brocas) poderão ser as
mesmas do que as utilizadas para madeira e metal.167 Denote-se que a fricção causada
pelo processamento do termoplástico por ferramentas de corte ou de perfuração gera
uma quantidade de calor que poderá fundir o termoplástico. O plástico fundido poderá
aglutinar-se na serra ou broca, comprometendo a sua eficácia. É portanto aconselhável,
em termoplásticos com um ponto de amolecimento mais baixo, a utilização de um
líquido de arrefecimento que dissipe a temperatura.
164 Ver Anexo II - Tabela 1) Propriedades dos plásticos, p. 96. 165 Ver "Parte II" - "Termoplásticos" - "Cloreto de polivinilo (PVC)", p. 26. 166 Ângelo de Sousa tira proveito da flexibilidade de tiras de PVC-P para fazer um jogo ritmado com o espaço na sua escultura sem título de 1964. Aqui, as tiras de PVC-P são facilmente obtidas pelo corte de um laminado com recurso a uma lâmina. Ver Anexo VI - Imagem 3) Ângelo de Sousa, "Sem título", p. 124. 167 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 214.
41
O stress provocado pela utilização de ferramentas de corte e de perfuração num
termoplástico poderá resultar na quebra do material. De modo a diminuir o stress
provocado sobre o termoplástico é aconselhada a utilização de ferramentas eléctricas,
por terem uma velocidade de processamento maior que as ferramentas manuais.168 As
ferramentas eléctricas por sua vez irão gerar uma maior fricção sobre o material, sendo
recomendável a utilização de ferramentas próprias para madeira. As serras de madeira
possuem dentes, e um espaçamento entre estes, maior que as serras de metal, o que
evitará a aglutinação do termoplástico na serra. De modo idêntico, as brocas de madeira
possuem um ângulo de hélice maior que as brocas de metal, fazendo consequentemente
menor fricção sobre o termoplástico.169
Os cortes e perfurações devem ser feitos de modo lento e contínuo, abrandando a
velocidade de corte ou de perfuração quando se chega às proximidades do limite do
termoplástico. Na execução de perfurações completas, de um lado ao outro do
termoplástico, apoia-se o termoplástico sobre uma peça de madeira. A madeira evitará
que o termoplástico lasque ao completar a perfuração.170
As possibilidades de corte de um termoplástico são facilmente vistas no
complexo perfil do laminado de polimetracrilato de metilo que corporaliza a escultura
Sombra projectada da minha mãe (1964) de Lourdes Castro.171
A abrasão da superfície de um termoplástico implica meios idênticos à abrasão
da pedra ou da madeira, iniciando-se o processo com lixas ásperas, progredindo para
lixas mais suaves até se alcançar o tratamento de superfície pretendido.172 Lixas de
menor granulagem (80-150) servem para nivelar a superfície, deixando-a riscada, mas
homogénea. Lixas com uma granulagem mediana (180-220) conferem à superfície um
tratamento mais liso, com riscos menos visíveis. Lixas com uma elevada granulagem
(320-400) são utilizadas para um início de polimento da superfície. As lixas de água
oferecem os melhores resultados.173
168 Relativamente a perfurações no termoplástico utilizando ferramentas eléctricas, Nicholas Roukes aconselha a utilização de ferramentas que permitam uma elevada rotação – normalmente 5000 rpm (ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 72.). 169 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 101. 170 ROUKES, Nicholas - op. cit., p. 72. 171 Ver Anexo VI - Imagem 4) Lourdes Castro, "Somba projectada da minha mãe", p. 124. 172 Na escultura Sentinels, de Fred Deher, são visíveis diferentes níveis de polimento – a base com uma superfície riscada e as formas sustentadas com uma superfície polida. Ver Anexo VI - Imagem 5) Fred Deher, "Sentinels", p. 125. 173 ROUKES, Nicholas - op. cit., p. 75.
42
O polimento da superfície de um termoplástico pode ser feito recorrendo a lixas
com uma granulagem muito elevada (até 5000), utilizando-se em seguida massa de
polimento. O polimento da superfície do termoplástico é importante caso se queira tirar
partido da transparência do plástico. A quantidade de luz que o plástico deixa
transparecer dependerá não só do tipo de plástico174 e dos aditivos utilizados175, mas
também do tratamento da sua superfície: quanto mais polida for a superfície do plástico,
mais luz deixa transparecer.
Transparência
A maquinação dos plásticos é uma técnica importante para o aproveitamento da
incidência da luz em termoplásticos transparentes.
A transparência consiste na capacidade de um material deixar transparecer a
maior parte da luz que nele incide. O polimetracrilato de metilo, por exemplo, permite
uma transmissão de luz até 92%, ou seja, considerando um paralelepípedo regular, até
92% da luz que entre por uma face incólume será transmitida para a face paralela oposta.
A luz, ao entrar no paralelepípedo, refracte, reflectindo-se em seguida nas superfícies
interiores do sólido caso incidam sobre estas num ângulo superior a 42,2º.176 Este
comportamento designa-se por tubulação da luz e resultará perceptivelmente num brilho
sobre algumas superfícies e extremidades do plástico. Por nem sempre incidir sobre
uma superfície interior do sólido a um ângulo superior a 42,2º, alguma luz dispersa-se
durante o processo.
Serviu-se como exemplo um paralelepípedo regular, um sólido com as faces
planas, ortogonais e paralelas. No entanto, se as faces do sólido não forem planas, a luz
poderá ter comportamentos diferentes. Se a superfície do sólido for convexa, a luz
converge. Inversamente, se a superfície for concava, a luz dispersa-se. Caso a superfície
do sólido por onde a luz incide não seja paralela à superfície oposta por onde esta saí, a
direcção da luz desloca-se ligeiramente.177 Por meios abrasivos, o escultor poderá assim
174 Por exemplo: enquanto o policarbonato permite a transmissão de luz até 90%, o polimetracrilato de metilo permite até 92%. 175 Por exemplo: grande parte dos pigmentos tornam os plásticos opacos, no entanto existem alguns que permitem um certo grau de transmissão de luz, deixando o plástico translúcido. Ver Anexo IV - Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis, p. 114. 176 Ver Anexo III - Imagem 26) Tubulação da luz dentro de um paralelepípedo regular de termoplástico transparente, p. 111. 177 Ver Anexo III - Imagem 27) Influência das faces de um sólido transparente sob a luz transmitida, p. 111.
43
manipular a incidência e transmissão da luz alterando a forma das superfícies do
plástico.
Outra possibilidade de manipulação da transmissão da luz de um plástico pelo
escultor consiste na criação de incisões na superfície do plástico. Um risco sobre uma
das faces laterais do sólido, traduz-se como uma irregularidade na superfície onde mais
facilmente a luz incidirá sem se reflectir, saindo assim do sólido. Um risco será portanto
perceptível como uma linha brilhante sobre a superfície do paralelepípedo. De modo
idêntico, o escultor poderá fazer incisões (como cortes ou perfurações superficiais)
sobre as faces do sólido permitindo que a luz «escape» por essas incisões.178 As incisões
deverão ser mais profundas o quanto mais afastadas estiverem da face por onde a luz
incide no plástico, um vez que a luz dissipa-se à medida que vai progredindo no sólido.
A fonte de luz deverá ser colocada o mais próximo possível da superfície do
plástico.179 A face oposta por onde a luz incide no plástico poderá ser pintada de branco,
fazendo com que a luz reflicta sobre esta face ao invés de sair, incrementando assim o
brilho das incisões mais distantes da fonte de luz.180
A transmissão da luz de um plástico transparente pode ser assim controlada pelo
escultor através da manipulação da forma do plástico. Veja-se a escultura de Takayasu
Ito, Sphere in Negative Space.181 Aproveitando a tubulação da luz de laminados de
polimetacrilato de metilo, Ito presentifica uma esfera pela sua ausência. Um outro
exemplo é a escultura Transparent Sculpture 1, de Louise Nevelson182, onde é visível a
saída da luz tubulada em todas as perfurações feitas para a construção dos laminados de
polimetracrilato de metilo.
178 Ver Anexo III - Imagem 28) Comportamento da luz sob incisões feitas no plástico, p. 111. 179 É necessário algum cuidado na escolha da fonte de luz e sua proximidade ao plástico. Algumas fontes de luz poderão libertar uma excessiva quantidade de calor sobre o plástico. 180 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, New York, 1972, p. 202-217. 181 Ver Anexo VI - Imagens 6 e 7) Takayasu Ito, "Sphere in Negative Space", p. 125. 182 Ver Anexo VI - Imagem 8) Louise Nevelson, "Transparent Sculpture 1", p. 126.
44
1.4) Poliestireno expandido183 (PS-E ou EPS) como material auxiliar
Um plástico em formato de espuma, como o poliestireno expandido, possui
polímeros exactamente da mesma natureza que o seu plástico homólogo não
expandido. 184 A diferença deve-se à injecção de um gás expansivo (habitualmente
pentano no PS-E)185 como se de um aditivo se tratasse.
O poliestireno expandido é o plástico em forma de espuma mais comum, e
possivelmente o mais barato. É um termoplástico 186 habitualmente branco com
condutividade térmica e uma densidade muito baixas. 187 É um plástico com uma
resistência, razoável a boa, ao impacto e à compressão (embora possa ficar com marcas)
mas quebradiço quando submetido a uma força de flexão ou de tracção. Tem uma
resistência química razoável mas é afectado (dissolvendo-se) por um grande número de
adesivos, tintas, vernizes e solventes. É aconselhado fazer um teste com pequenas
amostras para observar a susceptibilidade do poliestireno expandido à substância
utilizada.
O poliestireno expandido é um plástico muito utilizado na escultura como
material auxiliar, servindo como material de estrutura para fibra de vidro e resina
poliéster 188 (por exemplo) ou como material intermédio na fundição a bronze ou
alumínio.
O poliestireno expandido é um material que pode ser facilmente manipulado
formalmente, por subtracção através de maquinação ou por adição recorrendo a
adesivos.
Com uma razoável resistência à compressão e uma acentuada leveza, uma forma
de poliestireno expandido é auto-sustentável, no entanto, devido à facilidade de quebra
183 Mais conhecido por esferovite ou styrofoam. Ver Anexo II - Tabela 3) Propriedades das espumas plásticas, e Tabela 4) Resistência química das espumas plásticas, p. 99. 184 NEWMAN, Thelma R. - op. cit., p. 42. 185 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 35. 186 Como termoplástico é susceptível à acção do calor ou de solventes. No entanto, as técnicas anteriormente mencionadas relativamente aos termoplásticos (excepto a maquinação) não são viáveis com o poliestireno expandido. 187 Devido à sua baixa densidade, o poliestireno expandido tem uma proporcionalidade de peso/volume muito baixa, ou seja, grandes volumes deste material possuem uma leveza muito elevada. Dependendo da quantidade de gás expansivo injectado, o plástico poderá ter diferentes densidades, são no entanto geralmente baixas. Existem algumas variantes, normalmente identificadas por uma cor verde, cor-de-rosa ou azul (floormate ou roofmate) com uma maior densidade e consequentemente melhores resistências físicas. O poliestireno expandido é mais resistente e pesado o quanto mais denso for (WEISS, Alex - Plastics for modellers, Swanley, 1998, p. 73). 188 Ver "Parte II" - "2.1.4.2) Estruturas", p. 74.
45
quando submetido a uma força de flexão ou tracção, o poliestireno expandido necessita
de um revestimento que sirva de reforço, normalmente fibra de vidro e resina de
poliéster. Considera-se assim a espuma de poliestireno como um material de estrutura,
auxiliar a um outro material de revestimento que confira resistência e,
consequentemente, defina as propriedades perceptivas da escultura (como a cor, textura,
etc.).
A subtracção é facilmente conseguida através da maquinação, no entanto a
utilização de serras ou abrasivos irá gerar uma grande quantidade de pó e pequenas
partículas.189 Alternativamente, o escultor poderá criar um sistema de corte por fio
aquecido electricamente. O fio permite um corte bem delimitado, deixando as secções
de corte planas e, por se conseguir o corte através do calor, não se geram partículas.
Deve-se no entanto ter alguns cuidados com os vapores libertados.190
O sistema de corte a fio quente (hot wire) consiste num fio de cromo níquel,
ligado nas suas extremidades a um transformador de 12volts. A intensidade do calor do
fio poderá ser ajustada com um regulador que controle a alimentação eléctrica do
transformador (1-12volts). Todo o aparato poderá ser adaptado a um suporte que
possibilite o tipo ou tamanho de corte pretendido (como uma mesa, um arco, etc.).191 O
escultor poderá construir o sistema descrito, com a forma e tamanho pretendidos, ou se
possível comprar um modelo comercialmente disponível.
A adição de porções de poliestireno expandido pode ser feita com o recurso a
adesivos, mas serão necessários alguns cuidados na escolha do adesivo, uma vez que
poderão dissolver o poliestireno. Os adesivos habitualmente utilizados com o
poliestireno expandido são: cola de acetato de polivinila 192 ou cola de contacto 193
especial para poliestireno. As superfícies a colar devem ser planas de modo a
possibilitar um contacto total. Os adesivos mencionados não impossibilitam o corte por
fio quente.
Caso se pretenda fazer um revestimento da forma obtida de poliestireno
expandido com um material mais pesado, como cimento, deverá ser inserida uma
armadura metálica no interior da forma de poliestireno. A colocação de uma armadura 189 Devido à baixa condutividade eléctrica dos plásticos e à fricção feita pela maquinação, as partículas geradas facilmente adquirem electricidade estática, consequentemente aderem a todas as superfícies dificultando a sua limpeza. 190 PADOVANO, Anthony - Six: Plastics. In The process of sculpture, New York, 1981, p. 271. 191 Ver Anexo III - Imagem 29 e 30) Sistemas de corte por fio quente, p. 112. 192 PVA ou PVAc (polyvinyl acetate). Geralmente conhecido por cola branca. Não confundir com álcool polivinílico de sigla igual (PVA mas também PVOH ou PVAI). 193 Geralmente policloropreno mas existem variantes.
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metálica irá incrementar as resistências de tracção e de flexão da forma de poliestireno
expandido, o que também poderá ser necessário caso se pretenda fazer uma escultura de
exterior, onde é necessário ter em conta actos de vandalismo sobre a escultura.
A inserção da armadura metálica é preferencialmente feita cortando a forma de
poliestireno expandido (no seu estado final antes do revestimento) com o fio quente
pelo local onde se pretende colocar a armadura. Após a forma cortada, retira-se do seu
interior a quantidade necessária de poliestireno de modo a permitir a colocação da
armadura. Após a armadura colocada, volta-se a unir as porções cortadas de poliestireno
expandido com o recurso a adesivos.194
Uma outra aplicação do poliestireno expandido situa-se na indústria da fundição
de bronze ou alumínio pelo método de fundição a verde. A fundição a verde consiste na
elaboração de um molde com areia refractária195 (dentro de uma caixa de madeira) de
um modelo previamente executado. O molde é elaborado pressionando a areia contra o
modelo, deixando em aberto uma entrada para o enchimento do metal e saídas para a
libertação dos gases. O modelo, caso não seja de poliestireno expandido, é retirado do
molde, sendo este em seguida enchido com o metal fundido, obtendo-se assim uma
cópia em metal do modelo.
Se o modelo for feito em poliestireno expandido, não será necessário retirá-lo do
molde previamente ao seu enchimento com metal fundido. Devido ao calor do metal, o
poliestireno expandido é gaseificado e expelido com a entrada do metal fundido no
molde. De modo a não deixar resíduos no produto de metal fundido, o poliestireno
expandido deverá ter uma densidade menor que 20kg/m3. 196 Se forem utilizados
adesivos na elaboração da forma do modelo em poliestireno, estes deverão ter uma
temperatura de amolecimento menor que a do poliestireno expandido.197
Por não ser necessário retirar o modelo previamente ao enchimento do molde
com metal, a utilização de poliestireno expandido é definida por Sorroche Cruz como
vantajosa perante a utilização de outros materiais. Segundo Sorroche, a necessidade de
retirar o modelo do molde de areia dificulta a fundição de peças com uma forma
194 Ver Anexo III - Imagem 31) Forma de PS-E cortada por fio quente, e Imagem 32) Colocação de uma armadura metálica dentro da forma de PS-E, p. 113. 195 Areia de sílica, areia de cromita, areia de zirconio ou areia de olivino (CRUZ, A. Sorroche [et. al.] - Fundição com modelo perdido, Lisboa, 2002, p. 23.). 196 Ibid., p.10. 197 Sorroche Cruz indica a utilização de cola branca Unifix como adesivo para a construção do modelo de poliestireno. Alternativamente, indica a utilização de pregos, grampos, arames, entre outros como materiais de união que permanecerão no modelo após a sua fundição (Ibid., p. 21.).
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complexa. A utilização de um modelo de poliestireno expandido contorna esta
dificuldade por não ser necessário retirá-lo do molde.198
Por último, o poliestireno expandido é também um material muito utilizado para
a fabricação de maquetes, por ser um material pouco dispendioso e facilmente
manipulado.
198 CRUZ, A. Sorroche [et.al.] - Técnicas en fundición: materiales tradicionales vs actuales. Fundi press: revista de la fundiciòn. Amorebieta, Nº34 (2011), p. 51.
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2) Plásticos termoendurecíveis
Como mencionado anteriormente, os plásticos termoendurecíveis são
substâncias normalmente líquidas que passam a estado sólido quando polimerizados. A
polimerização ocorre usualmente como resultado de uma reacção térmica, normalmente
conseguida pelo escultor pelo acrescento de um catalizador.
Por serem acessíveis ao escultor ainda em estado líquido, os termoendurecíveis
permitem a junção de um grande número de aditivos. A inclusão de aditivos permite a
alteração das propriedades da resina como a cor, resistência, viscosidade, entre outros.
As técnicas de aplicação dos plásticos termoendurecíveis consistem, em grande
parte, no enchimento e fabricação de moldes, na impregnação de fibras sobre uma
estrutura ou molde, no revestimento de superfícies ou como adesivos.
É de menção que os plásticos são normalmente apelidados como resinas199. Esta
denominação, embora se aplique a praticamente todos os plásticos, é de utilização mais
comum para com os plásticos termoendurecíveis (por exemplo: o poliéster insaturado é
normalmente apelidado de resina poliéster, ou o plástico poliepóxido como resina
epóxi). De modo idêntico, a polimerização de um plástico é normalmente apelidada por
cura.
A descrição aqui feita das técnicas de aplicação dos termoendurecíveis é
elaborada utilizando o poliéster insaturado (ou resina poliéster) como material de
exemplo. Esta escolha deve-se à grande versatilidade do poliéster insaturado que
permite a grande parte das técnicas de aplicação das resinas termoendurecíveis e por
permitir a junção de um grande e variado número de aditivos. Esta escolha deve-se
também por o poliéster insaturado ser possivelmente o plástico termoendurecível de
mais fácil acesso ao escultor, tanto pela sua maior disponibilidade a nível comercial
como pelo seu reduzido preço em comparação com outros termoendurecíveis (como a
epóxi ou o poliuretano).
199 Possivelmente por os plásticos apresentarem semelhanças para com as resinas naturais, como a plasticidade e a composição química formada por polímeros (as resinas naturais são tecnicamente plásticos). De igual modo, ambas as substâncias apresentam um aspecto vítreo e são substâncias orgânicas insolúveis em água.
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2.1) Poliéster insaturado
O poliéster insaturado é um polímero que resulta da combinação de três
substâncias: um glicol, um ácido saturado e um ácido não saturado. 200 Da
policondensação de um glicol com um ácido obtemos água e um polímero linear de
éster, o poliéster.201 Devido à presença de um ácido não saturado no composto, os
polímeros lineares de éster possuem ligações duplas, possibilitando uma futura
saturação com outro composto, daí o nome poliéster insaturado.202
Ao poliéster insaturado acrescenta-se monoestireno203, ou seja, um monómero de
estireno de cadeia linear curta que também dispõe de dupla ligação. Com a reacção
exotérmica204 causada pela adição de um catalizador, as ligações duplas de ambos os
componentes rompem-se, possibilitando a sua mutua saturação. Ocorre assim a
polimerização por adição entre as duas substâncias, servindo o monoestireno como
«ponte» entre as cadeias lineares do poliéster.205
Enquanto polímeros lineares livres, o poliéster insaturado com o monómero de
estireno encontram-se em estado líquido. Com a polimerização por adição dos dois
componentes, as cadeias unem-se e deixam de estar livres, resultando num polímero
tridimensional amorfo, ou seja, um composto sólido transparente.
200 Devido aos elementos da sua composição, o poliéster insaturado é por vezes designado sob a família dos plásticos alquídicos embora seja normalmente referenciado autonomamente. Como para a fabricação do poliéster insaturado se podem usar vários glicóis ou ácidos diferentes, pode-se obter vários tipos de poliéster insaturado com diferentes propriedades. Entre eles estão: as resinas ortoftálicas (de uso geral), isoftálicas e tereftálicas (mais destinadas a aplicações alimentares), tetrahidroftálicas (grande resistência aos efeitos atmosféricos), vinil-éster e bisfenólicas (para resistência química). As resinas ortoftálicas e isoftálicas são as de mais fácil acesso pelo escultor, sendo as isoftálicas mais resistentes quimicamente do que as ortoftálicas. As outras resinas mencionadas têm uma maior aplicabilidade no meio industrial (BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 18). 201 Como poliéster podemos entender todos os polímeros que têm por base o grupo funcional (os átomos de uma molécula que definem os seus atributos químicos) do éster. Além do poliéster insaturado podemos também incluir termoplásticos como o copolímero politereftalato de etileno (PET). 202 Ibid., p. 15-16. 203 Monoestireno é o monómero de junção com a resina poliéster mais comum. É no entanto permitida a inclusão de outros monómeros. Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Monómero", p. 60. 204 Entende-se por reacção exotérmica uma reacção que liberta calor. 205 A polimerização da resina ocorre com a indução de energia térmica ou radiante, neste caso térmica espoletada pelo acrescento de um catalizador. A indução de energia poderá ser feita por outros meios, não abordados nesta dissertação por serem meios normalmente de via industrial. É de menção que a substância que desencadeia a reacção química de polimerização da resina é mais correctamente designada por iniciador ao invés de catalizador. Como catalizador considera-se uma substância que promove uma reacção química mas não se decompõe, podendo ser recuperada uma vez a reacção conseguida. Na polimerização do poliéster insaturado, a substância que a promove decompõe-se sob a acção da energia que desencadeia. Para fins de simplificação e por a substância referida ser normalmente denominada como catalizador na bibliografia consultada, decidiu-se aqui manter a denominação de catalizador (Ibid., p.16,22.).Ver Anexo I -Diagramas 8 e 9)Poliéster e monoestireno previamente e após polimerização, p.95.
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2.1.1) Propriedades
Como propriedades gerais da resina poliéster podemos referir:
Óptica
Sem o uso de aditivos a resina poliéster é transparente, dependendo do fabricante
a resina poderá ser amarelada ou azulada, entre outras cores. A utilização de colorantes
permite a alteração da cor da resina, podendo permanecer transparente ou ficar
translúcida a opaca. Outros aditivos, como cargas, têm a tendência de tornar a resina
opaca, mas permitem alterar o aspecto da resina de modo a simular outros materiais
como a pedra ou o metal.
Viscosidade
A resina enquanto líquida possui alguma viscosidade assemelhando-se a
«xarope». Esta viscosidade pode ser incrementada ou diminuída com aditivos
tixotrópicos, dependendo do tipo de trabalho que se pretende realizar.
Resistência física
O poliéster insaturado tem boas propriedades de resistência física que podem ser
melhoradas com aditivos, como cargas fibrosas. É também usual a impregnação da
resina numa manta de material fibroso, como a fibra de vidro, criando um composto
armado de excelente resistência. A utilização de materiais de reforço, como a fibra de
vidro, tornam a resina opaca.
Resistência térmica
A resina de poliéster também tem uma boa resistência à temperatura, podendo
algumas resinas suportar 300ºC ou mais206. No geral amolece ligeiramente a 120ºC mas
endurece a temperaturas mais elevadas. Varia consoante a resina e aditivos utilizados. A
mudança súbita e frequente de temperaturas, de quente para frio, não quebra a superfície
do poliéster, mas poderá causar deformações na resina se esta não estiver
convenientemente estruturada.207
206 COUTAREL, Lionel – As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 76. 207 NEWMAN, Thelma R. – Plastics as an art form, London, 1972, p. 101.
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Resistência química
No geral tem uma óptima resistência química. Grande parte dos ácidos, óleos
vegetais, sabão, querosene, gasolina, óleos lubrificantes, álcoois e líquidos carbonatados
não fazem quase nenhum efeito sobre a resina a não ser se expostos durante longos
períodos de tempo. É susceptível a cetonas, solventes clorados e fortes alcalis. A água
também afecta a resina poliéster esbranquiçando-a com o tempo.208
Resistência aos agentes atmosféricos
A resina é capaz de resistir anos à luz solar sem sofrer danos. Eventualmente,
após muita exposição solar, a superfície do poliéster adquire um tom baço amarelado e a
cor que lhe foi atribuída degrada-se, mas não cria fissuras nem quebra. Aditivos, como
alguns pigmentos, podem ser incorporados na resina para evitar a degradação face aos
raios UV.209
Peso
O poliéster insaturado é um material muito leve, mais leve que a pedra ou o
metal. 210 A possibilidade de impregnar a resina num material fibroso permite a
manufactura de laminados de grande resistência e acentuada leveza. Este tipo de
laminado permite portanto a realização de esculturas de grande volume com recurso a
pouco material, mantendo um nível considerável de resistência e leveza.
Velocidade de combustão
A velocidade de combustão da resina é lenta a auto-extinguível211, podendo ser
retardada com a adição de cloro no composto. Ao arder, a chama proveniente do
poliéster não é grande mas causa grandes quantidades de fumo.212
208 Ibid., p. 34-35, 100. 209 Ibid., p. 101. 210 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 21. 211 Entende-se como "auto-extinguível" uma substância que arde apenas em contacto com uma chama proveniente de fonte exterior à substância. Se removida a respectiva chama, a combustão da substância auto-extinguível cessa. 212 NEWMAN, Thelma R. – Plastics as an Art Form, London, 1972, p.100.
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2.1.2) Polimerização
O poliéster insaturado é uma resina termoendurecível que permite a sua cura
num espaço a temperatura ambiente sem a necessidade de equipamentos industriais e
sem a libertação de subprodutos voláteis. A polimerização do poliéster insaturado
ocorre através de uma reacção exotérmica, espoletada através da adição de acelerador e
catalizador.
Os aceleradores (ou promotores), como naftenato de cobalto ou dimetil anilina,
são substâncias líquidas, que decompõem o catalizador na resina, dando assim início à
reacção química de polimerização. Os aceleradores são portanto essenciais ao processo
de cura, mas não desencadeiam a reacção só por si. Denote-se que as resinas de
poliéster, disponíveis ao escultor, já vêm normalmente com o acelerador incluído, sendo
necessário ver as especificações do fabricante. O acelerador deve ser sempre misturado
na resina previamente à mistura do catalizador, não devendo as duas substâncias entrar
em contacto directo, ou seja, fora do composto da resina. O contacto entre as duas
substâncias poderá ser explosivo.
Em regra geral, o quanto maior for a quantidade de acelerador na resina, mais
rapidamente será a sua polimerização, no entanto, a quantidade de acelerador não
deverá ser igual nem superior à quantidade de catalizador, não devendo a quantidade
das duas substâncias divergir mais do que 2%.213
Podemos também referir os inibidores, como a hidroquinona, são substâncias
com uma acção algo inversa à dos aceleradores. Os inibidores não anulam a acção de
polimerização (a não ser se adicionados em excesso) mas possibilitam um tempo de
cura da resina mais demorado, dando ao escultor mais tempo para a aplicar. A
hidroquinona é normalmente diluída no monómero de estireno em cerca de 1% o peso
da resina, juntando em seguida o inibidor diluído à resina. Com de 1% de hidroquinona,
o tempo de aplicação da resina duplica (aproximadamente), mas poderão ser necessários
alguns testes com amostras mais pequenas de modo a perceber a quantidade de inibidor
exacta para obter o tempo de aplicação pretendido.214
Os catalizadores são normalmente peróxidos, como cicloexanona,
metiletilcetona (MEK)215, benzoílo ou hidroperóxido de cumeno.216 Os catalizadores
213 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 22, 28. 214 Ibid., p. 38. 215 COUTAREL, Lionel – As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 76.
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aquecem quimicamente a resina promovendo a sua polimerização. A quantidade de
catalizador a adicionar à resina pode variar (aproximadamente entre 0,1% a 4% do peso
da resina) dependendo de uma série de factores que podem surtir um efeito acelerador
ou inibidor na polimerização da resina.
Como factores inibidores, que consequentemente implicam uma maior
quantidade de catalizador, pode-se referir alguns aditivos ou outras substâncias como:
gesso, sais de cobre, sulfato de bário, enxofre, borracha vulcanizada (contêm enxofre),
resinas fenólicas, colas à base de resolcinal, vidro moído, celulose ou asbesto não
purificado. Outros factores inibidores devem-se ao ambiente de trabalho, como a
humidade em excesso (tanto no ar217 como nos aditivos) ou a uma temperatura ambiente
baixa (a 15ºC. ou menos a resina poderá nem curar).
Como factores aceleradores, que implicam uma menor dosagem de catalizador
na resina, podemos referir do mesmo modo alguns aditivos: como sais de ferro ou de
estanho, óxidos de ferro (ferrugem) ou de zinco, cobre (na presença de catalizadores
peróxidos, podem reagir violentamente) ou litopone. Uma temperatura ambiente
elevada (superior a 25ºC.), exposição da resina a raios solares ou a radiações ultra-
violeta (UV) ou a quantidades elevadas de água também podem surtir efeitos
aceleradores na polimerização da resina.218
É necessário algum cuidado na junção do catalizador na resina, sendo
aconselhado fazer alguns testes para observar a influência dos aditivos usados e do
ambiente de trabalho na polimerização da resina. Se for adicionado demasiado
catalizador, o calor gerado pode ser excessivo para a resina podendo causar uma
coloração amarelada ou mesmo fissuras e quebras na resina. Inversamente, pouco
catalizador poderá não conseguir uma completa polimerização da resina, resultando
numa superfície aderente e em dificuldades em retirar a resina do molde.
Devido aos cuidados a ter com a reacção exotérmica da resina, a técnica de
manufactura da escultura também influencia a quantidade de catalizador a adicionar à
resina. Se a escultura for realizada por uma fina camada de resina com uma grande
superfície de contacto com o ar (habitual na manufactura de laminados de resina e fibra
de vidro), o escultor poderá utilizar uma maior quantidade de catalizador. A fina
216 O catalizador metiletilcetona (MEK) é o de utilização mais comum. Os catalizadores peróxido de benzoílo e o hidroperóxido de cumeno são utilizados para se conseguir uma polimerização mais lenta (NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 112.). 217 A humidade relativa ambiente deverá manter-se nos 50-55% (BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 29.). 218 Ibid., p. 27-28.
54
espessura da resina e a superfície de contacto com o ar permitem a dissipação do calor
em excesso, evitando os danos referidos da reacção exotérmica na resina. De modo
inverso, se for pretendido um grande volume maciço de resina (habitual no enchimento
de moldes), o escultor deverá adicionar uma menor proporção de catalizador. Neste caso,
o calor acumula, não tendo forma de se dissipar, podendo danificar a resina.219
É preciso ter em conta que a superfície exposta da resina, em contacto com o ar,
poderá surtir efeitos inibidores na sua polimerização. O oxigénio surte tanto influência
aceleradora na resina como inibidora, sendo no entanto a influência inibidora mais
acentuada. O efeito acelerador consiste na oxidação (uma acção activante) da molécula
de poliéster ao entrar em contacto com o oxigénio. No entanto, o oxigénio também
bloqueia a acção dos peróxidos catalizadores, reduzindo-lhes a sua actividade química,
surtindo um efeito inibidor na polimerização da resina. Devido à acção inibidora do
oxigénio, a superfície da resina poderá ficar aderente por não conseguir a sua
polimerização correctamente. Se a forma da superfície exposta da resina for simples
(plana ou de revolução), o escultor poderá colocar uma película de PET ou de
celofane220 sobre a resina de modo a cobri-la, evitando a acção de inibição do oxigénio.
Para formas mais complexas, o escultor pode misturar parafina na resina. A parafina irá
criar sob a superfície do poliéster insaturado uma película de protecção que a isolará do
oxigénio no ar.221
Tempos de cura
Com a mistura de catalizador na resina inicia-se o processo de polimerização,
resultando na sua passagem de estado líquido a estado sólido de modo irreversível,
passando por um estado gelatinoso. Devido à passagem por vários estados, é possível
delimitar alguns intervalos de tempo durante o processo de polimerização. A duração
dos intervalos dependerá sempre da quantidade de catalizador e acelerador adicionados
à resina e dos factores inibidores e aceleradores, referidos anteriormente, presentes no
processo.
Após a mistura do catalizador, inicia-se o período de aplicação da resina,
também conhecido como vida útil da mistura (ou pot life). Durante este período, a
resina permanecerá inicialmente líquida, ganhando viscosidade à medida que a reacção
219 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 24. 220 Nome comercial de um película de plástico feita de celulose. 221 Ver "Parte II" -"2.1.3) Aditivos"-"Parafina", p. 61. BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 29, 37.
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exotérmica actua. A reacção exotérmica é perceptível pelo escultor por uma libertação
de calor da resina cada vez mais acentuada, muito idêntico ao endurecimento do gesso.
Por a resina ir adquirindo mais viscosidade, passando de um estado líquido a
gelatinoso, este período pode também ser referido como período de gelatinização (ou
gel time). A duração deste período de aplicação poderá ser de 5 minutos a 10 horas.222
Técnicas de aplicação como a impregnação de fibras deverão ser feitas enquanto a
resina ainda mantém uma consistência líquida. Num estado inicial da gelatinização, com
a resina numa consistência de gel, o escultor ainda poderá fazer o revestimento de
moldes ou de estruturas. Inevitavelmente a resina alcançará um estado de gelatina,
permitindo apenas um ligeira modelação ou o seu corte por recurso a lâminas.223
O período de vida útil da mistura acaba com o pico exotérmico, quando a resina
endurece, passando de um estado gelatinoso a sólido definitivamente. O escultor poderá
retirar a resina do molde (caso tenha sido esta a técnica utilizada) e proceder à sua
maquinação224 como o polimento. No entanto, mesmo em estado sólido, o processo de
cura ainda não está completo, uma vez que o monoestireno ainda não se encontra
completamente polimerizado com o poliéster insaturado. A presença de monoestireno
livre na resina reduz as suas resistências químicas e físicas, sendo necessário colocar a
resina num regime de maturação. Este período de maturação poderá demorar entre
algumas horas até duas ou três semanas, dependendo largamente da temperatura a que é
mantida.
Inicialmente, após a solidificação da resina, o grau de monómero de estireno
livre na resina encontra-se aproximadamente pelos 8 a 10%. De modo a alcançar um
grau aceitável (2 a 3% 225 ) deve-se administrar calor à resina (com um forno por
exemplo) durante um determinado tempo. O tempo necessário será menor o quanto
maior seja a temperatura administrada, por exemplo: caso se coloque a resina a uma
temperatura de 80ºC., demorará cerca de 4 horas para o grau de monoestireno livre
222 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 22, 24. 223 HOLLANDER, Harry - Plastics for jewlery, London, 1974, p. 146. 224 Num estado sólido, a resina já não permite o seu corte com recurso a lâminas, sendo necessária a utilização de serras. 225 Um grau de 2 a 3% de monoestireno livre no composto já confere à resina uma resistência química e física aceitáveis para grande parte das aplicações. Se for necessário uma resistência química acrescida da resina, o grau de monoestireno livre deverá ser entre 1 a 1,5%. Se se pretender que a resina entre em contacto com produtos alimentares, esta já só deverá ter um grau de 0,1% de monoestireno livre.
56
reduzir para 2 a 3%; se a resina for colocada a uma temperatura de 40ºC, já necessitará
de 30 horas para alcançar um grau de polimerização idêntico.226
Sem testes laboratoriais será impossível o escultor perceber o grau de
polimerização da resina, é no entanto importante perceber a necessidade de uma
maturação da resina, conferindo-lhe deste modo uma maior resistência física e química.
É também de referir, que a resina poliéster, mesmo depois de polimerizada, se
aquecida a 120ºC, adquire alguma flexibilidade que permite uma ligeira modelação. O
resultado da modelação será mantido se a resina arrefecer constrangida na forma
pretendida.227
Tempo de vida e armazenamento da resina
O tempo de vida útil da resina varia entre seis meses a um ano após a sua
obtenção.228 A resina deverá ser armazenada num recipiente opaco, bem fechado e a
uma temperatura baixa se possível. Se a resina ficar em contacto com o ar ou exposta a
raios solares poderá polimerizar premeditadamente, ou o monómero de estireno (caso já
esteja incluído) evaporar deixando a resina branca.229 É possível incrementar o tempo de
vida útil da resina adicionando-lhe inibidores e antioxidantes (em pequena
proporção).230
226 Ver Anexo I - Tabela 1) Regime de maturação da resina poliéster, p. 94, e "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Monómero", p. 61. BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 26-28. 227 HOLLANDER, Harry - Plastics for jewlery, London, 1974, p. 146. 228 Caso a resina já venha com cargas tixotrópicas incluídas o tempo de vida útil da resina é reduzido para três meses (BRANCO, Victor - op. cit., p. 21.). Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Tixotrópicos", p. 60. 229 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 61. 230 Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Estabilizantes", p. 62. NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 58.
57
2.1.3) Aditivos
A inclusão de aditivos na resina poliéster, enquanto ainda em estado líquido,
permite a alteração das suas propriedades com quatro principais finalidades: a alteração
do aspecto perceptível da resina, como a cor; para fins de aplicação técnica, como o
aumento da viscosidade; para estabilização ou reforço, ou seja, para aumentar as
resistências físicas ou químicas da resina; ou para aumentar o volume da resina pelo
acrescento de mais substâncias no composto, ou seja, a função de carga.
Como aditivos podemos ter:
Colorantes
Os colorantes servem três funções: atribuição de cor, estabilização e carga.
Podemos dividir os colorantes em três grupos: corantes, pigmentos orgânicos e
pigmentos inorgânicos.
Os corantes caracterizam-se por transferirem cor para a resina, mantendo-a
transparente. Por outro lado, os pigmentos, particularmente os inorgânicos, são
insolúveis na resina, atribuindo cor ao composto pela sua presença, tendo a tendência de
a tornar opaca. Consequentemente os pigmentos inorgânicos desempenham melhor que
os corantes um papel de estabilização da resina um vez que incrementam a resistência
química da resina231. Os pigmentos orgânicos situam-se entre os pigmentos inorgânicos
e os corantes, mantendo algum nível de transparência da resina ao mesmo tempo que
lhe transferem boas propriedades de estabilização perante agentes nocivos à resina
como os raios solares.
Alguns colorantes tendem a migrar na resina, ou seja, uma vez adicionados à
resina, tendem a agrupar-se nas extremidades. Os corantes232 são os mais susceptíveis a
migrar, podendo ser necessário uma carga tixotrópica para aumentar a viscosidade da
resina e evitar a migração233. Os pigmentos inorgânicos e alguns orgânicos incrementam
por si a viscosidade da resina, tendo consequentemente uma menor taxa de migração.234
231 Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Estabilizantes", p. 62. 232 Os corantes estão normalmente disponíveis ao escultor altamente concentrados em pequenas porções de resina. 233 Cargas tixotrópicas são aditivos que tendem a tornar a resina opaca. Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Tixotrópicos", p. 60. 234 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 45, [entre 46-47]. Ver Anexo IV - Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis, p. 114.
58
A quantidade de colorante a adicionar à resina varia consoante o nível de
saturação da cor que se pretenda e do tipo de colorante.
É de menção que, caso o escultor não tenha acesso ao colorante da cor que
pretende, poderá adicionar tintas de base gorda (o colorante com um veículo pré-
estabelecido como o óleo) no composto. No entanto, a presença do veículo da tinta
poderá dificultar a polimerização da resina e diminuir as suas resistências. É
aconselhado fazer alguns testes com amostras antes de se proceder com o trabalho
pretendido.
Cargas
Cargas são substâncias em pó ou granulado cuja adição à resina é feita com o
propósito de incrementar o volume do composto da resina. São virtualmente inúmeras
as substâncias que se podem adicionar à resina, consistindo principalmente em
substâncias à base de celulose (algodão ou serradura), minerais (talco, sílica, porcelana,
carbonato de cálcio ou a generalidade de pó de pedra ou de cerâmica moída) do qual
também se podem referir substâncias metálicas (silicato de alumínio, ou a generalidade
de limalhas ou pó de metal).235
As cargas, para além de aumentar o volume da resina, também têm uma
tendência geral de aumentar a viscosidade da resina236 e de tornar a resina opaca.
Existem também cargas que são adicionadas à resina com o intuito de aumentar a
resistência física237 ou química238 da resina.
As cargas também podem ser utilizadas com a resina poliéster de modo a esta
mimetizar outro material, ou seja, através do acrescento de pó de pedra ou de limalhas
ou pó de metal, o escultor poderá conferir à resina um aspecto muito idêntico à pedra ou
ao metal. A mistura é feita com uma grande percentagem de carga: Teixeira indica 90%
do peso da resina, especificando o pó de pedra,239 Roukes já indica 75% utilizando as
limalhas de metal como exemplo240. Quando a mistura é feita deste modo, com uma
235 Cargas à base de celulose aumentam a absorção de água da resina curada para 4,75%, enquanto cargas minerais apresentam apenas 0,5% de absorção de água (BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques. New York, 1967, p. 100.). 236 As cargas utilizadas principalmente para este efeito são mencionadas em "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Tixotrópicos", p. 60. 237 Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - "Reforço (e materiais auxiliares de reforço)", p. 62. 238 Ver "Parte II" - "2.1.3) Aditivos" - " Estabilizantes", p. 62. 239 TEIXEIRA, Pedro Anjos - Tecnologias da escultura, Sintra, 2006, p. 81. 240 Roukes indica 75% de carga como uma generalidade. Especifica em seguida que a percentagem de carga a adicionar à resina poderá variar consoante o peso da carga, e exemplifica: pó de alumínio, que é leve, 60% será suficiente; de outro modo, pó de bronze, que é pesado, necessitará de 83% (ROUKES,
59
elevada percentagem de carga, o produto final fica com características mais semelhantes
à carga do que às da resina, que actua como aglomerante.241 Devido a este efeito,
Teixeira apelida este composto, de resina e pó de pedra, como pedra artificial.242 De
modo idêntico, Roukes refere que a técnica de enchimento de moldes, utilizando resina
poliéster com limalhas ou pó de metal, é denominada por fundição a frio de metal (cold
metal casting) ou fundição de metal resinado (resinated-metal casting).243
É de menção que a contracção e a temperatura do pico exotérmico da
polimerização da resina serão menores o quanto maior for a concentração de cargas no
composto.244
A grande generalidade das cargas influenciam a cura da resina surtindo um
efeito inibidor ou acelerador, dependendo do tipo de carga e de resina e o respectivo
volume. Newman indica que, numa resina aplicada numa camada de apenas 1mm, a
maior parte das cargas retardam a gelatinização da resina, no entanto, à medida que a
viscosidade aumenta, muitas cargas aceleram o tempo de gel. Asbesto245 e sílica têm
pouco efeito numa camada de resina de 1,5mm a 6mm, no entanto aceleram em muito a
gelatinização em camadas maiores que 6mm. Carbonato de cálcio é acelerador em todas
as situações, excepto em camadas de fina espessura. A porcelana inibe sempre a
gelatinização e a cura da resina.246
Denote-se que a utilização de cargas poderá conferir textura à resina. A forma da
textura dependerá da carga e do tamanho do granulado da carga utilizada.
Microesferas
Como o nome indica, são esferas de pequena dimensão. São cargas,
normalmente feitas de vidro ou de plástico e servem para aumentar o volume da resina e
torná-la mais leve. As microesferas poderão migrar na resina, o que torna necessária a
adição de uma carga tixotrópica na resina.247
Nicholas - Plastics in sculpture, New York, 1978, p. 28.). No entanto, Clérin afirma que só se pode adicionar até 40% de carga na resina sem a enfraquecer (PHILIPPE, Clérin - Les plastiques. In La sculpture. Paris, 1988, p. 157.). 241 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 33. 242 TEIXEIRA, Pedro Anjos - Tecnologias da escultura, Sintra, 2006, p. 81. 243 ROUKES, Nicholas - Plastics in sculpture, New York, 1978, p. 28. 244 BRANCO, Victor - op. cit., p. 33-34. 245 Pouco utilizado devido aos seus efeitos altamente cancerígenos, no entanto é uma carga que aumenta em muito a resistência da resina às chamas e combustão. Actualmente é usual a utilização de fibras de para-aramida como material de substituição do asbesto. 246 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 48. 247 ROUKES, Nicholas - op. cit., p. 28.
60
Tixotrópicos
Os aditivos tixotrópicos são os aditivos com a função de aumentar ou diminuir a
viscosidade da resina. Para diminuir a viscosidade são normalmente utilizados aditivos
como monómeros ou solventes, que serão referidos autonomamente. De modo a
aumentar a viscosidade da resina, adicionam-se cargas, já aqui referidas.
O incremento da viscosidade da resina é normalmente feito para possibilitar a
sua colocação numa superfície vertical, evitando os escorrimentos e mantendo a camada
de resina colocada com uma espessura homogénea (útil no revestimento de um molde,
por exemplo). O aumento da viscosidade serve também para evitar a migração de outros
aditivos (como colorantes ou outras cargas) na resina. Quanto mais pesado for o aditivo,
mais carga tixotrópica é aconselhada para evitar a migração das partículas.
As cargas normalmente utilizadas para aumentar a viscosidade da resina são:
porcelana moída, talco e sílica (sintética ou de cálcio). Dependendo da consistência
desejada, adiciona-se normalmente até 7% do peso da resina.248 A sílica é possivelmente
o aditivo que mais aumenta a taxa de viscosidade da resina, necessitando de uma menor
percentagem de adição.
Monómero
Como se mencionou anteriormente, a presença de um monómero com ligação
dupla é essencial à cura da resina. O monómero mais habitualmente utilizado é o
monoestireno, mas também se pode adicionar à resina monómero de polimetacrilato de
metilo, em conjunto ou qualquer um em separado.
A presença do monómero, para além de possibilitar a polimerização da resina,
também serve de veículo a esta, diminuindo a sua viscosidade quando é adicionado. O
monómero, uma substância líquida, deve ser acrescentado à resina em 15 ou 20% o seu
peso, ou até 50% caso se pretenda adicionar cargas. Deve-se ter em atenção que a resina
já vem habitualmente com o monómero incluído, sendo necessário ver as especificações
do fabricante. O monómero adicionado em excesso não participará na reacção de cura,
permanecendo livre após a polimerização, diminuindo consequentemente as resistências
da resina, como anteriormente descrito.249 Demasiada inclusão de monómero poderá
mesmo dificultar a própria polimerização.
248 Ibid., p. 27-28. 249 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 25-26, 32-33.
61
O estireno é um monómero muito utilizado devido à sua boa compatibilidade
com o poliéster insaturado, atribuindo-lhe boas propriedades de resistência. É também o
monómero possivelmente mais barato e mais disponível comercialmente.250
O polimetacrilato de metilo é um monómero normalmente mais caro que o
monoestireno, mas transmite à resina uma boa resistência aos raios UV e um maior grau
de transparência.251
Solventes
No caso da resina de poliéster, os solventes mais utilizados são a acetona ou o
acetato de etilo.
Como mencionado anteriormente, os solventes são líquidos voláteis que
enfraquecem a carga electrostática entre as moléculas possibilitando uma maior
liberdade de movimento destas252 . Por outras palavras, diminuem a viscosidade da
resina enquanto esta se encontra em estado líquido, de forma idêntica ao monómero de
estireno. No entanto, como os solventes são produtos químicos que não participam na
reacção de cura, ficam consequentemente retidos dentro da resina curada diminuindo-
lhe as resistências química e física. Os solventes só devem ser utilizados como aditivos
se a resina for aplicada por projecção, ou seja, pulverizada no molde por pistola. Ao
pulverizar a resina, os solventes evaporam, deixando apenas a resina no molde253. Se a
resina não for aplicada por projecção, os solventes apenas devem ser utilizados para a
limpeza das ferramentas, não como aditivo.
Parafina
A parafina é um aditivo utilizado para evitar a inibição do oxigénio sobre a cura
das secções da resina expostas ao ar. O calor libertado pela reacção exotérmica derrete a
cera, permitindo a sua flutuação para a superfície, criando assim uma camada de
revestimento sobre a resina, isolando-a do oxigénio presente no ar.254
A parafina pode ser adicionada de 3 a 6% o peso da resina, sendo 3%
normalmente suficiente para evitar que a superfície da resina fique aderente devido à
inibição do oxigénio. Caso não se encontre em estado líquido mas como sólido, a
250 BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques. New York, 1967, p. 92. 251 HOLLANDER, Harry - Plastics for jewlery, London, 1974, p. 146. 252 SMALE, Claude - Creative plastics techniques, New York, 1973, p. 13. 253 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 33. 254 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 114.
62
parafina deverá ser primeiro aquecida de modo a fundir, sendo depois misturada com
monoestireno pre-aquecido (em banho-maria ou estufa) a 40-50ºC. Misturam-se os dois
componentes e deixa-se arrefecer, procedendo-se em seguida à mistura na resina.255
Denote-se que a adição de parafina na resina reduz a sua transparência.
Estabilizantes
Os aditivos, com o propósito de manter ou melhorar as propriedades químicas da
resina, denominam-se por estabilizantes. Podem ser cargas, pigmentos ou outras
substâncias, e são normalmente utilizados para diminuir a susceptibilidade da resina aos
raios UV (como o pigmento preto de carbono) 256 , para reduzir o seu grau de
inflamabilidade (asbesto, vidro moído), ou como antioxidante, promovendo um maior
tempo de vida da resina (como fenóis poliídricos).257
Reforços (e materiais auxiliares de reforço)
Os aditivos com o propósito de incrementar as resistências físicas da resina
denominam-se por reforços. São normalmente cargas de natureza fibrosa, cortadas em
pequenos filamentos ou moídas. Temos de exemplo: celulose (sisal, algodão), outros
plásticos (fibra de poliamidas), fibra de vidro, entre outros.
As substâncias fibrosas referidas também se podem encontrar reticuladas em
formato de tecido ou manta, mas neste caso já são normalmente consideradas como
materiais auxiliares à resina e não como aditivos. Estes materiais auxiliares são
normalmente impregnados com a resina, obtendo assim um composto armado de grande
resistência.
Como materiais auxiliares de reforço, a fibra de vidro é a de utilização mais
comum. Embora mais cara que algumas outras fibras, como o sisal, a fibra de vidro é
um material de preferência devido às suas boas propriedades físicas e químicas e
também pela sua facilidade de manipulação e flexibilidade.258
255 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 37-38. 256 Muitos dos pigmentos (e cargas) conferem à resina uma boa estabilização perante os raios UV e outros agentes nocivos à resina, colorindo a resina e tornando-a normalmente opaca com o processo. Alguns estabilizantes comerciais poderão manter um nível de transparência da resina (Tinuvin ou Uvinul). Ver Anexo IV - Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis, p. 114. 257 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 44, 47, 58. Como fenóis poliídricos temos de exemplo: catecol, resorcinol, hidroquinona (ou quinol), floroglucinol, entre outros. 258 BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques. New York, 1967, p. 98.
63
A fibra de vidro é um material forte que incrementa em muito as resistências
físicas da resina. É estável quimicamente, ou seja, não apodrece nem oxida. Não é
afectado pela maior parte dos ácidos (excepto ácido fluorídrico e ácido fosfórico quente)
e por álcalis fracos. É também dimensionalmente estável, não alonga nem encolhe
durante o processo de impregnação e cura da resina. Tem ainda uma excelente
resistência a elevadas temperaturas, resistindo até aos 540ºC. e não absorve
humidade.259
A fibra de vidro encontra-se disponível em vários formatos, para além dos já
referidos como carga, fibra moída260 ou cortada261 , também se encontra disponível
reticulada em formato de manta (ou MAT)262 ou de woven roving263. Existem outros
formatos de fibra de vidro reticulada (como roving ou nonwoven undirectional) mas não
serão aqui abordados.
A manta é constituída por fibras de diferentes comprimentos, aglomeradas em
vários sentidos por um material de ligação (denominado genericamente por ligante),
normalmente uma resina sintética solúvel no poliéster. Está disponível em várias
gramagens por metro quadrado, entre 225 a 1200gr, sendo as de 300 e 450gr as mais
utilizadas. A manta de 225gr, habitualmente apelidada por «véu de noiva», é também
muito utilizada pela sua maleabilidade.
O woven roving é formado por filamentos descontínuos, dispostos entre si
ortogonalmente. As gramagens variam entre 200 e 950gr o metro quadrado.264
O formato de fibra de vidro que transmite uma maior resistência física à resina é
o woven roving, seguindo-se o MAT (cerca de 40% menos resistente mas habitualmente
mais barato) e por último as cargas de fibra de vidro.265 Como o mais resistente, o
woven roving é no entanto o formato de fibra de vidro menos maleável, com maior
dificuldade de se adaptar a relevos muito acentuados.
Denote-se que os filamentos do woven roving só se encontram em dois sentidos
no espaço devido à sua estrutura ortogonal. Em grandes superfícies, de modo a conferir
ao composto armado, de resina e fibra de vidro, uma resistência omnidireccional
igualitária, deverão ser colocadas no mínimo duas camadas de woven roving, dispostas
259 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 58. 260 Ver Anexo IV - Imagem 1) Fibra de vidro moída, p. 116. 261 Ver Anexo IV - Imagem 2) Fibra de vidro cortada, p. 116. 262 Ver Anexo IV - Imagem 3) Manta de fibra de vidro em duas gramagens diferentes, p. 116. 263 Ver Anexo IV - Imagem 4) Woven roving em duas gramagens diferentes, p. 116. 264 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 39-42. 265 NEWMAN, Thelma R. - op. cit., p. 58.
64
uma sobre a outra em ângulos diferentes. O MAT, por possuir filamentos em vários
sentidos, já não apresenta as mesmas preocupações que o woven roving. No entanto, por
conceder ao composto armado menos resistência, necessitará no mínimo de três
camadas.
Como outros materiais fibrosos de reforço, podemos destacar os materiais
celulósicos como o algodão e o sisal. São materiais possivelmente menos dispendiosos
mas apresentam algumas características desvantajosas para com a fibra de vidro, como a
absorção de humidade. 266 A fibra de carbono e o kevlar267 são também materiais
passíveis de serem impregnados com a resina poliéster. Relativamente à fibra de vidro,
conferem ao composto armado uma maior resistência física mas são materiais mais
dispendiosos e com uma maleabilidade idêntica ao woven roving. É de referir que o
elevado grau de resistência que a fibra de carbono e o kevlar conferem ao composto,
não é normalmente justificável na escultura. A fibra de vidro, um material mais barato,
por si já confere uma grande resistência ao composto armado, suficiente à grande
maioria das aplicações na escultura. A fibra de carbono e o kevlar são fibras
normalmente impregnadas com um outro termoendurecível, a resina epoxi, para
aplicações industriais.
A utilização de materiais de reforço concedem ao composto armado uma textura,
cuja forma depende do reforço utilizado. O véu de noiva é o material normalmente
utilizado para acabamentos. A sua pequena gramagem torna-o flexível e de fácil
manipulação, e é o material de reforço que confere a textura mais nivelada e homogénea.
Caso a escultura tenha de suportar os agentes atmosféricos, como os raios solares, é
necessário cobrir o composto armado com uma outra camada de resina com cargas.
Mistura de aditivos na resina
A mistura de aditivos na resina é preferencialmente feita num recipiente de
polietileno ou de polipropileno, plásticos a que a resina não adere nem decompõe.268
Alternativamente poderá ser utilizado um recipiente de PET por exemplo, ao qual o
poliéster adere mas não decompõe. Não se deve utilizar nunca um recipiente de
266 BALDWIN, John - Fiberglass reinforced plastics. In Contemporary sculpture techniques. New York, 1967, p. 98. 267 Kevlar é um nome comercial para fibras de para-aramida (WARD, Gerald W. R., ed. lit. - Fiberglass. in The Grove Encyclopedia of Materials and Techniques in Art, New York, 2008, p. 221.). 268 A resina deve ser retirada dos recipientes de polietileno e de polipropileno antes de alcançar o pico exotérmico. O calor gerado pode deformar os plásticos referidos. CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 60, 62.
65
poliestireno (plástico muito utilizado em copos), uma vez que o composto da resina
decompõe este plástico. Também não é aconselhada a utilização de recipientes
metálicos devido à influência química (são normalmente aceleradores ou inibidores no
processo de cura) que estes têm para com a resina.
A ordem de mistura dos aditivos, aceleradores e catalizadores na resina é
também importante. Uma vez que a resina apenas cura com o acrescento do catalizador,
este deve ser adicionado em último lugar, fazendo-se a aplicação da resina
imediatamente a seguir. Em primeiro lugar deve-se acrescentar o acelerador e o
monómero, caso estes não venham já incluídos na resina (a dosagem inicial de
monómero deverá ter em conta o caso de ser necessária uma futura adição de monómero
para o acrescento de outros aditivos, como poderá ser necessário com a parafina).
Mistura-se o composto resina/monómero/acelerador com recurso a uma vareta, espátula
ou a ferramentas eléctricas, homogeneizando o composto. Procede-se em seguida à
colocação dos restantes aditivos, repetindo-se em seguida a mistura. Aditivos como
cargas e colorantes deverão ser doseados em pequenas porções, à medida que se vai
fazendo a mistura, até chegar às quantidades pretendidas. O composto deve ser deixado
assentar durante algum tempo, sem adicionar catalizador, de modo a permitir que as
bolhas de ar desapareçam.269
A quantidade de resina a preparar deverá ser estipulada de acordo com o
trabalho que se pretende realizar. O quanto maior for o número de misturas, maior será
a probabilidade de erro a igualar as dosagens dos diferentes aditivos. Erros nas dosagens
poderão resultar numa superfície não uniforme da escultura.
As várias resinas poliéster comercialmente disponíveis já se encontram
normalmente com o monómero e acelerador incluído. Do mesmo modo, a parafina,
cargas tixotrópicas, ou outras cargas como pó de alumínio, poderão já vir pré-
misturadas. Consultar sempre as especificações do fabricante da resina.
269 Ibid., p. 64.
66
2.1.4) Técnicas de aplicação da resina poliéster
Como mencionado anteriormente, as técnicas de aplicação da resina poliéster
resumem-se principalmente à manufactura de moldes e/ou o seu enchimento, no
revestimento de estruturas ou de moldes, ou na fabricação de compostos armados.
São técnicas muito similares às de outros materiais de plasticidade
termoendurecível, como o gesso ou o cimento, no entanto cada material apresenta as
suas próprias especificidades e preocupações. Perante os materiais termoendurecíveis
referidos, a resina poliéster é um material geralmente mais caro. No entanto, apresenta
na sua aplicação na escultura algumas vantagens como uma elevada resistência com
recurso a pouca matéria, permitindo a manufactura de esculturas com uma acentuada
leveza. Para além de uma maior liberdade formal, a resina poliéster também apresenta
uma grande versatilidade na alteração do seu aspecto perceptível, podendo permanecer
transparente ou mimetizar outros materiais como a pedra ou o metal, ou mesmo o gesso
ou o cimento, com a utilização de aditivos.
2.1.4.1) Moldes
2.1.4.1.1) Moldes para enchimento ou revestimento com resina poliéster
Os moldes para enchimento com resina de poliéster podem ser feitos de vários
materiais, como o gesso, elastómeros como silicone ou o látex, de alumínio, de
polimetacrilato de metilo, de vidro270, ou mesmo de resina e fibra de vidro.
Devido às boas propriedades de aderência da resina poliéster, é necessária a
aplicação de desmoldante no molde, como cera e álcool polivinílico (PVA), para
facilitar a posterior remoção da peça em poliéster.271 O desmoldante é aplicado com três
camadas de cera, polindo entre camadas, aplicando-se em seguida duas camadas de
PVA em spray ou por pincel.
270 No caso de moldes com materiais laminados como o vidro, podemos unir as várias secções com adesivo de silicone, obtendo um molde à prova de fugas. 271 Pedro Anjos Teixeira menciona a utilização de silicone em spray ou de cera de Carnauba como desmoldante e refere que o álcool polivinílico ataca ligeiramente o poliéster. Esta susceptibilidade da resina de poliéster ao PVA não é confirmada no resto da bibliografia utilizada nesta dissertação. (TEIXEIRA, Pedro Anjos - Tecnologias da Escultura, Sintra, 2006, p. 81.). Existem ceras desmoldantes comercialmente disponíveis como Polywax ou Fórmula 5 e o álcool polivinílico pode-se encontrar sob o nome Poly Liquid Releaser.
67
É preciso especial cuidado com os moldes feitos de materiais porosos como o
gesso. Anteriormente à aplicação de desmoldante, os materiais porosos deverão ser
devidamente secos e isolados (ou impermeabilizados) com várias camadas de um
material isolante, como o verniz goma-laca ou mesmo resina poliéster curada.
Também é necessário ter em conta na concepção do molde que a resina poliéster
contrai entre 5% a 7% durante o seu processo de cura. O desenho do molde deve prever
esta taxa de contracção de modo a não criar prisões durante a cura do poliéster. 272 Se
adicionarmos cargas ou materiais de reforço ao poliéster, a taxa de contracção reduz
para 1% ou menos.273
Caso o molde não esteja bem concebido, ou seja, o desmoldante
inadequadamente aplicado ou a contracção da resina não considerada, a resina poliéster
poderá aderir ou encontrar prisões no molde durante o seu processo de cura, resultando
em fissuras devido ao stress ou mesmo quebras na peça resultante.274
Enchimento de moldes (sem aditivos)
Sem a mistura de aditivos ou materiais de reforço, a resina permanece
transparente. Denote-se que este processo envolve normalmente a elaboração de um
volume maciço de resina sendo necessário aplicar uma percentagem menor de
catalizador para que a reacção exotérmica não danifique a resina.
O enchimento do molde com a resina deverá ser feito com um único vazamento.
Se o enchimento do molde for feito com mais do que um vazamento de resina (por
vezes necessário em moldes de grande volume), os planos de junção entre os vários
vazamentos ficarão perceptíveis, na escultura final, devido à transparência da resina.
Estes planos de secção serão menos perceptíveis se a resina for vertida no molde
quando a camada previamente vertida ainda não se encontra completamente solidificada,
ou seja, com a sua superfície ainda aderente. Deste modo, as duas camadas de resina
formam uma junção quase imperceptível, será no entanto muito difícil de apagar todos
os seus vestígios. Ao verter por fases a resina poliéster no molde é preciso especial
cuidado em misturar exactamente as mesmas proporções de resina e
acelerador/catalizador.
272 ROUKES, Nicholas - Sculpture in Plastics, New York, 1978, p. 21-22, 29. 273 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 100. 274 ROUKES, Nicholas - op. cit., p. 22.
68
Será necessário polir a resina após a retirar do molde de modo a conferir-lhe a
transparência pretendida e para apagar na superfície exterior da resina qualquer estria
resultante das junções.
Temos como exemplo desta técnica a escultura Stephen275, de Marietta Siegel,
que de modo idêntico a Ito, na escultura Sphere in Negative Space, aproveita a
transparência da resina poliéster para figurar um masculino pela sua ausência.
Encapsulamento de objectos
A transparência da resina sem aditivos permite o vislumbre dos objectos
colocados no seu interior. O encapsulamento de objectos dentro de resina poliéster foi
uma técnica muito utilizada por Arman, em esculturas como a Vénus (1970)276.
A colocação do objecto dentro da resina é feita dentro do molde, durante o seu
enchimento de resina. O molde deverá portanto ter uma abertura suficientemente grande
que permita a colocação do objecto durante o processo.
Para encapsular um objecto no interior da peça em poliéster, deve verter-se a
resina por fases no molde de modo a permitir a sua correcta colocação. Se vazarmos a
resina poliéster de uma só vez no molde, o objecto no seu interior terá a tendência de se
deslocar para as paredes do molde, sendo geralmente difícil a colocação cuidada do
objecto no sítio pretendido.
Consideremos a colocação de um objecto no centro da peça de poliéster. O
molde deverá ser enchido de resina parcialmente, até uma altura que, ao colocar o
objecto no topo deste primeiro enchimento de resina, este fique situado no centro da
peça. Em seguida verte-se uma nova porção de resina que cubra parcialmente ou
totalmente o objecto, restringindo-o no local pretendido. Verte-se mais uma camada de
resina de modo a completar o enchimento do molde.
De modo idêntico às preocupações referidas anteriormente, para que o plano de
divisão entre cada camada de resina seja o mais imperceptível possível, as porções de
resina deverão ter sempre a mesma proporção de acelerador/catalizador e também
devem ser vertidas no molde enquanto a última camada ainda se encontrar com uma
superfície aderente.
É necessário especial atenção quanto à colocação de materiais porosos na resina.
A humidade existente no material poroso poderá afectar a resina esbranquiçando-a. Para
275 Ver Anexo VI - Imagem 9) Marietta Warner Siegel, "Stephen", p. 126. 276 Ver Anexo VI - Imagem 10) Arman, "Vénus", p. 127.
69
evitar este problema, o objecto deve ser convenientemente seco ou, durante a colocação
das camadas de resina, não o cobrir inteiramente. Assim fornece-se uma fuga para a sua
humidade escapar, facilitada pelo calor da reacção exotérmica da cura da resina.277
Uma variante desta técnica consiste em revestir os objectos (e impregná-los caso
sejam porosos) com uma fina camada de resina poliéster. Nesta situação, assume-se a
forma do objecto e não a de um molde sob o qual o objecto é encapsulado (o molde será
inexistente neste caso). É uma técnica utilizada por Miguel Ângelo Rocha, na sua
escultura "Torso" (1999)278. Aqui, Rocha impregna pão com resina poliéster fazendo
uma assemblage com uma estrutura de madeira.
Revestimento de moldes (com aditivos)
A utilização de grande parte dos aditivos, como cargas ou pigmentos, envolve
normalmente um aumento da viscosidade da resina, pela adição de cargas tixotrópicas,
de modo a evitar a migração das partículas no interior da resina. O incremento da
viscosidade também facilitará o revestimento dos moldes por evitar escorrimentos. Uma
resina com a viscosidade incrementada designa-se por gel-coat.
A utilização da resina num formato de gel-coat poderá inviabilizar o
enchimento do molde como anteriormente referido. Neste caso será necessário fazer um
revestimento do molde, com uma espátula ou pincel, das paredes do molde, não um
enchimento.279
Para possibilitar a acção de revestimento, o molde deverá permitir o acesso do
escultor às suas paredes interiores. O molde deverá portanto ter uma abertura
suficientemente grande, ou ser formado por tacelos, possibilitando o seu revestimento
individual, procedendo-se em seguida à união dos resultados.
O revestimento do molde implica a estratificação (ou lay-up) de várias camadas
de diferentes naturezas. De modo idêntico ao enchimento de moldes com vários
vazamentos, cada camada de resina deverá ser aplicada sobre a camada previamente
colocada enquanto esta ainda se encontra com uma superfície aderente.
Em primeiro lugar aplica-se a referida gel-coat, com as cargas ou pigmentos
pretendidos. Branco indica que a espessura desta camada não deverá ultrapassar os
277 Ibid., p. 29. 278 Ver Anexo VI - Imagem 11) Miguel Ângelo Rocha, "Torso", p. 127. 279 Grande parte dos aditivos também torna a resina opaca. Fazer um enchimento maciço do molde, despendendo grandes quantidades de resina, seria portanto injustificável, não sendo perceptível diferença na escultura final.
70
0,5cm 280 , enquanto que Newman menciona uma espessura de 0,08cm 281 e Roukes
indica 0,95cm282.
Como primeira camada no molde, será a camada mais superficial da escultura,
conferindo-lhe a cor e aspecto atribuídos pela(s) carga(s) ou pigmento(s) adicionado(s).
Devido à presença de cargas ou pigmentos, a gel-coat confere à escultura uma boa
resistência e estabilidade perante os agentes atmosféricos, como os raios solares e os
raios UV (o grau de resistência e estabilidade conferido dependerá das cargas utilizadas).
A gel-coat também protege e omite os materiais fibrosos de reforço (a camada
especificada em seguida).
Clarke e Stroud referem que a gel-coat deverá ser aplicada rapidamente. Caso a
resina comece a curar premeditadamente, impedindo o completo revestimento do molde
(ou tacelo) de uma única vez, deve-se deixar que a camada aplicada cure o suficiente
para ser retirada. Em seguida reaplica-se a camada de desmoldante no molde e inicia-se
de novo o processo de aplicação da gel-coat.283
Poderá ser necessário aplicar, previamente à gel-coat, uma fina camada de resina,
com os mesmos aditivos mas sem cargas tixotrópicas, caso o molde possua uma textura
muito acentuada. Esta camada serve unicamente para preencher os locais do molde que
a gel-coat teria dificuldade em alcançar.
Em seguida, como reforço e estrutura, aplica-se algumas camadas de fibra de
vidro (ou outro material fibroso) impregnada em resina.
A resina, ao ser impregnada com a fibra de vidro, não deverá possuir cargas ou
outros aditivos que aumentem a sua viscosidade. O catalizador é adicionado à resina
previamente à impregnação da fibra de vidro.
Antes de se iniciar o processo de aplicação, deve-se cortar a fibra de vidro284 em
várias porções. De modo a evitar desperdícios, ou drapejamentos285 da fibra de vidro
sobre o molde, o escultor deverá considerar a forma do molde ao cortar as porções de
fibra de vidro. Ou seja, uma superfície simples (plana ou de revolução) do molde é
facilmente coberta com uma única porção de fibra de vidro, seja qual for o tamanho. Em
superfícies do molde mais complexas é usual o escultor cortar a fibra de vidro em
280 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 57. 281 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 114. 282 ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 51. 283 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 62. 284 A fibra de vidro pode ser facilmente cortada com uma tesoura. 285 Entende-se aqui por drapejamento de uma porção de fibra de vidro como dobras ou ondulações que causem sobreposições entre si dificultando uma correcta aplicação e impregnação da fibra sobre o molde.
71
pequenas porções de 4 por 4cm. As pequenas porções de fibra de vidro possibilitam
uma correcta adaptação da fibra sobre o molde. Se o molde possuir concavidades muito
acentuadas, que dificultem o acesso do escultor a estas superfícies, deve-se encher estas
concavidades com resina juntamente com carga de fibra de vidro (moída ou cortada).286
Caso a superfície sobre a qual se pretende fazer a impregnação de fibra de vidro
for muito texturada287 , aplica-se uma fina camada de resina de modo a criar uma
superfície mais lisa.
Em seguida inicia-se a aplicação da camada de resina e fibra de vidro com uma
fina camada de resina, aplicada com uma trincha. Sobre esta camada, ainda líquida e
aderente, colocam-se as porções de fibra de vidro. A resina irá impregnar parcialmente a
fibra, tornando-a mais maleável. De modo a impregnar totalmente a fibra deve-se
«bater» sobre esta com a trincha, ainda com resina. É de evitar «pincelar»288 a fibra de
vidro com a trincha, uma vez que a acção de arrastamento iria deslocar a posição da
porção de fibra de vidro colocada.
As várias porções de fibra devem ser sobrepostas entre si, de modo a conferir a
cada camada uma resistência contínua. O escultor poderá desfiar um pouco as
extremidades das porções de fibra de vidro MAT de modo a que as sobreposições não
sejam tão visíveis. As extremidades do woven roving não são tão facilmente desfiadas
como o MAT, por consequência as sobreposições do woven roving serão mais vísiveis.
Ao impregnar a fibra de vidro com a resina, deve-se ter em atenção as bolhas de
ar que por vezes se formam sob as porções do material de reforço. Através de
batimentos com a trincha, o escultor deverá retirar estas bolhas de ar.289 As porções de
fibra de vidro que não se encontrem completamente impregnadas ou contenham bolhas
de ar são visíveis ao escultor por uma coloração mais branca.290
Repete-se o processo até se cobrir o molde ou estrutura com três (ou mais)
camadas de fibra de vidro e resina poliéster. O número de camadas dependerá do nível
de resistência que se pretende conferir à escultura. Caso se pretenda fazer uma espessura
286 ARUNDELL, Jan - Exploring sculpture, London, 1971, p. 48. 287 A carga utilizada na gel-coat poderá conferir a esta camada uma textura, o mais acentuada cada vez maior seja a dimensão do granulado da carga. 288 Uma acção de arrastamento da trincha sobre a superfície. 289 A presença das bolhas de ar, para além de fragilizarem o composto armado, também poderão rebentar se o ar no seu interior dilatar com um aumento da temperatura (caso a escultura se encontre ao sol por exemplo). 290 Caso tenha sido adicionado colorante à resina utilizada para impregnar a fibra de vidro, será mais difícil detectar as bolhas de ar.
72
elevada, deve-se ter cuidado com o pico exotérmico, não devendo fazer-se mais do que
três camadas de cada vez.291
Por último, adiciona-se uma fina camada de top-coat. Top-coat é a designação
que se dá à resina com parafina e tem como única funcionalidade evitar a inibição do ar
na cura da resina.
Esta é uma técnica muito utilizada na elaboração de escultura figurativa. Temos
como exemplo o hiper-realista Duane Hanson, com esculturas como The Tourists
(1970) 292 . Hanson, mimetiza pormenorizadamente a figura humana através do
revestimento de moldes com resina poliéster e colorantes, colocando em seguida
algumas camadas de fibra de vidro impregnada como suporte. Outro exemplo é a
escultura Catedral de Rogério Timóteo293 . Embora não seja hiper-realista, Timóteo
mantém o tema da figuração humana, utilizando óxido de ferro como colorante da
resina.
Junção de partes
Se a escultura for elaborada através do revestimento individual de vários tacelos
de um molde, será necessário unir os resultados numa única peça. A união é conseguida
com uma porção de gel-coat, colocada sobre as extremidades das peças moldadas com
uma espátula. Esta porção de resina deverá ter as mesmas proporções de aditivos
(pigmentos ou cargas) e de acelerador/catalizador do que a resina usada no revestimento
do molde. Se for necessário reforço, é colocada uma camada de resina poliéster e fibra
de vidro na zona anterior da junta.
2.1.4.1.2) Manufactura de moldes em resina poliéster e fibra de vidro
A resina poliéster pode também ser utilizada para a elaboração dos próprios
moldes. Para a manufactura de moldes em resina poliéster é normalmente utilizado um
material de reforço, como a fibra de vidro. A presença do reforço confere ao molde uma
grande resistência e estabiliza dimensionalmente a resina, reduzindo o seu grau de
contracção durante a cura para 1% ou menos. Denote-se que, devido à boa resistência
291 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 46, 59-61. 292 Ver Anexo VI - Imagem 12) Duane Hanson, "The Tourists", p. 128. 293 Ver Anexo VI - Imagem 13) Rogério Timóteo, "Catedral", p. 128.
73
do composto armado, não será viável o método de molde perdido294, sendo necessário
fazer um molde por tacelos.
O objecto295 sobre o qual se vai fazer o molde em resina poliéster deverá estar
propriamente isolado (caso seja feito de um material poroso) e um desmoldante aplicado
sobre este.296
Em primeiro lugar, delimitam-se as secções do objecto sobre as quais os tacelos
do molde vão ser feitos. As secções do objecto devem estar pensadas de forma a
possibilitar a remoção dos tacelos do objecto, ou seja, evitar prisões entre o objecto e o
molde.297 O revestimento do objecto com o composto armado será feito faseadamente,
ou seja, um tacelo de cada vez.
A secção do objecto sobre a qual se vai fazer o primeiro tacelo deverá estar
delimitada com barreiras feitas de um material plástico, como o barro. As barreiras,
colocadas como planos perpendiculares ao objecto, são dispostas pela linha fronteiriça
da secção e deverão 10cm de altura.298 As barreiras servem para a resina colocada sobre
a secção, sobre a qual se pretende fazer o tacelo, não verter para as secções adjacentes.
É também de referir que, na manufactura do tacelo, deve-se cobrir com resina não só a
secção do objecto mas a barreira também. Esta porção do tacelo que cobriu a barreira,
servirá por sua vez de barreira para a manufactura da secção adjacente.299
Cada tacelo é feito, em primeiro lugar, com a aplicação de uma camada de resina
sem aditivos sobre a secção do objecto. Esta camada irá revestir todos os pormenores do
objecto. Se o objecto não possuir pormenores muito protuberantes, pode-se adicionar
cargas tixotrópicas a esta porção de resina, facilitando a sua aplicação (gel-coat). Em
294 O molde perdido consiste numa metodologia de manufactura de moldes. Este método envolve a destruição do molde, normalmente feito de gesso ou cera, de modo a possibilitar a extracção do produzido do seu interior. O molde perdido possibilita portanto apenas uma tiragem (ROSIER, Pascal - Le moulage, [Paris], 2003, p. 16.). 295 Entende-se aqui como objecto a generalidade de produtos com uma forma previamente elaborada, como por exemplo uma peça de barro modelada. Não é necessário colocar isolante e desmoldante em peças de barro caso o material ainda se encontre plástico, ou seja, não esteja seco ou cozido. 296 A aplicação de isolante e desmoldante é idêntica ao referido em "Parte II" - "2.1.4.1.1) Moldes para enchimento ou revestimento com resina poliéster", p. 66. 297 Ver Anexo IV - Imagem 5) Objecto seccionado para a elaboração do molde, p. 117. 298 Especifica-se 10cm de altura como um valor médio. Em peças de pequena dimensão poderão ser colocadas barreiras mais pequenas. No entanto, em peças de grande dimensão não existe necessidade de ultrapassar os 10cm. Ver Anexo IV - Imagem 6) Colocação de barreiras de barro sobre o objecto, p. 117. 299 Não é portanto necessário o barro como barreira de limite em comum com secções com os tacelos já executados. É preciso não esquecer a aplicação de desmoldante nestes limites dos tacelos aquando da manufactura de um tacelo da secção em contíguo.
74
seguida aplica-se pelo menos três camadas de resina e fibra de vidro, de modo idêntico
ao especificado anteriormente.300
Uma vez a resina do tacelo curada, repete-se o processo para as restantes secções
do objecto. Com todo o molde feito, fazem-se várias perfurações (com um berbequim)
nas zonas das tocelos que serviram de barreira.301 Estas perfurações possibilitarão a
união dos tacelos por recurso a meios mecânicos (parafuso e porca por exemplo)
completando assim o molde.302
2.1.4.2) Estruturas Estruturas para revestimento com resina poliéster
Uma outra técnica de aplicação da resina poliéster, tirando partido da sua
elevada aderência, consiste no revestimento de estruturas. As estruturas deverão ser
leves, possibilitando o seu deslocamento durante o processo de revestimento de modo a
que o escultor tenha acesso a todas as superfícies da estrutura. Uma estrutura leve irá
também contribuir para uma redução do peso da escultura resultante. A estrutura
também deverá ser rígida de modo a possibilitar uma correcta aplicação da resina sobre
a sua superfície.
Como resposta a estes pré-requisitos, as estruturas são normalmente feitas de
uma espuma plástica, como poliestireno expandido ou poliuretano expandido, ou feitas
em arame.
As espumas plásticas são facilmente manipuláveis formalmente por recurso a
maquinação, como se viu anteriormente com o poliestireno expandido.303 No entanto é
de ter em conta que o composto de resina dissolve o poliestireno, sendo necessário
revestir estas estruturas com pelos menos três camadas de cola branca (o mesmo já não
é necessário em estruturas de poliuretano expandido).
As estruturas de arame são facilmente construídas e modeladas na forma
pretendida. No entanto, por não possuírem uma superfície plana do mesmo modo que
uma espuma plástica, deve ser colocada sobre a estrutura uma rede (como uma rede de
galinheiro). Alternativamente, o escultor poderá cobrir a estrutura de arame com folhas
300 Ver Anexo IV - Imagem 7) Aplicação de fibra de vidro na manufactura de um tacelo do molde, p. 118. 301 Ver Anexo IV - Imagem 8) Realização das perfurações sobre os tacelos, p. 118. 302 Ibid., p. 90-93. 303 O poliuretano expandido é facilmente manipulado formalmente pelo escultor de forma idêntica ao poliestireno expandido, a grande diferença situa-se na sua maior resistência ao calor.
75
de papel embebido em cola branca, criando deste modo uma superfície sobre a qual se
possa fazer a aplicação da resina.
Revestimento de estruturas com resina poliéster
O revestimento de uma estrutura com resina poliéster envolve a aplicação de
camadas bastante semelhantes às descritas no revestimento de moldes: top-coat, gel-
coat e impregnação de fibra. A principal diferença situa-se numa alteração da ordem de
colocação das camadas, iniciando-se o processo com o composto armado de resina e
fibra de vidro e acabando com a top-coat ou gel-coat, dependendo do pretendido.
Caso a estrutura seja formada por uma superfície plana (sem aberturas como a de
arame com rede), é aconselhada a colocação, em primeiro lugar, de uma camada de
aderência. A camada de aderência consiste numa porção de gel-coat, só com as cargas
tixotrópicas, que tem como único propósito a criação de uma superfície de resina que
facilite a aderência da seguinte camada (de resina com um material de reforço) sobre a
estrutura.304
Em estruturas como as de arame e rede, sem uma superfície exterior plana, já
não será possível a aplicação de uma camada de aderência. O revestimento é feito em
primeiro lugar com a aplicação do material de reforço já embebido em resina, de modo
semelhante à aplicação de uma gaze com gesso molhada em água. A colocação do
material de reforço irá formar sobre a estrutura uma superfície que possibilite a
colocação das camadas seguintes com uma trincha ou espátula.
Após a colocação da camada de reforço, procede-se com a aplicação da gel-coat
com as cargas ou colorantes pretendidos. O escultor poderá prescindir da top-coat se
adicionar parafina à gel-coat.
Como exemplo temos a escultura Nana de Niki de Saint-Phalle.305 Utilizando
várias porções de resina com diferentes colorantes, Saint-Phalle cobre uma estrutura
previamente elaborada de arame.306
304 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 56, 59. 305 Ver Anexo VI - Imagem 14) Niki de Saint-Phalle, "Nana", p. 129. 306 RESTANY, Pierre - Le plastique dans l'art, Monte-Carlo, [1973?], p. 159.
76
2.1.4.3) Maquinação
A maquinação de plásticos termoendurecíveis rígidos, como o poliéster
insaturado polimerizado, faz-se de forma idêntica à descrita nos termoplásticos. A
principal diferença situa-se no formato do plástico expelido pela fricção da acção de
subtracção. Enquanto que nos termoplásticos o plástico que é submetido à acção de
corte ou perfuração funde e aglomera-se nas ferramentas ou nas extremidades do
plástico, os plásticos termoendurecíveis pulverizam-se. São necessários alguns cuidados
de segurança para o escultor não respirar as poeiras resultantes. A utilização de água
como refrigeração durante a acção de corte ou perfuração minimiza a quantidade de pó
libertado. O mesmo acontece no processo de abrasão com a utilização de lixas de água.
77
2.2) Outros termoendurecíveis
Poliepoxido
Geralmente conhecido por resina epóxi (ou só epóxi) é um plástico
termoendurecível utilizado na escultura como adesivo (Araldite) ou como resina de
moldar. A resina epóxi é disponibilizada em duas porções: a própria resina307 e o
endurecedor308. Quando as duas porções são misturadas, as moléculas da resina são
fragmentadas de modo a reformarem-se com o endurecedor num polímero
tridimensional, uma substância sólida.309
A resina epóxi tem aplicações e propriedades idênticas à resina poliéster: são
ambos plásticos termoendurecíveis transparentes que podem ser aplicados na
manufactura ou enchimento de moldes, em revestimentos, impregnados em fibra ou
maquinados quando curados. Os aditivos utilizados com as duas resinas são idênticos.
Embora ambas as resinas tenham uma boa resistência física e uma elevada
aderência, estas características encontram-se mais acentuadas na resina epóxi. A epóxi
também é dimensionalmente mais estável, ou seja, tem uma taxa de contracção durante
o processo de cura muito menor que a resina poliéster.
A resina epóxi tem uma elevada resistência à água e aos fungos310, no entanto é
mais susceptível à acção prolongada dos raios UV do que a resina poliéster. Enquanto
que o poliéster descolora e adquire um tom baço e amarelado, a superfície da resina
epóxi degrada-se pulverizando-se num pó fino e branco.311
Apesar de a epóxi apresentar propriedades vantajosas para com a resina poliéster,
o seu custo de obtenção é muito mais elevado. É um termoendurecível muito caro e
normalmente a sua aplicação só é justificável em esculturas que necessitem elevados
níveis de resistência.
307 A resina epóxi é obtida através da policondensação entre a epicloridrina do glicol e poliálcoois ou polifenois (COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas, [Lisboa], [1968?], p. 77.). 308 O endurecedor que provoca a cura da resina epóxi consiste em aminas alifáticas, aminas aromáticas, poliamidas ou anidridos de ácidos (DAVIM, J. Paulo – Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 47.). 309 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual, London, 1970, p. 59. 310 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 175. 311 CLARKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - op. cit., p. 59.
78
Silicone elastómero
O silicone pode ser encontrado em vários formatos: adesivo, desmoldante,
verniz isolante mas considera-se aqui o seu formato elastómero (borracha). De modo
idêntico à resina poliéster, consiste num líquido cuja cura é normalmente feita por
reacção térmica, pelo acrescento de uma pequena percentagem de endurecedor 312 .
Embora de plasticidade termoendurecível, o silicone elastómero é considerado como
um material RTV (Room Temperature Vulcanizing) 313 por possibilitar a sua
vulcanização pelo acrescento do endurecedor a temperatura ambiente. A vulcanização
consiste na cura das borrachas, de modo idêntico à polimerização dos plásticos.
Ao contrário dos plásticos orgânicos descritos até agora, o silicone é um material
inorgânico. É também um polímero, mas a sua estrutura molecular é baseada em átomos
de sílica e não de carbono. Devido à sua natureza inorgânica, os silicones têm em geral
uma maior resistência eléctrica, à água e a temperaturas elevadas (até 280ºC; alguns
tipos até 482ºC) do que os plásticos orgânicos.314
O silicone elastómero, quando curado, consiste num sólido muito flexível,
normalmente utilizado em escultura para a manufactura de moldes. A elasticidade de
um molde em silicone permite retirar peças de elevada complexidade do seu interior
facilmente.
É no entanto um material caro, de modo idêntico à epóxi. Alternativamente
poderá ser utilizado látex, uma borracha natural com aplicações semelhantes, mas
menos resistente e duradouro.
Poliuretano
O poliuretano é um plástico termoendurecível, opaco e amarelo, que poderá estar
disponível como resina de moldar ou como espuma, rígido ou flexível. É um plástico
com uma boa resistência química e física, é leve315 e adquire bem os pormenores do
molde. É um plástico habitualmente usado na escultura para enchimento de moldes ou
no seu formato de espuma, no entanto é mais caro que a resina poliéster e a sua
opacidade poderá ser considerada inconveniente.
312 Os endurecedores do silicone podem ser naftenato de cobalto, octoato de zinco, trietanolamina ou outras aminas terciárias (DAVIM, J. Paulo – Tecnologia dos materiais plásticos, Lisboa, 1998, p. 48.). 313 MILLS, John - RTV. In Encyclopedia of sculpture, London, 2005, p. 184. 314 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Silicones. In Materials handbook, London, 2002, p. 851-852. 315 BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Urethanes. In Materials handbook, London, 2002, p. 999.
79
3) Reciclagem de plásticos
Como mencionado anteriormente, a reciclagem permite ao escultor o acesso a
uma fonte inesgotável de matéria sem custo. No entanto a reciclagem apresenta para o
escultor algumas dificuldades na obtenção dos plásticos.
Dificuldades na obtenção de plásticos
Pode-se resumir as dificuldades de obtenção de plásticos por via da reciclagem
em três factores: na identificação dos plásticos obtidos, na obtenção da quantidade
pretendida de um tipo de plástico, e na higienização dos plásticos obtidos.
A identificação dos plásticos obtidos pode ser feita observando a simbologia
muitas vezes impressa no produto de plástico. Esta simbologia316 foi adoptada como
resposta a uma preocupação ambiental relativa aos desperdícios de uma produção
massificada de produtos de plástico. No entanto, o símbolo poderá não estar presente no
produto de plástico obtido. Sem simbologia e sem recorrer a testes laboratoriais, a
identificação criteriosa de um plástico é quase impossível. O escultor poderá no entanto
conseguir reconhecer aproximadamente os tipos de plásticos mais comuns através de
alguns testes simples, descritos em anexo317, e/ou através da observação de algumas das
propriedades perceptíveis dos plástico, como a sua transparência.318 É de menção que
estes métodos de identificação dos plásticos não são infalíveis, uma vez que um variado
número de plásticos poderá apresentar propriedades semelhantes e porque os testes
descritos só possibilitam a identificação de alguns plásticos (nomeadamente os
termoplásticos mais comuns) ignorando os plásticos com aditivos cargas.
Uma outra dificuldade da reciclagem é a obtenção da quantidade desejada do
plástico pretendido. Enquanto que na compra de pré-fabricados o escultor tem acesso às
quantidades e tipos de plástico desejados, com o único inconveniente do custo, na
obtenção de plásticos por via da reciclagem, o escultor está condicionado pela
quantidade do plástico que encontra, podendo demorar algum tempo a conseguir o
desejado. É também de menção o formato dos plásticos obtidos por via da reciclagem,
sendo estes muitas vezes produtos já transformados de pequena dimensão, o que
constringirá as técnicas que o escultor possa aplicar aos plásticos obtidos. A obtenção,
316 Ver Anexo V – Tabela 1) Simbologia de identificação de plásticos recicláveis, p. 119. 317 Ver Anexo V – Diagrama 1) Um método simples para a identificação de plásticos comuns, p. 121. 318 Ver Anexo II – Tabela 1) Propriedades dos plásticos, p. 96.
80
por exemplo, de laminados incólumes de termoplástico com tamanho suficiente para
permitir a sua termoformação por vácuo é bastante difícil (para não dizer improvável).
Por último, é necessário um cuidado acrescido com a higiene na utilização dos
plásticos obtidos. Muitos dos produtos de plástico, a que o escultor tem acesso por via
da reciclagem, podem ter sido utilizados como recipientes de comida, por exemplo, o
que implicará a necessidade de uma lavagem, e se possível uma desinfecção, dos
produtos obtidos. Corre-se o risco de, para além de entrar em contacto com possíveis
agentes nocivos à saúde, a escultura final, obtida através da transformação de plásticos
reciclados, ficar com um cheiro desagradável ou mesmo com fungos.
Plásticos obtidos e respectivas técnicas de reciclagem
Grande parte dos produtos industriais passíveis de serem obtidos pelo escultor
para fins de reciclagem são produtos feitos de termoplásticos. Estes produtos consistem
por exemplo em recipientes, garrafas, têxteis, brinquedos, partes de electrodomésticos
ou de outros aparelhos, utensílios (particularmente os descartáveis), embalagens ou
caixas, canalizações, entre outros. Os plásticos termoendurecíveis, embora também
sejam utilizados em produtos moldados, são mais recorrentes na sua utilização em tintas,
adesivos, impermeabilizantes, ou seja, materiais de revestimento, o que dificulta a sua
recuperação para fins de reciclagem.
A nível da reciclagem, os termoendurecíveis apresentam alguns problemas
acrescidos por não possibilitarem a sua modelação por calor ou por solventes uma vez
polimerizados. A única forma de reciclar um termoendurecível (ignorando aqui técnicas
como construção ou ready-made) será pulverizá-lo podendo assim utilizá-lo como
aditivo carga a um outro termoendurecível por polimerizar.319
Os termoplásticos por sua vez, por permitirem a sua modelação por calor ou
solventes, são mais facilmente reaproveitados pelo escultor. No entanto, o formato dos
produtos obtidos poderá limitar as técnicas de reciclagem a técnicas como a modelação
livre (recorrendo a molde) ou a fundição por calor ou por solventes.
319 RISSON, Patrícia [et.al.] - Reaproveitamento de resíduos de laminados de fibra de vidro na confecção de placas reforçadas de resina poliéster. Polímeros, São Carlos, Nº8 (1998) p. 84-92. Neste artigo, Risson descreve um ensaio onde fabricou um laminado de resina poliéster (por pistola ou spray-up) com carga obtida através da pulverização de um outro laminado de poliéster reforçado a fibra de vidro. Concluiu que o laminado obtido possuía uma maior resistência à tensão mas também menor resistência ao impacto e à flexão do que o laminado reforçado a fibra de vidro.
81
4) Toxicidade e segurança
A manipulação dos plásticos poderá ser nociva para a saúde do escultor sendo
necessário algumas medidas de prevenção e segurança.
Toxicidade dos termoplásticos
Os termoplásticos polimerizados, em estado sólido, não apresentam nenhum
perigo de toxicidade. No entanto, é necessário algum cuidado na sua manipulação,
particularmente quando submetidos a calor ou a maquinação.
Quando se submete um plástico a calor, é necessário evitar a atribuição de calor
excessiva, podendo deste modo decompor o plástico. A decomposição de materiais
orgânicos, como os plásticos, por calor excessivo denomina-se por pirólise. Da pirólise
dos termoplásticos resultará a libertação de gases nocivos. Os gases resultantes da
pirólise de plásticos que contenham cloro (PVC) ou flúor (PTFE) são particularmente
nocivos.320
Como materiais orgânicos, grande parte dos plásticos são inflamáveis,
nomeadamente os celulósicos, como a nitrocelulose ou o nitrato de celulose (podendo a
nitrocelulose ser explosiva quando em contacto com uma chama). Da combustão dos
plásticos resultam, do mesmo modo, gases tóxicos.
Da maquinação dos termoplásticos poderão resultar poeiras, as quais se deve
evitar inalar.
Toxicidade dos termoendurecíveis
Os cuidados referidos para com os termoplásticos também se aplicam para com
os termoendurecíveis. No entanto são necessários alguns cuidados adicionais com os
agentes de cura, aditivos e com o plástico ainda por polimerizar.
Termoendurecíveis como o poliéster insaturado, silicone ou epóxi não são
tóxicos enquanto ainda não se encontram polimerizados, deve-se no entanto evitar uma
exposição contínua, particularmente com o poliéster insaturado devido à presença do
monómero. Escultores alérgicos à resina (ou aos agentes de cura ou aditivos) deverão
evitar qualquer tipo de contacto/exposição.321
320 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 36-41. 321 Alguns termoendurecíveis, não abordados nesta dissertação, como os fenólicos, alquídicos (poliéster insaturado não incluído) e aminoplásticos são tóxicos previamente à sua cura.
82
Serão também necessários alguns cuidados com os agentes de cura e aditivos.
Relativamente ao poliéster insaturado, os seus agentes de cura como os catalizadores,
aceleradores e inibidores, juntamente com os monómeros, solventes e alguns
desmoldantes são altamente inflamáveis. Alguns catalizadores (como o peróxido MEK),
solventes e monómeros são susceptíveis ao choque, correndo o risco de explosão.
Nunca misturar o acelerador e o catalizador directamente, ou seja, fora do composto da
resina. A reacção entre as duas substâncias é muito violenta e pode resultar facilmente
em explosão.322 O mesmo acontece no contacto directo do catalizador com ácidos ou
alcalinos fortes ou compostos de enxofre.
O escultor deverá também evitar o contacto com a pele e a inalação dos vapores
ou partículas dos catalizadores, monómeros, fibra de vidro e cargas ou pigmentos
metálicos. O contacto do monómero com a pele poderá causar irritação ou inflamação.
Os vapores, resultantes da evaporação do monoestireno ou do monómero de
polimetracrilato de metilo são prejudiciais provocando irritação no nariz, boca e olhos.
Os catalizadores são substâncias altamente oxidantes, podendo causar queimaduras no
contacto com a pele ou mesmo cegueira no contacto com os olhos. Os vapores
libertados pelos catalizadores também são de evitar. As cargas ou pigmentos metálicos
são geralmente tóxicos quando inalados ou ingeridos. O contacto intermitente na pele
entre as substâncias metálicas e o catalizador poderá causar graves queimaduras
subcutâneas. A fibra de vidro causa comichões e «picadas» ao entrar em contacto com a
pele, embora desconfortável não é prejudicial. No entanto é de evitar inalar a fibra de
vidro (especial atenção na utilização de fibra de vidro como carga ou nas poeiras
resultantes do polimento de uma escultura feita de resina reforçada a fibra de vidro)
podendo causar graves problemas no sistema respiratório. O pó da resina poliéster
resultante do seu polimento gera complicações idênticas.323
É também de referir que as aminas, agentes de cura da resina epóxi, são
cáusticas causando graves danos na pele.324
322 Mistura-se sempre uma substância de cada vez na resina: em primeiro lugar o acelerador e depois o catalizador. Não colocar uma peça de resina poliéster em inicio de polimerização (pela adição de catalizador) no forno, o resultado poderá ser explosivo (ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics, New York, 1978, p. 27) 323 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 47-54. 324 NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, London, 1972, p. 33.
83
Medidas de segurança
De modo a evitar a inalação e contacto com as substâncias referidas e
respectivos vapores, o escultor deverá preparar o espaço de trabalho e usar protecção
própria antes de começar a trabalhar com os plásticos.
O espaço, onde se pretende fazer a manipulação dos plásticos, deverá ser bem
ventilado e afastado das zonas de trabalho ou de vivência de outras pessoas. Na
utilização de termoendurecíveis é também aconselhado cobrir todas as superfícies de
trabalho com jornal ou plástico (película) e usar utensílios (como varetas ou recipientes)
descartáveis. Deste modo serão mais fáceis as operações de limpeza. O espaço deverá
permanecer bem limpo de qualquer substância vertida e o lixo retirado regularmente.
Após a abrasão ou polimento dos plásticos deve-se aspirar o espaço de trabalho. É
também aconselhado possuir, com fácil acesso, um extintor de pó químico. Não fumar,
nem fazer chamas ou faíscas perto da área de trabalho. Guardar qualquer substância
química num espaço bem fechado, longe de qualquer fonte de combustão, comida e fora
do acesso de crianças.325
Como protecção própria o escultor deverá utilizar luvas de borracha resistentes
aos solventes e monómeros. Na utilização de produtos que libertem vapores nocivos
deverá ser utilizada uma máscara de gás, juntamente com óculos protectores caso os
olhos não sejam abrangidos pela máscara. No polimento de superfícies, ou outras acções
que gerem poeira, o escultor poderá utilizar equipamento de protecção facial idêntico ao
descrito ou, alternativamente, utilizar uma máscara de gaze (ou idênticas) e uma
máscara facial de plástico transparente. O corpo deverá ser protegido com um fato-
macaco ou com uma outra roupa que cubra todo o corpo ao mesmo tempo que
possibilita uma liberdade de movimentos.
Primeiros socorros
Em caso de contacto das substâncias nocivas referidas com a pele deve-se lavar
imediatamente as zonas atingidas com água quente e sabão. Se o catalizador entrar em
contacto com os olhos, é necessário lavar imediatamente com água corrente ou uma
325 PADOVANO, Anthony - Six: Plastics. In The process of sculpture, New York, 1981, p. 289.
84
solução aquosa de bicarbonato de sódio a 2% e de ácido ascórbico a 10%.326 Consultar
um médico. 327
326 O escultor deverá ter fácil acesso a um estojo de primeiros socorros. O estojo deverá incluir as soluções indicadas. 327 BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro, Lisboa, 1981, p. 50, 54.
85
Conclusão
Em apenas um século, os plásticos adquiriram uma presença de relevo na
escultura. O seu surgimento permitiu um novo médium de trabalho para os escultores,
com novas aplicações e consequentemente novas possibilidades.
Não se pretende aqui defender uma substituição das outras matérias na escultura
pelos plásticos. Cada matéria transmite à escultura que corporaliza os seus próprios
valores inerentes, dependendo da forma como tenha sido aplicada. O mesmo sucede
com os plásticos.
No entanto, a utilização dos plásticos não é por vezes bem aceite por parte dos
escultores. Como se observou, a necessidade de medidas de segurança em resposta à
toxicidade gerada pela manipulação dos plásticos poderá causar algum desconforto.
Factores como: a utilização de luvas, máscaras e roupa de protecção, de modo a evitar
qualquer contacto com as substâncias utilizadas ou a inalação dos vapores resultantes; a
necessidade de conciliar um controlo de temperatura e humidade com uma ventilação
adequada no espaço de trabalho; tempos de trabalho breves, que requerem um grande
tempo de preparação; e os cuidados a ter com a inflamabilidade das substâncias,
poderão ter como consequência um sentimento de afastamento do escultor para com o
material de trabalho.
Não obstante as medidas de segurança, os plásticos não deixam de ser um
material de aplicação bastante versátil na escultura. A sua elevada resistência de acordo
com uma acentuada leveza, concedem à escultura uma grande liberdade formal. Esta
liberdade formal, conciliada com a capacidade de junção de aditivos (permitindo ao
plástico simular outros materiais ou adquirir uma vasta gama de cores), ou conciliada
com a sua transparência (possibilitando manipular o comportamento da luz ou a
percepção do espaço), concede ao plástico uma grande polivalência na sua
aplicabilidade na escultura.
Mesmo apresentando-se como um médium com grandes possibilidades de
aplicação, a presença do plástico na escultura portuguesa tem sido bastante esporádica,
com uma bibliografia portuguesa de referência ainda mais ausente. Em exposições ou
catálogos, na própria legendagem das esculturas, caso esteja presente, deparamo-nos
muitas vezes com a simples referência de "plástico" ou "resina". A quase total ausência
de bibliografia portuguesa, paralelamente a uma legendagem normalmente insuficiente,
86
resulta num total desconhecimento, por parte do observador, do plástico e método
utilizado.
Num panorama contemporâneo, o conhecimento do método e técnica de
aplicação do material por parte do escultor já não se apresenta como factor primário na
elaboração de uma escultura. As marcas da manipulação por parte do escultor, o dito
"talento" num sentido manual, é actualmente tido como um factor de importância
paralela, ou mesmo subjacente, a uma acção de projecção da escultura. Resumindo, a
acção de projectar a forma e/ou conceito de uma escultura tomou possivelmente maior
relevo do que a acção de elaboração da própria forma da escultura.
No entanto, nem todos os escultores seguem esta tendência. A elaboração da
escultura pelo próprio é ainda tida como uma atitude de preferência para muitos
escultores, sendo portanto necessário um conhecimento técnico de aplicação do material.
Escultores que dêem uma maior relevância à acção de projecção da escultura,
necessitam de acesso, ou disponibilidade financeira, a meios de encomenda a terceiros.
Sem estes meios, estes escultores são sujeitados a fazer as suas próprias esculturas,
criando assim, igualmente, a necessidade de um conhecimento técnico de aplicação dos
plásticos. Mesmo com acesso a meios de encomenda, um escultor com este
conhecimento técnico terá uma maior noção das capacidades e limites do plástico,
auxiliando-o na sua acção de projecção.
Uma bibliografia portuguesa escassa relativa ao assunto em questão, irá
promover uma ignorância por parte do escultor relativamente à aplicabilidade técnica
dos plásticos. Desconhecendo os métodos de aplicação dos plásticos, o escultor irá
ponderar a utilização de outros materiais em alternativa ou mesmo nem considerar a
utilização do plástico para a realização da sua escultura.
Através de uma definição do plástico e uma descrição das suas técnicas de
aplicação, espera-se fornecer ao escultor um entendimento sobre o material de modo a
fomentar a sua utilização na escultura portuguesa.
Deseja-se aqui, não só transparecer a importância da aplicabilidade técnica dos
plásticos, como também incentivar a futura realização de literatura académica referente
aos plásticos na escultura.
Com um tema tão abrangente como o aqui abordado, é de reconhecer que muito
ficou por referir. Numa tentativa de abordar a grande generalidade das técnicas de
aplicação dos plásticos, pecou-se num aprofundamento das descrições. Plásticos como o
87
poliuretano, a epóxi ou o elastómero silicone são materiais também muito utilizados na
escultura que requerem uma descrição mais desenvolvida.
Também seria de relevância o estudo da escultura portuguesa em plásticos.
Embora não muito frequente, uma inventariação do existente e entrevistas com os
respectivos escultores seria de grande importância para um entendimento do estado da
escultura portuguesa actual.
A descrição dos métodos industriais de utilização dos plásticos é do mesmo
modo importante. Seja por meios de encomenda ou pelo acesso do escultor ao
equipamento especializado, estes métodos também são de possível aplicação na
escultura.
O aproveitamento de objectos de plástico resultantes de uma produção industrial
em série também poderá ser relevante para a escultura a nível conceptual. Como
material de presença constante nas nossas vidas diárias, o escultor poderá conferir ao
plástico uma carga simbólica, fazendo, por exemplo, um paralelo entre a produção em
série de produtos de plástico com uma atitude contemporânea de consumo e desperdício
massificado.
O grande número de plásticos e aditivos, juntamente com uma variada
aplicabilidade, concedem ao escultor uma grande possibilidade de experimentação. Esta
experimentação, que poderá dar azo à realização de esculturas únicas e irreproduzíveis,
também seria significante abordar.
Espera-se que a presente dissertação seja útil a possíveis interessados na matéria,
como também incentive um aprofundamento do estudo do tema em questão.
88
Bibliografia Geral
BALDWIN, John - Fiberglass Reinforced Plastics. In Contemporary sculpture techniques: welded metal and fiberglass. New York: Van Nostrand Reinhold Company, 1967. ISBN 0442112076
BRANCO, Victor - Poliéster reforçado a fibra de vidro: outras aplicações dos poliésteres - guia prático. Lisboa: Luis Falcão Simões de Carvalho, 1981.
CLARKE, Geoffrey; CORNOCK, Stroud - Plastics. In A sculptor's manual. London: Studio Vista, 1970. ISBN 0289370205
COUTAREL, Lionel - As matérias plásticas. Tradução de Raquel Vieira. [Lisboa]: Estúdios Cor, [1968?].
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RESTANY, Pierre - Le plastique dans l'art. Monte-Carlo: Éditions André Sauret, [1973?].
ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics. 2ª ed. New York: Watson-Guptill Publications, 1978. ISBN 0-273-25205-4
SMALE, Claude - Creative plastics techniques. New York: Van Nostrand Company, 1973. ISBN 0 442 29952 4
WEISS, Alex - Plastics for modellers. Swanley: Nexus Special Interests, 1998. ISBN 1-85486-170-0
Complementar
ARUNDELL, Jean - Exploring sculpture. London: Mills & Boon, 1971. ISBN 0 263.51 592.3
CALLAPEZ, Maria Elvira - Os plásticos em portugal: a origem da indústria transformadora. Lisboa: Editorial Estampa, 2000. ISBN 972-33-1611-0
CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering. 3ªed. London: Butterworth Heinemann, 2002. ISBN 0 7506 3764 1
CRUZ, A. Sorroche; VIDIGAL, António; BRANCO, Cristina; VALDIVIESO, Fernando M. - Fundição com modelo perdido. Lisboa: Faculdade de Belas Artes da
89
Universidade de Lisboa; Escola Superior de Tecnologia, Gestão, Arte e Design das Caldas da Rainha, 2002. ISBN 972-98505-5-0 DAVIM, J. Paulo - Tecnologia dos materiais plásticos. Lisboa: Universidade Aberta, 1998. ISBN 972-674-266-8 HOLLANDER, Harry - Plastics for jewlery. London: Pitman Publishing, 1974. ISBN 0-8230-4027-5 KATZ, Silvia - Classic plastics. London: Thames and Hudson, 1984. MARGOLIS, James M. [et.al.] - Engineering plastics handbook. Montreal: McGraw-Hill Handbooks, 2006. ISBN 0-07-158910-4
MICHAELI, Walter; GREIF, Helmut; KAUFMANN, Hans; VOSSEBURGER, Franz-Josef - Tecnologia dos plásticos. Tradução de Christian Dihlmann. Florianópolis: Edgard Blücher, 1995. ISBN 85-212-0009-9.
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ROSIER, Pascal - Le moulage. [Paris]: Dessain et Tolra, 2003. ISBN 2-04-021842-4
RUDEL, Jean - Chapitre II: Les matiéres plastiques synthétiques. In Technique de la sculpture. Paris: Presses Universitaires de France, 1980. ISBN 2 13 035949 3
TEIXEIRA, Pedro Anjos - Tecnologias da escultura. Sintra: Camara Municipal de Sintra, 2006. ISBN 972-8875-22-3
Catálogos
CASTRO, Lourdes; FERNANDES, João; ROSA, Manuel - À luz da sombra. Porto: Fundação Serralves; Assírio & Alvim, 2010. ISBN (Fundação Serralves) 978-972-739-235-3; ISBN (Assírio & Alvim) 978-972-37-1485-2 SILVA, Raquel H.; CANDEIAS, A. Filipa; RUIVO, Ana - 50 anos de Arte portuguesa. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian; Serviço de Belas-Artes; Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão, 2007. ISBN 978-972-678-043-4
TIMÓTEO, Rogério - O Sagrado e o Profano. Lisboa: Museu Arqueológico do
Carmo, 2012.
90
Periódicos
CRUZ, A Sorroche [et.al.] - Técnicas en fundición: materiales tradicionales vs actuales. Fundi press: revista de la fundiciòn. Amorebieta. Pedeca press. ISSN 1888-444x. Nº34 (2011) p.51-58
GIGANTE, Bárbara - Resinas naturais. Conservar património. Lisboa. Associação Profissional de Conservadores-Restauradores de Portugal. ISSN 1646-043x. Nº1 (2005) p.33-46
RISSON, Patrícia [et.al.] - Reaproveitamento de resíduos de laminados de fibra de vidro na confecção de placas reforçadas de resina poliéster. Polímeros. São Carlos. Universidade de Caxias do Sul. ISSN 0104-1428. vol.8 (1998) p.89-92
Documentos em linha
PLASTICS SA - The plastic identification code [Em linha]. [Consult. 21 Mar. 2013]. Disponível em WWW: <URL: http://www.plasticsinfo.co.za/images/2185.pdf>
TWI Ltd.- Hot gas welding of plastics: Part 1 - the basics [Em linha]. Cambridge, 2013. [Consult. 15 Jun. 2013]. Disponível em WWW: <URL: http://www.twi.co.uk/technical-knowledge/job-knowledge/hot-gas-welding-of-plastics-part-1-the-basics-056/>
Referência
BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Materials handbook. 15ª ed. London: McGraw-Hill Handbooks, 2002. ISBN 978-0071360760
DUBY, Georges, ed. lit.; DAVAL, Jean-Luc, ed. lit. - Sculpture, from renaissance to the present day. Köln: Taschen, 2006. ISBN 978-3-8228-5080-0.
FONTINHA, Rodrigo – Novo dicionário etimológico da língua portuguesa. Porto: Domingos Barreira, [196?].
MILLS, John - Encyclopedia of sculpture. London: B. T. Batsford, 2005. ISBN 9780713489309
WARD, W. R. Gerald, ed. lit. - The grove encyclopedia of materials and techniques in art. New York: Oxford University Press, 2008. ISBN 978-0-19-531391-8
91
Anexos
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Anexo I – Polímeros Diagrama 1) Zonas cristalinas numa rede amorfa: Fonte: COUTAREL, Lionel - As Matérias Plásticas, p.29. Adaptado pelo autor. Diagrama 2) Polímero elastómero sobre tensão de alongamento: Fonte: COUTAREL, Lionel - As Matérias Plásticas, p.30. Adaptado pelo autor.
Zona cristalina
Zona amorfa
1. Polímero elastómero em repouso: estrutura amorfa.
3. Polímero sobre tensão de alongamento: estrutura com uma acentuada taxa de cristalinidade.
2. Inicio de tensão de alongamento: reestruturação do polímero.
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Anexo 1 – Polímeros (continuação) Diagrama 3) Exemplo de polimerização por adição: Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p. 11. Traduzido e adaptado pelo autor. Diagrama 4) Exemplo de polimerização por condensação: Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p. 11. Traduzido e adaptado pelo autor. Diagrama 5) Alguns polímeros por adição: Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p. 12. Traduzido e adaptado pelo autor.
Anel de benzeno
Monómero Polímero
Etileno:
Cloreto de vinilio:
Estireno (vinil-benzeno):
Propileno:
Metacrilato:
Polietileno:
Cloreto de polivinilio:
Poliestireno:
Polipropileno:
Polimetacrilato de metilo:
Carbono
Hidrogénio
Oxigénio
Cloro
Etileno C2H4
(monómero) Polietileno (C2H4)n
(polímero)
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
H
H
C
O C N
N
H
H
H
H
+ O C H
H H2O +
H
N
O
C
H
N
H
H
C +
Ureia Formaldeído Água e Resina Ureia-Formaldeído
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Anexo 1 – Polímeros (continuação) Diagrama 6) Termoplásticos: Fonte: BALDWIN, John - Contemporary Sculpture Techniques - Welded metal and fiberglass, p. 75. Traduzido e adaptado pelo autor. Diagrama 7) Termoendurecíveis: Fonte: BALDWIN, John - Contemporary Sculpture Techniques - Welded metal and fiberglass, p. 75. Traduzido e adaptado pelo autor.
1. Cadeia de moléculas de termoplástico em descanso a temperatura ambiente. O plástico permanece rígido e conserva a sua forma;
2. Se aquecido, as moléculas tornam-se activas. O plástico é suave e maleável;
3. Arrefecido a temperatura ambiente, o plástico mantém a sua nova forma. O processo de aquecer, formar e arrefecer pode ser repetido inúmeras vezes.
1. Moléculas entrelaçadas são capazes de se encadear se sujeitadas a calor, pressão ou catalizador;
2. Moléculas encadeadas formam uma estrutura permanente tridimensional que não retomará a um estado mole ou liquido se expostas a calor ou pressão mais uma vez.
95
Anexo 1 – Polímeros (continuação) Diagrama 8) Poliéster e monoestireno previamente à polimerização (cadeias lineares –
material em estado líquido): Fonte: BRANCO, Victor - Poliéster Reforçado a Fibra de Vidro, p. 16. Diagrama 9) Poliéster e monoestireno após a polimerização (polímero tridimensional -
material em estado sólido): Fonte: BRANCO, Victor - Poliéster Reforçado a Fibra de Vidro, p. 17. Tabela 1) Regime de maturação da resina poliéster:
Fonte: BRANCO, Victor - Poliéster Reforçado a Fibra de Vidro, p. 26. Adaptado pelo autor.
Período de maturação Temperatura (ºC) Uso geral
(2-3% de monoestireno livre) Resistência química
(1-1.5% de monoestireno livre) 80 4 horas 8 horas 70 6 horas 12 horas 60 10 horas 20 horas 50 16 horas 32 horas 40 30 horas 60 horas
25 (temp. ambiente)
2-3 semanas não recomendado
poliéster
poliéster
monoestireno
poliéster
poliéster
monoestireno
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Anexo II – Propriedades dos plásticos Tabela 1) Propriedades dos plásticos:
1 Medida de proporção de densidade entre a matéria e a água. Se uma matéria for mais densa que a água, esta afundar-se-á nela. Inversamente, a matéria flutua se tiver uma densidade menor que a água.
Propriedades dos plásticos
Alongamento quando esticado
Densidade relativa1
Qualidades de moldagem
Ponto de amolecimento
(ºC)
Qualidades de maquinação
Polietileno HD 50-500% 0,96 B 120-130 E
Polietileno LD 100-600% 0,91 E 85-87 R
PVC rígido 2-40% 1,30 R 82 E
PVC flexível - 1,30 R - -
Poliestireno 1.0-2.0% 1,05 B 80-100 R-B
Polimetacrilato de metilo
3-10% 1,20 E 80-100 E
ABS 350-600% 1,01 B 85 B-E
Acetato de Celulose
6-70% 1,25 E 70 E
Polipropileno 50-500% 0,90 E 150 E
Poliamidas 80-300% 1,13 E Derrete a 200-250
E
PTFE 200-600% 2,10 B Derrete a 290-300
E
Poliacetal 15-75% 1,43 E 175 E
Policarbonato 100% 1,20 E 125 E
Resinas PF 1.0-1.5% 1,30 B com carga - B com carga
Resinas UF 0.5-1.0% 1,50 R - R
Poliéster - 1,20 / 2,06 - - -
Epóxi 5-10% 2,0 B - Rígido-B Fléxivel-P
Poliuretano 20-500% 1,15 - 150-185 -
Legenda Abreviaturas E Excelente HD Alta densidade ABS Acrilonitrila butadieno estireno B Bom LD Baixa densidade PF Fenol-formaldeído R Razoável PVC Cloreto de polivinilo UF Ureia-formaldeído P Pobre PTFE Politetrafluoretileno
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Anexo II – Propriedades dos plásticos (continuação) Tabela 1) Propriedades dos plásticos (continuação):
Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p.112-3 (excepto propriedades do policarbonato: MARGOLLS, James M. (ed.) - Engineering Plastics Handbook, p.327-328 / BRADY, George S., CLAUSER, Henry R., VACCARI, John A. - Policarbonate. In Materials handbook, p. 737. / CRAWFORD, Roy J. - Plastics engineering, third edition, p. 22, 31.). Traduzido e adaptado pelo autor.
Propriedades dos plásticos
Velocidade de combustão
Transparência Efeitos da luz solar
Polietileno HD Muito lenta Tr
Polietileno LD Muito lenta Tr - O
Fissuração e alguma degradação excepto quando se adiciona
colorante escuro
PVC rígido Auto-extinguível Tr - O
PVC flexível Auto-extinguível Tr - O Ligeira descoloração
Poliestireno Lenta T Amarela muito
Polimetacrilato de metilo
Lenta Muito T Virtualmente nenhum
ABS Lenta Tr - O Pode amarelar
Acetato de Celulose Lenta Muito T Muito ligeiros
Polipropileno Lenta O Algum efeito excepto quando se
adiciona colorante escuro
Poliamidas Auto-extinguível Tr - O Descolora
PTFE Nenhuma Tr Nenhum
Poliacetal Lenta Tr Descolora ligeiramente
Policarbonato Lenta T Virtualmente nenhum
Resinas PF Muito baixa Tr - O Escurece
Resinas UF Auto-extinguível Tr - O Escurece
Poliéster Muito baixa T Amarela
Epóxi Lenta T Liberta um pó branco
Poliuretano Lenta T -
Legenda Abreviaturas T Transparente HD Alta densidade ABS Acrilonitrila butadieno estireno Tr Translúcido LD Baixa densidade PF Fenol-formaldeído O Opaco PVC Cloreto de polivinilo UF Ureia-formaldeído PTFE Politetrafluoretileno
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Anexo II – Propriedades dos plásticos (continuação) Tabela 2) Resistência química dos plásticos:
* O grau da degradação varia entre completa dissolução a amolecimento ligeiro, dilatação ou descoloração e poderá variar com a temperatura. Sempre amostras de teste a uma temperatura de 20º. Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p.111. Traduzido e adaptado pelo autor.
Resistência química dos plásticos
Álc
oois
sup
erio
res
Álc
oois
Ést
eres
Aro
mát
icos
Hid
roca
rbon
etos
cl
orad
os
Cet
onas
Par
afin
as
Áci
dos
dilu
ídos
Áci
dos
conc
entr
ados
Álc
alis
dil
uído
s
Álc
alis
for
tes
Det
erge
ntes
Gor
dura
/ Ó
leo
Polietileno HD B B R R R E E E B E E E E
Polietileno LD B B R P P R R E B E E R B
PVC rígido E E R R R R B E E E E E E
PVC flexível R R R R P R R E E B B R E
Poliestireno R R P P P R B B B E E B B
Polimetacrilato de metilo Pobre com fissuração B E R E E E E
ABS E E R R R R E E P E E E B
Acetato de Celulose E R R R R R E B P B R E E
Polipropileno E E R P P B R E B E E E E
Poliamidas R-B. Alguns tipos afectados. B B P B B B E
PTFE E E E E E E E E E E E E E
Poliacetal E E E E B B B R P E E B -
Resinas PF E E E E E B E R R R P B E
Resinas UF E E E E E E E R P R P E E
Poliéster E E E B B B E B E-R B P E E
Epóxi E E E B B B E B B E B E E
Poliuretano E E E E R R E B P B B E E
Legenda* Abreviaturas E Excelente HD Alta densidade ABS Acrilonitrila butadieno estireno B Bom LD Baixa densidade PF Fenol-formaldeído R Razoável PVC Cloreto de polivinilo UF Ureia-formaldeído P Pobre PTFE Politetrafluoretileno
99
Anexo II – Propriedades dos plásticos (continuação) Tabela 3) Propriedades das espumas plásticas:
Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p.114. Traduzido e adaptado pelo autor. Tabela 4) Resistência química das espumas plásticas:
Resistência química das
espumas plásticas
Poliestireno expandido
Poliuretano expandido
Espuma de PVC plastificado
Espuma de polietileno
Ácidos concentrados
Quente: pobre Frio: bom
Pobre Quente: pobre
Frio: bom Razoável
Ácidos diluídos Excelente Bom Bom Excelente
Álcalis Excelente Bom Bom Excelente
Álcoois Bom Excelente Bom Excelente
Cetonas Dissolve Pobre Excelente
Hidrocarbonetos aromáticos
Dissolve Excelente Pobre Excelente
Hidrocarbonetos clorados
Dissolve Pobre Pobre Excelente
Detergentes Bom Excelente Bom Excelente
Gordura / Óleo Pobre Excelente Pobre Excelente
Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p.114. Traduzido e adaptado pelo autor.
Propriedades das espumas plásticas
Densidade (kg/m3)
Ponto de amolecimento (ºC)
Velocidade de combustão
Poliestireno expandido
12 - 64 90 - 110 Queima com
gotejamento. Alguns tipos auto-extinguíveis
Poliuretano expandido
Rígido 32 - 320 Flexível 128 - 537
Rígido 100 - 150 Flexível 50 - 100
Rígido: auto-extinguível Flexível: queima
Espuma de PVC plastificado
28 - 128 150 - 180 Auto-extinguível
Espuma de polietileno
32 - 480 140 - 150 Queima muito
lentamente com gotejamento
100
Anexo III – Termoplásticos Imagem 1) Exemplo de caixa de resistências eléctricas: Fonte: WEISS, Alex - Plastics for modellers, p. 53. Adaptado pelo autor. Imagem 2) Colocação de um laminado de termoplástico sobre um molde simples
(molde macho com curvatura em apenas um sentido no espaço): Imagem 3) Colocação de um laminado de termoplástico sobre uma semi-esfera (molde
macho com curvaturas em mais do que um sentido no espaço):
2,5cm
resistência eléctrica
material refratário
101
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 4) Drape box simples: Imagem 5) Drape box com contramolde:
contramolde
laminado de termoplástico
grampo G drape box
102
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 6) Caixa de vácuo (perfil):
moldura
laminado de termoplástico
molde
apoio amovível
orifício de ligação ao mecanismo de vácuo
prancheta perfurada
força exercida pelo vácuo
espessura do laminado mais reduzida nas zonas onde é preciso um maior alongamento para se adaptar à forma
103
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 7) Caixa de vácuo sem molde: Imagem 8) Caixa de vácuo com molde: Imagem 9) Caixa de vácuo seccionada com molde:
104
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 10) Laminado de termoplástico com moldura de madeira: Imagem 11) Laminado de termoplástico com moldura previamente à aplicação de calor
(perfil): Imagem 12) Laminado de termoplástico com moldura posteriormente à aplicação de
calor (perfil), é visível uma convexidade descendente devido ao amolecimento do plástico:
105
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 13) Moldura com laminado de termoplástico colocada sobre a caixa de vácuo:
106
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 14) Molde fêmea sem perfurações sobre a caixa de vácuo: Imagem 15) Molde fêmea com perfurações sobre a caixa de vácuo: Imagem 16) Molde macho sem perfurações sobre a caixa de vácuo: Imagem 17) Molde macho com perfurações sobre a caixa de vácuo:
Ângulo de extração
91 ou 92º
107
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 18) Moldes com prisões (prisões representadas no laminado a vermelho): Imagem 19) Molde sem prisões:
91 ou 92º
108
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 20) Dobragem de um laminado de termoplástico (aplicação de calor
representada a vermelho): Imagem 21) Influência da forma da aresta da estrutura (arredondada ou ortogonal)
sobre a forma da dobra feita no laminado de termoplástico (perfil):
laminado
estrutura
109
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 22) Dobragem de uma vara de termoplástico (aplicação de calor representada a
vermelho): Imagem 23) Influência da forma da estrutura sobre a forma da dobra feita na vara de
termoplástico:
110
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 24) Soldadura através da aplicação de calor e pressão com contramolde de um
laminado de termoplástico: Fonte: SMALE, Smale - Creative Plastics Techniques, p. 45. Imagem 25) Soldadura por vareta: Fonte: CLARCKE, Geoffrey e CORNOCK, Stroud - A Sculptor's Manual - Revised Edition, p. 76.
laminado de termoplástico
vareta de soldar
pistola de ar quente
soldadura completa
111
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 26) Tubulação da luz dentro de um paralelepípedo regular de termoplástico
transparente: Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 204. Traduzido pelo autor. Imagem 27) Influência das faces de um sólido transparente sob a luz transmitida: Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 217. Traduzido pelo autor. Imagem 28) Comportamento da luz sob incisões feitas no plástico: Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 209. Traduzido pelo autor.
entrada da luz
saída da luz
converge
dissipa-se
direcção da luz desloca-se ligeiramente
entrada da luz
entrada da luz
saída da luz, é visível um brilho sob algumas das faces resultantes das incisões
112
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 29) Sistema de corte por fio quente (vista lateral e inferior): Fonte: PADOVANO, Anthony - The Process of Sculpture, p. 277. Traduzido e adaptado pelo autor. Imagem 30) Máquina de corte por fio quente (em forma de arco): Fonte: WEISS, Alex - Plastics for modellers, p. 75.
fio de cromo níquel
transformador (12volt) e regulador
ligação eléctrica às extremidades do fio cromo níquel
peça (parafuso por exemplo) de um metal condutor onde se prende o fio cromo níquel e uma ligação eléctrica ao transformador
suporte de metal ou madeira
esticador (turnbuckle)
se o suporte for de metal é aconselhada a colocação de uma peça de madeira que sirva de isolante eléctrico
113
Anexo III – Termoplásticos (continuação) Imagem 31) Forma de poliestireno expandido cortada por fio quente: Fonte: MILLS, John - Encyclopedia of Sculpture, p. 74. Imagem 32) Colocação de uma armadura metálica dentro da forma de poliestireno
expandido: Fonte: MILLS, John - Encyclopedia of Sculpture, p. 75. Adaptado pelo autor.
114
Anexo IV - Termoendurecíveis Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis:
Legenda e fonte na página seguinte.
Bri
lho
Pod
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For
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Colorantes
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Pol
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tano
F R F U R R R R N R R R Óxido de ferro: preto, amarelo, vermelho m m m m F E F O E E E E N E E E Cerâmica preta m m m m R E F O E E F E N R F R Óxido de cromo hidratado: verde l l l l R R F U R F F R N R F R Verde de cromo m l l l R P F U F R E E N R R R Azul ultramarino m m m m R R F U E F R R N R F R Azul de ferro m l l l R R F O E E E E N E E E Cromo-cobalto-aluminato: turquesa l m m m R R F O E E E E N E E E Cobalto-aluminato m m m m F R F U R R F R N R R R Ocres: Amarelo-marrom l n l l
R E F O E E E E N E E E Antimónio, titânio, óxido de cromo:
amarelos cerâmicos m m m m
R E F O E E E E N E E E Níquel titânio amarelo-lustre m m m m R E F O E F R R N R F F Cromato de zinco amarelo l l l l R R F U R R F R N R F R Laranja de molibdénio m n m m R E F O R F F R N R F R Cromo: laranja, amarelo m n m m E P F U R E E E N R R R Sulfato de crómio: amarelo l l m m E R F U E E E E N R F E Manganês: violeta m l m m R R F O E E E E N E E E Cromo-estanho: rosa m m m m
R E F O R E E E N E E R Cádmio, mercúrio:
marrom, vermelho, laranja m m m m
R E F O R E E E N E E R Sulfoseleneto de cádmio:
marrom, vermelho, laranja m m m m
R R F O R R R E N R R E Oxido de zinco: branco n n n l
E R F O R R R E N P F R Sulfeto de zinco: branco n n n l E E R O F R R R N E R E Dióxido de titânio: branco m m m m
F R F U R R E E N R R F
Pig
men
tos
inor
gâni
cos
Inorgânicos naturais: siennas, óxidos de ferro, umbra
l n l l
E F E T F R F P M F R F AZO: castanho,
amarelo avermelhado, verde, azul l n l l
E F E T F R F R M F R F Antraquinona: amarelo avermelhado,
verde, azul, castanho l n l l
E F E T F R F R M V V F Acetato: ampla variedade de cores l n l l
E F E T R R F E M V V F Ácido, cromo e directo:
ampla variedade de cores n n n l
E F E T R F F E M V V F Colorantes básicos:
ampla variedade de cores n n n l
E F E T R F F E M V V F Bases de corantes básicos: ampla variedade de cores
l n n l
E E E O F R R R M V V F
Col
oran
tes
Nigrosines e indulines: ampla variedade de cores
n n n l
115
Anexo IV - Termoendurecíveis (continuação) Tabela 1) Aditivos colorantes para plásticos termoendurecíveis (continuação):
Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form, p. [entre p.46-47]. Traduzido e adaptado pelo autor.
Bri
lho
Pod
er d
e co
bert
ura
For
ça ti
ntor
ial
Tra
nspa
rênc
ia
Res
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ncia
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áci
dos
Res
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Res
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rica
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Colorantes
Pol
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satu
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Epo
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Pol
iure
tano
F E F U R R E E N R E F Osso preto n n l l F E E O E E E E N R E E Preto de carbono n n m m E F E T E E E E N R F F Indanthrone azul l l l l F R R U R E R F R R R F Pigmento verde B l l l l E F E T R F F R M P R F PTA/PMA Toners: preto, verde n n l l E F E U R E E E N R R E Ftalocianina: verde, azul m l m m R F E U R R E E N R R F Níquel Azo: verde, amarelo l l l l E F E T R R R E M P F F Hansa amarelo: amarelo claro n n l l E F E T R R R E R R R F Benzidina amarela / xilidina l l l l E R R U E N R R N R R F Naftol: amarelo escuro - claro l l l l F R R U F F R R R P F F Pirazolona: vermelho claro l l l l E F R T F F F F M P F F Lago vermelho C: vermelho claro l l l l E F E T R F R R M R E R PTMA Toners: violeta - vermelho l l l l E F E U E R R R M R R F Toluidina: marrom - vermelho claro l n l l R R R U E R R R R E F F Tioindigo: cobre - marrom l l l l R R R U R R R R N R F R Helio bordeaux: marrom l l l l R R R T F F R R R R R F Alizarina: marrom l l l l R F R T R R R R N F F F Lago Madder: vermelho l l l l R F R T R R R R R R R F Pigmento: escarlate l l l l R R R T R R F F R R F F Na, Ba, Ca: marrom - vermelho claro l l l l E R R T R R R R R R F F Lithol Rubine: azulado - vermelho l l l l
R F R T R R R R N R R F B.O.N. (sal 2B-MN):
marrom - vermelho claro l l l l
E F R T R R R R N R R F B.O.N. (sal 2B-Ca):
marrom - vermelho claro l l l l
E R R U R F F R M R F F Para clorado: vermelho claro l l l l E R R U R R F R M R F F Vermelho Para l n l l R F R T R E R R N R R F
Pig
men
tos
orgâ
nico
s
Quinacridone: violeta l l l l
Legenda: m Muito utilizado T Colorante é transparente na sua concentração normal de uso l Uso limitado U Colorante é translúcido na sua concentração normal de uso n Não recomendado O Colorante é opaco na sua concentração normal de uso E Excelente desempenho N Não migratório na sua concentração normal de uso R Razoável a bom desempenho M Corante migrará em vinil, polietileno e estireno de impacto F Fraco desempenho V Varia com as formulações individuais
116
Anexo IV - Termoendurecíveis (continuação) Imagem 1) Fibra de vidro moída: Fonte: NEWMAN, Thelma R - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 57. Imagem 2) Fibra de vidro cortada: Fonte: NEWMAN, Thelma R - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 57. Imagem 3) Manta de fibra de vidro (MAT) em duas gramagens diferentes: Fonte: NEWMAN, Thelma R - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 57. Imagem 4) Woven roving em duas gramagens diferentes: Fonte: NEWMAN, Thelma R - Plastics as an Art Form - Revised Edition, p. 57.
117
Anexo IV - Termoendurecíveis (continuação) Imagem 5) Objecto seccionado para a elaboração do molde: Fonte: ROSIER, Pascal - Le Moulage, p. 90. Imagem 6) Colocação de barreiras de barro sobre o objecto: Fonte: ROSIER, Pascal - Le Moulage, p. 91.
118
Anexo IV - Termoendurecíveis (continuação) Imagem 7) Aplicação de fibra de vidro na manufactura de um tacelo do molde: Fonte: ROSIER, Pascal - Le Moulage, p. 91. Imagem 8) Realização das perfurações sobre os tacelos de modo a possibilitar a sua
junção: Fonte: ROSIER, Pascal - Le Moulage, p. 93.
119
Anexo V - Reciclagem Tabela 1) Simbologia de identificação de plásticos recicláveis:
Símbolo Tipo de plástico
Propriedades Usos comuns Informações
de reciclagem
PET Polietileno Tereftalato
Transparente, robusto, resistente a solventes, barreira a gases e humidade, amolece a 80ºC
Garrafas de refrigerantes e de água, bandejas de
bolachas, recipientes de
saladas
Enchimento de almofadas e saco-cama,
roupa, tapetes, garrafas de
refrigerantes, isolamento
para construção
HDPE Polietileno
de alta densidade
Rígido a semi-flexível, resistente a químicos e humidade, superfície cérea, opaco, amolece a 75ºC.,
facilmente policromado, processado e formado
Sacos de compras, garrafas de leite, sumo, químicos e
detergentes, champô, baldes,
caixas, recipientes de gelados
Baldes, vedações,
canos, recipientes
para: reciclagem, composto, detergentes
PVC cloreto de polivinila
não plastificado
PVP-U
cloreto de polivinila
plastificado PVP-P
Forte, robusto, pode ter superfície cérea, pode ser soldado por solventes, amolece a 80ºC
Flexível, transparente, elástico, pode ser soldado por solventes
Recipiente de cosmética,
condutos eléctricos, tubos de
canalização, revestimento de paredes e tectos,
garrafas
Mangueiras de jardim, solas de
sapatos, revestimento de
cabos, sacos e tubos para sangue
Pavimentação, películas e
folhas, cabos, lombas,
recipientes, adesivos, botas
de borracha
LDPE Polietileno de baixa
densidade
Macio, flexível, superfície cérea, translúcido, amolece a 70ºC., risca
facilmente
Sacos do lixo, tubos de irrigação
Forros de caixas, folhas de protecção
de paletes
120
Anexo V - Reciclagem (continuação) Tabela 1) Simbologia de identificação de plásticos recicláveis (continuação):
Símbolo Tipo de plástico
Propriedades Usos comuns Informações de
reciclagem
PP Polipropileno
Rígido mas ainda assim flexível, superfície cérea,
amolece a 140ºC., translúcido, resiste a
solventes, versátil
Cubas de gelado e de garrafas,
embalagens de batata frita,
palhinhas, pratos de micro-ondas,
mobília de jardim, lancheiras, chaleiras
Molas de roupa, caixas, tubos, funis de óleo,
caixas de baterias de carros, tabuleiros
PS Poliestireno
PS-E
Poliestireno expandido
Transparente, vítreo, rígido, opaco, semi-
robusto, amolece a 95ºC., afectado por gordura,
ácidos e solventes, mas resistente a alcalinos,
soluções salinas. Baixa absorção de água, sem
pigmentação é transparente, inodoro e
insípido
Tipos especiais de PS estão disponíveis para aplicações especiais
Caixas de CD e vídeo, imitação de artigos de vidro,
talheres de plástico,
brinquedos frágeis de baixo custo
Recipientes de
comida, isolamento para
construção, copos
Cabides, molduras,
produtos de construção,
tabuleiros de sementes
OTHER PACKAGING
Em embalagens podem ser
materiais de várias camadas
e.g. PE+PP.
Inclui todas as resinas e materiais múltiplos (e.g.
laminados). Propriedades dependem
do plástico ou combinação de plásticos
Computadores, electrónica, recipientes,
componentes de electrodomésticos
Madeira de plástico, bancos,
caminhos de praia, etc.
Fonte: PLASTICS SA - The plastic identification code [Em linha]. [Consult. 21 Mar. 2013]. Disponível em WWW: <URL: http://www.plasticsinfo.co.za/images/2185.pdf>. Traduzido e adaptado pelo autor.
121
Anexo V - Reciclagem (continuação) Diagrama 1) Um método simples para a identificação de plásticos comuns:
1. Tentar cortar uma fina lasca da extremidade do plástico
Formação de pequenas placas pulverulentas:
Resina
termoendurecivel
2. Queimar uma extremidade do
plástico com um fósforo;
Cheirar o vapor resultante
Cheiro a fenol, modelo usualmente castanho ou preto indica Fenol-formaldeído
Cheiro estranho, modelo usualmente branco ou de cor brilhante:
Ureia-formaldeído ou Melamina-formaldeído.
Difícil de distinguir sem testes de laboratório
Obtenção de uma lasca razoavelmente coerente indica um termoplástico. Confirmar aplicando uma vareta quente no modelo. Derretimento indica termoplástico embora poliuretanos formem
uma massa escura e pegajosa.
2. Deixar cair o plástico a alguns centímetros em cima de uma superfície rígida
Som metálico
indica um polímero
contentor de estireno ou
policarbonato
3. Queimar uma extremidade do
plástico, apagar a chama e cheirar o vapor resultante
Cheiro apenas a estireno: Poliestireno ou copolímero de elevado grau de estireno
Cheiro amargo e a estireno, sem cheiro a borracha: Estireno-acrilonitrilo
Cheiro amargo e a estireno, com cheiro a borracha: Copolímero ABS
Som abafado exclui poliestireno a não ser que seja fortemente carregado com butadieno
3. Colocar o modelo em água com sabão (ou água simples se o modelo for razoavelmente grande)
Plástico flutua
4. Tentar riscar o plástico com
as unhas
Plástico brilhante, não risca: Polipropileno
Plástico brilhante, risca um pouco: Polietileno de alta densidade
Plástico por vezes menos brilhante, risca facilmente: Polietileno de baixa densidade
Plástico afunda; não é poliolefina
4. Queimar uma pequena parte do plástico, observar a chama
122
Anexo V - Reciclagem (continuação) Diagrama 1) Um método simples para a identificação de plásticos comuns
(continuação): Nota: Plásticos em espuma ou com cargas não considerados nesta tabela. Fonte: SMALE, Claude - Creative Plastics Techniques, p. 122 . Traduzido e adaptado pelo autor.
4. Queimar uma pequena parte do plástico, observar a chama
Queima com uma
chama amarela
5. Apagar a chama,
cheirar o vapor
resultante
Cheiro parecido a metanol: Polimetacrilato de metilo (acrílico)
Cheiro a papel queimado: Acetato de celulose ou Propinato de Celulose (não distinguível por testes
simples)
Ácido com cheiro a manteiga rançosa: Butirato de Acetato de Celulose
Queima com dificuldade
5. Observar a cor da chama
Chama esverdeada
6. Apagar a chama,
cheirar o vapor
resultante
Acre, crepita, modelo flexível: PVC plastificado
Vapor acre, não flexível, plástico brilhante: PVC rígido ou PVC/PVA copolímero
Cheiro acre, plástico ligeiramente flexível, não crepita: polímero de vinilideno
Chama amarela
Cheiro distinto
parecido a cabelo
queimado
6. Apagar a chama,
cheirar o vapor
resultante
7. Pressionar uma ponta de metal fria à superfície aquecida
extraindo-a em seguida
Facilmente se formam
fios: Poliamidas
Acre, também cheira a borracha queimada: borracha PVC modificado
Chama azul
6. Apagar a chama, cheirar o vapor resultante
Cheiro a formaldeído: Poliacetal
Chama pequena, material decompõe-se sem carbonizar, desenvolve a estrutura celular antes de se decompor: Policarbonato
123
Anexo VI - Escultura
Imagem 1) Naum Gabo, "Constructed Head No. 2", nitrato de celulose, 1916
(reconstrução 1923-24). Fonte: DUBY, Georges, ed. lit.; DAVAL, Jean-Luc, ed. lit. - Sculpture, from renaissance to the present day. p. 985 Imagem 2) Kenneth Slote, "Figure", polimetacrilato de metilo. Fonte: ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics. p. 83
124
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 3) Ângelo de Sousa, "Sem Título", PVC-P e aço inox, 1964. Fonte: Exposição temporária "A imagem que de ti compus": Homenagem a Júlio, 18 de Jan. a 7 de Abr. de 2013. Centro de Arte Moderna José de Azeredo Perdigão. Fotografia do autor, a 10 de Mar.. Imagem 4) Lourdes Castro, "Sombra projectada da minha mãe", polimetacrilato de
metilo, 1964. Fonte: CASTRO, Lourdes; FERNANDES, João; ROSA, Manuel - À luz da sombra. p. 52
125
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 5) Fred Deher, "Sentinels", polimetacrilato de metilo.
Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form. p. 216 Imagens 6 e 7) Takayasu Ito, "Sphere in Negative Space", polimetacrilato de metilo. Fonte: ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics. p. 81
126
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 8) Louise Nevelson, "Transparent Sculpture 1", polimetacrilato de metilo. Fonte: NEWMAN, Thelma R. - Plastics as an art form. p. 218 Imagem 9) Marietta Warner Siegel, "Stephen" (duas vistas), resina poliéster. Fonte: ROUKES, Nicholas - Sculpture in plastics. p. 81
127
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 10) Arman, "Vénus", resina poliéster e notas de dólar, 1970. Fonte: RESTANY, Pierre - Le plastique dans l'art. p. 24 Imagem 11) Miguel Ângelo Rocha, "Torso", resina poliéster, pão e madeira, 1999. Fonte: SILVA, Raquel H.; CANDEIAS, A. Filipa; RUIVO, Ana - 50 anos de Arte portuguesa. p. 75
128
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 12) Duane Hanson, "The Tourists", fibra de vidro, resina poliéster policromada,
1970. Fonte: DUBY, Georges, ed. lit.; DAVAL, Jean-Luc, ed. lit. - Sculpture, from renaissance to the present day. p. 1081 Imagem 13) Rogério Timóteo, "Catedral", ferro, fibra de vidro, resina poliéster
policromada. Fonte: TIMÓTEO, Rogério - O Sagrado e o Profano.
129
Anexo VI - Escultura (continuação) Imagem 14) Niki de Saint-Phalle, "Nana", resina poliéster policromada, fibra de vidro: Fonte: RESTANY, Pierre - Le plastique dans l'art. p. 162
130
Anexo VII – Distribuidores 1) Termoplásticos e pré-fabricados de termoendurecíveis:
• Lanema – Produtos de Engenharia Industrial Zona Industrial de Ovar – Rua do Brasil Lote 18 3880-108 Ovar Tel: 25 65 81 400 E-mail: lanema@lanema.pt url: www.lanema.pt
• Mitera Escritório e Armazéns: Estrada de Paço de Arcos - Alto da Bela Vista Casal do Cotão, Pavilhão 86-A/B 2765-521 Cacém Tel: 21 36 00 000 Showroom Largo Marquês Angeja 11/2 1300-389 Lisboa Tel: 21 36 07 000 E-mail: comercial@mitera.pt url: www.mitera.pt 2) Termoendurecíveis:
• Luís Falcão Simões de Carvalho Rua Carlos de Oliveira 1/1A 1600-028 Lisboa Tel: 21 72 49 330
• MR - Dinis dos Santos Rua António Pedro de Mendonça, 55 – Casal do Marco Tel: 21 21 00 410 / 21 22 52 823 E-mail: info@dinissantos.com url: www.dinissantos.com
• Coriprel Largo da Madalena nº 5 1100-317 Lisboa Tel: 21 88 47 000 url: coriprel.pai.pt/