"Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio." (Nicolau...

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"Os homens esquecem mais rapidamente a morte do pai do que a perda do patrimônio."

(Nicolau Maquiavel)

"Falar em perdas é falar em solidão, tristeza, desesperança, medo.

Quando digo perdas, não estou apenas me referindo aos que morrem,

mas a todos que de alguma forma, nos deixam prematuramente, antes que estejamos preparados.

Um amigo que se muda para longe, um namoro interrompido abruptamente e até mesmo um ente querido que se vai, provoca sempre em nós uma sensação de

vazio.

E porquê isso?

Porque sofremos tanto, mesmo sabendo que estas perdas ou partidas

inesperadas são inerentes á vida, e que portanto, não podemos controlá-

las?

Não saberia responder com precisão á pergunta feita em cima, mas, o que me parece mais coerente é que nunca estaremos prontos para nos acostumarmos com a falta

dos que amamos.

Por mais que saibamos, que a qualquer momento eles nos faltarão, temos sempre a predisposição em

acreditarmos que quem nos ama nunca nos trairia , nos privando do seu

carinho, afeto e amor.

Ledo engano.

São justamente os que mais amamos, que mais nos machucam com suas partidas

inesperadas.

Vão-se sem aviso prévio, e levam a nossa felicidade, a fé na vida, o equilíbrio ...

O que fazer então?

Não amarmos?

Não nos permitirmos gostar de alguém pelo simples fato de que seremos, mais cedo ou mais tarde, deixados para trás na vida, entregues ás nossas angústias e remorsos

por não termos dito tudo ou não termos feito o suficiente por eles?

Creio que não.

Se há algo na vida que mais nos trás felicidade, é sabermos que somos queridos

e não seria honesto nos privarmos de tal sentimento por covardia.

Um amor de pai e mãe, o carinho de um amigo ou o afeto de uma relação a dois, deve sempre se sobrepor ao medo da perda.

Porque ela é inevitável; o sentimento não.

Deve de ser exercitado, todos os dias de nossas breves vidas.

Ele é o que nos move, nos dá o chão para que possamos caminhar pela vida com a certeza de que, haja o que houver, teremos sempre alguém com quem

contar, que nos apoiará mesmo nos momentos em que não tenhamos razão.

Esta, meus amigos, deve de ser a maior lição deixada pelos que partem sem nos avisar: lembrar-nos que devemos sempre curtir aqueles

que amamos com a intensidade proporcional á brevidade de uma vida.

Porque quando nos faltarem, saberemos que amamos e fomos amados, que demos e recebemos todo carinho esperado,

que construímos um sentimento que nenhuma perda poderá apagar.

Este sentimento transcende o espaço e o tempo, não se limita ao contacto físico.

Torna-se parte de nós, impregnado em nossa alma, nos confortando nos dias difíceis, sendo cúmplices de nossas vitórias pessoais,

norteando nossa conduta, nos fazendo sentir eternamente amados.

Que me perdoem os físicos, mas neste caso, acredito sim

que dois corpos podem ocupar o mesmo lugar no espaço.

Basta que permitamos, sentir a presença dos que amamos, dentro de nós, como se fossem parte de

nossa alma.

Só assim seremos inteiros.

Luiz Henrique Zanforlin

SEGUE

Diz um velho ditado, que é do tempo do Zagai, diz que um Pai cuida de dez filhos,

mas dez filhos, não cuidam de um Pai

Sentindo o peso dos anos, sem poder mais trabaiá, o

Velho Peão estradeiro, com seu filho foi morá.

O filho era casado, e a esposa deu de emplicá:

ocê manda o velho embora, se não quise q eu vá.

O rapaz de coração duro, com seu velho foi falá,

Para o senhor se mudá meu pai eu vim lhe pedi

hoje aqui da minha casa, o senhor vai te que sai,

leve este couro de boi, que eu acabei de curti, pra lhe

servir de coberta aonde o senhor for dormi.

O pobre Velho calado, pegou o couro e saiu,

seu neto de oito anos, que aquela cena assistiu, correu atrás do Avó, e

seu paletó sacudiu,

metade daquele couro, chorando ele pediu.

O velhinho comovido pra não ver o neto chorando

partiu o couro no meio e pro nétinho foi dando.

O menino chegou em casa, seu Pai foi lhe perguntando,

Pra que ocê quer este couro que seu Avô ia levando?

Disse o Menino ao Pai.

Um dia vou me casá,

o senhor vai ficá velho, e comigo vai morá,

pode ser que aconteça de nós não se combiná,

e esta metade do couro, vou dar pro senhor levá

Este texto faz parte de uma campanha do Gov. de Minas Gerais, denominado “Conselho Estadual do idoso”.

Desconheço o autor.

Música: Heaven Stood Still. Piet Veerman

gilmargss@yahoo.com.br