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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
EFEITOS DA PRÁTICA DE MOVIMENTOS GÍMNICOS, MATURAÇÃO
BIOLÓGICA E SEXUAL NOS NÍVEIS DE FLEXIBILIDADE DE
ADOLESCENTES DE AMBOS OS SEXOS
Angelita de Souza Santos (SEED-PR)1
Heres Faria Ferreira Becker Paiva (UENP- CCS)²
E-mail: ge_lita@hotmail.com
RESUMO: Partindo do princípio de que a adolescência é um período evolutivo de grandes mudanças biológicas, psicológicas e sociais, até mesmo, culturais, é possível afirmar que essa fase muitas vezes é marcada por situações que refletem de certo modo comportamentos nem sempre favoráveis ao desenvolvimento, pois em condição de tantas mudanças, e estas em todos os setores da vida, muita coisa pode interferir nesse estágio e provocar conflitos que influenciam na qualidade de vida desses adolescentes nas mais diversas formas de manifestações corporais. O trabalho realizado teve como objetivo analisar os efeitos da prática de movimentos gímnicos na maturação biológica e sexual nos níveis de flexibilidade de adolescentes de ambos os sexos do 7º ano do Colégio Estadual Dr. Generoso Marques, município de Cambará. O estudo contou com alunos do 7º ano A – grupo intervenção (GI) e 7º B – grupo controle (GC). Ambos os grupos foram submetidos às avaliações antropométricas, estagio maturacional, flexibilidade, e potência de membros inferiores (salto horizontal e vertical), enquanto o GC manteve a rotina das aulas de Educação Física com os conteúdos correspondentes ao calendário anual, o GI foi submetido à pratica de atividades embasadas em movimentos gímnicos. As avaliações foram realizadas imediatamente antes e logo após o término das avaliações, e então verificados os valores de pré e pós intervenção. Os dois grupos, não revelaram diferenças significativas entre eles no que diz respeito aos níveis de flexibilidade, apesar da intervenção com o grupo de intervenção (GI), o que não ocorreu nos testes de potência – Saltos Horizontal e Vertical, revelando que no período analisado o incremento de potência de membros inferiores com o protocolo proposto foi eficaz. Assim, constata-se que, mesmo aplicando um programa de atividade focado na prática de movimentos gímnicos o ganho significativo foi de potência e não flexibilidade, revelando a necessidade de novas investigações sobre a relação entre alongamento e força.
PALAVRAS-CHAVE: Crianças – maturação – capacidades físicas
ABSTRACT: Assuming that adolescence is a period of major evolutionary biological, psychological and social, even cultural, it is clear that this phase is often marked by situations that reflect a sense behaviors not always favorable to the development, as on condition of so many changes, and these in all walks of life, many things can interfere with
1 SEED – Secretaria Estadual da Educação do Paraná
² Universidade Estadual do Norte do Paraná – Campus Jacarezinho - Centro de Ciências da Saúde
this stage and cause conflicts that influence the quality of life of adolescents in various forms of physical manifestations. The work aimed to analyze the effects of the practice of gímnicos movements in biological and sexual maturation in the flexibility levels of adolescents of both sexes the 7th year of the State School Dr. Generoso Marques, Municipality of Cambara. The study included students from the 7th grade A - intervention group (IG) and 7 B - control group (CG). Both groups underwent anthropometric measurements, maturational stage, flexibility, and power of the lower limbs (horizontal and vertical jump), while the GC kept the routine of physical education classes with the corresponding content to the calendar year, the GI underwent practice of informed activities gímnicos movements. The evaluations were performed immediately before and immediately after the end of the evaluations, and then checked the pre- and post- intervention values. The two groups revealed no significant differences between them with regard to levels of flexibility, despite the intervention with the intervention group (IG), which did not occur in potency tests - Horizontal and Vertical Jumps, revealing that in the period analyzed the power increase of the lower limbs with the proposed protocol is effective. Thus, it appears that even implementing an activity program focused on the practice of movements gímnicos significant gain was power and no flexibility, revealing the need for further research on the relationship between stretching and strength. KEYWORDS: Children - maturation - physical capabilities
INTRODUÇÃO
Partindo do princípio de que a adolescência é um período evolutivo de grandes
mudanças biológicas, psicológicas e sociais, há ainda quem diga culturais, percebe-se
que essa fase muitas vezes é marcada com situações que refletem de certo modo
comportamentos nem sempre favoráveis ao desenvolvimento, pois em uma condição de
tantas mudanças, e estas em todos os setores da vida, muita coisa pode interferir nesse
estágio e provocar conflitos que influenciam na vida do adolescente (BORGES et al.,
2004).
Sendo que o fenômeno da adolescência se constitui num conjunto de fatores que
são indissociáveis, mas que ao priorizar o aspecto de desenvolvimento cronológico,
conceitua-se com base na faixa etária e o aspecto físico quando relacionado ao
crescimento físico e a maturação sexual. Dadas as observações justifica-se um estudo
direcionado a esses conceitos, com a finalidade de analisar tais níveis, já que essas
alterações corporais influenciam diretamente na aparência física e tamanho corporal
(CONTI et. al., 2005).
Assim, para que a imagem corporal se desenvolva positivamente e sem maiores
transtornos, justifica-se um trabalho direcionado para melhor aproveitamento do processo
de aprendizagem e adequação que o adolescente passa, por exemplo, trabalhar de forma
diferenciada a ginástica, sob a forma de movimentos gímnicos, conteúdo este estruturante
da disciplina de Educação Física, oportunizando maior contato com alunos da faixa etária
dos 12 aos 14 anos, de ambos os gêneros, já que com todas essas alterações biológicas
e de maturação sexual terão que incorporar novas visões sobre sua imagem corporal
(IMPOLCETTO et al., 2013).
Como o período pubertário de meninas e meninos diferem em determinadas
situações, estas sob influências do meio colaboram para a construção dos gêneros,
sendo esse momento de muita importância para a preparação da vida adulta, pois
influenciam sentimentos, entre estes a satisfação com a imagem corporal, e é nesse
momento crucial que a proposta de uma intervenção planejada de atividades físicas
programadas pode ajudar sobremaneira, a tomada de hábitos de vida saudáveis assim
como o gosto pela prática de exercícios físicos para tornarem-se adultos com melhores
condições de saúde, e não só praticantes de exercícios no período escolar e sim por toda
a vida, adquirindo gosto pela prática e vivência que se tornem hábitos. Além do proposto
ainda, mostrar a importância das aulas planejadas nas aulas de Educação Física para o
desenvolvimento do ser humano e os possíveis resultados positivos com essa prática
(CONTI et. al.,2005).
Levando-se em consideração todas essas mudanças significativas do período da
adolescência, muitos reflexos podem ser vistos até mesmo na idade adulta, e muitas
vezes negativos, e para que isso não venha a desenvolver transtornos de diversos tipos,
a justificativa deste estudo é encaminhar por um período de tempo determinado ações
que evidenciem a prática de exercícios físicos direcionados e planejados, para que
meninos e meninas possam, conscientemente resignificar sua imagem corporal da
maneira mais natural que possa acontecer (IMPOLCETTO et al., 2013).
Dado o problema observado nas aulas de Educação Física, o estudo almejado
nesta Unidade Didática, busca analisar e intervir nos níveis de flexibilidade, com a
utilização de movimentos gímnicos, conteúdo da ginástica, influenciando o
desenvolvimento sistêmico da imagem corporal positiva, levando em consideração a
maturação sexual entre meninos e meninas adolescentes escolares. E assim, o estudo
visa compreender melhor esses estágios de desenvolvimentos com a finalidade de
oportunizar vivencias que lhes tragam melhores condições de vida.
2.1 Desenvolvimento Fisiológico, Maturação Sexual, Flexibilidade e
Movimentos Gímnicos
Conforme Matsudo e Matsudo (1991) para se conceituar a maturação biológica
deve-se relacionar aos processos morfológicos, fisiológicos e psicológicos, que formam
um conjunto que são influenciados tanto pela genética quanto pelo ambiente, e a
referência sobre maturação é observada com uma relação entre o tempo biológico e o a
idade cronológica, e isso não significa que elas se apresentam absolutamente em
sincronia. Assim pode–se perceber que entre um grupo de pessoas do mesmo sexo e de
mesma idade cronológica, existem variações na idade biológica, tornando desta forma os
níveis de maturação em situações de desenvolvimento diferenciados.
É possível tomar por base que a adolescência é marcada por situações que
envolvem grandes desenvolvimentos físicos e também culturais - físicos por serem
envolvidos pelo aspecto fisiológico (a puberdade) e culturais por se tratarem da
preparação para a vida adulta e para a independência financeira - e estes são
extremamente significativos para a consolidação de um ser humano sadio, a combinação
dessas características, podem influenciar por toda sua vida, quer seja positiva ou
negativamente, daí a importância de haver uma combinação sensata dessas condições
para o crescimento saudável e vasto em experiências. Sabe-se que o final da infância e
início da adolescência são marcados pela maturação sexual, e esta corresponde a uma
série de novos conceitos que vão se instalando na vida que se transcende e que se
prepara para a fase posterior (CONTI et al, 2005).
O período da adolescência tem sido analisado com alguns novos parâmetros, pois
percebe-se certa precocidade nesse despertar da maturação sexual, a puberdade. Em
contrapartida, observa-se também um período maior de dependência familiar, o que nos
faz considerar esta fase mais ampla. Com isso as tendências de séculos, a respeito da
maturação biológica, reduziram drasticamente a média de idade da puberdade e as
tendências socioeconômicas nesse mesmo período de comparação estenderam a média
de idade de tempo de dependência, conforme Gallahue (2013) quando afirma que em
tempos passados a adolescência se estendia pelos anos do ensino médio, porém, hoje a
maturação sexual começa aproximadamente aos 8 anos e a dependência econômica vai
até aproximadamente os 20 ou mais.
Essas mudanças expressivas da adolescência, a puberdade e a maturação sexual,
são os primeiros divisores biológicos desta fase e são somados a acelerações no
crescimento como na estatura e massa corporal, denominadas estirão de crescimento,
que se baseiam tanto nos fatores genéticos como nos fatores externos, pois o ambiente
pode estabelecer limites para esse crescimento individual, como exemplo os fatores
nutricionais e os exercícios físicos, daí a importância desse estudo para colaborar com o
desenvolvimento saudável de meninos e meninas, através da ginástica para a aquisição
de hábitos saudáveis de exercícios físicos regularmente, ainda buscando maior
desenvolvimento nos níveis de flexibilidade tornando-os satisfeitos com sua imagem
corporal e consequentemente proporcionar um bom convívio em grupo.
O primeiro indicador visual do início da puberdade é o estirão do crescimento, e
com isso o desenvolvimento da nova imagem corporal, que nem sempre é encarada com
tranquilidade, esse período dura aproximadamente entre quatro e cinco anos. Nos
meninos essa fase inicia-se por volta dos 11 anos e com 13 atingem o pico de velocidade
da altura e cessa por volta dos 17 ou 18 anos, já para as meninas esse processo inicia-se
com dois anos de antecedência em relação aos meninos e o pico do seu estirão dá-se
aos 11 anos e seu término por volta dos 16 anos (GALLAHUE, 2013).
É claro que esse processo todo pode variar, tanto pelo fator genético, quanto pela
influência do meio, e sob essas condições sabe-se que para meninos esse período de
crescimento mais acelerado entra em coincidência com o desenvolvimento das
características sexuais secundárias (pelos axilares e púbicos), já para as meninas o pico
do desenvolvimento de crescimento normalmente ocorre antecedendo a menarca. Com
isso, meninos e meninas que atingem precoce ou tardiamente esses desenvolvimentos de
maturação, apresentam interferências que trazem desordens de adaptação com os
demais que se desenvolvem em período considerado normais.
Assim sendo, várias mudanças drásticas e rápidas despertam maior interesse pelo
próprio corpo e além de possíveis aumentos nos níveis de autoconsciência, percebendo-
se uma preocupação relativa ao sexo, pois é a fase de maturação sexual, e com ela o
impacto emocional e social do indivíduo, que se preocupa um pouco mais com a imagem
corporal, nesse sentido o adolescente se torna um expectador do próprio corpo e tende a
desenvolver comportamentos nem sempre favoráveis conforme Conti et al., (2005),
quando afirmam que problemas de comportamento, podem envolver sérios problemas
nos hábitos de vida, e esses podem repercutir de forma negativa na percepção da
imagem corporal, principalmente em adolescente e jovens.
Outro aspecto de mudança nessa fase, e talvez um dos mais difíceis de lidar, é o
estirão do aumento de massa corporal, que seguem as mesmas curvas gerais dos
aumentos de estatura, e essas mudanças durante a adolescência são grandes, porém em
meninas este estirão termina por volta dos 16 anos e nos meninos aproximadamente aos
14 anos, mas é claro que esses aumentos decorrem por toda a adolescência, porém, em
ritmo mais lento (GALLAHUE, 2013).
Santrock (2010) mostra que em meninos, a partir dos 13 a 14 anos, o pico de
velocidade de aumento da massa corporal é de aproximadamente 20 kg por ano, já para
as meninas o pico se dá por volta dos 12 ou 13 anos e aproximadamente 8 kg. Afirma
também que no início da adolescência as meninas podem ser mais altas e mais pesadas
que os meninos, contudo, pelos 14 anos os meninos as ultrapassam tanto em massa
corporal, quanto na estatura.
Esses ganhos de massa corporal, obviamente são influenciados pelos fatores
nutricionais, socioeconômicos, genéticos e alterações nos padrões de atividades físicas
que desenvolvem ou não. Daí, o enfoque dado à prática da ginástica com maior
importância e direcionamento, analisando e procurando intervir nos níveis de flexibilidade,
colaborando para a formação de uma imagem corporal saudável, sem que haja uma
obsessão por ideais apregoados pelos padrões divulgados na mídia, criando nos
adolescentes a consciência corporal de sua natureza mutável, sem maiores prejuízos ou
paranoias com a condição de ganhos ou perdas de pesos.
Do ponto de vista de Fermino et al., (2010), um dos meios de diminuição dos
valores da massa corporal de pessoas com insatisfação na sua imagem corporal, são os
exercícios físicos, todavia se esta imagem for negativa, pode paradoxalmente, decrescer
a motivação para a práticas de atividades físicas, ou aumentar a participação em
ambientes que proporcionem essas mesmas. Concluíram ainda, que não é só a massa
corporal que diminui com a prática de exercícios físicos, mas também há a diminuição da
depressão, melhoria da condição psicológica e ainda que pessoas ativas apresentam
imagem corporal mais positiva, independentemente da idade e sexo, no entanto os
fatores de composição corporal e condições de saúde podem interferir nesse processo.
Outra condição a ser analisada segundo Gallahue (2013), é a condição da
flexibilidade, que nos mostram que meninas de 10 a 16 anos, em média apresentam
melhor nível nesta fase, porém em seguida acontece um leve declínio, contudo sabe-se
também que mulheres de todas as idades, em geral, talvez por relação com suas
condições anatômicas e também variações socioculturais de padrões de atividades físicas
tenham suas flexibilidades articulares favorecidas. Já os meninos, por seu estirão de
crescimento na pré-adolescência, por volta dos 12 anos apresentam uma pequena queda
na sua flexibilidade, pois associa-se a ao crescimento de ossos longos serem mais
rápidos que o crescimento de músculos e tendões.
Como descrito por Gallahue (2013), tanto meninos quanto meninas, adquirem
estabilização na flexibilidade e na sequência aproximadamente aos 17 anos, leve
regressão. Essa regressão na flexibilidade articular, neste período, está claramente
associada com a redução geral nos níveis de atividades do adolescente no decorrer do
tempo. Para que isso não aconteça, e se mantenha o alto nível de flexibilidade articular
durante a vida adulta, faz-se necessário a manutenção de atividades apropriadas, ou seja,
não deixar de exercitar-se para que não haja o favorecimento dessa perda de
flexibilidade, que se observa então a partir dos 17 anos.
Com essas análises evidenciam-se que as condições de desenvolvimento,
necessitam de atenção para o trabalho com esses adolescentes de maneira mais eficaz,
com bases consolidadas teoricamente, com conhecimentos científicos, além de adequar e
direcionar o trabalho do professor, mostrando a qualidade e o valor do ensino na
Educação Física, que tem como dever incentivar, motivar e proporcionar práticas que não
deixem limitar o repertório de vivências corporais, criando o gosto pela prática de
exercícios físicos favorecendo a qualidade de vida para esses adolescentes que, com
uma imagem corporal pautada na figura positiva internalizada, terão autopercepções para
compararem-se uns com os outros e com a realidade sem maiores frustrações e
transtornos de comportamento (GUEDES, 1995).
Outro fator relevante sobre o aspecto de desenvolvimento de adolescentes de
ambos os sexos, pode ser a flexibilidade, fazendo-se necessária a fundamentação
fisiológicas e anatômicas dos mesmos. Segundo Achour Jr. (1998), pode-se desenvolver
a flexibilidade ou mantê-la, com exercícios físicos, e são estes os alongamentos, com a
condição de promover nos tecidos a deformação elástica (recupera a extensão original
dos mesmos após liberar as tensões) ou plástica (não recupera o tecido em seu tamanho
original).
Para isto, o termo flexibilidade pode ser definido como amplitude máxima de
desenvolvimento voluntário em articulações, quer seja uma ou mais, sem a condição de
lesioná-las. Nos exercícios de alongamento, entre outras situações, pode-se priorizar o
ajuste postural, sem mesmo atingir as amplitudes de movimento, podendo se trabalhar os
grupos musculares, talvez não de forma simultânea, pois pode-se também haver
encurtamentos de determinados grupos musculares (no caso de se trabalhar com dois ou
mais grupos), e quando há a alternância de exercícios de alongamentos, com grupos
musculares, é necessário que a mudança de posição aconteça naturalmente, para que
não haja lesões, pois a condição bruta de mudança de amplitudes elevadas, em situações
extremas pode, ao serem trocadas, fazer com que o individuo em sua concepção corporal
sinta desconforto.
O sistema neuromuscular diverge de individuo para individuo, e claro com isso
alguns podem demonstrar maior amplitude de movimento, e assim é necessário adequar
a tensão para cada um, levando-se em conta que até mesmo em habilidades atléticas não
são necessárias amplitudes e tensões extremas, sendo suficiente uma tensão moderada
e frequência na realização dos movimentos.
Baseado nestas informações sobre as amplitudes de movimentos e a carga de
tensão no alongamento para cada indivíduo, respeitando seus níveis de flexibilidade, é
importante salientar que além de todas as precauções na aplicação de atividades, faz-se
necessário compreender e conhecer a cultura corporal que estes adolescentes trazem
consigo, tornando suas vivências um atalho para a realização de atividades que envolvam
os movimentos gímnicos.
De acordo com estudos de Pizani; Barbosa-Rinaldi (2010), pode-se categorizar os
elementos gímnicos, como formas lúdicas de movimentos ginásticos, que são
encontrados em brincadeiras não formais do vasto repertório da cultura corporal de
nossos alunos. Exemplos claros destes são: usar muros para trepar e equilibrar-se como
em uma trave de equilíbrio, ou ainda utilizar o corrimão como uma barra fixa, utilizar-se de
banco para saltar e assim por diante. Com isso, percebe-se que muitas das brincadeiras
populares e não formais, que todos já vivenciamos um dia, como a estrelinha, a
cambalhota e a bananeira, estão presentes na formalidade como roda, rolamento e
parada de mão, todos conteúdos da ginástica.
Assim, de acordo com Snyders (1998), não se fazem necessárias formas
metódicas e teorizadas para se vivenciar e experimentar culturas corporais, mais
precisamente os elementos gímnicos, todavia cabe à escola ampliar esse universo de
saberes e experiências, principalmente os gímnicos que fazem parte do foco desta
Unidade Didática.
Considerando os elementos gímnicos integrantes do conteúdo da ginástica, Pizani;
Barbosa-Rinaldi (2010), afirmam que estes mesmos compõem o conjunto de
conhecimentos clássicos do conteúdo, e têm estado praticamente ausentes do espaço
escolar. Diante disto, faz-se necessário atrelarmos às vivências dos movimentos gímnicos
trazidas pelos alunos como bagagem, aos conteúdos instituídos pela formalidade, pois se
tratando de ludicidade, estas vivências serão passíveis de maior compreensão,
conscientização e aplicabilidade na educação física escolar.
Consequentemente, percebe-se o vasto universo de possibilidades quando nos
referimos aos movimentos gímnicos que são espontâneos e rotineiros aos alunos,
principalmente quando o assunto é pendurar, escorregar, trepar, equilibrar, manejar bolas
e cordas, correr e andar. Em afirmação de tudo o que foi mencionado Souza (1997), é
categórico em dizer que os exercícios de condicionamento físico, fortemente realizados
nos elementos gímnicos (além dos acrobáticos e de manejos de aparelhos), podem ser
entendidos como forma de aquisição ou manutenção de condição física dos indivíduos
sendo eles atletas ou não. E para finalizar esta breve conceituação de
elementos/movimentos gímnicos, é possível notar que muito tem-se a acrescentar na
cultura corporal dos alunos, principalmente nos ganhos de condicionamento físico, porém
nota-se a necessidade de resignificar a ginástica no contexto escolar, favorecendo o
conhecimento/vivências que aprimorem de forma sistematizada o que já trazem para a
escola.
Considerando as informações levantadas, é valido ressaltar a importância da
analise efetiva da prática de movimentos gímnicos durante esta fase de desenvolvimento
assim como a interação com as demais valências físicas e maturacionais em
adolescentes. E, essas práticas sempre pautadas nos conteúdos estruturantes da
disciplina que, de acordo com as Diretrizes Curriculares2 que pregam a prática da
ginástica como forma de possibilitar ao aluno o reconhecimento de seu corpo em suas
diferentes formas de representações, com consciência crítica e questionadora a respeito
dos padrões estéticos pré-estabelecidos e sem obsessão pelo culto ao corpo presentes
em variadas práticas corporais, privilegiando um potencial de criatividade no aluno, além
de satisfatório desenvolvimento físico e aprimoramentos das funções orgânicas.
Partindo desse princípio, busca-se a análise e interpretação desses estágios para
que possam ser aproveitados ao máximo o potencial de meninos e meninas nas aulas,
para que estes além de desenvolverem-se possam criar gosto pela atividade física, por
meio da ginástica, além de buscar melhor rendimento nos níveis de flexibilidade. E para
isso, passa-se a partir de então a um estudo específico sobre a fase de desenvolvimento
na adolescência, porém voltada com maior ênfase aos desenvolvimentos físicos, não
deixando de lado as demais características já que fazem parte do todo.
¹ Diretrizes Curriculares do Paraná (2008)
MATERIAIS E MÉTODOS
O estudo foi desenvolvido com população composta por 55 alunos, dos 7º anos de
um colégio da rede pública de uma cidade do norte do Paraná, cujas avaliações foram
feitas nas próprias dependências do colégio.
A massa corporal foi mensurada em uma balança de plataforma, digital, marca
Plena@, com precisão de 0,1 kg e capacidade para 180 kg, o avaliado foi posicionado em
pé, descalço e com uniforme escolar.
A estatura foi mensurada através de um estadiômetro, com valores obtidos em
centímetros (cm) com precisão de 0,1 cm. Com o avaliado em pé, descalço, de forma
ereta, com os membros superiores pendentes ao longo do corpo, calcanhares unidos,
distribuindo o peso do corpo igualmente sobre ambos os pés e cabeça posicionada em
plano de Frankfurt paralelo ao solo, calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e
região occipital em contato com a escala de medida.
O Índice de Massa Corporal para escolares, utiliza-se a seguinte formula: [IMC =
peso (kg)/estatura (m)²] foi classificado e categorizado em percentil de acordo com o CDC
(2000).
Para avaliar a flexibilidade foi feito o teste de sentar e alcançar adaptado de
Guedes e Guedes (2006), utilizando o Banco de Wells. Assim, posicionou as mãos sobre
a parte plana demarcada com a fita, flexionou o tronco á frente a fim de que alcançasse o
ponto mais distante da fita com as pontas dos dedos, os braços unidos e alongados e
manteve a posição por aproximadamente 2 segundos. Cada avaliado teve três tentativas
para a realização do teste, porém para efeito de resultado, foi computado apenas o maior
resultado obtido.
A avaliação da maturação foi realizada seguindo o protocolo de Tanner (1962),
com a utilização da planilha com fotos, quando o aluno, em local reservado portando a
planilha com as demonstrações recomendadas por Tanner, e após a observação do aluno
na foto da planilha o mesmo assinalou a imagem que ele achou estar próximo de como
ele se vê.
Nas avaliações de potência, o salto horizontal seguiu de acordo com Pitanga
(2008), no qual, o avaliado em pé, com os pés atrás da marca zero da fita métrica e,
paralelos, salta no sentido horizontal, ao sinal que lhe é dado pelo avaliador, com a
finalidade de alcançar o ponto mais distante possível. Com a permissão de movimentar
livremente os braços e tronco.
O registro aconteceu partindo da marca zero até a marca mais próxima alcançada
por qualquer parte do corpo, tendo sido concedida ao avaliado três tentativas, considerou-
se aquela em que ele alcançou maior distância.
O Salto vertical, também conforme Pitanga (2008), foi realizado sem o auxílio dos
membros superiores, utilizando uma fita métrica fixada na parede verticalmente e as
demarcações foram feitas com pó de giz. O avaliado, com a ponta dos dedos marcadas
com pó de giz, se colocou em pé, calcanhares no solo, pés paralelos, corpo posicionado
lateralmente em relação à parede a qual estava fixada a fita métrica e com os braços
elevados verticalmente. De início o avaliado fez uma marca na parede, no ponto mais alto
que alcançou sem tirar os calcanhares no chão, e na sequência realizou uma pequena
flexão de pernas e saltou, fazendo nova marcação com as pontas dos dedos o ponto mais
alto que atingiu. O resultado, em cm, do salto vertical, foi a diferença entre o ponto de
referência e o máximo alcançado no salto em três tentativas.
Para a análise dos dados foi utilizado o pacote estatístico BioEstat 5.4, assim, foi
realizada a análise descritiva para cada variável de cada sala seguindo para a análise de
normalidade (Shapiro-Wilk), para então, os dados não-paramétricos (Wilcoxon), e os
paramétricos (teste t), e seus valores expressos em mediana e desvio interquartílico
assim como a média e desvio padrão, respectivamente, adotando o padrão de
significância em p≤0,05.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Levando-se em consideração as questões abordadas no presente estudo, a
comparação deu-se em relação ao protocolo de atividades desenvolvidas durante a
pesquisa, sendo que os resultados de cada grupo (GI e GC), são analisadas em confronto
um com o outro, exatamente com o objetivo de comparação das atividades
desenvolvidas.
As valências analisadas durante a pesquisa, conforme referenciado anteriormente,
refletem as capacidades mais latentes em indivíduos da idade analisada, vale ressaltar
que no presente estudo não foi levado em consideração o sexo dos voluntários, haja visto
que nas atividades escolares, as aulas e práticas diversas são realizadas em conjunto dos
dois sexos, sendo então, considerada a separação por salas de aulas da instituição em
questão.
Dentre as variáveis analisadas, a caracterização da amostra é apresentada na
tabela 01.
Tabela 01. Valores referentes aos grupos antes e após a intervenção
Variável Grupo Pré Pós p Valor
EM GI 4 (1) 4 (1) 0,35 GC 4 (1) 4 (1) 0,35
Estatura GI 1,52 ± 0,1 1,55 ± 0,1 <0,001 GC 1,51 ± 0,1 1,54 ± 0,1 <0,001
Massa Corporal GI 48,5 ± 14,2 51,4 ± 16,4 0,05 GC 47,6 ± 13,1 50,4 ± 13,7 <0,001
IMC GI 20 (4) 21 (5) 0,47 GC 20 (4) 20 (4) 0,08
Flexibilidade GI 23,2 ± 7,8 24,2 ± 6,7 0,29 GC 23,8 ± 7,1 23,8 ± 6,5 0,5
Salto Horizontal GI 118,4 ± 23,2 131,0 ± 29,8 0,05 GC 121,2 ± 27,5 129,8 ± 23,4 0,2
Salto Vertical GI 26,2 ± 8,0 29,0 ± 6,7 0,04
GC 27,7 ± 11,6 27,9 ± 7,3 0,46
EM e IMC (teste de Wilkoxon), demais, teste t para amostras pareadas
Ao concluir as avaliações antropométricas e de capacidades em escolares de
ambos os sexos, após intervenção com períodos de atividades abrangendo os elementos
gímnicos, a tabela acima nos revela os resultados alcançados.
No que diz respeito ao Estágio Maturacional, percebeu-se que não houveram
diferenças significativas para os grupos, o que pode ser explicado por haver um curto
espaço de tempo para a intervenção, já na Estatura, houveram diferenças significativas,
no pré e pós para os dois grupos, pois revela que o período de análise compreendeu
provavelmente um dos picos de velocidade do crescimento para os dois grupos,
acontecendo o mesmo com a variável Massa Corporal para o grupo controle, porém, a
diferença deste foi maior, e como não foram separados por sexo, pode ter ocorrido, por
contar com maior número de voluntárias do sexo feminino, o que não foi analisado no
presente estudo. O IMC – Índice de Massa Corporal, permaneceu inalterado, pois é uma
medida que leva em consideração proporcionalmente as medidas de estatura e da massa
corporal, o que pode regular os picos de velocidades de crescimento nessas duas
variáveis, tudo em consonância com estudos de Gallahue (2013).
A Flexibilidade, variável questionada neste estudo, permaneceu inalterada, e pode-
se justificar essa manutenção por ter sido o protocolo realizado no ambiente escolar, nas
aulas de Educação Física, e portanto o resultado não foi significativo pela baixa
quantidade de aulas, curto espaço de aplicação do protocolo, ou até mesmo pelo período
sensível de cada indivíduo no momento da aplicação dos protocolos.
Em contrapartida, porém, de acordo com vários estudos realizados por
Haubenstricker e Seefeldt (1996) onde mostram que as performances de meninos e
meninas de 5 a 14 anos apresentam uma melhora constante nos saltos , sendo que os
meninos apresentam um pequena superação em relação às meninas, os níveis
significativos observados neste estudo ocorreram nos testes de potências, tanto o Salto
Vertical quanto o Salto Horizontal, do grupo Intervenção, quando comparado Pré e Pós, o
que revela que no período analisado o incremento de potência de membros inferiores,
com o protocolo proposto foi eficaz, revelando assim que, agregados aos ganhos
performáticos do indivíduo pelo seu período sensível para determinadas capacidades, o
programa de treinamento proposto foi eficaz para a variável de potência de membros
inferiores.
Assim os resultados encontrados neste estudo, revelam que mesmo aplicando um
programa de atividades no qual o foco é a prática de movimentos gímnicos o ganho de
potência foi estatisticamente significativo em relação a flexibilidade que não mostrou
significância e se manteve, e isto mostra, mais uma vez a necessidade de novas
investigações sobre a relação entre alongamento e força.
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Ao finalizar este estudo, é possível chegar à conclusão de que as aulas de
Educação Física demonstram ainda não possuírem carga horária suficiente para
favorecer o desenvolvimento de muitas das capacidades dos alunos, pois além das
dificuldades estruturais, também se encontra muita resistência por parte dos mesmos, e
isso dificulta ainda mais o trabalho do educador, que tem em seu plano de trabalho outros
conteúdos estruturantes para aplicar.
A prática diferenciada nas aulas, relacionadas as atividades planejadas com
movimentos gímnicos, ao mesmo tempo em que atraem alguns, distanciam outros, e os
possíveis efeitos positivos esperados se tornaram distantes da realidade, haja visto que o
período de intervenção que a pesquisa envolveu foi curto, e isso tornou o treino
programado ineficaz para maiores desenvolvimentos dos níveis de flexibilidade, e os
demais fatores analisados como a maturação sexual não teve alterações significativas
para influenciar nesses efeitos. Com esse resultado, percebe-se a necessidade de buscar
cada vez mais conhecimento para aprimorar as aulas tornando-as mais produtivas,
otimizadas e de maior qualidade para nossos alunos.
REFERÊNCIAS
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