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Versão On-line ISBN 978-85-8015-076-6Cadernos PDE
OS DESAFIOS DA ESCOLA PÚBLICA PARANAENSENA PERSPECTIVA DO PROFESSOR PDE
Artigos
SOBREPESO E OBESIDADE: DISCUSSÃO NAS AULAS DE EDUCAÇÃO FÍSICA
Karina Elaine de Souza Silva
Josmara Adriana Martins
RESUMO
O presente artigo é atividade integrante do Programa de Desenvolvimento Educacional, Paraná,
2013, iniciado a partir do projeto de intervenção pedagógica, aplicado e desenvolvido por meio da
implementação na Escola Estadual do Jardim Eldorado - Ensino Fundamental, no município de
Londrina, Paraná. A obesidade e o sobrepeso foram as temáticas que impulsionaram o trabalho
sendo direcionado e desenvolvido com alunos do sexto ano do Ensino Fundamental II. A pesquisa
objetivou, oportunizar aos estudantes conhecerem e praticarem com mais aprofundamento assuntos
pertinentes ao tema e discutir sobre a obesidade e o sobrepeso e a importância das atividades
físicas. As práticas de ensino e aprendizagem aconteceram por meio de avaliação antropométrica,
questionário de demanda energética, filme, palestra com nutricionista, construção de cartazes e de
gráficos e jogos e brincadeiras com ênfase no exercício aeróbico. Sendo assim, a relevância das
atividades propostas direcionou-se num trabalho com o conhecimento referente à obesidade e ao
sobrepeso, de forma que influenciasse no estilo de vida dos estudantes. De acordo com os
resultados, 83% dos meninos foram classificados com peso normal, 11% sobrepeso e 6% obesidade.
Entre as meninas, observou-se que 90% apresentaram peso normal e 10% obesidade. Após a
intervenção, observou-se que todos os avaliados aumentaram o peso e a estatura, fato esperado,
devido à fase de crescimento em que os voluntários se encontram. Quanto ao nível de atividade
física, observou-se que 78% dos meninos foram classificados como praticantes de atividades leves,
22% moderadas e nenhum aluno atividades vigorosas. Entre as meninas, 100% foram classificadas
como praticantes de atividades leves.
Palavras-chave: Educação Física. Obesidade. Sobrepeso.
* Professora Orientadora Graduada em Licenciatura em Educação Física, pela Universidade Estadual de Londrina (1998), Mestrado em Educação Física pela Universidade Federal de Minas Gerais (2002). Doutorado em Saúde da Criança e do Adolescente pela Universidade de Campinas (2007). Docente do Programa de Desenvolvimento Educacional - Paraná. E-mail de contato: kainasilva@uel.br **Licenciatura em Educação Física (1996). Especialista em Metodologia e Didática do Ensino (2000). Atua na Rede Pública de Ensino do Estado do Paraná, no Município de Londrina. Graduanda no Programa de Desenvolvimento Educacional - Paraná. E-mail de contato: josmara@seed.pr.gov.br
1 INTRODUÇÃO
A Educação Física como componente curricular precisa ser reconhecida
socialmente, tanto no que diz respeito à atividade física praticada há tempos, como
as práticas esportivas privilegiadas pelos estudantes. A educação para a saúde foi
uma das propostas de intervenção deste trabalho.
A maior pretensão neste trabalho foi fazer também possíveis relações
existentes entre saúde e atividade física, contemplando principalmente estratégias
de conscientização para o combate ao sedentarismo, pois este pode levar as
pessoas ao desenvolvimento de sobrepeso e obesidade, condições que se
associam a doenças graves como hipertensão arterial, diabetes entre outras.
Segundo Guedes e Guedes (1998, p.20):
Existe grande número de evidencias que permitem afirmar que maior acúmulo de gordura e de peso corporal assume importante papel na variação das funções orgânicas, constituindo-se em um dos fatores de risco mais significativos associados a morbidades específicas e ao índice de mortalidade.
Atualmente, para controlar os problemas que impedem a população de
adquirir o bem estar físico, mental e social é fundamental prepará-la na área da
educação para a saúde. Esta preparação deve começar cedo na vida do indivíduo e
é principalmente na escola que poderá ser levada a efeito de maneira sistemática,
desde o nível primário, secundário e universitário.
Deste modo, a escola se constitui em um espaço privilegiado para a
implementação de políticas públicas, especialmente de saúde para indivíduos da
faixa etária que se pretende estudar nesta pesquisa no sentido de salientar a
importância de se incorporar bons hábitos de vida desde a infância, para que o
indivíduo adquira um hábito saudável para o resto de sua vida.
Sendo assim, o objetivo da intervenção foi oportunizar aos estudantes
conhecerem e praticarem com mais aprofundamento assuntos pertinentes ao tema e
discutir sobre a obesidade e o sobrepeso e a importância das atividades físicas.
1.1 CONSIDERAÇÕES E DEFINIÇÕES SOBRE OBESIDADE
Segundo BARBOSA (2004), a obesidade talvez seja o maior problema de
saúde pública enfrentado em todo o mundo, possivelmente até maior que a
desnutrição (o que não significa que as deficiências nutricionais tenham sido
eliminadas).
A obesidade é uma doença de etiologia multifatorial relacionada aos hábitos
de vida do indivíduo, a qual resulta de um maior consumo energético comparado à
demanda de energia gasta ao longo do dia. Isso leva ao acúmulo excessivo de
tecido adiposo no organismo, podendo ser oriundo de fatores genéticos, sexo, idade,
ocupação, dieta e outros fatores. Além disso, a herança genética também parece ser
um fator preponderante relacionado a essa doença (SOCIEDADE BRASILEIRA DE
PEDIATRIA, 2008; MARQUES et al., 2004 citado por SILVA e RODRIGUES, 2010).
A pesquisa do IBGE (2009), mostra evidentemente a evolução da obesidade.
Os dados são preocupantes para a saúde pública Brasileira, levando-se em
consideração que meninos e meninas demonstram índices diferenciados.
Segundo o IBGE (2009), uma pesquisa feita no Brasil sobre Análise do
Estado Nutricional entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos de idade pelo
Instituto Brasileiro de Geografia e a Estatística – IBGE em 2009 demonstra por meio
dos dados coletados nos períodos de 1974-1975, 1989, 2002-2003 e 2008-2009
dados alarmantes no que se refere a excesso de peso e obesidade.
Ainda, essa mesma pesquisa feita com dados nutricionais com a evolução
dos indicadores antropométricos na população de 10 a 19 anos de idade por sexo
no Brasil, neste caso com meninos, mostra que nos anos de 1974-1975 o déficit de
peso era de 10,1%, em 1989 caiu para 5%, já em 2002-2003 subiu seu percentual
para 5,3% e, por fim nos anos de 2008-2009 caiu para 3,7%. No caso do excesso de
peso dos meninos, esse estudo demonstrou que nos anos de 1974-1975 era de
3,7%, em 1989 sobe para 7,7%, nos anos 2002-2003 o índice foi a 16,7 e por fim
nos anos de 2008-2009 inesperadamente chegou a 21,7%. Além disso, foram
apontados também dados da obesidade, sendo nos anos de 1974-1975 apresentava
0,4%, nos anos de 1989 vai para 1,5%, nos dados de 2002-2003 subiu para 4,1% e,
por fim nos anos 2008-2009 chegou a 5,9%.
No caso das meninas essa mesma pesquisa demonstrou que o déficit de
peso foi menor em relação aos meninos, ou seja, nos anos de 1974-1975 era de
5,1%, no ano de 1989 continuou caindo e o índice foi para 2,7%. Como era de se
esperar, comparando com os dados dos meninos nos anos 2002-2003, esses
valores subiram para 4,3%, já em 2008-2009 os dados caíram novamente para
3,0%.
No que se refere ao excesso de peso em meninas, os dados mostraram que
nos anos de 1974-1975 o índice era de 7,6%, em 1989 sobe também como no caso
dos meninos para 13,9%, nos anos de 2002-2003 continua subindo e chega a
15,1%, e por fim nos anos de 2008-2009 os dados quase triplicam com relação ao
início da pesquisa e vai para 19,4%.
Finalmente, os dados sobre obesidade nas meninas, foi nos anos 1974-1975
de 0,7%, sendo maior que dos meninos, continuou subindo o índice. Assim, no ano
de 1989 foi para 2,2%, mais tarde nos anos de 2002-2003 foi para 3,0% e, em
seguida nos anos de 2008-2009 subiu um pouco mais chegando a 4,0%, dado
menor comparado com os meninos.
Conclui-se com esses dados que os índices de obesidade cresceram
gradativamente ano a ano, tanto para os meninos quanto para as meninas.
Lembrando ainda, que, segundo a Organização Mundial de Saúde (2013), é
importante desenvolver hábitos de alimentação saudável entre crianças e
adolescentes para sua manutenção na via adulta e, consequente redução de risco
de doença.
Gigante e Barros (1997) afirmam “que o método mais eficaz no combate à
obesidade está na mudança do comportamento e hábitos de vida, em que se inclui
reeducação alimentar e inclusão da prática de atividade física no dia a dia do
indivíduo”.
1.2 CONSIDERAÇÕES SOBRE EXERCÍCIO FÍSICO
Muitas pessoas não praticam nenhum tipo de atividade física, seja ela, como
forma de lazer, treinamento ou tão pouco uma simples caminhada. Embora essas
pessoas tenham a consciência da importância desta prática para buscar uma melhor
qualidade de vida, o sedentarismo ainda aparece com altos índices em pesquisas
feitas no mundo inteiro entre pessoas de diversas idades.
Estimular a prática da atividade física logo na infância é muito importante para
uma vida adulta ativa ou pelo menos para uma consciência da importância da
prática de atividades físicas, sendo assim há grandes chances dessas pessoas
terem mudanças em seu comportamento.
Nahas (2001, p.10) afirma que 5 sessões de 30 minutos de atividade física
moderada por semana proporcionam:
Mais disposição no trabalho e no lazer; menor risco de doenças do coração; osteoporose; obesidade; diabete; certos tipos de câncer e depressão, ajuda no controle do peso corporal, bem estar, oportunidade para encontrar pessoas e descontrair e a curto prazo tem-se a melhora do humor e da auto imagem do corpo.
Barbosa (2004) fez uma diferenciação entre atividade física e exercício físico.
Atividade física é qualquer movimento do corpo. É perfeitamente possível ter uma
vida ativa sem participar de competições, ou seja, qualquer movimento corporal que
resulte em maior dispêndio de energia é uma atividade física. Por outro, o exercício
físico é programado, com horário e frequência determinados, ou seja, exercício
planejado, estruturado, repetitivo e intencional.
Contudo, mesmo não sendo o objetivo das aulas de Educação Física
proporcionar o momento para essa prática, entende-se que o ambiente escolar é
lugar adequado para se criar estratégias de ação e desenvolver uma nova
consciência sobre os riscos que a obesidade pode trazer à saúde das pessoas de
um modo geral e praticar exercícios físicos regulares fora do ambiente escolar.
2 DESENVOLVIMENTO E ANÁLISE DE RESULTADOS
2.1 MATERIAIS E MÉTODOS
2.1.1 Local de realização do estudo
O projeto de estudo foi implementado na Escola Estadual do Jardim Eldorado
– Ensino Fundamental, situada à Rua Comandante Rhul, 240, no Jardim Califórnia,
na Zona Leste, no município de Londrina-PR.
2.1.2 Amostra
Foram avaliados no total 28 alunos, sendo, 18 do sexo masculino e 10 do
sexo feminino, com idade entre 12 e 13 anos.
2.1.3 Critérios éticos
No início do ano letivo o projeto foi apresentado à comunidade escolar:
Equipe Pedagógica e Direção, Funcionários, Pais e Alunos.
Após ciência dos procedimentos aos quais os alunos seriam submetidos, os
pais dos alunos envolvidos assinaram um termo autorizando a participação dos
mesmos.
Igualmente, os alunos aceitaram voluntariamente participar de todas as
etapas do projeto.
2.2 PROCEDIMENTOS EXPERIMENTAIS
A implementação do projeto ocorreu após a apresentação à comunidade
escolar, pais e alunos da escola.
Na sequencia, foram realizadas as avaliações antropométricas e estado
nutricional.
Por fim, foi aplicado o questionário de demanda energética após ocorreram as
aulas de desenvolvimento do projeto.
2.3 VARIÁVEIS ATROPOMÉTRICAS
2.3.1 Peso
Para a avaliação da massa corporal foi utilizada uma balança digital, com
capacidade de 200 Kg, graduada em gramas, com precisão de 100 gramas. Cada
aluno avaliado tirou os sapatos e a blusa de frio e ao subir na balança, ficou em pé,
de frente para o avaliador e no centro da mesma.
2.3.2 Estatura
Para avaliação da estatura, o aluno ficou em pé, pés descalços e unidos, a
região posterior dos calcanhares, cintura pélvica, cintura escapular e região occipital
ficaram em contato com o instrumento de medida. A cabeça ficou orientada no plano
horizontal Frankfurt (é um plano estabelecido do ponto mais baixo da margem
orbitária ao ponto mais baixo da margem do meato auditivo, visualizado em
representações de perfil). A reavaliação foi realizada no mesmo horário, para evitar
interferências do horário do dia nesta variável.
2.3.3 Estado Nutricional – ÍNDICE DE MASSA CORPORAL (IMC)
O IMC foi calculado pela seguinte fórmula: Peso em kg / (altura em metros) ao
quadrado (Quetelet, 1833).
Para a classificação do estado nutricional, foi utilizada a Tabela de
Classificação de IMC para adolescente proposta por Cole et al. (2000).
Após a realização das medidas e dos cálculos para determinar o IMC, os
dados foram interpretados com o uso da tabela de Conde e Monteiro (2006).
Dessa forma analisou-se se ambos os dados estão dentro dos padrões
esperados para a idade.
2.4 AVALIAÇÃO DA DEMANDA ENERGÉTICA
O método utilizado por este trabalho com o intuito de obter informações
acerca dos níveis de prática de atividade física dos alunos do sexto ano vespertino
da Escola Estadual do Jardim Eldorado foi o registro recordatório com
preenchimento, pelos avaliados, de diários/ fichas. Optou-se pelo preenchimento de
um diário em um dia da semana e outro no final de semana uma vez que o nível de
atividade física é variável.
Nesse instrumento o dia é dividido em 96 períodos de 15 minutos cada e o
avaliado registrou o tipo de evento de atividade física durante as 24 horas do dia.
Cada evento foi classificado de acordo com as nove categorias de atividade do
cotidiano estabelecidas com base nas estimativas do custo energético médio de
atividade realizadas por humanos. Como mostra o quadro abaixo.
Quadro 1. Dispêndio Energético nas categorias de atividade física.
Categoria Tipos de Atividade Dispêndio Energético (kcal/kg/15m)
1 Repouso na cama: horas de sono 0,26
2 Posição sentada: refeições, assistir à TV, trabalho intelectual sentado
0,8
3 Posição em pé suave: higiene pessoal, trabalhos domésticos leves sem descolamentos.
0,57
4 Caminhada leve (<4 km/h): trabalhos domésticos com deslocamento, dirigir veículos.
0,69
5 Trabalho manual suave: trabalhos domésticos como limpar chão, lavar veículo, jardinagem.
0,84
6 Atividades de lazer e prática de esportes recreativos: voleibol, ciclismo passeio, caminhadas a 4-6km/h.
1,2
7 Trabalho manual em ritmo moderado: trabalho braçal, de carpinteiro, pedreiro, pintor.
1,4
8 Atividades de lazer e prática de esportes de intensidade moderada: futebol, dança, aeróbia, natação, tênis, jogging.
1,5
9 Trabalho manual intenso, prática de esportes competitivos: de carregar cargas elevadas, de atletas profissionais.
2
Com as fichas/ diários dos alunos preenchidas em mãos estabeleceu-se o
número de períodos de 15 minutos em que o avaliado registrou ter permanecido em
cada categoria de atividade do cotidiano ao longo do dia. Com os referenciais
energéticos previamente estabelecidos e que constam na tabela acima, tornou-se
possível estabelecer indicadores do nível de prática de atividade física.
Para se chegar aos valores de Taxa Metabólica Basal, Dispêndio Energético
e Nível de Atividade Física apresentados da tabela de resultados dos alunos da
Escola Estadual do Jardim Eldorado foram seguidos os passos abaixo:
1. Classificação de cada evento de atividade física registrado pelo
avaliado em categoria de atividade do cotidiano;
2. Contagem do número de períodos de 15 minutos em que o avaliado
registrou ter permanecido em cada categoria de atividade física do
cotidiano;
3. Multiplicação das quantidades de 15 minutos de cada categoria com o
dispêndio energético estimado na tabela acima. Por exemplo, vinte e
seis períodos do nível 1: cinco períodos no nível de atividade 1:
5*0,26=1,3;
4. Somou-se o total de todos os dispêndios energéticos do dia. Isso
incluiu todos os períodos de 15 minutos multiplicados pelos valores
correspondentes na tabela. Para o cálculo o procedimento anterior foi
realizado com todos os níveis de dispêndio – do 1 ao 9. Ou seja,
calculou-se cada um e depois realizou-se a soma dos dispêndios para
se chegar ao total. Exemplo:
26 períodos nível 1 = 0,26*26=6,76
48 períodos nível 2 = 0,38*48=18,24
7 períodos nível 3 = 0,57*7=3,99
9 períodos nível 4 = 0,69*9=6,21
2 períodos nível 5 = 0,84*2=1,68
4períodos nível 6 = 1,20*4=4,80
Nível 7, 8 e 9 – não houve atividade.
Total de períodos: 96
Soma da Taxa de cada período (Dispêndio Energético) =
6,76+18,24+3,99+6,21+1,68+4,80= 41,68 kcal/kg/dia
5. Realizou-se a multiplicação do valor total de dispêndio energético do
dia com o peso do aluno para se chegar ao valor de calorias diárias
gastas ao longo de 24 horas. Considerando o exemplo anterior e um
indivíduo de 70 kg temos:
41,68 * 70 = 2918 kcal/ dia
6. Para dar continuidade ao cálculo foi necessário encontrar a taxa
metabólica basal. Para tanto foi realizado o seguinte cálculo:
multiplicou-se o valor padrão de 15,3 pelo peso do avaliado. Feito o
cálculo somou-se ao resultado um valor de 679. Exemplo:
(15,3 * Peso) + 679
(15,3*70kg) + 679
1071+679
Taxa Metabólica Basal: 1750 kcal/ dia
7. Por fim, realizou-se a divisão entre o dispêndio energético e a taxa
metabólica basal. O resultado é o NAF: Nível de Atividade Física:
Exemplo: 2918 kcal/dia / 1750 kcal/dia = 1,67
Com o resultado em mãos, pôde-se proceder a classificação dos dados de
acordo com o nível de atividade física: Leve, Moderada ou Vigorosa, conforme
quadro abaixo:
Quadro 2: Classificação pelo nível de atividade física
Nível de Atividade física – NAF Mulheres Homens
Leve <1,56 <1,55
Moderado 1,64 1,78
Vigoroso >1,82 >2,10
2.5 ANÁLISE DOS DADOS
Os dados fora analisados de forma descritiva, com distribuição de frequencia
percentual.
2.6 RESULTADOS E DISCUSSÃO
O projeto foi desenvolvido em 32 (trinta e duas) aulas no decorrer de 5 meses
(fevereiro, março, abril, maio e junho) do corrente ano.
Em face de toda problemática de uma sequência de dados estatísticos
divulgados pela mídia sobre os males causadores pelos maus hábitos alimentares
aliados ao sedentarismo, fica claro que os principais fatores desencadeadores do
sobrepeso e/ou obesidade, bem como estudos se fazem necessários, a fim de se
estabelecer um diagnóstico acerca do estado nutricional que se encontram os
alunos avaliados no estudo em questão.
O problema da obesidade e/ou sobrepeso afeta não só os grandes centros,
mas também os pequenos bairros, como é o caso de Londrina. A pesquisa
desenvolvida na Escola Estadual do Jardim Eldorado – Ensino Fundamental
localizada na Região Leste de Londrina, motivada pela constatação da existência de
muitas crianças e adolescentes se alimentando já no início do primeiro horário de
aula uma série de guloseimas, dentre as mais consumidas, chicletes e balas, sem
nenhum critério ou preocupação com o percentual calórico e principalmente com os
efeitos que seu consumo de forma desmedida pode causar no que se refere ao
ganho de peso.
A pesquisa realizada avaliou 28 alunos, sendo, 18 meninos e 10 meninas. A
primeira avaliação antropométrica foi feita na segunda semana após o início do ano
letivo. Na sequência foi explicado como cada um teria que responder ao questionário
de demanda energética e devolver até a semana seguinte. A segunda e última
avaliação antropométrica foi realizada cinco meses após a primeira.
A implantação iniciou com a apresentação do projeto a comunidade escolar e
para isso foram necessárias três aulas e todos os envolvidos aceitaram de modo
satisfatório.
A primeira atividade prática realizada foi a Avaliação Antropométrica, foram
necessárias duas aulas, o momento de pesar e medir foi aceito por todos, porém, foi
necessário colocar a balança distante dos demais na hora que cada um subia, pois
ficavam curiosos para ver o peso, principalmente dos alunos que são aparentemente
considerados fora do peso.
Na aula de calcular o IMC os alunos tiveram bastante dificuldade porque
ainda não tinham se apropriado do conteúdo potenciação, mas com a colaboração
da professora de matemática foi possível fazer o cálculo. O ponto negativo dessa
avaliação foi o fato dos alunos ainda não terem se apropriado do conteúdo
necessário para fazer o cálculo. Depois que todos conseguiram calcular, o resultado
foi classificado na tabela de Classificação de IMC para adolescente proposta por
Cole et al. (2000) e divulgado individualmente para cada aluno o seu estado
nutricional.
Com os resultados obtidos de cada aluno, pôde-se constatar as
características gerais da amostra com valores de média, conforme tabela abaixo:
Tabela 1 – Características Gerais da Amostra
Pré Pós
Masculino Feminino Masculino Feminino
Peso (Kg) 44,28 44,3 47,28 46,68
Altura (m) 1,49 1,52 1,52 1,54
IMC (kg/m2) 19,59 18,98 20,04 19,44
A respeito dos dados da avaliação antropométrica, de um modo geral,
observou-se que todos cresceram e ganharam peso. A análise feita com os meninos
constatou-se pelos dados de IMC (Índice de Massa Corporal) que 15 alunos foram
classificados como normal, com exceção de 2 alunos com sobrepeso e 1 aluno com
obesidade. A mesma análise feita com as meninas constatou-se que 8 alunas estão
classificadas como normal, 1 aluna com sobrepeso e 1 aluna com obesidade.
A partir da primeira Avaliação Antropométrica por meio do IMC (Índice de
Massa Corporal), a problemática do início do ano letivo foi confirmada, ou seja, foi
constatado que entre os meninos avaliados 83,30% foram classificados com peso
normal, 11,10% com sobrepeso e 5,5% com obesidade. Na avaliação pré, feita com
as meninas constatou-se que 90% foram classificadas com peso normal e 10%
classificadas com obesidade.
Ao realizar a segunda Avaliação Antropométrica por meio do IMC (Índice de
Massa Corporal), que chamamos de pós foi constado que 77,7% dos alunos
avaliados foram classificados com peso normal, 16% com sobrepeso e 5,5% com
obesidade. Na avaliação pós, realizada com as meninas foi constatado que 80%
foram classificadas com peso normal, 10% com sobrepeso e 10% com obesidade.
Tabela 2 – Classificação do IMC
Pré Pós
Masculino Feminino Masculino Feminino
Peso Normal 83,30% 90,00% 77,7% 80%
Sobrepeso 11,10% 0,00% 16,6% 10%
Obesidade 5,5% 10% 5,5% 10%
Na aplicação do Questionário de Demanda Energética foi utilizada uma aula
para explicar todo o procedimento e os alunos não entendiam, pois são muito
imaturos para a referida avaliação. A devolutiva da ficha ficou para a semana
seguinte, mas pela questão da imaturidade e pela falta de compromisso, alguns
entregaram depois de um mês, mesmo sendo cobrados em todas as aulas
anteriores. Por essa razão a aplicação do questionário foi realizada uma única vez.
Depois que todos entregaram as fichas, foi feito todo o cálculo para verificar o
NAF (Nível de atividade Física) dos envolvidos. Na categoria masculina 77,70% dos
alunos foram classificados como praticantes de atividades leves e 22,20% são
praticantes de atividades moderadas e nenhum aluno praticante de atividades
vigorosas. Na categoria feminina 100% foram classificadas como praticantes de
atividades leves.
Tabela 3 – Classificação Nível de Atividade Física (NAF)
Masculino Feminino
Leve 77,70% 100%
Moderado 22,20% 0%
Vigoroso 0% 0%
Na atividade Filme: A Dieta do palhaço foram necessárias três aulas, sendo
duas para a exibição e uma para os alunos responderem as questões referentes ao
filme. Durante a exibição do filme os alunos assistiram atentamente e fizeram
anotações que julgaram importantes em seus cadernos. Após o filme foi dada a
oportunidade para comentar e a maioria interagiu com observações relevantes.
Foi promovida uma palestra a respeito dos hábitos alimentares. A profissional
convidada abordou temas como classes de alimentos, importância de uma
alimentação saudável e equilibrada e orientações gerais sobre a importância da
prática de exercícios físicos. Após a explanação, foi dada oportunidade aos
participantes de fazerem perguntas a respeito do que foi dito e no decorrer das
perguntas foi observado que os alunos possuem pouquíssimas informações sobre o
valor energético dos alimentos e tampouco sobre os perigos que rondam uma dieta
alimentar alicerçada no consumo de elevada densidade energética, mas pobres em
nutrientes, com altos teores de açúcar, sal e gorduras saturadas.
Por essa razão ficou clara a motivação que os envolvidos tem para se
alimentarem constantemente com balas e chicletes no início de cada período de
aula. Acredita-se que a partir das orientações e esclarecimentos a cerca das
curiosidades e dúvidas dos alunos os mesmos possam ter melhorado sua
consciência sobre os malefícios de uma alimentação incorreta atrelada a falta de
atividades físicas.
Baseado no que se constatou, foram criadas medidas de intervenção para
mostrar aos alunos a respeito da necessidade do desenvolvimento de hábitos
alimentares saudáveis, bem como da importância da realização de atividades físicas
para manutenção de um estilo de vida melhor e mais saudável.
Essas medidas se agruparam em atividades como jogos, brincadeiras e
exercícios com ênfase na categoria aeróbica. No decorrer das mesmas todos os
alunos participaram com muito entusiasmo e destreza, fizeram muitas sugestões e
modificações de regras e ou modo de fazer as atividades inclusive, sendo que,
dentre todas, as mais preferidas foram as que levavam os alunos ao desafio.
Deve, contudo, ficar claro que o referido trabalho trouxe como objetivo
principal somente mostrar aos alunos acerca da importância dos hábitos alimentares
e da necessidade da prática de atividade física, que é possível mudar os hábitos por
meio de uma consciência, considerando que cada um vem de uma criação distinta e
que na maioria das vezes estes hábitos inadequados são adquiridos no interior de
suas famílias, contudo, espera-se que os envolvidos no trabalho possam contribuir
para que os seus pais e familiares reflitam sobre a necessidade de se ter um estilo
de vida saudável, que contemple bons hábitos alimentares e prática regular de
atividades físicas.
Na atividade construção de cartazes, os alunos foram divididos em grupos, e
para cada grupo foi dado um tema como frutas, legumes, carne, exercícios
aeróbicos, exercícios de força e resistência muscular e exercícios de alongamento, a
cada um foram disponibilizados várias revistas e materiais para construção.
Primeiramente, cada grupo escreveu o tema no cartaz, na sequencia
começaram a folhear as revistas, recortar figuras referentes ao tema e colar no
papel craft. No momento da procura pela figura do tema do seu grupo, muitos alunos
contribuíram com os demais colegas da sala, quando encontravam figuras de outros
temas, saiam à procura do grupo para entregar a figura encontrada.
Além de educativo, foi um momento cooperativo. Ao terminarem a construção
do cartaz, cada grupo expôs no mural do pátio da escola e já havia sido combinado
anteriormente que no intervalo das aulas cada grupo ficaria próximo ao seu trabalho
para comentar em poucas palavras sobre os benefícios que cada um tinha para uma
vida saudável.
Por fim, foi feita, por meio de tabelas, a análise dos resultados das
Características Gerais da Amostra, Classificação do IMC (Índice de Massa Corporal)
e Classificação NAF (Nível de Atividade Física).
3 CONSIDERAÇÕES FINAIS
De acordo com os resultados, entre os meninos avaliados 83,30% foram
classificados com peso normal, 11,10% com sobrepeso e 5,5% com obesidade.
Entre as meninas, observou-se que 90% foram classificadas com peso normal e
10% classificadas com obesidade. Após a intervenção, observou-se que todos os
avaliados aumentaram o peso e a estatura, fato esperado, devido à fase de
crescimento em que os voluntários se encontram.
Quanto ao nível de atividade física, observou-se que 77,70% dos meninos
foram classificados como praticantes de atividades leves, 22,20% atividades
moderadas e nenhum aluno praticante de atividades vigorosas. Entre as meninas,
100% foram classificadas como praticantes de atividades leves.
O processo educativo está muito adiante da simples definição da relação
dialógica e de ensino-aprendizagem que habitualmente fazemos menção. Desta
forma, sabemos que ideologicamente, o processo educacional é explorado devido
ao seu caráter de formação, preparação e participação ativa diante do social.
Acredita-se que se escola, família e comunidade buscarem por políticas
públicas que trabalhem na prevenção de doenças advindas dos maus hábitos de
vida, certamente haverá grande chance do objetivo do trabalho ser atingido.
Espera-se que com o trabalho realizado os alunos, seus familiares e o
ambiente escolar possam refletir sobre questões relacionadas ao estilo de vida, que
contempla, especialmente o nível de atividade física e hábitos alimentares
saudáveis, considerando que a escola é um espaço oportuno na formação de
opiniões.
4 REFERÊNCIAS
BRASIL, Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, de 20 de dezembro de 1.996. Lei n 9.394. Brasília: Centro de Documentação e Informação, Coordenação de Publicação, 1.997 (cartilha). GIGANTE, D.P.; BARROS, F.C.; POST, A. Prevalência de obesidade em adultos e seus fatores de risco. Revista de Saúde Pública. v.31, n.3, 1997. GUEDES, D. P.; GUEDES, J. E. R. P. Controle do peso corporal: composição corporal, atividade física e nutrição. Londrina: Midiograf, 1998. INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA – IBGE. Análise do Estado Nutricional entre crianças e adolescentes de 10 a 19 anos. 2009. Disponível em: http://www.ibge.gov.br/home/estatistica/populacao/condicaodevida/pof/2008_2009_encaa/comentario.pdf. Acesso em: 6 de junho de 2013. NAHAS, M.V. Atividade Física, Saúde e Qualidade de Vida: conceitos e sugestões para um estilo de vida ativo. Londrina – PR: Midiograf, 2001. SILVA, D. P.; RODRIGUES, E. Obesidade/Sobrepeso Infantil e Seus Fatores de Risco: Uma Revisão de Literatura. Revista Mineira de Educação Física, Viçosa, edição especial, n. 5, p. 136-146, 2010. Disponível em: http://www.revistamineiradeefi.ufv.br/artigos/arquivos/2b2020e91a8c7eb0bde3f36a42ef33c8.pdf. Acesso em: 10 de julho de 2013.
Acadêmica: Josmara Adriana Martins
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Orientadora: Dra Karina Elaine de Souza Silva
Londrina, 2014