OFICINA. Leitura de imagens II - Leitura de poemas: Glória Kyrinus Carlos Drummond de Andrade.

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II - Leitura de poemas:

Glória Kyrinus

Carlos Drummond de Andrade

Sete Quedas, Sete Anões e Um Dragão

Eram sete, Sete Quedascatarinas a correr...Arco-íris feito águaem mil saias de filó...Sete notas dançarinas:Si Lá Sol FáMi Ré Dó.

Eram sete, Sete Quedase sete anões brincalhões- cambalhotas de ternurabanhos de espuma e luar - Tudo Assim continuaria...Mas vejam só o que aconteceuà plena luz do dia:

Eram sete, Sete Quedascatarinas a correr...Arco-íris feito água

em mil saias de filó...Sete notas dançarinas:

Si Lá Sol FáMi Ré Dó.

Eram sete, Sete Quedase sete anões brincalhões- cambalhotas de ternura

banhos de espuma e luar - Tudo Assim continuaria...

Mas vejam só o que aconteceuà plena luz do dia:

Fortes estrondosestremeceram a terra

e aterrorizados tremeramQuedas, cores e anõesQuedas cores e anõesQuedas cores e anõesQuedas cores e anões

O motivo de tanto medoninguém ao certo sabia...

Seria ogro ou trovãoquem trovejava ou grunhia?

Seria britadeira ou tratorO que a terraEstremecia?

No meio da fumaceira,no meio de tanto pó

o tal bicho, coisa ou gentesurgiu com fúria de furacão,

bafo quente de dinamite,força de ogro e jeito de

dragão

O dragão, que por tal nomepassou a ser conhecido,

cercava as Quedas de armadilhascavava túneis e labirintos

embaixo da terra,onde sete celas capturariam

as Sete Quedas.

No meio da fumaceira,no meio de tanto pó

o tal bicho, coisa ou gentesurgiu com fúria de furacão,

bafo quente de dinamite,força de ogro e jeito de

dragão

O dragão, que por tal nomepassou a ser conhecido,

cercava as Quedas de armadilhascavava túneis e labirintos

embaixo da terra,onde sete celas capturariam

as Sete Quedas.

No meio da fumaceira,no meio de tanto pó

o tal bicho, coisa ou gentesurgiu com fúria de furacão,

bafo quente de dinamite,força de ogro e jeito de

dragão

O dragão, que por tal nomepassou a ser conhecido,

cercava as Quedas de armadilhascavava túneis e labirintos

embaixo da terra,onde sete celas capturariam

as Sete Quedas.

Eram sete, Sete Quedaslamentando seu destino

arco-íris feito prantoondulado de pavor

Eram sete, Sete Quedascom sete dias contados

de música, cor e sol.

Eram sete, sete anõesem plena luta amada

- com mãos de espumae uma lua cheia assustada - contra o dragão que queria

somente para si... as Sete Quedasbem enterradas.

Chegou o dia tão aguardadopelo dragão invasor.

As sete celas embaixo da terraficaram prontas a espera...

das Sete Quedas que acorrentadas

e à viva força arrastadaspor sete chaves foram chaveadas.

As Sete Quedas enclausuradasuniram prantos

e choraram tanto, de forma tal,que a própria terra

morta de tristeza comoveu-se toda

e novamenteem convulsões

Estremeceu.

Eram sete, sete anõesque partiram sem nenhum rumo...

Pé por pé, passo a passo,pensando alto...desapressando o

passo.Eram seresteiros dos sete ventosque marcavam o descompassodo pensar alto e o lento passo.

O lamento dos sete anões,

o vento por onde foi espalhou.E os sete cantos do mundohoje comentam também,a história das Sete Quedas

que os sete anões queriam bem:Eram sete, Sete Quedas...

Eram sete, Sete Quedasque nunca mais viram o sol,Sete Quedas afogadasque a mão de açodo dragão prendeu.Sete poços de prantoque a região todaalagou. O tal dragão que nunca soubeolhar firme para o chão,foi visto afundar por inteiro,com sete chaves na mãonuma das fendas profundas,que a terra violentadaabriu.

Eram sete, sete anõesque partiram sem nenhum rumo...

Pé por pé, passo a passo,pensando alto...desapressando o

passo.Eram seresteiros dos sete ventosque marcavam o descompassodo pensar alto e o lento passo.

O lamento dos sete anões,

o vento por onde foi espalhou.E os sete cantos do mundohoje comentam também,a história das Sete Quedas

que os sete anões queriam bem:Eram sete, Sete Quedas...

Eram sete, sete anõesque partiram sem nenhum rumo...

Pé por pé, passo a passo,pensando alto...desapressando o

passo.Eram seresteiros dos sete ventosque marcavam o descompassodo pensar alto e o lento passo.

O lamento dos sete anões,

o vento por onde foi espalhou.E os sete cantos do mundohoje comentam também,a história das Sete Quedas

que os sete anões queriam bem:Eram sete, Sete Quedas...

Adeus a Sete QuedasSete quedas por mim

passaram, e todas sete se esvaíram.

Cessa o estrondo das cachoeiras, e com elea memória dos índios,

pulverizada,já não desperta o mínimo arrepio.

Aos mortos espanhóis, aos mortos

bandeirantes,aos apagados fogos

de Ciudad Real de Guaira vão juntar-se

os sete fantasmas das águas assassinadas

por mão do homem, dono do planeta.

Aqui outrora retumbaram vozes

da natureza imaginosa, fértil

em teatrais encenações de sonhos

aos homens ofertadas sem contrato.

Uma beleza-em-si, fantástico desenho

corporizado em cachões e bulcões de aéreo contorno

mostrava-se, despia-se, doava-seem livre coito à humana vista

extasiada.Toda a arquitetura, toda a

engenhariade remotos egípcios e assírios

em vão ousaria criar tal monumento.

E desfaz-sepor ingrata intervenção de

tecnocratas.Aqui sete visões, sete

esculturasde líquido perfil

dissolvem-se entre cálculos computadorizados

de um país que vai deixando de ser humano

para tornar-se empresa gélida, mais nada.

Faz-se do movimento uma represa,

da agitação faz-se um silêncioempresarial, de hidrelétrico

projeto.Vamos oferecer todo o confortoque luz e força tarifadas geramà custa de outro bem que não

tem preçonem resgate, empobrecendo a

vidana feroz ilusão de enriquecê-la.

Sete boiadas de água, sete touros brancos,

de bilhões de touros brancos integrados,

afundam-se em lagoa, e no vazioque forma alguma ocupará, que

restasenão da natureza a dor sem gesto,

a calada censurae a maldição que o tempo irá

trazendo?

Vinde povos estranhos, vinde irmãos

brasileiros de todos os semblantes,

vinde ver e guardarnão mais a obra de arte natural

hoje cartão-postal a cores, melancólico,

mas seu espectro ainda rorejante

de irisadas pérolas de espuma e raiva,

passando, circunvoando,entre pontes pênseis

destruídase o inútil pranto das coisas,

sem acordar nenhum remorso,nenhuma culpa ardente e

confessada.(“Assumimos a

responsabilidade!Estamos construindo o Brasil

grande!”)E patati patati patatá...

Sete quedas por nós passaram,e não soubemos, ah, não soubemos amá-las,e todas sete foram mortas,e todas sete somem no ar,sete fantasmas, sete crimesdos vivos golpeando a vidaque nunca mais renascerá.

3- Leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=cpFPrRFR6Xg

IV - Música: SETE QUEDAS

Autor: Leontamar Valverde

Moço a nossa história é fácil contarsomos de onde a terra sumiu,virou mar, inundou todo lugar.

A vida que era a roça e a tapera,crianças sadias no banho de rio,a escutar a cachoeira do lugar.

3- Leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=cpFPrRFR6Xg

Canta canta cachoeira teu derradeiro cantarcanta canta cachoeira do interior do Paraná,canta canta cachoeira que vontade de chorar,misturar as minhas lágrimas com as águas do lugar.

3- Leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=cpFPrRFR6Xg

Lembrando o trem que trouxe a gente pra cá,da alma a tristeza começa a brotar,e lembrar, das belezas do lugar.

E nós na favela a nos favelar,os filhos nas ruas a esmolar,no peito a cachoeira do lugar.

3- Leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=cpFPrRFR6Xg

Canta canta cachoeira teu derradeiro cantarcanta canta cachoeira do interior do Paraná,canta canta cachoeira que vontade de chorar,misturar as minhas lágrimas com as águas do lugar. E quando enfim o homem necessitar,vai encontrá-la sufocada, lá dentro,daquele mar..

3- Leitura...

http://www.youtube.com/watch?v=cpFPrRFR6Xg

Canta canta cachoeira teu derradeiro cantarcanta canta cachoeira do interior do Paraná,canta canta cachoeira que vontade de chorar,misturar as minhas lágrimas com as águas do lugar.

As mídias auxiliam no entendimento dos conteúdos geográficos, cabendo ao professor o papel de mediador do trabalho com as mídias de forma que os alunos façam as possíveis relações das informações trazidas pelas mesmas com as diferentes escalas de análise.

Faria (2011) discute a importância do uso da mídia impressa na escola, destaca que um dos papéis do professor é estabelecer laços entre a escola e a sociedade. Ao trabalhar com jornais e revistas tem-se a possibilidade de levar o mundo e suas atualidades para a escola.

Ainda segundo Faria (2011), há necessidade de não deixar-se enganar pelo “mito da objetividade”, no qual muitas pessoas acreditam que tudo que é publicado/mostrado na mídia impressa ou televisiva é verdade.

Considerando que as mídias são produzidas em contextos sociais, econômicos e políticos específicos, não sendo isentas de neutralidade, elas podem traduzir os interesses/interpretações de seus proprietários/autores, o que nem sempre condiz com a realidade, por isso, ressalta-se a importância da “leitura crítica” das mesmas.

Katuta (2009, p.55) afirma que “[...] nenhuma produção humana é neutra, como somos essencialmente seres políticos, nossas produções também, o são, portanto, podem ser usadas a serviço da dominação ou transformação social.”

O aluno, enquanto leitor

também não é neutro, pois traz para a leitura de textos, jornais, revistas, imagens e vídeos uma bagagem de conhecimentos prévios/vivências/experiências adquiridas no decorrer da vida que interferem na sua percepção/compreensão.

O uso de diferentes jornais e

revistas que tragam notícias e matérias sobre um mesmo tema, pode contribuir para a diferenciação entre “fato e versão” visto que pode-se existir diferentes versões para um mesmo fato/acontecimento, o que é importante para que aluno possa confrontar as fontes, desenvolvendo a leitura crítica, emitindo seus próprios valores sobre os contextos evidenciados pela mídia (FARIA, 2011).

V - Mídia impressa e on-line:

V - Mídia impressa e on-line:

V - Mídia impressa e on-line:

Ainda em conclusão, barragem é o grande destaque da obra

Método rampado aumentou a produtividade da obra por possilitar a execução das camadas de CCR em áreas menores

Barragem vista do lado da montante e os dois condutos utilizados para desviar o rio Tibagi

Piso do túnel de adução foi feito em CCR e paredes revestidas com concreto projetado

Três túneis forçados levarão a água à casa de força

Casa de força principal foi construída com fôrmas deslizantes, concreto armado e cobertura metálica

Relação das notícias selecionadas:-A estréia do colosso. Revista Veja;-Em lenta agonia: As Sete Quedas já são uma corredeira. Revista Veja;-Salto para trás: Guaíra saiu do mapa de turismo do Brasil. Revista Veja; -Acampamento Ecológico Quarup. Jornal Nosso Tempo; - Cerimônia do Adeus: as águas do lago de Itaipu vão cobrir as sete quedas. Revista Veja; -Belo Monte é o símbolo do fim das instituições ambientais no Brasil. IHU; -Belo Monte será hidrelétrica menos produtiva e mais cara, dizem técnicos. G1; -Ministério Público do Pará teme conflito em Belo Monte. Folha Online.

VI - Atividade sobre as mídias selecionadas:

-Dividir os alunos em grupos, no caso 6, de mesmo número de integrantes.-Cada grupo receberá uma copia de notícia ou reportagem retirada de jornal, revista ou internet que aborde questões relacionadas a Usina de Itaipu ou Belo Monte.-Cada grupo deverá realizar a leitura e análise da notícia ou reportagem.

-Cada grupo deverá elaborar um cartaz sintetizando os principais aspectos trazidos pelas reportagens, que serão afixados na sala de aula, em pontos distintos.-Faz-se uma redivisão dos integrantes dos grupos, da seguinte forma:Primeiro grupo: Um integrante de cada grupo anterior (1, 2, 3, 4, 5 e 6);Segundo grupo: Outro integrante de cada grupo anterior; e assim por diante.-A socialização dos resultados ocorrerá em pequenos grupos que vão rodando pela sala de aula onde os cartazes estão afixados.

VII - Vídeos:

VIII - Livro Didático e debate:

Após a leituras das notícias impressas e vídeos, selecionar um texto do Livro Didático sobre as fontes de energia no Brasil e as transformações ocorridas na natureza para obtê-las.

Depois, da leitura do texto selecionado, os alunos serão divididos em dois grupos: um favorável e outro contra a construção de Usinas Hidrelétricas no Brasil (destacando a situação atual de Belo Monte). Os grupos argumentarão verbalmente e ao final da discussão, sintetizarão os prós e os contras em um painel.

IX - Leitura, análise e discussão de texto de fundamentação teórica.

Livro: Geografia e Mídia Impressa

Referências: DRUMMOND, C. Adeus Sete Quedas. Disponível em: http://www.algumapoesia.com.br/drummond/drummond30.htm Acesso em: 05 jan. 2012.FRANCO, P.; TEIXEIRA, H. Cerimônia do Adeus: as águas do lago de Itaipu vão cobrir as sete quedas. Revista Veja, São Paulo, nº 733, de 22 de Setembro de 1982, p. 70 até 76. GRATÃO, L. H.; JR. MARANDOLA, E. M. (org). Geografia e Literatura: ensinos sobre geograficidades, poética e imaginação. Londrina: EDUEL, 2010. JUSTE, M.; OLIVEIRA, M. Belo Monte será hidrelétrica menos produtiva e mais cara, dizem técnicos. Disponível em: http://g1.globo.com/economia-e-negocios/noticia/2010/04/belo-monte-sera-hidreletrica-menos-produtiva-e-mais-cara-dizem-tecnicos.html. Acesso em: 17 fev. 2012. KAERCHER, N. A. Ler e escrever a geografia para dizer a sua palavra e construir o seu espaço. In.: NEVES, I. C. B et al. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 5 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p.73-85. KATUTA, A . M. Geografia, linguagens e mídia impressa. In: KATUTA, A . M. (Org.) Geografia e mídia impressa. Londrina: Moriá, 2009, p. 37-57.

KIRINUS, G. Sete quedas, sete anões e um dragão. Curitiba: Editora Braga, 1997.

LUCHETE, F. Ministério Público do Pará teme conflito em Belo Monte. Disponível em: http://www1.folha.uol.com.br/mercado/891646-ministerio-publico-do-para-teme-conflito-em-belo-monte.shtml. Acesso em: 17 fev. 2012. MARANDOLA JR., E.; GRATÃO, L.H.B. Geograficidade, poética e imaginação. In: MARANDOLA JR., E.; GRATÃO, L.H.B. (Orgs.) Geografia & Literatura: Ensaios sobre geograficidade, poética e imaginação. Londrina: EDUEL, 2010, P.7-15. ORTEGA, A. M.; PELLOGIA, A . U. G.; SANTOS, F.S. A literatura no caminho da história e da geografia: práticas integradas com a língua portuguesa. São Paulo: Cortez, 2009. PILLAR, A.D. Leitura e releitura. In: PILLAR, A.D. A educação do olhar no ensino das artes. Porto Alegre: Mediação, 1999, P.11-21. PONTUSCHKA, N. N.; PAGANELLI, T. I.; CACETE, N. H. (Orgs.) Para ensinar e aprender Geografia. 1 ed. São Paulo: Cortez, 2007. REICHWALD JR. G. Leitura e escrita na geografia ontem e hoje. In.: NEVES, I. C. B et al. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 5 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p.67-72

SANTOS, M. Metamorfoses do espaço habitado. São Paulo: Hucitec, 1988. SCHÄFFER, N. O Ler a paisagem, o mapa, o livro... Escrever nas linguagens da geografia. In.: NEVES, I. C. B et al. Ler e escrever: compromisso de todas as áreas. 5 ed. Porto Alegre: Editora da UFRGS, 2004, p. 86-101. SOARES, R. Um golpe de Insensatez. Revista Veja. São Paulo, 28 de maio de 2008, nº 2062, p. 64 – 65. http://www.flickr.com/photos/setequedasvive. Acesso em 17 de Fev. De 2012. Acampamento Ecológico Quarup . Jornal Nosso Tempo, Foz do Iguaçu, 26 de agosto de 1982, ano 2, nº 51, p. 09 . A estréia do colosso. Revista Veja, São Paulo, nº 747, de 29 de dezembro de 1982, p. 112 – 113. Belo Monte é o símbolo do fim das instituições ambientais no Brasil. Disponível em: http://www.ihu.unisinos.br/entrevistas/504830-belo-monte-e-o-simbolo-do-fim-das-instituicoes-ambientais-no-brasil-entrevista-especial-com-biviany-rojas-garzon. Acesso em: 17 fev. 2012.Em lenta agonia: As Sete Quedas já são uma corredeira. Revista Veja, São Paulo, nº 738, de 27 de outubro de 1982, p. 88-89. Salto para trás: Guaíra saiu do mapa de turismo do Brasil. Revista Veja, São Paulo, nº 894, de 23 de outubro de 1985, p. 31.