OFICINA DE LEITURA E INTERPRETAÇÃO DO

DESENHO INFANTIL NO CONTEXTO ESCOLAR

Módulo: 2:

Prof. Ms. Andréa Gama Piana

Análise do desenho

• Como já descrito na aula anterior, existem muitas formas e critérios para análise do desenho. Contudo, neste módulo continuaremos utilizando como base a análise proposta por Evi Crotti e Alberto Magni.

• Como aponta Rabello (pg.11) “o desenho é a maneira que as crianças têm de se comunicar de se posicionar no mundo”.

• Vídeo Nova Escola

Análise do desenho de acordo com as fases do

desenvolvimento infantil

• “espera-se que o professor conheça as diferentes etapas descritas pelosestudiosos do desenho infantil, devendoter o bom senso de olhar os desenhossem os avaliar a todo tempo.

• Nancy Rabello

1ª Etapa

• De acordo com o que foi visto na aula anterior (e do texto base enviado), com relação as fases do desenvolvimento do desenho infantil, fazer uma análise com relação ao desenho por vocês analisado, verificando a idade da criança e o nível em que ela se encontra.

• Buscar compreender a fase em que a criança está e se esta condiz com sua idade cronológica, afim de poder proceder com os demais apontamentos.

• Nesse sentido, cabe ao interpretante “decifrar” os sinais dessa comunicação para dessa forma estabelecer um vínculo com essa criança.

• Análise do desenho Jung

O Símbolo• O Desenho é uma representação simbólica, e

trazem um significado subjacente, ganhando vida quando vistos a partir de um determinado contexto, sendo que este é único e terá diferentes interpretações, dependendo da pessoa, do lugar ou do momento.

• Uma das mais famosas teorias da Gestalt tem relação a interpretação, sendo que segundo estas a soma das partes nunca será igual ao todo. Assim é o desenho, este nunca pode ser visto apenas sob um aspecto, ou um trabalho, mas a partir de um conjunto, e como nos aponta Rabello (2014) “o símbolo carrega em seu bojo elementos ainda não conhecidos pela consciência, guarda os conteúdos que são inexplicáveis por meio de palavras. É o símbolo que traz os conteúdos contidos no inconsciente”.

• “Metaforicamente, podemos entender que o símbolo é a junção de duas partes e, etimologicamente, entende-se como algo combinado ou mesmo composto. Isso significa dizer que ele somente existe na medida em que se compõe destas duas partes: uma parte que esta representada e outra que a representa. Sendo assim, não devemos separar o símbolo daquilo que ele representa. Eles mantêm ente si uma relação interna. Símbolos são irracionais e quase sempre não totalmente compreendidos e são representados de maneira espontânea na maioria das vezes.”

ETAPA 2:

• Interpretação dos elementos de significação dos desenhos.

Interpretação da garatuja

• Modo: avaliação da forma como a criança segura o lápis livre e tranquila ou tensa.

• Espaço: Bem preenchido: confiança ou pouco preenchido: inibição / introversão.

• Localização no papel: centro demonstra o local em que se situa no mundo exterior. Caso contrário pode indicar inibição ou timidez.

• Traço: Seguro ou trêmulo, o que pode ser indício de medos.• Pressão: Traço sensível, apenas perceptível pode demonstrar uma

natureza sensível ou um traço pressionado o que pode demonstrar uma natureza enérgica.

• Forma: são expressões de como a criança se situa no mundo e como vai se desenvolver.

• Com relação a Garatuja lembrar que:

• A garatuja é o primeiro contato da criança com o desenho. Muitas vezes chamado de rabiscos ou garranchos, a garatuja é um importante instrumento para o desenvolvimento, comunicação e expressão da criança, que neste momento ainda não está totalmente desenvolvida em suas características verbais.

• Ou seja, por meio dos traços, pressão, movimento, ocupação de espaço e cores é possível estabelecer um eixo de comunicação, onde a criança é capaz de expressar aquilo que as palavras ainda não dão conta de dizer.

• Winnicott (1982) assegura que “a criança em suas garatujas obedece às necessidades do sistema nervoso central afinado com o desejo de significação e de afirmação de seu ser no mundo”.

Fases

Análise dos elementos dos personagensauto retrato

• Características básicas sobre a análise do caráter de acordo com Crotti e Magni.

• Agressividade• Garras em lugar de mãos• Dentes muitos notórios• Excessivas sombras• Boca contornada com a cor vermelha• Silhueta de perfil• Punhos cerrados• Ansiedade• Manchas contínuas• Traço muito ligeiro e interrompido• Enegrecimento excessivo em um ou em vários elementos da

personagem

• Curiosidade

• Olhos grandes

• Orelhas grandes

• Olhos muito detalhados

• Decisão

• Queixo evidente ou pontiagudo

• Traço seguro e firme

• Expansividade

• Braços abertos

• Mãos abertas e ressaltadas

• Exuberância• Cabeça gorda• Formas amplas• Extremidades inferiores bem-desenhadas• Riqueza de detalhes• Fragilidade• Corpo delgado• Pressão irregular ou excessivo uso de

claro-escuro• Pés apenas esboçados

• Insegurança• Ausência de pés ou pés muito mal desenhados• Traço inseguro• Domínio de si• Corpo forte e grande• Personagens de dimensões médias• Posição correta no papel• Cores aplicadas com segurança• Maturidade emocional e afetiva• Silhueta harmônica• Pescoço existente e bem-estruturado

• Narcisismo• Pestanas longas• Cabelos ondulados ou muito arrumados• Colares• Cores muitas vivas, sobretudo nos vestidos• Ornamentos diversos: corações, flores, cifras ou letras

escritas nos vestidos• Pobreza de expressão• Manchas• Traço desajeitado• Desproporções• Elementos desenhados com pouco cuidado

• Medo de crescer• Personagens de tamanho muito pequeno• Utilização de uma parte mínina do papel• Tramas e sombreados muito delicados, apenas

perceptíveis• Autoestima pobre• Extremidades superiores e inferiores apenas

esborçadas• Personagens de tamanho muito pequeno• Abundantes retoques e manchas• Traço incerto

• Segurança• Traço forte, lineal e continuado• Personagens completa e bem-desenhada• Personagem bem diferenciada sexualmente• Serenidade• Rosto com expressão tranquila• Desenho harmônico• Proporções adequadas• Sexualidade inibida• Ausência de mãos ou mãos pouco relevantes• Extremidades inferiores pouco relevantes• Vestidos muito sóbrios e sem adornos

• Sexualidade precoce• Dentes muito visíveis• Nariz proeminente ou muito colorido• Língua de fora• Cabelos longos ou muito bem arrumados• Timidez• Rosto vermelho• Utilização de uma parte mínima do papel• Personagem muito pequena e situada na parte baixa da folha• Abundância da cor negra• Traumas sofridos• A parte do corpo em questão é normalmente pequena, delgada ou,

de uma forma ou de outra, aparece mal desenhada

Teste da árvoreCritérios para avaliação

• Adaptabilidade• Folhagem estendida com formas aéreas.• Tronco bem-proporcionado.• Traço firme.• Cores vivas.• Frutos com galhos.• Linha horizontal que representa o solo.

• Ambição• Tronco grande.• Galhos grossos e longos.• A linha do solo é muito extensa.

• Ansiedade• Tamanho pequeno.• Preocupação pela simetria.• Frutos sem galhos, com pendurados.• Cores pastel claras.• Traço débil e interrompido.• Manchas.• Presença de um ninho.

• Autonomia• Boa proporção do tronco, das raízes e da folhagem.• Traço seguro.• Utilização das cores com sentido estético.

• Teimosia• Tronco longo e delgado.• Copa sem galhos.• Copa em forma de pequenas nuvens separadas.• Galhos entrelaçados.• Manchas• Ausência de raízes.

• Egocentrismo• Tronco excessivamente grande em relação à copa.• Tronco colorido.• Pressão forte e enérgica.

• Extroversão e entusiasmo• Árvore grande.• Traço seguro.• Galhos estendidos à direita e à esquerda.• Raízes bem-desenhadas.• Cores fortes e vivas.

• Imaginação• Copa excessivamente grande com relação ao tronco.• A árvore está situada na parte alta do papel.• Abundância de detalhes como flores, fungos, arco-íris

etc.

• Melancolia• Folhas que caem ou folhas mortas.• Tronco com estrias verticais.• Cores leves.

• Narcisismo• Tronco muito grande.• Raízes grandes e bem-desenhadas• Copa pequena e com um contorno muito bem-

esboçado.

• Preguiça

• Copa maior do que o tronco.

• Traço débil.

• Regressão

• Árvore desenhada à esquerda e na parte baixa do papel.

• Ninho com animaizinhos.

• Raízes muito estendidas ou ausentes.

• Rigidez e autocontrole

• Tronco delgado e linear.

• Muito pouco espaço ocupado no papel.

• Formas estilizadas.

• Traço desajeitado.

• Raízes ausentes ou apenas esboçadas.

• Sexualidade precoce

• Nós no tronco

• Flores sobre o solo.

• Borboletas ou pássaros pousando sobre os galhos.

• Utilização do vermelho, do amarelo ou do violeta.

• Traumas passados

• Linhas horizontais que cruzam o tronco.

• Linhas horizontais de ambos os lados que representam o horizonte.

• A cor dominante é a negra.

Teste da casa

• O teste da casa tem relação com o sentido de proteção, ou seja, estar sob um “teto” seguro, sendo que esta também pode ser relacionada com o rosto da mãe da criança, onde segundo Crotti e Magni o teto representaria o cabelo, as janelas seriam os olhos e a porta seria a boca.

• Assim, entre os 4 e 5 anos o desenho ainda possui poucos traços, mesmo assim, estes são muito significativos e tende a se aprimorar por volta dos 6 anos, passando a ser representada dentro de um contexto após os 7.

• Uma casa grande é símbolo de alegria, demonstrando uma criança de natureza espontânea.

• Uma casa pequena representa recolhimento e intimidade, podendo demonstrar uma criança introvertida.

• Um castelo ou uma casa com formas de castelo possui um caráter forte e envia-nos uma mensagem de poder, riqueza e imaginação.

• Portas e janelas fechadas pode nos indicar certa dificuldade para sair do refúgio e viver de maneira livre. Esse tipo de desenho também pode indicar um grande mal-estar físico podendo indicar problemas na saúde física.

• Casa desenhada em perspectiva pode demonstrar um problema relacionado com a estabilidade emocional, com sentimento de inferioridade ou com condicionamento educativo que gera ansiedade e falta de confiança em si.

• A casa com teto plano ou muito amplo (assim como o chapéu no desenho da figura humana) revela-nos um problema no seio familiar, como excesso de exigência.

• Um quarto de despejo no sotão pode demonstrar uma criança muito imaginativa mais coibida pelo excesso de proibições.

• Uma chaminé fumegante indica que no interior da casa a fogo, uma referência ao aquecimento familiar.

• Uma chaminé sem fumaça pode ser um indício de ausência de comunicação no seio da família.

• Uma antena de televisão no teto mostra uma criança atenta a seu redor, sendo que assim como as orelhas no desenho da figura humana simbolizam a vigilância e a atenção.

• Porta fechada e sem maçaneta demonstra prudência. Puxadores visíveis indicam uma criança disposta e extrovertida. Duas portas pode indicar um conflito com os pais.

• Janelas abertas ou grandes espírito curioso e aberto ao mundo exterior.

• Janelas fechadas revelam necessidade de proteger-se.

• Casa sem janelas (a partir dos 5 anos) sensação de não poder enfrentar a realidade ou uma educação asfixiante.

• Janelas muito grandes mostram-nos um caráter dominante que necessita de grandes espaços.

• Grade ao redor da casa demonstra certa sensação de isolamento.

• Casa rodeada de árvores demonstra certa necessidade de proteção.

• Casa desenhada á distância pode significar um sentimento de tristeza originado de um “afastamento emocional’.

• Presença de um caminho pode significar a possibilidade de sairmos do núcleo familiar e seguir pela vida social.

• Caminho tortuoso caráter exigente, indicando uma criança que necessita de comprovações.

• Caminho linear para baixo é significativo de uma criança de caráter aberto e que sabe ouvir os demais.

• Caminho bifurcado demonstra certa incapacidade de escolher ou medo de perder o afeto familiar. Se ele se bifurca para cima pode indicar crianças que temem serem julgadas.

O teste da família

• Personagem desenhado em primeiro lugar é aquele pelo qual a criança experimenta maior admiração.

• Desenhar a si mesmo em primeiro lugar é um indício de egocentrismo e indica a necessidade da criança em situar-se antes dos demais.

• Ao contrário, desenhar-se em último lugar mostra uma criança que não se valoriza, sendo importante ajudar a criança a superar essa sensação negativa.

• Desenhos com muitos adornos indica uma rejeição para com os desenhados. Pode indicar ciúme ou medo da referida pessoa se tornar o centro das atenções.

• Acrescentar demais personagens à família é sinal de um sentimento momentâneo de solidão. Tem o mesmo significado da invenção de um amigo imaginário.

• Desenhar um personagem com dimensões reduzidas significa que a criança considera esta pessoa uma rival, cuja a importância deve ser reduzida.

• Personagem separada do grupo indica a falta de integração deste membro ao seio familiar.

• Personagem borrada significa a intolerância que a criança sente a esse membro.

• Personagem excessivamente grande Pode indicar que a criança enxergue essa pessoa como o membro dominante na família ou até mesmo opressor.

• Desenhar personagem sem braços e sem mãos é uma forma de castigar a pessoa que representa essa ameaça, podendo também indicar uma sexualidade mal assimilada.

• O desenho de animais pode camuflar a agressividade que a criança sente com relação a algum membro da família.

• Exclusão de si mesmo pode indicar uma baixa auto estima que pode ser decorrente de medo de ameaças, castigo, ciúme ou sentimento de não amado.

• Representar a si com sexo diferente pode indicar uma rejeição ao próprio corpo.

• Negação a desenhar a família mostra-nos uma participação muito débil no seio familiar.

• Desenhar uma família de animais em lugar dos personagens mostra-nos um sentimento muito débil de domínio e um sofrimento que inibiu nela qualquer expressão espontânea.

• A recusa em colorir a família é um sinal de apatia e frieza de sentimentos. É sinal de inibição, decorrente de uma educação demasiado severa, ou, demasiado livre.

• Um chapéu na cabeça de algum personagem(em geral o pai) está mostrando uma opressão, um peso, que impede a criança de crescer livremente.

• Personagem que tem um braço sobre o outro o que pode parecer afeto, significa na realidade que a criança sente que se lhe quer reter, impedindo-a de descobrir o mundo exterior.

• Família representada dentro de uma moldura(retrato) pode indicar sofrimento decorrente de uma educação muito rígida, não há espontaneidade nem livre expressão.

• Todos os componentes separados pode indicar que a criança percebe sua casa e família como elementos impessoais e estranhos.

• Roupa de um dos membros com muitos botões pode indicar o nível de afeto que a referida personagem sente pela criança, indicando laços sólidos. A partir dos 12 ou 13 anos pode indicar uma dependência excessiva.

“O rabisco requer uma percepçãpo, e percepção requer cérebro.” Derdyk

• AZUL: calma, serenidade, ausência de competição. Em excesso pode indicar enurese.

• VERDE: repouso, satisfação, equilíbrio, tranquilidade, esperança. Em excesso e aliado a outras características (boca, dentes) pode indicar tendência a rebelião.

• VERMELHO: atividade, vivacidade, energia, ambição, vitalidade, emoção, excitação, paixão. Pode indicar exuberância, hostilidade, agressividade e violência.

• AMARELO: adaptação, energia, dinamismo, abertura, intuição. Em excesso pode indicar dificuldade de relação com o pai ou problemas familiares.

• VIOLETA: tristeza, inquietude, desejo, dominação das paixões, sentido religioso, idealismo, pudor. Em excesso pode indicar uma pressão excessiva por parte dos pais.

• MARROM: seriedade, amargura, intolerância dos conflitos, prudência, “pés na terra”. Muito predominante pode indicar uma responsabilidade prematura ou uma diminuição da espontaneidade.

• NEGRO / PRETO: vida interior rica, medos, ansiedade, reserva, pudor, melancolia, sofrimento. Se ele for a cor predominante pode ser necessário controlar a emotividade da criança.

Forma de entrega da avaliação

• Análise da criança com relação a fase do desenvolvimento do desenho.

• Análise do seu auto retrato

• Análise do seu desenho de uma árvore

• Análise do seu desenho da casa

• Análise do desenho de sua família

• Observações com relação a atividade e ao conjunto de produções da criança

• Possíveis encaminhamentos

• Como meu aluno se comunica comigo?

• Meu pé esquerdo

• A história de Carly

• Hellen Keller