Transcript of Ocultismo pratico
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MENSAGENS DA LISTA | | [MEMBROS] | OCULTISMO PRTICO H.P.Blavatsky
Sumrio o Prlogo da Edio Brasileira.. o
Prefcio............................. o Algumas Sugestes Prticas
para a Vida Diria.............. o Nota Introdutria.................
o Ocultismo Prtico................ o Ocultismo Versus Artes Ocultas
Prlogo da Edio Brasileira uma honra para a Editora Teosfica
apresentar esta traduo da obra clssica de H.P. Blavatsky, O
Ocultismo Prtico.
- 2. Por motivos editoriais preferiu-se antecipar o captulo
Algumas Sugestes Prticas para a Vida Diria, que na verso original
em ingls era o ltimo captulo e nesta passou a ser o primeiro.
Acrescentou-se, tambm, uma Nota Introdutria ao captulo Ocultismo
Prtico, visando uma melhor compreenso do contexto histrico do
contedo. Os Editores Prefcio As citaes de que composto o artigo
seguinte no foram originalmente extradas com vistas publicao,
podendo por isso parecer algo desconexas. Foram primeiramente
publicadas como uma Seleta Teosfica, na esperana de que os leitores
aproveitassem as sugestes e fizessem eles mesmos seus livros de
citaes dirias a partir de excertos, preservando dessa maneira um
registro duradouro dos livros lidos e tornando a sua leitura de
valor prtico. Seguindo este plano, o leitor poderia resumir o
essencial do livro, segundo o que lhe tivesse chamado a ateno. O
mtodo de ler uma srie de citaes a cada manh, tentando viver durante
o dia segundo as citaes lidas, e meditando sobre as mesmas nos
momentos livres, tambm se sugere como proveitoso para o estudante
srio. Algumas Sugestes Prticas para a Vida Diria 1 Levanta cedo,
logo que tenhas despertado, sem ficar deitado indolentemente na
cama, meio sonolento e meio desperto. Ento reza com fervor pedindo
para que toda a Humanidade possa ser regenerada espiritualmente,
que aqueles que esto lutando no caminho da verdade possam ser
encorajados por tuas preces, que trabalhem com mais ardor e que
obtenham sucesso, e que tu possas ser fortalecido e no ceder s
sedues dos sentidos. Imagina mentalmente a figura de teu Mestre em
estado de Samadhi. Fixa essa imagem diante de ti, preenche-a com
todos os detalhes, pensa nele com reverncia, e reza para que todos
os erros de omisso e comisso possam ser perdoados. Isto facilitar
grandemente a concentrao, purificar o teu corao, e muito mais. Ou
ento reflete sobre as fraquezas do teu carter: compreende
plenamente os males e os prazeres passageiros que elas te
proporcionam, e quere firmemente fazer tudo quanto possas para no
ceder a elas da prxima vez. Esta auto-anlise e o apresentar a ti
mesmo perante o tribunal de tua prpria conscincia facilita, em um
grau at agora no-imaginado, o teu progresso
- 3. espiritual. Quando estiveres tomando banho, exercita,
durante todo o tempo, a tua vontade, para que as tuas impurezas
morais sejam levadas pela gua juntamente com as demais impurezas do
teu corpo. Em teu relacionamento com os outros, observa as
seguintes regras. 1. Nunca faas aquilo que no estejas comprometido
a fazer como teu dever; isto , nunca faas qualquer coisa
desnecessria. Antes de fazer algo, pensa se teu dever faz-lo. 2.
Nunca digas uma palavra desnecessria. Pensa nos efeitos que tuas
palavras podem produzir antes de pronunci-las. Nunca te permitas
violar teus princpios por fora de tuas companhias. 3. Nunca
permitas que qualquer pensamento desnecessrio ou vo ocupe a tua
mente. Isso mais fcil de dizer do que fazer. No podes esvaziar tua
mente de uma s vez. Por isso, no incio, tenta evitar pensamentos
maus ou ociosos, antes ocupando a tua mente com a anlise de tuas
prprias faltas, ou com a contemplao daqueles que so Perfeitos. 4.
Durante as refeies exercita a tua vontade, de modo a que o teu
alimento seja apropriadamente digerido a fim de formar para ti um
corpo em harmonia com tuas aspiraes espirituais, que no gere paixes
malficas e maus pensamentos. Come apenas quando tiveres fome e bebe
apenas quando tiveres sede, nunca de outro modo. Se um prato
especial atrai o teu paladar, no te permitas ser seduzido a com-lo
para satisfazer aquele desejo ardente. Lembra-te de que o prazer no
existia alguns segundos antes, e que cessar de existir alguns
segundos depois; de que um prazer transitrio, e que aquilo que
agora um prazer ir tornar-se dor se tu o ingerires em demasia; de
que d prazer apenas lngua; lembra-te de que se te afligires em
demasia para obter tal prato, e te permitires ser seduzido por ele,
no ters qualquer tipo de pudor para consegui-lo; de que uma vez que
existe outro objeto que te possa trazer felicidade eterna,
convergir teus desejos para algo transitrio pura tolice; de que tu
no s nem o corpo nem os sentidos, e portanto o prazer e as dores
que eles experimentam jamais podero realmente te afetar, e assim
por diante. Pratica a mesma srie de raciocnios no caso de qualquer
outra tentao, e ainda que venhas a falhar muitas vezes, mesmo
assim, com toda a certeza, chegars ao xito. No leias em demasia. Se
leres por dez minutos, reflete por outras tantas horas. Habitua-te
solido e a permanecer s com os teus pensamentos. Acostuma-te ao
pensamento de que ningum alm de ti pode dar-te assistncia, e
desapega-te de tuas afeies em relao a todas as coisas gradualmente.
Antes de dormir, reza como fizeste pela manh. Faz uma reviso das
aes do dia, v onde tu falhaste e resolve ento que no falhars nas
mesmas coisas amanh1 . 2 O motivo correto para a busca do
autoconhecimento aquele que pertence ao conhecimento e no ao eu. O
autoconhecimento vale a pena ser buscado em virtude de ser
conhecimento, e no em virtude de pertencer ao eu. O principal
requisito para a aquisio do autoconhecimento o amor puro. Busca o
conhecimento por puro amor, e o autoconhecimento finalmente coroar
o teu esforo. O fato de um estudante progredir com impacincia a
prova evidente de que ele trabalha por recompensa, e no por
- 4. amor, o que por seu turno prova que ele no merece a grande
vitria que est reservada para aqueles que realmente trabalham por
puro amor.2 O Deus em ns isso , o Esprito de Amor e Verdade, Justia
e Sabedoria, Bondade e Poder deve ser o nosso nico, verdadeiro e
permanente Amor, nossa nica confiana em tudo, nossa nica F, em que,
permanecendo to firme como uma rocha, podemos confiar para sempre;
nossa nica Esperana, que nunca nos abandonar mesmo que tudo o mais
perea; e a nica coisa que temos de procurar obter, com nossa
Pacincia, esperando com contentamento at que o nosso mau Carma
tenha se extinguido, quando ento o divino Redentor nos revelar sua
presena dentro de nossa alma. A porta atravs da qual Ele entra
chamada Contentamento; pois aquele que est descontente consigo
mesmo est descontente com a lei que o fez tal como ele ; e como
Deus Ele mesmo a Lei, Deus no se manifestar queles que esto
descontentes com Ele.3 Se admitirmos que estamos na corrente da
evoluo, ento cada circunstncia deve ser considerada totalmente
justa para ns. E o fracasso de nosso desempenho numa linha de ao
deveria ser considerado a nossa maior ajuda, pois no podemos
aprender de nenhum outro modo aquela serenidade na qual insiste
Krishna. Se todos os nossos planos fossem bem-sucedidos, ento
nenhum contraste se apresentaria a ns. Tambm aqueles planos as-sim
feitos, poderiam estar baseados em nossa ignorncia e, portanto, ser
errneos, de modo que a bondosa Natureza no nos permitir realiz-los.
No somos culpados pelo plano, mas atravs da no-aceitao de sua
realizao, podemos adquirir demrito crmico. Se tu, por qualquer
motivo, encontra-te abatido, ento, na mesma proporo, os teus
pensamentos enfraquecero em poder. Pode-se estar confinado numa
priso e ainda assim ser um trabalhador pela causa. Desta forma,
rogo-te para tirar de tua mente qualquer desgosto pelas
circunstncias presentes. Se conseguires olhar para tudo isso
justamente como sendo aquilo que tu4 de fato desejaste , ento isso
no apenas fortalecer os teus pensamentos, como tambm atuar
reflexivamente sobre o teu corpo, tornando- o mais forte.5 Agir, e
agir sabiamente quando chegar o tempo da ao, esperar, e esperar
pacientemente, quando for tempo para repouso, pe o homem em
harmonia com os altos e baixos das mars (da vida), e deste modo,
tendo a lei e a Natureza como seu respaldo, e a verdade e a
caridade como faris luminosos a lhe indicarem o caminho, ele poder
realizar maravilhas. A ignorncia desta lei resulta em perodos de
entusiasmo irracional de um lado, e depresso e at mesmo desespero
do outro. O homem torna-se assim vtima de suas flutuaes, quando
deveria ser o Senhor delas.6 Tem pacincia, Candidato, como algum
que no teme fracassos nem corteja xitos.7 A energia acumulada no
pode ser aniquilada, deve ser transferida para outras formas, ou
ser transformada em outros tipos de movimento; ela no pode
permanecer para sempre inativa e ainda assim continuar a existir.
intil tentar resistir a uma paixo que no podemos controlar. Se a
sua energia acumulada no for conduzida para outros canais, crescer
at que se torne mais forte que a vontade, e mais forte que a razo.
Para control-la, tu tens de conduzi-la para um outro canal
superior. Desse modo, o amor por alguma coisa vulgar pode ser
modificado, transformando-o em amor por algo elevado, e o vcio pode
ser transmutado em virtude, se o seu curso for alterado. A paixo
cega, vai para onde for conduzida, e a razo um guia mais
- 5. seguro para ela que o instinto. A ira contida (ou o amor)
acabar por descobrir algum objeto sobre o qual descarregar sua
fria, de outro modo poder produzir uma exploso que destruir o seu
agente; aps a tempestade vem a bonana. Os antigos diziam que a
Natureza tem averso ao vcuo. No podemos destruir ou aniquilar uma
paixo. Se ela for expulsa, uma outra influncia elemental tomar o
seu lugar. No deveramos, portanto, tentar destruir o inferior sem
pr algo em seu lugar, mas de fato deveramos substituir o inferior
pelo superior; o vcio pela virtude, e a superstio pelo
conhecimento.8 3 Aprende que no h cura para o desejo, que no h cura
para a busca de recompensa, que no h cura para o sofrimento de
estar ansioso por algo, a no ser fixando a viso e a audio naquilo
que invisvel e inaudvel.9 O homem tem de acreditar na sua
capacidade inata de progredir; no deve se atemorizar ao considerar
a grandeza da sua natureza superior nem se deixar arrastar pelo seu
eu inferior ou material.10 Todo o passado nos mostra que as
dificuldades no devem servir de desculpa para o desnimo, muito
menos para o desespero, de outro modo o mundo no teria as muitas
maravilhas da civilizao.11 A fora de vontade para seguir adiante a
primeira necessidade daquele que escolheu seu caminho. Onde pode
ela ser encontrada? Olhando-se ao redor no difcil ver onde outros
homens encontram sua fora. A sua fonte a convico profunda.12
Abstm-te porque correto o abster-se no para te conservares limpo.13
O homem que luta contra si mesmo e vence a batalha s pode faz-lo
quando sabe que naquela luta ele est fazendo aquilo que vale a pena
ser feito.14 No resistas ao mal, isto , no te queixes nem te
irrites com as vicissitudes inevitveis da vida. Esquece de ti mesmo
(servindo aos outros). Se os homens maltratam, perseguem ou enganam
os seus semelhantes, por que resistir? Na resistncia criamos males
ainda maiores. 15 O trabalho imediato, qualquer que seja, tem
implcito o clamor do dever, e a sua relativa importncia ou
no-importncia no deve ser, em absoluto, considerada.16 O melhor
remdio para o mal no a represso, mas a elimi-nao do desejo, e isso
pode ser melhor alcanado mantendo-se a mente constantemente fixa em
coisas divinas. O conhecimento do Eu Superior solapado quando se
deixa a mente comprazer-se com os objetos dos sentidos
desgovernados.17 Nossa prpria natureza to vil, orgulhosa,
ambiciosa, e to cheia de seus prprios apetites, julgamentos e
opinies, que se as tentaes no a dominassem, ela se deterioraria
irremediavelmente; portanto somos tentados at o fim para que
possamos conhecer a ns mesmos e ser humildes. Sabe que a maior das
tentaes a de no ter tentao alguma, por esse motivo alegra-te quando
elas te assaltarem , e com resignao, paz e constncia, resiste a
elas.18 Sente que tu no tens que fazer nada para ti mesmo, mas que
certas tarefas so designadas para ti pela Divindade, as quais tu
tens de cumprir. Deseja Deus, e no algo que Ele possa
proporcionar-te.19 Tudo o que deva ser feito, tem de ser feito, mas
no com o propsito de satisfazer-se com o fruto da ao.20 Se todas as
aes de uma pessoa forem executadas com a plena convico de que no tm
qualquer valor para o agente, mas que devem ser efetuadas
simplesmente porque tm de ser feitas em outras palavras, porque est
em nossa natureza agir ento a personalidade egosta em ns se
enfraquecer cada vez mais, at que chegue a apaziguar-se, permitindo
ao conhecimento revelar o Eu Verdadeiro a brilhar em
- 6. todo seu esplendor. No se deve permitir que a alegria ou a
dor afaste a pessoa de seu firme propsito.21 At que o Mestre te
escolha para vir a Ele, esteja com a Humanidade, trabalhando de
modo altrusta pelo seu progresso e evoluo. Somente isto pode trazer
verdadeira satisfao.22 O conhecimento aumenta na proporo de seu uso
isto , quanto mais ensinamos mais aprendemos. Portanto, Buscador da
Verdade, com a f de uma criancinha e a vontade de um Iniciado,
compartilha daquilo que tens com aquele que nada possui para
confort-lo em sua jornada.23 Um discpulo tem de reconhecer de
maneira inequvoca que a prpria idia de direitos individuais nada
mais que a manifestao da natureza venenosa da serpente do eu. Ele
jamais dever considerar outro homem como algum passvel de ser
criticado ou condenado, nem tampouco poder o discpulo elevar sua
voz em autodefesa ou desculpa.24 Nenhum homem teu inimigo; nenhum
homem teu amigo. Todos so igualmente teus instrutores.25 No mais se
deve trabalhar para ganhar qualquer benefcio, temporal ou
espiritual, mas to somente para cumprir a lei da existncia que a
justa vontade de Deus. 26 4 No vivas nem no presente nem no futuro,
mas sim no eterno. A gigantesca erva daninha (do mal) l no pode
florescer; a prpria atmosfera do pensamento eterno apaga esta
mancha da existncia.27 A pureza do corao uma condio necessria para
o atingimento do Conhecimento do Esprito. H dois meios principais
pelos quais essa purificao pode ser atingida. Em primeiro lugar,
afasta persistentemente todo mau pensamento; e em segundo, mantm a
mente tranqila sob quaisquer condies, nunca te agitando ou te
irritando por qualquer coisa. Descobrir-se-, assim, que estes dois
meios de purificao so melhor estimulados pela devoo e pela
caridade. No devemos nos manter ociosos, sem tentar fazer alguma
coisa para progredir, s porque no nos sentimos puros. Que todos
tenham aspiraes, e que trabalhem com o devido empenho; no entanto,
devem trabalhar no reto caminho, cujo primeiro passo purificar o
corao.28 A mente precisa de purificao sempre que sentir ira ou que
uma mentira seja contada, ou as faltas de terceiros sejam
desnecessariamente reveladas; sempre que algo seja dito ou feito
com o propsito de bajulao, ou que algum seja enganado pela
insinceridade de uma palavra ou ao.29 Aqueles que aspiram pela
salvao devem evitar a luxria, a ira e a cobia, e devem cultivar uma
corajosa obedincia s Escrituras, estudar Filosofia Espiritual, e
cultivar a perseverana na sua realizao prtica.30 Aquele que se
deixa levar por motivos egostas no pode entrar num Cu onde os
motivos pessoais no existem. Aquele que no se preocupa com o Cu,
mas que se sente contente onde se encontra, j est no Cu, enquanto
que o descontente ir clamar pelo Cu em vo. No ter desejos pessoais
estar livre e feliz, e a palavra Cu no pode significar outra coisa
a no ser um estado no qual a liberdade e a felicidade existam. O
homem que pratica aes benficas motivado por uma expectativa de
recompensa no fica feliz a no ser que a recompensa seja obtida, e
uma vez obtida essa recompensa, a sua felicidade cessa. No pode
haver descanso e felicidade permanentes enquanto houver algum
trabalho a ser feito, e que no tenha sido realizado, sendo que
o
- 7. cumprimento do dever traz sua prpria recompensa.31 Aquele
que se considere mais santo que os outros, aquele que tenha
qualquer orgulho por estar isento de vcios ou insensatez, aquele
que se cr sbio, ou de qualquer maneira superior ao seu prximo, est
incapacitado para o discipulado. Um homem tem que se tornar como
que uma criancinha antes de poder entrar no Reino dos Cus. A
virtude e a sabedoria so coisas sublimes, mas se elas criarem
orgulho e uma conscincia de separatividade em relao ao restante da
Humanidade, ento sero apenas as serpentes do eu reaparecendo de uma
forma mais sutil. O sacrifcio ou a entrega do corao do homem e suas
emoes a primeira das regras; envolve o atingimento de um equilbrio
que no pode ser perturbado pelas emoes pessoais. Pe, sem demora,
tuas boas intenes em prtica, nunca permitindo que nem sequer uma
delas permanea apenas como uma inteno. Nosso nico rumo verdadeiro
deixar que o motivo para a ao esteja na ao em si mesma, jamais na
sua recompensa; no ser incitado ao pela expectativa do resultado, e
nem to pouco ceder propenso inrcia. Atravs da f32 o corao
purificado das paixes e da insensatez; da surge o domnio do corpo,
e, por ltimo, a subjugao dos sentidos.33 As caractersticas do sbio
iluminado so, em primeiro lugar, que ele est liberto de todos os
desejos,34 e sabe que somente o verdadeiro Ego ou Supremo Esprito
bem-aventurana, e que tudo o mais dor. Em segundo, que ele est
livre de apego ou repulso com relao a qualquer coisa que lhe
acontea, e que age sem inteno. Finalmente, vem a subjugao dos
sentidos, que intil, e freqentemente prejudicial, dando origem
hipocrisia e ao orgulho espiritual, quando destituda do segundo, e
que por sua vez no tem muita utilidade quando destituda do
primeiro.35 Aquele que no pratica o altrusmo, aquele que no est
preparado para dividir sua ltima poro36 com algum mais pobre ou
mais fraco do que ele, aquele que negligencia em ajudar seu prximo,
qualquer que seja sua raa, nao, ou credo, quando e onde quer que
encontre sofrimento, e que faz ouvidos moucos ao clamor da misria
humana; aquele que ouve uma pessoa inocente ser caluniada, e que no
toma a sua defesa como defenderia a si mesmo, no um tesofo. 5
Ningum age corretamente ao abandonar o cumprimento dos inequvocos
deveres da vida, baseados no mandamento Divino. Aquele que cumpre
seus deveres por pensar que se eles no forem cumpridos algum
malefcio lhe sobrevir, ou que o seu cumprimento remover
dificuldades do seu caminho, trabalha pelos resultados. Os deveres
devem ser cumpridos simplesmente por terem sido mandados por Deus,
que pode a qualquer momento ordenar que se lhes abandone. Enquanto
no tivermos reduzido a inquietao da nossa natureza tranqilidade,
teremos de trabalhar, consagrando Deidade todos os frutos de nossa
ao e atribuindo-Lhe o poder de executar as tarefas corretamente. A
verdadeira vida do homem paz em identidade com o Supremo Esprito.
Esta vida no trazida existncia por qualquer ato nosso, uma
realidade, a verdade, e completamente independente de ns. A
compreenso da irrealidade de tudo que parece se opor a esta verdade
uma nova conscincia e no uma ao. A libertao do homem no est de
modo
- 8. algum relacionada s suas aes. Na medida em que as aes
promovem a compreenso de nossa total inabilidade para emancipar a
ns mesmos da existncia condicionada, elas so teis; aps a compreenso
desse estgio, as aes se tornam mais obstculos do que auxlio.
Aqueles que trabalham em obedincia aos mandamentos Divinos, sabendo
que o poder para assim trabalhar um dom de Deus, e que no uma parte
da natureza autoconsciente do homem, alcanam a liberdade em relao
necessidade de ao. E ento o corao puro preenchido pela verdade, e
percebida a identidade com a Deidade. O homem tem de primeiramente
se livrar da idia de que ele realmente faz alguma coisa, sabendo
que todas as aes ocorrem nas trs qualidades da natureza37 e de modo
algum na alma. Ento ele tem de estabelecer todas as suas aes na
devoo. Isto , sacrificar todas as suas aes ao Supremo e no a si
mesmo. Ou ele prprio se arvora no Deus a quem so consagrados os
seus sacrifcios, ou os consagra ao outro verdadeiro Deus Ishvara; e
todos os seus atos e aspiraes so dedicados ou para si mesmo ou para
o Todo. Aqui se evidencia a importncia do motivo. Pois se ele
realiza grandes obras de valor, ou de benefcio para a Humanidade,
ou adquire conhe-cimento para poder dar assistncia a seu prximo, e
movido a isso meramente porque pensa que assim alcan-ar a salvao,
ele est agindo apenas para seu prprio benefcio, e est portanto
consa- grando sacrifcios para si mesmo. Desta forma, ele tem de
devotar-se internamente ao Todo; sabendo que ele prprio no o agente
das aes, mas a mera testemunha delas. Desde que est em um cor-po
mortal, ele afetado por dvidas que iro brotar repen-tinamente.
Quando elas de fato surgem, porque ele ignora algo. Ele deve para
tanto ser capaz de dispersar a dvida pela espada do conhe-cimento.
Porque se ele dis-pe de uma resposta pronta para alguma dvida,
nesta mesma proporo ele a dissipar. Todas as dvidas vm da natureza
inferior, e jamais em qualquer caso da natureza superior. Por isso
medida que ele cresce em devoo capaz de perceber cada vez mais
claramente o conhecimento que reside em sua natureza Sattvica
(bondade). Pois est dito: Um homem que seja perfeito em devoo (ou
que persiste em seu cultivo) esponta-neamente descobre o
conhe-cimento espiritual em si mesmo com o passar do tempo. E
tam-bm: Um homem com a mente cheia de dvidas no desfruta nem deste
mundo nem do outro (o mundo dos Devas), nem da beatitude final. A
ltima frase para destruir a idia de que se h em ns esse Eu Superior
ele ir, mesmo se formos indolentes e cheios de dvidas, triunfar
sobre a necessidade de conhecimento, conduzindo-nos beatitude final
junto com o fluxo evolutivo de toda a Humanidade.38 A verdadeira
orao a con-templao de todas as coisas sa-gradas, em sua aplicao a
ns mesmos, s nossas vidas e aes dirias, acompanhada do mais pujante
e intenso desejo de tornar sua influncia mais forte e as nossas
vidas melhores e mais nobres, de modo que algum conhe- cimento
delas nos possa ser con-cedido. Todos esses pensa-men-tos tm de
estar intimamente ligados conscincia da Essncia Suprema e Divina da
qual todas as coisas se originaram.39 A cultura espiritual
alcan-ada atravs da concentrao, e esta tem que ser continuada
diariamente e exercitada a cada momento. A meditao j foi defi-nida
como a cessao do pen- samento ativo externo. A con-centrao a
orientao de toda a vida para um determinado fim. Por exemplo, uma
me devotada aquela que considera antes e sobretudo os interesses
dos seus filhos em todos os seus aspectos; e no aquela que se senta
para pensar fixamente todo o dia
- 9. apenas em um destes aspectos. O pensamento tem o poder de se
auto-reproduzir, e quando a mente mantida fir-memente em uma idia,
ela se torna colorida por essa idia, e, como pode-se dizer, todos
os correlatos daquele pensamento surgem dentro da mente. a partir
da que o mstico obtm conhe-cimento acer-ca de qualquer objeto no
qual ele pense constantemente em fixa contemplao. Eis a razo das
palavras de Krishna: Pensa cons-tantemente em mim; depende somente
de mim, e tu certamente virs a mim. A vida o grande instrutor; a
grande manifestao da Alma, e a Alma manifesta o Supremo. Da todos
os mtodos serem bons e serem todos apenas partes do grande
objetivo, que a Devoo. A Devoo o xito na ao40 , diz o
Bhagavad-G5t2. Os poderes psquicos, medida que surgem, devem tambm
ser usados, pois eles nos revelam leis. Mas o valor desses poderes
no deve ser exagerado, nem os seus perigos ignorados. Aquele que se
fia neles como um homem que d passagem ao orgulho e ao triunfo
porque atingiu o primeiro patamar dos pncaros que ele se props
escalar.41 6 uma lei eterna que o homem no pode ser redimido por um
poder exterior a si mesmo. Se isso tivesse sido possvel, um anjo
poderia h muito ter visitado a Terra, proferido verdades celestiais
e, pela mani-festao de faculdades de uma natureza espiritual,
provado uma centena de fatos conscincia do homem os quais ele
ignora.42 O crime cometido pelo Esprito to verdadeiramente quanto
pelos atos do corpo. Aquele que por qualquer motivo odeia outras
pessoas, que ama a vingana, que no perdoa uma injria, est cheio do
esprito de homicdio, mesmo que ningum mais o saiba. Aquele que se
curva diante de falsos credos, e submete sua conscincia s imposies
de qualquer insti-tuio, blasfema sua prpria alma divina e,
portanto, toma o nome de Deus em vo, ainda que nunca preste um
juramento. Aquele que deseja meramente os prazeres dos sentidos, e
est focado neles, dentro ou fora das relaes conjugais, o verdadeiro
adltero. Aquele que priva quais-quer de seus com-panheiros da luz,
do bem, da ajuda, da assistncia que ele possa sabiamente lhes
oferecer, e que vi-ve para o acmulo de coisas materiais, para sua
prpria grati-ficao pessoal, o verdadeiro la-dro; e aquele que rouba
de seus companheiros a preciosa posse do carter pela difamao ou por
qual-quer tipo de falsidade, no passa de um ladro, e da pior
espcie.43 Se apenas os homens fossem honestos consigo mesmos e
tives-sem uma disposio amvel com relao aos outros, ocorreria uma
enorme mudana em seu julga-mento quanto ao valor da vida e das
coisas des-ta vida.44 DESENVOLVE O PENSA-MENTO. Esfora-te,
concentran-do toda a fora de tua alma para fechar a porta de tua
mente a todos os pensamentos errantes, permi-tindo somente a
entrada daqueles pre-sumidamente capazes de revelar-te a
irrealidade da vida dos sentidos e a Paz do Mundo Interno. Pondera
dia e noite sobre a irrea-lidade de tudo que te rodeia e de ti
mesmo. O surgimento de pen-sa-mentos maus menos injurioso do que o
de pensamentos ociosos e indiferentes; porque quanto aos
pen-samentos maus tu ests sempre em guarda e, tendo tu mesmo te
determinado a lutar e venc-los, esta determinao ajuda a
desen-volver o poder da vontade. Pensa-mentos indiferentes, no
entanto, servem apenas para distrair a ateno e desperdiar energia.
A pri-meira grande e fundamental ilu-so que tu tens de vencer a
identificao de ti mesmo com o corpo fsico. Comea por pensar neste
corpo como nada mais do que a casa na qual tu
- 10. tens de viver durante algum tempo, e depois disso tu jamais
ceders s suas tentaes. Tenta tambm com fir-me esforo conquistar as
proe-minentes fraquezas de tua natureza, pelo desenvolvimento de
pensa-mentos naquela direo que permitir eliminar cada paixo em
particular. Aps os teus primeiros esforos tu comears a sentir um
vcuo e um vazio indescritveis em teu cora-o; no temas, mas
con-si-dera isso como a suave aurora anun-ciando o nascimento do
Sol da bem-aven-turana espiritual. A tris-teza no um mal. No te
queixes; aquelas coisas que parecem ser obs-t- culos e sofri-mentos
muitas ve-zes so, em rea-lidade, os miste-riosos esforos da
natureza para te ajudar em tua obra se tu puderes lidar com eles de
modo apropriado. Consi-dera to-das as cir-cunstncias com a gra-tido
de um aprendiz. 45 Toda quei-xa uma rebelio contra a lei de
progresso. Aquilo que deve ser evi-tado o sofrimento que ain-da no
chegou. O passado no po-de ser modificado ou corrigido; aquilo que
pertence s experincias do presente no pode e no deve ser afastado;
mas o que deve ser evi-tado so as preocupaes ante-cipadas ou
temores pelo futuro e cada ato ou impulso que possa causar
sofrimento presente ou fu-turo a ns mesmos ou aos outros 46 . 7 No
h nada mais valioso para um indivduo do que possuir um ideal
elevado ao qual ele aspire con-- tinuamente, modelando por ele seus
pensamentos e sentimentos, e construindo, assim, da melhor forma
que possa, a sua vida. Desta forma, se ele esfora-se por tor-nar-se
ao invs de apenas pa- recer, no cessar de aproxi-mar-se
conti-nuamente e cada vez mais de seu objetivo. Ele, porm, no
alcanar este ponto sem uma batalha, nem dever o verdadeiro
progresso do qual consciente, ench-lo de presuno e farisasmo; pois
se elevado for o seu ideal, e o seu progresso em sua direo for
real, ele preferir mais ser humilhado a ensoberbecer-se. As
possibilidades de posterior pro-gresso, e a con-cepo de planos
ainda mais ele-vados de existncia que se abrem ante ele, no
re-fre-aro o seu ardor, embora cer-tamente elimi-naro a sua
presuno. precisamente esta con-cepo das vastas possibi-lidades da
vida humana que necessria para ani- quilar lennui47 , e para
transformar a apatia em alegria de viver. Assim, vale a pena
viver-se a vida pelo que ela quando sua misso torna-se clara, e
suas esplndidas oportunidades so uma vez apreciadas. O modo mais
di-reto e certo de alcanar este plano mais elevado o cultivo do
princpio do altrusmo, tanto em pensamento quanto na vida.
Verdadeiramente estreita a abrangncia da viso que limi-tada ao eu,
e que mede todas as coisas pelo princpio do interesse prprio, pois
enquanto a alma estiver assim autolimitada lhe impossvel conceber
qualquer ideal elevado, ou aproximar-se de qualquer plano mais
elevado da vida. As condies para tal eleva-o encontram-se mais no
interior do que no exterior, e felizmente so independentes das
circunstncias e condies da vida. A oportunidade, assim, oferecida a
todos para avanarem em di-reo a planos cada vez mais elevados de
existncia, desse modo trabalhando com a Natureza na realizao do
evidente propsito da vida.48 Se acreditamos que o objetivo da vida
meramente satisfazer nosso eu material, e mant-lo em conforto, e
que o conforto material confere o mais elevado estado de felicidade
possvel, ns tomamos erronea-mente o inferior pelo superior, e uma
iluso pela ver-dade. O nosso modo de vida material uma conseqncia
da constituio material de nossos corpos. Ns somos vermes da terra,
porque nos apegamos a ela com todas as nossas aspiraes. Se
pudssemos entrar num caminho de evoluo, no qual nos torns-semos
menos materiais e mais etreos, um tipo muito
- 11. diferente de civilizao se estabeleceria. Coisas que agora
parecem ser indis-pensveis e necessrias deixariam de ser teis; se
pudssemos transferir nossa conscincia com a velocidade do
pensamento de uma parte do globo outra, os atuais meios de
co-municao no mais seriam necessrios. Quanto mais nos afundamos na
matria, tanto mais sero necessrios meios materiais para nosso
conforto; o essencial e poderoso deus no homem no material, e
independente das restries que pesam sobre a matria. Quais so as
reais ne-cessidades da vida? A resposta a esta pergunta depende
inteiramente do que imaginamos ser necessrio. Estradas-de-ferro,
navios a vapor, etc., so agora uma ne-cessidade para ns, e ainda
assim, em outras pocas, milhes de pessoas viveram felizes e
lon-gamente, nada sabendo a respeito destas coisas. Para um certo
homem uma dzia de castelos pode parecer uma necessidade
indis-pensvel, para outro um carro, para outro ainda um cachimbo,
etc. Mas todas essas necessidades so somente consi-deradas como
tais na medida em que o prprio ho-mem as criou. Elas tornam o
es-ta-do no qual o homem agora se en-contra agra-dvel para ele, e o
ten-tam a per-manecer naquele estado, e no desejar nada mais
elevado. Elas podem at mesmo obstruir o seu desenvolvimento em vez
de o fa-zer avanar. Todas as coisas materiais tm de cessar de
tornar-se uma necessidade se ns ver-dadeira- mente quisermos
avan-ar espiri-tual-mente. o ardente de-sejo e o desperdcio de
pensa-mento visando o aumento dos pra-zeres da vida inferior que
impedem o homem de entrar na vida su-perior. 49 Nota Introdutria H.
P. Blavatsky (1831-1891), precursora do Ocultismo Moderno e uma das
fundadoras da Sociedade Teosfica (S.T.), foi tambm considerada
fundadora da Nova Era50 , publicou o artigo Ocultismo Prtico (que
ali ela define como Cincia Oculta) na revista Lcifer (literalmente:
O Portador da Luz) de abril de 1888, cuja repercusso foi tal que
necessitou de outro artigo Ocultismo Versus Artes Ocultas publicado
no ms seguinte, na citada revista, para oferecer maiores explanaes
sobre o tema. [Compreendendo que, na poca, ainda no havia uma
no-men-clatura precisa e para evitar confu-ses nesta edio,
preferimos pre-servar a definio do primeiro ar-tigo de Ocultismo
como Cincia Oculta (no singular) e, por anttese, traduzir as
diver-sas cincias ocultas (no plural) como artes ocultas, como a
prpria autora parece ter preferido no segundo artigo, porm sempre
referindo neste caso o original nas notas de rodap]. Na seqncia dos
fatos, a au-tora publica em outubro de 1888, tambm na mesma
revista, uma nota oficial referindo-se ne-cessidade de formao de um
Corpo de Estudantes Esotricos, para ser organizado segundo as
LI-NHAS ORIGINAIS delinea-das pelos reais fundadores da S.T.51 ,
fundando assim a Seo Esotrica da S.T., no mesmo ms em que publicou
A Doutrina Secreta, sua obra magna. No memorando preli-minar da
citada Seo ela afirma que seu propsito geral pre-parar e adequar o
estudante pa-ra o estudo do Ocultismo pr-tico ou R2ja-Yoga.52
Todavia, as regras desta Seo Esotrica so meramente prepa-ratrias e
muitssimo mais suaves que as deste livro de Ocultismo Prtico
porque, como a prpria autora compara: ... o Ocultismo prtico um
estudo demasiado srio e perigoso para ser realizado sem a mais
extrema dedicao, e sem que se esteja pronto a sacrificar tudo, e a
si mesmo em primeiro lugar, para atingir seu objetivo. Mas isto no
se aplica aos membros de nossa Seo Interna. Refiro-me apenas queles
que esto determinados a trilhar aquela Senda de discipulado que
leva meta mais elevada. A maioria, se no todos, dos que entram para
a nossa Seo Interna so apenas principiantes, preparando-se, nesta
vida, para entrar naquela Senda,
- 12. realmente, em vidas futuras.53 O Sr. C.W. Leadbeater,
treinado tambm pela autora, define o Ocultismo como sendo: o estudo
do lado oculto da Natureza; ou melhor, ... o estudo da Natureza em
sua tota-lidade, e no apenas daquela par-te mnima que objeto de
investigao da cincia moderna.54 Sobre os conhecimentos que devem
permanecer ocultos ou esotricos, particularmente os que so
perigosos, C.W. Lead-beater comenta: Uma grande quantidade de
conhecimento en-quadra-se nesta categoria, pois existem foras na
Natureza que s podem ser manejadas com segu-rana por homens que
passaram por um longo curso de cuidadoso pre-paro. Ningum largaria
dinamite nas mos de uma criana; contudo, isso seria um assunto
trivial comparado responsabilidade de colocar o conhecimento das
grandes foras ocultas em mos des-trei-nadas ou indignas. Exem-plos
deste perigo no faltam, embo- ra felizmente sejam superficiais e
insignificantes. As pessoas que aprenderam um pe-queno fragmento de
conhe-cimento interno com relao ao fogo ser-pentino (cha-mado de
kundalini pelos iogues hindus; N. ed. bras.), ou mesmo alguns
exerc-cios respi-ratrios elementares, freqen-te-mente conseguem
arrui-nar sua sade ou sanidade mental; e as que foram infelizes o
suficiente ao entrarem em contato com o mundo abaixo do plano
fsico, raramente viveram o bastante para lamentar a indiscrio que
os conduziu aos domnios onde o ho-mem no deve ingressar... e
in-dubita-velmente, para a maioria da Huma-nidade, este um dos
casos em que a igno-rncia felicidade; pois o homem que se mantiver
fora disso est razoavelmente protegido de seus perigos.55 Em Aos Ps
do Mestre, um livro de bolso que recomendamos, encontra-se tambm:
No desejes os pode- res psquicos; eles viro quando o Mestre
entender ser melhor para ti possu-los. For-los muito cedo traz em
seu treina-mento, freqen-temente, muitas pertur-baes; e seu
possuidor muitas vezes deso-rientado por enganosos espritos da
Natureza, ou torna-se vai-doso e julga-se isento de cometer erros;
em qualquer caso, o tempo e a energia des-pendidos em adquiri-los
po-deriam ser utilizados em trabalho pa-ra os outros. Eles viro no
decurso do teu desenvol-vimento eles tm de vir; e se o Mestre
entender que seria til para ti possu-los mais cedo, Ele te ensinar
como desenvolv-los com segurana. At ento, estars me--lhor sem
eles.56 Deve, pois, ser evidente a absoluta necessidade de um
gradual e longo curso de cuidadoso preparo antes de chegar-se ao
Ocultismo Pr-tico ou R2ja-Yoga, como co-menta o Dr. Taimni:
Qualquer pessoa familia-rizada com o objetivo da vida do Yoga e com
o tipo de esforo ne-ces-srio para alcan-lo, compreen-der que no
possvel nem reco-men-dvel para algum absorvido pela vida mundana e
completa-mente sob a influncia dos Kleshas (aflies da vida; N. ed.
bras.) lanar-se de uma s vez na prtica regular do Yoga. ... A
diferena entre a perspectiva da vida do homem mundano comum e da
vida que se requer que o yogi viva to grande, que uma sbita mudana
de uma para a outra no possvel, e, se tentada, pode produzir uma
reao violenta na mente do aspirante, lanando-o de volta vida
mundana com uma fora ainda maior. Um perodo preparatrio de
autotrei-namento, no qual ele vai gradual-mente assimilando a
filosofia do Yoga e sua tcnica e acostu-mando-se autodisciplina,
torna a transio de uma vida para outra mais fcil e mais segura.
Conse-qentemente, tam-bm habilita o simples estudante a ve-rificar
se est suficientemente preparado para adotar a vida do Yoga e
tentar seriamente realizar o ideal do Yoga.57 Talvez a melhor forma
de sin-tetizar os requisitos necessrios para esta Senda Espiritual
do Ocultismo Prtico tenha sido oferecida pela prpria autora: Para
alcanar o Nir-vana mister alcanar o Auto-conhecimento, e o
Auto-conhe-cimento filho de aes amo-rosas.58
- 13. Ocultismo Prtico Esclarecimentos Importantes para
Estudantes H muitas pessoas que esto procura de instrues prticas de
Ocultismo. Faz-se necessrio, portanto, esclarecer de uma vez por
todas: (a) A diferena essencial entre Ocultismo terico e prtico; ou
o que geralmente conhecido como Teosofia de um lado, e Cincia
Oculta, do outro, e: (b) A natureza das dificuldades envolvidas no
estudo desta ltima. fcil tornar-se um tesofo. Qualquer pessoa com
mediana capacidade intelectual e com certa inclinao para a
metafsica; que leve uma vida pura e altrusta, que encontre mais
alegria em ajudar o seu prximo do que em receber ajuda para si
mesmo, que esteja sempre pronta a sacrificar os seus prazeres
pessoais em benefcio dos outros; que ame a Verdade, a Bondade e a
Sabedoria simplesmente pelo que so em si mesmas, e no pelo benefcio
que delas possa auferir um tesofo. Algo completamente diferente,
porm, trilhar o caminho que conduz ao conhecimento do que bom
fazer, assim como ao reto discernimento entre o bem e o mal; um
caminho que tambm conduz um homem at aquele poder atravs do qual
ele pode fazer o bem que deseja, muitas vezes sem precisar,
aparentemente, levantar um dedo sequer. Alm do mais, h um fato
importante do qual o estudante deve inteirar-se. Que vem a ser a
enorme e quase ilimitada responsabilidade assumida pelo instrutor,
por causa do discpulo. Dos gurus do Oriente que ensinam aberta ou
secretamente, at os poucos cabalistas nas terras do Ocidente, que
arcam com a responsabilidade de ensinar os rudimentos da Cincia
Sagrada aos seus discpulos esses Hierofantes Ocidentais, geralmente
eles mesmos ignorantes do perigo em que incorrem cada um e todos
aqueles Instrutores esto sujeitos mesma e inviolvel lei. Do momento
em que comeam a realmente ensinar, a partir do momento que conferem
qualquer poder seja psquico, mental ou fsico aos seus discpulos,
assumem para si prprios todos os pecados daquele discpulo, de
acordo com as Cincias Ocultas, sejam de omisso ou comisso, at o
momento em que a iniciao torne o discpulo um Mestre e por sua vez
responsvel por si. H uma misteriosa e mstica lei religiosa,
grandemente reverenciada e seguida pela Igreja Grega, algo
esquecida pela Catlica Romana, e absolutamente extinta na Igreja
Protestante. Essa lei data dos primrdios do Cristianismo e tem sua
base naquela lei (oculta, inviolvel), mencionada anteriormente, da
qual era um smbolo e uma expresso. o dogma da absoluta sacralidade
da relao entre os padrinhos que tomam para si a responsabilidade
sobre uma criana59 . Estes assumem tacitamente para si todos os
pecados da criana recm-batizada (um verdadeiro mistrio: ela ungida
da mesma forma que na iniciao!) at o dia em que a criana torna-se
responsvel por si mesma, conhecendo o bem e o mal. Desse modo fica
claro por que os Instrutores so to reticentes, e por que se requer
dos Chelas servir durante um perodo probatrio de sete anos de modo
a provarem sua aptido e desenvolverem as qualidades necessrias para
a segurana tanto do Mestre quanto do discpulo. Ocultismo no magia.
comparativamente fcil aprender os truques de encantamento e os
mtodos de uso das foras mais sutis, mas ainda assim materiais, de
natureza fsica; os poderes da alma animal no homem so logo
despertados; as foras que o seu amor, seu dio e sua paixo
- 14. podem pr em ao so prontamente desenvolvidas. Mas isto Magia
Negra Feitiaria. Pois a inteno, somente a inteno, que faz com que
qualquer exerccio de poder torne-se Magia negra e maligna, ou
branca e benfica. impossvel empregar foras Espirituais se houver o
mais leve trao de egosmo presente no operador. Pois, a no ser que a
inteno seja totalmente pura, a vontade espiritual converter-se- em
psquica, agindo sobre o plano astral e podendo produzir resultados
terrveis. Os poderes e as foras de origem animal podem igualmente
ser usados tanto pelo egosta e vingativo quanto pelo altrusta e
todo-compassivo; os poderes e as foras espirituais so concedidos
somente queles que so perfeitamente puros de corao e isto MAGIA
DIVINA. Quais so ento as condies requeridas para tornar-se um
estudante da Divina Sapientia? Pois que fique claro que tal instruo
no pode qui ser ministrada a no ser que estas condies sejam
preenchidas e rigorosamente levadas a cabo durante os anos de
estudo. Esta uma condio sine qua non. Ningum pode nadar a no ser
que entre em gua profunda. Nenhum pssaro pode voar a no ser que
suas asas se tenham desenvolvido e que tenha espao sua frente bem
como coragem para lanar-se no ar. Um homem que queira manejar uma
espada de duplo corte, deve ser um mestre completo no manejo da
espada sem corte, para que no venha a ferir a si mesmo ou o que
pior ferir outros, na primeira tentativa. Para dar uma idia
aproximada das condies indispensveis sob as quais o estudo da
Sabedoria Divina possa prosseguir com segurana, isto , sem perigo
de que a Magia Divina possa dar lugar Magia Negra, apresentaremos
uma sntese das regras reservadas, com as quais todo o instrutor no
Oriente est familiarizado. As poucas passagens que se seguem foram
selecionadas dentre inmeras outras e explicadas entre colchetes, em
itlico. 1. O lugar escolhido para receber instruo deve ser um local
planejado para no distrair a mente, contendo objetos (magnticos)
com influncias enlevadoras. As cinco cores sagradas, entre outras
coisas, devem estar presentes, reunidas num crculo. O local deve
estar livre de quaisquer influncias malignas pairando no ar. [O
local deve ser reservado e no deve ser usado para qualquer outro
propsito. As cinco cores sagradas so as matizes prismticas
dispostas em uma certa ordem, uma vez que estas cores so muito
magnticas. Por influncias malignas se quer dizer quaisquer
distrbios causados por malquerenas, discusses, maus sentimentos,
etc., j que se diz que estas coisas se imprimem imediatamente na
luz astral, i.e., na atmosfera do lugar, e que ficam pairando no
ar. Esta primeira condio parece ser facilmente preenchida, ainda
assim numa considerao posterior, uma das mais difceis de se
conseguir.] 2. Antes que seja permitido ao discpulo o estudo face a
face, ele tem de adquirir noes preliminares na seleta companhia de
outros upasaks (discpulos) laicos, cujo nmero deve ser mpar. [Face
a face significa neste exemplo um estudo independente ou separado
dos demais, quando o discpulo tem sua instruo face a face ou
consigo mesmo ( o seu Eu Superior, Divino) ou com o seu guru.
Somente ento que cada um recebe aquilo que lhe devido de informao,
de
- 15. acordo com o uso que tenha feito de seu conhecimento. Isto
pode acontecer somente ao se aproximar o final do ciclo de
instrues.] 3. Antes que tu (instrutor) transmitas ao teu Lanu
(discpulo) as boas (sagradas) palavras do LAMRIN, ou permitas que
ele se apronte para Dubjed, devers cuidar para que a mente do Lanu
esteja totalmente purificada e em paz com todos, especialmente com
os seus outros eus. De outro modo, as palavras de Sabedoria e da
boa Lei dispersar-se-o e sero levadas pelo vento. [Lamrim uma obra
de instrues prticas, escrita por Tson-kha-pa, em duas partes, uma
para propsitos eclesisticos e exotricos, e outra para uso esotrico.
Aprontar-se para Dubjed preparar os objetos para vidncia, tais como
espelhos e cristais. A expresso outros eus refere- se aos demais
companheiros de estudo. A no ser que reine a maior harmonia entre
os aprendizes, nenhum sucesso possvel. o instrutor quem faz a seleo
segundo as naturezas magnticas e eltricas dos estudantes, juntando
e ajustando do modo mais cuidadoso possvel os elementos positivos e
negativos.] 4. Durante o estudo, os up2-sak2s devem se manter
unidos como os dedos de uma mo. Tu imprimirs em suas mentes que
tudo quanto possa ferir um, dever ferir os outros; e se o regozijo
de um no encontrar eco nos coraes dos demais, ento as condies
exigidas esto ausentes, e intil prosseguir. [Isto dificilmente
poder acontecer se a escolha preliminar foi feita de acordo com as
condies magnticas exigidas. Por outro lado, sabe-se que chelas
promissores e aptos para receberem a verdade tiveram de esperar
durante anos devido a seus temperamentos e impossibilidade que
sentiam em se afinar com seus companheiros. Pois] 5. Os
condiscpulos devem ser afinados pelo guru como as cordas do alade
(vina), cada uma diferente da outra, e ainda assim cada uma
emitindo sons em harmonia com todas as outras. Coletivamente eles
devem como que formar um teclado que responda em todas as suas
partes ao mais leve toque (o toque do Mestre). Assim as suas mentes
abrir-se-o para as harmonias da Sabedoria, para vibrarem como
conhecimento atravs de cada um e de todos, resultando em efeitos
agradveis aos deuses regentes (tutelares ou anjos padroeiros) e
teis para o Lanu. Dessa maneira, a Sabedoria dever ser impressa
para sempre em seus coraes e a harmonia da lei jamais ser quebrada.
6. Aqueles que desejam adquirir o conhecimento que leva aos Siddhis
(poderes ocultos) tm que renunciar a todas as vaidades da vida e do
mundo (segue aqui a enumerao dos Siddhis).60 7. Nenhum Lanu
(discpulo) pode sentir diferena entre si mesmo e seus companheiros
de estudo, tais como eu sou o mais sbio, eu sou mais santo e agrado
mais ao instrutor, ou minha comunidade, do que meu irmo, etc., e
permanecer um up2saka. Seus pensamentos devem estar
predominantemente fixos em seu corao, afastando dele todo
pensamento hostil a qualquer ser vivente. Ele (o corao) deve estar
pleno do sentimento de no-separatividade em relao a todos os outros
seres, bem como a tudo na Natureza; de outro modo no pode haver
sucesso.
- 16. 8. Um Lanu (discpulo) deve recear somente influncias
externas das criaturas vivas (emanaes magnticas destas criaturas).
Por esta razo, ainda que uno com tudo, em sua natureza interna, ele
deve cuidar para separar seu corpo externo de toda influncia
estranha: ningum mais, alm dele, deve beber ou comer em sua tigela.
Deve evitar contato corporal (i.e., ser tocado ou tocar) tanto com
seres humanos quanto com animais. [No so permitidos animais de
estimao, e proibido inclusive tocar certas rvores e plantas. Um
discpulo tem que viver, por assim dizer, em sua prpria atmosfera,
de modo a individualiz-la para propsitos ocultos.]61 9. A mente
deve permanecer impassvel a tudo o que no sejam as verdades
universais da Natureza, para que a Doutrina do Corao no se torne
apenas a Doutrina do Olho (i.e., ritualismo exotrico vazio). 10.
Nenhum alimento animal de qualquer espcie, nada que contenha vida
em si, deve ser consumido pelo discpulo. No deve ser usado vinho,
lcool ou pio, pois estes so como os Lhamaym (maus espritos), que se
prendem ao incauto e devoram sua compreenso. [Presume-se que o
vinho e o lcool contenham e preservem o mau magnetismo de todos os
homens que ajudaram na sua fabricao; e presume-se que a carne de
cada animal preserve as caractersticas psquicas de sua espcie.] 11.
A meditao, a abstinncia, a observao dos deveres morais, pensamentos
gentis, boas aes e palavras amveis, assim como boa vontade para com
todos e um total esquecimento do eu, so os meios mais eficazes de
se obter conhecimento e preparar-se para a recepo da sabedoria
superior. 12. Somente devido estrita observncia das regras
precedentes pode o Lanu esperar adquirir, em seu devido tempo, os
Siddhis dos Arhats, o crescimento que o faz gradualmente se tornar
Uno com o TODO UNIVERSAL. Estes 12 fragmentos foram extrados de 73
regras, as quais seria intil enumerar, uma vez que no teriam
qualquer significado na Europa. Mas mesmo estas poucas so
suficientes para mostrar as imensas dificuldades que obstruem o
caminho daquele aspirante a Up2saka que tenha nascido e crescido no
Ocidente.62 Toda educao ocidental, e especialmente a inglesa, traz
instintivamente o princpio de competio e disputa; cada criana
instada a aprender mais rapidamente, a ultrapassar seus
companheiros e a suplant-los de todo modo possvel. Cultiva-se
continuamente a assim chamada rivalidade amistosa, e o mesmo
esprito cultivado e fortalecido em cada detalhe da vida. Tendo sido
educado com tais idias desde a infncia, como pode um ocidental vir
a sentir-se como os dedos de uma mo em relao a seus companheiros de
estudo? Estes companheiros tambm no so de sua prpria escolha, nem
ele os elege por simpatia e preferncia pessoais. Eles so escolhidos
por seu instrutor por motivos muito distintos, e aquele que deseja
se tornar um aprendiz deve primeiramente ser forte o bastante para
matar em seu corao todos os sentimentos de averso e antipatia para
com os outros. Quantos ocidentais esto prontos pelo menos para
tentar? Acrescente-se ainda os detalhes da vida diria, o preceito
de no tocar nem mesmo a mo daqueles que
- 17. nos so mais prximos e queridos. Como tudo isso contrrio noo
ocidental de afeio e bons sentimentos! Como parece frio e difcil.
Egostico tambm, as pessoas diriam, abster-se de proporcionar prazer
aos outros em funo de seu prprio desenvolvimento. Bem, deixemos
aqueles que pensam assim protelar at uma outra vida a tentativa de
entrar na Senda com real seriedade. Mas que eles no se vangloriem
de seu suposto altrusmo. Pois na realidade eles apenas se deixam
enganar pelas aparncias, noes convencionais baseadas no
emocionalismo e na efuso, ou na assim chamada cortesia, coisas da
vida irreal, e no os ditames da Verdade. Mas mesmo colocando de
lado estas dificuldades, que podem ser consideradas como externas,
embora no sejam por isso menos importantes, como podem os
estudantes no Ocidente afinar-se com a harmonia como se lhes exige
aqui? O personalismo cresceu to fortemente na Europa e na Amrica,
que no h escola de artistas em que at mesmo os membros no se odeiem
e sintam cimes uns dos outros. O dio profissional e a inveja
tornaram-se proverbiais; os homens procuram beneficiar a si mesmos
a qualquer custo, e mesmo as assim chamadas cortesias da vida no so
mais que mscaras vazias cobrindo estes demnios de dio e inveja. No
Oriente, o esprito de no-separatividade inculcado to firmemente a
partir da infncia, quanto no Ocidente inculcado o esprito de
rivalidade. A ambio pessoal, os sentimentos e os desejos pessoais
no so encorajados a crescer to desmedidamente por l. Quando a
criana como uma terra naturalmente boa, e cultivada de modo
apropriado, cresce e torna-se um homem no qual o hbito de
subordinao do eu inferior ao Eu superior forte e poderoso. No
Ocidente, predomina a crena de que os princpios orientadores da ao
dos homens so as suas preferncias e antipatias em relao aos outros
homens ou coisas, ainda que eles no tornem tais princpios a norma
de suas vidas e nem tentem imp-los aos outros. Para aqueles que
reclamam de terem aprendido pouco na Sociedade Teosfica, deixemos
que as palavras seguintes, publicadas num artigo da revista Path de
fevereiro passado, calem fundo em seus coraes: A chave de cada
estgio o prprio aspirante. No o temor a Deus que o comeo da
Sabedoria, mas sim o conhecimento do Eu, que A SABEDORIA EM SI
MESMA. Quo magnfica e verdadeira se apresenta, assim, para o
estudante de Ocultismo que comeou a compreender algumas das
verdades precedentes, a resposta dada pelo Orculo de Delfos a todos
os que vinham em busca da Sabedoria Oculta palavras repetidas e
enfatizadas tantas vezes pelo sbio Scrates: HOMEM CONHECE-TE A TI
MESMO... Ocultismo Versus Artes Ocultas Tantas vezes ouvi dizer,
mas jamais at ento acreditara, Que houvesse pessoas que, por meio
de poderosos encantamentos mgicos, Dobrassem aos seus vis propsitos
as leis da Natureza.
- 18. Milton Na Seo Correspondncia deste ms, vrias cartas do
testemunho da forte impresso causada em algumas mentes pelo nosso
artigo do ms passado, Ocultismo Prtico63 . Tais cartas servem para
provar e reforar duas concluses lgicas. (a) H mais pessoas
bem-educadas e de bom entendimento que acreditam na existncia do
Ocultismo e da Magia (os dois diferindo enormemente) do que supe o
materialista moderno; e (b) A maioria dos que acreditam
(incluindo-se muitos tesofos) no tem idia definida da natureza do
Ocultismo, e o confunde com as Artes64 Ocultas em geral, at mesmo
com a magia negra. Suas concepes dos poderes que o Ocultismo
confere ao homem, e dos meios necessrios para consegui- los, so to
variados quanto fantasiosos. Alguns imaginam que tudo que
necessitam para tornar-se um Zanoni, um mestre na arte para indicar
o caminho. Outros crem que se tem apenas de atravessar o Canal de
Suez e ir at a ndia para transformar-se num Roger Bacon ou mesmo
num Conde St. Germain. Muitos adotam Margrave como seu ideal, com
sua juventude sempre a se renovar, e pouco se importam com a alma
como o preo a ser pago por isso. Muitos confundem Feitiaria, pura e
simples, com Ocultismo atravs do sumidouro da Terra, a partir das
trevas do rio Estige65 , subi, fantasmas descarnados, para regies
de luz e desejam, com a fora deste feito, ser tratados como Adeptos
de plena grandeza. A Magia Cerimonial, de acordo com as regras
irreverentemente apresentadas por Eliphas Levi, constitui um outro
alter ego imaginrio da filosofia dos antigos Arhats. Em suma, os
prismas atravs dos quais o Ocultismo aparece, para aqueles
inocentes da filosofia, so to multicoloridos e variados como lhes
pode tornar a fantasia humana. Ser que esses candidatos Sabedoria e
ao Poder sentir-se-iam muito indignados se lhes fosse contada a
verdade pura e simples? No apenas til, mas agora se tornou
necessrio desiludir a maioria deles, e antes que seja tarde demais.
Esta verdade pode ser dita em poucas palavras: No h, no Ocidente,
entre as centenas de pessoas fervorosas que se dizem Ocultistas,
nem mesmo meia dzia que tenham sequer uma idia aproximadamente
correta da natureza da cincia que eles procuram dominar. Com umas
poucas excees, esto todos no caminho que leva Feitiaria. Que eles
restabeleam um pouco de ordem no caos que reina em suas mentes
antes de protestarem contra esta afirmativa. Deixemos que primeiro
aprendam a verdadeira relao entre Artes66 Ocultas e Ocultismo, e a
diferena entre ambos, e ento se enfuream se ainda se acharem com
razo. Enquanto isso, deixemos que aprendam que o Ocultismo difere
da Magia e das outras Artes67 Secretas como o glorioso Sol difere
de uma luz fugidia, assim como o imutvel e imortal Esprito do Homem
o reflexo do TODO Absoluto, sem causa e incognoscvel difere do
barro perecvel o corpo humano. Em nosso Ocidente altamente
civilizado, onde as lnguas modernas tm evoludo e novas palavras tm
sido cunhadas sob o influxo de novas idias e pensamentos como tem
acontecido com todas as lnguas quanto mais estes pensamentos se
tornam materializados na fria atmosfera do egosmo ocidental e sua
busca incessante pelos bens deste mundo, tanto menos se sente
qualquer necessidade para a produo de novos termos que expressem
aquilo que se considera implicitamente como absoluta e
desacreditada superstio. Tais palavras poderiam apenas responder a
idias que dificilmente se suporia um homem culto pudesse abrigar em
sua mente. Magia um sinnimo para prestidigitao; Feitiaria, um
sinnimo para ignorncia crassa; e Ocultismo, os tristes restos
mortais de perturbados filsofos medievais do Fogo, dos Jacob
Boehmes e os St. Martins,
- 19. expresses que se acredita mais que amplamente suficientes
para cobrir todo o campo da falcatrua. So termos de desprezo, e
geralmente usados apenas com relao escria e aos resduos das idades
das trevas e dos perodos de eons de paganismo que os precederam.
Por isso, no possumos termos na lngua portuguesa68 para definir e
matizar a diferena entre tais poderes paranormais e as cincias que
levam posse deles, com a refinada preciso que possvel nas lnguas
orientais preeminente-mente no snscrito. O que palavras como
milagre e encantamento (palavras afinal idnticas em significado, j
que ambas expressam a idia de produzir coisas maravilhosas
transgredindo as leis da Natureza [!!], como explicado pelas
autoridades reconhecidas), significam queles que as ouvem ou as
pronunciam? Um cristo acreditar piamente em milagres no obstante
transgridam as leis da Natureza porque se diz terem sido produzidos
por Deus atravs de Moiss; por outro lado, rejeitar os encantamentos
produzidos pelos mgicos do Fara ou ir atribu-los ao demnio. este
ltimo que nossos pios inimigos associam ao Ocultismo, enquanto seus
mpios desafetos, os infiis, riem-se de Moiss, dos Mgicos, e dos
Ocultistas, e enrubesceriam se tivessem que dedicar um pensamento
srio a tais supersties. Isto porque no existe qualquer termo para
mostrar a diferena; no h palavras para expressar as luzes e sombras
e desenhar a linha demarcatria entre o sublime e verdadeiro, em
relao ao absurdo e ridculo. Os ltimos so interpretaes teolgicas que
ensinam a transgresso das leis da Natureza pelo homem, por Deus, ou
pelo diabo; os primeiros os milagres cientficos e os encantamentos
de Moiss e dos Magos de acordo com as leis naturais, ambos tendo
sido aprendidos em toda Sabedoria dos Santurios, que eram as
Sociedades Reais daqueles dias e no verdadeiro OCULTISMO. Esta
ltima palavra certamente se presta a equvocos, traduzida como foi
da palavra composta Gupta-Vidy2, Conhecimento Secreto. Mas
conhecimento de qu? Alguns dos termos snscritos nos podem ajudar. H
quatro nomes (dentre muitos outros) para designar os vrios tipos de
Conhecimento ou Cincia Esotricos, mesmo nos Pur29as exotricos. H
(1) Yaja-Vidy2 69 , conhecimento dos poderes ocultos despertados na
natureza pela realizao de certas cerimnias e ritos religiosos. (2)
Mah2vidy2, o grande conhecimento, a magia dos cabalistas e da
adorao Tntrica, geralmente Feitiaria da pior espcie. (3)
Guhya-Vidy2, conhecimento dos poderes msticos residentes no Som
(ter), conseqentemente nos Mantras (preces cantadas ou
encantamentos), que dependem do ritmo e da melodia usados; em
outras palavras, uma performance mgica baseada no conhecimento das
Foras da Natureza e suas correlaes; e (4) ATMA-VIDYA, um termo que
traduzido simplesmente como Conhecimento da Alma, Sabedoria
verdadeira pelos orientalistas, mas que significa muitssimo mais.
Atma-Vidya , assim, o nico tipo de Ocultismo que qualquer tesofo
que admirasse Luz no Caminho70 , e que fosse sbio e altrusta,
deveria esforar-se por alcanar. Tudo o mais apenas algum ramo das
Artes71 Ocultas, i.e., artes baseadas no conhecimento da essncia
ltima de todas as coisas nos reinos da Natureza tais como minerais,
vegetais e animais portanto das coisas pertencentes esfera da
natureza material, por mais que aquela essncia possa ser invisvel,
e tenha escapado at agora compreenso da Cincia. A Alquimia, a
Astrologia, a Fisiologia Oculta, a Quiromancia existem na Natureza,
e as Cincias exatas assim chamadas talvez porque elas sejam
julgadas o inverso disso, nesta era de filosofias paradoxais j
descobriram no poucas das artes acima. Mas a clarividncia,
simbolizada na ndia como o Olho de Shiva, ou chamada Viso Infinita
no Japo, no hipnotismo, o filho ilegtimo do mesmerismo, e no pode
ser adquirida por tais artes. Todas as outras podem ser dominadas e
se pode obter resultados, sejam bons, maus, ou indiferentes; mas so
de pouco valor do ponto de vista de Atma-Vidya. Atma-Vidya inclui
todas elas e pode at mesmo us-las eventualmente, para propsitos
benficos, mas no sem antes purific-las de sua escria, e tomando o
cuidado de destitu-las de todo elemento de motivao egosta.
Deixe-nos explicar: Qualquer homem ou mulher pode pr-se a estudar
uma ou todas das Artes Ocultas acima especificadas sem qualquer
grande preparao prvia, e mesmo sem adotar qualquer modo de vida
demasiado restritivo. Poder-se-ia at mesmo prescindir de qualquer
padro elevado de moralidade. No ltimo caso, certamente, as
probabilidades so de dez para um que o estudante iria se
transformar num tipo
- 20. de feiticeiro razovel, e prestes a cair abruptamente na
magia negra. Mas o que pode isso importar? Os Vodus e os Dugpas
comem, bebem e se divertem com as hecatombes de vtimas de suas
artes infernais. E assim tambm os afveis cavalheiros
vivisseccionistas e os Hipnotizadores diplomados das Faculdades de
Medicina; a nica diferena entre as duas classes que os Vodus e
Dugpas so feiticeiros conscientes, e os seguidores de
Charcot-Richet so feiticeiros inconscientes. Assim como ambos tm
que colher os frutos de seus trabalhos e feitos na magia negra, os
praticantes ocidentais no deixaro de conseguir lucros e satisfaes
sem receber a punio e a reputao correspondentes a tais prticas;
repetimos, portanto, que o hipnotismo e a vivisseco, como
praticados em tais escolas, so feitiaria pura e simples, privados
do conhecimento do qual desfrutam os Vodus e Dugpas , e que nenhum
Charcot-Richet pode obter por si mesmo em cinqenta anos de intenso
trabalho e observao experimental. Deixemos, ento, aqueles que
querem intrometer-se na magia quer eles entendam sua natureza ou
no, mesmo que considerem as regras impostas aos estudantes muito
difceis e por isso ponham de lado Atma-Vidya ou Ocultismo seguirem
sem esse conhecimento. Deixemos que se tornem magos de qualquer
maneira, mesmo que se tornem Vodus e Dugpas pelas prximas dez
encarnaes. Mas o interesse de nossos leitores estar provavelmente
centrado naqueles que so inexoravelmente atrados para o Oculto,
embora nem faam idia da verdadeira natureza daquilo a que aspiram,
nem se tenham tornado livres das paixes, e muito menos,
verdadeiramente altrustas. Ento, o que dizer a respeito destes
desventurados, nos perguntaro, que desse modo so dilacerados pelo
meio por foras conflitantes? Pois j foi comentado por demais para
que se precise repetir, e o fato em si obvio a qualquer observador,
que uma vez que o desejo pelo Ocultismo tenha realmente despertado
no corao de um homem, no lhe resta qualquer esperana de paz, nenhum
lugar para descanso ou conforto em todo o mundo. Ele impelido para
os locais selvagens e desolados da vida por um incessante tormento
e uma inquietude que no consegue apaziguar. O seu corao est
demasiado cheio de paixo e desejo egosta para lhe permitir passar
pelo Portal de Ouro; ele no consegue encontrar descanso ou paz na
vida comum. Ter ele ento de cair inevitavelmente na feitiaria e na
magia negra, e atravs de muitas encarnaes acumular para si um carma
terrvel? No h outro caminho para ele? Certamente que h,
respondemos. Que ele no aspire a mais do que aquilo que se sinta
capaz de realizar. Que ele no escolha carregar um fardo pesado
demais para si. Sem nem mesmo exigir dele que se torne um Mahatma,
um Buda ou um Grande Santo, deixe-se que estude a filosofia e a
Cincia da Alma, e ele poder tornar-se um dos modestos benfeitores
da Humanidade, sem qualquer dos poderes super- humanos. Os Siddhis
(ou os poderes do Arhat) so reservados unicamente para aqueles que
so capazes de consagrar sua vida, sujeitar-se aos terrveis
sacrifcios exigidos por um tal treinamento, e sujeitar-se a eles ao
p da letra. Que eles saibam de uma vez por todas e lembrem sempre
que o verdadeiro Ocultismo ou Teosofia a Grande Renncia ao eu,
incondicional e absolutamente, tanto em pensamento como em ao.
ALTRUMO, e tambm lana aquele que o pratica totalmente para fora do
cmputo das fileiras dos vivos. No para si, mas para o mundo, ele
vive, to logo tenha comprometido a si mesmo com a obra. Muito
perdoado durante os primeiros anos de provao. Mas to logo seja ele
aceito, sua personalidade tem de desaparecer, e ele tem de se
tornar uma mera fora benfica da Natureza. Depois disso s h dois
plos opostos perante ele, duas sendas e nenhum lugar intermedirio
para descanso. Ou ele ascende trabalhando com afinco, degrau por
degrau, geralmente atravs de numerosas encarnaes e sem intervalo
para repouso no Devachan, escada de ouro que leva condio de Mahatma
(a condio de Arhat ou Bodhisattva), ou ele se permitir escorregar
escada abaixo ao primeiro passo dado em falso, e despencar at a
condio de Dugpa... Tudo isso ou desconhecido ou totalmente deixado
de lado. Na realidade, aquele que capaz de seguir a evoluo
silenciosa das aspiraes preliminares dos candidatos, com freqncia
descobre estranhas idias
- 21. que vo mansamente tomando posse de suas mentes. H aqueles
cujas faculdades de raciocnio foram to distorcidas por influncias
estranhas, que imaginam que as paixes animais podem ser de tal modo
sublimadas e elevadas que sua fria, fora e fogo podem, por assim
dizer, ser dirigidas para dentro; que elas podem ser armazenadas e
reprimidas em seu peito, at que sua energia seja, no-expandida, mas
direcionada para propsitos mais elevados e mais sagrados: isto , at
que sua fora coletiva e no- expandida permita ao seu possuidor
entrar no verdadeiro Santurio da Alma e l permanecer na presena do
Mestre o EU SUPERIOR. Em nome deste propsito, eles no lutaro com
suas paixes nem as mataro. Eles simplesmente, por um forte esforo
de vontade, acalmaro as violentas chamas e as mantero encerradas
dentro de suas prprias naturezas, permitindo ao fogo arder sob uma
fina camada de cinzas. Eles se submetem jovialmente tortura do
menino espartano que preferiu permitir raposa devorar suas
entranhas a desfazer-se dela. Oh, pobres visionrios cegos! Seria o
mesmo que esperar que um bando de limpadores de chamins bbados,
exaltados e sujos por causa de seu trabalho, pudessem ser
encerrados num Santurio coberto com o linho mais puro e branco, e
que, em vez de com sua presena sujar e transformar o lugar num
monte de retalhos imundos, eles se tornassem mestres do recinto
sagrado, e que finalmente de l sassem to imaculados quanto o prprio
recinto. Por que no imaginar que uma dzia de cangambs aprisionados
na atmosfera pura de um Dgon- pa (mosteiro) possam sair dali
impregnados com todos os perfumes e incensos l usados?... Estranha
aberrao da mente humana. Poderia isto ser possvel? Investiguemos. O
Mestre, no Santurio de nossas Almas, o Eu Superior o esprito divino
cuja conscincia est baseada na Mente e apenas dela deriva (tal
ocorre, de qualquer modo, durante a vida mortal do homem na qual
ela se encontra cativa), e qual convencionamos chamar de Alma
Humana (sendo a Alma Espiritual o veculo do Esprito). Por sua vez,
aquela (a alma pessoal ou humana) , na sua forma mais elevada, um
composto de aspiraes espirituais, volies e amor divino; e em seu
aspecto inferior, de desejos animais e de paixes terrestres que lhe
so transmitidas por sua associao com o seu veculo, a sede de tudo
isso. Ela desempenha o papel, portanto, de um elo e um meio entre a
natureza animal do homem, a qual sua razo superior tenta subjugar,
e a sua natureza espiritual divina em direo qual ela gravita,
sempre que obtiver vantagem em sua luta com o animal interior. Este
ltimo a instintiva Alma animal, e o antro daquelas paixes que, como
acabamos de mostrar, so acalentadas em vez de aniquiladas, e que
alguns entusiastas imprudentes mantm encerradas em seu peito. Ser
que eles ainda esperam desse modo transformar a corrente imunda do
esgoto animal nas guas cristalinas da vida? E onde, em que terreno
neutro, podem elas ser aprisionadas de modo a no afetarem o homem?
As violentas paixes do amor e da luxria ainda esto vivas, e ainda
se lhes permite permanecer no lugar de seu nascimento aquela mesma
alma animal; pois tanto as pores superior e inferior da Alma Humana
ou Mente rejeitam semelhantes companhias, ainda que no possam
evitar ser maculadas por tais vizinhos. O Eu Superior ou Esprito to
incapaz de assimilar tais sentimentos como o a gua de se misturar
com o leo ou impurezas lquidas gordurosas. Assim, apenas a mente o
nico vnculo e meio entre o homem da terra e o Eu Superior que a
nica sofredora, e que est em constante perigo de ser tragada por
aquelas paixes, que podem ser reavivadas a qualquer momento, e
perecer no abismo da matria. E como pode ela alguma vez se afinar
com a divina harmonia do Princpio superior, quando aquela harmonia
destruda pela mera presena de tais paixes animais, dentro do
Santurio em preparao? Como pode a harmonia prevalecer e vencer
quando a alma est maculada e distrada pelo turbilho das paixes e
pelos desejos terrenos dos
- 22. sentidos do corpo, ou mesmo pelo homem Astral? Pois este
Astral o duplo sombrio (tanto no animal como no homem) no o
companheiro do Ego divino, mas do corpo terrestre. o vnculo entre o
eu pessoal, a conscincia inferior de Manas, e o Corpo, e o veculo
da vida transitria, no da vida imortal. Tal qual a sombra projetada
pelo homem, ele segue seus movimentos e impulsos servil e
mecanicamente, apoiando-se assim na matria sem jamais ascender ao
Esprito. Somente quando o poder das paixes estiver totalmente
morto, e elas tiverem sido esmagadas e aniquiladas na retorta de
uma vontade inquebrantvel; quando no apenas toda luxria e desejos
da carne estiverem mortos, mas tambm quando o reconhecimento do eu
pessoal tiver sido aniquilado, e o Astral, conseqentemente, tiver
sido reduzido a zero, que pode ocorrer a Unio com o Eu Superior.
Assim, quando o Astral refletir apenas o homem conquistado, o que
ainda vive mas que no mais deseja, a personalidade egosta, ento o
brilhante Augoeides, o EU divino, pode vibrar em harmonia
consciente com ambos os plos da Entidade humana o homem de matria
purificada, e a sempre pura Alma Espiritual e erguer-se na presena
do EU SUPERIOR72 , o Cristo dos Gnsticos msticos, congraado,
imerso, unido com ELE para sempre.73 Como, ento, poderia ser
possvel conceber que um homem entrasse pela porta estreita do
Ocultismo quando seus pensamentos, a cada dia e hora, esto presos a
coisas mundanas, desejos de posse e poder, luxria, ambio, e aos
deveres que, embora honrosos, so ainda da terra, terrenais? Mesmo o
amor pela esposa e a famlia a mais pura e mais altrusta das afeies
humanas uma barreira ao verdadeiro Ocultismo. Pois se tomarmos como
exemplo o sagrado amor de uma me por seu filho, ou o de um marido
por sua esposa, mesmo nestes sentimentos, quando analisados em
profundidade, e examinados criteriosamente, ainda h egosmo no
primeiro, e um egosme a deux74 no segundo exemplo. Que me no
sacrificaria, sem hesitar sequer um instante, centenas e milhares
de vidas pela vida do seu filho do corao? E que amante ou marido
digno deste nome no destruiria a felicidade de qualquer outro homem
ou mulher ao seu redor para satisfazer o desejo daquela a quem ele
ama? Mas isso natural, diro. Certamente, do ponto de vista das
afeies humanas; mas no luz do princpio daquele amor divino
universal. Pois, enquanto o corao estiver cheio de pensamentos
voltados para um pequeno grupo de eus, que nos so prximos e caros,
que valor ter o resto da Humanidade em nossas almas? Que
percentagem de amor e cuidado permanecer para dispensar grande rf75
? E como a ainda pequenina voz far-se- ouvida numa alma totalmente
ocupada por seus prprios inquilinos privilegiados? Que espao resta
ali onde possam as necessidades da Humanidade imprimir-se em bloco,
ou mesmo receber uma rpida resposta? E ainda assim, aquele que
poderia lucrar com a sabedoria da mente universal tem que alcan-la
atravs do todo da Humanidade sem distino de raa, cor, religio ou
posio social. o altrusmo e no o egosmo, mesmo em sua concepo mais
nobre e legal, que pode levar o indivduo a fundir o seu pequeno eu
no Eu Universal. para estas necessidades e para esta obra que o
verdadeiro discpulo do verdadeiro Ocultismo tem de se devotar se
quiser alcanar a teosofia, a Sabedoria e o Conhecimento Divinos. O
aspirante tem de escolher absolutamente entre a vida do mundo e a
vida do Ocultismo. intil e vo empenhar-se em unir os dois, pois
ningum pode servir a dois mestres e satisfazer a ambos. Ningum pode
servir ao seu corpo e Alma superior, e cumprir com suas obrigaes
familiares e deveres universais, sem privar um ou outro de seus
direitos; pois ou ele dar ouvidos ainda pequenina voz e falhar em
ouvir os apelos de seus pequeninos, ou ouvir apenas os desejos
destes e permanecer surdo voz da Humanidade. Isso seria uma luta
incessante e enlouquecedora para quase todo homem casado que
- 23. estivesse procurando o verdadeiro Ocultismo prtico, em vez
de sua filosofia terica. Pois ele encontrar-se- ia sempre hesitante
entre a voz impessoal do divino amor pela Humanidade, e a do amor
terreno, pessoal. E isso s poderia conduzi-lo a falhar em um ou
outro, ou talvez em ambas as obrigaes. Pior do que isto. Pois, quem
quer que seja indulgente, uma vez que tenha comprometido a si mesmo
com o OCULTISMO, na gratificao de luxria e amor terrenos, sentir
quase imediatamente um resultado: ser irresistivelmente arrastado
do estado impessoal divino para o plano inferior da matria. A
autogratificao sensual, ou mesmo mental, envolve a perda imediata
dos poderes de discernimento espiritual; a voz do MESTRE no pode
mais ser distinguida daquela das paixes pessoais, ou mesmo da voz
de um Dugpa; o certo do errado; a firme moralidade do mero casusmo.
O fruto do Mar Morto assume a mais gloriosa aparncia mstica, apenas
para se tornar cinzas nos lbios e fel no corao, resultando em:
Profundeza mais que profunda, treva mais que escura; A insensatez
pela sabedoria, a culpa pela inocncia; A angstia pelo xtase, e pela
esperana, o desespero. E uma vez estando enganados e tendo agido
segundo seus erros, a maioria dos homens recusa-se a reconhecer os
seus erros, e assim descem, afundando-se cada vez mais baixo na
lama. E muito embora seja a inteno que determina primariamente se a
prtica de magia branca ou negra, ainda assim os resultados, mesmo
da feitiaria involuntria e inconsciente no deixaro de produzir mau
carma. Muito j se falou para mostrar que feitiaria qualquer tipo de
influncia malfica aplicada em outras pessoas, fazendo com que
sofram ou faam outras pessoas sofrerem, por conseqncia. O carma uma
pedra pesada lanada sobre as plcidas guas da vida; e tem de
produzir crculos cada vez mais amplos, que se expandem mais e mais,
quase ad infinitum. Tais causas, uma vez produzidas, tero de gerar
efeitos, e estes evidenciam-se nas justas leis de Retribuio. Muito
disso poderia ser evitado se as pessoas apenas se abstivessem de
partir para prticas cuja natureza ou importncia elas no
compreendem. No se espera que algum carregue um fardo alm de suas
foras e capacidades. Existem magos de nascena; Msticos e Ocultistas
de nascimento, por direito de herana direta de uma srie de
encarnaes e eons de sofrimentos e fracassos. Estes so prova de
paixes, por assim dizer. Nenhum fogo de origem terrena pode
inflamar quaisquer de seus sentidos ou desejos, nenhuma voz humana
pode encontrar resposta em suas almas, exceto o grande clamor da
Humanidade. Apenas estes podem ter certeza do sucesso. Mas somente
podem ser encontrados em lugares distantes e ermos, e eles passam
pelas estreitas portas do Ocultismo porque no carregam qualquer
bagagem de sentimentos humanos transitrios consigo. Livraram-se do
sentimento da personalidade inferior, paralisaram desse modo o
animal astral , e assim a porta de ouro, conquanto estreita, se
abre ante eles. Tal no ocorre com aqueles que ainda precisam
carregar por vrias encarnaes os fardos dos pecados cometidos em
vidas prvias, e mesmo em suas vidas atuais. Para esses, a no ser
que prossigam com grande cuidado, a porta de ouro da Sabedoria pode
ser transformada na porta larga, o espaoso caminho que conduz
perdio76 , e por isso muitos so os que entram por ele. Esta a Porta
das Artes Ocultas, praticadas por motivos egostas e sem contar com
a moderadora e benfica influncia de ATMA-VIDYA. Estamos no perodo
de Kali Yuga, e sua influncia fatal mil vezes mais poderosa no
Ocidente do que no Oriente; da as presas fceis dos Poderes da Idade
das Trevas neste conflito cclico, e as muitas iluses com as quais o
mundo est agora labutando. Uma destas, a relativa facilidade com
que os homens fantasiam poder alcanar o Portal e atravessar o
umbral do Ocultismo sem qualquer grande sacrifcio. o
- 24. sonho da maioria dos tesofos, sonho inspirado pelo desejo
de poder e pelo egosmo pessoal, e no so tais sentimentos que podero
conduzi-los meta desejada. Pois, como bem enunciado por aquele que
se cr ter sacrificado a si mesmo pela Humanidade estreita a porta e
apertado o caminho que conduz vida eterna, e portanto poucos so os
que o encontram.77 To apertado na realidade, que simples meno de
algumas das dificuldades preliminares, os apavorados candidatos
ocidentais viram as costas e recuam tremendo... Que parem por aqui
e no faam mais tentativas em sua grande fraqueza. Pois, se enquanto
viram as costas porta estreita eles so arrastados por seu desejo
pelo Oculto, um passo que seja na direo da Porta espaosa e mais
convidativa daquele mistrio dourado que brilha na luz da iluso,
pior para eles! S podem ser levados aos domnios inferiores do
estado de Dugpa, e certamente logo encontrar-se-o naquela Via
Fatale do Inferno, por sobre cujos portais Dante gravou essas
palavras: Per me si va nella citt dolente Per me si va nell eterno
dolore Per me si va tra la perduta gente...78 Mais informaes sobre
Teosofia e o Caminho Espiritual podem ser obtidas escrevendo para a
Sociedade Teosfica no Brasil no seguinte endereo: SGAS, Quadra 603,
Conj. E, s/n, CEP 70.200-630 Braslia, DF. O telefone (61) 226-0662.
Tambm podem ser feitos con--tatos pelo telefax (61) 226-3703 ou e-
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