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Stilum BarrocumStilum Barrocum
Da arte à fé – Leitura espiritual da obra de
arte, Catalogação e pesquisa de aArte Sacra
O percurso da Arte Cristã O percurso da Arte Cristã
A Arte e os Anjos
O que é arte para a Igreja?O que é arte para a Igreja?
A arte em si faz parte das ciências humanas, a faculdade que estuda o homem, na sua complexidade e na sua singularidade.
Já a arte cristã tem o objetivo de levar o homem a Deus, seja pela sua simplicidade ou pela sua imponência, mas sempre na gratuidade e na espiritualidade.
A arte participa e coopera na verdade, na bondade e na beleza, estabelecendo uma relação especial entre o Criador e a criatura, o humano e o divino, o homem e Deus.
Documentos: Concilio Vaticano II, Sacrosactum Concilium, Catecismo da Igreja Católica entre outros documentos da Igreja.
O que é Arte Religiosa O que é Arte Religiosa e Arte e Arte Sacra?Sacra?
A Arte Sacra é feita para a liturgia, para o culto divino, que estimula a
vida espiritual dos fiéis, ajudando-os a participar do ritual. Uma vez que
somos convidados a participar da Ceia espiritual e da Palavra.
Já o artista que cria as esculturas de santos, os retábulos pintados, os
afrescos, os vitrais, os ornamentos das igrejas produz na verdade a Arte
Religiosa e seu trabalho deve incentivar os fiéis a entrarem em
meditação e comunhão durante o culto divino.
Porém a Arte Religiosa reflete a vida individual do artista, reflete
algumas virtudes ou valores do cristão, do homem e da mulher como o
amor, a submissão, a fé, a esperança, o temor, a beleza e a adoração.
Arte Sacra e Arte ReligiosaArte Sacra e Arte Religiosa
Dentro da igreja, capela ou oratório:
Arquitetura e bens integrados;
Vitrais, portas, pisos, mosaicos, azulejos;
Altar-mor, altares laterais, capelas e cripta;
Cúpula, absides, nave;
Afrescos, mosaicos, quadros e ícones;
Santos: terracota, madeira, mármore, bronze ou prata;
Mobiliários diversos para o culto e para decoração;
Sacras, alfaias e paramentos.
Principais períodosPrincipais períodos
Arte Antiga Mesopotamia: Suméria, Assíria, Babilônia e Persa;
Arte Egípcia;
Arte Celta (Irlanda) e dos povos Germânicos (Alemanha – pré românica - Bárbaros);
Arte Minóica (Ilha de Creta);
Arte Fenícia;
Arte Etrusca;
Arte Grega;
Arte Helenística;
Arte Romana e Arte Paleocristã (início da igreja cristã primitiva).
Arte da Europa (Cristã)Arte da Europa (Cristã)
Arte helenística (romanos) – arquitetura e cerâmica;
Arte Bizantina (cristã oriental – Constantino);
Arte Românica;
Arte da Idade Média – Gótico (Itália e França);
Arte Renascentista – Capital do Renascimento (Florença-Italia);
Arte Maneirista (Itália);
Arte Barroca e Rococó (Itália, Espanha, Alemanha e Portugal) – Arte da Contrareforma protestante;
Arte Neoclássica (Itália, Alemanha e outros);
Arte Moderna e Contemporânea.
Arte Sacra e ReligiosaArte Sacra e Religiosa
Amor sacro e Amor Amor sacro e Amor profanoprofano
IconografiaIconografia
A utilização de sistemas simbólicos está
naturalmente ligada ao dia-a-dia da Humanidade,
desde muito cedo.
Símbolos e ícones podem assumir um significado
diferente mediante o contexto do objeto ou local
em que se encontra, ou da pessoa que o vê, mas
que, habitualmente, é relativamente homogêneo.
Às vezes são arbritários ou convencionados pela
sociedade.
Mas, Mas, afinalafinal, o que é um Ícone?, o que é um Ícone?
Ícone [ˈikun(ə)] - nome masculino - Do grego eikón, «imagem», pelo
latim icŏne-, «idem»
1. Imagem pintada da Virgem, dos santos e anjos ou de cenas bíblicas, usada principalmente nas igrejas orientais católicas ou nas igrejas ortodoxas.
2. Signo que mantém com o seu referente uma relação natural de similitude.
3. Pessoa, fato ou coisa capazes de evocar e representar determinado movimento, período, atividade, etc.
4. Símbolo que, numa interface gráfica, representa uma função ou um documento que o utilizador pode selecionar.
O ícone substitui a mensagem escrita, O ícone substitui a mensagem escrita,
transmitindotransmitindo--a eficazmente por meio de a eficazmente por meio de
uma representação pictórica.uma representação pictórica.
DiferençasDiferenças
Iconografia: estudo e descrição das
imagens, quadros, bustos, pinturas antigas e
modernas.
Iconologia: estudo e interpretação de
imagens, monumentos antigos, figuras
alegóricas e seus atributos.
A Iconografia CristãA Iconografia Cristã
Derivada do Judaísmo, em que
tradicionalmente, se proíbem as
representações iconográficas de Deus, o
cristianismo é a única das três religiões
monoteístas que admitem imagens em sentido
pleno, onde tornou-se possível a ideia de
materializar a Divindade.
Isto acontece a partir da ideia de Encarnação
de Deus na figura de Jesus Cristo, revertendo
assim, a tendência iconoclasta da religião.
A Iconografia dos SantosA Iconografia dos Santos
Podemos distinguir a figura santa por
dois aspectos fundamentais:
As suas características – aspecto físico e
indumentária;
Os seus atributos – elementos de vários
tipos que se relacionam geralmente com a
sua condição, profissão, história de vida ou
de martírio.
Os anjos e a arte Os anjos e a arte
OrigemOrigem
A ideia da existência de seres que fazem a mediação entre a Divindade e as suas criaturas não é uma invenção judaica-cristã, mas floresce com os primeiros brilhos da antiguidade. A figura do anjo não tem origem no mundo religioso ocidental, mas nas religiões do Oriente Médio, onde encontra os religiosos com desenvolvimento na Pérsia, no Egito e Ásia Menor, com os povos acadianos, babilônicos e assírios.
As criaturas aladas ágeis dos gregos vêm do Oriente Próximo. O Cristianismo iconograficamente herdou toda essa sabedoria antiga e fez dela uma categoria muito complexo, que também mudou ao longo do tempo. Segundo a teologia cristã, os anjos são espíritos puros, incorpóreos e imateriais. Cada anjo é especificamente diferente.
O fato de que eles foram proferidos na Bíblia ou nomes de vários anjos testemunha, por um lado a sua pluralidade e por outro a sua individualidade. Se Deus ordenou homens em raças, tribos, nações, famílias, os mesmos parecem ter ocorrido para todas as suas criaturas mais perto. As Sagradas Escrituras mencionam nove ordens de anjos diferentes. A razão é que há de fato um diferente grau de perfeição e uma função diferente ou missão de traços individual, incluindo anjo e anjo.
Hierarquia angélicaHierarquia angélica
DE COELESTIS HIERARCHIA (Da Hierarquia Celeste):
SUPREMA COELESTIS HIERARCHIA (Suprema Hierarquia Celeste)
Serafini - Serafins;
Cherubini – Querubins;
Troni – Tronos.
MEDIA COELESTIS HIERARCHIA (Média Hierarquia Celeste):
Dominazioni – Dominações;
Virtù – Virtudes;
Potestà - Potestades.
INFIMA COELESTIS HIERARCHIA (Menor Hierarquia Celeste):
Principati – Principados;
Arcangeli - Arcanjos;
Angeli – Anjos.
A Igreja reflete sua herarquia terrestre como a aquela celeste, exercitando o mesmo poder da purificação (sacerdotes), iluminação (bispos) e perfeição (cardiais). Existindo então, uma harmonia entre a Terra e o Céu, entre a Igreja Militante e a Igreja Triunfante.
As hierarquias também são conhecidas como: Coro, Exército, Categorias angélicas e outros. A mais antiga é o Coro dos Anjos.
A tríade Superior A tríade Superior
São os Conselheiros de Deus
Os Serafins, são os mais próximos de Deus, a origem do nome vem do hebraico “saraph” – literalmente significa “queimam – bruciare, ardere”, “Aqueles que ardem”, na iconografia aparecem com as seis asas.
A descrição é dada pelo profeta Isaías:
“Ao seu redor havia serafins; cada um deles tinham seis asas: Com duas cobriam o rosto, com duas cobriam os pés e com duas voavam.” Is 6,2.
Para São Tomás de Aquino, em sua Summa Theologica escreve que os Serafins são a imagem da Caridade, por estarem próximos a Deus, possuem esta chama.
Os Querubins (o nome deriva de Kerub) estudam sobre sua origem (talvez assíria). O significado do nome é: “Efusão da ciência” e “Aqueles que pregam, que abençoam”.
Estão presentes na Bíblia:
Gn 3,24: “Caça o homem do Jardim do Eden”;
Ex 25, 18-20: “Instrui Moisés a fazer a Arca da Aliança”.
São a Inteligência Divina. São azuis, frios e com uma luz puríssima que contemplam e glorificam a Deus. Eram comandados por Lúcifer – antes da revolta.
Iconograficamente aparecem com 4 asas que diferem dos Serafins com as bordas das asas em vermelho, são azuis com amarelo/ouro, as asas cobrem os olhos e ao canto são rodeados com estrelas.
Os Tronos, são nominados por São Paulo na Carta aos Colossenses (Cl 1, 15-16).
“Ele [Cristo] é a imagem do Deus invisível, o primogênito de toda a criação: “Porque nele foram criadas todas as coisas nos céus e na terra, as visíveis e as invisíveis, sejam Tronos, Denominações, Principados e Potestades”.
Na iconografia aparecem segurando (apoiam) um trono e são conhecidos como “Os porteiros de Deus” – não possuem o apego pelas coisas terrenas.
A Tríade MedianaA Tríade Mediana
São os Governadores Celestes
As Dominações de acordo com Dionísio significam uma “elevação ilimitada para com aquilo que está acima e livre de todas as coisas terrenas”.
Sua função é a luta por excelência, ao senhorio. Eles são responsáveis pelo governo dos governantes, aconselhá-los e protegê-los, iluminando-os.
Exercem a função de “Ministros de Deus”, dominam também as outras ordens angélicas para fazer a vontade do Criador.
As Virtudes, são aqueles que apontam a coragem poderosa e energia semelhante a Deus e estabelecem a frente daqueles que estão abaixo deles para cobrirem com a virtudes.
Ajudam os heróis para levar a luta para o bem, dar o dom dos milagres. Eles seriam “anjos do zodíaco” no sentido de que governam o movimento dos corpos celestes.
Possuem a missão de remover os obstáculos e são considerados Anjos fortes e viris. A iconografia é incerta: representado com lírios ou rosas, este Coro muitas vezes é retratado no ato de ajudar almas.
As Potestades, longe de degenerar em tirania, guiam aqueles que estão abaixo deles ao Poder Supremo. Eles têm a tarefa de guardar as fronteiras do supremo Céu, porque são a maior classe e o primeiro a ser criado. São no total de 144.000.
Deles, há o anjo que lutou contra Jacó e aparece a Jesus no Getsêmani, embora de acordo com os outros o que deve ser identificado com Gabriel. Eles se opõem os demônios e espíritos do inferno.
A iconografia deles é de cor verde e recobertos com uma armadura. São anjos guerreiros por excelência.
A Tríade MenorA Tríade Menor
Os Principados, o estatuto privilegiado para abordar o Príncipe dos Príncipes e servem para guiar os outros de uma maneira principesca.
São os protetores das religiões, das cidades, das nações e dos povos. Protege os ritos e os cultos. Em termos de vida real, são a ponte entre o que é material e o que é espiritual, filosoficamente são uma ponte entre a essência e a manifestação.
Na iconografia são descritos como soldados e guerreiros armados com espadas, muitas vezes sentado no trono, às vezes vestidos com vestes diaconais e mantêm um lírio florescido na mão.
Os Arcanjos, são os líderes dos mensageiros e são os únicos que sabem os nomes e as informações.
São eles os católicos: Miguel (Quem como Deus, usa a lança que luta contra o demônio), Rafael (A cura de Deus) e Gabriel (Poder de Deus).
Para o oriente Gabriel (poder civil), Rafael (poder religioso) e Miguel (poder militar). Outros Arcanjos: Uriel (Fogo de Deus), Salatiel (Intercessor de Deus), Jegudiel (Glorificador de Deus), Baraquiel (Benção de Deus) e Jeremiel (Exaltação de Deus).
Os anjos são aqueles que estão mais próximos à Terra e são os últimos da hierarquia. O nome deriva do grego angelos (anunciadores) e traduzindo do hebraico malach.
Anjos guardam a entidades individuais: os humanos, os animais, os vegetais, os minerais. Executam a vontade divina e guardam os homens durante a sua vida terrestre.
São os anunciadores como o Arcanjo Gabriel (Anunciou à Maria), os musicistas que cantam e soam a harmonia celeste.
Sanctus ! Sanctus ! Sanctus !
O mais conhecido é o Anjo da Guarda, por estar próximo dos humanos e segundo a tradição cada ser humano tem um ao nascer e este tem a missão de protegê-lo do mal até onde a ordem divina o permita, fortalecendo corpo e alma e inspirando-a à prática das boas ações.
Outro é o Anjo do Senhor que aparece muitas vezes nas passagens bíblicas. E para alguns santos houve muita ajuda do Anjo Custódio, ou seja, o anjo que ajuda a pessoa no caminho semelhante ao Anjo da Guarda.
CuriosidadesCuriosidades
O filme “Cidade dos anjos” de 1998, com Nicolas Cage e Meg Rian. Paradoxo devido a um anjo que se apaixona pela sua protegida e quando torna-se humano ela morre. O ponto crucial é analisar o “Livre Arbítrio” e a cor das vestimentas dos anjos. Nada convencional.
Os anjos barrocos, são crianças sem asas, bochechudos, gordinhos, alegres, andam em grupo e estão por toda a Igreja.
Alguns geralmente carregam os símbolos da Paixão de Cristo, os anjos adultos e outros ajudam os santos com seus êxtases como Santa Teresa D´Avila (santa espanhola), Santa Francesca Romana, São Mateus.
Anunciação da Virgem Maria, Igreja da Santíssima Virgem Maria, Florença.
Milagre ou Lenda
ReferênciasReferências Material produzido para a aula de Método de
Iconográfico Cristão – Profª Barbara Aniello
(Gregoriana – Roma).
Material produzido pelo Pe. Helcimar Sardinha
(Niterói – RJ).
Spadacini I. e Stanzione M., Gli Angeli e l’Arte, Tau
editrice, Todi, 2010. tradução (Os Anjos e a arte).
Angeli, volti dell’Invisibile, a cura di Geretti A. e Castri S.,
Allemandi, Torino, 2010. tradução (Anjos, vultos dos
invisíveis).
AgradecimentoAgradecimento
Agradeço a todos que estão aqui por permitirem que eu partilhasse um pouco daquilo que tanto me inspirou a buscar um maior aprofundamento: A arte religiosa e a espiritualidade da obra de arte.
Fernandes Elias Junior
Estudante de História e Bens
Culturais da Igreja, na Pontifícia
Universidade Gregoriana, Roma.
Contato:
fernandespjcom@gmail.com