Post on 04-Mar-2020
O PAPEL DOS ASTRÔNOMOS NA EDUCAÇÃO EM ASTRONOMIA
Rodolfo Langhi rodolfo.langhi@unesp.br
sites.google.com/site/proflanghi
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Questões: • Como descreveríamos o trabalho de um
Astrônomo Profissional?
• Como descreveríamos o trabalho de um Astrônomo Amador?
• Qual é o papel de cada um em relação à Educação em Astronomia?
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IAU International Astronomical Union
União Astronômica Internacional (1922)
Objetivo: Promover o desenvolvimento mundial
da Astronomia através de cooperação internacional
Composição: astrônomos profissionais de
vários países
Reputação: é considerado o órgão máximo em
Astronomia de todo o planeta (e do Sistema Solar?) 3
Finalidade: desenvolver, aperfeiçoar, e
disseminar informações concernentes à educação em Astronomia em todos os níveis do mundo mediante vários projetos
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Em uma das reuniões da IAU (1967), na Tchecoslováquia, a Comissão 46 decidiu preparar uma lista de todos materiais disponíveis voltados para a educação em Astronomia.
Em 1970, surgiu a primeira publicação intitulada:
Astronomy Educational Material
O Brasil surge, pela primeira vez, nesta publicação, no período 1985-1988, com dez trabalhos (GERBALDI, 1990)
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Julho de 1988
EUA – durante reunião da IAU
162 astrônomos de 31 países
Objetivo: discutir o tópico específico da
Educação em Astronomia (PASACHOFF e PERCY, 1990)
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Temas de interesse: (FRAKNOI, 2007)
• Panorama da pesquisa sobre educação em Astronomia;
• Estudos pilotos sobre aplicações de diferentes metodologias e técnicas de ensino de Astronomia na sala de aula;
• Envolvimento de instituições públicas no ensino de Astronomia no currículo escolar, tais como a NASA;
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Temas de interesse: (FRAKNOI, 2007)
• Demonstrações, exercícios de laboratório e atividades de observação do céu real a olho nu e por telescópios, e do céu virtual em planetários;
• Ensino on-line de Astronomia e observações remotas por internet;
• Considerações sobre o uso da interdisciplinaridade da Astronomia nas aulas (arte, música, arqueoastronomia, teatro);
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Temas de interesse: (FRAKNOI, 2007)
• Relações e aproximações entre as pseudociências e a Astronomia;
• Pesquisas sobre ensino e aprendizagem em Astronomia;
• Análise dos conteúdos de Astronomia nos livros-texto, e seleção dos conteúdos mais significativos;
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Temas de interesse: (FRAKNOI, 2007)
• Publicações que apresentam resultados de pesquisas sobre Educação em Astronomia;
• Discussões sobre cursos de Astronomia para professores;
• A importância dos observatórios e planetários para a educação em Astronomia.
IAU Comissão 46 (Ensino de Astronomia)
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Além das ações da IAU, outros exemplos internacionais:
Parcerias entre associações científicas, sociedades, grupos de pesquisa de
universidades, astrônomos profissionais, astrônomos amadores, associações e
clubes de Astronomia 11
Ações em equipe exerceram profundas influências para reformas curriculares, inserindo Astronomia nas escolas:
• Alemanha • Estados Unidos da América • Japão • Bulgária • México • Itália • Polônia
(PASACHOFF e PERCY, 1990) 12
Astrônomos Amadores “Ponte” entre os astrônomos profissionais e o público
Astronomia: ciência com a particularidade
distintiva de permitir espaço para amadores sérios contribuírem com suas pesquisas juntamente com astrônomos profissionais
(DYSON, 1992)
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Clubes e associações de astronomia amadora no Brasil empenham-se em criar e desenvolver o
interesse pela Astronomia e ciências afins
(DAMINELI, 2008)
Valiosa contribuição local para a motivação, popularização e o ensino da Astronomia, suprimindo
carências específicas nesta área, mesmo que realizado muitas vezes de modo pontual e isolado
(TREVISAN, 2004; BRANDÃO, 2006) 14
• São eles os que, na maioria das ocasiões, representam um elo entre a população e o conhecimento científico, notadamente quando atuam como ‘pontes’ no sentido da divulgação da Astronomia durante fenômenos celestes de interesse.
• Apesar de não possuírem formação institucionalizada na área, seu conhecimento, na maioria das vezes, supera a dos professores que precisam trabalhar tais temas em suas aulas.
• Problemática da formação inicial de professores em relação aos conteúdos de Astronomia e a escassez de divulgação pública desta ciência.
(LANGHI e NARDI, 2012) 15
Clubes de Astronomia: (astrônomos amadores)
Observatórios: 193 Total: 1.314 Planetários: 179 INATIVAS: 313 Associações: 571 Projetos: 112 ATIVAS: 781 (= total – inativas – extintas)
Outros: 39 EXTINTAS: 220
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Autores: Saulo Machado, Cláudio Azevedo, Vinícius dos Santos (2018) GaeA – Grupo de Apoio em Eventos Astronômicos
Clubes de Astronomia: (astrônomos amadores)
Promovem atividades nesta área que, se não fosse por eles, os profissionais
dificilmente se envolveriam com isso
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• Divulgar a Astronomia por informar à população sobre a aproximação de cometas ou outros fenômenos especiais astronômicos fazendo uso da mídia, tal como o jornal local e a televisão;
• Fotografar corpos celestes;
• Organizar exposições, leituras coletivas e cursos especiais;
• Publicação de boletins, livros, mapas estelares e revistas com informações astronômicas.
(IWANISZEWSKA, 1990) 18
Uma ação exemplar:
IYA 2009 Ano Internacional da Astronomia
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A resolução 62/200 da 62ª Assembleia
Geral da ONU, que declarou 2009 como
o Ano Internacional da Astronomia
(IYA2009), gerou apoio financeiro a
partir de órgãos públicos para projetos
de divulgação científica na área de
Astronomia e ciências afins, visando
estimular a popularização da ciência e
tecnologia e de promover a melhoria da
educação científica no País
(por exemplo, o edital MCT/SECIS/CNPq Nº 63/2008)
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Rede Mundial IYA 2009
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Rede Mundial IYA 2009
(NAPOLEÃO, 2011)
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Exemplos de ações nacionais recentes:
• OBA – Olimpíada Brasileira de Astronomia e Astronáutica
• Projeto Eratóstenes Brasil – escolas do mundo
medem o raio da Terra (COMED/SAB)
Ações anteriores: SNCT (BOPOC), Revista Astronomy Brasil
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Exemplos de ações nacionais recentes:
A OBA tem mobilizado professores e alunos do Brasil a buscar fontes de
informações acerca de conteúdos de Astronomia e práticas de ensino
sobre o tema, embora haja campo para estudos e discussões no
âmbito da Educação. 31
Exemplos de ações nacionais recentes:
O Projeto Eratóstenes visa resgatar didaticamente o procedimento histórico do bibliotecário de Alexandria
há quase 2.300 anos atrás, ao medir o raio da Terra usando a sombra de uma haste vertical.
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Exemplos de ações nacionais recentes: Alunos e professores do Brasil e do mundo (+15 países)
envolvem-se em atividades de socialização e motivação ao aprendizado da Ciência, através da utilização das TIC.
http://sites.google.com/site/projetoerato
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Eventos específicos de âmbito nacional:
ENAST – Encontro Nacional de Astronomia (predominantemente amadores)
ABP – Associação Brasileira de Planetários (popularização)
EBEA – Encontro Brasileiro de Ensino de Astronomia (descontinuado desde 2004)
SNEA - Simpósio Nacional de Educação em Astronomia (desde 2011)
SAB – Sociedade Astronômica Brasileira (predominantemente profissionais)
Comissão de Ensino e Divulgação (COMED/SAB)
EREA – Encontro Regional de Ensino de Astronomia – OBA (desde 2009)
… e os eventos relacionados: ENPEC, EPEF, SNEF, ENDIPE, SBPC
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Publicações específicas:
• RELEA (desde 2004): artigos completos Revista Latino Americana de Educação em Astronomia
• Boletim SAB (desde 1974): resumos
... e publicações ocasionais sobre ensino de Astronomia em outras revistas científicas da área de ensino de Ciências e Física: CBEF, RBEF, C&E, RBPEC, Investigações etc 35
Produção acadêmica: Pesquisas em Ed. Astr. (Pós)
165 teses e dissertações de 1973 a 2017:
• 142 dissertações de mestrado
• 23 teses de doutorado
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Fonte: Banco de Teses e Dissertações sobre Educação em Astronomia www.btdea.ufscar.br/
Período D T
1971-1975 0 1
1976-1980 0 0
1981-1985 0 0
1986-1990 2 0
1991-1995 0 0
1996-2000 9 2
2001-2005 16 0
2006-2010 48 7
2011-2015 49 6
2016-2017 18 7
Total 142 23
Considerações
Apesar de o ano de 2009 parecer ter sido um ponto de partida muito motivador para futuras ações de ensino e divulgação da Astronomia
no Brasil, os anos que se seguiram não foram tão animadores, de modo que o calor inicial da discussão aos poucos foi diminuindo.
Atualmente, continuamos com ações pontuais e localizadas, com uma ou outra atividade que abranja o
território nacional como um todo. 37
Considerações Desde 2009 não houve nenhuma tentativa bem sucedida de reunir astrônomos profissionais, astrônomos amadores e os profissionais
de ensino, como era inicialmente a intenção do Ano Internacional da Astronomia.
A produção sobre Educação em Astronomia continua carente.
Assim, nossa área continua com a mesma problemática a ser enfrentada e discutida: mudar o cenário educacional do país com
relação ao ensino e divulgação da Astronomia. 38
Referências
BRANDÃO, H. Censo astronômico 2005. Revista Macrocosmo, ano IV, ed. 37, p.2-6, dez. 2006.
DAMINELI, A. Curso de graduação em astronomia no IAG/USP. Supernovas - Boletim Brasileiro de Astronomia, São Paulo, n.467, 26 jun. 2008. Disponível em: <http://www.boletimsupernovas.com.br/>. Acesso em 30 jun 2008.
DYSON, F. De eros a gaia. São Paulo: Best Seller, 1992.
FRAKNOI, A. (ed.) Cosmos in the Classroom 2007: Papers and Handouts from a Hands-on Symposium on Teaching Introductory Astronomy. California, EUA: ASP, 2007.
GARCIA, C. M. Formação de professores: para uma mudança educativa. Portugal: Porto Editora, 1999.
GERBALDI, M. IAU commission 46: astronomy educational material. In: PASACHOFF, J.; PERCY, J. (org). The teaching of astronomy. Cambridge: U. Press, 1990.
GOUGUENHEIM, L.; McNALLY, D.; PERCY, J. R. (eds.) New Trends in Astronomy Teaching. Proceedings of IAU Colloquium 162 (London), Cambridge University Press, 1998.
IAU – INTERNATIONAL ASTRONOMICAL UNION. Homepage da União Astronômica Internacional, 2007. Disponível em: <http://iau46.obspm.fr/spip.php?article53>. Acesso em: 20 abr 2016.
IWANISZEWSKA, C. The contribution of amateur astronomers to astronomy education. In: PASACHOFF, J.; PERCY, J. (org). The teaching of astronomy. Cambridge: U. Press, 1990.
LANGHI, R.; NARDI, R. Astronomia nos anos iniciais do ensino fundamental: repensando a formação de professores. São Paulo: Escrituras, 2012.
NAPOLEÃO, T. O ano internacional da astronomia no Brasil e no mundo. Encontro Regional de Ensino de Astronomia, 10. Atas... UFMS: Campo Grande, 2011.
PASACHOFF, J.; PERCY, J. Preface. In: PASACHOFF, J.; PERCY, J. (org). The teaching of astronomy. Cambridge: U. Press, 1990.
PERCY, J. R. (ed.) Astronomy Education: Current Developments, Future Coordination. Astronomical Society of the Pacific Conference Series, vol. 89, 1996.
TREVISAN, E. J. A importância da astronomia amadora e o trabalho da REA no Brasil. Revista CIÊNCIAONLINE, ano 03, n.9, fev. 2004. Disponível em: <http://www.cienciaonline.com.br>. Acesso em: 03 mar 2005.
sites.google.com/site/proflanghi 39