O mercado do livro digital no Brasil

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Seminário apresentado na Primavera dos Livros do Rio de Janeiro, em 22 de outubro de 2010, que aborda o status atual do mercado do livro digital no Brasil em contraste com o que está se desenvolvendo no resto do mundo.

Transcript of O mercado do livro digital no Brasil

O mercado do livro digital no Brasilpor Carlo Carrenho

Primavera dos Livros, Rio de Janeiro, 22/10/2010

I. Em terras tupiniquins

II. Enquanto isso, lá foraIII. Os três mosqueteiros

IV. Um modelo que fala francêsV. Autoedite-se a si próprioVI. Imbróglios e quiprocós

VII. E agora, José?

As livrarias digitais brasileiras

Saraiva• Lançada em 06/2010• Catálogo de 2.000 títulos em português• Aplicativos para desktop, iPhone e iPad (50

mil downloads em um mês)• 150 mil downloads em 4 meses• Comercializa o Alfa Positivo• DRM

Gato Sabido• Primeira eBookstore brasileira, fundada em

12/2009• Catálogo de 1.900 títulos em português• E-reader próprio• DRM

Cultura• Lançada em 03/2010• Catálogo de 1.000 títulos em português• Comercializa o Alfa Positivo• DRM

Simplíssimo• Lançada em 07/2010• Catálogo de 200 títulos• Sem DRM para autores independentes• Opção de DRM para editoras

Ponto Frio• Lançada em 09/2010• Catálogo de 100 títulos• Opção de DRM para editoras

As livrarias digitais brasileiras

Saraiva Gato Sabido Cultura Simplíssimo Ponto Frio0

500

1000

1500

2000

2500

Quantidade de Títulos em Português

As distribuidoras digitais brasileiras

DLD• Consórcio de grandes editoras (Rocco,

Record, Sextante, Planeta e Objetiva)• Pretende ter um catálogo de 500 títulos até o

fim do ano e crescê-lo na velocidade 300 títulos por mês

• Vão distribuir outras editoras• Início de operação

Xeriph• Criada pelos controladores da Gato Sabido• Permitirá a distribuição em moldes

convencionais• Operará também como prestador de serviços• Tecnicamente operacional, mas possui

distribuição limitada no momento

Singular• Braço digital do grupo Ediouro• Proposta é ser um hub digital para

distribuição de conteúdo no formato de POD e ePub.

• Vão distribuir outras editoras• Operação mais adiantada, mas ainda longe da

plena capacidade• Inúmeras parcerias internacionais:

ColorCentric, Smashwords, Digipedia, Ingram etc.

Os e-readers no mercado brasileiro

iPad: R$ 1.600

Kindle: R$ 550

Positivo alfa: R$ 699

Cooler: R$ 599

iRiver: R$ 1.099

Os e-readers no mercado brasileiro

iPad iRiver Positivo Alfa Cooler KindleR$ 0

R$ 200

R$ 400

R$ 600

R$ 800

R$ 1,000

R$ 1,200

R$ 1,400

R$ 1,600

R$ 1,800

Preço dos e-Readers em Reais

Conclusões sobre o mercado brasileiro

“No modelo físico, temos muito livro para pouca prateleira.No digital, temos muita prateleira para pouco livro.”

Carlos Eduardo Ernanny (Gato Sabido)

Catálogo ínfimo: 5.000 títulos com sobreposição de catálogos

Distribuição ainda não estabelecida

E-readers caros para a realidade nacional

A corrida por conteúdo já começou, mas todos ainda estão na linha de partida

II. Enquanto isso, lá fora

I. Em terras tupiniquinsIII. Os três mosqueteiros

IV. Um modelo que fala francêsV. Autoedite-se a si próprioVI. Imbróglios e quiprocós

VII. E agora, José?

Dizem por aí...

“Um diretor comercial de uma grande editora americana afirmou que suas vendas de e-books já respondem por 11% do faturamento, e foram apenas 3% no ano passado. Ele espera que no ano que

vem, nesta época, elas cheguem a 22%. E ele estava falando em valores; em exemplares, a participação será maior que isso."

Mike Shatzkin, consultor, (out/10)

"Estamos com 8% de vendas digitais nos EUA atualmente. O crescimento foi muito rápido. Posso imaginar que vamos passar dos 10% no ano que vem. A participação dos e-book provavelmente será algo entre

25 e 50% em cinco anos."Markus Dohle, presidente da Random House (jul/10)

"Os livros digitais responderam por 4,5% das vendas em 2009 e prevê-se que alcancem 8% em 2010".Carolyn Reidy, presidente da Simon & Schuster (out/10)

"Os clientes da Amazon.com agora compram mais e-books para o Kindle que livros em capa dura – isto é incrível se você considerar que vendemos livros em capa dura há 15 anos e e-books há apenas 33

meses. E a taxa de crescimento das vendas de Kindles triplicou depois que baixamos o preço de US$ 259 para US$ 189."

Jeff Bezos, presidente da Amazon (jul/10)

O crescimento das vendas de e-books nos EUA

Fonte: The International Digital Publishing Forum (www.idpf.org)

O crescimento das vendas de e-books nos EUA

Fonte: The International Digital Publishing Forum (www.idpf.org)

A participação das vendas de e-books nos EUA

Fonte: Association of American Publishers

2002 2003 2004 2005 2006 2007 2008 2009 2010*0%1%2%3%4%5%6%7%8%9%

10%

Participação sobre o total de vendas de livros trade

*jan a ago

Projeção de faturamento de ebooks nos EUA

Fonte: The Yankee Group com projeções da indústria

2010 2011 2012 2013 20140

500,000

1,000,000

1,500,000

2,000,000

2,500,000

3,000,000

3,500,000

4,000,000

4,500,000

180,190 402,058

1,120,284

2,309,798

4,210,875

Milh

ares

de

US$

Previsão de vendas de e-reader devices nos EUA

2007 2008 2009 2010 2011 2012 2013 20140

20,000

40,000

60,000

80,000

100,000

E-readers acumulados Novos e-readers

Milh

ares

de

e-re

ader

s

Fonte: The Harris Poll® #108, September 22, 2010, por Regina A. Corso, para os anos de 2009 a 2013. Demais anos são projeções.

O usuário de e-reader nos EUA

Fonte: The Harris Poll ® #108, September 22, 2010, por Regina A. Corso

Número de livros Usuários de e-reader (8%) Não-usuários (92%)

0 1 % 10 %

1 – 2 3 % 15 %

3 – 5 16 % 21 %

6 – 10 19 % 16%

11 – 20 36 % 19%

21 + 26 % 19%

Livros lidos por ano

O usuário de e-reader nos EUA

Fonte: The Harris Poll ® #108, September 22, 2010, por Regina A. Corso

Número de livros Usuários de e-reader (8%) Não-usuários (92%)

0 8 % 22 %

1 – 2 8 % 18 %

3 – 5 18 % 22 %

6 – 10 30 % 16%

11 – 20 17 % 11%

21 + 20 % 11%

Livros comprados por ano

O usuário de e-reader nos EUA

Fonte: The Harris Poll ® #108, September 22, 2010, por Regina A. Corso

Nos últimos 6 meses... Usuários de e-reader (8%) Não-usuários (92%)

Lêem a mesma quantidade 25 % 51 %

Lêem menos que antes 18 % 23 %

Lêem mais que antes 53 % 18 %

Compram mais livros mas não os lêem tão imediatamente como antes

4 % 4%

Não sabem 0 4%

Mudanças no hábito de leitura

III. Os Três Mosqueteiros

I. Em terras tupiniquinsII. Enquanto isso, lá fora

IV. Um modelo que fala francêsV. Autoedite-se a si próprioVI. Imbróglios e quiprocós

VII. E agora, José?

Amazon

Modelo de distribuição com descontos entre 30 e 60%

O varejista determina o preço

Pontos fortes: Maior varejista online com 75% de market share em livros físicos e 65% em e-books Interação entre o Kindle e a plataforma Plataforma de self-publishing Compromisso de longo prazo para fazer os e-books acontecerem

Pontos fracos: Produção e design dos e-readers Plataforma Mobi bloqueada Não pode manter o market share atual Limitações do e-reader com e-ink

Análise baseada no seminário “Understanding Digital Rights in a Digital Selling World”, apresentado por Evan Schnittman na Feira de Frankfurt de 2010.

Apple

Modelo de agência com 30%

O editor determina o preço

Pontos fortes: Hardware e software Design e interação com o usuário Prioridade é vender hardware e software; margem no conteúdo é secundária Outras plataformas coexistem no hardware

Pontos fracos: Novata no mercado editorial Seleção limitada Tela reflexiva gera uma leitura mais cansativa que os e-readers com e-ink

Análise baseada no seminário “Understanding Digital Rights in a Digital Selling World”, apresentado por Evan Schnittman na Feira de Frankfurt de 2010.

Google

Modelo de distribuição / varejo com desconto de 37% e comissão de 10%

Nos EUA pelo menos, também aceitará o modelo de agência

Pontos fortes: Browser é plataforma Multiplataforma, acesso online e offline Catálogo gigantesco 100% na nuvem A busca é o grande negócio, não a margem na comercialização de conteúdo

Pontos fracos: Atraso de lançamento Limitações do browser como plataforma Não prevê plataforma de self-publishing e de impressão por demanda

Análise baseada no seminário “Understanding Digital Rights in a Digital Selling World”, apresentado por Evan Schnittman na Feira de Frankfurt de 2010.

Kobo

Modelo de distribuição e de agência

Empresa canadense, com participação acionária da Borders e Índigo

Pontos fortes: É uma empresa de livreiros tradicionais Canadense, corre por fora Pensa globalmente Multiplataforma

Pontos fracos: Não é uma megaempresa Marca pouco conhecida internacionalmente

IV. Um modelo que fala francês

I. Em terras tupiniquinsII. Enquanto isso, lá fora III. Os três mosqueteiros

V. Autoedite-se a si próprioVI. Imbróglios e quiprocós

VII. E agora, José?

Chemins de tr@verse: um modelo 100% digital

Chemins de tr@verse: um modelo 100% digital

Editora 100% digital, mas não é self-publishing

Utiliza a comunidade de editores, chefes de coleção e autores

A remuneração dos profissionais é variável, em royaties: Autor: 40% Coordenador da coleção: 10% Editor: 5% Comitê editorial: 3%

Possui a própria loja, a Bouquineo.fr, sem DRM

Seu modelo viabiliza a publicação de livros que seria impossível em papel com a participação de editores e profissionais gabaritados

Chemins de tr@verse: um modelo 100% digital

A Chemins de Tra@verse explica sua própria diferenciação:

Atingimos um público imenso graças à internet

Nossos autores e, de forma geral, os membros da cadeia editorial são melhor remunerados por royalties

Não consumimos uma grama de papel

Nossos livros são mais baratos

Oferecemos aos leitores a possibilidade de promover os livros que gostam

Nossos livros são vendidos primariamente na forma digital, ainda que parceiros permitam impressão por demanda

V. Autoedite-se a si próprio

I. Em terras tupiniquinsII. Enquanto isso, lá fora III. Os três mosqueteiros

IV. Um modelo que fala francêsVI. Imbróglios e quiprocós

VII. E agora, José?

Self-publishing: o modelo SmashWords

Self-publishing: o modelo SmashWords

Plataforma de publicação e distribuição de e-books

Rápida, gratuita e fácil

Direcionada a autores independentes e a editores que querem publicar instantaneamente em múltiplos formatos

Self-publishing: o modelo SmashWords

UPLOADAutor / editor faz o upload de um arquivo de Microsoft Word devidamente formatado

CONVERSÃOA Smashwords converte automaticamente para 9 formatos de e-books

PUBLICAÇÃOPronta para venda online imediata

DISTRIBUIÇÃODistribuição para os principais varejistas (Apple, Barnes & Noble, Sony, outros)

PAGAMENTOAutores / editores recebem 85% do líquido

Self-publishing: o modelo SmashWords

2008 2009 2010 (set)0

5000

10000

15000

20000

25000

Livros independentes publicados na Smashwords

140

20.000

6.000

VI. Imbróglios e quiprocós

I. Em terras tupiniquinsII. Enquanto isso, lá fora III. Os três mosqueteiros

IV. Um modelo que fala francêsV. Autoedite-se a si mesmo

VII. E agora, José?

Direitos autorais

Qual a porcentagem para o autor?

Qual a porcentagem para a editora estrangeira?

A territorialidade acabou?

Revisão dos contratos

Andrew Wylie x Random House (jul/10)

Questões comerciais

Qual modelo será adotado?

Qual o desconto ou comissão?

A distribuição será um serviço ou um elo comercial?

Macmillan x Amazon (jan/10)

Digital rights management (DRM)

Protege contra pirataria, mas prejudica o leitor honesto

ao criar dificuldades

Nunca funcionou para a música

Editor tem de escolher entre o risco da pirataria,

desagradar o consumidor e o modelo monopolista de

grandes varejistas

VII. E agora, José?

I. Em terras tupiniquinsII. Enquanto isso, lá fora III. Os três mosqueteiros

IV. Um modelo que fala francêsV. Autoedite-se a si mesmo

VI. Imbróglios e quiprocós

Kobo: 7 coisas que os editores precisam lembrar

1. Os e-books são o futuro

2. E-books têm de ser mais baratos que livros físicos

3. E-books têm de ser lançados juntos com os livros físicos

4. Os preços dos livros devem ser determinados pelo editor ou autor

5. As livrarias virtuais devem ser capazes de gerar vendas e agradar o

consumidor

6. Há outros preços além do US$ 9,99

7. Um e-book com proteção tem menos valorFonte: http://blog.kobobooks.com

Carrenho: 7 coisas que os editores têm de fazer

1. Começar o mais rápido possível

2. Não se amarrar em contratos com exclusividade ou muito longos

3. Renegociar descontos comerciais

4. Pensar para frente, focar lançamentos não o catálogo

5. Focar na essência editorial: descobrir, lapidar e promover conteúdo

6. Buscar um modelo de negócio para aproveitar a oportunidade e não

para se defender do inevitável

7. Comprar um e-reader

Obrigado!

Carlo CarrenhoFundador e presidente do PublishNews

(www.publishnews.com.br)

E-mail: carlocarrenho @ publishnews.com.br

Linkedin: http://br.linkedin.com/in/carrenho

Twitter: @carrenho

Está apresentação está disponível em:http://www.slideshare.net/carrenho