O LIVRO DAS - Yola · Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de São Paulo. É uma das mais conhecidas...

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O HOMEM E ACOMUNICAÇÃO

O LIVRO DASLETRAS

RUTH ROCHAOTÁVIO ROTH

CRIAÇÃO E PROJETO GRÁFICO

OTÁVIO ROTH

ILUSTRAÇÕESRAQUEL COELHO

1992 – Prêmio Jabuti – Melhor Obra emColeção,

Melhor Produção Editorial1993 – Prêmio Monteiro Lobato para

Literatura Infantil,Academia Brasileira de Letras

A invenção do alfabeto foi uma dasmaiores conquistas do homem em todosos tempos.

A importância dessa invençãoconsistiu em representar todos os sonsde uma língua com apenas 22 letras.

O alfabeto que conhecemos hoje ecom o qual escrevemos nossa língua

teve origem há três mil anos.Os responsáveis por isso foram os

fenícios.

Os povos vizinhos copiaram essaideia.

Mas cada povo tinha uma línguadiferente. Então, cada um inventou novasletras para os sons que não existiam nalíngua dos fenícios. E abandonou asletras que não serviam para ele.

Nosso alfabeto, que é chamado dealfabeto romano, foi o resultado dessasmodificações.

Como essa história é muito antiga,até hoje não conhecemos exatamentetodos os passos da sua evolução.

O alfabeto fenício foi adotado pelosgregos por volta do ano 400 antes deCristo e sofreu, naturalmente, numerosasmodificações.

Os romanos herdaram dos gregos asletras que deram origem ao seu alfabeto.Essas letras, por sua vez, também foram

modificadas até chegar à forma atual.

Algumas das nossas letras são muitosemelhantes às letras fenícias que lhesderam origem. Só que várias delassurgiram em posições diferentes das quetêm hoje, parecendo para nós muitoestranhas.

O A, por exemplo, nasceu,literalmente, de cabeça para baixo.

Isso porque o A foi inspirado naforma da cabeça de um boi.

Os fenícios chamavam o boi dealeph, e este era o nome do A emfenício.

O B e o E também nasceramolhando para o lado oposto ao queolham hoje.

Isso aconteceu porque houve umaépoca em que os gregos escreviam comofazem os arados no campo: uma linha daesquerda para a direita, a outra linha dadireita para a esquerda.

Muitas letras fenícias, por isso,inverteram sua posição quandopassaram para o grego.

Outras letras surgiram pararepresentar sons que não existiam nafala dos fenícios.

Os gregos inventaram, por exemplo,

o (psi), com o som de PSI.Inventaram o (ômega), com o

som de O longo.

Inventaram o (csi), com o somde CSI, que originou a letra X.

E inventaram ainda o (ípsilon),que originou mais tarde, entre osromanos, a letra Y.

A letra (zain) foi retomada pelosromanos, para representar um som quenão existia entre os gregos.

O C, o K e o Q representampraticamente o mesmo som na maioriadas línguas.

Mas o C era usado pelos romanospara representar dois sons diferentes: osom de C e o som de G.

Com o tempo, o som de G ganhourepresentação própria, dando origem a

uma nova letra.Foi o mesmo caso da letra I, que

representava o som de I e o som de J.Somente no século XVI é que o J ganhoua forma que tem hoje.

A mesma coisa aconteceu com o U,que, na Idade Média, passou arepresentar um dos sons da letra V. O V,por sua vez, também originou a letra W,mais ou menos na mesma época.

O F é uma letra que já teve umaporção de formas e representou umaporção de sons.

Começou com a forma de umacobra, no Egito. Depois evoluiu e ficouparecido com um prego.

Só muito depois é que tomou aforma que tem hoje.

Ainda hoje o F serve pararepresentar o som do V em alemão.

Já serviu para representar o som deW, até que finalmente tomou o som do Fatual.

Praticamente todas as letras foraminspiradas em coisas que existiam, eseus nomes eram, entre os fenícios, onome do objeto que representavam.

D = daleth = portaP = peh = bocaR = rosh = cabeçaH = cheth = cerca

N = nun = peixeS = samech = suporteT = tet = fardo

Quem inventou o alfabeto e deunome às letras foram os fenícios.

Mas várias dessas letras sedesenvolveram a partir dos hieróglifosegípcios.

Por exemplo, o M era arepresentação da coruja, na sua origem.Com a simplificação da escrita egípcia,

a forma da letra foi se distanciando daforma da coruja.

Quando os fenícios assumiram al e t r a M com a forma de ,identificaram essa forma com uma onda.Batizaram então essa letra de mem, quequer dizer “água”.

Com a letra L aconteceu uma coisaparecida.

O hieróglifo egípcio (leão)foi se transformando em traços maissimples.

Os fenícios viram nesse símbolo arepresentação de um chicote e deram a

ela o nome de lameth, que quer dizer“chicote”.

Por outro lado, algumas letras semantiveram inalteradas através dostempos.

O O, por exemplo, desde aAntiguidade tem a forma de um olho.

E o K, do mesmo modo, tevesempre uma forma aproximada daslinhas da palma da mão, que em fenício

antigo era chamada de kaph.

É curioso lembrar que os fenícios,que inventaram o alfabeto, nãoinventaram formas para representar osom das vogais.

Aliás, ainda hoje, em hebraico eárabe, línguas que se originaramdiretamente do fenício, é comum

escrever sem a marcação das vogais.Quem inventou a grafia e o uso das

vogais foram os gregos, usando letrascomo o A e o E, que funcionavamanteriormente como consoantes.

As letras são importantes não sópara escrever e ler, mas até para amatemática. Os romanos usavam letrasem lugar de números. Os matemáticos efísicos usam até hoje as letras para suasnotações algébricas ou geométricas. Eos químicos usam as letras para

identificar os diversos elementos.Usam-se letras como enfeite no

início dos capítulos dos livros. E usam-se letras para identificar anéis, lenços ecamisas.

Desde a Antiguidade já se usavamas letras para a criação de problemas depalavras cruzadas. E até hoje brincamosde “forca”, que é uma brincadeira comletras.

Existe ainda um uso mágico dasletras. Os numerologistas, atribuindo umvalor numérico a elas, tentam decifrar osmistérios da personalidade humana e dofuturo.

De toda forma, as letras são umaevidência da criatividade e da

engenhosidade humanas, e sem elas odestino do homem sobre a Terra seriacertamente diferente.

Ruth Rocha nasceu em 1931 na cidade de SãoPaulo. É uma das mais conhecidas escritorasbrasileiras de livros infantis e juvenis. Ganhouos mais importantes prêmios brasileirosdestinados à literatura infantil: FNLIJ, PrêmioJabuti, APCA e ABL, entre outros. Atualmenteé membro do Conselho Curador da FundaçãoPadre Anchieta. Casada com Eduardo Rocha,tem uma filha, Mariana, e dois netos, Miguel ePedro.

Otávio Roth (1952-1993). Paulistareconhecido mundialmente por sua obra empapel artesanal e eventos de arte participativa.Formou-se em Londres pelo Hornsey Collegeof Art. Morou e trabalhou em Israel, Noruega eEstados Unidos. Também recebeu váriosprêmios de literatura infantojuvenil comoilustrador e escritor. Suas ilustrações da Cartade Direitos Humanos estão em exposiçãopermanente nas sedes da ONU em Genebra,Viena e Nova York. No Brasil foi pioneiro nadivulgação do papel artesanal por meio decursos, oficinas, publicações e exposições. Seutrabalho de reciclagem de papel e de elementosda natureza contribuiu para a construção daconsciência ambiental.

Edição revisada conforme o AcordoOrtográfico da Língua Portuguesa Ilustrações: Raquel CoelhoTexto © Ruth Rocha Serviços Editoriais S/CLtda.Representado por AMS AgenciamentoArtístico, Cultural e Literário Ltda.Criação e projeto gráfico: Otávio RothConversão em epub: {kolekto} Direitos de publicação:© 1992 Cia. Melhoramentos de São Paulo© 2002, 2009 Editora Melhoramentos Ltda. 1.ª edição digital, junho de 2014ISBN: 978-85-06-07532-6 (digital)ISBN: 978-85-06-05827-5 (impresso) Atendimento ao consumidor:Caixa Postal 11541 – CEP 05049-970

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