O homem só é superiormente feliz quando é superiormente civilizado Jacinto de Tormes, Príncipe...

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“o homem só é superiormente feliz quando é superiormente

civilizado”Jacinto de Tormes, “Príncipe da Grã-Ventura”

Desenvolvido a partir da idéia central contida no conto Civilização, datado de 1892;

Publicado em 1901, sem a revisão final por parte do autor;

Romance denso, belo, ao longo do qual, os males da civilização e os valores da natureza são analisados;

Relação entre as elites e as classes subalternas na qual aquelas promovessem estas socialmente ( falso socialismo)

Tese: (a hipervalorização da civilização); antítese (a hipervalorização da natureza); o protagonista busca a síntese, que vem da racionalização e da modernização da vida no campo.

Como utilizar a da cidade o necessário para se civilizar sem se corromper...

Espaço: Os ambientes são fundamentais para a compreensão da história, destacando-se os contrastes por meio dos quais se contrapõem;

Tempo: após 1880

Narrador: narrador-personagem, José Fernandes, o qual não se confunde com o protagonista da obra, Jacinto de Tormes;

José Fernandes: narrador Jacinto de Tormes: D. Sebastião

atualizado pelo socialismo e pelo positivismo

D. Galeão, Jacinto Galião: era um fanático miguelista

D. Angelina Fafes: Esposa Cintinho: o franzino e adoentado Filha do desembargador: esposa de

Cintinho e mãe de Jacinto

Grão-duque Casimiro: bóia de salvação Renan, Anatole e Grilo: criados de Jacinto Madame d'Oriol: flor de Civilização Silvério: o procurador Pimenta: chefe da estação Melchior: o caseiro Tia Vicência em Guiães

Manuel Rico: dono da venda em Tormes Prima Joaninha: Flor da Malva Dr. Alípio D. Teotônio João Torrado: um velho eremita Teresinha e Jacinto: filhos de Jacinto e

Joaninha

I “O meu amigo Jacinto nasceu num palácio, com

cento e nove contos de renda em terras de semeadura, de vinhedo, de cortiça e de olival.”

“o palácio onde Jacinto nascera, e onde sempre habitara, era em Paris, nos Campos Elísios, nº.202”

D. Miguel e Jacinto Mudança e morte Por mim fico... 1851: sangue, casamento, morte “Três meses e três dias depois do seu enterro o

meu Jacinto nasceu”

“segurança e doçura do que a Vida oferecia” Paris, nas Escolas do Bairro Latino As idéias de Jacinto

“pensante com todas as noções adquiridas desde Aristóteles, e multiplicando a potência corporal dos seus órgãos com todos os mecanismos inventados desde Terâmenes, criador da roda, se torna um magnífico Adão, quase onipotente, quase onisciente, e apto portanto a recolher dentro duma sociedade, e nos limites do Progresso (tal) como ele se comportava em 1875, todos os gozos e todos os proveitos que resultam de Saber e Poder...”

“Ó Jacinto, e a religião? Pois a religião não prova a alma?

Ele encolhia os ombros. A religião! A religião é o desenvolvimento

suntuoso de um instinto rudimentar, comum a todos os brutos, o terror. Um cão lambendo a mão do dono, de quem lhe vem o osso ou o chicote, já constitui toscamente um devoto, o consciente devoto, prostrado em rezas ante o Deus que distribui o Céu ou o Inferno!... Mas o telefone! O fonógrafo!”

“Em 1880, em Fevereiro, numa cinzenta e arrepiada manhã de chuva, recebi uma carta de meu bom tio Afonso Fernandes...”“Para Guiães!...Ó Zé Fernandes, que horror! (...) Leva uma poltrona! Leva a Enciclopédia Geral! Leva caixas de aspargos!...”

IISete anos, mudanças? “(...) sobre a sua imensa mesa de trabalho, uma estranha e miúda legião de instrumentozinhos de níquel, de aço, de cobre, de ferro, com gumes, com argolas, com tenazes, com ganchos, com dentes, expressivos todos, de utilidades misteriosas.”

Um elevador para ligar dois andares do palacete;

Aparelhos mecânicos cheios de artifício; Uma enorme biblioteca de trinta mil

títulos, os mais diversos possíveis, dos mais renomados autores às mais diferentes ciências;

“Eu não tenho nunca apetite, já há tempo... Já há anos”

Desencantada civilização

III “Há uma imensa pobreza e secura de

invenção!” “Já não é tão divertido, perdeu o

brilho!...” O rompimento de um dos tubos da sala

de banho: Grão-duque Casimiro e a bóia de salvação

Telegramas: único homem?

IV O peixe: pescar sendo mais divertido A carta de Tormes e a igreja

V “Madame Colombe, 16, rua do Hélder,

quarto andar, porta à esquerda.” “Durante sete furiosas semanas perdi a

consciência da minha personalidade de Zé Fernandes – Fernandes de Noronha e Sande, de Guiães! “

Os banhos com aromas e a carta

Sofre de fartura!

VI As conversas filosóficas

VII Na casa de Madame d'Oriol O marido Tédio: de Schopenhauer ao Eclesiastes – pessimismo “(...) o seu Telégrafo, o seu Telefone, o

seu Fonógrafo, o seu Radiômetro, o seu Grafofone, o seu Microfone, a sua Máquina de Escrever, a sua Máquina de Contar, a sua Imprensa Elétrica, a outra Magnética, todos os seus utensílios, todos os seus tubos, todos os seus fios...”

VIII “Vou para Tormes!” “Ó Zé Fernandes, quem é essa

lavadeirona tão rechonchuda?” 23 malas em Medina (Espanha) Pequenina estação de Tormes Pimenta, Silvério fora, Melchior, Grilo e

Anatole “Santo Deus! Há anos que não sinto esta

fome”

As estrelas Lisboa – as malas – a carta Severo, sobrinho do Melchior de Tormes “É curioso... Nunca plantei uma árvore!” “(...) encher pastos, construir currais

perfeitos, máquinas para produzir queijos... “

X A mãe agonizante

XI Aniversário de tia Vicência Miguelista: Dr. Alípio e D. Teotônio Abismo entre a ignorância e o progresso

XII Meu natalício sem Joaninha

XIII O silêncio, a quebra e as histórias

XIV Flor da Malva: caminho do céu João Torrado: “A gente vê os corpos, mas

não vê as almas que estão dentro. Há corpos de agora com almas de outrora.”

Manuel da Porta, Tio Adrião e o afilhado de Joana

“E foi assim que Jacinto, nessa tarde de Setembro, na Flor da Malva, viu aquela com quem casou em Maio, na capelinha de azulejos, quando o grande pé de roseira se cobrira todo de rosas.”

XV Cinco anos: Teresinha e Jacinto Descobrira seus melhores valores: era

feliz e fazia os outros felizes

XVI Sem Paris Zé Fernandes em Paris

“E na verdade me parecia que, pôr aquelescaminhos, através da natureza campestre e mansa– o meu Príncipe, atrigueirado nas soalheiras e nosventos da Serra, a minha prima Joaninha, tão doce e risonha mãe, os dois primeirosrepresentantes da sua abençoada tribo, e eu – tão longe de amarguradas ilusões e de falsasdelícias, trilhando um solo eterno, e de eterna solidez, com a alma contente, e Deus

contentede nós, serenamente e seguramente subíamos – para o Castelo do Grã-Ventura!”

A única passagem que NÃO encontra apoio em A Cidade e as Serras,de Eça de Queirós, é

A) Em A Cidade e as Serras, José Fernandes, de rica família proveniente de Guiães, região serrana de Portugal, narra a história de Jacinto de Tormes, seu amigo também fidalgo, embora nascido e criado em Paris.

B) A Cidade e as Serras explora uma grave tese sociológica: ser-nos preferível viver e proliferar pacificamente nas aldeias a naufragar no estéril tumulto das cidades.

C) Para Jacinto, Portugal estava associado à infelicidade, enquanto Paris associava-se à felicidade; ao longo do romance, contudo, essa opinião se modifica.

D) No romance dois ambientes distintos são enfocados ao longo das duas partes em que o livro pode ser dividido: a civilização e a natureza.

E) Já avançado em idade, Jacinto se aborrece com as serras e tenciona reviver as orgias parisienses, mas faltam-lhe, agora, saúde e riqueza.

No vestibular

O romance A Cidade e as Serras, de Eça de Queirós, publicado em 1901, édesenvolvimento de um conto chamado “Civilização”. Do romance como um

todopode afirmar-se que

A) apresenta um narrador que se recorda de uma viagem que fizera havia algum tempo ao Oriente Médio, à Terra Santa, de onde deveria trazer uma relíquia para uma tia velha, beata e rica.

B) caracteriza uma narrativa em que se analisam os mecanismos do casamento e o comportamento da pequena burguesia da cidade de Lisboa.

C) apresenta uma personagem que detesta inicialmente a vida do campo, aderindo ao desenvolvimento tecnológico da cidade, mas que ao final regressa à vida campesina e a transforma com a aplicação de seus conhecimentos técnicos e científicos.

D) revela narrativa cujo enredo envolve a vida devota da província e o celibato clerical e caracteriza a situação de decadência e alienação de Leiria, tomando-a como espelho da marginalização de todo o país com relação ao contexto europeu.

E) se desenvolve em duas linhas de ação: uma marcada por amores incestuosos; outra voltada para a análise da vida da alta burguesia lisboeta.

Já a tarde caía quando recolhemos muito lentamente. E toda essa adorável paz do céu,realmente celestial, e dos campos, onde cada folhinha conservava uma quietaçãocontemplativa, na luz docemente desmaiada, pousando sobre as coisas com um liso eLeve afago, penetrava tão profundamente Jacinto, que eu o senti, no silêncio em quecaíramos, suspirar de puro alívio. Depois, muito gravemente:Tu dizes que na Natureza não há pensamento...Outra vez! Olha que maçada! Eu...é porestar nela suprimido o pensamento que lhe está poupado o sofrimento! Nós,desgraçados, não podemos suprimir o pensamento, mas certamente o podemosdisciplinar e impedir que ele se estonteie e se esfalfe, como na fornalha das cidades,ideando gozos que nunca se realizam, aspirando a certezas que nunca se atingem!... E éo que aconselham estas colinas e estas árvores à nossa alma, que vela e se agita que vivana paz de um sonho vago e nada apeteça, nada tema, contra nada se insurja, e deixe omundo rolar, não esperando dele senão um rumor de harmonia, que a embale e lhefavoreça o dormir dentro da mão de Deus. Hem, não te parece, Zé Fernandes?Talvez. Mas é necessário então viver num mosteiro, com o temperamento de S. Bruno,ou ter cento e quarenta contos de renda e o desplante de certos Jacintos...

                                    Eça de Queirós, A cidade e as serras.

Considerado no contexto de A cidade e as serras, o diálogo presente no

excerto revela que, nesse romance de Eça de Queirós, o elogio danatureza e da vida rural

a) indica que o escritor, em sua última fase, abandonara o Realismo em favor do Naturalismo, privilegiando, de certo modo, a observação da natureza em detrimento da crítica social.

b) demonstra que a consciência ecológica do escritor já era desenvolvida o bastante para fazê-lo rejeitar, ao longo de toda a narrativa, as intervenções humanas no meio natural.

c) guarda aspectos conservadores, predominantemente voltados para a estabilidade social, embora o escritor mantenha, em certa medida, a prática da ironia que o caracteriza.

d) serve de pretexto para que o escritor critique, sob certos aspectos, os efeitos da revolução industrial e da urbanização acelerada que se haviam processado em Portugal nos primeiros anos do Século XIX.

e) veicula uma sátira radical da religião, embora o escritor simule conservar, até certo ponto, a veneração pela Igreja Católica que manifestara em seus primeiros romances.