Post on 19-Jun-2015
description
FACULDADE APUCARANA CIDADE EDUCAÇÃO
DEPARTAMENTO DE LETRAS
LETRAS/INGLÊS 2010
METODOLOGIA DA PESQUISA CIENTÍFICA
Sheila de Fátima Lopes José
Susan Carla de Castro da Silva
RESUMO E RESENHA:
O FETICHISMO NA MÚSICA E A REGRESSÃO NA AUDIÇÃO
Apucarana/2010
ADORNO, T. W. O fetichismo na música e a regressão da audição. Trad. De Roberto
Schwaz. São Paulo: Abril Cultural, 1983.
Nesse artigo, Adorno começa afirmando que o gosto por determinada música é
julgado pelo fato da canção de sucesso ser conhecida por todos. O termo “clássica” designa as
categorias da música-seria. A música de entretenimento, ao invés de entreter, contribuiu ainda
mais para o silêncio dos homens. E ainda, preencheu os vazios de silêncio entre as pessoas
frágeis tomadas pelo medo e cansaço. As pessoas apreciam a música ligeira e só tomam
conhecimento da música séria por motivos de prestígio social. O resto da música séria é
submetido à lei do consumo, pelo preço do seu conteúdo. A música clássica e ligeira são
manipuladas à base das chances de venda. A música “Music, maestro, please” obteve êxito
após Toscanini ser condecorado pela opinião pública. O reino daquela vida musical é
denominado de Fetiches.
Nos Estados Unidos, a Quarta Sinfonia de Beethoven se perde entre as autênticas
raridades. Nasce um círculo vicioso onde o mais conhecido é o mais famoso, e tem mais
sucesso. Melodia é considerada como um “achado” – termo inadequado para a música
considerada clássica – do compositor, já que se pode levar pra casa uma coisa comprada,
assim como é atribuída ao compositor como sua propriedade legal. O campo que o fetichismo
musical mais domina é o da valorização pública dada às vozes dos cantores. Atualmente, ter
boa voz e ser cantor são expressões sinônimas. O cantor nem precisa dominar os recursos
técnicos. Apenas que sua voz seja particularmente potente ou aguda para legitimar o renome
de seu dono.
Segundo Marx, a forma mercadoria devolve aos homens os caracteres sociais do seu
trabalho como caracteres dos produtos desse trabalho. Trata-se do reflexo daquilo que se paga
no mercado pelo produto. Podemos exemplificar quando um consumidor paga pela entrada de
um concerto de Toscanini. O valor do uso desse produto consiste no mesmo valor da troca
que foi feita por ele. Já que, neste caso, o valor do uso é uma aparência ilusória. Assim,
podemos especificar o caráter fetichista da música: os efeitos direcionados ao valor da troca
criam a aparência do imediato, porém a falta de relação com o objeto desmente essa
aparência. A transferência do valor de uso dos bens de consumo para o seu valor de troca
dentro de uma constituição global origina o prazer que transforma os consumidores em
escravos, pois são induzidos a adquirir a mercadoria para saciar a sua vontade, deixando-se
enganar totalmente.
2
A prática dos arranjos separa os “achados”, coisifica e os arranca do seu contexto
original. É a prática de entretenimento que exige qualidade dos bens da cultura. Tal
entretenimento difundi em todo o campo da vida musical, e a verdadeira música desaparece.
Replica-se que uma mercadoria embolorada é exatamente o que os ouvintes desejam. Tal
réplica é desaprovada por levar os consumidores a concordarem com os critérios dos
produtores. Entretanto, o processo de fetichização invade até mesmo a música supostamente
séria. A consciência dos ouvintes está em perfeita sintonia com a música fetichizada. Ouve-se
a música conforme os preceitos, pois a sua depravação não seria possível se houvesse
resistências por parte do público. No pólo oposto ao fetichismo na música opera-se uma
regressão da audição. Com isso dizemos que a audição moderna regrediu e permaneceu num
estado infantil. O seu primitivismo caracteriza os que foram privados de sua liberdade.
Manifestam o ódio de alguma coisa, mas preferem adiar para poder viver tranqüilo.
Regressivo é o papel que desempenha a atual música de massas na psicologia das suas
vítimas.
A audição regressiva ocorre, por exemplo, no momento em que uma propaganda é
anunciada, fazendo com que o a consciência do comprador e do ouvinte seja alternados à
comprar sua paz de espírito, tornando a mercadoria oferecida em sua propriedade. O caráter
fetichista da música produz a sua própria máscara. Somente esta identificação confere às
músicas de sucesso o poder que exercem sobre as vítimas. Opera-se esta identificação na
seqüência do esquecer e do recordar, a qual esta ligada ao título ou às palavras do refrão da
música de sucesso. Esse comportamento de esquecer e recordar da música chama-se de
descontração. Os ouvidos que somente têm capacidade para ouvir o que registram o atrativo
sensorial abstrato, ao invés levarem os momentos de encantamento à síntese, constituem
ouvidos de má qualidade.
Nesse artigo, Adorno mostra que Fetichismo na Música é o fato de tratar a música
como mercadoria, e que Regressão na Audição é o mesmo que considerar a música clássica
como séria e a ligeira como infantil.
Concordamos com Adorno quando ele diz que o consumidor “fabricou” o sucesso de
Toscanini ao comprar a entrada para assistir ao seu concerto. Com isso, faz-se da música uma
mercadoria (Fetiche). Ainda que o valor do seu uso seja uma aparência ilusória, pois o valor
dessa mercadoria é o prazer que o consumidor tem ao adquirir o produto. Podemos observar,
nos dias de hoje, em shows de cantores famosos, onde o preço pago pela entrada do show é
apenas o valor da troca de saciar sua vontade, deixando assim, se enganar totalmente.
3