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UNIVERSIDADE DO ESTADO DA BAHIA
DEPARTAMENTO DE EDUCAÇÃO CAMPUS XIV
ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA
O ESTRANGEIRISMO
Conceição do Coité
2011
ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA
O ESTRANGEIRISMO
Monografia apresentada à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa. Orientador: Prof. Fernando Sodré.
Conceição do Coité
2011
ANTONIO MASCARENHAS OLIVEIRA
O ESTRANGEIRISMO
Monografia apresentado à Universidade do Estado da Bahia, Departamento de Educação, Campus XIV, como requisito final à conclusão do Curso de Licenciatura em Letras – Língua Inglesa.
Aprovada em: ___/___/___
Banca examinadora
_______________________________ Fernando Sodré – Orientador Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _________________________________________ Neila Maria Oliveira Santana - Professora Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV _________________________________________ Raulino Batista Figueiredo Neto - Professor Universidade do Estado da Bahia – Campus XIV
Conceição do Coité
2011
AGRADECIMENTOS
A Deus, em primeiro, lugar pelo dom da vida e por ter cuidado de nós ao longo
de todos esses anos nos dando força e coragem para enfrentar todos os
obstáculos.
A minha esposa e filhos, que sempre me deram apoio, contribuindo ativamente
para minha formação acadêmica.
Ao Professor Fernando Sodré, pois mesmo não sendo meu professor em
nenhum semestre aceitou me orientar e acreditou na minha capacidade para
realização deste trabalho.
Ao professor mestrando Luis Claudio Mota Mascarenhas, que mesmo não
sendo funcionário da UNEB, no inicio deste trabalho fez as primeiras
orientações.
Aos colegas, pelos momentos de alegria, convívio e apoio.
Aos amigos, pela amizade, por estender a mão, apoiar e confortar nos
momentos de angústias e dificuldades.
RESUMO
No decorrer da história o uso dos estrangeirismos é algo comum na língua
portuguesa trazendo novos vocábulos, ideologias e multiculturalismo para
novas discussões. O português recebe vocábulos como resultados das
relações políticas, culturais e comerciais com outros países. No atual contexto
histórico o inglês fornece vasta nomenclatura, demonstrando que o processo
linguístico está relacionado com a história sócio-político-cultural de um povo. A
entrada de elementos estrangeiros é um fenômeno sociolinguístico ligado ao
prestígio de que uma língua ou povo que a fala goza. O inglês como atual
língua universal permite um mínimo de comunicação entre todos. Constata-se
que essa liderança idiomática é reflexo de vários fatores, entre os mais
relevantes pode-se destacar a globalização e o domínio das tecnologias da
informação e comunicação (TIC’s), assim como, é perceptível e inegável a
predileção de termos estrangeiros por usuários de nosso idioma, resultando em
influência na língua e na cultura brasileira, sem provocar alterações na
estrutura gramatical da língua portuguesa.
Palavras-chave: Língua portuguesa. Estrangeirismo. Língua inglesa.
ABSTRACT
Throughout history the use of foreign words is common in Portuguese bringing new words, ideologies and multiculturalism for further discussion. The Portuguese words receives as a result of political, cultural and trade with other countries. In the current historical context provides extensive English nomenclature, demonstrating that the linguistic process is related to the history of socio-political and cultural life of the people. The entry of foreign elements is a sociolinguistic phenomenon linked to the prestige of a language or speech that people enjoy. English as a universal language now allows a minimum of communication between everyone. It appears that this leadership idiomatic reflects several factors, including the most relevant can be highlighted globalization and dominance of information technology and communication (ICT), and it is noticeable and undeniable preference of foreign terms for users our language, resulting in influence in language and Brazilian culture, without changing the grammatical structure of the Portuguese language. Key words: Portuguese language. Foreign words. English language.
LISTA DE GRÁFICOS E TABELAS
Gráfico 1: Nível de escolaridade dos comerciantes ................................................. 21
Gráfico 2: Nível de conhecimento com relação ao inglês .......................................... 22
Gráfico 3: Conhece o significado do nome da loja ................................................... 23
Gráfico 4:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção ................................... 24
Gráfico 5: Nível de escolaridade dos consumidores ................................................. 25
Gráfico 6: Nível de conhecimento com relação ao inglês ......................................... 25
Gráfico 7: Conhece o significado do nome da loja ................................................... 26
Gráfico 8:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção .................................. 27
Sumário
INTRODUÇÃO ............................................................................................................ 9
CAPITULO I - ESTRANGEIRISMO ......................................................................... 11
1.1 ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA ................................................................ 11
1.2 ESTRANGEIRISMO NO BRASIL ........................................................................ 13
1.3 ESTRAGEIRISMO E TIC’s ................................................................................. 16
CAPITULO II - METODOLOGIA ............................................................................... 19
CAPITULO III - ANÁLISE DOS DADOS................................................................... 21
3.1 DADOS DOS EMPRESÁRIOS ............................................................................ 21
3.2 DADOS DOS CONSUMIDORES ........................................................................ 25
CONSIDERAÇÕES FINAIS ...................................................................................... 28
REFERÊNCIAS ......................................................................................................... 29
APÊNDICES ............................................................................................................. 30
QUESTIONÁRIO PARA EMPRESÁRIOS ................................................................. 30
QUESTIONÁRIO PARA CONSUMIDORES .............................................................. 31
9
INTRODUÇÃO
O estrangeirismo está sempre presente nos processos culturais em qualquer
lugar do mundo. Para analisar a aquisição de empréstimos linguísticos é preciso
compreender como o processo de colonização e imigrações até os dias de hoje
contribuem para que palavras de outra língua sejam inseridas no nosso cotidiano,
visto que este processo gera miscigenações culturais e linguísticas, sem que haja
necessidades de mudanças de vida dos emissores e receptores desses
empréstimos.
No mundo globalizado, todos os povos receberam e continuam recebendo
contribuições linguísticas provenientes do intercambio com outras nações, tanto
através da importação de produtos, como da utilização de termos associados a
ações ou expressões externas, não sendo possível determinar o quanto essa prática
durou ou quanto ela ainda vai durar.
O estrangeirismo presente em nossa língua não é um fenômeno
contemporâneo, há uma mudança constante começando na língua tupi que era
utilizado pelos nativos no período do descobrimento, depois com a chegada do
português de Portugal e aos poucos a língua tupiniquim foi-se aportuguesando e
incorporando outros vocábulos de línguas diversas como o espanhol, o francês, o
italiano entre outras, para assim constituir-se o português que hoje é falado no
Brasil.
O estrangeirismo está presente em diversos vocábulos inseridos na língua
portuguesa, a exemplo de boné, paletó (do francês); samba, acarajé (do africano);
arara, tucano, Tatuapé (do Tupi); jeans, modem (do inglês). É comum também
encontrarmos a influência de outras línguas em nomes de lojas comerciais
espalhadas pelo Brasil.
Na Bahia não é diferente. Esse fato pode ser observado na grande
quantidade de palavras estrangeiras utilizadas por empresários para denominar
estabelecimentos comercias em Conceição do Coité, Região Sisaleira. Assim, esse
fato motivou a realização dessa pesquisa, cuja finalidade é verificar se essa
utilização é fundamentada em conhecimento prévio da língua estrangeira ou por
modismo.
Esta pesquisa terá um caráter descritivo, fundamentada em revisão
bibliográfica sobre a história da língua portuguesa e seu processo evolutivo até os
10
dias atuais, e como outros idiomas influenciaram e ainda influenciam a língua, já que
esta não é imutável. A revisão bibliográfica será complementada com uma pesquisa
de campo, em que serão entrevistados donos de estabelecimentos comerciais que
utilizam a língua inglesa para nomear suas lojas e alguns frequentadores.
A pesquisa de campo será realizada no período de março a abril de 2011, os
instrumentos de coleta de dados usados serão entrevista mediada por um
questionário e fotografias das fachadas das lojas.
O presente trabalho está dividido em três capítulos. O primeiro capitulo é uma
revisão bibliográfica sobre o tema Estrangeirismo, cujos principais teóricos que
embasaram o trabalho foram Bagno (2002), Garcez e Zilles (2002) e Störig (1990).
Esse capítulo está subdividido em três partes que abordam a questão da origem da
língua portuguesa no Brasil, o estrangeirismo e a relação desse com as tecnologias
de informação e comunicação (TIC’s). No segundo capítulo tem a metodologia e o
terceiro a analise de dados coletados na pesquisa.
11
CAPÍTULO I
ESTRANGEIRISMO
Apesar de não ser um fenômeno contemporâneo, o empréstimo ou uso de uma
palavra ou expressão oriunda de outra língua, conhecido como estrangeirismo, tem
se intensificado cada vez mais com a globalização.
Para podermos melhor explanar sobre este fenômeno, começaremos
analisando a origem da língua portuguesa, que como todas as demais línguas
neolatinas ou românicas sugiram a partir da expansão e vulgarização do latim
clássico levada pelo Império Romano, sua chegada ao Brasil e uso contemporâneo
dos estrangeirismos (principalmente os de língua inglesa) nas tecnologias da
informação e comunicação.
1.1 ORIGEM DA LÍNGUA PORTUGUESA
O português teve sua origem no latim falado que era imposto aos povos
dominados pelos exércitos romanos, já que o Império Romano no século II a.C.,
vivia o seu apogeu e dominava quase todo o mundo até então conhecido, até a
Península Ibérica, onde atualmente se situam a Espanha e Portugal.
Essa língua falada pelos soldados romanos não era o latim clássico das obras
literárias deste período, era o latim tido como vulgar, porque era falado pelo povo
sem preocupações sintáticas ou morfológicas, não tendo nenhuma ligação com
regras gramaticais, era uma língua autônoma.
Com o passar do tempo, o latim vulgar imposto pelo exército romano na
Península Ibérica, foi sofrendo alterações graças aos dialetos e outras línguas
existentes na região. Aos poucos o português foi aperfeiçoado e adquiriu em seu
léxico novas palavras de origem germânicas trazidas pelas invasões bárbaras do
século V, árabes do século VII. Com o declínio do Império Romano e as
consequentes independências de suas províncias, intensificaram-se as diferenças
dos falares, surgindo assim diversas línguas que, por serem originadas do latim
vulgar, trazido pelo povo romano, receberam o nome de românicas ou neolatinas,
destas destacaram-se o português, o francês, o espanhol e o italiano.
Com a independência política de Portugal no século XI, o português tornou-se
a língua oficial desse país, mas só no século XII surgiram os primeiros textos
12
escritos nessa língua. De acordo com Störig (1990, p.114) “o trovador Paio Soares
de Taveiros produziu em 1198 o que é o primeiro ou mais remoto texto literário
conhecido em língua portuguesa”. Com as grandes navegações dos séculos XV e
XVI Portugal viveu seu apogeu e levou a língua portuguesa para diversas áreas,
como partes da Ásia, da África e para o Brasil, cujos territórios foram colonizados
neste período.
No caso da língua portuguesa, podem-se apontar casos de palavras tomadas de línguas estrangeiras em tempos muito antigos. Esses empréstimos provieram de línguas célticas, germânicas e árabes e ao longo do processo de formação do português na Península Ibérica. Posteriormente, o Renascimento e as navegações portuguesas permitiram empréstimos de línguas europeias modernas e de línguas africanas, americanas e asiáticas. (INFANTE, 2001, p. 193).
Antes da chegada dos lusitanos, a língua falada no Brasil era de origem
indígena, e a mais conhecida era o tupi, falada pelos povos tupinambás embora ela
fosse predominante entre os índios, mas não a única. Com a colonização do Brasil
os portugueses impuseram como língua oficial o Português de Portugal. A partir da
convivência cultural entre dominantes e dominados várias palavras de origem tupi
foram sendo utilizadas e acabaram incorporadas ao léxico português, ou por
aportuguesamento ou por uso na forma original, surgindo assim uma língua
portuguesa com diferenciação da língua originária dos colonizadores.
Com as grandes navegações os países colonizadores tinham a necessidade
de adquirir mão de obra para extrair os produtos que iriam ser comercializados. Não
querendo trabalhar duro, os colonizadores passaram a escravizar os povos
dominados. No Brasil essa política não teve muito êxito, pois os índios não
aceitaram a servidão, então trouxeram os africanos para trabalharem aqui no Brasil.
Como vinham de diversas regiões da África traziam seus dialetos e aos poucos
algumas palavras também foram aportuguesadas e acrescentadas ao vocabulário.
Assim como as palavras indígenas, as africanas ainda são utilizadas por nós, na
maioria dos casos não tenhamos a mínima ideia de que elas se configurem como
estrangeirismos. No entanto, tem sido de grande serventia para nossa cultura até os
dias de hoje.
Percebe-se que varias culturas contribuíram com vocábulos para formação
da língua portuguesa falada no Brasil propiciando, na maioria das vezes, bons
resultados. Essa contribuição lexical distanciou cada vez mais nosso idioma daquele
13
falado em Portugal. Os estrangeirismos existentes em nossa língua não se
restringiram apenas a povos colonizados, houve também muitas influencias
europeias acentuadas com os processos migratórios ocorridos após a abolição da
escravatura em 1889.
Störig exemplifica como ocorreu esse processo:
incorporou só para exemplificar: dos alemães , “níquel”, ”gás”, “zinco”; dos espanhóis , “bolero”, “castanhola”, sendo que os bascos trouxeram, de sua língua, “cachorro”, “modorra” e outras palavras terminadas em “arra” “orro”; dos franceses, “paletó”, “boné”, “matinê”; dos eslavos, “mazurca”, “estepe”; dos gregos, “telefone”, “telepatia”; dos japoneses, “quimono”, “tatame”; dos italianos, “gazeta”, “soneto”, “carnaval”; dos turcos, “divã”, “sultão”; dos ingleses, “futebol”, “clube”.(STÖRIG, 1990, p.116-117)
1.2 ESTRANGEIRISMO NO BRASIL
Um empréstimo representa geralmente o uso de algo que pertença a outro.
Quando uma palavra ou expressão estrangeira passa a fazer parte da língua
nacional acontece um empréstimo linguístico. A esse emprego de palavra, frase ou
construção sintática estrangeira dá-se o nome estrangeirismo. Com o passar dos
tempos algumas dessas palavras são utilizadas de forma corriqueira pelas pessoas,
contribuindo assim para uma atenuação do sentimento de estranheza. Como
consequência elas passam a fazer parte da língua nacional sendo encontradas até
mesmo nos dicionários.
Para Garcez e Zilles:
Estrangeirismo é o emprego, na língua de uma comunidade, de elementos oriundos de outras línguas. No caso brasileiro, posto simplesmente, seria o uso de palavras e expressões estrangeiras no português. Trata-se de fenômeno constante no contato entre comunidades linguísticas, também chamado de empréstimo. A noção de estrangeirismo, contudo, confere ao empréstimo uma suspeita de identidade alienígena, carregada de valores simbólicos relacionados aos falantes da língua que origina o empréstimo. (GARCEZ; ZILLES, 2002, p.15)
Grande parte das palavras da língua portuguesa tem origem no latim, grego,
árabe, espanhol, italiano, francês ou inglês. A utilização de palavras ou termos de
outros idiomas muitas vezes se dá no momento em que são importados objetos ou
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moldes que não possuem um termo ou uma expressão que os nomeiem na língua
portuguesa. Câmara Júnior (1989, p. 269) diz que esses empréstimos abrangem
“todas as aquisições estrangeiras que uma língua faz em virtude das relações
políticas, comerciais ou culturais, propriamente ditas, com povos de outros países”.
. As palavras estrangeiras geralmente passam por um processo de
aportuguesamento fonológico e gráfico. A Academia Brasileira de Letras, órgão
responsável pelo Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, tem função
importante no aportuguesamento dessas palavras.
Diariamente a população brasileira é tentada a viver o ideal de vida norte-
americana, principalmente através das produções cinematográficas, das músicas e
dos bens de consumo não duráveis (perfumes, cosméticos, brinquedos, roupas,
entre outros). Saber ler ou falar inglês num país em desenvolvimento como o Brasil,
hoje torna-se algo de suma importância, visto que existe uma relação comercial e
cultural muito intensa entre os países.
No campo das mudanças linguísticas, os empréstimos de palavras ou expressões são em geral associados a atitudes valorativas positivas do povo que os toma em relação à língua e à cultura do povo que lhes deu origem. Os empréstimos são reflexos de processos culturais, políticos e econômicos bem mais amplos e complexos. Muitas vezes são utilíssimos à elite, que assim se demarca como diferente e superior [...]. Outras vezes, são felizes incidências na constituição identitária e cultural de um povo [...] (GARCES; ZILLES, 2002, p. 156).
Nota-se que no transcorrer da história algumas línguas e culturas influenciam
outras, tais fatos se dão por acreditar que elementos culturais de um lugar possam
ser melhores que outros. A língua portuguesa adotada no Brasil desde a sua
colonização adquiriu palavras das línguas africanas e da língua tupi. Tais
empréstimos enriqueceram a língua portuguesa tornando-a mais distante da língua
portuguesa de Portugal. Como adverte Bagno (2002, p. 74) “os estrangeirismos não
alteram as estruturas da língua, a sua gramática. Por isso não são capazes de
destruí-las como juram os conservadores”.
Hoje tem-se o inglês como língua universal mas, no passado tínhamos outras
línguas. De acordo com Störig (1990) a expressão “língua universal”, foi dada ao
latim no ápice do Império Romano, ao grego na era dos diádocos e ao francês como
língua das cortes europeias, da nobreza e da diplomacia do século XVII ao XIX.
15
Bagno (2002) reforça a afirmação de Störig quando diz que durante quase
duzentos anos, até o inicio do século XX, o grande inimigo do português foi o
francês. Frei Francisco de São Luís criticava e condenava os empréstimos de
palavras francesas na língua portuguesa, uso este que ele intitulou de vício de
“pensar francês”.
A partir do século XX o inglês ganha o status de língua universal causando
preocupação semelhante aos defensores de uma língua pura. Assim como no
passado Frei Francisco de São Luís lutou contra o estrangeirismo proveniente do
francês, o deputado Aldo Rebelo (PCdoB/SP) hoje luta contra o estrangeirismo
proveniente do inglês. Acreditando ele que o uso do estrangeirismo no Brasil estava
em estágio muito avançado, no ano de 1999 mandou para Comissão de
Constituição e Justiça da Câmara o projeto de lei que proibisse o uso do
estrangeirismo no país. Tal projeto foi aprovado em 2007.
Diz o projeto que as palavras ou expressões em língua estrangeira devem vir
acompanhadas em letras de igual destaque, de seu correspondente em língua
portuguesa. (Projeto de Lei nº 1676-D de 1999)
A língua portuguesa é um dos elementos de integração nacional brasileira, concorrendo, juntamente com outros fatores, para a definição da soberania do Brasil como nação. [...] Os meios de comunicação de massa e as instituições de ensino deverão, na forma desta lei, participar ativamente da realização prática [desse objetivo] (BRASIL, 1999, p. 1-2).
O Estrangeirismo enriquece a língua, cobre lacunas que surgem em nossa
língua devido à globalização, seu uso correto deixa textos mais claros e objetivos.
Atualmente o Anglicismo é o que possui maior influência, estando presente em
quase todas as áreas como na informática em palavras como download, e-mail, em
equipamentos que são chamados hardware ou nos programas denominados
software, na publicidade encontramos os conhecidos outdoor, na moda as garotas
fazem seus books sonhando em ser uma top model. O projeto de lei do deputado
Aldo Rebelo não tem apenas uma preocupação gramatical, ele pensa numa
valorização maior da língua portuguesa no cenário sócio-cultural, tentando preservar
a língua como elemento de identidade cultural. Mas se ele quer deixar a língua como
um elemento de nossa identidade é preciso lembrar que o nosso povo é oriundo de
16
uma miscigenação muito grande, alem de ter sofrido e sofrer influências de diversos
povos com línguas e culturas diferentes.
1.3 ESTRAGEIRISMO e TIC’s
É de conhecimento público que a língua inglesa é mundialmente aceita. Esse
fato se dá devido à influência, por exemplo, dos Estados Unidos, e em menor
proporção, de outros países desenvolvidos que tem o inglês como língua materna.
Como resultado dessa dinâmica linguística, tem-se um acelerado aumento lexical
nos campos das tecnologias, informática e economia. Exemplos como leasing,
know-how, déficits e superávit estão em varias áreas do conhecimento.
Para ilustrar mais ainda esse fenômeno linguística, basta que se leia uma
revista ou um jornal (que também é um estrangeirismo, sua origem é francesa) para
poder observar a grande quantidade de palavras como business, pet shop, fast food,
outdoor, self service, free. É possível também perceber esse fenômeno em um
simples passeio pelas ruas de varias cidades brasileiras, ainda que remotas, para
verificar o uso de estrangeirismos, nas fachadas de lojas de diversas áreas,
principalmente nas de informática (Yes Conect, Baby Lan house), tecnologia (Master
Computer), esporte (Sport Life) e beleza (Ponto Hair). Portanto, fica evidente a
grande manifestação do anglicismo no Brasil devido à importação de grande
quantidade de produtos e serviços.
Embora a língua inglesa seja aceita com naturalidade por um número grande
de brasileiros, há aqueles que a consideram uma presença ameaçadora para a
nossa identidade cultural. Tal crença tem como base a popularidade da língua
inglesa, que depois da portuguesa – língua oficial – é a mais falada no país, mesmo
o Brasil estando na América Latina cercado de países que falam espanhol.
Diariamente a língua portuguesa recebe uma quantidade exagerada de
palavras e expressões idiomáticas oriundas da língua inglesa. Será que essa
“invasão” em grande escala do inglês na língua portuguesa significa um processo de
evolução linguística ou de desvalorização da nossa língua, que é um patrimônio
cultural?
As influências linguísticas de um país sobre outro não devem ser analisados
separadamente, é necessário analisar o conjunto cultural por completo para ver em
que nível está a propagação de uma cultura sobre a outra.
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Segundo Alves (1992) o fato de os norte-americanos dominarem uma boa
parte do mercado ligado à tecnologia faz com que sejam introduzidas em nossa
língua muitas palavras dessa área, especialmente àquelas usadas no campo da
informática. Com a popularização das tecnologias da informação e comunicação, o
léxico da língua portuguesa sentiu necessidade de mais uma vez, fazer renovação
linguística nesse campo, recebendo um número muito grande de termos técnicos
para preencher as lacunas existentes. Este preenchimento ocorreu de forma muito
rápida graças a globalização e a internet, chamada de comunidade global
interligada. Essa comunicação rápida e global contribuiu para o surgimento de um
intercambio cultural e linguístico.
É importante, entretanto, ressaltar que o estrangeirismo, enquanto fenômeno
linguístico, chama bastante atenção dos gramáticos, defensores da língua pura e
dos linguistas, que defendem e aprovam a ideia de que a língua não é usada de
modo uniforme por todos os seus falantes. Ela varia de acordo com as épocas, as
regiões, as classes sociais, sendo assim não há uma fronteira nítida, a língua é
sempre dinâmica. Faraco nos mostra que:
A realidade empírica central da linguística histórica é o fato de que as línguas humanas mudam com o passar do tempo. Em outras palavras, as línguas humanas não constituem realidades estáticas; ao contrario, sua configuração estrutural se altera continuamente no tempo. (FARACO, 1998, p.9)
O anglicismo atualmente é forma de estrangeirismo mais comum em nosso
país em função da grande utilização da língua inglesa pelo nosso povo. Ele é mais
presente nos meios de comunicação que diariamente propõem em sua programação
uma quantidade muito grande de palavras de origem estrangeiras em praticamente
todos os setores da sociedade. Na área da tecnologia o inglês vem contribuindo bem
mais do que em outras áreas de conhecimento. Quando tratamos de ciências e
tecnologias a língua inglesa claramente se mostra superior ao português, seja para
denominar objetos ou programas.
É necessário, portanto, ressaltar que o uso do estrangeirismo é um fenômeno
muito relevante para o desenvolvimento de uma língua. Ele ocorre quando existe um
grande intercambio cultural entre povos de línguas diferentes, devendo existir um
cuidado para que não haja uso exagerado de empréstimos estrangeiros como
alguns que são citados pelo deputado Aldo Rebelo na justificação do seu projeto de
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lei, “que obrigação tem um cidadão brasileiro de entender que uma mercadoria ‘on
sale’ significa que esteja em liquidação?”. Esses às vezes não tem sentido algum
para um brasileiro. Mas quando falamos em TIC’s, o uso do estrangeirismo é
inevitável porque a maioria das tecnologias são importadas e não existem traduções
para alguns programas ou para as partes físicas (hardware) como por exemplo o
famoso e muito utilizado “pen drive”. O cuidado, entretanto, que se deve ter nestes
caso é com o aportuguesamento que as vezes não faz sentido nenhum para um
falante de língua inglesa como por exemplo startar, bidar, entre outros.
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2 METODOLOGIA
Uma pesquisa bem sucedida requer uma organização pautada em princípios
metodológicos que direcionem o andamento do trabalho de modo objetivo e eficaz.
Para melhor discorrer sobre um tema, faz-se necessário um trabalho de
pesquisa bibliográfica, atividade de localização e consulta a fontes diversas de
informações escritas, para coletar dados gerais ou específicos a respeito de um
determinado tema. Trata-se de um estudo de textos impressos, assim, pesquisar é
procurar no âmbito dos livros e documentos escritos, as informações necessárias
para progredir no estudo de um tema de interesse.
Em função disso, realiza-se um trabalho de pesquisa bibliográfica buscando
um referencial teórico de diversos autores na área de estrangeirismo. Apesar de ser
um tema ainda não muito explorado e discutido foi possível encontrar importantes
subsídios que ajudaram muito na realização dessa pesquisa. Para adquirir
conhecimentos sobre os conceitos expostos pelos teóricos fui a campo realizar uma
pesquisa. Segundo Barros:
a pesquisa de campo é aquela utilizada com o objetivo de conseguir informações ou conhecimentos acerca de um problema, para o qual se procura uma resposta, ou de uma hipótese, que se queira comprovar, ou, ainda, descobrir novos fenômenos ou as relações entre eles. (BARROS, 2000, p.188)
Para melhor elucidar o tema em questão, foi utilizado como instrumento de
coleta de dados, formulários direcionados para empresários e consumidores do
comércio de Conceição do Coité - Bahia.
Os formulários foram aplicados com 10 (dez) empresários e 10 (dez)
consumidores nos dias 26 de julho e 02 de agosto de 2011 nos comércios que
utilizavam o estrangeirismo como razão social1 ou nome de fantasia2 entre estes,
estavam uma loja de venda de aparelhos celulares, duas lan house, uma academia
de ginástica, casa de estética, uma loja de confecção, uma de material esportivo, um
salão de beleza, um estúdio de tatuagem e uma loja de vendas de computadores e
acessórios de informática.
1 Razão social é o nome devidamente registrado sob o qual uma pessoa juridica se individualiza e exerce suas atividades 2 Nome fantasia (nome comercial, nome de fachada) é a designação popular de Título de Estabelecimento utilizada por uma instituição (empresa, associação, etc)
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Nestes locais foram encontrados os sujeitos da pesquisa, os critérios
utilizados para selecionar foram: o primeiro teria que ser empresário e o segundo o
consumidor teria que estar frequentando o estabelecimento.
Foram encontradas algumas dificuldades, o período escolhido para realização
da pesquisa era difícil encontrar o empresário, pois os mesmos estavam fazendo
serviços nos setores financeiros das lojas ou cobrindo o horário de almoço dos
funcionários, logo tivemos que voltar outras vezes para conseguir que os
comerciantes respondessem o formulário.
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3 ANÁLISE DE DADOS
Os pressupostos teóricos abordados no desenvolvimento do trabalho
apontam que o estrangeirismo é fenômeno constante no processo de
desenvolvimento cultural das sociedades no transcorrer da história, e a cada
movimento histórico se adota o estrangeirismo oriundo das noções que tem maior
poder aquisitivo ou influencia relacionada a movimentos culturais de grande
destaque no mundo. Hoje no Brasil o inglês é mais influente.
Para comprovar essas afirmações foi realizada uma pesquisa no comércio de
Conceição do Coité – Bahia, entre os comerciantes que adotavam nomes oriundos
do inglês em seus comércios e observou-se que eles em muitos casos nem
conheciam o significado, ou quando conheciam sabiam apenas uma tradução literal
bem grotesca ou que viram em algum lugar ou alguém lhes indicou.
Após a pesquisa de campo, foi necessário tabular os dados contidos nos
formulários, separar as respostas e depois confeccionar os gráficos. Logo abaixo,
segue a análise das questões utilizadas na pesquisa.
3.1 DADOS DOS EMPRESÁRIOS
Para a primeira pergunta destinada aos comerciantes: Qual o seu nível de
escolaridade? Obtiveram-se as seguintes respostas:
Gráfico 1: Nível de escolaridade dos comerciantes.
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Neste gráfico pode-se notar que 80% (oitenta por cento) dos entrevistados
possuem o ensino médio completo, 10% (dez por cento) o ensino médio incompleto
e 10% (dez por cento) o ensino superior incompleto.
Ao perguntar a esses comerciantes qual o seu nível de conhecimento com
relação ao inglês, obteve-se as seguintes respostas:
Gráfico 2: Nível de conhecimento com relação ao inglês.
No gráfico acima se pode notar certo equilíbrio com relação ao conhecimento
da língua inglesa. Das pessoas questionadas 50% (cinquenta por cento) dizem
possuir conhecimento básico, 40% (quarenta por cento) afirmam não ter
conhecimento nenhum da língua inglesa, mas mesmo assim usam um nome nessa
língua como razão social2 ou nome de fantasia de seus estabelecimentos, e apenas
10% (dez por cento) tem conhecimento pré-intermediário.
Com as exposições gráficas mostradas anteriormente, fica evidente que
apesar dos comerciantes terem afirmado que possuíam o ensino médio completo,
eles, também, admitiram que o conhecimento em relação à língua inglesa era de
básico ou nenhum.
Quando questionados sobre o porquê dos nomes ou quais fatores lhes
incentivaram a adotar os nomes em inglês, terceira e quarta perguntas do formulário,
as respostas eram as mais diversas possíveis. O proprietário do salão de beleza foi
claro ao dizer que – “meu amigo indicou o nome e disse que hair tinha a ver com
cabelo”, em seu relato falou que depois de um tempo descobriu que hair era a
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tradução para cabelo e “Ponto Hair era mais atrativo que Ponto do Cabelo”. No
relato da proprietária da academia, ela nos contou que o nome foi resultado de uma
pesquisa que sua irmã fez em revistas e na internet. Por esse motivo, ela escolheu o
nome Sport Life e como agora também fazia massagens e cuidava da estética
corporal, ela criou a Stetic Life. Um dos relatos mais interessantes foi a do
proprietário de um estúdio de tatuagem denominado StudioTattoo - o jovem
empresário foi claro a contar o motivo da escolha do nome – nem sabia que a
palavra Studio daquela forma, estava escrita em inglês. Só tirei a letra “e” para dar
uma personalizada e ficar uma logomarca e com relação a palavra Tattoo essa eu
sabia, mas só usei porque todas as revistas desta área usam desta forma. A
proprietária da loja de confecções Sport Hilles disse que a escolha do nome foi de
seu marido que o viu em uma loja em São Paulo. Ele quis imitá-lo usando como
nome de fantasia. O proprietário de uma loja de vendas de aparelhos celulares disse
que escolheu o nome Cell Phone simplesmente porque esse nome já sugere qual o
produto vendido, e o termo phone é de conhecimento de praticamente todos.
Para melhor demonstrar as respostas da quinta e sexta questão, fez-se
necessário a confecção de mais dois gráficos.
Gráfico 3: Conhecimento do significado do nome da empresa.
O gráfico acima representa a resposta para a pergunta: Você acredita que as
pessoas que frequentam este local conhecem o significado do nome dele? Foi
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bastante equilibrada a resposta obtida, sendo 50% (cinquenta por cento) para sim e
de 50% (cinquenta por cento) para não. Quanto maior era o nível de escolaridade e
de conhecimento da língua inglesa dos empresários, menos acreditavam que as
pessoas frequentadoras do estabelecimento conhecessem o significado.
Gráfico 4: Nome da empresa atrai mais consumidores?
Apesar de existir um equilíbrio entre as respostas dos empresários, quando
questionados se eles acreditavam que os consumidores conheciam o significado do
nome da loja, houve uma pequena divergência com relação às respostas dadas para
o sexto questionamento. Eles acreditavam que o nome em inglês atraía mais
consumidores, porém o esperado era que a resposta fosse a mesma da quinta
questão. De acordo com o depoimento da proprietária da academia, por ser o local
frequentado apenas por mulheres e estas darem mais importância a “modismos”, os
nomes em inglês são mais atrativos. Para os proprietários das lan houses, fato
semelhante se observa. Os jovens também são muito influenciados por atualidades,
e estes constituem a maioria dos frequentadores deste tipo de estabelecimento.
Embora o gráfico tenha mostrado que a maioria dos empresários acreditavam
que o nome em inglês atrairía mais consumidores, existiam aqueles que
discordavam disso, como é o caso do proprietário da loja de celulares. Este afirma
que as pessoas procuram os locais pelo produto vendido, a qualidade do
atendimento, indicação e outros, e não por seu nome.
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3.2 DADOS DOS CONSUMIDORES
Gráfico 5: Nível de escolaridade dos consumidores.
Neste gráfico pode-se notar que 10% (dez por cento) dos entrevistados
possuem o ensino fundamental incompleto, 30% (trinta por cento) médio incompleto,
10% (dez por cento) o ensino médio completo e 40% (quarenta por cento) o ensino
superior incompleto e 10% (dez por cento) pós-graduado.
Gráfico 6: Nível de conhecimento com relação ao inglês.
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Ao perguntar a esses consumidores qual o seu nível de conhecimento com
relação ao inglês, obtiveram-se as seguintes respostas: 40% (quarenta por cento)
dos entrevistados disseram que não tinham nenhum conhecimento, 40% (quarenta
por cento) básico, 10% (dez por cento) para intermediário e 10% (dez por cento)
para avançado. Analisando esse gráfico, pode-se notar que o conhecimento dos
consumidores entrevistados nessa pesquisa é bem equilibrado ocorrendo dois
empates sendo um de maior proporção para conhecimento básico e nenhum, e
outra igualdade em proporção menor para intermediário e avançado.
Gráfico 7: Conhece o significado do nome da loja.
Tomando como base o gráfico 6, Nível de conhecimento com relação ao
inglês onde a somatoria de basico, intermédiario e avaçado foi maior que nenhum
,era esperado que os consumidores conhecessem os significados dos nomes das
lojas fato esse provado na representação gráfica apresentada acima, onde 70%
(setenta por cento) disseram sim para eu conheço o significado restando apenas
30% (trinta por cento) para os que não conhecem o significado. O que chamou mais
atenção para esse quetionamento é que entre as pessoas que disseram não ter
nenhum conhecimento da lingúa inglesa, em 10% (dez por cento) dos casos
conheciam o significado ou a traduão literal do nome das lojas.
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Para a ultima pergunta direcionada aos consumidores, merecem destaque as
respostas obtidas dos entrevistados mais jovens, pois esses disseram que os nomes
em inglês lhes chamavam mais atenção que em português. Vejam a representação
gráfica abaixo.
Gráfico 8:O nome da loja em inglês lhe chama mais atenção.
Dos entrevistados 40% (quarenta por cento) disseram sim o nome em inglês
chama mais e atenção e 60% (sessenta por cento) disseram não. Para essa
pergunta foi solicitado uma justificativa e muitos dos entrevistados disseram que eles
procuravam as lojas pelo produto vendido, preço, atendimento ou amizade e não por
seu nome. Apenas as pessoas que disseram sim falavam que os nomes em inglês
eram atrativos. Vejam relato de um consumidor que procurava um celular da
operadora Vivo. - Entrei nessa loja porque me disseram que aqui era uma autorizada
da Vivo e na minha região só funciona essa operadora, nem olhei o nome dela. Uma
senhora que dissera possuir um conhecimento avançado em inglês e era pós-
graduada que estava em um salão de beleza relatou – venho aqui porque os
profissionais são ótimos, se fosse para vir aqui pelo nome, não viria porque essa
combinação de língua materna e língua estrangeira não soa bem para mim.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Analisar as mutações pelas quais a língua passa, viver cada mudança sócio
cultural é um privilegio que apenas alguns tem. Na construção deste trabalho foi
notado que a preocupação que algumas pessoas tem com relação aos
estrangeirismos é algo infundado, visto que a língua portuguesa teve sua origem em
outra e foi aprimorada com o passar dos tempos graças ao contato com outras
culturas. Logo, a preocupação do Frei Francisco de São Luís no inicio do século XX
com relação ao Frances e atualmente do deputado Aldo Rebelo com inglês são
preocupações infundadas, pois nossa língua é basicamente formada de
estrangeirismos.
Com o objetivo de encontrar motivos para mostrar que o deputado está
equivocado e seu projeto de lei é desnecessário, a pesquisa realizada comprovou
que os empresários que fazem uso do estrangeirismo para nomear seus
estabelecimentos não tem como objetivo desvalorizar nossa língua materna e nem
atrair mais consumidores. Eles a utilizam apenas por acharem mais bonito ou por
realização própria visto que muitos deles não acreditam que os clientes possam
conhecer o significado do nome de seu estabelecimento.
Em função da amplitude do tema, muito ainda pode ser dito. Entretanto,
espera-se que as concepções de vários pesquisadores acerca do estrangeirismo
aqui expostas, possam contribuir para desconstruir a ideia de que a presença de
estrangeirismos em nossa língua materna seja maléfica. Como disse Bagno (2002,
p. 74) “os estrangeirismos não alteram as estruturas da língua, a sua gramática. Por
isso não são capazes de destruí-las como juram os conservadores”.
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Referências
ALVES, Júlia Falivene. A invasão cultural Norte-Americana. São Paulo: Moderna, 1992. BAGNO, Marcos. Cassandra, Fênix e outros Mitos. In: FARACO, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2002. BARROS, Aidil Jesus Paes de. LEHFELD, Neide Aparecida de Souza. Fundamentos de metodologia: um guia para a inicialização científica. 2.ed. amp. São Paulo: Makron Books, 2000. BRASIL, Diário da Câmara dos Deputados. Projeto de Lei nº. 1676, de 1999, p. 52060-52063, 4 de novembro de 1999. CAMARA Jr., Joaquim Mattoso. Princípios de lingüística geral. Rio de Janeiro: Padrão, 1989. FARACO, Carlos Alberto. Linguistica histórica: uma introdução ao estudo das linguas. 2. ed. São Paulo: Ática, 1998. GARCEZ, Pedro M.; ZILLES, Ana Maria S. Estrangeirismos desejos e ameaças. In: FARACO, Carlos Alberto (Org.). Estrangeirismos: guerras em torno da língua. 2. ed. São Paulo: Parábola, 2002. INFANTE, Ulisses. Curso prático de gramática aplicada aos textos. São Paulo: Scipione, 2001. STÖRIG, Hans Joachim. A aventura das línguas: Uma viagem através da história dos idiomas do mundo. 3 ed.Tadução Gloria Paschoal de Camargo, São Paulo: Melhoramento, 1990.
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QUESTIONÁRIO PARA EMPRESÁRIOS
1 Qual seu nível de escolaridade?
Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )
Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )
Pós-graduado ( )
2 Qual seu nível de conhecimento com relação ao inglês?
Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )
Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )
Pós-graduado ( )
3 Quais fatores lhes incentivaram a adotar um nome em inglês para seu
estabelecimento?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
4 Por que este nome?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
5 Você acredita que as pessoas que frequentam este local conhecem o significado
do nome dele?
SIM ( ) NÃO ( )
6 Você acredita que o nome em inglês atrai mais consumidores?
SIM ( ) NÃO ( )
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QUESTIONÁRIO PARA CONSUMIDORES
1 Qual seu nível de escolaridade?
Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )
Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )
Pós-graduado ( )
2 Qual seu nível de conhecimento com relação ao inglês?
Fundamental 1 ( ) Médio incompleto ( ) Superior incompleto ( )
Fundamental 2 ( ) Médio completo ( ) Superior completo ( )
Pós-graduado ( )
3 Você conhece o significado do nome desta loja?
SIM ( ) NÃO ( )
4 O fato do nome dessa loja ser em inglês lhe chamou mais a atenção?
SIM ( ) NÃO ( )
Justifique:
_________________________________________________________