Post on 26-Jun-2015
À DISTÂNCIA REVELANDO O “OUTRO”:
EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA E O ENSINO DE HISTÓRIA E CULTURA AFRO-BRASILEIRAS
ZELINDA BARROS
Novembro - 2008
Pontos destacados:
- Dispositivos legais de combate ao racismo na educação (LDB, Leis n. 10.639/03 e 11.645/08)
- Pressupostos para lidar com a diversidade na educação- O Curso de Formação para o Ensino de História e Cultura
Afro-brasileiras- Educação a Distância: possibilidades e limites
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_Dispositivos legais de combate ao racismo na educação
AntecedentesNa década de 70, o Movimento Negro Unificado(BA) propôs a inclusão da História da África
nos currrículos de ensino das escolas brasileiras;
Neste período, é sistematizada por ativistas do MNU, estudantes de Ciências Sociais da Universidade da Bahia, uma proposta de intervenção na área educacional, a chamada “Pedagogia Interétnica”(PI), que tinha como objetivo “[...] estudar e pesquisar o etnocentrismo e o racismo transmitidos pelo processo educacional (família, comunidade, escola, sociedade global e meios de comunicação social) e propor medidas educativas para combatê-los.” (CRUZ, 1987, p. 74). A PI foi aplicada na década de 80, em duas escolas públicas de Salvador e na década de 90 na Escola Criativa Olodum. Em maio de 1993, foi instituída pela Câmara Municipal nas escolas da rede pública de ensino.
Em 1982, o Centro de Estudos Afro-Orientais (UFBA), promoveu o curso “Introdução aos Estudos Africanos”, primeiro curso de formação de professores desta natureza no Estado;
Respondendo à solicitação do CEAO, feita em 1983, e do Movimento Negro Unificado, em 1984, o Conselho Estadual de Educação aprovou parecer que recomendava a inclusão da disciplina “Introdução aos Estudos Africanos” nos currículos de escolas de 1º e 2º graus, em 1 de abril de 1984, e o Secretário de Educação baixou portaria determinando a inclusão da disciplina.
Dispositivos legais de combate ao racismo na educação
Em 20 de dezembro de 1996, a Lei n. 9.394 (Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional - LDB) determinava, em seu artigo 26º, parágrafo 4º, a consideração das contribuições das diferentes culturas e etnias para a formação do povo brasileiro, especialmente das matrizes indígena, africana e européia;
Regulamentação da LDB através da Lei nº 10.639/03, que obrigava a inclusão da temática História e Cultura Afro-brasileiras nos currículos escolares, não só na disciplina História, como incialmente previsto na LDB;
Modificação da LDB pela Lei 11.645/08, com a determinação da inclusão das temáticas História e Cultura Afro-brasileiras e História e Cultura Indígenas nos currículos escolares;
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_Educação e Diversidade Étnico-racial
Entendimento da educação como um caminho para o reconhecimento de segmentos populacionais historicamente invisibilizados – alteridade como forma de exercício da humanidade;
Abertura ao diálogo e à interação com as diferenças (gênero, raciais, religiosas etc.) => humildade para lidar com o que se sabe e reconhecer o que não se sabe; disposição para trocar/construir conhecimentos, não “transmitir conhecimentos”;
Conhecimento de técnicas e métodos pedagógicos deve ser acompanhado de mudança de comportamentos => não se “transmite” conhecimentos sobre a diversidade sem mudança de atitude em relação a ela (liberdade/repressão, igualdade/discriminação);
Deslocamento => conhecer e valorizar sujeitos que historicamente têm sido desvalorizados ou representados de forma esterotipada;
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Público: 600 (seiscentos) profissionais da educação básica (professores, diretores, coordenadores) das redes pública estadual e municipais de ensino
Período: janeiro a maio de 2007 Objetivo geral: Estimular a promoção da igualdade étnico-racial na
educação a partir formação de profissionais da educação para a inclusão da História e Cultura Afro-brasileiras nos currículos escolares.
Objetivos Específicos: Estimular o conhecimento da história e cultura afro-brasileiras; Fornecer subsídios para a implementação da Lei n. 11.645/08, no que se refere à História e Cultura Afro-brasileiras; Consolidar o Programa de Ações Afirmativas da UFBA;
Aspectos metodológicos: Curso totalmente a distância, no ambiente Moodle, estruturado em 4(quatro) Módulos, com turmas de 60(sessenta) alunos por Tutor/a, com avaliação de natureza formativa e somativa.
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Por que EaD na formação de professoras/es? Proporciona maior autonomia do aluno no processo de aprendizagem; mais adequada a pessoas que já desenvolvem alguma atividade
profissional; ampliação do alcance das ações; possibilidade de construção colaborativa do conhecimento; permite uma mudança nos papéis tradicionalmente assumidos por
professores e alunos; desloca o foco do processo educativo da transmissão de conteúdos
professor-alunos, estrutura verticalizada, para a construção horizontal do conhecimento, onde a participação de todos é requerida;
Facilita o trabalho com temas transversais, pois mobiliza os sujeitos cognitiva e afetivamente.
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Aspectos que dificultam o trabalho: O tema do curso, por ser transversal, mobiliza não só cognitivamente
como política e emocionalmente os participantes – conflitos entre tutores e alunos motivado pelo racismo, resistência à transformação de práticas pedagógicas;
falta de engajamento dos professores participantes – interesse na progressão salarial
carência de profissionais de Estudos Étnicos e Africanos com conhecimentos em Educação a Distância ;
erros de planejamento: pouco tempo para execução, recursos sub ou superdimensionados, equipe insuficiente e/ou despreparada;
falta de conhecimento prévio de informática dos participantes; ausência de estímulo à criação de uma cultura de colaboração entre os
alunos do curso no cumprimento das atividades previstas;
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_Aspectos que facilitam o trabalho: O tema do curso, por ser transversal, mobiliza não só
cognitivamente como política e afetivamente os participantes – entendimento da necessidade de abordar a temática em sala de aula e esforço conjunto para combater o racismo na educação;
envolvimento da equipe em todas as fases de execução do projeto;
compreensão das dificuldades do trabalho com esta temática, por parte da equipe, e interesse em superá-las;
reuniões periódicas de discussão e planejamento; participação de especialistas em Educação a Distância no projeto
– apoio especializado, desfazer a idéia de que EaD não é “mais fácil” de fazer que educação presencial e “mais fácil de passar “;
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Considerações Finais A Educação a Distância (EaD) adapta-se ao novo paradigma
educacional, que concebe a aprendizagem como um processo colaborativo, ativo e multidirecional, que é fortalecido pelas habilidades, interesses e cultura do aluno.
Ao proporcionar o trabalho com conteúdos específicos, a EaD permite a imersão dos participantes no mundo virtual, o que favorece ao cultivo de novas práticas comunicativas a partir da familiarização com as tecnologias de informação e comunicação (TIC)