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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE MARINGÁ CENTRO DE CIÊNCIAS HUMANAS, LETRAS E ARTES DEPARTAMENTO DE FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
CURSO DE PEDAGOGIA
O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)
DANIELLY RONCADA PUPULIM
MARINGÁ 2012
DANIELLY RONCADA PUPULIM
O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciado
em Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá.
Orientadora:
Prof(a). Dr(a).:Luzia Marta Bellini
MARINGÁ 2012
DANIELLY RONCADA PUPULIM
O DISCURSO SOBRE EDUCAÇÃO ESPECIAL NA REVISTA NOVA ESCOLA (2010-2011)
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado como
parte dos requisitos para obtenção do grau de licenciado
em Pedagogia, da Universidade Estadual de Maringá.
Orientadora:
Prof(a). Dr(a).:Luzia Marta Bellini
BANCA EXAMINADORA
_____________________________________________________
Profª. Drª. : Luzia Marta Bellini (Orientadora) UEM
______________________________________________
Profª. Drª. : Cristina de Amorim Machado (DFE/UEM)
______________________________________________
Profª. Drª. : Patrícia Lessa dos Santos (DFE/UEM)
Data da Aprovação
Maringá 13 de Novembro 2012
Ao meu filho João Gabriel,
por ser especial e me ensinar a cada dia a ser uma mãe especial
AGRADECIMENTOS
À Deus, em primeiro lugar e acima de todas as coisas, por ter me capacitado a
entrar nesta Universidade e, em especial,no curso de Pedagogia e conseguir chegar
onde cheguei.
Ao meu filho João Gabriel. Filho especial que me ensina cada dia a ser uma mãe
especial... por você eu lutarei enquanto puder, pela sua inclusão,pelo seu
desenvolvimento,meu amor por você é sem limites, incondicional.
Ao meu filho Lucas, por me permitir reviver esse momento mágico que é a
maternidade e mesmo sendo pequenino, muitas vezes, estando eu um pouco
distante, sempre que chego em casa me recebe com seu sorriso e seu amor
incondicionais.
Aos meus pais, por me amarem incondicionalmente e me oferecerem sempre uma
educação de qualidade,sem medir esforços.
Ao meu esposo, pelo companheirismo, compreensão e dedicação ao longo destes
anos.
Á minha sogra, pela atenção, dedicação e amor aos meus filhos que foram
imprescindíveis para mim especialmente neste ano.
À Profª Marta Bellini, por sua dedicação e paciência, por me ajudar neste trabalho e
me ensinar algumas coisas sobre análise de discurso.
À minha amiga Carolina, por me ajudar e não me deixar desistir ao longo deste ano.
Resumo:
O trabalho teve como objetivo analisar textos da Revista Nova Escola sobre inclusão
de alunos que são da Educação Especial. Compuseram o corpus discursivo desta
pesquisa os textos da revista Nova Escola dos anos de 2010 a 2011. Como
resultado da análise obtivemos argumentos prescritivos, ou seja, de como fazer e de
como proceder a inclusão. Porém, esses argumentos não alcançam a cidadania e
consequentemente a inclusão, uma vez que mantêm-se na linha de apenas repetir
os dados legais e não a crítica e a busca de uma inclusão mais efetiva.
Palavras - chave: Educação especial; Discurso; Inclusão.
Abstract
The objective of this study was to analyze magazine texts on Nova Escola including
students of Special Education. This research was made with the magazine text
discourse of Nova Escola year 2010 and 2011. The results of analyze shows a
prescriptive arguments, in the other words, how to make and how to proceed the
inclusion. Nevertheless, this arguments do not reached the citizenship, and therefore
inclusion since remain in line just repeating the data and not legal criticism and
search for a more effective inclusion.
Key words: Special Education; Discourse; Inclusion.
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..........................................................................................................7
1OS ESTUDOS SOBRE O TEMA.............................................................................8
2PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS..............................................................12
CONCLUSÕES.......................................................................................................27
REFERÊNCIAS......................................................................................................29
7
INTRODUÇÃO
Escolhemos essa revista por ser uma fonte de informações aos
professores do Ensino Fundamental e Médio da maioria das escolas públicas,
uma vez que esta chega às escolas mensalmente e, talvez, seja uma das
revistas de divulgação mais lida pelos docentes.
Como acadêmica do quarto ano de Pedagogia decidi–me por este tema
devido à minha afinidade e pela preocupação com a realidade que
encontramos na educação quando se trata de trabalhar com a inclusão de
indivíduos com necessidades especiais.
Em minha opinião a formação para a Educação Especial deveria ser
aprofundada na graduação para que ocorra uma diminuição gradativa da
exclusão escolar, uma vez a formação docente deve se ampliar com os temas
inclusivos, apresentando até mesmo sugestões de como poderemos avançar
nesse processo. Envolvendo pais e educadores e aqueles que lutam pelos
Direitos Humanos.
Para compreender melhor o tema levantamos estudos de alguns dos
especialistas na área como Mendes (2002), Ferreira (2003), Mantoan (2003),
Mittler (2003), Fernandes (2007), Bergamo (2009), Fácion (2009) e Ghiraldelli
(2009) que concordam sobre a necessidade de se investir na capacitação e
sensibilização de profissionais da educação para que ocorra essa diminuição
gradativa da exclusão escolar conforme citado anteriormente, mas
apresentaremos melhor os seus debates sobre o tema na seção 1.
Na seção 2 apresentaremos os textos extraídos sobre o tema da Revista
Nova Escola e apresentaremos a análise dos argumentos dos textos da
mesma e na seção 3 apresentaremos as conclusões deste trabalho.
8
1. OS ESTUDOS SOBRE O TEMA
O meu interesse pelo tema decorreu do fato de eu ser uma educadora e
mãe de uma criança especial, João Gabriel, de 11 anos de idade. Aos dois
anos que foi quando descobri as suas necessidades especiais, a preocupação
de como seria a inclusão dessa criança em uma sala de ensino regular foi uma
constante.
Neste trabalho de Conclusão de Curso apresentamos o tema
relacionado à Educação Especial. O objetivo foi desenvolver uma análise dos
textos sobre Educação Especial publicados nos anos de 2010 e 2011 na
Revista Nova Escola levando em consideração a relação entre a Educação
Especial, a Educação Regular e a Educação Inclusiva. Nossa finalidade é
saber como se apresenta os discursos sobre Educação Especial e inclusão na
referida revista.
O ensino de crianças com necessidades especiais passou a ser direito
de todas as crianças especiais o qual foi promulgado em Setembro de 2008, no
Decreto nº 6.571, que determina que alunos com deficiência devem estudar em
classes regulares. Depois de vivenciar algumas situações de exclusão, veio o
interesse em pesquisar sobre o tema.
Uma das estudiosas da área é Mantoan (2003, p.47). Para essa
pesquisadora “[...] a Educação Inclusiva tem por objetivo entender e
reconhecer o outro dentro de suas possibilidades".
O direito à educação das pessoas portadoras de deficiência se trata de
uma conquista recente na sociedade atual e é resultado de manifestações de
grupos isolados sendo os seus direitos partes pertencentes de políticas sociais
que são voltadas para a construção de alternativas para a melhoria das
condições de vida desses indivíduos.
Outro estudo é o de Mendes (2002 a), para quem a discussão sobre o
movimento de inclusão vem ocorrendo no Brasil há mais de uma década, mas
mesmo assim a maioria dos alunos com necessidades educacionais especiais
9
ainda enfrentam as barreiras da exclusão nas salas de aula no ensino regular.
Diz Mendes( 2002a , p.64).:
O processo de inclusão de alunos com necessidades educacionais especiais tem sido amplamente discutido, principalmente a partir da década de 90, quando iniciou-se o debate sobre a necessidade de não somente intervir diretamente sobre essa população, mas também reestruturar a sociedade para que possibilite a convivência dos diferentes.
Desse modo, nas décadas de 1990 a 2010 o discurso sobre a inclusão
ampliou-se no ideário da educação e da pedagogia tanto que fez Ghiraldelli
(2009,p.1) afirmar que “[...] já não sabemos mais onde e por que queremos
incluir tudo e todos". Ocorreu uma busca pela inclusão sem saber para onde
estávamos indo. Um exemplo disso é a grande parte dos programas de
inclusão social dos governos onde pelos quais as pessoas com necessidades
especiais recebem algum apoio assistencialista, mas continuam na situação de
excluídos da sociedade sem o direito sequer de expressar suas próprias
opiniões acerca da situação em que vivem.
Como vemos, a inclusão de pessoas com necessidades especiais nas
escolas da rede regular de ensino impõe grandes desafios para o sistema
educacional e este está ligado ao que Ghiraldelli (2009) aponta, ou seja, os
direitos humanos.Este assunto têm instigado não só os professores do ensino
especial, mas também do ensino regular, dos pais e da sociedade.
Compreender a diferença e reconhecê-la como própria da condição humana é
um desafio ainda muito complexo e um objetivo a ser alcançado ainda distante
da prática pedagógica diária dos professores.
A principal barreira à inclusão se constitui no despreparo dos
professores em receber esses alunos e é por este motivo que a formação de
educadores para a escola inclusiva merece atenção especial, pois delegar ao
professor a responsabilidade de promover a inclusão dos alunos com
necessidades educacionais especiais deve ser preocupação de toda a
estrutura da escola.
Nesse sentido, temos que caminhar para redimensionar a formação dos
professores enfocando que o objetivo não deve ser apenas o de transmitir
10
conhecimentos, mas sim o de estimular a curiosidade e desenvolver a
capacidade de adquirir conhecimentos.
Mais do que nunca se faz necessária uma reflexão sobre os problemas
de aprendizagem das crianças que apresentam problemas ou deficiências.
Mais do que enfocar no ensino está a urgência em saber como as crianças
nessas situações aprendem.
Muitos estudiosos,entre eles os já citados anteriormente como Mendes
(2002), Mantoan (2003), Fácion (2003) e Ghiraldelli (2009) afirmam que o
atendimento educacional especializado deve ser oferecido nas salas de
recurso em horário de contraturno e deve ser individual ou em pequenos
grupos, pelo professor com formação específica, devendo complementar os
serviços educacionais comuns oferecidos em sala de aula regular. É por meio
desse atendimento educacional especializado que professor da sala de aula
regular e professor da sala especial buscam práticas pedagógicas que facilitem
a aprendizagem do aluno que necessita desse atendimento.
Sabemos que qualquer indivíduo, com deficiência ou não, apresenta
limitações, e neste sentido, este seria um outro caminho para a reflexão sobre
como trabalhar as diferenças em sala de aula, até mesmo porque este fato não
significa que o indivíduo não possa também ser participativo e ainda capaz de
aprender.
Os pesquisadores Ferreira (2003) e Mendes (2002) defendem que a
inclusão é um desafio que deve ser conquistado dia após dia mediante a
capacitação, dedicação e profissionalismo e, acima de tudo, com justiça e
amor.
É a visão de Ferreira (2003, p.42) quando este afirma:
O professor necessita olhar o aluno com olhos de que este tem capacidade de absorver conhecimentos, de aprender, acreditando, sendo predicador de que a criança é capaz.
Nesse contexto delineado pelos estudos na área, a definição de inclusão
vai além do apenas ensinar a ler e a escrever; é preciso desenvolver
capacidades de convivência para ser independente.
11
Sabe-se que os resultados desses trabalhos pedagógicos são em longo
prazo, pois há os dois lados a se construir, o dos educandos e o dos
profissionais.
Mittler (2003, p.161) mostra que cada escola terá um caminho
diferenciado a fazer nessa conquista:
Cada escola encontrará obstáculos diferentes no caminho, porém nem todas elas acharão que as barreiras mais difíceis emergem das dúvidas bastante arraigadas, mas não necessariamente expressas sobre se essa jornada de fato é válida.
O papel da Educação Especial é o de integrar os alunos no contexto
regular, ainda que nem todos vão para a escola regular. A Educação Inclusiva
é o resultado de muitas discussões, estudos teóricos e práticas que tiveram a
participação e o apoio de organizações de pessoas com deficiência e
educadores no Brasil e no mundo. É fruto também de um contexto histórico em
que se resgata a educação como lugar do exercício da cidadania e da garantia
de direitos.
Isto acontece quando se preconiza, por meio da Declaração Universal
dos Direitos Humanos (1948), uma sociedade mais justa em que valores
fundamentais são resgatados como a igualdade de direitos e o combate a
qualquer forma de discriminação. A inclusão promove mudanças necessárias
no sistema educacional, que já não era satisfatório, tanto na escola de ensino
regular quanto na escola de ensino especial. Todos devem estar disponíveis
para enfrentar a situação de inclusão escolar, favorecendo o cultivo de uma
filosofia baseada em princípios democráticos e igualitários, que promovam uma
educação de qualidade para todos os alunos (FÁCION, 2003, p.210).
12
2. PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
Para a seleção da revista escolhemos o período de 2010 e 2011. A
Revista Nova Escola publica 10 números por ano, sendo dois volumes
condensados, janeiro e fevereiro que é feita nas férias nas escolas.
Encontramos nesse período, 4 revistas (abril/2010,
janeiro/fevereiro/2011, agosto/2011 e novembro/2011), totalizando assim
quatro reportagens que abordam o tema relacionado à Educação Especial e à
Inclusão.
Nesta seção vamos apresentar as matérias discursivas por data e após
a apresentação de cada matéria, faremos alguns comentários sobre o assunto.
A) REVISTA NOVA ESCOLA de ABRIL/2010.
Edição 231 Abril/2010
Título do texto 1: Conheça as salas de recurso que funcionam de
verdade para a inclusão.
Vejamos o texto:
Os números do último Censo Escolar são o retrato claro de uma nova
tendência: a Educação de alunos com deficiência se dá, agora,
majoritariamente em classes regulares. Seis em cada dez alunos nessa
condição estão matriculados em salas comuns - em 2001, esse índice era de
apenas dois em cada dez estudantes. O aumento merece ser comemorado,
mas que não esconde um grande desafio: como garantir que, além de
frequentar as aulas, crianças e jovens aprendam de verdade?
13
A tarefa tem naquilo que os especialistas chamam de Atendimento Educacional
Especializado (AEE) um importante aliado. Instituído pelo mesmo documento
que em 2008 concebeu as diretrizes para a inclusão escolar, mas
regulamentado apenas no fim do ano passado, o AEE ocorre no contraturno
nas salas de recursos, ambientes adaptados para auxiliar indivíduos com uma
ou mais deficiências. Segundo o Censo Escolar, atualmente 27% dos alunos
matriculados em classes comuns do ensino regular recebem esse apoio. Se a
implantação das 15 mil novas salas prometidas para este ano de fato ocorrer, o
atendimento alcançará mais de 50% das matrículas - em números absolutos,
cerca de 190 mil estudantes.
Titulo do texto 2: Trabalho não se confunde com atividades de
reforço escolar.
O texto:
Diferentemente do que muitos pensam, o foco do trabalho não é clínico.
É pedagógico. Nas salas de recursos, um professor (auxiliado quando
necessário por cuidadores que amparam os que possuem dificuldade de
locomoção, por exemplo) prepara o aluno para desenvolver habilidades e
utilizar instrumentos de apoio que facilitem o aprendizado nas aulas regulares.
"Se for necessário atendimento médico, o procedimento é o mesmo que o
adotado para qualquer um: encaminha-se para um profissional da saúde. Na
sala, ele é atendido por um professor especializado, que está lá para ensinar",
diz Rossana Ramos, especialista no tema da Universidade Federal.
(grifos nossos)
Os exemplos de aprendizagem são variados. Estudantes cegos aprendem o
braile para a leitura, alunos surdos estudam o alfabeto em Libras para se
beneficiar do intérprete em sala, crianças com deficiência intelectual utilizam
jogos pedagógicos que complementam a aprendizagem, jovens com paralisia
descobrem como usar uma prancheta de figuras com ações como "beber água"
e "ir ao banheiro", apontando-as sempre que necessário. "Desenvolver essas
habilidades é essencial para que as pessoas com deficiência não se sintam
14
excluídas e as demais as vejam com normalidade", diz Maria Teresa Mantoan,
docente da faculdade de Educação da Universidade Estadual de Campinas
(Unicamp), uma das pioneiras no estudo da inclusão no Brasil.
Também vale lembrar que o trabalho não é um reforço escolar, como
ocorria em algumas escolas antes de a nova política afinar o público-alvo do
AEE. "Era comum ver nas antigas salas de recursos alunos que apresentavam
apenas dificuldade de aprendizado. Hoje, a lei determina que somente quem
tem deficiência, transtornos globais de desenvolvimento ou altas habilidades
seja atendido nesses ambientes", afirma Maria Teresa. Com o foco definido, o
professor volta a atenção para o essencial: proporcionar a adaptação dos
alunos para a sala comum. Cada um tem um plano pedagógico exclusivo, com
as atividades que deve desenvolver e o tempo estimado que passará na sala.
Para elaborar esse planejamento, o profissional da sala de recursos apura com
o titular da sala regular quais as necessidades de cada um. A partir daí (e por
todo o período em que o aluno frequentar a sala de recursos), a comunicação
entre os educadores deve ser constante. Se o docente da turma regular
perceber que há pouca ou nenhuma evolução, cabe a ele informar o da sala de
recursos, que deve modificar o plano. Outra atitude importante é transmitir o
conteúdo das aulas da sala regular à de recursos com antecedência. "Se a
turma for aprender operações matemáticas, é preciso preparar o aluno com
deficiência visual para entender sinais especiais do braile", exemplifica Anilda
de Fátima Piva, professora de uma sala de recursos na EMEF João XXIII, em
São Paulo.
Título do texto 3: Salas para todas as deficiências ou especializadas
numa única.
O texto:
No fim dos anos 1990, modelos distintos de salas de recursos chegaram
ao Brasil. Algumas cidades começaram a montar suas próprias configurações,
sem que os especialistas tenham eleito até agora um padrão ideal. Para
Daniela Alonso, psicopedagoga especialista em inclusão e selecionadora do
Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, a diversidade é positiva. "Como a
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proposta desses ambientes é nova, ter mais de um modelo é importante. Após
algum tempo de experiência, aí, sim, pode haver consenso", defende.
Em linhas gerais, é possível agrupar as diversas salas existentes em dois tipos.
No primeiro, há recursos para atender a todas as deficiências. É o modelo
defendido pelo Ministério da Educação (MEC) por meio das chamadas salas
multifuncionais, instaladas a pedido de redes municipais ou estaduais (segundo
dados oficiais, são 5,5 mil em funcionamento). O argumento principal é evitar
deslocamentos e fazer com que todos os alunos com deficiência de um bairro
ou comunidade sejam atendidos no mesmo local - cada sala tem estrutura para
dez estudantes. "Isso tem a vantagem de aproximar a família da vida escolar
dessas crianças. Os pais passam a ter mais informações sobre como auxiliar
seus filhos na busca por autonomia", afirma Maria Teresa.(grifos nossos).
A segunda perspectiva é realizar o AEE por deficiência, como ocorre na
cidade de São Paulo. Não há grandes diferenças em relação à infraestrutura -
as maiores distinções dizem respeito à formação do professor. "No curso,
damos ao educador uma formação específica na área em que ele vai atender.
Oferecemos uma visão geral de todos os tipos de deficiência, mas ele se
especializa em uma única", diz Silvana Drago, assistente técnica de Educação
Especial da Secretaria Municipal de Educação de São Paulo. No caso
paulistano, as salas de recursos também ocupam espaço nas escolas
regulares, e os alunos recebem transporte para o polo mais próximo.
Outras cidades experimentam uma combinação dos dois modelos para
conseguir ampliar o atendimento. É a opção de Fortaleza. Por lá, de acordo
com as previsões oficiais, até o fim de 2010 a rede receberá o reforço de 58
salas do programa do governo federal (hoje, são 105 salas próprias da
prefeitura). O tempo vai dizer qual o melhor modelo e se será necessário optar
por um. "Não sabemos ainda como esse processo vai se encaminhar, mas o
momento é de otimismo", afirma Daniela. "Antes, faltavam iniciativa e oferta de
recursos para AEE. Agora, esses dois fatores já existem."
16
Título do texto 4: O desafio da (boa) formação específica
O texto:
Por mais que os equipamentos das salas de recursos sejam
importantes, é a atuação do professor que tem mais impacto na aprendizagem.
Entre as responsabilidades do educador propostas pela nova lei, estão a
criação de um plano pedagógico específico para cada aluno e a elaboração de
material. "Nesse sentido, o caminho para uma inclusão efetiva é a formação",
afirma Rossana.
O tipo de formação varia de acordo com o modelo de AEE adotado pela rede.
Na proposta do MEC, o curso é a distância, dura 400 horas e aborda todas as
deficiências. "A metodologia é a do estudo de caso, em que os participantes
investigam a melhor conduta para cada aluno", explica Claudia Pereira Dutra,
secretária de Educação Especial do MEC. Na cidade de São Paulo, por outro
lado, a ênfase é na deficiência em que o professor vai atuar. No curso,
presencial, o conteúdo é específico por deficiência. Por exemplo, o professor
que precisa trabalhar com cegos aprenderá braile e o uso de aparelhos de
apoio. Para Daniela Alonso, a formação ainda está longe do ideal. "É uma
medida emergencial para atender à demanda das salas. Tem sido útil para
divulgar o tema, mas precisa melhorar." Uma das maiores necessidades é
ampliar o espaço para a prática. "Não há “nenhum programa de estágio, o que
seria essencial”, finaliza.”
Comentários sobre a matéria:
A primeira reportagem abordada sobre o tema relacionado à Educação
Especial durante o ano de 2010 na Revista Nova Escola foi encontrada no mês
de Abril. Isso nos impressionou porque foi o único exemplar encontrado neste
ano na veiculação de dez exemplares que são feitos pela revista anualmente.
A matéria nos mostra que o caminho para que seja feita, neste caso, a
inclusão de crianças com necessidades especiais, são as salas de recursos
multifuncionais ou ainda conhecidas como salas de atendimento educacionais
17
especializados, ou seja, os argumentos dos discursos são prescritivos, uma
vez que prescreve-se como ter a sala de aula, como fazer etc.
Podemos observar ainda que o foco do trabalho está no professor, na
formação deste, que deve estar preparado para receber estes alunos e saber
trabalhar em equipe com um professor especializado em educação especial
para juntos buscarem alternativas para atingirem o objetivo principal que é o da
aprendizagem. Mais uma vez há a prescrição.
Embora todo o discurso relacionado às salas especiais seja feito,
conforme a fala de Daniela Alonso e por meio das observações feitas durante
os estágios obrigatórios exigidos pela Universidade nas séries iniciais e finais
no Ensino Fundamental durante os anos 2011 e 2012, podemos relatar que
tudo o que se tem feito são medidas emergenciais, os cursos que investem na
capacitação dos professores ainda tem muito que ser melhorado: faltam
estágios para complementar essa formação nessa área. Então, o que poderia
ser feito? Será que, de fato, todos os professores querem e entendem essa
necessidade de saber trabalhar com crianças com necessidades especiais?
Por que já na graduação do curso de Pedagogia, ao longo dos quatro anos de
formação, não existem disciplinas que abordam única e exclusivamente o tema
da educação especial uma vez que o mesmo é um assunto extremamente
importante e vasto? Ou seria mais fácil "fingir" que incluímos nossos alunos
quando na verdade acabamos por excluí-los e assim fica "tudo bem", as
crianças "fingindo" que aprendem e os educadores "fingindo" que ensinam?
Todas essas são questões que nos intrigam como educadores em busca de
uma educação de qualidade.
18
B) REVISTA NOVA ESCOLA de JANEIRO e FEVEREIRO /2011
Edição 239 jan/fev/2011
Título do texto 5: É hora de garantir a aprendizagem de todos
Texto:
Receber os estudantes com deficiência é um avanço. Mas falta fazer da
inclusão uma realidade e assegurar o direito à Educação
Poucas áreas da Educação mudaram tanto nos últimos 25 anos quanto
a inclusão de crianças e jovens com deficiência. Até meados dos anos 1980, o
normal era mantê-los privados da convivência com os demais. Os poucos que
frequentavam uma sala de aula estavam em instituições exclusivas. Foi há
duas décadas que esses alunos começaram a chegar às redes regulares.
Primeiro, apenas ganharam o direito à matrícula. A inclusão, de fato, só veio
mais tarde, quando entrou em cena a preocupação com a aprendizagem.
O preconceito foi o maior empecilho. Durante muito tempo, acreditava-se que
uma criança cega não fosse capaz de aprender tanto quanto outra que enxerga
normalmente. Quando o caso era de deficiência intelectual, então, nem se
falava na necessidade de estudar. Hoje parece inacreditável, mas nos anos
1980 um jovem com deficiência intelectual ou com altas habilidades era
chamado de "retardado". Na década seguinte, consagrou-se a expressão
"crianças excepcionais" para se referir a esses estudantes (em oposição aos
ditos "normais").
19
À medida que a sociedade descobria que o leque de possibilidades para
esses alunos poderia ser ampliado, mudava também a forma de se referir a
eles. No início dos anos 2000, era comum a expressão "portador de
deficiência". Mas ela logo foi abandonada porque a deficiência não é algo que
se carrega num momento e em outro, não. Hoje, o mais correto é dizer "pessoa
com deficiência".
Como boa parte das mudanças na Educação, também no campo da inclusão
tudo começou com a Constituição de 1988, que garantiu o direito de todos à
escolarização e estabeleceu que o atendimento deveria ser feito
preferencialmente na rede regular de ensino. Nem por isso a situação se
transformou rapidamente. Professores, diretores e representantes das
Secretarias de Educação acreditavam que cabia à própria criança adaptar-se
às atividades. O professor não precisava alterar em nada sua aula ou oferecer
materiais diversificados. O resultado é que as chamadas instituições especiais
de ensino continuaram com grande número de matriculados.
Felizmente, iniciativas individuais de professores provaram que é possível para
um jovem com deficiência acompanhar o grupo e aprender como os colegas
(processo semelhante ao que ocorreu em todo o mundo). Assim, quando a Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) foi aprovada, em 1996, já
havia consenso entre os especialistas de que era preciso mais do que garantir
só a matrícula desses alunos. Por vários anos, porém, a LDB provocou uma
espécie de mal-entendido.
No capítulo V, que trata especificamente da Educação Especial, está escrito
que essa modalidade de ensino deve ser oferecida preferencialmente na rede
regular de ensino e, quando necessário, com serviços de apoio especializado.
A palavra "preferencialmente" fez com que poucos Estados e municípios
abrissem as portas das redes - e o atendimento obrigatório na escola regular
só foi formalizado 12 anos depois, com a criação da Política Nacional de
Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva, que define
20
claramente que é obrigatória a matrícula nas redes regulares, com atendimento
educacional especializado no contraturno.
Título do texto 6: Não basta matricular
O texto:
"Direito à Educação compreende acesso, permanência e apropriação
dos conteúdos para participação social, o que exige investimentos em
formação e em infraestrutura", diz a professora da Universidade Federal de
São Carlos (UFSCar) Kátia Regina Caiado. Hoje, o conceito de inclusão prevê
que as escolas devem se adaptar para atender às necessidades de todos. Para
muitos professores, o impacto dessa mudança ainda é grande. Para ajudá-los,
as redes investiram em formação específica, desenvolveram materiais de apoio
e procuraram parcerias com as escolas especiais. "Quando se tem clareza de
que cada estudante é único e que é preciso oferecer diferentes estratégias
para atender às necessidades de cada um, ensinar alguém com deficiência
passa a ser somente mais uma tarefa docente", diz Marília Costa Dias,
coordenadora da especialização em Educação Inclusiva do Instituto Superior
de Educação Vera Cruz, em São Paulo.
Os desafios, porém, ainda são enormes. Há apenas 520 impressoras em braile
em todo o país. As escolas com banheiros adaptados para cadeiras de rodas
são apenas 13% do total e as que contam com sala de recursos multifuncionais
para o atendimento educacional especializado não passam de 16%. Os dados
do Censo Escolar 2007 mostram ainda que 70,8% das crianças com deficiência
cursam o Ensino Fundamental, mas só 2,5% dos jovens estão no Ensino
Médio. A boa notícia é que desde 2008, quando a inclusão nas redes públicas
virou lei, o número de matrículas em escolas regulares ultrapassou o das
escolas especiais. O caminho ainda é longo, mas professores e redes estão
ajudando a fazer da inclusão escolar uma realidade."
21
Comentários sobre a matéria:
A segunda reportagem encontrada na Revista Nova Escola foi
encontrada no ano de 2011 especificamente em um único exemplar, mas que
aborda os meses de Janeiro e Fevereiro.
O anúncio da matéria diz que é hora de garantir a aprendizagem de
todos. Ao ler este anúncio, logo pensamos que talvez tenhamos novas
propostas a serem apresentadas para a inclusão. Porém, ao longo do discurso
percebemos que o foco do caminho da inclusão está novamente nas salas de
atendimento especializado, ou seja, o fato de receber os estudantes com
deficiência é considerado um avanço, mas o que falta ser feito é fazer da
inclusão uma realidade assegurando sempre o direito à Educação, onde a
aprendizagem dessas crianças deve ser o principal objetivo do trabalho.
Assim como foi dito na matéria, o desafio ainda é grande, o caminho
para a inclusão ainda é longo, pois, na realidade o que vemos é que nas
escolas ainda faltam muitos recursos e não basta apenas matricular a criança
na escola regular, é necessário que se tenha um atendimento especializado.
C) REVISTA NOVA ESCOLA de AGOSTO /2011
Edição 244 agosto/2011
Título do texto 7: Inclusão: 7 professoras mostram como enfrentam
esse desafio
O texto:
Educadoras compartilham a experiência de ensinar alunos com
necessidades educacionais especiais. As soluções sempre envolvem o
trabalho em equipe
22
"Não me sinto sozinha nesse trabalho de inclusão. Conto com uma
auxiliar em sala para dar conta de toda a turma e tenho a parceria da
responsável pelo AEE. Juntas, pensamos nas melhores soluções para que
Isabelly avance." Roberta Martins Braz Villaça, professora da EMEB Helena
Zanfelici da Silva, em São Bernardo do Campo, SP.
Ensinar crianças e jovens com necessidades educacionais especiais
(NEE) ainda é um desafio. Nos últimos dez anos, período em que a inclusão se
tornou realidade, o que se viu foi a escola atendendo esse novo aluno ao
mesmo tempo que aprendia a fazer isso. Hoje ainda são comuns casos de
professores que recebem um ou mais alunos com deficiência ou transtorno
global do desenvolvimento (TGD) e se sentem sozinhos e sem apoio, recursos
ou formação para executar um bom trabalho. Dezenas de perguntas recebidas
por NOVA ESCOLA tratam disso. Mas a tendência, felizmente, é de mudança -
embora lenta e ainda desigual. A boa-nova é que em muitos lugares a inclusão
já é um trabalho de equipe. E isso faz toda a diferença.
A experiência de Roberta Martins Braz Villaça, da EMEB Helena Zanfelici da
Silva, em São Bernardo do Campo, na região metropolitana de São Paulo,
comprova isso. Entre seus 24 alunos da pré-escola está Isabelly Victoria
Borges dos Santos, 5 anos, que tem paralisia cerebral. Apesar do
comprometimento motor, a menina tem a capacidade cognitiva preservada. Na
escola desde o ano passado, ela participa de todas as atividades. "Os
conteúdos trabalhados em sala são os mesmos para ela. O que eu mudo são
as estratégias e os recursos", explica a professora.
Isabelly se comunica por meio da expressão facial. Com um sorriso ela escolhe
as cores durante uma atividade de pintura. No parque, com a ajuda das placas
de comunicação, decide se quer brincar de blocos de montar ou no
escorregador. Nas atividades de escrita, indica quais letras móveis quer usar
para formar as palavras e já reconhece o próprio nome. "Ela tem avançado
muito e conseguido acompanhar a rotina escolar", comemora a professora.
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Roberta não está sozinha nesse trabalho. Ela conta com o apoio diário de uma
auxiliar, que a ajuda na execução das atividades, na alimentação e na higiene
pessoal de Isabelly. Outra parceira é a professora do atendimento educacional
especializado (AEE). Num encontro semanal de uma hora, elas avaliam as
necessidades da menina, pensam nas estratégias a utilizar e fazem a
adaptação dos materiais.
Inaugurada em 2001, a escola em que Roberta leciona já foi construída
levando em conta a inclusão: o projeto previa um elevador e um espaço para
uma futura sala de recursos. Mas daí a funcionar com qualidade, com materiais
diversos e uma equipe afinada, foi um longo caminho. "Somente em 2005
passamos a contar com estagiários e auxiliares em sala", lembra a diretora,
Maria do Carmo Tessaroto.
Gestores preocupados com a questão e que buscam recursos e pessoal
de apoio fazem da inclusão um projeto da escola. Dessa forma, melhoram as
condições de trabalho dos professores, que passam a atuar em conjunto com
um profissional responsável pelo AEE, a contar com diferentes recursos
tecnológicos e a ter ciência de que o aluno com deficiência ou TGD não é
responsabilidade exclusivamente sua. Com a parceria da família, as
possibilidades de sucesso são ainda maiores.
Comentários sobre a matéria:
A terceira reportagem abordada sobre o tema traz como capa de sua
principal matéria o slogan da inclusão. Essa foi encontrada no mês de Agosto
no mesmo ano de 2011. São relatos de educadoras que convivem com
crianças especiais em sua prática diária mostrando que o trabalho com a
inclusão é um trabalho de parceria com professores especializados em
educação especial, com a sala de atendimento especial e que a inclusão deve
ser um projeto da escola juntamente com a parceria da família que deve estar
envolvida em todo o projeto para que a inclusão de fato, aconteça. Novamente
existe o discurso de que toda a mudança é lenta e também desigual.
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D) REVISTA NOVA ESCOLA NOVEMBRO /2011
Edição 247 novembro/2011
Título do texto 8: Professora de Educação Física vence com exemplo
de inclusão
O texto:
A diversidade marcou a noite e emocionou as mais de 1,2 mil pessoas
presentes na Sala São Paulo, na capital paulista, para prestigiar os vencedores
da 14ª edição do Prêmio Victor Civita - Educador Nota 10, no dia 17 de
outubro. Os ganhadores - uma coordenadora pedagógica e dez professores -
representam as cinco regiões brasileiras, as zonas urbana e rural e várias
disciplinas. Após muita expectativa, os jurados decidiram o destaque de 2011 e
a mineira Fernanda Pedrosa de Paula foi eleita a Educadora do Ano com o
projeto Respeitável Público: O Circo na Escola.
"Eu apenas represento uma gama de professores que às vezes não aparece,
mas está na sala de aula, realizando inúmeras acrobacias e malabarismos para
garantir que seus alunos aprendam", comentou Fernanda, com muita emoção,
após receber o prêmio entregue pelo presidente da Fundação Victor Civita.
No projeto vencedor, ela focou o trabalho de consciência corporal e inclusão de
alunos com necessidades educacionais especiais (NEEs) na Educação Física.
A iniciativa foi desenvolvida com os alunos de 4º e 5º anos da EM José de
Calasanz, em Belo Horizonte. "Saímos daqui com o desejo de que o Brasil
possa ter milhares de professores nota dez, alunos nota dez, escolas nota dez,
livros nota dez e políticas educacionais nota dez", discursou, representando
todos os demais laureados da noite.
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A festa coroou o trabalho iniciado vários meses antes na FVC com o
recebimento das inscrições de 2.828 projetos de professores e gestores
enviados de todo o país. O material foi averiguado por 15 selecionadores das
várias áreas do conhecimento. E os que passaram por esse crivo inicial
enfrentaram mais um rigoroso processo de avaliação, feito pelos jurados Ruy
Aguiar, especialista de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância
(Unicef), Maria Malta Campos, pesquisadora da Fundação Carlos Chagas
(FCC), Nilson José Machado, professor da Faculdade de Educação da
Universidade de São Paulo (USP), Sofia Lerche Vieira, docente da
Universidade Federal do Ceará (UFC), Sonia Madi, coordenadora da Olimpíada
de Língua Portuguesa, Vera Placco, professora titular da Pontifícia
Universidade Católica de São Paulo (PUC-SP), e Regina Scarpa, presidente do
júri e coordenadora pedagógica da FVC.
Ao lado de Fernanda, completam os Educadores Nota 10: Adriana Rodrigues
de Almeida Oliveira, de Ibitiara, BA, e Catia Eliane Nicolachik, de Itapoá, SC,
com projetos de Língua Portuguesa, Célia Maria Ribeiro Batista, de Joinville,
SC, Edson Thó Rodrigues, de João Pessoa, e Lucimar Borba de Lima, de
Ariquemes, RO, em Matemática, Elaine Adriana Rodrigues de Paula, de Catas
Altas, MG, em História, Flávia Pereira Lima, de Goiânia, em Ciências, Luís
Carlos Batista Rodrigues, de Teresina, em Geografia, Roberto Schkolnick, de
São Paulo, em Música, e a gestora Maria Inês Miqueleto Casado, de Ibitinga,
SP.
O rigor na seleção e a preocupação com a aprendizagem são vistos pelos
especialistas como grandes diferenciais do Prêmio Victor Civita. "Sem dúvida,
esse é a maior premiação de Educação da América Latina. Não existe forma
melhor para valorizar esse profissional tão essencial à sociedade", constatou
Denise Vaillant, professora da Universidade Ort Uruguai e presidente do
Observatório Internacional da Profissão Docente, uma das convidadas.
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"Se pudéssemos juntar todos os premiados em uma única instituição, teríamos
a escola dos sonhos", comentou o jurado Ruy Aguiar, do Unicef. Regina
Scarpa, da FVC, completou que a qualidade do conjunto de vencedores esteve
particularmente forte na edição de 2011. "É motivo de alegria para todos os
envolvidos no processo."
Comentários sobre a matéria:
E, por fim, a quarta e última reportagem encontrada na revista se trata
de uma premiação a uma profissional da Educação Física no mês de
Novembro do ano de 2011 que desenvolveu um trabalho com o projeto do circo
na escola onde se trabalhou a consciência corporal nas crianças com
necessidades educacionais especiais juntamente com mais dez educadores
recebendo a premiação de educadora nota dez.
Ao lermos todas as reportagens encontradas podemos dizer que
concordamos que o foco da inclusão está voltado para a escola e
consequentemente na formação do professor que deve estar preparado para
trabalhar com seu aluno e assegurar a sua aprendizagem. Mas é apenas este
o caminho?
Ao olharmos para a Revista Nova Escola, que, conforme foi dito
anteriormente, é uma fonte de informações aos professores porque
apresentam algumas práticas e reflexões para trabalhar com as diferenças com
o objetivo de superá-las, uma vez que esta chega às escolas mensalmente e
talvez, seja uma das revistas de divulgação mais lida por docentes de Ensino
Fundamental e Ensino Médio, vemos que os discursos contêm apenas
argumentos prescritivos, que mostram o que temos que ter para fazer a
inclusão ou são os mesmos argumentos por exemplo que trazem depoimentos
de professores que já estão fazendo.
São discursos redundantes, matérias com títulos diferentes, mas com o
mesmo argumento, sem apresentar aos seus leitores, os professores, qualquer
novidade sobre o tema.
Os textos não trazem reflexão, crítica nem evidenciam novidades.
Afirmam o que sabemos na área de Educação Especial.
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CONCLUSÃO
Se a proposta da Revista Nova Escola é educar pela divulgação de
novos caminhos para a inclusão, essa meta não foi alcançada nos textos que
analisamos. Os textos tratam do óbvio, das prescrições gerais e não debatem o
papel da Educação Especial. A educação é um direito de todos os indivíduos e
de acordo como Mantoan (2003, p.5): "educar é empenhar-se por fazer o outro
crescer, desenvolver-se, evoluir".
A presença de um portador de necessidades educacionais especiais
nas salas regulares de ensino é de fato um grande desafio para a escola em
relação a atender às necessidades educacionais destes alunos com relação à
qualidade do ensino e ao seu acesso à própria instituição.
A sala de recursos multifuncionais ou de atendimento educacional
especializado são dimensões importantes, porém é também importante e
fundamental a interação professor – aluno porque se nessa sala o aluno não
presta atenção ao professor, é o professor quem deve olhar seus alunos. Ali, o
aluno não é apenas ouvinte e sim realizador de atividades, onde resolve
problemas e desenvolve projetos. Mas, novamente a pergunta nos instiga, é
esse o caminho?
Onde fica a cidadania? A inclusão. As revistas não abordam essas
questões. Trazem apenas o discurso das velhas prescrições e exemplos, sem
tomar a direção mais fundamental que é a interação, a ação e as novidades de
escolas que receberam alunos normais e especiais que juntos convivem e,
talvez, transformam as desigualdades em igualdade cidadã.
Ao analisarmos histórias de pessoas com necessidades especiais,
vemos que durante anos estas perderam a sua própria identidade, passando a
ser nomeadas pela deficiência das quais são portadoras como o cego, o surdo,
o down, o autista, o hiperativo ,etc. Para fazerem uma tentativa de inclusão,
esses alunos passaram a frequentar as classes regulares em escolas
regulares, mas para que isso acontecesse, era necessário uma prévia seleção
onde só seriam incluídos se estivessem aptos e moldados ao formato da
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escola, ou seja, não era a escola quem tinha que mudar e sim os alunos é que
teriam que se adequar às exigências da escola.
Atualmente, um grande número de crianças com necessidades especiais
estão frequentando as escolas regulares e este fato deve nos levar a uma
compreensão no sentido de compreender que as diferenças na sala de aula
antes de serem um complicador para a ação do professor, podem se tornar um
fator de qualificação e de enriquecimento do ensino, uma vez que pais,
professores, enfim, a sociedade em geral deveriam levar em conta que a
convivência entre crianças com e sem necessidades especiais é mutuamente
benéfica.
Ganham os alunos com necessidades especiais na medida em que
convivem em um ambiente rico em desafios e experiências que os estimulem e
incentivem e também ganham os alunos considerados normais por terem a
oportunidade de aprender a conviver com a diversidade, de construir novos
conhecimentos, além de que em espaços onde se dá lugar à diferença e não
se estigmatiza a deficiência, tem-se um lugar propício para as experiências de
ajuda mútua, solidariedade, cidadania e novos conhecimentos, esses padrões
de convivência tão importantes e necessários, são o que faltam em nosso dia a
dia.
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REFERÊNCIAS
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especial. Curitiba: Ibpex,2009.
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REVISTA NOVA ESCOLA. Professora de Educação Física vence com
exemplo de inclusão.edição 247. São Paulo. Novembro de 2011.
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