O colarinho

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Suplemento produzido para a disciplina de Jornalismo Impresso II, 2013, do curso de Jornalismo da Unesp, câmpus Bauru, sob a orientação do Prof. Dr. Angelo Sottovia Aranha

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Bauru | Fevereiro de 2014

Dia quente no trabalho e você mal pode esperar pelo fim do expediente para ir ao bar to-mar uma gelada com os amigos. Dia de jogo do Brasileirão e você está fazendo as contas para ir ao supermercado se abastecer com latinhas. Fim daquela pro-va desafiante na faculdade e você já está pensando no sabor da cerveja. São situações fáceis de se identificar, especialmen-te no Brasil. Mesmo os que não bebem têm, ou já tiveram, pro-ximidade e são familiares com ela de alguma forma. A cerveja pode ser chamada de verdadei-ra instituição nacional e foi pen-sando em você, leitor que tam-bém é apreciador do produto, que se concebeu O Colarinho. Por que a cerveja é tão querida no país? Responder esta questão envolve a contextu-alização de diversos fatores. Em primeiro lugar porque somos um país tropical que frequen-temente atravessa períodos de altas temperaturas. Como as cervejas mais consumidas por aqui são feitas para serem ser-vidas geladas, tornam-se esco-lha apropriada aos que desejam se refrescar. Também pesa na balança um fator histórico: des-de os registros das civilizações mais antigas é possível notar referências ao consumo do ál-cool. A cerveja, com baixo teor alcoólico e efeitos benéficos, tornou-se uma bebida social por excelência. Além disso, a preferên-cia pela bebida em ocasiões de celebração ou descontração já tornou-se praticamente cultu-ral. Recente pesquisa do Ibope encomendada pela CervBrasil (Associação Brasileira da In-dústria da Cerveja) mostra que 64% dos entrevistados esco-lhem a cerveja para comemorar os bons momentos - acima do espumante, vinho e as bebidas destiladas. Há quem argumente

que, pela tradição, é a cachaça que ocupa o primeiro lugar na preferência nacional. Mas é só olhar para as mesas de bar, ge-ladeiras e coolers do país para notar a predominância da “loi-ra” em relação a “branquinha”. Uma explicação pro-vável é a de que o alto teor al-coólico da cachaça dificulta a transformação de seu consumo em rotina social e os efeitos da bebida destilada não combi-nam com o clima tropical tanto quanto os da cerveja. Até na economia a be-bida já está sacramentada. De acordo com a mesma CervBra-sil, o setor cervejeiro recolhe anualmente R$ 19 bi em tri-butos, emprega 1,7 mi de pes-soas e responde por 1,7% do PIB nacional. Da agricultura ao varejo, a área está em constan-te desenvolvimento e contribui largamente com a expansão de outros setores estratégicos. Entretanto, não pode deixar de ser citado o outro lado da moeda. A cerveja, quan-do consumida em excesso, traz notáveis malefícios à saúde, sendo responsável por uma sé-rie de doenças e complicações, e à segurança, causando inúme-ros acidentes de trânsito e des-vios de comportamento. Mais importante do que reconhecer seu peso na cultura e economia nacionais é conscientizar para seu consumo controlado e par-cimonioso. É essencial lembrar que vender cerveja para menor de 18 anos é crime e possui con-sequências negativas para a sociedade. Além de consumo consciente, responsável. É assim que O Colarinho quer se dirigir a você, leitor. A proposta é de agradáveis mi-nutos de leitura, com conteúdo leve e atrativo que vai te deixar salivando por um copo, mas sem esconder as polêmicas e as facetas obscuras do assunto.

Aprecie O Colarinho, mas com informação

Sim, você já ouviu essa frase. Seja aquele tio, algum dos seus pais ou algum conhecido da família que, em determinado instante, normalmente bem an-tes de você ter os ideais 18 anos para ter esse direito, lhe ofere-ceu o primeiro gole de cerveja. Tendo aceitado de supe-tão ou não, se você está lendo esse suplemento, em algum mo-mento você degustou o "suco de cevada". Basicamente qualquer criança ou adolescente não se familiariza com o sabor dessa bebida. A lembrança daquele sabor amargo provavelmente está presente em você, mesmo que tenha sido apenas na pri-meira vez. Mas o que quero desta-car é que, num certo momen-to, a cerveja é aceita por você. Sabor, temperatura, o ato de beber, passam a fazer parte da sua rotina. Para alguns, é ainda antes da maioridade, e para ou-tros, a faculdade é o marco des-sa aceitação, mas enfim, isso é muito variável. Neste instante, então, está consolidada a convenção social. Certas situações levarão você a ter a vontade, se não ne-cessidade, de beber cerveja. Isso pode acontecer por influência externa, como o círculo social

ou mesmo o ramo propagandis-ta, ou interna, quando seu pró-prio psicológico, influenciado por lembranças e experiências, o levará a se render a uma gela-dinha. Como você perceberá lendo todo o conteúdo informa-tivo deste suplemento, a cerve-ja tem seus pontos favoráveis e contraditórios. Entretanto, ela é amplamente aceita em, pratica-mente, qualquer círculo social do território brasileiro. Mas, como? Ou por quê?

Quer experimentar, filho?

É inegável que a cerveja é uma

droga social

Na verdade, eu julgo que seria muita pretensão respon-der isso e, ainda mais, com uma única resposta completa. Ainda assim, há fatores que devem ser frisados e que, sem dúvidas, contribuem muito para a con-solidação desta bebida. Primeiramente, é ine-gável que a cerveja é uma dro-ga social. Desde tempos muito remotos, como no Antigo Egito, já há registros de como a loiri-nha já unia pessoas. Se levar-mos para o lado mais técnico da

questão, por ser alcoólica, a be-bida causa desinibição. Entre-tanto, isso não explica porque a birra é tão bem aceita. Então, partimos para o segundo fator. A cerveja é um produto totalmente acessível e adaptável. É possível conseguir uma bebida com um ou, para os mais assíduos, por mais de cen-tenas de reais. Mais que isso, você pode escolher entre diver-sos tipos que variam cor, con-sistência, sabor e composição. Ou seja, sempre haverá uma cerveja adequada à sua necessi-dade ou vontade. Enfim, esta é uma ques-tão grande e que envolve prefe-rências e quereres, fatores com-plicados de serem analisados. O que não há dúvidas é que tal discussão daria uma ótima con-versa de mesa de bar, daquelas que levam horas e não cansam os envolvidos. Para entender a pro-blemática, o melhor mesmo é preparar aquela geladíssima e se entregar à convenção social. Escolha a sua companheira pre-ferida, uma loirinha trincando, uma ruiva encorpada, aquela morena doce ou, se preferir, todas, e se renda, meu ami-go. Brinde a essa maravilha do mundo antigo, do mundo mo-derno e do mundo contemporâ-neo. Ave, cerveja!

João Victor Belline

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Boa Leitura

Bauru | Fevereiro de 2014

Camila Valente

O Brasil é o terceiro maior produtor de cerveja do mundo, atrás apenas dos Esta-dos Unidos e da China. A pro-dução nacional é de cerca de 13 bilhões de litros por ano e o consumo fica na casa dos 60 litros ao ano, segundo a Associação Brasileira da Indústria da Cerve-ja (CervBrasil). A primeira notí-cia de que se tem regis-tro sobre a fabricação da cerveja no país ocorreu no Rio de Janeiro, no ano de 1836, com a Cervejaria Brazileira. Já os primeiros registros do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa), em relação ao número de cervejarias autorizadas, foi em 1974, mostrando apenas quatro fábricas em todo o país. No caso das cerve-jas artesanais, os registros datam de 1995. Daí surgi-ram as duas que são atual-mente pioneiras do movi-mento artesanal: a gaúcha

Caminhos da cerveja no BrasilDos primórdios à atualidade: um rápido giro pela história da queridinha dos brasileiros

DaDo Bier e a paulista Colorado. A última, sediada em Ribeirão Preto, ficou conhecida, mesmo entre o público não especializa-do, devido a suas receitas que utilizam produtos tipicamente brasileiros, como café, castanha do pará e rapadura.

A partir de 2006 os nú-meros começaram a aumentar e, atualmente, o maior registro de cervejarias pelo Mapa foi no ano de 2012, com 31 novos pro-dutores autorizados. Hoje são 232 fábricas e 2.657 chopps e cervejas certificados pelo mi-

O vasto mundo da cerveja: das tradicionais às artesanais

Getty Images

Brasileiro prefere Ambev, aponta pesquisa

Mauricio Daniel e Henrique Cézar

O brasileiro continua preferindo os produtos da Ambev. É o que apontam as re-centes pesquisas que colocam a maior cervejaria da América Latina como controladora de 68% do mercado cervejeiro nacional. A Companhia de Be-bidas das Américas (Ambev) conta com números que refle-tem a dimensão econômica da indústria da cerveja no Brasil.Com 34 fábricas, 59 centros de distribuição e mais de um milhão de pontos de venda, a

Proprietária de Brahma, Skol e Antarctica domina cerca de 70% do mercadoempresa emprega cerca de 45 mil funcionários e todas as eta-pas de produção chegam a en-volver seis milhões de pessoas. Com lucro líquido de R$ 10,5 bilhões em 2012, é hoje a maior empresa do Brasil, supe-rando a Vale e a própria Petro-bras, e a cervejaria que mais lu-cra em todo o mundo. Ao todo, são 17 marcas de cerveja, entre elas as líderes Brahma, Skol e Antarctica. A Ambev nasceu em 1999 após a fusão entre An-tarctica e Brahma, pertencendo desde 2004 à companhia de be-bidas belga-brasileira AB InBev.O forte domínio do mercado

por parte da Ambev dificulta a atuação das cervejarias concor-rentes e exige uma dinâmica de inovações e investimentos. Após liderar o mercado nor-destino por mais de dez anos, a Nova Schin perdeu o posto para a Skol, obrigando a empresa a lançar uma nova marca espe-cialmente para a região, a cer-veja No Grau, para recuperar mercado. Após ser adquirida pela coreana Kirin, formando a Brasil Kirin, o grupo, também detentor das marcas Devassa e Glacial, voltou a brigar pelo segundo lugar de preferência do consumidor. O Grupo Pe-

trópolis, contro-lador das marcas Itaipava e Crystal, também tem am-pliado os investi-mentos e até 2020 pretende estar em todo o país. Outra cerve-jaria que vem au-mentando suas perspectivas no mercado nacional é a Heineken, tra-dicional no conti-nente europeu e que cada vez mais ganha a simpatia dos brasileiros. Além de inves-tir em eventos, a empresa recen-temente adquiriu a Kaiser, com o intuiuto de retor-

mar o prestígio de meados da década de 1980.

Por volta de 1915, a cervejaria Brahma não chegava nem perto do gigantesco grupo que viria a se tornar

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Milk Shake de CervejaEm 2012 um restaurante ame-ricano criou o milk shake de cerveja que é feito de sorvete de creme, cerveja e caramelo.

Sorvete da SkolEm março de 2013 a Skol lançou seu sorvete de cerveja, que causou polêmica, pois a propaganda poderia despertar a atenção do público infanto--juvenil.

Comerciais de cerveja deixam mulheres menos inteligentes Uma pesquisa feita pela Asso-ciação Americana de Psicologia afirmou que a capacidade men-tal das mulheres fica obstruída quando submetidas a pensar sobre seus corpos. É a ideia de mulher-objeto que muitas pro-pagandas de cerveja passam.

nistério. Consequentemente, a produção e o consumo também cresceram. Nos últimos cinco anos, considerando-se apenas pro-dutos de alto valor agregado, como alimentos processados e algumas bebidas, a cerveja foi

um daqueles que teve maior crescimento no consumo. Apesar disso, em 2013, os brasileiros consumiram, em média, uma latinha de cerveja a menos por mês. Isso se deu devido ao aumento do endividamento das fa-mílias, à alta no preço do produto, desde o segun-do semestre de 2012, e à Lei Seca. Gigantes como a líder Ambev, Grupo Petrópolis, Kirin Brasil e Cervejaria Heineken estão passando por um período delicado, nun-ca antes vivenciado na história. O desafio ago-ra é retomar o consumo positivo sem, com isso, aumentar o preço da cer-veja e causar ainda mais prejuízos.

Participação de mercado das 4 principais cervejarias no Brasil

Ambev (68%)

Grupo Petrópolis (11,3%)

Brasil Kirin (10,7%)

Heineken (8,6%)

Antarctica, Bohemia, Brahma, Bu-dweiser, Caracu, Kronenbier, Ori-ginal, Quilmes, Skol, Stella Artois

Itaipava, Crystal, Lokal, Black Prin-cess, Petra, Weltenburger Klaster

Devassa, Glacial, Nova Schin, Ba-den Baden, Eisenbahn

Revista Veja, 2013

Heineken, Kaiser, Bavaria, Sum-mer, Sol

DISPUTA DESIGUAL

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Bauru | Fevereiro de 2014

Higor Boconcelo Quem nunca se pergun-tou, enquanto aprecia uma boa cerveja, qual caminho ela fez para chegar até a mesa? Mesmo que aparentemente simples, o processo de produção da cerve-ja é trabalhoso, podendo variar em diversas maneiras ao redor do planeta. Parte inicial do proces-so, a água deve ser tratada es-pecialmente para a fabricação da bebida, de forma que se en-quadre em um padrão exigente de qualidade. Em seguida vem o malte, mais comumente o da cevada, fonte de amido da cer-veja, que fornece o material fer-mentável e determina o sabor de cada bebida. Outros tipos de amido, tais como milho, arroz, trigo, aveia e centeio também podem ser utilizados. O malte, então, é moído e adicionado à água para que a formação de enzimas se inicie, a fim de que as cadeias de ami-do sejam quebradas em cadeias menores de glicose e maltose.

Na linha de produçãoConheça um pouco mais sobre o processo de fabricação da cerveja

Em seguida, a mistura resultan-te é filtrada, quando são separa-das cascas e bagaços do líquido, que passa a ser chamado de mosto, já apresentando a cor de cerveja nesta etapa. Seguindo com a fabrica-ção, o mosto é levado à fervura, que pode durar entre 15 e 120 minutos. Esse processo garante que as bactérias e demais subs-

tâncias nocivas sejam esterili-zadas, impedindo uma série de infecções. Durante a ebulição é adicionado ao mosto o lúpulo, um vegetal de origem europeia, cultivado no Brasil unicamente para a fabricação de cerveja. É responsável por dar amargor e aroma ao líquido, ingrediente cuja variação caracteriza diver-sos tipos da bebida.

A decantação acontece logo após a fervura – é o mo-mento em que as proteínas co-aguladas até aqui se depositam no fundo do recipiente de pro-dução, deixando o mosto pron-to para ser retirado e resfriado, em uma temperatura entre 7 e 12 graus. Em seguida, é adicio-nada à mistura a levedura, mi-croorganismo responsável pela fermentação da cerveja, proces-so seguinte da fabricação. Etapa com a maior va-riabilidade na produção, a fer-mentação pode ocorrer em tanques de diversos tipos e formatos, bem como variar a duração do processo, período estimado entre 2 e 20 dias, de-pendendo da cerveja que está sendo fabricada. Durante essa pausa, os açúcares do mosto são consumidos pela levedura, sendo transformados em álco-ol e gás carbônico. Os tanques possuem temperatura restrita-mente controlada entre 8 e 15 graus, garantindo uma fermen-tação sempre homogênea. Fermentado, o que era

Segundo a revista Exame, o Brasil é o 3° maior produtor de cerveja do mundo, com 13 bilhões de litros produzidos por ano

mosto passa a ser cerveja verde. A próxima etapa então é a ma-turação, que acontece em tem-peraturas baixas (zero graus ou menor), por um período que va-ria de alguns dias a semanas. A levedura continua agindo na su-perfície do líquido e, ao término do processo, é separada por de-cantação ou flotação. Também é incorporado ao líquido mais gás carbônico, e da mistura são retirados também alguns gases que possam ter restado da fer-mentação. Rumando para a fina-lização, a cerveja é novamente filtrada e, se necessário, gaseifi-cada, para que, enfim, se torne como a que conhecemos por aí. Segue para o envasamento, sendo depositada com o máxi-mo de cuidado nas respectivas embalagens comerciais, evitan-do a entrada de oxigênio. Por fim é pasteurizada, garantindo estabilidade ao produto que será armazenado até chegar às mãos do consumidor – o que, com toda certeza, não costuma demorar.

bierwin.com

.br

Calma, tem pra todo mundoLúpulo, teor alcoólico e armazenamento definem a cerveja certa para cada paladar Vários detalhes podem diferenciar uma cerveja da ou-tra. São vários os tipos da be-bida ao redor do planeta, cujos aspectos levados em considera-ção para a classificação podem

LAGERSser cor, aparência, aroma, sabor, sensação, força e gravidade. Po-rém, a divisão mais simples que é feita entre as cervejas diz res-peito à fermentação, sendo as de alta fermentação denomina-

das Ales, e as de baixa fermen-tação, mais populares ao redor do globo, denominadas Lagers. Confira algumas das mais co-nhecidas – e nem todas tem O Colarinho. Experimente!

American Dark Lager/All-Malt Lager - cor escura proveniente da junção de malte e por vezes de caramelo, sendo que, em princípio, as All-Malt apenas utilizam malte na sua concepção, enquanto que as Dark Lager podem ter a junção de outros cereais. Leves e com bastante gás. Um pouco doces.

American Macro Lager - Leves, claras, gaseificadas e aguadas. Não muito amargas, médio-baixo teor de álcool, pouco sabor e aroma.

Bock - substancialmente mais forte do que uma lager, mais ro-busta, com uma maior presença de malte e mais escura, podendo chegar a tonalidades castanhas. O volume de álcool varia entre 5,5% e 7,5%, sendo que o grande destaque vai para a sua suavi-dade, transmitida não só pelo malte como também pelo tempo de armazenamento

Bohemian Pilsen - cor amarela clara a dourada, pouco amarga devido ao intenso uso de lúpulo e com aroma e sabor um pouco frutados ou mesmo florais. Classic German Pilsner/Pils - As pilsen de origem alemã dividem--se em dois grandes grupos: as do norte e as do sul. No geral, são cervejas amarelo-claro, transparentes, espuma branca e pouco persistente, com sabor de lúpulo e, por vezes, a frutos e ervas.

Eisbock - tipo mais forte de Bock. sabor mais concentrado e rico em malte, o que lhe dá uma certa doçura, necessária para equilibrar com o acentuado teor de álco-ol, que chega a ascender aos 8%. A cor pode variar entre o castanho-avermelha-do e o preto.

Pilsen - O tipo das brasileiras! Pá-lidas, amarelas e com presença de lúpulo quer no aroma, quer no sabor. O teor alcoólico varia entre 4,0% e 5,5%.

Premium Lager - cor dourada ou mesmo acobreada e possuem um forte sabor dado pelo malte e pelo lúpulo. O álcool costuma variar entre 4,5% e 5,5% e têm menos gás do que uma pilsen comum.

Rauchbier - escura, alemã, um pouco tostada. O volume de álcool varia entre os 4% e os 7%.

ALESAltbier - castanha, oriunda da Alemanha. Bem balanceada e delicada, com boa presença de frutas, grande equilíbrio entre malte e lúpulo e uma presença mediana de gás.

Amber Ale - podem variar desde produtos sem grande interesse e caramelizados, a cervejas como uma boa quantidade e balanço entre malte e lúpulo.

American Pale Ale - claras, que vão desde o amarelo dourado até à cor de cobre. Estilo definido pelo lúpulo de origem americana, transmitindo um forte aroma à cerveja bem como uma relativa acidez.

American Strong Ale - abrangente, engloba cervejas fortes com volume alcoólico superior a 7%. Oriundas dos EUA. Alto teor de lúpulo.

Baltic Porter - estilo muito complexo, espe-cialmente o sabor, com presença de choco-late e malte torrado, elaborado com lúpulo continental e malte de Viena ou de Munique. cerveja não muito pesada devido a uma boa

presença de gás.

Belgian Ale - Podem ir de um amarelo dourado até à cor de cobre, boa presença de frutas, malte e especiarias tanto no aroma como no sabor. espuma bran-ca, cremosa e não muito duradoura.

Brown Ale - bastante sabor, forte presença

de lúpulo. A cor varia

entre um castanho-avermelhado a castanho escuro e a espuma deverá ser creme e não muito duradoura.

Cream Ale - aspecto claro e límpido, de corpo leve, forte presença de gás e com pouca ou nenhuma sen-sação de lúpulo quer no aroma, quer no sabor, o que faz com que tenham uma acidez média a reduzida.

English Pale Ale - não são muito claras, apresen-tando uma cor entre o dourado e que pode ir até ao âmbar ou acobreado. Grande presença de malte, apesar das características amargas e secas do lúpulo também estarem presentes.

Irish Red Ale - suaves, equilibradas e leves. início adocicado, segue-se o sabor típico do malte e um fim com cereais torrados, o que lhe dá uma caráter seco. A sua cor avermelhada é obtida através da junção de malte de cevada, sendo que por vezes se utiliza milho, arroz ou mesmo açúcar para suavizar o produto final. A presença de gás não é elevada, bem como a do álcool: entre 4% e 6% ABV

Mild Ale - Ligeiramente maltada e com pouco sabor e aroma a lúpulo, estas cervejas são castanho-escu-ras e possuem pouco gás bem como pouca espuma.

Milk/Sweet Stout - origem inglesa, historicamente conhecido como Milk ou Cream, devido à utilização de lactose como adoçante, é de cor bastante escura, tendencialmente doce e possui um sabor com um toque a cereais torrados, o que faz com pareça um expresso açucarado.

Old Ale – inglesa, é assim designada por passar por um processo de envelhecimento após a primeira fermentação. Encorpada e complexa.

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Bauru | Fevereiro de 2014

Colonização alemã propicia a instalação de indústrias cervejeiras e da cultura germânica no sul do país

Cultura cervejeira alemã se espalha pelo país por meio de festivais

No ano de 2013, o Oktoberfest Blumenau recebeu 451.523 pessoas, que consumiram, ao todo, 531.159,2 litros de chopp

Marcelo M

artins

Cervejaria HRitter (1897) – No período das grandes guerras, muitas indústrias alemãs foram queimadas e a cerveja deixou de ser produzida por um longo período.

São Leopoldo, em 25 de julho de 1824, foi o ponto de chegada dos primeiros alemães que desembarcaram no Brasil. Em suas bagagens, roupas, su-primentos e um vasto conhe-cimento em relação a bebidas milenares, como a cerveja e o vinho. Após enfrentarem diver-sas dificuldades de adaptação, nos anos 1840 e 1850, os imi-grantes iniciaram o processo de industrialização no setor que conhecemos hoje como cerveja-ria. De acordo com o jornalista e historiador de cultura alemã Fe-lipe Kuhn Braun, “Georg Hein-rich Ritter torna-se o primeiro cervejeiro oficial do Rio Grande do Sul, ao fundar sua cervejaria na cidade de Linha Nova, nos anos 1850”. Ele defende que falta historiografia e reconheci-mento de que foram os alemães que começaram esse processo no sul do país.

Certamente, a cultura cervejeira atual do Brasil é uma forte marca da imigração alemã, no entanto, Felipe ressalta que a Alemanha também abrigava uma forte tradição de vinho, bebida associada hoje, no Bra-sil, muito mais à Itália, França, entre outros países. Porque há, então, esta tendência de elevar-mos as cervejas alemãs como as melhores? Ben Otten, estu-

Um evento que conta com cerca de três mil pessoas em sua organização e um pú-blico médio de cinco mil pes-soas, além de gerar duas mil vagas de empregos temporá-rios e aumentar em 10,7 % o faturamento do comércio da cidade de Blumenau. Estes são dados do Oktoberfest, o maior festival alemão das Américas e o segundo maior do mundo. O Oktoberfest Blumenau ocorre anualmente no Parque Vila Ger-mânica, local usado para feiras, exposições, congressos e espe-táculos na cidade. Sabe-se que a cerveja é o principal item desse tipo de festival, que, ao trazer dança, música e gastronomia alemã, busca resgatar a cultura germânica trazida junto à colo-nização do sul do país. O curio-so, no entanto, é que o Okto-berfest de Blumenau surgiu em decorrência de uma grande en-chente que devastou a cidade no

A festa toma conta da cida-de! São três ou quatro fins de semana en-tre setembro e outubro e a ci-

dade fica lotada de turistas e de alemães que vão pra lá, porque realmente é algo bem tradicional pra eles. Dentro da festa, eles têm de tudo. Várias barracas com co-midas típicas, brinquedos de par-que de diversões etc. Mas o mais legal mesmo é ir às tendas de cerveja. Nas tendas, o esquema é assim: você só bebe cerveja se estiver sentado. Então, tem que chegar muito cedo pra conseguir um lugar. Eles começam a servir às 12h, e são sempre aquelas mu-lheres vestidas tipicamente que levam a cerveja pra você, segu-rando várias canecas. Fora isso, tem bandas tocando músicas típi-cas e essas barracas também ser-vem comidas tradicionais. Se não me engano, são 12 tendas, cada uma de uma cervejaria bem tradi-cional da Alemanha. O pessoal é muito simpático, fica todo mundo em clima de festa, brindam o tem-po todo com o ‘Prost!’(Saúde)”

Beatriz Vital

dante alemão e residente de Munique, comenta que “a única coisa especial e comum entre as cervejas da Alemanha é o orgu-lho, conhecido como ‘Reinheits-gebot’”. O ‘Reinheitsgebot’, ou ‘ Lei da Pureza da Cerveja’ cons-tituiu um dos mais antigos de-cretos alimentares da Europa. Promulgada pelo duque alemão Guilherme IV da Baviera, em 23 de abril de 1516, a lei instituiu que a cerveja deveria ser fabri-cada apenas com água, malte de cevada e lúpulo. Ben com-plementa citando que essa im-portância revela-se nos rótulos

e propagandas de cerveja que trazem o escrito ‘Gebraut nach deutschem Reinheitsgebot’, que significa ‘ Fabricado em concor-dância com a Lei da Pureza da Cerveja’. ‘Também os rótulos, muitas vezes, mostram monges, que, na historia popular, foram os primeiros a fazer a cerveja do tipo conhecido hoje’, conclui o alemão. A partir deste decreto e da colonização deu-se a fama das cervejas alemãs no Brasil e juntamente a isso, cidades do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina experimentaram e vi-

venciam até hoje arquitetura, a gastronomia e os costumes ger-mânicos. Pamela Griebner, des-cendente alemã e polonesa é moradora de Blumenau comen-ta que tudo isso é uma herança: “não conheço nenhum descen-dente que não tenha ao menos experimentado um bom chopp, além do mais, a cerveja veio junto com toda a arquitetura trazida pelos imigrantes. Aqui, o consumo de cervejas é feito em bares pelas cidades, nos ba-res também anexos às próprias fabricas, e é claro, principal-mente nos festivais”.

Fernando de Andrade, 28

anos, Consultor de SegurosOktoberfest

Blumenau 2013, SC – Brasil

A Oktoberfest não se resu-me à cerveja. Claro que é o carro chefe, mas tem dentro disso muito de

gastronomia e influência alemã. Além das danças e de mostrar um pessoal sempre feliz. Não precisa amar cerveja para ir à festa e se divertir, precisa apenas gostar de comida, música boa e de apren-der sobre novos modos”

ano de 1984. Pamela Griebner, relata que os divertidos desfiles em carros alegóricos e as dan-ças e músicas típicas alemãs foram implementados a fim de aumentar a auto estima da po-

pulação, além de movimentar a economia da cidade através da comercialização das cervejas artesanais. Felipe Braun confir-ma a informação e ainda acres-centa que o Oktoberfest surgiu

como uma recriação da tradi-ção, muito mais por uma ques-tão de necessidade comercial e financeira do que pela tentativa de resgatar a cultura alemã, que ficou muito restrita a algumas pessoas. Festivais como o Okto-berfest se espalharam por todo o Brasil, e os colonizadores eu-ropeus comemoram suas tradi-ções em diversos festivais como Sommerfest, Fenarreco, Mare-jada, Festa do Imigrante, Festa Pomerana, entre outros, mas, de acordo com Ivone Lemke, Di-retora de Eventos e Operações do Parque Vila Germânica, “o que diferencia a nossa (Okto-berfest) das demais não é ape-nas a festa em si, mas sim todo o conjunto de fatores: praticamos e vivemos tradições dos nos-sos colonizadores diariamente, a arquitetura blumenauense é muito germânica, assim como a culinária, os grupos folclóricos, os clubes de caça e tiro.” Ela res-salta que a Oktoberfest de Mu-nique é a base e referência para o festival de Blumenal, que traz desfiles, bandas alemãs, danças folclóricas e o Concurso dos To-madores de Chopp de Metro.

Certamente, a cultura cervejeira

atual do Brasil é uma forte marca da

imigração alemã

Rodrigo Borges, 28 anos, BancárioOktoberfest Blumenau 2013, SC - Brasil

“Fui à Oktoberfest com a intenção de conhecer o festival, a cultura alemã, e a diversidade de chopps que fabricam por lá. Achei muito interessante, pois, ao contrário do que muitos pensam, é uma festa familiar. Mesmo sendo fortemen-te associada ao consumo de chopp e cerveja, você vê muitas crianças na festa, não vi nenhum tipo de briga, a grande maioria vestida à caráter, e organização incrível comparada a eventos que estamos acos-tumados aqui em São Paulo. A cidade se mobiliza para fazer a festa

Amanda Tavares, 24

anos, Estudante Oktoberfest

Munique 2013, Alemanha

Acervo Felipe Kuhn Braun

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Curiosidades não faltam na trajetória da cervejaVitor Rodrigues e Tiago Pavini

A história de amor entre o brasileiro e a cerveja não passa nem perto de ser algo novo. Em meados de 1641, na cidade de Re-cife, o mestre cervejeiro Dirck Dicx implan-tava a primeira cervejaria do continente americano. A atitude foi tomada a mando do holandês Maurício de Nassau, enviado da West India Company como governador das terras de Pernambuco. Além de afini-dade com a cerveja, o brasileiro também vem mostrando desenvoltura na hora de produzi-la. As marcas nacionais por vezes concorrem ombro-a-ombro com marcas tradicionais, o que aconteceu, por exem-plo, nas premiações de 2009 do European Beer Star Awards, que elege anualmente as melhores cervejas do mundo, conquista-das pelas nacionais Eisenbahn (Ouro para a versão Dunkel, na categoria German Sty-le Scharzbier, além da Prata para a versão Weinzenbock na categoria Weizenbock Dunkel), Baden Baden Stout (Bronze na categoria Dry Stout) e Bamberg (Prata na categoria Smoked Beer). A cerveja ou chopp é a bebida al-coólica mais consumida anualmente pelos brasileiros quando analisadas dose a dose. De todas as doses anuais consumidas por brasileiros adultos dos dois gêneros, de qualquer idade e região do país, em torno de 61% são de cerveja ou chopp, 25% de vinho, 12% destilados e 2% as bebidas ice. Entre os destilados, a cachaça é a bebida

mais consumida, seguida pelo whisky, vodka e o rum. A produção, comerciali-zação e, além de tudo, a cultura da cerveja é rica de história e curiosidades no mundo intei-ro. É dito, por exemplo, que na Idade Média consumia-se mais o líquido dourado que a própria água. A motivação era a exis-tência de vasta contaminação desta última, causada pelo mau saneamento básico da época. Outra lenda da cerveja, Andre, o Gigante, podia beber 119 cer-vejas em 6 horas, fato que para pessoas comuns é muito impro-vável antes de causar uma into-xicação alcoólica. Andre tinha 2,24 metros de altura e pesava em torno de 230 kg. Nos anos 20, nos Esta-dos Unidos da América, ocorreu uma proibição de consumo, ven-da, importação e distribuição de álcool. O dia negro da instau-ração do novo regulamento foi 17 de janeiro de 1920. Dali em diante, os americanos ficaram sem consumir álcool legalmen-te por um período de 13 anos, 10 meses, 19 dias, 17 horas, 32 minutos e 30 segundos. Os 13 anos ficaram marcados por uma alta taxa de venda ilegal que é conhecida até hoje por “The

Noble Experiment”. O “experi-mento” foi o período chave para que surgissem cada vez mais grupos do submundo. Uma das grandes figuras que bailaram sobre o governo na época foi o famoso gângster Alphonse Ga-briel Capone, conhecido como Al Capone - eternizado na voz de Raul Seixas. Após o término do período e da liberação do ál-cool, o então presidente ameri-cano Franklin Delano Roosevelt declarou sua famosa frase: “O que a América precisa agora é um drink”. A primeira civilização a produzir cerveja foi a dos babi-lônios e a punição para quem produzisse um lote ruim era o afogamento no próprio. Os vikings acreditavam que uma cabra esperaria por eles em Valhalla (denominação de “pa-raíso” viking) que forneceria um suprimento ilimitado de cerveja. Em 1814, uma ruptura em um tanque de fermentação causou uma “tsunami de cerve-ja” em Paris. Com um volume aproximado de 1400000 litros (ou 1,4 milhões de litros), o “fenômeno” destruiu duas ca-sas e matou 9 pessoas. Estas são algumas das histórias que rondam a cevada e não apenas

“A cerveja é a prova de que Deus nos ama e nos quer ver felizes.”Benjamim Franklin, fundador dos EUA

“A cerveja, se bebida com modera-ção, torna a pessoa mais dócil, ale-gra o espírito e promove a saúde”

Thomas Jefferson, ex-presidente americano

Déc 30 - surgem as primeiras

fábricas, com produção expe-

rimental desde Joinville (SC)

até Petrópolis (RJ) e é publi-

cado no jornal “O Commercio

do Rio de janeiro” a primeira

notícia sobre fabricação de

cerveja no Brasil

Déc 40 – É fundado a Imperial

Fábrica de Cerveja Nacional,

em Petrópolis (RJ)

Déc 50 - Surge a Bohemia.

Oficialmente, é a cerveja pio-

neira do Brasil.

Séculos XVII a XIX

- Chegada do holandês

Maurício de Nassau ao

Brasil, que traz consigo

uma fábrica de cerveja

desmontada.

- A cerveja chega ao

Brasil definitivamente,

junto com a família real

portuguesa (Dom João

IV e sua família).

Déc 70 e 80 - Surge a Cer-

vejaria Bavaria, no bairro da

Mooca (SP).

- Fundada a Antarctica Paulista

Fábrica de Gelo e Cerveja, no

bairro da Água Branca (SP).

- O imigrante suíço Joseph

Villiger dá origem à marca

Brahma.

Déc 90 - Nasce em Rio Claro a

cervejaria Caracu. Foi a primei-

ra cerveja escura da América

Latina.

Século XX

LINHA DO TEMPO DA CERVEJA NO BRASIL

Curiosidades não faltam na trajetória da cerveja

tornam esta saborosíssima ou interessante, mas formam uma aura em torno de toda a história do líquido amarelo. A República Checa é o país que mais consome cerve-ja per capita no mundo (208.1 doses de cerveja por pessoa por ano), seguida de Alemanha, Áustria e Irlanda. A Bélgica é o país que produz as melhores cervejas, seguida de Alemanha e Estados Unidos, segundo a European Beer Star. De acordo com o gerente de marketing Ed-son Carvalho, que trabalha para um dos portais renomados no assunto, Mestre Cervejeiro, as diferenças entre a produção in-dustrial e artesanal são basica-mente a diferença de tecnologia e a habilidade envolvida, já que em ambos os ingredientes e o processo são os mesmos. A cerveja, além de fazer relaxar e dar ao trabalhador tudo o que ele precisa após um longo dia de labuta, já serviu de salário. Os trabalhadores das pirâmides no Egito rece-biam como pagamento 4 litros de cerveja por dia. A bebida, como colocada em nosso con-texto hoje, oferece um bom ar-gumento que se alia àqueles que defendem a legalização da maconha: O lúpulo (Humulus lupulus), um dos ingredientes da cerveja, pertence à família Cannabaceae, da qual também faz parte, entre outras, a maco-nha (Cannabis sativa). Grandes personalida-des, como o primeiro presiden-te dos Estados Unidos, George Washington, têm ou tiveram

sua própria cervejaria em casa. Isso mostra o bom gosto e bons momentos propiciados pela cerveja mesmo àqueles que po-dem beber de qualquer fonte. No planeta todo, não se encon-tra cerveja com teor alcoólico acima de 67,5%, alcançado pela Brewmeister Snake Venom. Também na Terra, 0,7% da po-pulação mundial (algo que gira em torno de 50 milhões de pes-soas) está bêbado a qualquer momento. Além de esplêndida, a cerveja também já foi usada para ajudar os mais necessita-dos. Com certo malabarismo, já foram produzidos 250 fardos do líquido no espaço. A Sappo-ro Space Barley é vendida por meio de sistema de loteria por um valor de 10000 yen (aprox. 110 dólares), somente para o Japão. Os fundos arrecadados com a venda vão para caridade. Finalizando seu caráter histórico e cultural, a cerveja-ria Guiness marcou época ao apoiar tropas britânicas e irlan-desas, fosse com educação, ma-nutenção de empregos para os convocados ou outros fatores simbólicos, como oferecer uma garrafa de cerveja a cada um daqueles que lutaram na guer-ra. As curiosidades não acabam por aqui, na verdade, elas não acabariam nunca. A cerveja é rodeada por mitos e histórias interessantíssimas e caracterís-ticas de uma lenda. Além de po-pular e saborosa, ela têm cará-ter histórico A bebida milenar só se populariza. Se for dirigir não beba, um brinde à saideira!

Para quem gosta de uma boa cerveja, o acesso à ela não se restringe apenas nas grandes indústrias e distribui-doras. As cervejas artesanais estão ganhando cada vez mais espaço no cenário nacional. Segundo o Sindicato Nacional da Indústria da Cerveja, as vendas aumentaram 79% en-tre os anos de 2008 a 2011. Existem 2 tipos de cer-vejeiros artesanais. O primeiro é o cervejeiro caseiro, que pro-duz sua cerveja em pequena escala para consumo próprio e a venda do produto não é lega-lizada. O outro tipo são os mi-crocervejeiros, que fabricam e vendem suas cervejas. Nos últimos anos, o número de microcervejarias profissionais aumentou con-sideravelmente, atingindo cerca de 250 cervejarias regis-tradas, segundo o Ministério da Agricultura. Atualmente, o Brasil ocupa o terceiro lugar de maior produtor mundial de cerveja. Cada brasileiro consome em média 65 litros de cerveja por ano. A ACERVA (Associação dos Cervejeiros Artesanais) está presente hoje em 9 estados brasileiros, sen-do que todos os estados das regiões sul e sudeste são inte-

Do fundo do nosso quintalgrantes da associação, além dos estados do Goiás e da Bahia. João Sperb é dire-tor para assuntos técnicos na ACERVA de Santa Catarina e diz que não há muita diferen-ça entre a cerveja artesanal e a cerveja industrial na hora da confecção. “A cerveja industrial e artesanal, na sua essência, são muito parecidas em relação ao processo de produção. Porém, os objetivos de cada uma são diferentes”. Enquanto a cerveja industrial visa principalmen-te o lucro e o alto giro de pro-dutos, a cerveja artesanal tem como principal objetivo a qua-lidade do produto. “Para obter os valores de mercado, as cer-vejas industriais devem utilizar matéria prima de baixa quali-dade, reduzindo característi-cas essenciais, principalmente o sabor”, diz João. Segundo ele, as cervejas artesanais possuem um toque humano, um ajuste impossível com uma produção automatizada. Mas o termo utilizado para a designação das cervejas artesanais não é reconhecido, como afirma Bernardo Couto, jornalista e cervejeiro caseiro. Ele também é fundador do site Homini Lupulo, um espaço de discussão sobre a cultura da

cerveja, e faz um alerta: “É importante registrar que este termo ‘artesanal’ não é regu-lamentado no Brasil no mer-cado de cervejas. Então, no Ministério da Agricultura só há uma categoria de cerveja-ria, que enquadra da maior à menor do país.” Bernardo ainda fala sobre a importância de fazer cerveja em casa e propagar essa cultura. “Hoje a cerve-ja é vista como um produto industrializado e padroniza-do, e muita gente se espanta quando se fala que é possí-vel fazer cerveja de forma caseira. Mas o real espanto deveria ser com a produção em escala industrial. Então, façam cerveja em casa!” A cervejaria artesanal que é considerada a mais an-tiga do país está localizada em Santa Catarina, na cidade de Canoinhas. A Cervejaria Canoinhense foi fundada em 1908, e está sob os cuidados da família Loeffler há mais de cinco gerações. O bacana é que a cerveja é produzida atualmente do mesmo modo em que era produzida quan-do foi fundada, dando um sa-bor especial aos quatro tipos de produtos criados no local.

Cervejarias artesanais ganham espaço no Brasil

07

“Eu daria toda a minha fama por segurança e uma cerveja inglesa.”

Wiiliam Shakespeare, escritor inglês

“Era um homem sábio aquele que inventou a cerveja.”

Platão, filósofo grego

“Eu sou muito crente nas pessoas. Se houver verdade, podemos superar todas as crises nacionais. O principal são os fatos reais e a cerveja.”

Abraham Lincoln, ex-presidente americano que aboliu a escravidão

Déc 90 - A Antarctica lança a primeira cerveja

sem álcool do Brasil, a Kronenbier.

- Surge o Grupo Petrópolis, responsável pela

cerveja Itaipava e Crystal. Esta é a primeira

“seladinha” do Brasil.

- A Companhia Antarctica Paulista e a Compa-

nhia Cervejaria Brahma comunicam a criação

da Companhia de Bebidas das Américas

(AMBEV), resultante da fusão de ambas.

- Após 9 meses de uma longa tra-jetória, em março de 2000 é no-ticiado o que todos aguardavam: “AMBEV nasce como a 5ª maior empresa de bebidas do mundo”.- Fundação da ACERVA (Associa-ção dos Cervejeiros Artesanais) nos estados de RJ, SP, MG, RS e SC

Século XX

Déc 10 e 20 - Grupo Antarctica

compra a Cervejaria Bavária.

- A Brahma compra a Cervejaria

Guanabara (antes Germania), uma

das mais antigas do país.

Déc 70 e 80 - A Skol lança a primeira cerveja em

lata do Brasil, feita com folha de Flandres.

- Nasce a Kaiser.

- Iniciam-se os primeiros Cursos de

Cerveja Caseira no Brasil.

Déc 50 e 60 - Criação da SINDICERV (Sindicato

Nacional da Indústria da Cerveja).

- O controle acionário da mais antiga cervejaria

do País, a Cervejaria Bohemia é adquirido pela

Companhia Antarctica Paulista.

Século XXI

Bauru | Fevereiro de 2014

- O grupo holandês Heineken anuncia a compra da Femsa, dona da Kaiser no Brasil.

fonte:cervejando.com

Bauru | Fevereiro de 2014

Herói ou vilão?Afinal, a cerveja faz bem ou mal para o nosso organismo?

O que determina sea cerveja vai ser o

remédio ou o veneno é a quantia ingerida

Giovanna Cornelio

Como qualquer outra bebida alcoólica, a cerveja pode ser o grande vilão da história. Feita a partir da mistura de água com uma fonte de amido, leve-dura e lúpulo, a bebida contém carboidratos, açúcares e álcool em diferentes concentrações, de acordo com a produção, no entanto é uma bebida leve. O que determina se a cerveja vai ser o remédio ou o veneno é a quantia ingerida. A nutricionista Caroli-na Reis Bustamante confirma a veracidade dos mitos sobre a cerveja engordar e causar a tão famosa “barriga de chopp”, não exatamente porque a bebi-da é calórica, mas sim porque quem bebe não para na primei-ra latinha. “A cerveja pode levar ao ganho de peso, em especial na região abdominal, por ser fonte de carboidrato e de álco-ol. As calorias provenientes do álcool são chamadas de ‘calo-rias vazias’ pois não fornecem nutrientes. Como a cerveja é uma bebida mais leve, é muito comum a ingestão de inúmeras latinhas do produto de uma só vez. Para se ter uma ideia, uma lata possui 150kcal e as pessoas facilmente consomem cinco la-tinhas ou mais, o que equivale a pelo menos 750kcal. Assim, esse excesso de carboidratos será armazenado na forma de gordura”, afirmou.

Além de engordar, o consumo exagerado da cerveja, assim como de qualquer outra bebida alcoólica, sobrecarrega o fígado e pode causar doenças em todo o sistema digestório. Juliana de Barros, endocrino-logista, pontua que as doenças vão depender do tipo de be-bida ingerida, da idade e fun-cionamento do organismo do invíduo. “O fígado é o principal responsável pela metaboliza-ção do álcool em acetaldeído e, por isso, é um dos órgãos mais afetados com o abuso crônico da substância. As doenças asso-ciadas ao consumo abusivo de álcool são hepatite alcólica, es-teatose hepática (fígado gordu-roso), cirrose hepática, gastrite, pancreatite, úlceras gástricas e dislipidemia (aumento do co-lesterol e frações)”, falou. Se por um lado o con-sumo excessivo pode levar ao coma e à morte, a moderação pode evitar problemas. Muitos institutos internacionais vêm

estudando esse tema e as pes-quisas já provaram, com seus resultados, que o consumo di-ário de uma caneca de cerveja pode evitar complicações cardí-acas, combater a osteoporose e a diabetes. O estudo intitulado “Beer & Calories: A Scientific Review”, divulgado pelo Daily Mail, revelou que beber cer-

A cerve-ja pode levar ao ganho

de peso, em especial na região abdominal, por ser

fonte de carboidrato e de álcool”

As do-enças

associa-das ao consu-

mo abusivo de álcool são hepatite alcólica, esteatose hepática (fígado gorduroso),

cirrose hepática, gas-trite, pancreatite, úl-

ceras gástricas e disli-pidemia (aumento do colesterol e frações)”

JULIANA BARROSMédica Endocrinologista

CAROLINA REIS BUSTAMANTE Nutricionista

veja reduz em 31% o risco de ter uma doença cardíaca e uma pesquisa feita pela Universida-de de Extremadura, em Cáceres, na Espanha, constatou que mu-lheres que bebiam cerveja regu-larmente tinham melhor densi-dade óssea. Os efeitos positivos da cerveja no nosso organismo encontrados pelas pesquisas são possíveis porque a cerveja, como fala a nutricionista Caro-lina, “é fonte de vitaminas do complexo B, em especial ácido fólico, vitamina B6 e B12, que são vitaminas importantes para o bom funcionamento do orga-nismo. Também é rica em flavo-nóides provenientes do malte e do lúpulo”.

A OMS (Organização Mundial da Sáude) recomenda que o consumo de álcool não seja maior que 30 gramas por dia e, como uma latinha de cer-veja tem cerca de 17 gramas, o desafio então fica em resistir e parar na primeira loirinha.

A bebedeira causa uma intoxicação em nosso organis-mo. As náuseas típicas são provocadas pelo acetal-deído, produzido durante a metabolização do álcool,

que é altamente tóxico. Além disso, nosso corpo também sofre hipoglicemia, desidratação

e sobrecarga em vários órgaos para absorver e metabolizar todo o álcool ingerido. Não existe re-médio que cure a ressaca. Quan-do ela vier, beba bastante água, sucos, isotônicos e alimente-se de comidas leves. Para evitá-la,

coma antes e durante a ingestão de bebidas alcoólicas, medida importante para retar-

dar a absorção do ácool.

Por que ficamos de ressaca?

Orientais são os primeiros a cairOs orientais, ou aqueles com ascendência, têm menos aldeído desidrogenase no organismo. Essa enzima dificulta a elimi-nação do acetaldeido. Além de uma resistência menor ao álcool, a deficiência da enzima ainda provoca o blushing, uma ver-melhidão no rosto. Isso não quer dizer que os orientais não aguen-tem grandes bebedeiras.

08

Bauru | Fevereiro de 2014

Cerveja na adolescência pode causar dependência e levar a outras drogasMesmo sendo alcoólica, bebida é socialmente aceita e malefícios aos jovens consumidores ficam em segundo plano

A falta de uma fiscali-zação rígida, fortes interesses econômicos e o comportamen-to da sociedade em relação ao tema têm ofuscado um grave problema brasileiro: a cada dia que passa os adolescentes estão começando a ingerir bebida al-coólica mais cedo. Mesmo a le-gislação sendo clara e proibindo a comercialização e o consumo de cerveja para menores de 18 anos, é rotina nas ruas e casas brasileiras jovens consumirem álcool, ignorando os riscos aos quais estão expostos, entre eles desenvolver a dependência e fazer uso de outras substâncias químicas. Segundo o 1º Levanta-mento Nacional sobre os pa-drões de consumo de álcool na População Brasileira, elaborado pela Secretaria Nacional An-tidrogas em 2007, o início do consumo de álcool por adoles-centes entre 14 e 17 anos acon-tece, em média, aos 13,9 anos. A mesma pesquisa aponta que mais da metade, 52%, das do-ses consumidas por eles é de cerveja. Não bastasse os male-fícios já conhecidos causados pelo álcool, intensificados na adolescência, diversos especia-listas acreditam que a cerveja, a bebida alcoólica mais consumi-da pelos jovens, pode ser uma verdadeira “porta de entrada” para outras drogas. “Disso nin-guém tem dúvida. Uma das evi-dências mais consistentes na

literatura médica é que o uso de álcool antes dos 16, 17 anos au-menta muito o risco de experi-mentar maconha e, depois, par-tir para outras drogas”, ressalta Ronaldo Ramos Laranjeira, mé-dico psiquiatra, coordenador da Unidade de Pesquisa em Álcool e Drogas da Universidade Fede-ral de São Paulo e responsável pelo Programa Recomeço, do Governo de São Paulo. Para a Drª. Fabiane Mo-raes de Siqueira, médica inte-grante do Centro de Formação e Estudos Terapêuticos de Fa-mília, na fase da adolescência é

quando o indivíduo ainda não concluiu sua formação e é vul-nerável, podendo a cerveja agir como facilitador na aceitação de outras substâncias. Essa situação pode ain-da ser agravada em algumas pessoas. De acordo com pes-quisadores da Universidade de King’s College, de Londres, a variação de um determinado gene poderia ser responsável por uma chamada predisposi-ção ao consumo de substâncias responsáveis por proporcionar sensações de prazer. Desta for-ma, os efeitos provocados pela

vulnerabilidade seriam acentu-ados e adolescentes que apre-sentassem a variação genética poderiam chegar ao consumo em excesso de maneira mais rápida, passando a procurar ou-tras substâncias para satisfazer suas necessidades. Além de porta de entra-da para outras drogas, o con-sumo de cerveja por menores de idade normalmente leva à dependência. “Um artigo publi-cado há pouco tempo no Pedia-trics mostrou que a exposição precoce à bebida alcoólica na adolescência aumenta muito a probabilidade da pessoa tor-nar-se dependente”, afirma La-ranjeira. O médico explica ainda que expor o cérebro em forma-ção à bebida alcoólica faz com que o jovem passe a valorizar a reação da substância e a use com regularidade.

Socialmente aceita Diante dos riscos que o álcool pode causar na ado-lescência, diversas entidades e especialistas focam-se no fato da cerveja ser aceita e difundi-da na sociedade, contando com reforço dos meios de comunica-ção e da publicidade. Com mais de 10 anos de trabalhos prestados e forma-da por ex-dependentes quími-cos, a ONG Viva a Vida já me-diou árduos debates em busca de propostas para restringir o consumo de álcool entre me-nores. Em meados de 2010, um projeto para limitar o horário de funcionamento de bares foi

aprovado na cidade de Socorro, interior de São Paulo, mas a lei não foi colocada em prática por pressão de empresários. Drª Fabiane ressalta os riscos na forma como as famí-lias tratam a questão do álco-ol dentro das próprias casas. “Quando eu tenho dentro da família a predisposição para o álcool, eu tenho uma tendência maior de utilizar a bebida como recurso de fuga dos meus pro-blemas”, explica. Referência na recupera-ção de dependentes químicos, Pe. Haroldo Rahm, fundador do Instituto Padre Haroldo, é en-fático ao afirmar que existe um abuso dos meios de comunica-ção. “A televisão é um guia da maneira como pensamos. Pre-cisamos tomar cuidado. Temos discutido muito esse tema com grupos em Brasília e em breve teremos resultados”, afirma.

Fiscalização e Opção da sociedade Especialistas acreditam que a mudança do atual cená-rio é complexa. Além de uma fiscalização mais rigorosa sobre os pontos de venda, seria ne-cessária uma mudança de com-portamento das famílias e o en-frentamento dos interesses das empresas que lucram milhões com a indústria da cerveja. O Ministério Público do Estado de São Paulo lançou no final de outubro do ano passa-do uma campanha para alterar a legislação e estabelecer no-vas restrições à publicidade de cervejas. Enquanto assinaturas para um abaixo assinado são coletadas, entidades como a ONG Viva a Vida continuam tra-balhando na prevenção através de palestras em escolas. O principal alerta é que o caminho das drogas pode ser um percurso sem volta e, por mais que a sociedade não acre-dite, o consumo de cerveja na adolescência é capaz de dar o primeiro passo.

Henrique Cézar

É o que afirma um dos maiores especialistas em dependência química no Brasil, Dr. Ronal-do Ramos Laranjeira. Médico psiquiatra da Universidade Federal de São Paulo, foi um dos coordenadores do 1º Le-vantamento Nacional sobre os padrões de consumo de álcool na População Brasileira, elabo-rado pelo Governo Federal em 2007.Em entrevista exclusiva ao O Colarinho, Laranjeira aponta as consequências da falta de fiscalização na venda de cer-veja para menores de idade, critica o Governo Federal na decisão de permitir a comercia-lização de bebidas nos estádios da Copa do Mundo e ressalta o forte lobby da indústria cerve-jeira no Congresso Nacional. O Colarinho: A falta de fis-calização é a causa do alto consumo de cerveja por jovens? Dr. Ronaldo Laranjeira: A Ambev é hoje a maior empre-sa do Brasil. Ela ficou maior que a própria Petrobrás. Isso

TOMANDO UMA COM DR. RONALDO LARANJEIRA

“Metade da população brasileira não bebe cerveja”

ocorreu com a grande amplia-ção do mercado de cerveja no país. Atualmente você tem um milhão de pontos de venda de cerveja. E não existe nenhuma restrição à venda para meno-res de idade. É por isso que os adolescentes no Brasil são o grupo que mais tem aumentan-do o consumo, especialmente as meninas.

OC: Quais as consequências dessa fragilidade? RL: Existe toda uma estratégia das empresas em aumentar a venda, especialmente para adolescentes, e isso tem uma repercussão muito importante. Quanto mais cedo se começa o consumo de bebidas alcoólicas na adolescência, maior será a chance de partir para outras drogas como a maconha, a cocaína e o crack.

OC: Como restringir o consu-mo de cerveja entre adoles-centes?RL: Primeiro deve-se restrin-gir a propaganda nos meios de comunicação. Segundo, ter

restrição pesada aos pontos de venda, no sentido de não permitir a venda de bebidas alcoólicas aos menores.

OC: O Brasil errou ao alte-rar a lei e permitir a venda de cerveja nos estádios na Copa? RL: Um dos maiores crimes realizados. Mas pior que a FIFA é o próprio ministro dos Es-portes [Aldo Rebelo] que está defendendo abertamente que, não apenas nos estádios da Copa, mas em todos os estádios do Brasil, será permitida a ven-da de bebidas alcoólicas. É um ministro totalmente irrespon-sável e que não vê o quanto o Brasil foi poupado de violência com a restrição.

OC: É verdade que no Brasil a maioria da população bebe cerveja?RL: Metade da população bra-sileira não bebe cerveja. Dados da nossa pesquisa da Universi-dade Federal de São Paulo mos-tram que 60% das mulheres não bebem e 35% dos homens

não bebem. O que dá no geral mais ou menos 50% da popula-ção brasileira não bebendo.

OC: O que explica então índi-ces tão altos de consumo? RL: Os que bebem mais, em torno de 20%, são os responsá-veis por consumir 80% de todo o álcool que é vendido no Bra-sil. Então, infelizmente, você tem 20% das pessoas consu-mindo 80% de toda a cerveja.

OC: A sociedade brasileira deseja mudar seus hábi-tos para restringir o consumo de cerveja por menores? RL: Se você fizesse um plebiscito, por exemplo, veríamos que um número substancial de pes-soas seria absoluta-mente contrária a esse grande domínio da indústria de cer-veja na

cultura brasileira. A maioria das pessoas se sente ofendida em ver as propagandas, de ter seus filhos sendo educa-dos pelo álcool na televisão. O problema é que o lobby da indústria do álcool é muito poderoso no Governo Federal e no próprio Congresso.

OC: Existe uma solução para isso? RL: Quando a sociedade se manifestar de uma forma mais poderosa eu acho que os políti-

cos vão ter que mudar essa atitude de conivência

com a indústria do álcool. (HC)

Luis Kawaguti/BBC

09

Bauru | Fevereiro de 2014

Camila Valente

Qual é a primeira coisa que vem à sua mente quando o assunto é cerveja? Futebol? Amigos? Mulheres? O casamen-to do João? Seja o que for, você associou a imagem da cerveja com elementos que as diversas propagandas da bebida trans-mitem para o público. Afinal, a associação geralmente segue este padrão: o Brasil é o país do futebol. Partidas de futebol são assistidas em bares com os ami-gos, tomando cerveja e escutan-do sertanejo universitário. Por fim, a cerveja dá aquele empur-rãozinho para conquistar aque-la gatinha que ficou de olho em você durante o jogo, e o resulta-do é que o cidadão passa a acre-ditar que foi graças à “breja”. Cerca de 66,7 litros de cerveja são consumidos ao ano pelos brasileiros, e grande par-te desse consumo é influencia-do pelas propagandas. A maio-ria delas se dá em um ambiente descontraído, com pessoas bo-nitas e amigos se divertindo ao som do sertanejo universitário. Um exemplo recente é a Trilo-gia Sertaneja da Crystal, com as campanhas “Casamento do João”, de Munhoz & Mariano, “Caixa D’Água”, de Marcos & Be-lutti, e “Himalaia”, de João Neto & Frederico. Desde o lançamen-to, em dezembro do ano pas-

O incrível universo das propagandas de cervejaCom grande poder de persuasão, o marketing cervejeiro contribui para o aumento do consumo e a movimentação da economia

sado, a campanha vem fazendo muito sucesso.

A questão é: como os pu-blicitários fazem para atingir o

sucesso? Partindo do princípio, o momento da criação de um comercial é mais difícil do que aparenta ser. Antes do brains-torm, o publicitário analisa as diretrizes do cliente, ou seja, o que pode e o que não pode ser usado. A partir do ponto em que os direcionamentos estra-tégicos estão bem definidos, as possibilidades de ideias são in-finitas. “Com bom planejamen-to, vem a criatividade”, afirma o publicitário Bruno D’Angelo, head of digital da empresa New Content de São Paulo. Ele tam-bém explica o motivo do grande investimento em propaganda: “A competição é grande, a co-municação serve exatamente para diferenciar o produto em uma comodity”. Sobre o impacto social causado pelas propagandas, Bruno acredita que o principal é a influência aos menores de idade. Ele esclarece a presen-ça da figura do “mulherão” na grande maioria das propagan-das de cerveja e qual a relação entre bebida e mulher: “Princi-palmente porque o público alvo é o masculino. A relação entre estes dois elementos é a busca do prazer, do sucesso e da boa vida. Claro, com o tempo isto tem sido controlado, mas ainda é um traço da cultura brasilei-ra”. Já Rafael Andrade, assisten-te de planejamento da Agência

Budweiser prova que é possível emplacar propagandas sem a

presença de mulheres

A vulgarização da figura feminina nas propagandas da Devassa

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cia D

evas

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Agência Budweiser

“Uma garrafa de rock’n roll, por favor!”Bandas e microcervejarias apostam em união, criando rótulos especiais de cerveja

Alexandre de Orio acredita na relação natural entre cerveja e rock

Raphael Pinotti

África de São Paulo, cita um caso onde existiu a proibição da vulgarização da figura femi-nina: “O da Devassa com a Paris Hilton, no qual ela se exibia para um fotógrafo em outro prédio, dançando de modo sensual com uma lata de cerveja da marca”. O mais interessante nisso é que, indagados a respeito da propa-ganda que teria marcado mais a história da cerveja, Bruno citou a “Wassup”, da Budweiser ame-ricana, e Rafael a da “Tartaruga da Brahma”, ou seja, ambos sem a presença de mulheres.

Mauricio Daniel

Pensar em um show de rock quase que automatica-mente traz à mente o consumo de cerveja. Trata-se de uma as-sociação praticamente natural, estabelecida há muitos anos. A atitude, o despojamento, os va-lores contestadores, os ambien-tes pequenos e lotados, tudo combina com a bebida. Sendo assim, é possível arriscar a afir-mação de que parte considerá-vel dos fãs do estilo possuem uma conexão íntima com a cul-tura cervejeira. Aproveitando-se da união tradicional, surgiu re-centemente uma tendência in-ternacional: o lançamento de cervejas com rótulos especiais dedicados às bandas. Exemplos não faltam e aumentam sem pa-rada. Já possuem cervejas per-sonalizadas artistas como AC/DC, Motörhead, Iron Maiden, Pearl Jam e Kiss. No Brasil, a onda chegou e já originou rótu-los dos Titãs, Sepultura, Velhas Virgens, Nenhum de Nós e An-gra, entre muitos outros. Enquanto as bandas es-trangeiras normalmente se as-sociam à grandes marcas, com ampla distribuição, os roquei-ros do Brasil criaram relações com microcervejarias, normal-mente artesanais. Entre elas,

estão as bem-sucedidas Colora-do, Bamberg e Dortmund. A proposta pode sur-gir da banda ou da cervejaria, mas na maioria dos casos existe um intermediário responsável pela “ponte”. Esse é o trabalho de Mauricio Montoro, sócio da distribuidora Bushido Brazil. “Basicamente, pago royalties para as bandas e juntos defini-mos estilos de cervejas”, expli-ca Mauricio, que é responsável por dezenas de rótulos como Korzus, Raimundos, Matanza e Claustrofobia. Cerveja “metálica” A bebida é familiar aos fãs do rock e suas vertentes, mas está ainda mais ligada ao heavy metal. Foi a oportunidade que o Claustrofobia, grupo do interior paulista de thrash metal (gêne-ro calcado em alta velocidade e peso das músicas), percebeu e aproveitou. Em parceria com a microcervejaria Dortmund, lan-çou um rótulo especial que leva o seu nome. Para Alexandre de Orio, guitarrista da banda, “o mundo do rock e do metal é regado a cerveja” e confessa achar “es-tranho que empresas grandes e famosas ainda não tenham se aprofundado nesse nicho”. Alexandre conta que a banda já tinha interesse há al-

gum tempo na ideia, mas foi quando a Bushido Brazil apare-ceu com a proposta que o plano saiu do papel: “obviamente nós curtimos a proposta e começa-mos todo o trabalho”. Já a definição da bebi-da em si foi um processo na-turalmente mais cervejaria. O guitarrista comenta que “no início a ideia seria uma pilsen, porém acabou ficando uma wi-tbier, que é de trigo e de origem belga”. A cerveja tem um toque cítrico, graças à adição de co-entro e casca de laranja. Sobre o público-alvo do produto, Ale-xandre afirma que “os fãs curti-ram a iniciativa e estão consu-mindo”.

Uma relação ganha-ganha O saldo final na asso-ciação entre as cervejarias e as bandas normalmente é um benefício mútuo. Nas palavras da publicitária Rosana Zana, “a cervejaria pode vender mais e a banda pode permanecer mais nas graças do público”. Explica também que a iniciativa funcio-na com um contrato de imagem (os já citados royalties) e com edições limitadas, pois “esse tipo de ação deve ser sempre rentável e com prazo de valida-de”. Rosana confirma o espera-do: “certamente serão aqueles que acompanham a banda os

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principais consumidores”. Os números, a adesão e o entusiasmo dos envolvidos

indicam que a moda veio pra ficar. O próximo pedido para o garçom será rock ‘n roll.

Bauru | Fevereiro de 2014

Vitor Rodrigues

A lei 11.705 é a respos-ta dada pelo governo brasileiro a um dos grandes problemas do país: as mortes no trânsito. Promulgada em 2008, a medi-da vem mudando o quadro de um país que luta para sair da dramática quinta colocação em mortes no trânsito, atrás ape-nas de Índia, China, Estados Unidos e Rússia. Desde sua ins-tauração até os dias de hoje, a Lei Seca, como é conhecida, se tornou ainda mais severa com uma modificação de 2012. An-tes, quem fosse pego ao volante após consumir um teor alcoó-lico equivalente a três latas de cerveja (uma concentração de álcool de 0,6 grama por litro de sangue) seria submetido a uma multa de R$957,70. Hoje, um motorista que for flagrado dirigindo após o consumo de qualquer dose alcoólica per-de a carta, paga uma multa no valor de R$1915,40 e, em al-guns casos, pode pegar de seis meses a três anos de detenção. De acordo com a soci-óloga Lúcia Lodo, 35 anos, as

Lei Seca altera comportamento dos brasileirosAcidentes de trânsito são a principal causa para o endurecimento da legislação

Cerveja estará presente nos estádios da Copa Venda é proibida desde 2008; Lei Geral “passará por cima” da soberania nacional

Alguns de-fensores da Lei Geral da Copa dizem

que em jogos de se-leções não há brigas, elas acontecem ape-

nas entre agremiações locais. Se o problema é ‘clubístico’, por que atribuir à cerveja o

papel de vilã?”

Pra quem brigar, que se aplique o Estatuto

do Tor-cedor. Essa conta da

violência não pode ser atribuída à cerveja”

40% dos acidentes são causados pela combinação álcool-direção

Getty Im

agesconstantes mudanças que vêm deixando a Lei Seca mais dura exercem influência sobre a vi-são das pessoas com relação à bebida e fazem com que estas mudem seus hábitos. Segundo ela, quando um cidadão percebe que se for pego bêbado ao vo-lante terá que desembolsar dois mil reais, a lei passa a ter teor prático. "É impossível negar as mudanças que os brasileiros vêm abraçando. Cada vez mais ouvimos por aí sobre voltar de táxi ou conversas sobre o mo-torista da vez, isso não existia há alguns anos. Hoje o brasilei-ro procura diversão mais perto de casa, já para poder voltar a pé. Por consciência ou medo, as mudanças estão aí e fazem toda a diferença", finaliza Lúcia. A principal mudança proporcionada pela lei seca em relação à legislação anterior é o fato de, atualmente, as auto-ridades possuírem instrumen-tos concretos para a medição da embriaguez - como o bafó-metro, depoimentos ou vídeos. Antes, o motorista era julgado embrigado ou não de acordo com as percepções do poli-

cial que efetuou a abordagem, o que pode parecer subjetivo demais. "Apesar de o indiví-duo não ser obrigado a produ-zir provas contra si mesmo, a Constituição brasileira atual permite que outras ferramen-tas sejam utilizadas para justi-ficar medidas administrativas", diz o advogado Carlos Neves.

Ele ainda afirma que o Brasil é um país que necessita de uma lei reguladora e que esta se adequa à sociedade brasileira. O Brasil gasta, aproxi-madamente, R$ 8 bi ao ano na guerra contra as imprudências no trânsito. Cerca de 40 mil pessoas morrem todos os anos nas estradas, e 40% dos aciden-

tes são causados pela combina-ção álcool-direção. Essa é tam-bém a principal causa de morte de crianças entre um e 14 anos. Em países como Espanha e Por-tugal, negar a realização do tes-te do bafômetro é considerado crime e tem como consequên-cia detenção de seis meses a um ano. Já nos Estados Unidos, os motoristas são submetidos a se equilibrarem em uma perna ou andar em linha reta. Quem não passa nos testes ou recusa o bafômetro vai para a delegacia. Com as mudanças ocor-ridas no ano de 2012, a Lei Seca ganha extensa aplicação, uma vez que, hoje, qualquer motorista pode ser autuado através de provas como de-poimentos dos policiais en-volvidos, testemunhas, relató-rios médicos ou vídeos. Apesar de todo o deba-te, uma sociedade tantas vezes ousada como a nossa não pode ser deixada livre para decidir o que quer ou não fazer. Todos sabemos que o ser humano por vezes é inconsequente, só não podemos deixar que a inconse-quência de uns afete terceiros.

LUIZ FELIPE, advogado e autor do livro “Lei Geral

da Copa comentada”

DIEGO SOUZA, criador do Movimento Pela Volta da

Cerveja aos Estádios

Tiago Pavini

Em 2014, o Brasil volta-rá a sediar uma Copa do Mundo de futebol (a última vez havia sido no ano de 1950). Mas o que vem chamando a atenção dos brasileiros e até causan-do indignação em muitos é a Lei Geral da Copa, em especial o item em que libera a comer-cialização de bebidas alcoólicas dentro dos estádios brasileiros no período dos eventos FIFA. Durante a Copa das Confedera-ções, a cerveja foi vendida nos estádios, e a história se repetirá na Copa do Mundo. No Brasil, a venda de bebidas alcoólicas dentro dos estádios em partidas de fute-bol é proibida desde 2008 por acordos entre a Confederação Brasileira de Futebol (CBF) e órgãos de justiça. O Es-tatuto do Torce-d o r

(lei federal sancionada em 2003) também é utilizado para validar a proibição da bebida, mas o artigo 13-A, inciso II, do Estatuto diz que estão vetados “objetos, bebidas ou substân-cias proibidas ou suscetíveis de gerar ou possibilitar a prática de atos de violência”, ou seja, a cerveja não é citada. “O estatuto do torcedor não proíbe a comer-cialização de bebidas alcoóli-cas. O que proíbe a comerciali-zação de bebidas nos estádios brasileiros são leis estaduais e municipais, além do Protoco-lo de Intenções celebrado en-tre a CBF e o CNPG (Conselho

Nacional dos Procu-radores Gerais), ór-

gão do ministério público”, diz Luiz Felipe Santoro, advogado e au-tor do livro “Lei

Geral da Copa co-mentada”. Mesmo sendo proibida

a venda de cerveja nos estádios, não

é difícil encon-trar placas publicitárias oferecendo

a bebida d e n t r o dos lo-cais.A Lei G e r a l

da Copa foi apro-

vada em

2012 pelo Congresso Nacional, mas as exigências da FIFA já eram conhecidas desde 2007, ano em que o Brasil foi escolhido como país sede. Até porque, se o país não se adequa às exigências da entidade máxima do futebol, a sede é transferida para outro lugar. “A FIFA fez uma série de exigências e o Brasil concordou de livre e espontânea vontade com todas elas. Se o país não quisesse atender tais exigências poderia simplesmente desistir de organizar a Copa do Mundo antes mesmo da candidatura”, diz Santoro.

Movimento Pela Volta daCerveja aos Estádios A principal causa da proibição da cerveja nos está-dios foi para diminuir a violên-cia. No entanto, há quem defen-da que a cerveja não é a causa

de conflitos, argumento fortale-cido após a briga generalizada entre torcedores vascaínos e atleticanos no jogo da última ro-dada do campeonato brasileiro de 2013. “Alguns defensores da proibição arbitrária e anticons-titucional dizem que em jogos de seleções não há brigas, mas apenas em jogos de agremia-ções locais. Ora, se o problema é ‘clubístico’, por que atribuir à cerveja o papel de vilã?”, defen-de Diego Souza, criador do Mo-vimento Pela Volta da Cerveja aos Estádios, fundado em 2013 em Curitiba. O Movimento defende a volta apenas da cerveja aos es-tádios, por esta não ter um teor alcoólico muito alto. “Hoje em dia vários torcedores ficam to-mando bebidas alcoólicas mui-to mais fortes fora dos estádios até entrarem completamente foras de si próximo do horário da partida, causando tumultos e incomodando famílias”. Luiz Felipe Santoro é defensor da volta da cerveja aos estádios e também afirma que não se pode atribuir a vio-lência à cerveja. “Temos que combater a violência nos está-dios, esteja ela ligada à bebida alcoólica ou não. O problema não é a bebida em si, é quem não sabe fazer o uso dela. Se a cerveja é liberada nos shows, discotecas, nos bares, restau-rantes e rodeios, por que só no futebol é proibida?” De fato, as brigas em es-

tádios de futebol diminuíram sensivelmente após a proibição da cerveja nos estádios. No en-tanto, é importante ressaltar que a média de público no cam-peonato brasileiro de 2007, um ano antes da proibição, foi de

17.500 pagantes por jogo. Após 2008, a média dificilmente ul-trapassa 15.000 torcedores por partida.

Vicente Cândido da Silva foi o relator da Lei Geral da Copa, sancionada em 2012. Atualmente, ele é deputado federal pelo Partido dos Trabalhadores (PT), Vice-Presidente da região metropolitana e ABCD da Federação Paulis-ta de Futebol e conselheiro do Sport Club Corinthians Paulista.

Câmara dos Deputados

Portal da Copa e das OlimpíadasA venda de cerveja apenas durante a Copa serve para beneficiar as patrocinadoras da FIFA, as únicas marcas autori-zadas dentro dos estádios. O Mundial é um grande negócio, e o Brasil quando aceita hospe-dar o campeonato se submete às exigências da FIFA.

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Bauru | Fevereiro de 2014

Bebendo cerveja de qualidade mundo aforaO Colarinho proporciona roteiro com combinações interessantes de se degustar

Pilsner Urquell (República Tcheca)Produzida na cidade de Plzen, a noven-ta quilômetros da capital Praga, ela é a primeira pilsen do mundo, nome dado em alusão à cidade de origem. Apesar da evolução na produção desde o século XIX, um teste cego garante a qualidade do produto final moderno comparado à versão tradicional.

Fuller's London Pride (Inglaterra)Essa cerveja do tipo Ale Premium é encorpada e, segundo a divulgação, é ideal para acompanhar carnes e gre-lhados em geral. Além disso, é a marca que lidera a venda no Reino Unido, entre as do tipo Premium.

Budweiser (Estados Unidos)Essa é conhecida dos brasileiros e isso é fácil de explicar. A Bud, como é chamada, é a cerveja mais vendida atualmente no mundo. Seu processo de produção é mais demorado que o das concorrentes, algo em torno de 30 dias.

Amsterdam Maximator (Holanda)Produzida pela cervejaria Grolsch, essa holandesa tem coloração dourada e uma espuma consistente. O teor alcoólico é de 11,6%, o que pode deixar o conjunto forte demais, mas isso não é, necessaria-mente, um problema.

João Victor Belline

Depois de tanto conteúdo sobre a bebida preferida do povo brasileiro, não há dúvidas de que a vontade de tomar uma cerveja deve estar gigante. Melhor do que isso é tomar uma bela cerveja. Entre-tanto, não é possível mensurar o que, ou qual, seria a melhor delas.

Dessa forma, aqui vai um pequeno guia com al-gumas cervejas que com certeza merecem ser degus-tadas. Além disso, para fazer uma lista como essa, são necessárias muitas informações e, se elas são confli-tantes, limitadas ou duvidosas, foram descartadas. Enfatizando mais uma vez: não se trata de uma lista das melhores cervejas, mas de uma boa seleção, que leva em consideração a tradição, a qualidade e fatos

curiosos. Também, a diversidade dos países foi leva-da em conta, para fornecer um conteúdo amplo. Assim, para qualquer canto que você vá ao mundo, é possível provar uma cerveja de qualida-de. Ela pode até não ser exatamente a sua preferida, talvez você nem goste, mas são rótulos que valem, no mínimo, como experiência, bagagem para que se possa falar com autoridade.

Guinness Draught (Irlanda)Essa cerveja, produzida em Dublin, é um dos orgulhos do povo irlandês. A mais famosa representante do tipo stout possui coloração negra e é muito densa, assim como sua espu-ma. Uma peculiaridade é a carbonação muito baixa, o que a faz parecer "choca". Sapporo Premium (Japão)

Homônima da cidade em que é produ-zida, a Sapporo é leve e refrescante. Ainda assim, não perde o tom marcan-te, característicos do tipo Premium. O curioso é que seu processo de fabrica-ção pode ser acompanhado no Museu e Jardim da Cerveja, em Sapporo.

Westvleteren XII (Bélgica)Essa cerveja é produzida por monges da abadia de Saint Sixtus e só pode ser compra-da no local e sob diversas condições, como não revendê-la, por exemplo. Sua garrafa é preta, sem rótulo e com a tampa amarela. Os ingredientes são fermento, lúpulo, malte, caramelo, água e açúcar, somente.

Paulaner Original (Alemanha)Essa cerveja é a alemã mais vendi-da do mundo. Produzida na capital da Alemanha, Munique, ela possui tom dourado e baixa fermentação. Segundo a divulgação da marca, ela é "parte integrante da região da Baviera".

Laurentina Preta (Moçambique)Premiada como Melhor Cerveja Preta da África no "African Beer Awards", essa cerveja é a representante africana da lista. Ela é feita a partir de quatro tipos de malte, além de açúcar refinado e extrato de óleo de lúpulo. Inte-ressante que ela é a única cerveja escura de Moçambique.

Quilmes Cristal (Argentina)Há anos essa é a cerveja mais ven-dida em terras argentinas. Um belo exemplar de lager beer, honesta, digamos assim, diferente dos exem-plares brasileiros, cheios de milho. Deixando a tradicional rixa de lado: viva essa argentina!

Colorado Indica (Brasil)Fabricada em Ribeirão Preto, essa é representante brasileira na lista. Produzida com quantidades con-sideráveis de lúpulo inglês, malte tostado e convencional e rapadura, essa cerveja visa relembrar as recei-tas antigas.

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fonte:cervejando.com