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Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos no Hospital da Prelada
Pedro Miguel Carvalho Duarte
Dissertação de Mestrado
Orientador na FEUP: Prof. Dr. António Ernesto da Silva Carvalho Brito
Orientador no Hospital da Prelada: Dr. Jorge Lima
Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica
2011-02-07
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
iii
Resumo
O percurso evolutivo da enfermagem tem vindo a transportar o exercício profissional duma
lógica inicial essencialmente executiva (tradição scripto) para uma lógica progressivamente
mais conceptual (discurso informo), o que alarga o leque de aspectos a documentar, quer pelo
progressivo alargamento do leque funcional, quer pela necessidade de não circunscrever a
documentação à lógica executiva inicial.
Actualmente, a informação adquire um papel de vital importância dentro das organizações de
saúde, sendo considerada como elevada vantagem competitiva. O facto de os profissionais de
saúde terem acesso à informação de uma forma rápida, intuitiva e segura é hoje visto como
um aspecto fundamental ao desenvolvimento da sua actividade.
O Hospital da Prelada (HP) espera com este projecto, obter um documento de suporte aos
processos organizacionais, fluxos e procedimentos de trabalho, no âmbito da actividade de
enfermagem e dietética nas áreas de Consulta Externa, Internamento e Bloco Operatório, no
sentido de promover a partilha de conhecimento, disseminação da informação entre os
profissionais de saúde contribuindo para um aumento do grau de satisfação de todos os
stakeholders.
Durante este projecto, foi realizado o levantamento do circuito actual, suportado em
entrevistas, em reuniões com os vários stakeholders e no acompanhamento presencial da
actividade de enfermagem e dietética. Após análise e reflexão, foram elaboradas propostas de
novos circuitos e medidas a implementar sempre suportadas pelas TI (Tecnologias de
Informação).
Todas as propostas de alteração quer ao nível organizacional quer ao nível dos registos de
enfermagem/dietética foram devidamente validadas em conjunto com a Enfermeira Geral e
com o Responsável dos Serviços Hoteleiros, de modo a garantir a conformidade destas, com
as normas existentes das actividades de enfermagem e dietética.
Na fase de conclusão foi realizada uma síntese dos aspectos que deverão estar presentes no
processo de parametrização, bem como a indicação de qual deverá ser a linha de orientação
do Hospital neste âmbito.
O trabalho desenvolvido irá dotar o HP de saberes imprescindíveis para implementar um
Sistema de Informação em Enfermagem (SIE).
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
iv
Information on nursing/dietetics – Requirement Specification
Abstract
The evolutionary path of nursing has been altering the initial, essentially executive, logic,
(scripto tradition) to an increasingly conceptual logic (discourse inform), which widens the
range of aspects to be considered and documented, either by the progressive enlargement of
the functional scope or by the need not to limit the initial documentation to the executive
logic.
Nowadays information acquires a vital role in healthcare organizations, and is considered as a
competitive advantage. The fast, intuitive, access to information by health professionals is
now regarded as a fundamental aspect of their business development.
Hospital da Prelada (HP) expects to obtain a support document to organizational processes
and working procedures, within the nursing and dietetics activity in terms of outpatient,
inpatient and operating rooms, to promote dissemination of information among health
professionals and to contribute to an increasing satisfaction of all stakeholders.
During this project I tried to diagnose the current circuit, based on interviews, meetings with
some stakeholders and by monitoring the activity of the nursing and dietetics department.
Upon review and consideration, a new circuit was proposed, with IT (Information
Technology) methods to be implemented.
Both proposals, the organizational and registered nursing intake, were properly approved by
the Head Nurse and the Head Hotelier, to certify their conformity with the nursing and
dietetics existing standards.
At the stage of completion a summary of points that must be included in the process of
parameterization was created, as well as the major guidelines the Hospital should follow
regarding this specific point.
This work provides the essential data for the HP to implement a Nursing Information System
(NIS).
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
v
Agradecimentos
Agradeço a todas as pessoas que confiaram em mim e nas minhas capacidades ao longo do
meu percurso académico.
Quero agradecer, em primeiro lugar aos meus orientadores Dr. Jorge Lima e Eng. João
Figueiredo, a relação dialogante e o apoio competente, disponibilidade pessoal e escuta activa
e crítica, e assim de igual modo ao Prof. Dr. António Carvalho Brito, a confiança e apoio
prestado.
Agradeço também a todos os professores que ao longo destes anos de formação me fizeram
crescer tanto a nível de conhecimentos como a nível pessoal tornando-me assim uma pessoa
com grandes expectativas para o futuro.
Um agradecimento distinto é devido aos meus pais e restante família, pela força, pelos
ensinamentos e confiança, porque não consigo distanciar deles a identificação que carrego
comigo próprio.
À Cíntia, minha companheira de todas as horas, um agradecimento muito especial.
O meu bem-haja a todos!
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
vi
Índice de Conteúdos
1 Introdução ........................................................................................................................................... 1
1.1 Apresentação do Hospital da Prelada .................................................................................................. 1
1.2 O Projecto Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos ........................................ 2
1.3 Método seguido no projecto ................................................................................................................. 2
1.4 Análise comparativa de abordagens existentes e das suas vantagens e inconvenientes ................... 3
1.5 Estudo e Desenvolvimento do Protótipo do Projecto Notas de Enfermagem/Dietética -
Levantamento de Processo .................................................................................................................. 3
1.6 Temas Abordados e sua Organização no Presente Relatório ............................................................. 4
2 Estado da Arte ..................................................................................................................................... 5
2.1 Nascimento/Evolução Enfermagem ..................................................................................................... 5
2.1.1 A Investigação em enfermagem em Portugal .................................................................... 5
2.1.2 Perspectivas de Futuro ...................................................................................................... 5
2.2 Importância das TI ............................................................................................................................... 6
2.3 Registo de Saúde Electrónico .............................................................................................................. 6
2.4 CIPE. .................................................................................................................................................... 8
2.5 Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem ........................................................ 8
2.5.1 Contexto ............................................................................................................................ 8
2.5.2 Enquadramento conceptual ............................................................................................... 9
2.5.3 Enunciados Descritivos.................................................................................................... 10
2.6 E-Saúde ............................................................................................................................................. 10
2.6.1 Teleenfermagem .............................................................................................................. 12
2.7 TISS28/NAS ....................................................................................................................................... 13
2.8 Cirurgia Segura Salva Vidas .............................................................................................................. 14
3 Levantamento do circuito actual ....................................................................................................... 17
3.1 Contextualização do Projecto ............................................................................................................. 17
3.2 Entrevistas ......................................................................................................................................... 17
3.2.1 Análise dos Resultados ................................................................................................... 18
3.2.2 Reflexão Critica ............................................................................................................... 20
3.3 Circuito Actual .................................................................................................................................... 21
3.3.1 Internamento .................................................................................................................... 21
3.3.2 Bloco Operatório .............................................................................................................. 23
3.3.3 Consulta Externa ............................................................................................................. 24
3.3.4 Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica ................................................... 25
3.3.5 Farmácia .......................................................................................................................... 27
3.3.6 Dietética ........................................................................................................................... 28
4 Modelo proposto para o Hospital da Prelada .................................................................................... 29
4.1 Internamento ...................................................................................................................................... 29
4.2 Bloco Operatório ................................................................................................................................ 33
4.3 Consulta Externa ................................................................................................................................ 35
4.3.1 Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica ................................................... 38
4.4 Dietética ............................................................................................................................................. 39
4.5 Parametrização .................................................................................................................................. 40
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
vii
5 Inovação Tecnológica ....................................................................................................................... 41
5.1 Serviço de Apoio ................................................................................................................................ 41
5.2 Internamento ...................................................................................................................................... 41
5.2.1 Sala de Pensos ................................................................................................................ 42
5.2.2 Unidade Endoscópica ...................................................................................................... 42
5.3 Bloco Operatório ................................................................................................................................ 42
5.4 Mudança Organizacional.................................................................................................................... 42
5.5 Mapeamento Documental .................................................................................................................. 43
5.6 Medidas Implementadas .................................................................................................................... 43
6 Conclusão e Propostas de Trabalho Futuro ..................................................................................... 44
6.1 Business Intelligence ......................................................................................................................... 44
6.2 Integrador HL7 ................................................................................................................................... 45
6.3 Single Sign On ................................................................................................................................... 46
6.4 Solução Aplicacional .......................................................................................................................... 46
6.5 Importância do Registo Electrónico Notas de Enfermagem ............................................................... 47
Referências ............................................................................................................................................ 48
ANEXO A: Glossário ....................................................................................................................... 50
ANEXO B: Cronograma .................................................................................................................. 52
ANEXO C: Lista de Nomenclatura Utilizada ................................................................................... 53
ANEXO D: Lista de Verificação Cirurgia Segura ............................................................................ 55
ANEXO E: Guião de Entrevistas .................................................................................................... 56
ANEXO F: Circuitos Actuais ........................................................................................................... 58
ANEXO G: Mapeamento Documental............................................................................................. 67
ANEXO H: Apresentação Plano Projecto ....................................................................................... 69
ANEXO I: Apresentação Ponto de Situação ................................................................................. 73
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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Acrónimos
ACSS – Administração Central do Sistema de Saúde
BI – Business Intelligence
CE – Conselho de Enfermagem
CIPE – Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem
DGS – Direcção Geral de Saúde
FEUP – Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto
G.H. – Gestão Hospitalar
HL 7 – Health Level Seven
HP – Hospital da Prelada
HQS – Health Quality Service
ICN – International Council of Nurses
IGIF – Instituto de Gestão Informática e Financeira da Saúde
MCDT – Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica
NAS – Nursing Activities Score
OE – Ordem dos Enfermeiros
OMS – Organização Mundial de Saúde
PCE – Processo Clínico Electrónico
RIS – Rede Informática da Saúde
SCMP – Santa Casa da Misericórdia do Porto
SI – Sistemas de Informação
SIE – Sistemas de Informação em Enfermagem
SIGIC – Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia
SIGLIC – Sistema Informático de Gestão da Lista de Inscritos para Cirurgia
SIH – Sistema de Informação Hospitalar
SNS – Serviço Nacional de Saúde
SSO - Single Sign On
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
ix
STI – Serviço de Tecnologias de Informação
TAC – Tomografia Axial Computorizada
TI – Tecnologias de Informação
TIC – Tecnologias de Informação e Comunicação
TISS 28 – Therapeutic Intervention Scoring System
UCI – Unidade de Cuidados Intensivos
UE – União Europeia
UP – Unidade de Proximidade
UR – Unidade de Referência
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
x
Índice de Figuras
Figura 1: Hospital da Prelada ..................................................................................................... 1
Figura 2: Florence Nightingale ................................................................................................... 5
Figura 3: Teleenfermagem ....................................................................................................... 12
Figura 4: Projecto Cirurgia Segura Salva Vidas ....................................................................... 16
Figura 5: Fluxograma proposto para o circuito de admissão.................................................... 30
Figura 6: Fluxograma proposto para o circuito de Internamento ............................................. 31
Figura 7: Fluxograma proposto para a Unidade de Queimados ............................................... 32
Figura 8: Fluxograma proposto para o processo de Alta .......................................................... 33
Figura 9: Fluxograma proposto para a Preparação do Bloco Operatório ................................. 33
Figura 10: Fluxograma proposto para o Bloco Operatório....................................................... 34
Figura 11: Fluxograma proposto para o Circuito da Consulta Externa .................................... 36
Figura 12: Fluxograma proposto para a Cirurgia de Ambulatório ........................................... 37
Figura 13: Fluxograma proposto para o circuito de MCDT’s .................................................. 38
Figura 14: Fluxograma proposto para a Unidade Endoscópica ................................................ 39
Figura 15: Fluxograma proposto para a Dietética .................................................................... 39
Figura 16:Gestão do Atendimento ............................................................................................ 41
Figura 17: Exemplos de equipamentos electrónicos ................................................................ 41
Figura 18: Leitor Cartão Cidadão ............................................................................................. 42
Figura 19: Fotografias de Salas Operatórias do HP ................................................................. 43
Figura 20: Business Intelligence .............................................................................................. 45
Figura 21: Integrador HL7 ........................................................................................................ 46
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
1
Figura 1: Hospital da Prelada
1 Introdução
Esta dissertação descreve o trabalho que foi desenvolvido nestes últimos cinco meses no HP,
no âmbito do estágio curricular do Mestrado Integrado em Engenharia Mecânica – Gestão da
Produção FEUP.
Os principais objectivos deste projecto consistem numa primeira fase em conseguir obter o
desenho dos processos organizacionais, fluxos e procedimentos de trabalho, no âmbito da
actividade de enfermagem/dietética nas áreas de Consulta Externa, Internamento e Bloco
Operatório, e numa fase posterior apoiar o processo de parametrização e arranque aplicacional
das soluções TI às notas de enfermagem/dietética.
Seguidamente neste capítulo será efectuada uma apresentação do HP e deste projecto, uma
explicação pelo método que foi escolhido, a apresentação da análise SWOT, a explicação do
protótipo desenvolvido, e para finalizar, a apresentação da estrutura do relatório.
1.1 Apresentação do Hospital da Prelada
O HP é propriedade da Santa Casa da Misericórdia do Porto (SCMP). Esta foi fundada em 14
de Março de 1499, e é uma instituição de
caridade e assistência social, de fins
filantrópicos e de utilidade pública.
Actualmente a acção assistencial da
Misericórdia do Porto, diversifica-se em
algumas áreas muito importantes como:
terceira-idade, saúde, deficiência, pobreza e
exclusão social, habitação, cultura, ensino e
formação profissional, lazer, etc.
As obras de construção do HP tiveram início
em 1971, contudo a definição do projecto
ocorreu em 1961, ano em que a Mesa da SCMP, pela provedoria do Dr. Domingos Braga da
Cruz, esboça a execução de um Centro de Reabilitação a construir nos terrenos da Quinta da
Prelada. O projecto estabelecia a inclusão de determinadas especialidades: Medicina Física e
Reabilitação, Cirurgia Plástica e Reconstrutiva, Ortopedia e também uma Unidade de
Queimados. Apenas em 17 de Outubro de 1988, é que o HP abre portas e recebe os primeiros
doentes nos serviços de Ortopedia, Cirurgia Plástica e Reconstrutiva e Medicina Física e
Reabilitação. Nos dias de hoje o HP dispõe além dos serviços referidos anteriormente os
seguintes serviços clínicos: Cirurgia Geral, Cirurgia Plástica Reconstrutiva Estética e Unidade
de Queimados, Urologia, Oftalmologia, Anestesia, Medicina Interna, Análises Clínicas
(hematologia, bioquímica, microbiologia, sorologia e imunologia) e Imagiologia (radiologia
convencional, tomografia axial computorizada - TAC, ressonância magnética e ecografia).
O Hospital da Prelada - Dr. Domingos Braga da Cruz tem como missão, melhorar a saúde
através de cuidados de qualidade, garantindo acesso atempado e a optimização dos recursos
disponíveis na comunidade, assim como participar na investigação e no ensino pós-graduado.
Pelo seu posicionamento (socialmente responsável, promotora da equidade de acesso, não
lucrativa) e pela excelência dos resultados obtidos nas diversas especialidades de que dispõe,
o Hospital é reconhecido – pela comunidade, pelo S.N.S. e pelos restantes interessados –
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
2
como um Estabelecimento de qualidade na saúde, tanto pelos cuidados prestados como pela
sua participação na investigação e no ensino pós-graduado. Os valores fundamentais pelos
quais o HP rege o seu funcionamento são, servir o doente, excelência de actuação, respeito e
correcção no relacionamento, valor para a comunidade, inovação para melhores serviços e
resultados e responsabilidade por tudo o que fazem.
No dia 8 de Fevereiro de 2007, o HP recebeu do Organismo Internacional de Acreditação, o
Health Quality Service (HQS), a Acreditação Total em Qualidade, referente a todas as áreas
do Hospital. O Hospital da Prelada teve a distinção de ser o primeiro Hospital privado em
Portugal a receber a Acreditação em Qualidade, por um organismo nacional ou internacional.
Foi avaliado pela Norma do HQS que compreende 1679 critérios. A Auditoria foi efectuada
por um corpo de auditores Inglês, que questionou todas as áreas de actividade do Hospital
desde a Gestão, Serviços Clínicos, Serviços Não Clínicos, Serviços de Apoio e
Administrativos.
O êxito deste projecto baseou-se essencialmente em dois factores fundamentais como são, o
facto de o Hospital ter procurado desde inicio ser um projecto inédito em termos de gestão,
organização técnica, prestação, racionalização e humanização dos serviços, e por outro lado o
envolvimento com que todos os colaboradores participaram no programa que estabeleceu o
Sistema de Qualidade no Hospital.
1.2 O Projecto Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
O projecto Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos surgiu da
necessidade de desenvolver e avaliar ferramentas de suporte à decisão no âmbito da
actividade de enfermagem e dietética nas áreas de Consulta Externa, Internamento e Bloco
Operatório, no sentido de promover a partilha de conhecimento, disseminação da informação
entre os profissionais de saúde contribuindo para um aumento do grau de satisfação de todos
os stakeholders deste Projecto.
O facto deste projecto ter sido proposto à FEUP no âmbito do Mestrado Integrado em
Engenharia Mecânica - Gestão de Produção (MIEM-GP), tem como principal objectivo que
este seja desenvolvido por alguém exterior à instituição com o intuito de trazer uma visão
“limpa” e independente, alicerçada em novas ideias.
1.3 Método seguido no projecto
Numa primeira fase, este projecto focalizou-se na análise/documentação dos fluxos e
procedimentos de trabalho existentes no HP com o objectivo de melhor conhecer a realidade
hospitalar.
Numa segunda fase, e depois de perfeitamente adaptado à realidade, foi iniciado o "trabalho
de interacção" com os stakeholders do projecto, ou seja, foi feito o acompanhamento dos
enfermeiros e da dietista no desenvolver das suas actividades, realizaram-se entrevistas e
compilou-se a respectiva informação.
Por último, efectuou-se algumas sugestões para o processo de parametrização e preparação do
arranque operacional. Efectuou-se ainda um mapeamento documental.
Em anexo (vide anexo B), apresenta-se o cronograma referente ao projecto.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
3
1.4 Análise comparativa de abordagens existentes e das suas vantagens e
inconvenientes
De forma a haver uma familiaridade com os principais factores que diferenciam o HP e quais
as ameaças e oportunidades que se deparam com a implementação do Registo Electrónico das
Notas de Enfermagem / Dietética foi elaborada a análise SWOT, apresentada na seguinte
tabela.
1.5 Estudo e Desenvolvimento do Protótipo do Projecto Notas de
Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processo
O desenho dos circuitos (actuais e propostos) foram realizados em fluxogramas
multifuncionais, recorredo ao aplicativo Microsoft Office Visio. A vermelho estão
representados os processos para os quais foram propostas mudanças.
Em anexo (vide anexo C), apresenta-se a lista da nomenclatura utilizada.
Tabela 1: Matriz SWOT
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
4
1.6 Temas Abordados e sua Organização no Presente Relatório
A dissertação elaborada encontra-se dividida em seis capítulos.
No capítulo seguinte mostra-se o estudo realizado no que diz respeito ao estado da arte. É
feito um apanhado daquilo que existe um pouco por todo mundo ao nível das TI aplicadas na
área da saúde.
No terceiro capítulo, descreve-se o circuito actual ao nível dos processos da actividade de
Enfermagem e Dietética. Foi feito um acompanhamento presencial aos vários serviços assim
como um guião de entrevistas no sentido de perceber melhor toda a actividade dos
profissionais de saúde.
No quarto capítulo é apresentada a proposta de mudança ao HP. Essa mudança pretende estar
suportada nas TI a fim de alavancar a actividade de Enfermagem/Dietética. Neste capítulo são
apresentados os novos circuitos e fundamentadas as opções tomadas.
O quinto capítulo, diz respeito à Inovação Tecnológica, ou seja, é feito um breve resumo
sobre tudo aquilo que foi proposto para o HP ao nível de tecnologia. É ainda feita menção ao
mapeamento documental realizado bem como a medidas implementadas.
Por último, no sexto capítulo são referidas as conclusões e propostas para o futuro.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
5
Figura 2: Florence
Nightingale
2 Estado da Arte
2.1 Nascimento/Evolução Enfermagem
Na sua origem, a prática de enfermagem seguia uma linha de cuidados maternais e de
controlo das pessoas doentes, sob a tutela das autoridades médicas ou religiosas da altura, que
tinham a função de prescrever tratamentos ou cuidados adicionais. Desta maneira, as
enfermeiras, naturalmente, tendiam a seguir a tradição e a aceitar os conhecimentos e ordens
das autoridades sem mais questionamento.
Florence Nigthingale foi a grande responsável na mudança de
paradigma da actividade de enfermagem. “Com Florence
Nigthingale, a enfermagem passou a ser ensinada em escolas
próprias, cujo modelo foi decalcado por toda a Europa e pelo
resto do mundo” (Manuel Gameiro, 1999). Foi ela quem fundou o
ensino da enfermagem moderna dentro de uma tradição militar.
Nesta altura não existia ainda a vertente de investigação científica
na prática de enfermagem.
Esta só passou a ser tida em conta quando alguns cursos de
enfermagem adquiriram estatuto de formação universitária. Este
facto ocorreu primeiramente nos EUA na primeira metade do
século XX. As primeiras grandes linhas de investigação foram
desenvolvidas por professores, partindo do pressuposto que a
melhoria da prática de enfermagem dependia da melhoria da qualidade de ensino e da gestão
dos serviços. Posteriormente, a partir da década de 50 surgiu a investigação directamente
ligada à prática dos cuidados.
2.1.1 A Investigação em enfermagem em Portugal
Relativamente à enfermagem portuguesa, a parte da investigação não tem qualquer expressão,
embora existam alguns enfermeiros que desenvolveram trabalhos de investigação utilizando
metodologias científicas, mas apenas por exigência curricular.
2.1.2 Perspectivas de Futuro
Comparando Portugal com o resto do mundo, os enfermeiros portugueses adquiriram já
competências e mecanismos que lhes permitem controlar e orientar trabalhos de investigação
com validade científica.
A vertente da investigação é da maior importância na área de enfermagem, e os próprios
regulamentos prevêem-na como uma atribuição funcional. Segundo o artigo 9º do REPE1,
“Consideram-se autónomas as acções realizadas pelos enfermeiros, sob sua única e exclusiva
iniciativa e responsabilidade, de acordo com as respectivas qualificações profissionais, seja na
prestação de cuidados, na gestão, no ensino, na formação ou na assessoria, com os contributos
na investigação em enfermagem”.
1 Regulamento do Exercício Profissional do Enfermeiro – Decreto-Lei nº161/96, de 4 de Setembro
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
6
Os cargos de chefia têm também vindo cada vez mais a valorizar os estudos de investigação,
facto muito importante para a generalidade dos profissionais de enfermagem.
Segundo Manuel Gameiro2, estes são os grandes desafios que a enfermagem se depara
relativamente à investigação científica:
“Uma cada vez maior consciencialização da importância da investigação em
enfermagem, particularmente dos enfermeiros gestores, incentivando e criando
condições para a execução de trabalhos de investigação nos serviços, e por outro
lado valorizando nos concursos profissionais a realização e a publicação de
trabalhos.”
“Uma maior concorrência profissional, com o aparecimento no campo da saúde de
novos profissionais ciosos de conquistar e legitimar um espaço de prática,
evidenciando a necessidade de validar um corpo de “saber enfermagem” e de
promover o seu reconhecimento entre a comunidade científica e o público em geral, e
por outro lado ser determinado a exigência de validação das práticas, dirigindo-as
com base em teorias e modelos específicos da enfermagem e de modo a optimizar os
resultados das intervenções.”
Todos estes desafios enumerados, só fazem sentido numa perspectiva de contribuir para a
melhoria contínua dos cuidados de saúde, neste caso através da investigação científica na área
da enfermagem.
2.2 Importância das TI
As Tecnologias de Informação têm hoje um papel fundamental não só na área da saúde como
em vários sectores da nossa sociedade. Em todos eles, as TI têm tido um acréscimo de
importância e para comprovar isso mesmo transcreve-se um enxerto do acordo assinado pelo
governo Português e o governo da Argélia, no âmbito da III cimeira Luso - Argelina a 9-11-
2010, "Desejosos de elevar as já excelentes relações bilaterais entre os dois países ao
patamar de parceria privilegiada, os dois Primeiros-Ministros decidiram dedicar a III
Cimeira ao tema «Tecnologias de Informação e Comunicação – Ponte para uma Parceria
Exemplar»."."As duas Partes sublinharam o carácter prioritário desses sectores, em
particular o das Tecnologias da Informação e Comunicação…”.
O que acontece ainda hoje em muitas instituições de saúde, é o facto de os profissionais de
saúde não terem acesso à informação de uma forma segura, correcta e contextualizada. Este
aspecto é considerado incompreensível e anómalo, por parte dos actores que actuam na cadeia
de valor da prestação de cuidados de saúde quer sejam os profissionais ou utentes.
2.3 Registo de Saúde Electrónico
O facto de existir a necessidade de informação de qualidade disponibilizada de uma forma
simples, uniforme e segura leva-nos à importância da existência de um sistema electrónico
que contenha informação clínica de suporte às necessidades dos profissionais de saúde em
todos os departamentos clínicos hospitalares. Esse sistema é o Registo de Saúde Electrónico
(RSE).
2 Manuel Gameiro – Professor Coordenador da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
7
Só permitindo a partilha de informação de saúde centrada no utente e orientada para o apoio
ao cumprimento da missão dos profissionais de saúde, é que o RSE conseguirá corresponder
àquilo que atrás foi dito. De referir ainda que o RSE trará benefícios acrescidos, quando
alavancado na utilização de ferramentas indutoras de eficácia e eficiência na prestação de
cuidados de saúde, entre os quais segundo o Registo de Saúde Electrónico, documento de
estado da arte se podem destacar:
Melhorar o acesso do cidadão aos serviços de saúde;
Elevar os níveis de qualidade e a celeridade dos serviços prestados;
Reduzir significativamente o risco de erros advindos da falta de informação
indispensável ao profissional no momento e no local da decisão;
Reduzir o tempo necessário à disponibilização de relatórios clínicos e laboratoriais,
com a integração no sistema de entidades produtoras de MCDT’s;
Reduzir os custos evitando a replicação de esforços e recursos;
Melhorar de uma forma significativa os indicadores de gestão e a promoção da
investigação clínica bem como a produção de estatísticas e indicadores de saúde.
Posto isto, segundo o mesmo documento importa perceber e reflectir nos desafios que se
deparam à implementação do RSE na actualidade, como são:
O facto de conseguir garantir a interoperabilidade entre os sistemas e aplicações em
uso,
Conseguir mobilizar mecanismos e procedimentos que garantam a actualidade,
integridade, disponibilidade e confidencialidade da informação,
Induzir o alinhamento de aplicações informáticas com princípios de arquitectura e de
estruturas de conteúdos que promovam não só a sua interoperabilidade, mas também a
sua participação, com consumidores e fornecedores de conteúdos,
Estabelecer normas, procedimentos e enquadramento jurídico e regulamentar,
Promover e estimular a sua adopção por parte de todos os interessados.
No que concerne ao registo das Notas de Enfermagem é de salientar que Portugal se encontra
entre os países da UE com maior utilização de sistemas de registos electrónicos baseados
numa Classificação Internacional para a Prática de Enfermagem (CIPE).
Por outro lado, especialmente a Ordem dos Enfermeiros (OE) tem vindo a desenvolver
orientações no sentido de promover uma correcta e normalizada implementação de um
Sistema de Informação de Enfermagem (SIE) com recurso a um registo de actividades de
enfermagem uniformizado, através da utilização obrigatória da CIPE.
Assim, o RSE deverá permitir a documentação da prática de enfermagem, nomeadamente no
que respeita ao registo da descrição e acompanhamento dos cuidados de enfermagem em
todos os contextos da sua prática.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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2.4 CIPE
A CIPE foi criada pelo Conselho Internacional de Enfermeiros (ICN) para permitir uma
linguagem científica e unificada, comum à enfermagem mundial.
Actualmente à semelhança do que acontece com o International Classification of Diseases
(ICD-10), também a CIPE se encontram aprovada pela Organização Mundial de Saúde
(OMS).
A CIPE tem como principais objectivos:
Conseguir facilitar e melhorar a comunicação entre enfermeiros e com a cadeia
multidisciplinar;
Fazer uma descrição correcta dos cuidados de enfermagem ao longo do tempo;
Garantir que se possam fazer comparações entre dados de enfermagem;
Conseguir gerir melhor os recursos humanos, ou seja, ser possível definir o número de
enfermeiros necessários em cada serviço;
Com dados recolhidos no sistema de informação em saúde conseguir estimular a
investigação científica;
Fazer com que a enfermagem possa ser olhada através dos sistemas de informação, e
assim, influenciar as decisões politicas na área da saúde;
Promover a implementação dos sistemas electrónicos, melhorando a comunicação e as
tomada de decisões em enfermagem.
A CIPE deve ser consistente com e independente dos modelos de enfermagem. O conceito
essencial de cada modelo de enfermagem (necessidades humanas básicas, modelos de
adaptação, défices no auto cuidado, padrões de resposta humana) pode ser caracterizado como
proposta para um princípio de divisão de uma classificação de fenómenos de enfermagem.
A CIPE é um instrumento com alto nível de complexidade e abrangência, que inclui milhares
de termos e definições. Para facilitar a sua utilização, o ICN está a desenvolver catálogos que
são subconjuntos da CIPE que permitem aos enfermeiros que trabalham numa área de
especialidade (por exemplo unidade de queimados), integrarem mais facilmente a CIPE no
seu trabalho.
De referir ainda que “Portugal é pioneiro no uso da linguagem CIPE, pelo que tem sido
contactado por países congéneres e pelo ICN no sentido de disponibilizar informações e
orientações sobre o tema, isto é, experiências a nível de enfermagem estão a ser orientadas por
Portugal”3.
Esta Classificação está em constante actualização e desenvolvimento.
2.5 Programa Padrões de Qualidade dos Cuidados de Enfermagem
2.5.1 Contexto
A necessidade de implementar sistemas de qualidade é hoje assumida formalmente, quer por
instâncias internacionais como a Organização Mundial da Saúde e o Conselho Internacional
3 RSE – Registo de Saúde Electrónico: Documento do Estado da Arte
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
9
de Enfermeiros, quer por organizações nacionais como o Conselho Nacional da Qualidade e o
Instituto da Qualidade em Saúde.
Criar sistemas de qualidade em saúde revela-se uma acção prioritária. Assim, as associações
profissionais assumiram um papel fundamental na definição dos padrões de qualidade em
cada domínio específico característico dos mandatos sociais de cada uma das profissões
envolvidas. É este o contexto no qual o Conselho de Enfermagem (CE) da OE enquadra os
esforços tendentes à definição estratégica de um caminho que vise a melhoria contínua da
qualidade do exercício profissional dos enfermeiros. Assume-se que a qualidade em saúde é
tarefa multiprofissional e que tem um contexto de aplicação local.
Daqui se deduz o papel importante da definição, pelos enfermeiros que exercem a sua
actividade em Portugal, de padrões de qualidade dos cuidados de enfermagem. Claramente,
nem a qualidade em saúde se obtém apenas com o exercício profissional dos enfermeiros,
nem o seu exercício profissional pode ser negligenciado nos esforços para obter qualidade em
saúde.
2.5.2 Enquadramento conceptual
Para (Abel Paiva, 2006)4, existem quatro tipos de estrutura conceptuais consideradas
paradigmáticas para definir o enquadramento conceptual:
Pessoa:
A pessoa deseja e procura a saúde. Possui um quadro de valores e crenças, e desejos de
natureza individual, que influencia os comportamentos intencionais. A pessoa desenvolve o
seu quadro de valores e crenças – que influenciam os comportamentos intencionais – num
determinado ambiente que interfere com a forma como a pessoa vive e se desenvolve. No seu
percurso, a pessoa desenvolve estilos e actividades de vida que se repercutem directa e
indirectamente no seu bem-estar e na satisfação das suas necessidades humanas
fundamentais.
Saúde:
Para além de referir-se à condição humana – física, mental, social, espiritual -, a saúde é a
representação mental sobre a condição individual, o controlo do sofrimento, o bem-estar
físico e o conforto psicológico, emocional e espiritual. É um estado subjectivo de procura
permanente do melhor equilíbrio.
Ambiente:
O ambiente é constituído por todos os elementos humanos, físicos, políticos, económicos,
culturais e organizacionais, que influenciam a forma como a pessoa vive e se desenvolve. O
ambiente influencia e é influenciado pela pessoa, que pelo seu funcionamento individual, que
pelo seu funcionamento grupal.
Cuidados de Enfermagem:
Os cuidados de enfermagem implicam uma abordagem holística da pessoa, que tem por
finalidade identificar as necessidades de cuidados de enfermagem, a prescrição de
intervenções e a monitorização de resultados. Visam a promoção de estilos de vida
saudáveis, tendo em conta o ambiente no qual a pessoa vive e no respeito pelas suas
4 Abel Paiva – Dr. em Ciências de Enfermagem. Professor – Coordenador na Escola Superior de Enfermagem
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
10
capacidades, pelo seu quadro de valores e crenças, e desejos de natureza individual. Os
cuidados de enfermagem têm um papel de suplemento/complemento das actividades da vida
diária da pessoa, quando deficiências, incapacidades ou handicaps a afectam, procurando
sistematicamente promover a adaptação aos défices funcionais. Os cuidados de enfermagem
centram-se na pessoa, na família ou na comunidade, e processam-se através de relações de
parceria estabelecidas num quadro de respeito pelas capacidades, cultura e vontade do
cliente.
2.5.3 Enunciados Descritivos
A satisfação do cliente. Na procura permanente da excelência no exercício
profissional, o enfermeiro persegue os mais elevados níveis de satisfação dos clientes.
A promoção da saúde. Na procura permanente da excelência no exercício
profissional, o enfermeiro ajuda os clientes a alcançarem o máximo potencial de
saúde.
A prevenção de complicações. Na procura permanente da excelência no exercício
profissional, o enfermeiro previne complicações para a saúde dos clientes.
O bem-estar e o auto cuidado. Na procura permanente da excelência no exercício
profissional, o enfermeiro maximiza o bem-estar dos clientes e complementa as
actividades de vida relativamente às quais o cliente é dependente.
A readaptação funcional. Na procura permanente da excelência no exercício
profissional, o enfermeiro conjuntamente com o cliente desenvolve processos eficazes
de adaptação aos problemas de saúde.
A organização dos cuidados de enfermagem. Na procura permanente da excelência
no exercício profissional, o enfermeiro contribui para a máxima eficácia na
organização dos cuidados de enfermagem.
2.6 E-Saúde
O conceito de “saúde em linha” baseia-se essencialmente nas TIC que utiliza estas
ferramentas para reforçar a prevenção, o diagnóstico e o tratamento de doenças, bem como
para controlar e gerir questões relacionadas com a saúde e o estilo de vida.
Este conceito promove essencialmente:
Troca de informação entre os doentes e os prestadores de cuidados de saúde;
Transmissão de dados entre as diferentes instituições;
Comunicação entre pares (entre os doentes ou entre os profissionais de saúde).
Para isso incluem no seu sistema:
Redes de informações sobre saúde;
Registos de saúde electrónicos;
Serviços de Telemedicina/Teleenfermagem;
Sistemas de comunicação pessoais e portáteis para monitorizar e prestar assistência
aos doentes.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
11
Uma das grandes vantagens de existirem ferramentas de saúde em linha, prende-se com a
contribuição que é dada para a disponibilização de informações vitais onde e quando
necessárias. Aspecto este muito importante no contexto que se vive nos dias de hoje em que o
movimento de cidadãos a nível internacional é muito intenso.
A saúde em linha pode ter benefícios significativos para toda a comunidade, na medida em
que melhora o acesso aos cuidados de saúde e a sua qualidade, contribuindo para sistemas de
saúde centrados no utilizador, bem como para a eficácia, eficiência e sustentabilidade globais
do sector.
Ao nível da União Europeia (UE) existe a intenção de criar um espaço europeu da saúde em
linha, com a coordenação de acções e do incentivo para que haja partilhas de informação
política de modo a conseguir-se melhores soluções, levando desta forma a uma unificação do
mercado e à difusão das boas práticas.
A UE está a avançar no sentido da criação de um “espaço europeu da saúde em linha”, através
da coordenação de acções e da promoção de sinergias entre políticas conexas e partes
interessadas, de forma a conseguir melhores soluções, evitar a fragmentação do mercado e
difundir as melhores práticas.
A UE tem a este nível os seguintes objectivos bem específicos:
Criar uma estrutura de registo electrónico da saúde através de apoio ao intercâmbio de
informação e à normalização;
Estabelecer redes de informação sobre saúde entre pontos de atendimento tendo em
vista coordenar as acções em caso de perigo para a saúde pública;
Assegurar serviços de saúde em linha, tais como a informação sobre estilos de vida
saudáveis e a prevenção de doenças;
Desenvolver serviços de teleconsulta, bem como de receita de medicamentos, de
encaminhamento e de reembolso em linha.
É importante ter em conta que para que esta abordagem tenha sucesso a participação dos
cidadãos, dos doentes e dos profissionais da saúde na execução das várias estratégias e
projectos é fundamental.
A título de exemplo,”a informação e as funcionalidades disponibilizadas pelo site do NHS, o
serviço público de saúde inglês, permitem uma poupança de cerca de 44 milhões de libras por
ano. Esta é a principal conclusão de um estudo do Imperial College. O estudo refere ainda que
mais de um terço dos que visitam o site não marcam consultas online e que cerca de 70 por
cento usam a Internet para procurar informação sobre saúde. O site permite aos cidadãos obter
informações sobre condições de prestação de cuidados de saúde, sobre tratamentos e melhoria
das condições de vida e ainda sobre os médicos que prestam serviços ao NHS, assim como
permite comparar o desempenho dos hospitais e a partilha de experiências. As poupanças
geradas pela utilização do site devem-se ao facto de muitos pacientes consultarem o mesmo
para obter informação sobre saúde ao invés de ir directamente ao médico, quando de tratam
de questões mais rotineiras. Ao terem acesso a mais informação os cidadãos passam, segundo
o estudo, a fazer uma utilização mais racional das valências do sistema público.”
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
12
Figura 3:
Teleenfermagem
2.6.1 Teleenfermagem
No que diz respeito à Teleenfermagem, pode-se afirmar que esta
prática assenta na prestação de cuidados de enfermagem de
proximidade, realizado pelo enfermeiro de família, coadjuvado por
um perito em enfermagem de uma Unidade de Referência.
Uma qualquer ocorrência que exija cuidados de enfermagem,
diferenciados, expostos por um doente que resida numa área afastada
ou de difícil acesso e que se dirija ao centro de saúde ou a uma outra
qualquer unidade de proximidade, é assistida com a utilização das
Tecnologias de Informação e Comunicação (TIC) com custos
reduzidos, com elevado humanismo e eficiência pelo Hospital ou outra
qualquer unidade de referência.
O objectivo da Teleenfermagem é que os profissionais de saúde nomeadamente os
enfermeiros, usem as TIC, no sentido de os ajudar a resolver os problemas com que se
deparam na sua actividade, num contexto de continuidade de cuidados à distância.
“Desde o ano de 2007 que a Teleenfermagem tem sido utilizada no nosso país, não de uma
forma muito estruturada mas recorrendo a pequenos projectos-piloto como foi o caso do
Hospital Sousa Martins (Guarda) designado Unidade de Referência (UR) e o Centro de Saúde
de Gouveia designada Unidade de Proximidade (UP), cujo propósito de recorrer à
Teleenfermagem centra-se na disponibilização da informação e conhecimento, da UR para a
UP, com vista a facilitar a tomada de decisão do enfermeiro sobre os diagnósticos sensíveis
aos cuidados de enfermagem”. Segundo dados recolhidos, “72 horas após a alta hospitalar, os
doentes recorrem ao Serviço de Urgência em elevado número, por falta de apoio nos cuidados
domiciliários, acarretando custos sociais e financeiros elevados”. Este é sem dúvida um dos
campos onde a Teleenfermagem pode dar um contributo decisivo.
Actualmente a Telemedicina está a revelar uma importância muito forte, na oferta dos
serviços de saúde por telecomunicações, no âmbito da consulta interactiva e diagnóstica,
espera-se agora que o mesmo ocorra com a Teleenfermagem.
Existem já em Portugal alguns estudos feitos sobre o tema da Teleenfermagem, onde se
evidenciam as necessidades de intervenção e melhor utilização do conhecimento dos
enfermeiros. Não será alheio a esta situação o facto de em Portugal a actividade de
enfermagem não ser por vezes muito valorizada, em contraste com o que vai acontecendo um
pouco por todo mundo, nomeadamente no Canadá onde o enfermeiro vê a sua actividade mais
valorizada.
Por último, importa sintetizar as melhorias espectáveis com uma maior aposta na
Teleenfermagem:
Promoção de cuidados em contínuo;
Obtenção de ganhos em saúde para o utente;
Redução da tendência dos cidadãos em recorrerem ao serviço de urgência, após
internamento recente, por ausência de cuidados de proximidade;
Benefícios para a sociedade e tecido produtivo, nomeadamente Hospitais, Centros de
Saúde e outras Unidades de Proximidade.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
13
2.7 TISS28/NAS
Devido aos elevados custos que as UCI´s (Unidade de Cuidados Intensivos) representam para
os Hospitais, existe hoje a necessidade de avaliar a relação custo benefício praticados nestas
unidades.
Decorrente deste factor surge a necessidade, de desenvolver índices e indicadores de
gravidade com o intuito de estratificar os doentes por gravidade de doença e prognóstico.
Deste modo consegue-se estabelecer requisitos mínimos que justifiquem o internamento ou
permanência nesta unidade.
Do ponto de vista clínico, os factores que ajudam a classificar a gravidade dos doentes, têm
como grande objectivo a discrição quantitativa do grau de disfunção orgânica de utentes em
estado crítico, através de valores numéricos decorrentes das alterações clínicas sofridas.
Existem actualmente dois indicadores de mortalidade, conhecidos e aceites
internacionalmente, o Acute Physilogy and Chronic Health Evaluation (APACHE) ou o
SAPS (Simplified acute phisiology score).
Relativamente à enfermagem, existe hoje a necessidade de criar indicadores objectivos de
maneira a conseguir-se classificar os doentes pelas necessidades dos cuidados prestados e pela
gravidade da sua situação clínica.
Desta apreciação decorrem os seguintes factores:
Classificação dos doentes;
Qualidade de cuidados;
Gestão de recursos humanos;
Monitorização da produtividade.
Todos estes factores podem ser quantificados tendo sempre por base o grau de complexidade
dos cuidados de enfermagem.
Ao conseguir realizar-se uma gestão dos recursos humanos de enfermagem, os indicadores de
cuidados transformaram-se num instrumento de gestão e busca da qualidade, na medida em
que procuram adaptar o número de enfermeiros disponíveis às necessidades de cada doente e
da própria instituição.
À que ter em consideração que se por um lado, uma equipa de enfermagem
sobredimensionada leva a um elevado custo, por outro, uma equipa reduzida pode levar a uma
diminuição da qualidade e da eficácia dos cuidados prestados aos doentes, conduzindo a
internamentos mais prolongados que aumentarão o custo do tratamento e atrasarão a
recuperação do doente.
De todos os índices disponíveis para avaliar a carga de trabalho de enfermagem em UCI`s,
pode-se destacar o Simplified Therapeutic Intervention Scoring System (TISS-28) e o seu
sucessor Nursing Activities Score (NAS), criado por Reis Miranda em 2003.
Reis Miranda e alguns colaboradores publicaram a TISS-28 em 1996. Esta é constituída por
sete categorias de intervenções terapêuticas:
Actividades básicas;
Suporte ventilatório;
Suporte cardiovascular;
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
14
Suporte renal;
Suporte neurológico;
Suporte metabólico;
Intervenções específicas.
Apesar de este programa ter uma boa fiabilidade de utilização e ser um índice de trabalho de
enfermagem validado em Portugal, só consegue abranger 43.3% das actividades de
enfermagem.
Fazendo uma comparação com o TISS-28, o NAS tornou-se num indicador de carga de
trabalho de enfermagem mais geral e abrangente pois consegue englobar mais cinco
actividades básicas relacionadas com a actividade de enfermagem, são elas:
Monitorização e controle;
Procedimentos de higiene;
Mobilização e posicionamento;
Suporte e cuidados familiares/doentes;
Tarefas administrativas e de gerência.
Apesar de ser um instrumento menos abrangente (contempla apenas 23 itens), o NAS
descreve aproximadamente duas vezes mais o tempo dispendido pelo enfermeiro nos cuidados
prestados ao doente. Apesar de o NAS não estar ainda validado em Portugal e não descrever
na totalidade o tempo real que o profissional de enfermagem gasta a cuidar do doente, este
será o instrumento que mais se aproxima da realidade verificada nas UCI´s em Portugal.
2.8 Cirurgia Segura Salva Vidas
O programa “Cirurgia Segura Salva Vidas” foi estabelecido pela Aliança Mundial para a
Segurança do Doente, OMS com o objectivo de reduzir o número de mortes relacionadas com
a cirurgia em todo o mundo.
O principal objectivo é fomentar o compromisso político e a vontade clínica para abordar
questões importantes de segurança, que incluem práticas de segurança anestésicas
inadequadas, infecções cirúrgicas evitáveis e comunicação desadequada entre os membros das
equipas cirúrgicas.
Como se pode consultar no manual de Implementação “Demonstrou-se que estes problemas
são comuns, fatais e evitáveis, em todos os países e todas as organizações. Para apoiar as
equipas cirúrgicas a reduzir o número desses eventos, a Aliança Mundial para a Segurança do
Doente da OMS (consultou cirurgiões, anestesistas, enfermeiros, especialistas em segurança
do doente e doentes em todo o mundo) identificou dez objectivos essenciais para a segurança
cirúrgica. Estes objectivos estão compilados na Lista de Verificação de Segurança
Cirúrgica”5.
5 Manual de Implementação da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
15
Os grandes objectivos deste projecto são:
Reforçar as práticas de segurança;
Promover uma melhor comunicação e trabalho dentro da equipa multidisciplinar.
Esta lista é uma ferramenta de suporte à actividade da cadeia multidisciplinar, que irá ajudar a
reduzir o número de mortes e complicações cirúrgicas.
Como refere o mesmo manual “A sua utilização demonstrou associação com reduções
significativas de complicações e taxas de mortalidade em diversos hospitais e contextos, com
melhorias na observação dos padrões de boas práticas de cuidados”.
Para se obterem os melhores resultados no arranque deste projecto, esta lista de verificação
deverá ser preenchida apenas por uma pessoa. Este profissional será o coordenador da lista de
verificação. Aconselha a OMS que seja feita pelo enfermeiro circulante.
Este documento está dividido em três fases:
Período antes da indução da anestesia;
Período antes da incisão cirúrgica;
Período após o encerramento da ferida (com o doente ainda na sala).
Em todas as fases o enfermeiro responsável por esta tarefa deverá poder confirmar que a
equipa completou as suas tarefas.
Esta lista pode ser alterada, adaptando-se assim às diferentes necessidades de cada
organização. No entanto, não é aconselhável a eliminação de etapas de segurança pois não
podem ser realizadas no ambiente ou nas características actualmente existentes. Se se optar
por efectuar alguma modificação, os cirurgiões, os anestesistas e os enfermeiros devem ser
chamados para esse processo.
A check-list começou a ser usada em Portugal no Hospital Santo António e no Hospital Santa
Marta, que de forma isolada e voluntariamente decidiram experimentar, tendo como principio
a lista disponibilizada pela OMS.
Actualmente esta lista é usada por todos os Hospitais públicos e convencionados com o SNS
(Serviço Nacional de Saúde), conforme indica a circular normativa emitida pela DGS
(Direcção Geral de Saúde) em 22/06/2010. “A Direcção-Geral da Saúde, no uso das suas
competências técnico - normativas e com base em documentação da OMS, traduzida e
adaptada com a devida autorização e posteriormente validada por um grupo de peritos
nacionais, disponível em www.dgs.pt, determina, em parceria com o Sistema Integrado de
Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), da Administração Central do Sistema de Saúde
(ACSS), por recomendação do Departamento da Qualidade na Saúde:
1. A implementação da “Cirurgia Segura Salva Vidas”, em todos os blocos operatórios do
Sistema Nacional de Saúde.
2. O preenchimento, em todas as cirurgias da “Lista de Verificação da Segurança Cirúrgica”,
bem como o Apgar Cirúrgico, na plataforma informática Sistema Integrado de Gestão de
Listas de Inscritos para Cirurgia (SIGLIC), disponível no endereço electrónico
https://siglic.min-saude.pt, directamente, ou através da interface com o sistema de informação
do Hospital.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
16
Figura 4: Projecto Cirurgia Segura Salva Vidas
3. A adesão de todos os blocos operatórios abrangidos à “Cirurgia Segura Salva Vidas” até ao
final de Setembro de 2010.”6
O HP em conformidade com o descrito está a realizar a verificação desde o dia 1 de Outubro
de 2010. Neste momento esta verificação ainda está a ser feita near-online por uma
administrativa destacada para o efeito, cenário que se espera alterar o mais brevemente
possível.
Em anexo (vide anexo D), apresenta-se o exemplar tipo, referente à Cirurgia Segura.
6 Direcção-Geral de Saúde Circular Normativa.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
17
3 Levantamento do circuito actual
3.1 Contextualização do Projecto
Presentemente, para qualquer organização de saúde a informação e a sua qualidade é vista
como uma elevada vantagem competitiva. O ciclo de Dados»Informação»Conhecimento,
adquire especial destaque em organizações cujo modelo é orientado aos serviços como é o
caso do HP.
Com o intuito de proporcionar aos profissionais de saúde, neste caso ao corpo de enfermagem
e dietética, as melhores ferramentas ao nível das TI, foi elaborado um redesenho dos
processos organizacionais, fluxos e procedimentos de trabalho, nas áreas de Consulta Externa,
Internamento e Bloco Operatório, com o intuito de promover a partilha de conhecimento e
difusão da informação entre os profissionais de saúde contribuindo para um aumento do grau
de satisfação de toda a cadeia multidisciplinar.
A orientação e ambição de transformar o HP num “Hospital sem papel” fazem com que
tenham vindo a ser definidas algumas metas e alguns objectivos intermédios. Neste projecto,
o foco irá incidir sobre as notas de Enfermagem/Dietética, no sentido de maximizar a
utilização de recursos nos circuitos identificados agilizando e aumentando a
comunicação/colaboração entre os profissionais de saúde.
No inicio do projecto e de modo a haver uma melhor integração, foi recolhida informação e
feito um levantamento das práticas hospitalares em vigor no âmbito do internamento, consulta
externa e bloco operatório ao nível da actividade de enfermagem e dietética.
Do que foi possível observar, actualmente todos os actos de enfermagem que são realizados
são registados em documentos em papel. No que se refere à dietética a perspectiva é muito
similar, ou seja, toda a informação é suportada por documentos em papel.
Existem cinco factores fundamentais para que se façam registos de enfermagem:
Promover a continuidade dos cuidados;
Produzir documentação dos cuidados;
Possibilitar avaliação dos cuidados;
Facilitar a investigação sobre os cuidados;
Optimizar a gestão dos cuidados.
3.2 Entrevistas
Este estudo foi realizado no âmbito do levantamento do circuito actual ao nível da actividade
de Enfermagem do HP, e teve como principais objectivos por um lado esclarecer dúvidas
existentes e por outro sentir o pulso ao corpo de enfermagem relativamente ao registo
electrónico das notas de enfermagem.
Em anexo (vide anexo E), apresenta-se um exemplar do guião elaborado.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
18
Gráfico 1: Resultados Registo Electrónico
Gráfico 2: Resultados Estado Actual
3.2.1 Análise dos Resultados
A amostra em que se baseou este estudo incidiu em 10% (25) do número total de Profissionais
de Enfermagem (250) que actualmente trabalham no HP, englobando todos os enfermeiros
chefes (8) dos diferentes serviços, a enfermeira geral bem como alguns enfermeiros (16)
pertencentes aos diferentes corpos de enfermagem. De referir que todos os enfermeiros que
participaram nesta sessão de entrevistas foram indicados pelos respectivos chefes de serviço.
Relativamente às ideias base no que diz respeito às perguntas sobre o registo electrónico, pode
salientar-se que:
96% Dos inquiridos
responderam afirmativamente
quando questionados sobre a
importância da implementação
do PCE (Processo Clínico
Electrónico) e a respectiva
integração das Notas de
Enfermagem;
88% Consideram que estão já
actualmente preparados para
passar a registar a informação
online;
44% Dos inquiridos têm ou já
tiveram experiências com algum tipo de dispositivo electrónico que são habitualmente
usados para proceder aos registos;
92% Concordam que o sistema de registo electrónico poderá trazer mais-valias para o
seu serviço, e destes, 96% conseguiram mesmo identificar algumas dessas mais-valias
sendo que a mais frisada foi “Uniformidade de critérios e facilidade de leitura”;
76% Consideram que haverá algum impacto na fase de transição e que esta é
fundamental para uma boa assimilação das novas práticas de registo;
Relativamente ao estado actual as principais ideias a retirar são:
64% Consideram que estão bem
documentadas todas as fases do
doente no seu processo de
atendimento, independentemente
do serviço onde se encontre;
44% Dos inquiridos admite fazer
uso de computação pessoal;
84% Considera que os registos
actuais são de fácil tratamento
para fins estatísticos e de gestão;
68% Consideram que o registo
actual é adequado à transmissão
de informação a todos os stakeholders, o que se pode entender um pouco como um
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
19
Gráfico 3: Acesso à Informação
contra senso com o ponto anterior pois os controladores de gestão são também
stakeholders do corpo de enfermagem;
56% Dizem que os registos actuais promovem a continuidade dos cuidados,
ressalvando aqui que houve por parte de muitos enfermeiros a referência que o
processo de alta continua a ser uma etapa crítica neste aspecto, pois não há uma
continuidade de cuidados desde que o doente recebe alta hospitalar;
76% Acham que os actos de enfermagem estão bem documentados. No entanto
existem alguns documentos, que sofreram algumas críticas pelo seu conteúdo e pela
falta do mesmo, nomeadamente o (HP – 218) que diz respeito às quedas
documentadas.
Nos serviços onde existe passagem de turno, 94% consideram que a etapa de
passagem de turno tem grande impacto na actividade de enfermagem, sendo da maior
importância no que diz respeito à troca de informação específica dos doentes;
84% Consideram que existe actualmente muita duplicidade de informação, e destes
todos acham que o registo electrónico poderá ajudar a terminar com este problema;
No que diz respeito à qualidade de informação trocada, 8% consideram que é Muito
Boa, 44% consideram Boa e 48% classificaram-na como razoável;
87.5% Dos inquiridos dizem que demoram mais de 10 minutos a efectuar os registos
relativos a um doente por turno, sendo que os restantes afirmaram que demoram entre
5 e 10 minutos;
80% Refere que não registam a informação em tempo real, sendo que destes todos
afirmam que existe um desfasamento superior a 10 minutos;
48% Dos inquiridos refere que é no regime de internamento que existe maior
quantidade de registos 16% no ambulatório e 36% considera que é igual;
Todos os chefes de enfermagem referem que efectuam periodicamente uma avaliação
aos registos de enfermagem efectuados pelo restante corpo de enfermagem.
Relativamente ao capítulo da segurança, as ideias principais a reter são:
As principais falhas ao nível da
segurança, rapidez de consulta e
organização prendem-se
essencialmente com a dificuldade
de leitura, com a facilidade de
acesso a pessoas não autorizadas e
com a dispersão dos registos que
existe quando um doente se
encontra internado;
Relativamente às pessoas que
deverão ter acesso às notas de
enfermagem, 68% considera que
deve ser apenas os médicos e enfermeiros, 24% considera que deve ser toda a equipa
multidisciplinar e 8% considera que devem ser apenas os enfermeiros;
Relativamente às medidas de segurança que consideram essenciais estarem
contempladas no registo electrónico, 4% não conseguiram identificar nenhuma medida
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
20
sendo que os restantes consideram essencial a atribuição de um Login a cada
utilizador, conseguindo-se desta forma identificar quem regista, o que regista e quando
regista.
Relativamente à existência de um plano de contingência, todos inquiridos consideram
essencial que seja elaborado.
Com o gráfico 3 pretende-se demonstrar o que foi referido no segundo ponto desta análise, ou
seja, tem a ver com quem poderá vir a ter acesso às notas registadas pelos enfermeiros, isto
segundo a opinião dos mesmos. De referir apenas, que cadeia multidisciplinar engloba
médicos, enfermeiros e técnicos dos diferentes serviços.
3.2.2 Reflexão Critica
Terminada e analisada a etapa referente às entrevistas, foi feito um brainstorming dos quais se
destacam as seguintes interrogações:
a. Qual o melhor plano de implementação, que assegure a continuação dos elevados
níveis de produtividade do corpo de enfermagem?
b. Existe algum serviço que seja o mais indicado, para se introduzir numa primeira fase
os registos electrónicos?
c. Qual será o sitio indicado para os registos (no caso de internamento), se não houver
disponibilidade de equipamentos electrónicos móveis?
d. Conseguir-se-á eliminar a etapa da passagem de turno com o registo electrónico?
e. Será importante integrar alguns elementos do corpo de enfermagem no processo de
parametrização?
f. Qual a melhor forma de integração das Notas de Enfermagem com o PCE?
g. Como se conseguirá terminar com o problema da Computação Pessoal?
h. Deverá haver algum reajustamento em relação ao conteúdo dos registos que é feito
actualmente?
i. Qual será o plano de Contingência mais indicado a adoptar pelo Hospital?
Deste brainstorming foram resumidos os seguintes pontos:
a. Deverá ser nomeada uma equipa piloto para arrancar com o registo electrónico, de
modo a haver um feedback mais eficiente entre a equipa STI (Serviços de Tecnologias
de Informação) e os profissionais de saúde;
b. Depois de a equipa piloto terminar todos os testes, não existe nenhuma área Hospitalar
em especial por onde se deva começar a implementar o registo electrónico, visto cada
área ter o seu corpo de enfermagem específico;
c. O sítio mais apropriado para realizar os registos de enfermagem em caso de não ser
possível a aquisição de equipamentos móveis será a sala de enfermagem onde se
realiza a admissão ao doente;
d. A passagem de turno será um processo que se poderá eliminar, mas numa primeira
fase não é aconselhável sendo que este se poderá tornar mais rápido pois os
enfermeiros terão à sua disposição informação mais completa e com maior qualidade;
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
21
e. É fundamental integrar alguns profissionais da área de enfermagem na parametrização
do software, pois ninguém melhor que eles conhecem as especificidades da sua
actividade bem como as necessidades com que se deparam;
f. Deverá ser definido pelo STI, médicos e enfermeiros quais os campos que o médico
deverá ter acesso relativamente às notas de enfermagem, variando estas consoante a
área do Hospital onde o médico se encontre;
g. Deverá haver um comprometimento dos chefes de enfermagem, no sentido de
transmitirem à respectiva equipa, que a computação pessoal não é uma boa prática
podendo mesmo vir a prejudicar a sua actividade;
h. É importante que assiduamente haja uma revisão dos registos utilizados numa
perspectiva de melhoria contínua. As necessidades dos enfermeiros vão mudando e é
importante que os registos acompanhem essa mudança, podendo assim ajudar a
promover os cuidados de saúde;
i. Numa primeira fase o Plano de Contingência mais indicado será o suporte documental
em papel, tal e qual como existe actualmente. No futuro poderia optar-se por adquirir
equipamentos de reserva.
3.3 Circuito Actual
Todos os fluxogramas relativos ao Levantamento do Circuito Actual podem ser consultados
em anexo (vide anexo F).
3.3.1 Internamento
Admissão do doente
Cada piso de internamento está dividido em duas alas sendo que existem 3 turnos no corpo de
enfermagem (manhã com 3 enfermeiros, tarde com 2 enfermeiros e noite com 1 enfermeiro).
No dia e hora marcados o doente deve apresentar-se no Serviço de Apoio (piso 0) onde uma
recepcionista confere a identidade e a data de internamento.
Depois de o doente se encontrar no respectivo serviço é encaminhado para a sala de espera do
médico para este proceder à verificação de aptidão para cirurgia, isto se for um doente para
ser intervencionado cirurgicamente. Caso contrário o enfermeiro regista as prescrições feitas
pelo médico aquando da consulta externa, realiza a entrevista e através do software G.H.
(Gestão Hospitalar) atribui uma cama ao doente.
Se o médico der o aval positivo no caso de doentes que vêm para ser intervencionados, o
doente é encaminhado para a sala de espera onde será recebido pelo enfermeiro no sentido de
este proceder à entrevista onde são registados dados pessoais e clínicos.
Se o aval do médico não for positivo é comunicado ao administrativo clínico do piso que irá
anular o internamento.
O enfermeiro depois de entrevistar o doente e lhe atribuir uma cama através do software G.H.
irá transcrever as prescrições médicas.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
22
Internamento
Depois de terminada a cirurgia o enfermeiro responsável por transportar o doente preenche o
documento referente à alta do bloco operatório e conduz este com a ajuda de um auxiliar de
acção médica para a enfermaria.
Caso se trate de um doente internado em regime de ambulatório, o médico já deu
autorização para a alta no bloco e apenas irá para a enfermaria repousar para posteriormente
abandonar o hospital.
Se por outro lado for um doente em regime de internamento, o enfermeiro irá realizar uma
avaliação (prescrição de enfermagem) do doente e prestar-lhe-á os cuidados que ele necessitar
ou que o médico tenha indicado na folha terapêutica. Posto isto, o enfermeiro irá registar nos
respectivos documentos os actos praticados.
Aquando da visita médica que é efectuada pelo médico internista, médico de serviço e pelo
enfermeiro, são anotadas por este último num documento não oficial do hospital as indicações
referentes ao doente.
No que diz respeito à alimentação, o enfermeiro irá transcrever essa informação e irá
disponibilizá-la à dietista.
Se for prescrito algum tipo de MCDT, o enfermeiro irá dar seguimento ao pedido feito pelo
médico e irá requerer o exame ao respectivo serviço. Esta troca de informação é feita através
de documentos e por telefone caso haja necessidade de agilizar o processo.
Para efectuar a requisição de medicação, dentro do horário de funcionamento da farmácia, o
enfermeiro irá passar a informação para a farmácia, que posteriormente enviará a medicação.
Aquando da recepção da medicação o enfermeiro assina a respectiva requisição. Toda a troca
de informação entre serviços é suportada por documentos em papel.
Pode também haver necessidade de medicação que a farmácia não tenha enviado. Nesse caso
o enfermeiro pode recorrer ao stock fixo que existe na sala de enfermagem. A farmácia só fará
a reposição do medicamento quando o médico efectuar a prescrição.
Unidade de Queimados
A admissão de um doente para a Unidade de Queimados, não se processa da mesma forma de
um doente de outro serviço. Pelas especificidades deste, (normalmente os doentes que vêm
para esta unidade são doentes que inspiram maiores cuidados), não há um planeamento como
o que acontece com os outros doentes, daí se poder dizer que se trata de uma admissão de
urgência.
O Director Cirurgia Plástica autoriza a entrada do doente, e o enfermeiro procede à sua
recepção e à respectiva atribuição de cama. Depois de o doente dar entrada na Unidade de
Queimados é feita uma avaliação médica onde são definidos os tratamentos e os cuidados que
o doente necessita.
Posto isto é feita uma avaliação por parte do médico para aferir se o doente necessita ou não
de ser intervencionado cirurgicamente. Caso seja necessário é elaborado um plano cirúrgico
que posteriormente é registado pela administrativa do serviço. Como as cirurgias efectuadas a
este tipo de doentes são de carácter urgente, não é necessário efectuar Programa Cirúrgico7.
7 Elaborado pelo Responsável da Área de Gestão de doentes e pelo Director de Serviço da especialidade.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
23
Posteriormente à cirurgia e à respectiva visita médica será prescrito tudo que o doente
necessita, ao nível de alimentação, de MCDT´s, de cuidados de saúde e de medicação.
No que diz respeito aos MCDT’s, à medicação e à alimentação todo o processo é semelhante
a um piso de internamento, havendo no entanto por vezes a preocupação de agilizar os
processos pelo estado crítico dos doentes.
No que diz respeito aos planos de cuidados prescritos, o enfermeiro realiza os respectivos
actos de enfermagem, procedendo depois ao seu registo em documentos existentes para os
diferentes tipos de actos praticados.
Nota ainda para o facto de estes doentes terem necessidade de cuidados frequentes, havendo
uma maior quantidade de registos efectuados nesta unidade comparativamente com outros
serviços.
Como são doentes que necessitam muitas vezes de suporte básico de vida, os seus dados são
permanentemente reportados aos enfermeiros através de um computador existente na sala de
enfermagem.
Alta
Processo iniciado pelo médico que dá indicação de aptidão para alta clínica ao doente. Este é
informado com a necessária antecedência da data e da hora.
O enfermeiro preenche e entrega as notas ao chefe de enfermagem do respectivo serviço para
validação.
Caso não seja doente de ambulatório o processo segue para os administrativos do serviço que
entregam uma Carta de Alta onde são dadas informações relevantes ao doente (por exemplo,
data de admissão e alta, tratamento efectuado, etc.).
Caso seja doente de ambulatório, a comissão de controlo de infecções, tem a obrigatoriedade
de contactar o doente 24 horas depois da alta para recolher informação da sua recuperação.
Posto isto é dada a alta administrativa por parte dos administrativos do piso. De referir que
também os doentes de ambulatório recebem uma Carta de Alta.
Em ambos os casos (doente de ambulatório ou de internamento), é enviada também uma carta
de alta para o respectivo Médico de Família.
3.3.2 Bloco Operatório
Preparação Bloco Operatório
No dia anterior às intervenções cirúrgicas, a administrativa do bloco operatório irá verificar e
imprimir a lista dos doentes agendados para o dia seguinte. A Enfermeira Chefe irá fazer a
gestão do material e dos recursos humanos necessários a cada cirurgia e a administrativa irá
alterar a informação que for necessária.
Realização da cirurgia
O processo inicia-se com o enfermeiro de acolhimento que chama o doente para o bloco
operatório. Este é acompanhado por um enfermeiro e por um auxiliar. O enfermeiro de
acolhimento procede à admissão registando a hora de entrada no PDA bem como outros
dados em papel. Posto isto, o enfermeiro encaminha-se com o doente para a sala de anestesia,
onde este passará a estar ao cuidado do enfermeiro anestesista.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
24
O enfermeiro anestesista regista a hora de entrada no PDA, e “abre” a folha perioperatória
(documento este que acompanhará o doente até este sair do bloco operatório). Seguidamente o
enfermeiro realiza actos de enfermagem e procede ao registo dos mesmos (entre eles está o
documento da cirurgia segura).
Quando o doente dá entrada na sala operatória, o enfermeiro circulante regista no PDA a hora
e preenche vários documentos relativos às notas de enfermagem. No decorrer da cirurgia
efectuada pelo cirurgião principal e cirurgião auxiliar, existem habitualmente três enfermeiros
na sala. O enfermeiro instrumentista tem a função de auxiliar os cirurgiões no acto operatório,
o enfermeiro circulante efectua os registos, nomeadamente do material utilizado, e faz a ponte
entre a sala e o exterior. O enfermeiro anestesista vigia o doente.
De referir que o documento da cirurgia segura é preenchido antes de o doente abandonar a
Sala Operatória.
Posteriormente o enfermeiro regista no PDA a hora em que o doente abandona a sala e
transporta-o para o recobro. Aqui serão controlados os sinais vitais do doente por parte do
enfermeiro do recobro.
Caso o doente precise de cuidados especiais será encaminhado pelo enfermeiro para a sala de
operados. Caso contrário o enfermeiro do recobro contactará o respectivo serviço para vir
buscar o doente.
No final da cirurgia, os registos cirúrgicos são enviados para o administrativo do bloco
operatório, para proceder à sua validação. Este por sua vez encaminhará a informação
pertinente para o administrativo do Serviço de Informação para a Gestão que verificará os
erros e os transmitirá à administrativa do bloco operatório para serem rectificados e enviados
ao Conselho de Administração.
3.3.3 Consulta Externa
Consulta Externa
Relativamente à consulta externa, podemos fazer a distinção entre três grandes grupos,
doentes que vêm para um exame na Unidade Endoscópica/Urologia, doentes que vêm para
uma cirurgia de Ambulatório e doentes que vêm para consulta.
No que se refere a este último grupo, e depois de se encontrarem no Hospital dirigem-se ao
guiché de presença à consulta.
Aí são encaminhados ao consultório e o médico poderá indicar um ou mais das seguintes
soluções apresentadas:
Elaborar uma proposta cirúrgica, quer seja para cirurgia de ambulatório quer seja para
cirurgia convencional (de referir que em ambas o doente terá de assinar uma folha de
consentimento), efectuando o médico a proposta cirúrgica;
Proposta de nova consulta, no caso de o médico querer reavaliar o doente, ou caso se
verifique que o doente necessita de cirurgia, virá para a consulta de medicina interna
(isto quer seja cirurgia convencional ou de ambulatório);
Proposta de internamento, caso seja um doente que o necessite, mesmo que esse
internamento não implique cirurgia;
Proposta de MCDT´s, para o médico ter mais dados e avaliar melhor a situação clínica
do doente;
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
25
Prescrição de tratamentos, aqui entenda-se tudo que diga respeito a receitas de
medicamentos, calendário para pensos, programas de fisioterapia, etc.;
Fazer um pedido de nova consulta, de uma outra especialidade médica caso o doente
necessite.
No que concerne ao estudo relativo aos exames realizados na Unidade Endoscópica/Urologia,
este será apresentado no estudo dos MCDT´s.
Cirurgia de Ambulatório
Relativamente à cirurgia de ambulatório, e neste caso impõe-se fazer uma distinção entre esta
cirurgia e aquela que foi abordada aquando do serviço de internamento, ou seja, este caso
refere-se apenas a cirurgias do serviço de Cirurgia Plástica e Reconstrutiva e Oftalmologia
que se realizam numa sala para o efeito existente no piso 0 do HP.
Quando o doente chega ao HP dirige-se ao Serviço de Apoio que acompanham o doente até
ao bloco operatório. O enfermeiro circulante procede à recepção registando a hora de entrada
do mesmo no PDA.
Caso se trate de uma cirurgia às cataratas, o doente necessitará de acompanhamento por parte
do médico anestesista durante toda a cirurgia.
Neste caso, o enfermeiro circulante procede ao preenchimento do documento de cirurgia
segura nas suas 3 fases (antes da anestesia, antes do início do acto cirúrgico, e depois do
recobro).
Durante a cirurgia que é realizada no caso de ser cataratas estão presentes na sala um médico
cirurgião, um médico auxiliar, um médico anestesista, e três enfermeiros, anestesista,
circulante e instrumentista.
As funções dos enfermeiros presentes na sala são em tudo semelhantes às descritas no circuito
do bloco operatório.
Finalizada a cirurgia é registado no PDA pelo enfermeiro a hora de fim do acto cirúrgico, bem
como outros dados relevantes. O médico cirurgião irá realizar o relato operatório no Software
G.H. Posto isto é preenchido pelo mesmo, o documento relativo à alta clínica, e o enfermeiro
regista no PDA a hora a que o doente teve alta.
3.3.4 Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica
MCDT`s
Relativamente ao circuito dos Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutico
(MCDT’s), foram alvo de estudo os serviços de Cardiologia, Imagiologia, Laboratório de
Análises Clínicas, hemoterapia e Unidade Endoscópica.
Qualquer um destes processos tem início no médico pois cabe a este aferir da necessidade do
doente fazer ou não algum exame, podendo-o iniciar na consulta externa, internamento ou
bloco operatório.
No caso do serviço de internamento, depois de o médico ter prescrito o exame o enfermeiro
dará seguimento ao pedido, fazendo com que a prescrição chegue ao respectivo serviço.
Nestes processos o papel do enfermeiro é essencialmente o de transmitir informação, não
tendo qualquer poder de decisão.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
26
Caso não se tratem de análises clínicas cabe ao auxiliar de acção médica acompanhar os
doentes até aos respectivos serviços, isto no caso de doentes internados. Se forem doentes que
compareçam no Hospital para uma consulta, eles próprios se deslocarão aos serviços. Se o
doente se encontrar no bloco operatório, cabe ao enfermeiro recolher a amostra e enviá-la para
o serviço.
Quando os resultados estão prontos e chegam ao respectivo serviço, o enfermeiro que o
recepciona, assina a requisição. Se não forem doentes internados, existem casos em que os
exames são disponibilizados na hora e outros em que serão indexados ao processo clínico.
Para a situação de serem solicitadas análises clínicas fora do horário normal de funcionamento
(situação mais recorrente na Unidade de Queimados, devido ao estado crítico em que
habitualmente se encontram os doentes aqui internados), estas colheitas serão enviadas para o
Centro Hospitalar do Porto, com o qual o HP tem um contrato de prestação de serviços.
Análises Clínicas
No que se refere às análises clínicas, os Técnicos Diagnóstico e Terapêutico irão colher as
amostras para análise dos doentes que sejam de ambulatório e preparar as amostras dos
doentes internados. Caso sejam doentes que venham a uma consulta, eles próprios deslocar-
se-ão ao laboratório a fim de fazer a recolha de sangue.
Depois de efectuadas as análises, estas são validadas pelos Técnicos de Diagnóstico e
Terapêutico e pelo Técnico Superior. Caso haja necessidade, o material é enviado para a
Hemoterapia.
No final destes processos, e depois dos resultados prontos, são disponibilizados através do
software E-Results, e em papel através dos auxiliares de acção médica.
Hemoterapia
No que diz respeito ao serviço de Hemoterapia, caso sejam feitos pedidos de sangue o
Técnico Superior recebe o pedido e regista-o no software sibas (software utilizado para fazer
a gestão de stock do sangue existente no serviço), caso seja outro tipo de pedido a
administrativa faz a recepção do pedido, informatizando-o em seguida no software G.H.
No caso de se tratar de pedidos para análises clínicas o Técnico irá realizar o exame, processar
os resultados, validar e enviar os resultados para o laboratório de Análises Clínicas através do
software eDeiaLab.
Quando se tratar de colheitas de sangue para auto-transfusões, o Técnico Superior irá recolher
o sangue identificá-lo e armazená-lo. Regista posteriormente as quantidades que foram
colhidas no software sibas.
De referir que neste serviço existem três tipos de software diferentes, o que poderia trazer
algumas dificuldades de integração e comunicação entre serviços. Visto estes sistemas
estarem devidamente integrados no SIH (Sistema de Informação Hospitalar) está garantida
deste modo a interoperabilidade entre sistemas.
Cardiologia
Relativamente ao serviço de cardiologia, assim que a administrativa do serviço faz a recepção
do pedido, tem como função registá-lo informaticamente no software G.H. Apenas os exames
que se referem às provas de esforço são feitos em conjunto quer pelo médico cardiologista,
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
27
quer pelo técnico. Todos os outros exames são realizados pelo Técnico de Saúde de
Cardiopneumologista.
Terminada esta fase este mesmo técnico irá efectuar o relatório num documento por este
elaborado e vai enviá-lo para o médico no sentido de este o validar. Numa fase terminal de
todo este processo o técnico anexará o relatório já validado pelo médico no processo clínico.
Imagiologia
No que se refere ao serviço de Imagiologia, se o exame a realizar for uma ecografia, o médico
irá realizá-lo, validá-lo, escolhendo as melhores imagens para as inserir no servidor (servidor
partilhado com a instituição Trofa Saúde). Caso não se trate de uma ecografia, será o técnico a
realizar o exame a validá-lo e a inserir a imagem no servidor.
Posto isto a administrativa do serviço irá preparar o exame. Se for um raio-X, a película é
impressa e entregue ao doente, caso seja outro tipo de exame, o médico irá via verbal passar a
informação que acha pertinente que faça parte do relatório para um gravador de voz, que será
posteriormente transcrita para papel por uma das duas dactilógrafas do serviço.
Unidade Endoscópica
Relativamente a esta unidade, embora no âmbito do estudo da actividade de Enfermagem se
insira na Consulta Externa, foi contemplada no âmbito do serviço de MCDT`s.
O enfermeiro circulante realiza os registos de enfermagem nomeadamente a hora que o doente
entrou no serviço entre outros registos de índole pessoal.
Se o exame necessitar de anestesia, esta será administrada pelo médico anestesista que
permanecerá no serviço.
O médico cirurgião realiza o exame sempre com o auxílio do enfermeiro anestesista. O
enfermeiro circulante regista o material esterilizado. No final são realizados os registos de
enfermagem.
Paralelamente o médico irá realizar o relato do exame. Se não houver necessidade de
internamento, o doente receberá alta clínica. Se existir a necessidade de internamento, o
doente será encaminhado para o serviço de Urologia ou Cirurgia Geral.
De referir que neste tipo de exames, são usados como apoio à actividade médica os softwares,
ArtiMedical e Pro-Gastro2006. Não estando estes inseridos no SIH, não existe partilha de
informação com os outros programas advindo daí todos os problemas inerentes a este facto.
3.3.5 Farmácia
No caso de medicação referente a dose unitária, um auxiliar de acção médica inicia o processo
quando recolhe as prescrições e as requisições nos diferentes serviços.
Seguidamente a farmacêutica verifica as prescrições, e as técnicas de diagnóstico e terapêutica
juntamente com a farmacêutica elaboram a folha de perfil farmacoterapêutica.
Quando as requisições estiverem correctas, as técnicas procedem à preparação da medicação
que será enviada para os diferentes serviços através das malas de unidose. No final deste
processo a medicação é validada pela farmacêutica por amostragem cruzada, a fim de detectar
possíveis erros.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
28
No caso da medicação prescrita ser hemoderivados/estupefacientes, estas são entregues à
farmacêutica, que as confere, regista a informação manualmente e informaticamente, procede
ao seu aviamento e assina a requisição. Depois disto é entregue ao auxiliar de acção médica
que as encaminha para o respectivo serviço.
De referir ainda que toda a medicação entregue nos diferentes serviços tem de ser conferida e
assinada pelo enfermeiro, que reenvia a requisição para ser arquivada na farmácia.
3.3.6 Dietética
No que diz respeito à dietética e caso o doente apresente necessidades especiais, ou se por
motivos culturais tiver um regime alimentar especial, deverá transmitir essa mesma
informação ao médico, para este diligenciar se é possível o HP atender às suas necessidades.
O dietista do HP tem duas grandes áreas de intervenção: controlo e gestão da qualidade dos
produtos com os fornecedores externos e controlo da alimentação disponibilizada tanto aos
doentes internados como na cantina e no bar.
Esta profissional recolhe todas as manhãs nos diferentes pisos de internamento, a informação
relativa à alimentação de cada doente, alimentação essa que é prescrita pelos médicos e
transcrita pelos enfermeiros. Todos os diferentes pisos de internamento têm um documento,
onde os enfermeiros transcrevem a informação.
O dietista recolhe a informação para um documento sobre cada doente. Seguidamente irá
tratar essa informação e só depois a irá transcrever para um documento oficial.
Vai posteriormente disponibilizar a informação às funcionárias da cantina ou do bar
dependendo do tipo de alimentação que foi requerida. Quando solicitado, um auxiliar de
acção médica transporta a alimentação para os respectivos pisos, ficando a cargo do
enfermeiro do serviço verificar e assinar a respectiva requisição.
Caso exista necessidade de refeições extra (refeições não programadas), o enfermeiro do
serviço ou a dietista vão fazer chegar esse pedido ao bar ou à cantina, dependendo do tipo de
refeição pedida.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
29
4 Modelo proposto para o Hospital da Prelada
Os circuitos seguidamente apresentados, foram baseados em ferramentas TI com o intuito de
alavancar a actividade de enfermagem e dietética, ou seja, espera-se com esta nova proposta
que os cerca de 190 enfermeiros do HP mantenham elevados os seus padrões de qualidade e
de rendimento como até aqui, ao mesmo tempo que registam mais informação e sobretudo
com maior qualidade, ficando esta disponível de uma forma contextualizada e integrada para
qualquer profissional de saúde que a estas possa ter acesso.
Todas as soluções TI propostas foram aquelas que mediante um estudo realizado, melhor se
adequavam e enquadravam na necessidade dos enfermeiros. Foram feitas mediante alguns
pontos menos positivos que foram observados aquando do levantamento do circuito actual,
nomeadamente o que diz respeito à transcrição de medicamentos (principal causa de erros de
enfermagem). As propostas apresentadas são diferentes e adaptadas às necessidades tanto da
Consulta Externa, como do Internamento e do Bloco Operatório, pois as necessidades dos
enfermeiros são substancialmente diferentes nestas 3 áreas de acção do HP.
Todos os fluxogramas propostos são em tudo semelhantes aos explicados no levantamento do
circuito actual, centrando-se as grandes mudanças na forma como os profissionais de saúde
registam e disponibilizam a informação. A parte organizacional terá apenas algumas
propostas pontuais.
4.1 Internamento
Admissão do doente – Figura 5
No sentido de agilizar todo o processo de admissão do doente, é proposto ao HP que adquira
um dispositivo electrónico que faça a gestão do atendimento.
Um doente que se desloque ao HP para ser internado, dirige-se a este dispositivo electrónico e
se for portador do cartão de cidadão ou do cartão de utente faz o registo, senão retira uma
senha e aguarda na sala de espera. Este dispositivo destina-se igualmente a gerir o
atendimento das visitas dos utentes.
É proposto ao Hospital que esta seja equipada com um LCD onde os utentes possam ter
informação relativa à ordem de atendimento. Ao mesmo tempo que o utente faz o registo, o
administrativo do serviço de apoio recebe um alerta no software G.H.
Com este processo pretende-se agilizar a admissão de doentes no Hospital bem como das
visitas, eliminando filas, dando mais conforto aos utentes e tornando mais fácil para todos, o
processo de admissão.
Para os administrativos a implementação deste dispositivo traduzir-se-á numa melhor
organização no processo de admissão e poderão ver o seu trabalho mais simplificado e
organizado. Para os utentes, será mais cómodo pois evitarão as filas de espera, e terão um
atendimento mais personalizado e mais rápido.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
30
O dispositivo de Gestão de Atendimento, terá também a capacidade de estar integrado com
SIH, permitindo desta forma que médicos e enfermeiros saibam que doentes chegaram para
serem internados.
É também proposto ao Hospital que instale um dispositivo electrónico onde os utentes possam
consultar o Portal do Doente. A forma de acesso a este dispositivo seria idêntico ao anterior e
o utente poderia aqui consultar dados pessoais e clínicos (por exemplo o seu histórico clínico).
Os registos efectuados pelo médico aquando da verificação de aptidão para cirurgia serão
feitos num dispositivo electrónico existente no seu gabinete médico através do software PCE.
Internamento - Figura 6
No que diz respeito ao Internamento as principais mudanças sugeridas ao Hospital são:
Destacar um enfermeiro, por turno e serviço, que fará o transporte dos doentes entre
enfermaria e bloco operatório;
Instalação de LCD`s em todas as salas de enfermagem, para dar informação sobre os
doentes que estão no Bloco, bem como dos doentes que se encontram nas enfermarias;
Disponibilizar equipamentos de registo electrónico, tanto para médicos como
enfermeiros que se adeqúem à sua actividade;
Relativamente ao primeiro ponto mencionado, pretende-se com esta proposta, agilizar e
diminuir o tempo gasto para transportar doentes entre o bloco e os serviços, conseguindo
assim rentabilizar os tempos do bloco operatório e por outro lado dar mais conforto aos
doentes reduzindo o tempo de espera.
Figura 5: Fluxograma proposto para o circuito de admissão
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
31
Figura 6: Fluxograma proposto para o circuito de Internamento
Com a segunda proposta, pretende-se que os enfermeiros tenham ao seu dispor uma
ferramenta onde possam consultar informações referentes aos doentes, nomeadamente:
Nome e informação dos doentes que vêm para ser internados;
Que tipo de cirurgia irão realizar;
Que diagnóstico lhes foi feito;
Em que cama está internado cada doente;
Saber se há algum doente que solicitou a sua presença na enfermaria;
Onde se encontra o doente.
Com este equipamento consegue-se fornecer ao corpo de enfermagem uma ferramenta que os
ajuda a receber informações pertinentes sobre determinado doente, reflectindo-se isso na
melhoria dos cuidados prestados.
Relativamente a equipamentos electrónicos de registo, é proposto ao Hospital que
disponibilize um computador portátil onde os médicos possam consultar as notas de
enfermagem e fazer os seus próprios registos durante a visita.
Para os enfermeiros, é sugerido que seja disponibilizado um equipamento electrónico móvel
para registo de Notas de Enfermagem. Justifica-se que este equipamento seja móvel pois os
enfermeiros de um serviço têm um raio de acção bastante alargado e só assim poderão fazer
os seus registos imediatamente após o acto praticado.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
32
No que diz respeito às melhorias que o Hospital pode retirar se implementar estas medidas,
pode-se destacar o facto de os enfermeiros deixarem de ser um transmissor de informação,
conseguindo o médico contactar todos os serviços através da aplicação informática.
Directamente ligado às notas de enfermagem e em termos de melhorias é de salientar o
aumento de segurança, não estando os registos separados e acessíveis a qualquer pessoa, e o
facto de se conseguir eliminar a transcrição pois é este o principal factor de erros de
enfermagem.
Estes são apenas alguns dos exemplos das melhorias esperadas com o registo electrónico.
Unidade de Queimados - Figura 7
Para a Unidade de Queimados e devido às especificidades desta, foi sugerido ao HP que
instale em cada quarto um computador, onde cada médico e enfermeiro possam registar a
informação relativa a cada doente. Justificar apenas o facto de neste caso não se propor um
dispositivo electrónico móvel, pois estes doentes estão imóveis não sendo muito grande o raio
de acção dos profissionais de saúde.
Neste caso justifica-se o facto de existir um equipamento por doente pois estes doentes estão
normalmente em estado crítico e necessitam de muitos cuidados o que leva a muitos registos.
Todos os outros processos são em tudo semelhantes aos doentes internados num outro
serviço, ressalvando-se sempre o estado crítico em que estes doentes se encontram daí ser
premente agilizar a troca de informação entre esta Unidade e os diversos serviços do HP.
Figura 7: Fluxograma proposto para a Unidade de Queimados
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
33
Alta - Figura 8
Neste caso é proposto ao HP que seja criado um campo no software que permita aos
enfermeiros prescrever cuidados que os doentes devem ter depois de abandonarem esta
unidade de saúde, no sentido de promover os cuidados de enfermagem e colmatar uma lacuna
que existe actualmente.
No que diz respeito à validação das notas de enfermagem, é sugerido ao Hospital que a
aplicação disponível aos enfermeiros permita ela própria fazer um controlo sobre este aspecto,
ou seja, a própria aplicação só deixará submeter os registos depois de estes terem os campos
definidos como obrigatórios todos preenchidos.
4.2 Bloco Operatório
Preparação Bloco Operatório - Figura 9
Todo este processo será em tudo idêntico ao já referido anteriormente, incidindo as alterações
mais uma vez na forma como a informação é disponibilizada, registada e partilhada.
Bloco Operatório - Figura 10
Seguidamente irá apresentar-se algumas medidas sugeridas ao Hospital, tanto a nível de
registos como a nível organizacional e de comunicação, tendo sempre presente as
especificidades desta área Hospitalar, elas são:
Adaptação dos registos actuais à nova realidade (nomeadamente ao projecto cirurgia
segura);
Figura 8: Fluxograma proposto para o processo de Alta
Figura 9: Fluxograma proposto para a Preparação do Bloco Operatório
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
34
Registo do material utilizado nas cirurgias, feito electronicamente pelo código de
barras através de um leitor acoplado a um touch screen dentro da sala operatória;
Disponibilizar equipamentos de registo electrónico, tanto para médicos como
enfermeiros que se adeqúem à sua actividade;
Instalação de rede telefónica em todas as salas e áreas do bloco operatório;
LCD´s para transmissão de informação referentes aos doentes entre os profissionais de
saúde.
A primeira proposta enquadra-se no facto de ter sido implementado no HP desde o dia 1 de
Outubro de 2010 o projecto "cirurgia segura salva vidas", obrigatório para todos os Hospitais
que trabalhem para o SNS.
A DGS pretende com esta normativa reduzir o número de mortes relacionadas com a cirurgia
criando para o efeito uma lista de verificação que deverá ser preenchida pelos enfermeiros de
forma electrónica em três fases distintas (antes da anestesia, antes da incisão e imediatamente
após a cirurgia). Num capítulo posterior (Mapeamento Documental) serão apresentadas
propostas, elaboradas para eliminar o problema da duplicação de informação, pois existem
campos nesta lista de verificação que já eram preenchidos noutros documentos internos do
HP.
Figura 10: Fluxograma proposto para o Bloco Operatório
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
35
Com este projecto pretende-se aumentar os níveis de segurança cirúrgica para os utentes,
diminuindo os riscos de infecções bem como outros problemas.
O segundo ponto pretende eliminar os registos em papel que existem e que dizem respeito ao
material esterilizado que é utilizado durante as cirurgias. Pretende-se com esta proposta
facilitar o trabalho do enfermeiro ao mesmo tempo que se consegue que a informação fique
registada informaticamente. Será assim mais fácil haver um controlo do material utilizado,
fazer gestão de stocks, etc.
Este ecrã servirá para os profissionais de saúde que estão dentro da sala operatória terem
acesso a dados clínicos e pessoais do doente, facilitando a transmissão de informação que
pode ser relevante.
Ao nível dos equipamentos que suportem a actividade de enfermagem ao nível dos registos, é
proposto a aquisição de material electrónico móvel para cada uma das diferentes salas do
bloco.
Desta forma cada enfermeiro poderá fazer os seus registos imediatamente após os actos
praticados.
É também sugerido ao HP que possa alocar os PDA´s existentes actualmente no bloco
operatório, noutra área onde estes possam ser rentabilizados.
Todos os equipamentos introduzidos dentro da sala operatória terão de obedecer a certos
requisitos, nomeadamente a capacidade de estes poderem ser desinfectados e lavados.
Os últimos dois pontos propostos pretendem facilitar as trocas de informação não só entre
enfermeiros do bloco como também com os enfermeiros dos diferentes serviços. Pretende-se
com os dispositivos propostos um tempo de rotação mais rápido (haver maior rapidez na
partilha de informação leva a que o processo do doente no bloco se desenrole mais
rapidamente), melhorando assim o fluxo de profissionais e de doentes.
A título de exemplo, se um médico quiser saber informação sobre um doente e não se
encontrar no mesmo espaço físico deste poderá assim entrar em contacto mais facilmente e
mais rapidamente com o enfermeiro.
4.3 Consulta Externa
Consulta Externa - Figura 11
Neste âmbito é solicitado ao Hospital que instale nesta área os dispositivos electrónicos
sugeridos para a secção de internamento. Um dispositivo que fará a gestão de atendimento ao
doente, utilizando os utentes ou o cartão de cidadão, ou cartão de utente ou retirando uma
senha caso não sejam portadores de nenhuns destes cartões.
A par destes equipamentos é sugerido que se instale na sala de espera um LCD de modo a que
os utentes possam saber quando é a sua vez de serem atendidos dirigindo-se posteriormente
ao guiché de presença à consulta. Com este dispositivo conseguir-se-á uma melhor
organização na recepção dos utentes, dando a estes maior conforto pois deixarão de ter de
estar em filas de espera. Com este dispositivo espera-se um atendimento mais fácil e
organizado.
Este dispositivo deverá estar integrado no SIH, de modo a que os médicos e enfermeiros
possam saber quais os utentes que estão à espera de consulta e qual o motivo da consulta.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
36
O outro dispositivo electrónico deverá ser de consulta do portal do doente, onde estes poderão
consultar o seu histórico clínico, confirmar a hora da consulta, etc.
No que se refere à consulta externa propriamente dita, com a actividade da sala de pensos
englobada, é proposto o circuito acima apresentado.
Quando chega a vez de determinado doente este será acompanhado ao consultório médico
pela administrativa que através do software G.H. recebe a indicação de qual o utente que será
atendido.
No gabinete, o médico realizará a consulta se for esse o caso ou acompanhará o doente à sala
de pensos para o enfermeiro proceder ao tratamento. O enfermeiro deverá registar num
dispositivo electrónico as horas a que o doente entrou e saiu da sala, o tipo de acto que prestou
e as características específicas desse acto.
O médico deverá registar no software do PCE o relatório referente a esse acto.
Caso exista necessidade de realizar algum tipo de MCDT ou propor uma consulta de outra
especialidade, o médico deverá fazê-lo recorrendo ao PCE. Desta forma haverá uma partilha
de informação de forma rápida segura e contextualizada, ganhando o doente qualidade na
forma como é atendido e rapidez nesse mesmo atendimento.
É sugerido ao HP que os consultórios médicos sejam equipados com um aparelho de leitura
do cartão do cidadão, de modo a que o doente possa dar o seu consentimento à cirurgia sem
necessitar que o médico imprima um papel. Esse consentimento deverá ser feito através de um
código pessoal do utente.
Figura 11: Fluxograma proposto para o Circuito da Consulta Externa
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
37
Cirurgia de Ambulatório - Figura 12
No que diz respeito à cirurgia de ambulatório, realizada no âmbito da consulta externa, irá
seguidamente explicar-se o circuito proposto.
No dia que o doente tiver a cirurgia marcada irá deslocar-se ao HP, nomeadamente ao piso 0
onde é realizado este tipo de cirurgia. Chegado ao serviço o utente realizará o seu check-in tal
e qual como se viesse para uma consulta.
Se a cirurgia for da especialidade de oftalmologia mais especificamente às cataratas o circuito
será ligeiramente diferente devido ao facto de estes doentes necessitarem de anestesia e de
todos os cuidados inerentes a este facto.
Importa neste momento prestar um esclarecimento do porquê de neste caso não se propor
nenhum tipo de dispositivo electrónico móvel, à imagem do que acontece no bloco operatório.
Este facto apenas acontece pela razão de que a movimentação dos enfermeiros é bem mais
reduzida dado que a sala é de dimensões que se podem considerar pequenas. Daí não ser
necessário dispositivo móvel podendo o enfermeiro fazer todos os registos no mesmo espaço
físico, sem prejudicar a fiabilidade, segurança e rapidez dos registos, (conceitos estes sempre
presentes em todas as propostas que se fazem seja qual for o serviço).
Todos os actos praticados quer pelos enfermeiros quer pelos médicos são em tudo
semelhantes aos já explicados na cirurgia convencional.
É sugerido ao HP que de modo a haver um acompanhamento mais efectivo ao doente, deveria
ser feito um controlo passadas 24 horas de o doente ser submetido à cirurgia, à imagem do
que se faz com os outros doentes de ambulatório que são intervencionados no bloco principal.
Esse acompanhamento seria feito por telefone pela enfermeira chefe da consulta externa.
Figura 12: Fluxograma proposto para a Cirurgia de Ambulatório
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
38
4.3.1 Meios Complementares de Diagnóstico e Terapêutica
MCDT´s - Figura 13
Relativamente aos MCDT´s, apenas foram alvos de estudo para proposta de novos circuitos, o
serviço de Endoscopia/Urologia, pois apenas nestes circuitos existe a intervenção directa do
corpo de enfermagem, neste caso da consulta externa.
Quando o médico prescreve um MCDT a um determinado doente, e no caso de serem análises
clínicas, este registará o pedido no software do PCE que por sua vez emitirá um alerta tanto
para o corpo de enfermagem no sentido de estes procederem à recolha de sangue como para o
serviço de análises clínicas para que estejam de sobre aviso. No caso da consulta externa, o
doente irá dirigir-se à sala de pensos a fim de lhe fazerem a recolha de sangue.
Importa neste momento salientar, o factor decisivo que as trocas de informação entre os
serviços de MCDT`s e as várias unidades do HP têm na qualidade do serviço que é prestado
aos doentes. O HP só terá a ganhar se conseguir agilizar os processos e as trocas de
informação entre todos os seus profissionais, dando a estes a oportunidade de terem
informação de uma forma rápida segura e contextualizada.
Unidade Endoscópica - Figura 14
No que diz respeito à Unidade de Endoscopia / Urologia, é proposto o circuito apresentado.
No momento em que o doente chega ao Hospital e regista a sua entrada no dispositivo
electrónico de gestão de atendimento o enfermeiro recebe um alerta, no sentido de estar
preparado para receber o doente.
Para esta unidade é sugerido ao Hospital que disponibilize um equipamento electrónico
móvel, com capacidade de leitura de códigos de barras. O objectivo é que o enfermeiro
consiga fazer os seus registos dentro da sala de exame e consiga registar electronicamente o
material esterilizado utilizado durante o exame.
Figura 13: Fluxograma proposto para o circuito de MCDT’s
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
39
Como sucedeu na cirurgia de ambulatório realizada no piso 0 do HP, é também neste caso
sugerido que em exames em que seja administrada anestesia, haja um enfermeiro responsável
por contactar o doente à semelhança do que acontece actualmente nas outras cirurgias de
ambulatório, a fim de haver um maior acompanhamento da instituição ao doente. Esse
contacto seria feito pela chefe de enfermagem da consulta externa e os dados transmitidos
inseridos no processo clínico do doente.
4.4 Dietética
Dietética - Figura 15
Relativamente à dietética mais uma vez as grandes alterações centram-se essencialmente ao
nível dos registos e do modo como se propõe que sejam realizados.
O dietista do HP deverá ter no seu gabinete um computador onde possa consultar todos os
dados reportados pelos serviços referente à alimentação dos doentes, proceder às suas
requisições e encaminhá-los tanto para a cantina como para o bar consoante o tipo de
alimentação pedido.
Este profissional deverá ter acesso aos dados reportados, através do software G.H.
Figura 14: Fluxograma proposto para a Unidade Endoscópica
Figura 15: Fluxograma proposto para a Dietética
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
40
4.5 Parametrização
Apesar de não ter sido possível interagir com a aplicação que será disponibilizada ao corpo de
enfermagem, houve contacto com o Software do PCE e foram realizadas algumas reflexões
sobre quais os dados referentes às notas de enfermagem que os médicos deverão ter acesso
nas diferentes áreas da sua actividade.
Dados referentes aos sinais vitais (tensão arterial, temperatura, pulso, respiração, escala de
dor), deverão estar sempre disponíveis para que o médico possa ter informação actualizada
sobre a evolução do doente.
Aquando da visita médica durante o internamento, o médico deverá ter acesso entre outros
dados ao resumo efectuado pelo enfermeiro na troca de turno, para poder perceber a evolução
do doente.
Durante a consulta externa o médico no que diz respeito à informação disponibilizada pelos
enfermeiros deverá ter acesso ao tipo de tratamentos que foram efectuados no passado ao
doente, ao nível de tratamentos de feridas ou outros actos de enfermagem.
No bloco operatório os enfermeiros deverão disponibilizar ao médico dados pessoais do
doente, confirmar o sítio sobre o qual incidirá a cirurgia e dados sobre como o doente passou
as últimas horas antes de ir para o bloco.
Os dados devem ser disponibilizados de uma forma clara, simples e intuitiva, para que a
consulta do médico possa ser feita frequentemente e de uma forma rápida e fiável.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
41
Figura 17: Exemplos de
equipamentos electrónicos
5 Inovação Tecnológica
No presente capítulo, será feita uma síntese de todos os equipamentos electrónicos propostos
bem como algumas mudanças ao nível da organização para o HP. Para cada uma das
diferentes áreas do Hospital foram propostos diferentes equipamentos electrónicos pois cada
área Hospitalar tem as suas necessidades específicas.
5.1 Serviço de Apoio
No piso 0 do HP é proposto que sejam instalados dois tipos de
equipamentos electrónicos. Um de Gestão do Atendimento outro de
consulta do Portal do Doente.
Estes dispositivos deverão ser instalados tanto na consulta externa
como no internamento. O principal objectivo desta proposta é
facilitar o trabalho de todos os profissionais que trabalham no HP ao
mesmo tempo que se fornece ao utente o maior conforto possível.
5.2 Internamento
No que diz respeito ao serviço de internamento, é
proposto ao HP que forneça ao corpo de enfermagem
um LCD por sala de enfermagem, com o objectivo
de aumentar e agilizar a partilha de informação,
tendo desta forma os enfermeiros um equipamento
que lhes permita ter acesso a informação sobre
doentes, que estão internados e que vão ser
internados, de forma rápida e segura.
Ao nível de equipamentos de registo dos actos de
enfermagem é proposto ao HP a aquisição de
equipamentos electrónicos móveis que suportem o
software das Notas de Enfermagem e permitam aos
enfermeiros registar a informação de uma forma
segura e contextualizada.
Para os médicos efectuarem os registos durante a
visita médica e poderem ter acesso às notas de
enfermagem de cada doente, é sugerido ao HP a
aquisição de um computador portátil. É importante que
este equipamento seja móvel pois os médicos devem consultar e registar dados dos doentes
durante a visita e na presença do mesmo.
Para a Unidade de Queimados é proposto a aquisição de um computador por quarto de modo
a que médicos e enfermeiros possam efectuar os seus registos. É proposto um equipamento
por doente, devido à grande quantidade de cuidados prestados pelos profissionais de saúde
que conduz a um grande número de registos. Esse equipamento deverá ser ter um ecrã táctil
de modo a que os profissionais de saúde possam registar rapidamente a informação de uma
forma intuitiva. Este deverá estar adaptado ao ambiente hospitalar cumprindo todas as
medidas de higiene e segurança.
Figura 16:Gestão do
Atendimento
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
42
Figura 18: Leitor Cartão
Cidadão
5.2.1 Sala de Pensos
No que diz respeito à sala de pensos, é sugerido ao HP
que instale um computador por sala, onde os
enfermeiros possam fazer os registos e consultar dados
dos doentes (por exemplo saber quando o doente chega
ao Hospital).
Ainda no mesmo contexto, foi sugerido que em cada
consultório médico seja disponibilizado, um leitor de
cartão do cidadão que servirá para o médico confirmar a
identidade do doente e para que este possa dar o seu
consentimento para cirurgia.
5.2.2 Unidade Endoscópica
Para esta unidade é proposto ao HP que disponibilize um equipamento electrónico móvel,
com capacidade de leitura de códigos de barras. O objectivo é que o enfermeiro consiga fazer
os seus registos dentro da sala de exame e consiga registar electronicamente o material
esterilizado.
5.3 Bloco Operatório
Para o bloco operatório é proposto ao HP que instale em todas as salas operatórias um touch
screen, onde possam ser consultados dados relativos ao doente e informação complementar
sobre a cirurgia. Este ecrã poderia também servir para receber ou enviar informações para fora
da sala agilizando desta forma a comunicação entre a sala operatória e o resto do bloco.
Acoplado a este dispositivo é proposto que seja instalado um dispositivo de leitura de código
de barras de modo a que os enfermeiros possam registar o material utilizado na cirurgia.
É sugerido também que os equipamentos de registo de notas de enfermagem sejam
substituídos por outros que melhor suportem a actividade de enfermagem. Neste aspecto é
importante salientar algumas características que são consideradas essenciais não só nos
equipamentos sugeridos para o bloco como para as outras áreas de actividade do HP
nomeadamente, interface intuitiva, capacidade para realizar multitarefas, suporte do software
notas de enfermagem, etc.
Para facilitar a comunicação dos profissionais de saúde dentro do bloco operatório, é também
sugerido ao HP que equipe todas as salas com rede telefónica e os respectivos terminais.
5.4 Mudança Organizacional
É proposto ao HP a criação de um novo cargo, o de Auditor Sistemas de Informação. A par
deste, é sugerido que seja definida uma metodologia e uma politica de auditoria. Este
profissional responde directamente ao Conselho de Gerência, e tem como função verificar e
fiscalizar, toda a informação criada no HP pelos seus profissionais, reportando de seguida a
quem de direito todo o tipo de não conformidades. Deste modo o Hospital estaria
salvaguardado quanto ao risco de enviar informação errada para o SIGIC, facto que pode
levar a perdas de receitas.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
43
Para esse efeito este profissional, elabora relatórios semanais no sentido de reportar à gestão
aquilo que de menos bom observou, tendo sempre presente que apenas seria fulcral reportar
factos ainda desconhecidos potenciando desta forma a sua resolução.
Seria necessário haver uma delimitação de poderes bem vincada estando a actividade deste
profissional em conformidade com as normas impostas pela comissão de protecção de dados.
Com este cargo estaria garantida a qualidade de informação.
5.5 Mapeamento Documental
O HP aderiu no dia 1 de Outubro de 2010 ao programa "Cirurgia Segura Salva Vidas".
Projecto lançado em todo mundo pela OMS e em Portugal pela DGS através de uma
normativa, que tem como principal objectivo reduzir o número de mortes relacionadas com a
cirurgia. Criou para o efeito uma lista de verificação que deverá ser preenchida pelos
enfermeiros de forma electrónica em três fases distintas (antes da anestesia, antes da incisão e
imediatamente após a cirurgia).
Neste contexto passou a existir um problema de duplicidade de informação no bloco
operatório, pois esta lista foi introduzida e não foram revistos os documentos já existentes.
Neste sentido foi feito um mapeamento documental que reformula e adapta os seus registos.
Poderão ser consultados em anexo (vide anexo G) as alterações realizadas a dois documentos.
5.6 Medidas Implementadas
Com o intuito de poder transmitir informação de nível administrativo e criar uma ponte de
comunicação entre os profissionais de saúde que trabalham dentro da sala operatória e o
exterior, foi implementado no interior desta sala um ecrã touch screen. Este obedece e cumpre
todas as normas de segurança e higiene, sendo touch para facilitar o acesso à informação por
parte dos profissionais de saúde.
As grandes vantagens são que desta forma os profissionais podem aceder à informação que
pretenderem de uma forma rápida, intuitiva e sobretudo mais segura para o doente. Assim
enfermeiro não precisará de sair da sala para perguntar informação diminuindo os perigos
para o doente. A sua localização também não foi deixada ao acaso, tendo sido colocado perto
do sítio onde normalmente se encontra o enfermeiro circulante.
Este equipamento foi instalado a título experimental numa sala operatória, mas espera-se que
o HP possa rapidamente fazer o mesmo para as outras salas operatórias.
Sala sem ecrã Sala com ecrã
Figura 19: Fotografias de Salas Operatórias do HP
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
44
6 Conclusão e Propostas de Trabalho Futuro
Os grandes objectivos do Projecto Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de
Processos foram alcançados. Estes centravam-se em:
Definir o circuito actual;
Determinar o conjunto de funcionalidades com real valor acrescentado do SIH do HP;
Avaliar as necessidades de partilha de informação clínica nos circuitos identificados;
Definir propor e aprovar os novos circuitos/processos a implementar;
Promover a usabilidade do registo electrónico das notas de enfermagem/dietética;
Definir as necessidades de acesso e registo de informação;
Impulsionar o registo continuado das notas de enfermagem e dietética (online/near-
online);
Apoiar a implementação das soluções TI ao serviço da Enfermagem e Dietética.
Para esse fim, foi acordada a seguinte abordagem:
Fazer análise/documentação dos fluxos e procedimentos;
Trabalho de interacção com os stakeholders;
Apoiar o processo de parametrização e arranque operacional.
O trabalho desenvolvido nesta instituição permitiu concluir sobre os seguintes aspectos:
Contextos dos SIE e qual o seu valor acrescentado para o HP;
Principais factores impulsionadores da implementação das TI no HP;
Principais barreiras à implementação das TI no HP.
Apesar das dificuldades inerentes ao tempo disponibilizado para este projecto, foi também
feito um mapeamento documental para registos do bloco operatório e foi parametrizado um
ecrã touch screen que já se encontra em produção na sala de operações e que se destina a
transmitir informação administrativa aos profissionais de saúde que ali trabalham.
Com o intuito de fornecer as melhores ferramentas aos profissionais de saúde, espera-se que o
STI dê continuidade ao trabalho desenvolvido no sentido de ser criado um SIE que melhor
sirva a Instituição.
6.1 Business Intelligence
O diversificado leque de ferramentas de Business Intelligence (BI) que estão actualmente
disponíveis, estão a tornar-se uma grande prioridade na vertente tecnológica das organizações
de saúde.
Estas sentem cada vez mais a necessidade de ter ferramentas que facilitem e auxiliam os
decisores. O auxílio deve basear-se na integração de dados e informações residentes em
diversos sistemas e podem ser de Front Office (sistemas operacionais) e de Back Office
(sistemas de suporte).
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
45
Figura 20: Business
Intelligence
Só conseguindo retirar conhecimento dos sistemas de
informação é que o sector da saúde conseguirá prestar
serviços eficientes e de qualidade, conseguindo ao
mesmo tempo uma redução de custos.
No sentido de ir ao encontro das suas necessidades, o HP
deverá apostar em novas e renovadas ferramentas de BI,
especificamente direccionadas para a área da saúde.
Deste modo conseguirá potenciar e facilitar o
planeamento e monitorização de toda a actividade,
conseguindo integrar a análise da informação clínica,
administrativa e financeira funcionando como estrutura
integradora de dados e informações contidas nos diferentes sistemas.
O aumento do investimento em soluções de BI irá ajudar a promover o alinhamento com as
guidelines arquitecturais em vigor no HP, aos níveis aplicacional, infra-estrutural e
operacional. Conseguir integrar a informação residente no Data Warehouse8 permite
enumeras funcionalidades tais como:
Detecção de tendências e identificação de padrões para suporte à interpretação exacta
dos eventos;
Configuração e obtenção de indicadores e relatórios sobre os dados residentes no
sistema;
Análise simples ou complexa sobre base de dados;
Estruturação de indicadores de controlo relevantes para a gestão do HP;
Consolidação automatizada dos dados existentes nos sistemas de Front e Back Office;
Detalhe da informação agregada, até à transacção ou movimento registado nos
sistemas operacionais online;
Possibilidade de exportar para formatos standard e para ferramentas do tipo MS Excel,
os mapas, indicadores e relatórios obtidos do sistema de Data Warehouse;
Acesso via Web/Portal aos mapas, indicadores e relatórios do sistema de Data
Warehouse.
Desta forma, o HP passará a dispor de uma solução acessível a toda a organização, que
permite organizar e estruturar a produção de informação. Em simultâneo consegue assegurar
que os dados a que se têm acesso pelas diversas áreas são fidedignos, coerentes e as decisões
de gestão têm por base a mesma informação.
6.2 Integrador HL7
Para que exista partilha de informação e para que todos os diferentes sistemas do HP possam
funcionar é fundamental a aquisição de um integrador HL7.
Este tem como objectivo desenvolver padrões para troca de informação na área da saúde, ou
seja, é um protocolo internacional desenvolvido para permitir um intercâmbio, integração,
8 Data Warehouse - Sistema de computação utilizado para armazenar informações relativas às actividades de
uma organização em bancos de dados, de forma consolidada.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
46
Figura 21: Integrador HL7
partilha e consulta de dados electrónicos (clínicos,
administrativos e financeiros) nos serviços de saúde.
Actualmente o HP depara-se com o problema de cada
fornecedor ter as suas aplicações que interagem
directamente com o SIH.
Este integrador, consegue integrar um conjunto de
ferramentas especificamente concebidas para definir e
executar análises sobre a informação residente no
“Data Warehouse” que permitem inúmeras
funcionalidades.
Concluindo, o Hospital passaria a ter maior
dependência de dados armazenados em relação aos que estão nas diversas aplicações.
6.3 Single Sign On
É recomendado ao HP que o acesso aos vários dispositivos electrónicos comuns a mais do
que um profissional, seja feito através da utilização do sistema de Single Sign On (SSO), que
é definido como um ponto único de entrada.
Um utilizador só necessita de se autenticar uma vez, para posteriormente, ter acesso
automaticamente às diversas aplicações que possa consultar, não tendo assim a necessidade de
se lembrar constantemente do seu Login.
Estes produtos contêm um sistema de sincronização com os sistemas de rede. Será benéfico
para o HP e principalmente para os utilizadores pois conseguir-se-á desta forma agilizar o
acesso à informação.
6.4 Solução Aplicacional
Existem inúmeras soluções que podem servir de exemplo do caminho que o Hospital deverá
seguir no futuro, no sentido de encontrar as melhores soluções ao nível das TI que auxiliem e
suportem a actividade dos vários profissionais de saúde.
Existem várias soluções no mercado que garantem uma gestão eficiente do processamento de
imagens e proporcionam um fluxo de trabalho eficaz aos profissionais. Estas soluções têm a
capacidade de se adaptar às necessidades de várias unidades, por exemplo a de imagiologia e
cardiologia.
É essencial que o Hospital acompanhe as mudanças que vão ocorrendo e que se capacite das
melhores soluções para prestar os melhores cuidados de saúde.
É importante garantir que as soluções têm a capacidade de se integrar no SIH. A garantia que
não será uma ilha de informação é fundamental para o HP.
Estas soluções devem assegurar o acesso rápido, fácil e seguro aos dados e imagens dos
utentes, a partir de qualquer local de trabalho a qualquer profissional que as possa consultar
de acordo com os respectivos níveis de acesso.
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
47
6.5 Importância do Registo Electrónico Notas de Enfermagem
Com o registo electrónico das notas de enfermagem, espera-se que os enfermeiros consigam
ter acesso à informação de uma forma rápida, intuitiva e segura. Para isso deverão ter ao seu
dispor as ferramentas necessárias, usando as TIC como suporte da sua actividade.
Com a evolução verificada quase diariamente a este nível seria um erro crasso o HP não
acompanhar essa evolução. A necessidade cada vez mais vincada de gerir bem os recursos,
veio acelerar o movimento da informatização na saúde.
Nesta área têm surgido projectos que assentam numa lógica de partilha de informação,
nomeadamente, projecto SIGIC e a CTH (Consulta a Tempo e Horas). Outras há, que
incentivam o uso das TI como a prescrição electrónica (obrigatória a partir de 1 de Março de
2010) e a emissão electrónica dos certificados de incapacidade temporária.
É necessário vencer algumas barreiras, como a resistência à mudança por parte dos
utilizadores mas cabe à Gestão do HP em conjunto com os STI conseguir demonstrar que este
é o caminho certo.
É de capital importância que as Notas de Enfermagem integrem o RSE que segundo Manuel
Pizarro9 estará disponível em 2012 para todos os utentes. Só assim estes se poderão mover
tranquilamente no sistema de saúde seja qual for o prestador, público ou privado, sabendo que
os profissionais terão ao seu dispor as informações necessárias.
É importante fazer-se uma reflexão sobre as mais-valias que o Registo Electrónico das Notas
de Enfermagem irá trazer para todo o HP.
Com o registo electrónico das Notas de Enfermagem serão alcançados os seguintes
objectivos:
Uniformidade de informação, pois através dos standards utilizados a informação
inserida será sempre padronizada;
Fim do problema da duplicação de informação. Com o registo electrónico, uma vez
registada a informação esta poderá ser consultada de acordo com os respectivos níveis
de acesso;
Melhorias da segurança. Havendo registo de quem consulta e quando consulta;
Eliminação dos problemas de compreensão, nomeadamente quando os enfermeiros
têm de transcrever medicação (principal causa de erros de enfermagem);
Partilha de informação mais assertiva, ao mesmo tempo que se agiliza a troca de
informação entre a cadeia multidisciplinar;
Níveis de Informação mais abrangentes (registar mais informação em menos tempo),
recorrendo aos dispositivos electrónicos que serão disponibilizados;
Os enfermeiros, à imagem do que dizem as boas práticas, registem a informação
imediatamente após o acto praticado;
Diminuição dos custos, por exemplo diminuindo o risco de o utente fazer exames
repetidos;
Melhoria na continuidade dos cuidados de enfermagem.
9 Manuel Pizarro - Secretário de Estado Adjunto e da Saúde
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
48
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da Lista de Verificação de Segurança Cirúrgica da OMS”, último acesso: Janeiro 2011
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
50
ANEXO A: Glossário
Acto de Enfermagem: “Prestação de cuidados realizados por um enfermeiro, que pode ser
exercida de forma autónoma ou interdependente, de acordo com a qualificação do prestador.”
Acto Médica: “Actividade de avaliação diagnóstica, prognóstica, de prescrição e execução de
medidas terapêuticas relativas à saúde das pessoas grupos ou comunidades. Constituem ainda
actos médicos os exames de perícia médico-legal e respectivos relatórios, bem como actos de
declaração do estado de saúde, de doença ou de óbito de uma pessoa”.
Auditoria: “Inspecção e verificação para confirmar se uma norma ou um conjunto de
recomendações estão a ser seguidas, que registos exactos ou se as metas de eficiência e
eficácia estão a ser atingidas.”
Cuidados de Saúde: “Prestação por profissional de saúde, consistindo em avaliação,
manutenção, terapia, reeducação, promoção da saúde, prevenção dos problemas de saúde e
todas as actividades com ela relacionadas, para manter ou melhorar o estado de saúde.”
Interoperabilidade: “Capacidade de integração em sistemas clínicos e administrativos
diferentes (comunicação com bases de dados diferentes em locais diferentes).”
MCDT: “Designação genérica que engloba exames laboratoriais, imagiológicos, colheita de
amostras por meios mais ou menos invasivos, e ainda actos de tratamento variados, realizados
em regime ambulatório ou em internamento hospitalar, que têm sido objecto de estatísticas e
de comparações para medir a produção dos serviços, e de facturação a terceiros.”
Processos: “Um conjunto estruturado de actividades elaborado para alcançar um determinado
objectivo.”
Profissional de cuidados de saúde: “Indivíduo envolvido directamente na prestação de
cuidados de saúde.”
Regime de Ambulatório: “Situação em que os cuidados de saúde são prestados a indivíduos
não internados.”
Regime de Internamento: “Conjunto de serviços destinados a situações em que os cuidados
de saúde são prestados a indivíduos que, após serem admitidos, ocupam cama, para
diagnóstico, tratamento, ou cuidados paliativos, com permanência de, pelo menos, uma
noite.”
Sala de Recobro: “Sala onde os doentes recuperam das intervenções cirúrgicas. Permanecem
durante algum tempo sob vigilância até estabilizarem os sinais vitais.”
Sala Operatória: “Sala incluída em Bloco Operatório, que permite a execução de
intervenções cirúrgicas programadas e de urgência, e de exames que requeiram anestesia geral
ou locorregional e elevado nível de assepsia.”
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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Sistemas de Informação: “É uma combinação de procedimentos, informação, pessoas e
tecnologias de informação organizadas para o alcance de objectivos de uma organização.”
Tecnologias de Informação: “Refere-se ao hardware, software, comunicação e outras
facilidades usadas para a entrada de dados, armazenagem, processamento, transmissão e saída
de dados de qualquer forma.”
Unidade de Cuidados Intensivos: “Unidade onde são assistidos doentes, que estão em
estado critico, com falência de funções orgânicas vitais. São assistidos por meios de suporte
avançado de vida, durante 24h por dia. Têm ao seu dispor meios físicos, técnicos e humanos
especializados.”
Unidade de Proximidade: “Unidade periférica dos Centros de Saúde, situada em locais da
sua área de influência, tendo em vista proporcionar uma maior proximidade e acessibilidade
dos utentes aos cuidados de saúde.”
Unidade de Referência: “Unidade Central, situada em locais de grande abrangência
populacional, tendo em vista proporcionar aos utentes os cuidados de saúde necessários”.
Valência/Especialidade: “Título que reconhece uma diferenciação a que corresponde um
conjunto de saberes específicos em medicina, obtida após a frequência com aproveitamento
de uma formação pós-graduada e que é concedido de acordo com o art.º 92º do Estatuto da
Ordem dos Médicos.”
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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ANEXO C: Lista de Nomenclatura Utilizada
Inicio ou fim do processo
Etapa do processo
Direcção do fluxo do processo
Etapa de decisão do processo
Sub-Processo
Elemento de ligação entre diferentes processos
Actividade efectuada no computador
Actividade suportada por registo documental
Actividade suportada por registo em PDA
Processo Clínico
Notas de Enfermagem
Actividade com impressão de documentos
Contacto via telefone
Actividade suportada por vários registos documentais
Acto médico
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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Actividade com a presença do enfermeiro
Registo de dados de enfermagem
Acto de enfermagem
Visita Médica
Farmacêutica
Técnicos de Diagnóstico e Terapêutica
Transporte de malas de unidose
Amostras para análise
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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ANEXO D: Lista de Verificação Cirurgia Segura
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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ANEXO E: Guião de Entrevistas
Sistemas de
Informação Qualidade Tempo
Questões Sim
Nã
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Em
cu
rso
Nã
o A
pli
cáv
el
1-F
raco
2-R
azo
av
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3-B
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4-M
uit
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om
0-5 5-10 + De
10
Registo Electrónico
1. Faz algum tipo de registo electrónico?
2. Considera essencial a implementação do PCE, e a integração das Notas de Enfermagem?
3. Considera o corpo de Enfermagem, preparado para passar a registar a informação online?
4. Qual a sua experiência no uso de ferramentas de registo electrónico de Notas de enfermagem em
outras instituições de saúde?
5. Considera que o registo electrónico das Notas de Enfermagem trará mais-valias?
6. Consegue identificar essas mais-valias?
7. Qual o impacto esperado no arranque do processo de informatização das Notas de Enfermagem?
Estado Actual
8. O sistema de registos actual contempla todas as fases do seu processo de atendimento ao doente?
9. Existe computação pessoal de suporte às tarefas de enfermagem?
10. O processo de registo actual permite um fácil tratamento para fins estatísticos e de gestão?
11. O processo de registo é fácil e adequado à transmissão da informação a todos os stackholders?
12. Qual a usabilidade/utilização da informação que é registada?
13. A forma como os registos são feitos promove a continuidade dos cuidados de enfermagem?
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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14. Considera que todos os actos de enfermagem relevantes estão devidamente documentados?
15. Existe definido e aprovado um processo normalizado de registos?
16. Existem directrizes definidas e aprovadas para o registo de notas de enfermagem?
17. Qual o impacto da passagem de turno nas tarefas realizadas pelos enfermeiros?
18. Existe duplicidade de informação?
19. Considera que a informatização das Notas de Enfermagem ajuda a terminar com este problema?
20. Como classifica a qualidade da informação trocada entre os enfermeiros e os outros profissionais do
HP?
21. Quanto tempo precisa um enfermeiro para registar um acto de enfermagem?
22. A informação é registada em tempo real?
23. Se não, com que desfasamento?
24. Onde existe maior número de registos de informação, no regime de ambulatório ou internamento?
25. Actualmente é realizada alguma avaliação dos registos de enfermagem realizados?
Segurança
26. Quais são as principais falhas do processo actual ao nível da segurança, rapidez de consulta e
organização das Notas de Enfermagem?
27. Quem acha pertinente que tenha acesso as notas de enfermagem?
28. Quais são as medidas de segurança que considera essenciais no registo informático?
29. Considera essencial a elaboração de um Plano de Contingência?
Notas de Enfermagem/Dietética - Levantamento de Processos
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ANEXO I: Apresentação Ponto de Situação