Post on 27-Nov-2018
No Inverno, não há no vale dos
ursos nem cogumelos, nem
amoras, nem o mel das abelhas.
Em vez disso, só há neve, neve
e mais neve…
É por isso que, nessa altura,
todos os ursos, grandes e
pequenos, vão para a cama e
fazem o seu sono de Inverno.
Por outras palavras: vão
hibernar.
Passam a época da neve, do frio e do Natal a dormir e só voltam a acordar
quando chega a Primavera com o tempo mais quentinho.
Mas será que este ano todos os ursos foram hibernar?
Não, nem todos!
Pela janela via-se que lá fora o
Inverno era rigoroso. Estava na
hora de os ursos dormirem.
O ursinho Simão dava voltas e
mais voltas na cama, mas não
havia maneira de conseguir
dormir. Havia uma coisa que
não lhe saía da cabeça…
Então, o Simão levantou-se e
puxou a orelha da Mamã Ursa.
– Tens a certeza que o Pai Natal
não se vai mesmo esquecer de
mim? E se quando acordarmos,
na Primavera, ele não tiver vindo
cá, o que é que eu faço?
– Descansa, meu pequenino.
Tenho a certeza que o Pai Natal
não se vai esquecer de ti. Não te
preocupes. Ele virá de certeza. E
agora volta para a cama, por
favor! – disse a Mamã Ursa,
ensonada.
Mas o Simão já não
conseguia dormir. Foi
sorrateiramente até à cozinha
e encheu a sua sacola com
bolachas e biscoitos.
É que o Simão tinha uma
ideia!
Pôs o seu gorro quentinho,
um cachecol ao pescoço e
também pegou no seu
cobertor. Depois escapou-se
de casa e saiu para a floresta.
Como brilhava a neve à luz da Lua!
O Simão caminhava com dificuldade. E, de repente – pumba! –, ficou
enterrado até à barriga e descobriu como a neve podia ser profunda.
– Hi, hi, hi! – riu-se o Avô Lobo.
O Simão assustou-se.
– O que é que estás aí a fazer? – perguntou ele.
– Eu? - disse o Avô Lobo. – Estou
a ver a Lua cheia. Sempre que a
vejo sinto vontade de uivar. Mas…
e tu? O que estás a fazer cá fora,
em pleno Inverno e a meio da
noite? Tu devias estar na cama!
O Simão conseguiu sair do
buraco em que tinha caído,
sacudiu a neve que tinha
agarrada à barriga e disse:
– É que eu quero acenar ao Pai
Natal quando ele passar no seu
trenó. Assim ele vai ver-me e não
se vai esquecer de mim!
– Hi, hi, hi!– O Pai Natal não se
esquece de ninguém. Podes
acreditar em mim, Simão!
“Como é que o velho lobo pateta pode saber uma
coisa dessas?”, pensou o Simão.
Então, começou a subir a colina com alguma
dificuldade.
Ao passar pelo carvalho de tronco grosso, onde
morava a família dos ratos, ouviu qualquer coisa e
parou.
De repente, um ratinho pôs o focinho fora
da porta que ficava no meio das raízes e
gritou:
– É o Pai Natal! Vamos depressa para
dentro!
– Vem aí o Pai Natal, o Pai Natal! – chiaram
muitas vozinhas de ratos felizes.
– Ratos! – disse o Simão. – Eu não sou o
Pai Natal.
“Afinal, os ratos também têm medo de ser esquecidos”, pensou o Simão.
“Tenho mesmo de encontrar o Pai Natal!”
O Simão continuou o seu caminho, ouvindo de novo os ratos a chiarem.
– Agora foi-se embora! – gemiam eles.
– O Pai Natal esqueceu-se de nós! Ai, ai, ai!
Algum tempo depois, o Simãochegou finalmente ao cimo da
colina. A Lua brilhava e várias
estrelas cadentes cruzavam o céu
escuro.
Se calhar uma dessas estrelas
cadentes era o Pai Natal com o
seu trenó. Será que ele estava
nesse momento a olhar cá para
baixo e viu o pequeno ursinho?
Sem perder tempo, pegou no seu
cobertor e pôs-se a agitá-lo ao
vento.
Mas nada aconteceu!
Por fim, o Simão resolveu estender o seu
cobertor, sentou-se nele e ficou a olhar para o céu,
à espera.
Esperou, esperou, esperou… e nada!
À medida que o tempo ia
passando, o Simão ia ficando
cada vez mais triste. E depois
começou também a ficar com
fome e o seu estômago
começou a fazer barulhos.
Então, abriu a sua sacola e
desatou a comer bolachas.
De repente, lembrou-se dos
ratos que viviam no carvalho de
tronco grosso. De certeza que
estavam muito tristes no seu
buraco, e também cheios de
fome.
De repente, lembrou-se dos ratos que
viviam no carvalho de tronco grosso.
De certeza que estavam muito tristes
no seu buraco, e também cheios de
fome.
“Coitadinhos dos ratinhos!”, pensou o
Simão.
Arrumou as suas coisas e deslizou a
toda a velocidade até lá abaixo, ao pé
do carvalho, onde um fraco raio de luz
iluminava a noite.
O ursinho Simão abriu um
pouco mais a porta da casa dos
ratinhos e disse:
– Olá, ratinhos! Não tenham medo.
O Pai Natal não se esqueceu de
vocês!
Depois tirou todas as bolachas e
biscoitos da sacola, empurrou-as
para dentro da sala dos ratinhos e
ficou a ouvir. Mas que alegre
chiadeira! Os ratinhos cantavam e
dançavam, felizes.
O Simão teria gostado de ficar ali toda a
noite. Mas, de repente, lembrou-se de uma
coisa. O seu coração começou a palpitar. “E se
o Pa…”
Toca mas é a correr para casa!
– Que pena – disse o Avô Lobo. – agora
perdeste uma coisa!
Mas ele nem parou: só acenou e continuou a
correr.
Ao chegar a casa, o Simão viu
uma coisa espantosa. Ficou
parado como se estivesse
pregado ao chão. Havia ali
marcas. Marcas de um trenó.
Marcas de botas. Marcas de
renas!
Olhou para o céu e viu um rasto luminoso que se estendia pelo céu fora.
Depois o rasto desapareceu.
O Simão foi a correr para casa.
Afinal, o Pai Natal não se tinha
esquecido dele!
Muito admirado, o Simão olhou
para todos aqueles presentes e
embrulhos.
– Vou abrir um – murmurou ele. –
Só um. O maior de todos. Depois
vou para a cama!
O Simão abriu o embrulho
maior, sem fazer barulho nenhum
para que a Mamã Ursa não
acordasse. Estava radiante! E nem
conseguia dizer o que lhe dava
mais alegria: o facto de o Pai Natal
não se ter esquecido dele ou a
grande alegria que ele próprio
tinha dado aos ratinhos? Ou seria
o facto de o Pai Natal lhe ter
trazido um ursinho de peluche?
Fosse por que fosse, o certo é que o Simão estava radiante. Abraçou o seu
coelhinho com força e levou-o consigo para a cama. Depois adormeceu e ficou
a dormir até à Primavera como todos os outros ursos.