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RAL DANIEL CERQUEIRA OLIVEIRA
LUIS MIGUEL TEIXEIRA VAZ
ALTERAES AO MODELO DE JOGO (?)A vertente estratgica do jogo o scouting (observao eanlise do adversrio) e a sua influncia na planificao de
um jogo de futebol
MonografiaLicenciatura em Educao Fsica e Desporto
UNIVERSIDADE DE TRS-OS-MONTES E ALTO DOUROVILA REAL, 2006
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I - INTRODUO
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Introduo
2Introduo
1 Introduo
Eu fao um estudo detalhado do adversrio, fundamentalmente para
ajudar os jogadores. Para mim, imprescindvel saber como o
treinador adversrio reage, o tipo de substituies que faz, os
comportamentos padro da equipa adversria...
Jos Mourinho (s.d., cit. por Oliveira et al., 2006)
Ns analisamos o adversrio, procuramos prever como se pode
comportar contra ns e procuramos posicionar-nos nalgumas zonas mais
importantes do campo em funo dos seus pontos fortes e fracos. Mas
isto so detalhes posicionais. No mexem com os nossos princpios, nem
sequer com o nosso sistema. Acreditamos que o mais importante somos
ns, a forma como jogamos e automatizamos o nosso modelo
Jos Mourinho (s.d., cit. por Oliveira et al., 2006)
O futebol enquanto desporto pode-se resumir muito sinteticamente como um jogo desportivo
colectivo que coloca em oposio duas equipas, com objectivos e regras similares, numa situao
de oposio em que de tal confronto poder surgir um vencedor e um vencido ou, simplesmente,
um empate. Um jogo simples com regras muito prprias, mas que concentra em si os olhares, as
anlises, os comentrios e, acima de tudo, as emoes e paixes de milhes de pessoas
distribudas ao longo dos quatro cantos do planeta.
O futebol , cada vez menos, apenas um simples jogo... , cada vez mais, uma manifestao
de cultura, de espectculo, um fenmeno de alto rendimento desportivo que envolve milhes de
pessoas, interesses, jogos de poder e muitos, muitos milhes de euros.... Tendo em conta estes
pressupostos, fcil compreender que no futebol actual a margem de erro e de empirismo para
os profissionais que nele trabalham muito curta.
tendo em conta este aspecto que considero pertinente a realizao deste trabalho, pela sua
abrangncia quanto ao fenmeno do treino em futebol e pela particularizao do processo de
observao e anlise dos adversrios e a forma como este aspecto utilizado, ou no, no
panorama dos campeonatos nacionais da Federao Portuguesa de Futebol e da Liga Portuguesa
de Futebol Profissional.
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Introduo
3Introduo
Pretendemos constatar se o processo de scouting , efectivamente, utilizado e qual o seu
interesse e importncia real ao nvel da planificao do jogo e do processo de treino das equipas
em questo.
Ao longo de todo o curso, e nomeadamente, da Opo de Futebol fomos estimulados a
olhar para o futebol e o seu treino de uma forma diferente daquela que sempre nos foi
impingida pelos treinadores convencionais, pelos Mdia e pela comunidade futebolstica em
geral. Logo desde o incio o Mister Brito forou-nos a assimilar que na base do rendimento
em futebol est a construo, ou seja, a conceptualizao e operacionalizao de um Modelo de
Jogo perfeitamente definido em todos os seus princpios, sub-princpios, sub-princpios dos sub-
princpios....
Este modelo deve estar em constante construo e optimizao podendo ser, sempre que
necessrio, alvo de modificaes pontuais que no impliquem a alterao dos grandes princpios
que o norteiam mas sim com a alterao ou evoluo de pequenos princpios ou sub-princpios
que possam desequilibrar a organizao do adversrio ou favorecer o equilbrio da nossa prpria
equipa. Respeitar a especificidade do jogo e ser coerente com as ideias e princpios, por ns
defendidos, em todos os momentos do treino, do jogo e da vida foram os mais fortes
ensinamentos e ideias retirados da Opo de Futebol.
Nada acontece por magia, s a qualidade do treino e/ou exerccios do mesmo so garante de
uma maior probabilidade de sucesso competitivo, apenas probabilidade pois por mais e melhor
que se trabalhe o futebol continua a ser um jogo, onde existe um adversrio com o seu prprio
valor e onde o aleatrio tem o seu papel e influncia.
Apesar de no haver muitas pessoas dispostas a escrever sobre o futebol, a partilhar ideias e
conhecimentos, j existem alguns autores de referncia que nos elucidam acerca dos conceitos
subjacentes observao e o seu alcance no treino. No entanto isto no nos parece suficiente,
pensamos que fundamental a ida ao terreno investigar aquilo que os treinadores pensam e
fazem de acordo com as diferentes realidades em que se inserem. Descobrir e passar para opapel as intenes e os objectivos dos treinadores essencial para percebermos melhor este
mundo que o futebol e que est sobre a alada das competncias do treinador.
Numa perspectiva global saber quais as tcnicas de observao utilizadas, como so
recolhidas os dados, quem os recolhe, com que propsitos, de que forma so utilizados no treino
e que tipo de planificao e periodizao utilizam os treinadores so as questes que considero
pertinentes para o trabalho e que pretendo esclarecer ao longo deste documento.
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II - REVISO BILIOGRFICA
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Reviso Bibliogrfica
5I - Planificao conceptual do treino em futebol
2.1 - Planificao conceptual do treino em futebol
Ouvi falar de quebras fsicas e logo dei por mim a pensar que a minhacruzada vai ser mesmo difcil. que no consigo mesmo que se perceba
que isso no existe. A forma no fsica. A forma muito mais que isso.
O fsico o menos importante na abrangncia da forma desportiva. Sem
organizao e talento na explorao de um modelo de jogo, as
deficincias so explcitas, mas pouco tm a ver com a forma fsica. E os
nossos comentadores/reprteres, como quase sempre, continuam a
influenciar negativamente a opinio daqueles que, em suas casas,
precisam de ser orientados na sua capacidade de absoro ou
entendimento do jogo.
Jos Mourinho (2005)
O futebol pressupe a adopo de uma filosofia por parte de
quem tem responsabilidade maior na conduo da equipa. Esta
filosofia de jogo, e consequentemente, de treino pressupe um
encadeamento lgico da evoluo de todo o processo, em que o
conceito de especificidade ter que estar presente. H
necessidade que tudo esteja ligado, formando toda uma
realidade muito prpria que j na sua essncia complexa
Modelo de jogo
Guilherme Oliveira (1991)
O futebol um desporto com caractersticas muito especificas que o transformam num
desporto cujo treino deve ser cuidadosamente programado e analisado.
O jogo de Futebol decorre da natureza do confronto entre dois sistemas complexos, as
equipas, e caracteriza-se pela sucessiva alternncia de estados de ordem e desordem, estabilidadee instabilidade, uniformidade e variedade (Garganta, 2001). Como tal, existem uma srie de
etapas que um treinador deve percorrer para preparar a sua equipa para a competio da melhor
forma possvel (Oliveira, 2005).
Quinta (2003) relativamente ao panorama desportivo nacional afirma que treina-se pouco
futebol e, quando se treina, tal realiza-se de uma forma aleatria, sem objectivos, programaes
ou planeamentos a curto, mdio e longo prazos. O ensino/ treino do futebol, na maior parte dos
casos, efectuado sem um programa e/ou mtodos definidos, no se estipulando a concretizaode objectivos individuais e colectivos, ou seja, no se procurando que os jogadores e equipas
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Reviso Bibliogrfica
6I - Planificao conceptual do treino em futebol
atinjam determinado nvel ou saibam fazer da melhor forma esta ou aquela aco tctico-tcnica
individual ou colectiva.
Actualmente, o Futebol reclama a especializao de diferentes funes e tarefas do jogador
ao treinador, do mdico ao fisioterapeuta, do chefe de departamento ao presidente do clube
pelo que exige, cada vez mais, dos seus intervenientes, competncias e conhecimentos em
quantidade e qualidade adequadas (Garganta, 2001).
Acompanhando a necessidade de especializao dos intervenientes no futebol tm surgido
um crescente nmero de publicaes e ramos do treino desportivo que visam uma
especializao e uma aproximao especificidade do jogo de futebol. Segundo Garganta (2001)
sobretudo a partir dos anos oitenta, foram desenvolvidas iniciativas importantes com o intuito de
sistematizar o conhecimento em futebol, que se traduziram na realizao de congressos, s
escalas europeia e mundial, e no aumento da produo bibliogrfica.
Ao longo das ltimas pocas tem-se especulado muito acerca das metodologias de treino
vigentes nos campeonatos nacionais de futebol, muito por causa do aparecimento do fenmeno
Mourinho que consigo trouxe para alm de metodologias, para muitos inovadoras, resultados de
qualidade nacional e internacional. Os modelos relativos indivisibilidade dos factores de treino
e da necessidade de uma metodologia de treino integrado defendidos por autores como Queiroz
(1986), Guilherme Oliveira (1991), Garganta (1995) e Castelo (2000) voltaram assim a estar no
mais elevado patamar de discusso futebolstica.
Os processos de planeamento, programao e periodizao do treino so, agora, alvo de
frequentes discusses e publicaes no meio cientifico e, inclusive ou mesmo principalmente, na
comunicao social por todo o tipo de especialistas apesar de nem sempre da forma mais
correcta e rigorosa. Alis, este um termo (treino integrado) que segundo Losa, et al. (2006) est
j quase desgastado de tanto uso, ainda que quase sempre, escassa, ambgua e superfluamente
abordado. Escasso porque a questo no que tenha que incluir percepo, deciso, etc., mas sim
que os estmulos, podendo ser maiores ou menores, devem ser sempre especficos do jogo.Ambguo porque uma coisa treinar com bola e outra absolutamente distinta treinar futebol.
Por ltimo, suprfluo porque a prtica sempre surgiu e surgir da teoria prvia e profundamente
organizada, e neste caso quase sempre a proposta foi directamente prtica. Para Oliveira et al.
(2006) tal como normalmente utilizado o treino integrado no rompe verdadeiramente com a
lgica da norma de treinar. O treinar com bola serve apenas como um meio de simular o
treino fsico, e no como um imperativo para operacionalizar o modelo e os princpios de jogo
que se querem para a equipa.
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Reviso Bibliogrfica
7I - Planificao conceptual do treino em futebol
Guilherme Oliveira (2003) afirma que antes de qualquer outra tarefa, o treinador deve fazer
uma introspeco acerca das suas ideias de futebol. Dessa auto-reflexo devem ficar claras as
ideias de como queremos que a nossa equipa jogue, tanto nos aspectos mais gerais como nos
aspectos mais particulares. O futebol considerado como uma modalidade desportiva
eminentemente tctica (Teodorescu, 1984; Meinel y Scnabell, 1988; Deleplace, 1994).
Considerando que o futebol pode apresentar alguma regularidade, dentro da sua extrema
complexidade e aleatoriedade prprias de um jogo, ao treinador exige-se que modelize um tipo
de jogo (Fernandes, 2003).
Antes da definio de uma qualquer metodologia ou tipo de treino o treinador deve ter um
modelo de jogo perfeitamente definido. Guilherme Oliveira (2003a) define modelo de jogo como
uma ideia / conjectura de jogo constituda por princpios, sub-princpios, sub-princpios dos sub-
princpios..., representativos dos diferentes momentos / fases do jogo, que se articulam entre si,
manifestando uma organizao funcional prpria, ou seja, uma identidade. Esse Modelo, como
Modelo que , assume-se sempre como uma conjectura e est permanentemente aberto aos
acrescentos individuais e colectivos, por isso, em contnua construo, nunca , nem ser, um
dado adquirido. O Modelo final sempre inatingvel, porque est sempre em reconstruo, em
constante evoluo. Mourinho (2001) afirma que no processo de treino deve existir uma
exponenciao do princpio da especificidade. Uma especificidade/Modelo de jogo e no
apenas uma especificidade/modalidade. Este aspecto tambm defendido por Faria (2003) pois
se o objectivo ter uma equipa organizada para competir, essa organizao s se consegue
atravs da utilizao de exerccios de jogo, mas de jogo que so modelo de jogo e que permitem
exacerbar um conjunto de princpios que definem esse modelo.
Relativamente ao modelo de jogo importante salientar que a tctica no significa apenas
uma organizao no espao de jogo e uma repartio de misses especficas pelos jogadores,
mas sim a existncia de uma concepo unitria para desenvolver o jogo, ou em outras palavras,
um tema geral sobre o qual os jogadores concordam e que lhes permite estabelecer umalinguagem comum entre si (Martinez, 2004 citando Castelo, 1996). Para Faria (2003) o futebol
tctica mas no um tctico qualquer. um tctico modelo, tctico cultura, tctico como
entendimento colectivo de uma forma de jogar e uma filosofia de jogo, definida claramente pelo
treinador e que tem que ser a relao entre cada um dos elementos da equipa sob a qual todos se
devem orientar. Portanto, tctico sim, mas como modelo, como linha de orientao em termos de
organizao.
partindo deste pressuposto que nos permitimos a avanar para uma breve introduo especificidade do treino em futebol que de acordo com Castelo (2000) pode ser definido como
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8I - Planificao conceptual do treino em futebol
um processo pedaggico que visa desenvolver as capacidades tcnicas, tcticas, fsicas e
psicolgicas dos praticantes e das equipas no quadro especfico das situaes competitivas
atravs da prtica sistemtica e planificada do exerccio, orientada por princpios e regras
devidamente fundamentadas no conhecimento cientfico.
Uma correcta metodologia de treino deve ser, segundo Mourinho (2002), orientada em
funo de grandes objectivos em que h uma relao ntima entre o modelo de treino e o modelo
de jogo, no qual, os jogadores, para perceberem o modelo de treino, tm de perceber o modelo de
jogo. Ainda acerca do tema Losa et al. (2006) consideram que quando se fala de treino fsico-
tcnico-tctico, fsico-tcnico, se trata de unir ou somar coisas ou partes, que para tal tiveram
que ser separadas previamente. aqui que reside o erro de base do planeamento convencional.
Garganta et al. (1996) refere de igual forma, que o futebol um fenmeno multidimensional e,
por isso, irredutvel a qualquer das dimenses do rendimento que concorrem para a sua
expresso. Ao referirem-se ao treino integrado, Losa et al. (2006) remetem-no para a teoria dos
sistemas dinmicos, isto equivale a dizer de que o todo mais que a simples somas das partes
pois, tal como refere Garganta (2001), nos sistemas de alta complexidade que operam em
contextos aleatrios, como aqueles que coexistem num jogo de Futebol, a separao artificial dos
factores que concorrem para o rendimento desportivo parece revelar-se inoperante.
Jesualdo Ferreira (2006) refere que a grande alterao ao nvel do treino foi quando se viu,
que para um jogador explorar todas as suas capacidades condicionais, era preciso pensar. O
mesmo autor refere que a essncia do futebol est na dimenso tctica e que treinar fora de uma
coisa que vai ser o jogo errado, perda de tempo. O futebol pensar, ou seja, ter jogadores
inteligentes que saibam pensar.
Mourinho (2002) considera que os jogadores interiorizam as ideias do treinador atravs da
repetio sistemtica de determinados exerccios durante os treinos. So induzidos nesse sentido.
Como tal, e seguindo uma linha de raciocnio similar Oliveira (2005) afirma que o futebol um
desporto que exige um planeamento do treino, cada vez mais, rigoroso e que atenda snecessidades reais da competio.
O planeamento do treino, entendido como estruturao e coordenao dos programas de
preparao e orientao para a competio, na sua complexidade e variedade exigidas pelos
prprios requisitos de uma modalidade desportiva, parte integrante das tarefas do treinador
(Alves, 2000).
Brito (2003) define planeamento desportivo como um processo que analisa, define e
sistematiza as diferentes operaes inerentes construo e desenvolvimento dos praticantes oudas equipas. Por outro lado segundo Oliveira (2005), este um processo que organiza essas
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9I - Planificao conceptual do treino em futebol
operaes em funo das finalidades, objectivos e previses (a curta, mdia ou longa distncia),
escolhendo-se as decises que visem o mximo de eficincia e funcionalidade das mesmas.
A especificidade do treino de futebol segundo Mourinho (2001) s existe quando existir uma
constante relao entre as componentes tctico-tcnicas individuais e colectivas, psico-
cognitivas, fsicas e coordenativas, em correlao permanente com o modelo de jogo adoptado
pelo treinador e respectivos princpios que lhe do corpo.
Como etapas relevantes do planeamento desportivo especfico da modalidade de futebol
Oliveira (2005, citando Brito, 2003) define:
1. Anlise da situao
Diagnstico
Prognstico
2. Organizao do processo de treino
Programao
3. Execuo do programa
Treino
4. Avaliao e controlo do plano
Anlise do produto
Na realidade, os limites da interveno do treinador, seja qual for o nvel de desempenho dos
atletas sob a sua orientao, esto longe de puderem ser definidos apenas pela aplicao de
exerccios de treino e da orientao tctica durante a competio. A dificuldade que envolve a
preparao optimizada dos vrios factores de treino e a sua conjugao num todo bem
estruturado e efectivo, determina a necessidade de o treinador ter uma viso simultaneamente
global e integradora de todos os elementos que influenciam de forma preponderante o
rendimento do atleta e da equipa, atravs de um planeamento sistemtico e dinmico (Alves,
2000).
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10II - Organizao do processo de treino em Futebol
2.2 - Organizao do processo de treino em futebol
Ter a convico que o resultado desportivo pode nascer doimproviso ignorar os objectivos e conhecer o insucesso.
Jos Mourinho (2001)
sabido que a gua (H2O) um meio essencial para
apagar o fogo, no entanto, se separarmos as suas
componentes, hidrognio e oxignio, qualquer uma destas
ao invs de apagar o fogo, incandesce-o ainda mais.
Karl Popper (s.d., cit. por Braz, 2001)
2.2.1 - Programao em Futebol
A qualidade e a consistncia das aces de jogo, dependem no apenas da existncia de
jogadores com um elevado potencial, mas tambm, e cada vez mais, da interveno de
treinadores que possuam elevadas capacidades para liderar, planear e programar um trabalho
slido e racional (Garganta, 1994 citado por Braz, 2001)
A programao poder ser definida como um processo de adequao e adaptabilidade de um
processo de gesto e aco realidade em que nos encontramos (Brito, 2003).
Segundo Mourinho (2001) programar definir e determinar um conjunto de contedos e
estratgias de aco que perspectivem e estruturem todo um processo de trabalho, que vise o
treino nas suas diversas dimenses e a competio.
Para Garganta (1994, citado por Braz, 2001) programar o treino implica no apenas utilizar
os processos de adaptao e potencial das situaes de treino, mas tambm recorrer experincia
relativa s reaces individuais dos atletas, medida que os efeitos cumulativos do treino
operam, para determinar correctamente o nvel da actividade competitiva a visar e o momento
em que esse nvel pode ser atingido.
A programao, sendo ento a adequao do planeamento s condies reais, exige o
estabelecimento de modelos relativos aos diversos aspectos do processo, podendo segundo Brito
(2003) ser subdividida numa srie de etapas/fases descritas pelo grfico:
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11II - Organizao do processo de treino em Futebol
Braz (2001, citando Garganta, 1994) no tem dvidas em afirmar que muitas so as
vantagens da programao destacando os factos de esta libertar o treinador para tarefas no
previstas, fornecer dados teis, dar maior segurana equipa de trabalho, permitir um maior
controlo do processo, permitir rentabilizar o tempo e ainda dar a possibilidade de comparao dedados, ajudando a perceber melhor quais as razes que esto subjacentes aos xitos e aos
fracassos.
2.2.2 - Periodizao em Futebol
Para Braz (2001, citando Garganta, 1994) para que uma programao seja eficaz torna-se
importante estruturar a poca em perodos, ou ciclos de treino, cada um dos quais comcaractersticas e objectivos especficos. A diviso em perodos ou etapas ajuda a organizar o
processo de treino e a fixar de modo mais efectivo o contedo da preparao, segundo os
objectivos e o tempo a gerir. A esta diviso em fases com estrutura diferenciada, relacionadas
com a durao e demais caractersticas do calendrio de treino, mas sobretudo com a natureza da
adaptao do organismo dos atletas aos estmulos a que sujeito e aos princpios do treino
desportivo, d-se o nome de Periodizao (Alves, 2000)
Brito (2003) considera que a periodizao no domnio especifico do futebol deve serentendida como um aspecto particular da programao, que est relacionado com:
O permanente desenvolvimento das capacidades tcnico-tcticas individuais e
colectivas.
Com a lgica evolutiva da dinmica das cargas (treino e jogo) e das subsequentes
adaptaes do organismo do individuo.
Das subsequentes adaptaes do jogador e da equipa a nvel tcnico-tctico, fsico
e psicolgico.
Grfico 1 Fonte Brito (2003)
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12II - Organizao do processo de treino em Futebol
Significa tambm dividir em perodos mais ou menos alargados, definidos cronolgica e
estrategicamente, com objectivos especficos para facilitar a construo de todo um processo
evolutivo de elaborao do treino e consequentemente rentabilidade competitiva (Oliveira,
2005).
Mourinho (2001) define a periodizao como aspecto particular da programao, que se
relaciona com uma distribuio no tempo, de forma regular, dos comportamentos tcticos de
jogo, individuais e colectivos, assim como, a subjacente e progressiva adaptao do jogador e da
equipa a nvel tcnico, fsico, cognitivo e psicolgico.
Segundo Mourinho (2001) a essncia estrutural e evolutiva do jogo de futebol revelam a
inadequao dos conceitos convencionais de periodizao do treino.
Assim a existncia de:
Um perodo preparatrio muito reduzido e com exigncias competitivas
elevadas;
Um perodo competitivo muito grande;
Quadros competitivos longos;
Competies em simultneo;
Elevado nmero de jogos;
Necessidade de alto rendimento durante toda a poca,
Indicam que as componentes Tctica - tcnica e cognitiva sejam as que direccionam todo o
processo de treino e um projecto de jogo.
Grfico 2 Fonte Mourinho (2001)
Atendendo a estes factos Carvalhal (2003) apresenta como factores decisivos e como
premissas fundamentais para uma correcta e bem sucedida periodizao do treino em futebol:
A periodizao deve dar primado contextualizao.
A componente tctica surge como o ncleo central de preparao.
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13II - Organizao do processo de treino em Futebol
O Modelo de Jogo adoptado impe uma coordenatividade muito prpria, estando
subjugada dimenso tctica as restantes dimenses, tcnica, fsica e
psicolgica.
O princpio da Especificidade quem dirige a Periodizao.
Grfico 3 Fonte Mourinho (2001)
O meio de operacionalizar o Modelo de Jogo so os exerccios Especficos.
Exerccios desenvolvidos com Intensidade em concentrao, de acordo com o
Modelo de Jogo Adoptado, estes, sero o meio mais eficaz para adquirir uma
forte relao entre mente e hbito.
A operacionalizao do treino reclama a utilizao de exerccios Especficosdesde o primeiro dia.
Impe-se uma inverso no binmio Volume-Intensidade, a Intensidade quem
"comanda", e o Volume, o somatrio de fraces de mxima intensidade
(Volume da qualidade) de acordo com o Modelo de Jogo Adoptado.
Grfico 4 Fonte Mourinho (2001)
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14II - Organizao do processo de treino em Futebol
Esta periodizao reclama o Princpio da Estabilizao, de forma a permitir os
Patamares de Rendibilidade.
A Estabilizao da Forma Desportiva consegue-se com base na estruturao de
um determinado microciclo, onde o grau de desgaste semanal seja similar de
semana para semana.
A estrutura bsica do microciclo deve manter-se (os momentos de treino, a
durao, etc.), o que leva a uma estabilizao de rendimento.
Faz sentido falar em forma desportiva colectiva. Esta, est ligada ao jogar (bem)
de acordo com o Modelo de Jogo Adoptado, a referncia que serve como
indicador "jogar melhor.
A operacionalizao do modelo de jogo ter que passar por uma adaptabilidade para a
especificidade. Estas acomodaes ao nvel do treino s so possveis atravs da aco repetida
de estmulos competitivos como antecipao de futuros requisitos para a competio (Frade,
2002). Segundo o mesmo autor so contemplados os estmulos com similaridade aos sofridos no
jogo e devem funcionar como adaptabilidade e no no sentido restrito do termo
adaptao/mecanizao.
A apelidada periodizao tctica surge como o modelo cientifico actual de referencia capaz
de responder aos anseios daqueles que buscam uma resposta para o dilema da periodizao e
planificao do treino em futebol, no entanto tal como refere Garganta (2001, citando Damsio,
1994) a cincia lida com problemas e, ao procurar respostas para eles, no raramente faz emergir
novas, ou renovadas, questes sobre esse problema ou mesmo novos problemas. Por isso, os
resultados cientficos so aproximaes provisrias para serem saboreadas por um tempo e
abandonadas logo que surjam melhores explicaes.
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15III - Planificao do microciclo em futebol
2.3 - Planificao do microciclo em futebol
At ao incio do treino tenho duas horas de tranquilidade absoluta para, nosilncio do meu gabinete, preparar com detalhe a sesso de trabalho que
especificada de acordo com a anlise que, com os meus adjuntos, realizo deste
microciclo no final da semana anterior (.) Antes do treino ainda tenho tempo
para breve contacto com os meus observadores para uma perfeita identificao
do adversrio seguinte; com o responsvel da relva para o bom estado do
campo de treino e em relao com as condies meteorolgicas previstas para o
fim-de-semana; com os auxiliares de material de apoio no treino; com o doutor
para a avaliao da situao clnica e a definio do plano para os lesionados e
jogadores em fase de integrao
Jos Mourinho (2000)
No concebo a modificao de um comportamento por
magia. Tem que ser com treino. E quando digo treino quero
dizer treinos.
Jos Mourinho (s.d., cit. por Oliveira et al., 2006)
Seguindo uma lgica decorrente dos princpios da periodizao tctica, Mourinho (2001)
considera a planificao do treino como o acto de preparar e estabelecer um plano de actividades
para realizar um conjunto de tarefas, e de determinar um conjunto de objectivos e os meios de os
atingir. Ainda segundo o mesmo autor a planificao pressupe definir os contedos e as
estratgias ideais para atingir os objectivos propostos para alm de reestruturar uma
tipificao/modelo de aco.
Braz (2001) considera o microciclo como uma srie de sesses de treino, organizadas de
forma racional num curto perodo de tempo, sendo que na programao dos mesmos necessrio
estabelecer prioridades, em funo do prximo adversrio, do nvel atingido, dos contedosassimilados e das dificuldades ainda apresentadas. Estabelecer rotinas que implicam a
assimilao de contedos com vista melhoria do rendimento desportivo, traz benefcios na
estruturao do microciclo e consequente evoluo da equipa (Lotina, 2003 citado por
Fernandes, 2003).
Brito (2003) diferencia dois tipos de planificaes derivadas de uma planificao conceptual
prvia e directamente participantes no microciclo semanal.
Planificao estratgia tudo o que antecede o jogo (trabalho relativo preparaoespecfica da equipa tendo como base o prximo adversrio).
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16III - Planificao do microciclo em futebol
Planificao tctica tudo o que tem a ver com o jogo em si.
Grfico 5 Fonte Braz (2001)
2.3.1 - Planificao estratgia
A planificao estratgia consubstancia-se na elaborao de planos estratgicos de
interveno que se traduzem em modificaes pontuais e temporrias do modelo de jogo da
equipa, em relao futura confrontao desportiva (prximo jogo) (Guilherme Oliveira, 2001).
Grfico 6 Adaptado de Brito (2003)
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17III - Planificao do microciclo em futebol
A natureza da planificao estratgica parte do pressuposto de que quando os jogadores, quer
no plano individual quer no colectivo, so advertidos para as condies objectivas em que ir
decorrer a competio, e especialmente para as particularidades deste ou daquele adversrio, a
sua percepo e anlise das situaes encontra-se favoravelmente influenciada, facilitando e
acelerando a resposta adequada (Brito, 2003).
Segundo Violante (2002) quando se fala de modelo de jogo, necessrio ter a noo de que
se est a sintetizar, a globalizar a personalizar a forma de jogar de uma equipa. uma tomada
de posio estruturante, sempre discutvel, mas que no se pode transformar de jogo para jogo.
Segundo o mesmo autor o que pode variar de jogo para jogo so algumas questes estratgicas
que no alterem a identidade da equipa. O plano tctico especial estar sempre subordinado ao
modelo de jogo adoptado, nunca podendo constituir um entrave ao seu correcto
desenvolvimento.
Grfico 7 Fonte Violante (2002)
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18III - Planificao do microciclo em futebol
Mourinho (2001) reala como preocupaes para a planificao de um jogo ter como
fundamental o modelo de jogo e o sub-modelo tctico-estratgico sendo importante atender
dinmica das cargas/ esforo e recuperao (1 ou 2 jogos semanais). Segundo o autor a lgica da
carga fisiolgica/biolgica, se possvel deve ser mantida sem grandes oscilaes.
Para Carvalhal (2003) treinar com base na especificidade, levanta uma srie de problemas
que fazem apelo sapincia do treinador, na medida em que este tipo de trabalho massifica,
atravs da repetio sistemtica, um conjunto de centros nervosos que no devem ser hiper
solicitados. Segundo o mesmo autor aps o jogo, o tempo que medeia o primeiro treino deve ser
o mais curto possvel, de forma a contemplarmos a recuperao, isto porque, a recuperao aps
o jogo torna-se fundamental, de modo a que os atletas voltem a treinar com intensidade mxima
(Lotina, 2003 citado por Fernandes, 2003).
Dinmica das cargas/esforo e recuperao:
Grfico 8 Fonte Mourinho (2001) Grfico 9 Fonte Mourinho (2001)
Carvalhal (2003a) considera que a lgica evolutiva do modelo de jogo adoptado, a
periodizao previamente realizada, o jogo anterior com os seus aspectos positivos e negativos,
bem como o jogo a realizar tendo em conta os aspectos positivos e negativos da equipa
adversria e as caractersticas individuais dos adversrios so os pontos-chave que completam as
exigncias fundamentais de uma planificao estratgica. Segundo Brito (2003) o objectivo
fundamental e nico da planificao estratgica o de assegurar as modificaes pontuais e
temporrias da funcionalidade geral da equipa.Basicamente, segundo o mesmo autor, os meios gerais a ter em considerao para a
conceptualizao de uma planificao estratgica, passam por trs vertentes fundamentais:
O conhecimento da equipa adversria;
O terreno do jogo;
As circunstncias em que se vai desenrolar o jogo.
Os dados relativos ao conhecimento da equipa adversria sero efectivamente a base da
planificao estratgica, logo a recolha e anlise da informao s ser possvel atravs da
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19III - Planificao do microciclo em futebol
observao/anlise, fazendo uma investigao analtica do adversrio que conduza ao seu
conhecimento exacto (Lotina, 2003).
Guilherme Oliveira (2003) define que os aspectos a serem analisados na planificao de um
jogo de futebol devero recair sobre:
Relativamente equipa adversria:
1. A colocao de base dos jogadores no terreno de jogo (sistema tctico);
2. Forma geral de organizao tanto do ataque como da defesa (mtodo de jogo);
3. As diferentes aces tcnico-tcticas individuais e colectivas e a sua utilizao
durante o jogo (compensaes, combinaes tcticas, coerncia nas aces, etc.);
4. A filosofia de jogo da equipa (agressividade, eficcia, entreajuda, ritmo, etc.);
5. Os jogadores que so fundamentais na organizao da equipa nas fases ofensiva edefensiva;
6. As solues das situaes de bola parada (esquema tcticos)
7. Atitudes e comportamentos scio-psicolgicos dos jogadores da equipa no seu
conjunto e em situaes de adversidade.
8. Tipo de relao com o rbitro e os rbitros auxiliares.
Relativamente ao terreno de jogo:
9. Jogar em casa ou fora;
10. As suas dimenses em termos de largura e profundidade;
11. As suas condies (relvado, pelado, seco, molhado, etc.)
Relativamente s circunstncias em que se vai desenrolar o jogo:
12. A classificao das duas equipas em confronto;
13. Necessidade de ganhar ou no o jogo;
14. Entrevistas (directores, treinadores, jogadores, etc.);15. As condies climatricas;
16. O rbitro (critrios subjacentes ao seu trabalho);
17. O pblico (apoiantes ou no);
18. Nvel de rivalidade entre as equipas.
Todos os factores acima mencionados devem ser conjugados com as realidades do quadro
competitivo pois com um microciclo com jogo domingo a domingo o treino para visar
modelaes estruturais relacionadas com os princpios de jogo, treino aquisitivo, dever ser
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20III - Planificao do microciclo em futebol
exercitado na quarta e quinta-feira devendo os restantes dias da semana ser aproveitados para
treinar sub-princpios do modelo de jogo adoptado (Carvalhal, 2003). Numa perspectiva de
microciclo com jogo a meio da semana, os treinos segundo Carvalhal (2003) assumem um
carcter de recuperao, no entanto, possvel direccionar estes treinos para a preparao da
equipa treinando princpios e sub-princpios do modelo de jogo adoptado, uma vez que a fadiga
nos desportos colectivos parece provir mais de aspectos mentais (fadiga central) que de aspectos
fsicos (fadiga perifrica). Esta fadiga pode ser denominada de fadiga tctica caracterizando-se
esta pela incapacidade dos jogadores se concentrarem e de dosearem o esforo resultando no
jogo em perda de entrosamento (Carvalhal, 2003).
A planificao estratgica encerra, no entanto, em si uma srie de limitaes que segundo
Guilherme Oliveira (2003) se podero resumir ao caso da equipa no possuir no seu seio
argumentos tcnicos, tcticos, fsicos e psicolgicos fundamentais para esse aproveitamento ou
quando as modificaes pontuais e temporrias na preparao da equipa so de tal ordem que
afectam de forma irredutvel a sua funcionalidade de base, a qual pe em causa a eficincia da
prpria equipa.
2.3.1.1 - Plano tctico especial
Segundo Castelo (1994) este o plano tctico concebido em funo da expresso tctica debase da equipa e tendo em considerao a expresso tctica da equipa adversria.
Este plano pressupe segundo Braz (2001) uma reunio de preparao para o jogo, onde
devero ficar definidos aspectos essenciais como:
Organizao de jogo
Plano de viagem
Local de estgio (treino, visitas, etc.)
Adversrio Plano de preparao especial para o jogo
Definio de estratgias especiais
Coordenao com o plano de preparao geral
Pretende-se criar situaes e condies de jogo que evidenciem as carncias de preparao
fsica, tcnica, tctica e psicolgica, e de minimizar ou anular os aspectos de organizao de
jogo mais eficientes da equipa adversria (Castelo, 1994). Segundo o mesmo autor no
desenvolvimento do plano semanal de treinos (microciclo), que o treinador determinar quais os
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21III - Planificao do microciclo em futebol
aspectos principais do jogo que devero ser modificados e readaptados em funo do
conhecimento da expresso tctica da equipa adversria, e que consubstancie a vitria.
A preparao da equipa para o jogo dever guiar-se permanentemente pelo princpio da
adaptao s caractersticas do adversrio e da competio (Teodorescu, 1984).
Para a elaborao de um plano especial da preparao o treinador deve, segundo Braz
(2001), conhecer e apreciar objectivamente as possibilidades e particularidades dos jogadores da
prpria equipa, assegurar as condies de preparao, conhecer as particularidades da equipa e
dos jogadores adversrios, assegurar a existncia de colaboradores experientes e ainda conhecer
e prevenir a influncia dos factores ambientais sobre o jogo especfico da prpria equipa e da
adversria. O mesmo autor considera que as fases de construo do referido plano so:
Recolha de dados
Comparao de foras
Elaborao do plano e das misses tcticas
Elaborao do programa de preparao para o ciclo de
treino
Para Castelo (1994) a recolha de dados poder processar-se atravs de fichas de observao,
atravs de comentrios da imprensa desportiva, sites de Internet, etc. E ainda atravs da troca de
impresses com os treinadores das equipas que j jogaram com a equipa que nos interessa.
Tendo em conta que a preparao e a soluo mental dependem da rapidez da actualizao
dos conhecimentos e da forma como accionada a tctica em funo do adversrio (estratgia),
a reflexo terica consequentemente dos jogadores em funo da equipa adversria, implica que
sejam recapitulados os conhecimentos indispensveis de base da equipa e das particularidades
tcticas do adversrio para que a sua ateno se posa fixar nas possveis variantes (Mahlo, 1966
cit. por Braz, 2001)
Castelo (1994) salienta que a comparao de foras pressupe a existncia de dados
respeitantes s particularidades dos jogadores e da prpria equipa, recolhidos sob os mesmos
critrios utilizados para a apreciao do adversrio
Para Braz (2001) na elaborao do plano e das misses tcticas o treinador determinar qual
o aspecto principal para o sucesso no jogo, sistemas adoptadas, mtodos de jogo a utilizar,
regime de substituies, aces surpresas do adversrio e misses tcticas especiais.
O mesmo autor considera que a elaborao do programa de preparao deve considerar os
aspectos:
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22III - Planificao do microciclo em futebol
Nmero de treinos
Durao
Intensidade de esforo
Exerccios mais eficazesTodas as decises planos assentam em suposies, que em alguns casos no se realizam e
no podem ser previstas antecipadamente. Assim, a estratgia tem que ser secundada pela
tctica, para que durante a competio se opte por decises operativas necessrias (Castelo,
1994), no entanto independentemente do plano fundamental, este ponto de vista dualista para
alguns autores, de certa forma ilusria e com efeito directamente tributria no nvel de
apreenso dos fenmenos (Parlebas, 1981 cit. por Braz, 2001), que muitas situaes encerram
em si
2.3.2 - A Planificao Tctica
Segundo Brito (2003) a planificao tctica definida pela aplicao prtica da planificao
estratgica. A tctica ser a utilizao concreta dos meios de aco no sentido da concretizao
do plano estratgico definido. Est fortemente dependente da capacidade concreta dos jogadores
da equipa (Guilherme Oliveira, 2001).
Para Castelo (1994) a diferena que se estabelece entre a tctica e a estratgia fundamenta-seno facto de a tctica ser utilizada logo aps o comeo do jogo e at ao final deste. Enquanto que
a estratgia insere-se em todas as fases de preparao da equipa tendo em conta o conhecimento
das particularidades da equipa contrria.
A planificao tctica de uma equipa de futebol apresenta-se como uma base de resoluo
dos problemas metodolgicos que surgem no terreno de jogo e constituda pelo conjunto de
conhecimentos susceptveis de dar uma certa direco s diferentes aces tcnico-tcticas da
equipa relativamente concretizao da planificao tctica (Brito, 2003).Braz (2001) considera que a natureza da planificao tctica exprime-se sob seis vertentes
fundamentais:
Concepo unitria para o desenrolar do jogo.
Inseperabilidade das aces tcnicas da intencionalidade tctica.
Confrontao das expresses tcticas das equipas quando em confronto.
Maximizao e valorizao das particularidades dos jogadores da equipa.
Carcter aplicativo e operativo das particularidades dos jogadores da equipa. Carcter aplicativo e operativo da planificao tctica.
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23III - Planificao do microciclo em futebol
Basicamente, os meios fundamentais da planificao tctica de uma equipa, exprimem-se a
partir de duas identidades essenciais e interdependentes com so os jogadores que constituem a
equipa, j que so eles pela sua aco que intervm no jogo e o treinador, uma vez que ele que
segue distncia de forma crtica aquilo que se passa no terreno de jogo e nele pode
indirectamente intervir (Guilherme Oliveira, 2001).
No entanto segundo Braz (2001, citando Castelo, 1996) a planificao tctica deve ter como
limites:
A capacidade fsica, tcnica, tctica e psicolgica individual e colectiva dos
jogadores.
A adaptao da planificao tctica da prpria equipa s caractersticas do modelo
de jogo da equipa adversria.
O nvel de formao e desenvolvimento atingido pela prpria equipa para um
determinado confronto.
A preparao e qualidade do treinador na direco e orientao da sua equipa.
Cabe ao treinador analisar os diferentes aspectos que ocorrem durante a situao competitiva
e encontrar as solues mais eficientes (Frade, 2003).
As etapas da planificao tctica so definidas por Braz (2001) como:
Direco da equipa durante a competio;
Direco da equipa durante o intervalo;
Aces a ter em conta logo aps o termo do jogo.
Assim, e de acordo com o mesmo autor, o treinador enquanto figura central do processo de
direco da equipa durante a competio dever, durante a mesma, observar o sistema de jogo
adversrio (esquemas, combinaes, etc.), constatar o cumprimento do plano de jogo por parte
da prpria equipa, dar informaes para o terreno de jogo, dar feedbacks positivos aos mais
emotivos e menos experientes, no entrar em conflito com o rbitro e adversrios e ainda reagir
s alteraes introduzidas pelo adversrio.
Segundo Castelo (1996) o treinador dever durante o decorrer da partida analisar e definir a
existncia de momentos chave para se concretizar o golo e para no sofrer golo. Considera-se
momento chave quando o efeito psicolgico da marcao, ou no consentimento do golo, tem
um impacto maior no rendimento (diminuindo ou aumentando) durante o restante tempo de jogo.
Um outro ponto sensvel para a actuao do treinador no decorrer da competio o aspecto
das substituies sendo dever do treinador educar e convencer os jogadores que a substituio
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24III - Planificao do microciclo em futebol
poder consubstanciar um meio tctico fundamental de melhoria de jogo da equipa, sendo
utilizado no estrito benefcio da equipa (Braz, 2001 cit. Castelo, 1996).
Para Guilherme Oliveira (2003) as substituies devero ser utilizadas com a inteno de
alterar aspectos como:
Jogador lesionado
Jogador que solicitou substituio
Poupar jogador relevante
Jogador com perspectivas tcticas individualistas
Jogador ineficaz nas misses tcticas
Razes tcticas operacionais
Jogador j advertido por carto amarelo Lanar jogador sem ritmo com resultado favorvel
Jogador especialista nas bolas paradas
Braz (2001) define a direco da equipa durante o intervalo, como uma das etapas relevantes
da planificao tctica sendo que durante este perodo o treinador dever estabelecer as
condies mais favorveis recuperao dos jogadores, inform-los sobre certos reajustamentos
ou alteraes, de forma a manter ou a melhorar a eficcia da equipa durante a segunda parte do
jogo (Castelo, 1996).
Braz (2001, citando Castelo, 1996) considera que aps o trmino do jogo o treinador tem por
misso partilhar com toda a equipa o resultado do jogo, fazer uma curta interveno para acalmar
a tenso, rever leses e casos particulares e ainda avaliar a eficcia da equipa tendo em
considerao que o resultado apenas um indicador importante.
De uma forma generalizada Braz (2001) conclui que tanto a planificao estratgica como a
tctica so dirigidas para um mesmo fim, a vitria. No entanto, a estratgia por si prpria no
poder atingir esse objectivo, o seu xito estabelece-se na preparao (favorvel da equipa),vitoriosa da tctica (Castelo, 1996 cit. por Braz, 2001).
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25IV - Observao em futebol
2.4 - Observao em futebol
A melhor forma de conhecer os outros jogadores e adversrios
continua a ser a observao directa. Podem existir dados
estatsticos, programas de computador, mas a observao
directa a melhor forma de anlise.
Jos Mourinho (2002)
Para se conhecer um adversrio em profundidade, precisamos
de quatro ou cinco jogos. Porque temos que perceber se as
coisas acontecem por acaso ou se so, de facto, movimentospadro, dinmicas da equipa
Andr Vilas-Boas (s.d., cit. por Oliveira et al., 2006)
A realidade que o Homem, na sua histria, sempre considerou, e sobretudo utilizou, a
observao como um dos modos de apreenso e conhecimento da realidade (Claudino, 1993).
A observao poder ser definida como um processo que consiste na recolha de informaes
sobre o objecto - alvo ou situao, em funo do objectivo organizador, tendo em conta o seu
valor funcional, o seu comportamento, os seus elementos constituintes, as inter-relaes que
estabelece e o envolvimento das suas manifestaes, para tornar possvel a descrio e anlise,
com o fim de fazer surgir ou testar, uma hiptese coerente com o corpo de conhecimentos
anteriormente estabelecidos, contribuindo assim, para a explicao e a predio desta realidade
(Dietrich & Walter, 1978; Ipfling, 1979; Ketele, 1980; Lon & col., 1980; Siedentop, 1983;
Damas & Ketele, 1985; Everston & Green, 1986; cit. por Mas, 1997).
Como refere Winkler (1995) e Bacconi & Marella (1995), existe alguma polmica em torno
das definies assim, consideram que a expresso observao do jogo se reporta a determinadosaspectos colectados e registados durante a partida em tempo real, enquanto que a anlise do jogo
diz respeito recolha e coleco de dados em tempo diferido. De qualquer forma, atentando nas
expresses mencionadas constata-se que elas aludem a diferentes fases de um mesmo processo,
ou seja, quando se pretende analisar o contedo de um jogo necessrio observa-lo, para registar
as informaes consideradas pertinentes.
Ainda dentro da mesma problemtica, podemos tambm definir estatstica de jogo como um
conjunto de dados estatsticos, seleccionados priori, para quantificar as suas ocorrncias aolongo do jogo, decorrentes da aplicao de um sistema de observao. Por outras palavras,
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26IV - Observao em futebol
pressupe a quantificao de um conjunto de comportamentos desportivos (aces de jogo) sobre
a forma de dados, para posteriormente serem sujeitos a anlise estatstica (Mas, 1997).
Da que a expresso mais utilizada na literatura seja a de anlise do jogo, considerando-se
que, pelo seu alcance, ela engloba diferentes fases do processo, nomeadamente, a observao dos
acontecimentos do jogo, a notao dos dados e a sua interpretao (Franks & Godman, 1986;
Hughes, 1996; Garganta, 1997; Mas, 1997).
Apesar da atitude pouco activa dos tcnicos do futebol nesta rea que a anlise do jogo em
Futebol at h relativamente pouco tempo, os trabalhos e as pesquisas orientadas para a
objectivao do comportamento dos jogadores e das equipas de futebol, so cada vez mais
frequentes, bem como as publicaes que em consequncia da derivam (Garganta, 2001).
esta tendncia que leva Dufour (1983) a perspectivar que: ... o desenvolvimento da
tcnica de observao fornecimento num tempo mnimo, de informaes numeradas e
estatisticamente tratadas um instrumento que, de futuro, se tornar indispensvel a qualquer
treinador de clube.
No existem dvidas quanto ao facto de que, o estudo do jogo a partir da observao do
comportamento dos jogadores e das equipas tem vindo a constituir um forte argumento para a
organizao e avaliao dos processos de ensino e treino nos jogos desportivos colectivos
(Franks & Goodman, 1986).
Segundo Caixinha (2003) a noo ou conceito de observao vai desde o simples olhar e ver
o que se passa... at ao rigoroso estudo sistemtico de comportamentos e situaes, apoiado em
tcnicas treinadas e meios sofisticados. Ainda de acordo com o mesmo autor, podemos dizer que
as tcnicas de observao esto bastante desenvolvidas e a sua utilizao generalizada a
inmeros campos de actividade.
Toda a observao obedece ento a seis componentes:
(i)
Objectivos;(ii) Sujeitos a observar;
(iii) Observadores (e o seu grau de preparao);
(iv) Locais e situaes;
(v) Tcnicas e material de apoio
(vi) Mtodos de anlise,
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27IV - Observao em futebol
2.4.1 - Tipos de Observao
Critrio Classificao
I TempoDirecta Realizada no momento e local da aco.
Indirecta Realizada posteriori, recorrendo habitualmente aos meios audiovisuais.
II ModoSistemtica Pressupe a definio e organizao prvia dos parmetros a observar,abstraindo de quaisquer outros elementos. Permite um aprofundamento na anlise ecompreenso da situao em funo desses parmetros.
Assistemtica ou Casual Global No h definio priori de critrios e parmetros a
registar. O observador regista o que o sensibiliza. Forma de observao utilizada quandose pretende compreender a complexidade da situao total ou quando se inicia umarelao com um grupo ou sujeito.
Participada Exige a integrao do observador no contexto observado. Deve-se procurarmanter a distncia entre participante e observador; a condio de actor requerida apenaspara facilitar e melhorar a observao.
III Organizaoe Durao
Longitudinal realizada sobre os mesmos sujeitos, habitualmente durante longosperodos de tempo.
Transversal realizada em grupos de sujeitos diferentes, geralmente emsimultaneidade (estudos comparativos).
IV NveisPrimria Caracterstica do espectador comum.
Evoluda Organizada, implica j o uso de instrumentos elementares (fichas).
Superior realizada pelo especialista, envolvendo materiais e tcnicas aperfeioadas.
V - FasesPr-Observao Informao, documentao, seleco e preparao dos materiais,tcnicas e agentes.
Observao Registo.
Ps-Observao Tratamento e interpretao dos dados.
Quadro 1. Tipos de Observao (adaptado de Proena, 1982 cit. por Caixinha, 2003)
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28IV - Observao em futebol
2.4.1.1 - Observao casual
A observao casual uma observao com pouco rigor cientfico, no tendo uma
metodologia prpria, elaborada atravs da observao directa sem apoio de nenhum sistema de
observao. Como refere Marconi & Lakatos (1990) a tcnica de observao no estruturada
ou assistemtica, tambm denominada espontnea, informal, ordinria, simples, livre, ocasional e
acidental, consiste em recolher e registar os factos da realidade sem que o pesquisador utilize
meios tcnicos especiais ou precise de fazer perguntas directas.
Gil A. (1987) define observao casual como ... aquela em que o pesquisador permanecendo
alheio comunidade, grupo ou situao que pretende estudar, observa de maneira espontnea os
factos que da ocorrem. Neste procedimento, o pesquisador muito mais um espectador que um
autor.Esta observao caracterizada pelo facto de o conhecimento ser obtido atravs de uma
experincia casual, sem que se tenha determinado de antemo quais os aspectos relevantes a
serem observados e os meios a utilizar para observa-los Rudio (1979 cit. por Marconi &
Lakatos 1990).
Para que a observao possa ter xito, necessrio que o observador esteja atento aos
fenmenos que ocorrem e que este observador seja possuidor de uma perspiccia, discernimento,
reparo e treino, na forma de observar, pois como refere Marconi & Lakatos (1990) ... podeapresentar perigos: quando o pesquisador pensa que sabe mais do que o realmente presenciado
ou quando se deixa envolver emocionalmente. A fidelidade do registo dos dados factor
importantssimo na pesquisa cientfica.
A observao casual no sendo possuidora de um grande rigor coloca-se num plano
cientfico, pois vai alm da simples constatao dos factos. Em qualquer circunstncia, exige o
mnimo de controlo na obteno dos dados. Acerca desta mesma temtica Ander-Egg (1978 cit.
por Marconi & Lakatos 1990) refere que a observao casual no totalmente espontnea ou
casual, porque um mnimo de interaco, de sistema e de controlo se impem em todos os casos,
para chegar a resultados validos.
A observao casual apresenta um conjunto de vantagens e desvantagens que esto
enumerados no quadro seguinte:
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29IV - Observao em futebol
Vantagens Desvantagens
Possibilita a obteno de elementos para a delimitao
de problemas de pesquisa.
E canalizada pelos gostos e afeies do pesquisador
Favorece a construo de hipteses acerca do problemapesquisado
O registo das observaes depende da memria doinvestigador
Facilita a obteno de dados D ampla margem de interpretao subjectiva ou
parcial do fenmeno estudado
Quadro I1: Vantagens e Desvantagens da Observao Casual. (Adaptado de Gil A., 1987)
Este tipo de observao quando dirigida para o conhecimento de factos ou situaes que
tenham um carcter pblico, ou que no se situem estritamente no mbito das condutas privadas,
torna-se um instrumento extremamente til (Gil, A., 1987). Este mesmo autor refere que como
a observao simples realizada de uma forma pouco sistemtica, no adequada as pesquisas
que tenham por objectivo testar hipteses ou descrever com preciso as caractersticas de uma
populao ou de um grupo... mais adequada aos estudos qualitativos, sobretudo aqueles de
carcter exploratrio.
2.4.1.2 - Observao sistemtica
A observao sistemtica tambm recebe vrias designaes: estruturada, planejada,
controlada (Marconi & Lakatos, 1990).
A observao sistemtica um processo rigoroso, com validade cientfica um instrumento
indispensvel para a realizao e controle do processo treino/competio.
Como refere Marconi & Lakatos (1990) A observao sistemtica frequentemente
utilizada em pesquisas que tem como objectivo a descrio precisa dos fenmenos ou o teste de
hipteses.Para Sarmento (1990 cit. por Maas, 1997) a observao um sistema de recolha de dados
tendo por domnio as condutas exteriorizadas, as condutas que tem um suporte visvel, verbal ou
motor. Ainda segundo o mesmo autor o estudo das variveis objectivas, nomeadamente da
actividade fsica e dos seus produtos ou traos, de carcter mais ou menos permanente, exige o
recurso a tcnicas de observao sistemtica como meios, por excelncia, de resposta questo.
Na elaborao deste tipo de observao estamos a falar de uma observao sistemtica com
um carcter nitidamente cientfico e rigoroso ... no ditada pela corrente dos acontecimentos,
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30IV - Observao em futebol
antes a procura na base de uma estratgia previamente estabelecida Sobral (1993 cit. por Maas
1997).
Na observao sistemtica o observador deve saber o que procura e o que carece de
importncia em determinada situao, deve ento este observador ser objectivo tendo a
capacidade de reconhecer os possveis erros e eliminar a sua influncia sobre tudo aquilo que v
ou recolhe (Marconi & Lakatos, 1990).
Na observao sistemtica o observador antes da recolha de dados, elabora um plano
especfico para a organizao e o registo das informaes. Isto implica estabelecer,
antecipadamente, as categorias necessrias anlise da situao (Marconi & Lakatos, 1990).
Ainda segundo este mesmo autor, o registo da observao sistemtica feito frequentemente
mediante a utilizao de folhas de papel com a lista de categorias a serem consideradas, e os
espaos em que devem ser marcadas gravaes de som e imagem tambm so utilizadas quando
se pretende descrever determinado acontecimento com maior preciso. Estes recursos, no
entanto, no so suficientes para a obteno de dados necessrios. Torna-se necessrio definir as
categorias significativas para o registo do comportamento.
A observao pode ser dividida em 3 momentos distintos: pr-observao, observao
propriamente dita e ps-observao (Aranha, A. 2000; Sarmento, 1988; Rosado, 1995).
Cada um destes momentos est intimamente relacionado com as decises de pr-impacto,
com as de impacto e de ps-impacto.
a) Pr-observao
Para que uma observao possa ser rigorosa, torna-se necessrio determinar ou responder por
parte dos observadores a um conjunto de perguntas para que a observao seja alem de rigorosa,
possua um carcter cientfico.
Porqu observar (para determinar os motivos da observao).
Para qu observar (para vermos os efeitos da observao).
Como observar (os meios e formas de observao que utilizamos).
O qu observar (o que vamos observar; o objecto da observao).
b) Observao Propriamente Dita
A observao pode ser feita quer no mesmo espao de ocorrncia da situao a observar
directa; quer atravs da gravao em imagens de vdeo diferido.
No entanto no acto de observao ela tem de obedecer a 3 princpios fundamentais:
O principio da objectividadeO principio da fidelidade
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31IV - Observao em futebol
O principio da validade
c) Ps-observao
Terminada a observao necessrio analisar-se os elementos recolhidos de forma a poder-se
aprender com eles. No chega fazer uma mera constatao dos resultados (identificao de errosque se cometem e que se desconhecia - porqu que se observa), necessrio encontrar solues
(corrigir, melhorar - para qu que se observa).
2.4.2 - Scouting
Nos ltimos anos tem-se verificado uma crescente aproximao competitiva entre os atletas
e/ou as equipas, na sequncia de uma uniformidade na seleco dos jogadores, nos processos de
treino e na preparao das competies. (Sampaio, 1994).Perante esta aparente igualdade, surge um incremento no trabalho a realizar pelas equipas
tcnicas, consubstanciado na explorao de novos campos do conhecimento das Cincias do
Treino que lhes permitam controlar um maior nmero de variveis do rendimento das equipas
(Caixinha, 2003). O processo de observao e explorao dos pontos fortes e fracos das
equipas adversrias (habitualmente designada por scouting) um dos campos a explorar mais
profundamente na procura de eventuais acrscimos performance desportiva (Gimenez, 2002).
As questes do scouting so tratadas na bibliografia internacional por um nmero de autoresbastante restrito, o que torna escassas as publicaes. Os aspectos multidimensionais da
preparao das competies em jogos desportivos colectivos, tem assumido desde sempre uma
importncia vital para o sucesso desportivo das equipas. Contudo, ao abordarmos este tema,
facilmente nos apercebemos que estamos a tratar de uma questo muito vasta que se pode
subdividir em vrios aspectos, cada um deles crucial para atingir o referido sucesso (Sampaio,
1994).
Em termos latos, a preparao do jogo um complemento a todo o trabalho anteriormentedesenvolvido ao longo da poca desportiva, apoiado nos designados factores do treino
preparao fsica, tcnica, tctica, terica e psicolgica (Hercher, 1983 cit. por Caixinha, 2003).
Sampaio (1994) afirma que pontualmente, os treinadores intervm sobre as estruturas bsicas
da equipa, no sentido da realizao de alguns ajustamentos, fundamentalmente de ordem tctica,
que surgem na sequncia das observaes realizadas sobre a(s) equipa(s) a defrontar. Estas
observaes das equipas, consubstanciam-se num processo complexo e multifacetado
habitualmente designado por scouting.
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32IV - Observao em futebol
O termo scouting definido pelos dicionrios (Harland, 1990 cit. por Sampaio, 1994), como
um acto de explorar ou de fazer um reconhecimento. Analisando a bibliografia disponvel, foi
possvel encontrar algumas definies de scouting, onde evidente uma concordncia
terminolgica entre os autores, expressa na necessidade de se observarem as equipas contrrias
no sentido de complementar o trabalho de preparao das competies.
Para Lehane (1981 cit. por Caixinha, 2003), o scouting tido como uma anlise crtica
individual e colectiva das equipas adversrias. Por outro lado, Wooden (1988 cit. por Caixinha,
2003), define o scouting como um processo de recolha de informaes acerca do adversrio
aliado a uma anlise sobre o efeito que essa informao poder ter na nossa equipa. Mais
recentemente, Krause (1991 cit. Caixinha, 2003), definiu scouting como um processo de recolha
e tratamento de informao acerca dos pontos fortes e dos pontos fracos dos adversrios, nosentido da sua utilizao na preparao dos jogos.
As definies de scouting anteriormente citadas, segundo Caixinha (2003), parecem apontar
para um processo comum de observao e anlise das equipas baseado em trs fases
fundamentais de tratar o conhecimento:
Observao O objectivo desta 1fase obter informao detalhada acerca dos
comportamentos individuais e colectivos das equipas antes, durante e depois da
competio analisada; Preparao Esta 2 fase centra-se no tratamento da informao recolhida;
Aplicao A 3 fase, centra-se na utilizao da informao tratada no intuito de
ajustar as estratgias tcticas existentes.
No entanto, o scouting pode ser utilizado em mais trs vertentes distintas:
1. A observao e anlise nossa prpria equipa
Em determinadas alturas da poca, os treinadores, utilizam observadores para analisar a sua
equipa, de modo a reflectir sobre o trabalho desenvolvido at data e se necessrio reajustar aplanificao (Wooden, 1988 cit. Gimenez, 2002).
2. A Anlise individual de jogadores
habitual, que as equipas possuam informaes detalhadas acerca das caractersticas
individuais dos atletas no sentido de descobrir novos talentos (Albert, 1992 cit. por Gimenez,
2002).
3. A Anlise comportamental dos rbitros (Albert, 1992 cit. Gimenez, 2002)
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33IV - Observao em futebol
O processo de observao dos jogos desportivos colectivos, tem sido sistematizado sobre trs
vertentes preferenciais, cada uma delas com caractersticas distintas indubitavelmente vantajosas
para o observador (Sampaio, 1994).
Observao Directa
Permite uma anlise in loco do jogo com as vantagens inerentes presena do observador no
local da competio. Para Sampaio (1994), este tipo de observao revela-se imprescindvel
sempre que os treinadores pretendem no s o conhecimento intrnseco da forma de actuar das
equipas, mas tambm um conhecimento mais detalhado sobre alguns factores ambientais, tais
como as condies de iluminao, o tipo de piso ou as atitudes do pblico.
Observao Indirecta
Evidncia uma enorme facilidade no manuseamento da informao (Mclendon, 1988, cit. por
Caixinha, 2003). habitualmente realizada sobre os registos vdeo das competies. Por este
facto, embora pouco sensvel na anlise dos factores ambientais, possibilita uma anlise
sistemtica mais detalhada dos sistemas tcticos ofensivos e defensivos das equipas a observar e
simultaneamente das caractersticas individuais dos jogadores.
Observao MistaUtiliza em simultneo os dois tipos de observao anteriormente referidos.
Segundo Sampaio (1994), este tipo de observao aproveita as vantagens inequvocas dos
dois tipos de observao anteriores (directa e indirecta), expressando este mtodo maior rigor sob
o ponto de vista da qualidade da informao tratada.
Habitualmente para a realizao das tarefas de observao, as equipas tcnicas dos diferentes
clubes incluem indivduos familiarizados com a metodologia do scouting. A bibliografia
internacional, refere-se a estes indivduos como scouts observadores (Cousy e Power, 1970 cit.
por Sampaio, 1994).
Para os referidos autores, o vasto leque de tarefas a resolver pelo observador podem ser
condensados no seguinte quadro interpretativo:
a) Recolha de Informao Atravs do estudo sobre a equipa adversria a defrontar no
sentido de identificar, numa perspectiva individual e colectiva, os seus pontos fortes e fracos. O
observador tenta descobrir informao de algum modo importante para a preparao do jogo.
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34IV - Observao em futebol
Impem-se ento que possua uma grande experincia a observar jogos de uma modalidade
especfica, de maneira a poder discernir o que importante relatar;
b) Ordenao da Informao Para posterior apresentao ao treinador de um relatrio da
observao contendo a informao especfica requisitada.
O trabalho de recolha e ordenao da informao necessita de um elevado nvel de
fiabilidade na observao. Esta fiabilidade expressa de algum modo o grau de credibilidade que
o treinador e a equipa vo ter no trabalho do observador. Neste sentido, somente se dever relatar
o que se observa. O exagero nas observaes, segundo Mclendon (1981, cit. por Caixinha, 2003),
poder conduzir a estados de confiana demasiado positivos ou pelo contrrio a estados
negativos e profundos de desmotivao.
Para a recolha quantificada e qualificada da informao a retirar dos jogos e simultaneamente
de todo o envolvimento ambiental, o observador utiliza fichas de observao pr-elaboradas,
contendo os aspectos mais relevantes a serem observados, este processo sistemtico de
observao, evidncia uma estrutura previamente definida ao nvel dos objectivos propostos,
processos de registo e metodologia utilizada (Hercher, 1983, cit. por Caixinha, 2003). Nestas
fichas de observao, tambm contemplado outro meio de observao, de cariz mais ocasional,
onde se registam ocorrncias que de algum modo foram consideradas importantes pelo
observador para a preparao da competio.
Deste modo, este processo mltiplo, diferenciado e qualificado de observao dos jogos,
reveste-se de uma importncia fulcral na preparao das equipas, evidenciado por Cousy e Power
(1970 cit. por Sampaio, 1994) sobre duas vertentes primordiais:
a) Permitir ao treinador elaborar a estratgia de abordagem ao jogo com um grau de
confiana maior;
b) Reforar a confiana dos jogadores e da equipa, preparando-os mentalmente para a
competio e oferecendo-lhes uma imagem o mais precisa possvel sobre o que se ir passar no
jogo.
Segundo Caixinha (2003) a multiplicidade de aspectos e questes relacionadas com esta
temtica, no tem motivado na mesma ordem de grandeza os investigadores, facto que se reflecte
na escassez da bibliografia disponvel. Aps uma reviso exaustiva, foi possvel agrupar os
elementos de controlo apresentados na bibliografia em quatro grandes categorias:
(i) Caractersticas Individuais dos Jogadores Aqui, incluem-se todos os elementos de
observao respeitantes aos jogadores;
(ii) Ataque Todos os elementos de observao respeitantes equipa quando tem a posse debola;
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35IV - Observao em futebol
(iii) Defesa Todos os elementos de controlo respeitantes equipa quando no tem a posse
da bola;
(iv) Meio Envolvente Nesta categoria incluem-se os elementos que no esto ligados
directamente ao jogo em si, mas sim s condies em que este decorre. Tambm se inclui aqui a
informao no contida nas categorias anteriores.
Os elementos de observao encontrados na reviso bibliogrfica revelam-se imprescindveis
no apoio ao processo de elaborao do relatrio de scouting a ser apresentado ao treinador.
Contudo, este relatrio, dever ser completado com mais algumas observaes, condicionadas
pela filosofia de jogo da equipa e do treinador e pela especificidade do jogo e da equipa a
observar (Hercher, 1983, cit. por Sampaio, 1994).
O relatrio no dever ser muito exaustivo e de difcil anlise (Sampaio, 1994), j que o
tempo destinado preparao de um jogo bastante reduzido. O treinador alm de preparar
cuidadosamente o trabalho direccionado para as caractersticas individuais e colectivas dos
adversrios, tem que atender ao objectivo principal de cada sesso de treino melhorar as
capacidades da sua equipa (Stewart e Sholtz, 1990 cit. por Caixinha, 2003).
Segundo Caixinha (2003) as categorias de informao a incluir num relatrio devem ser:
1. Dados Gerais
2. Caracterizao Individual dos Jogadores
3. Sistema (s) de Jogo: Posies, Linhas, Tringulos 1/ 2 Parte
3.1. Confronto Sistemas 1 / 2 Parte
4. Anlise por Linhas 1 Parte
5. Anlise por Linhas 2 Parte
6. Caracterizao da Equipa nas Fases do Jogo
6.1. Defensivamente
6.2. Ofensivamente
6.3. Transio Defesa-Ataque (Rotinas)6.3.1. Relacionamento Pontas-de-Lana
6.4. Transio Ataque-Defesa
7. Esquemas Tcticos
7.1. Pontaps de Canto (Contra - Favor)
7.2. Pontaps Livres Directos (Contra Favor)
7.3. Pontaps Livres Indirectos (Favor)
7.4. Lanamento de Linha Lateral (Favor)7.5. Pontaps de Baliza (Contra - Favor)
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36IV - Observao em futebol
8. Descrio Geral da Equipa
9. Anlise Crtica Sugestes
Para Caixinha (2003) parece claro que o scouting obedece a uma metodologia precisa e
coerente, temporalmente subdividida em 3 fases fundamentais: procedimentos anteriores ao jogo,
procedimentos no jogo e procedimentos posteriores ao jogo.
Ainda segundo Caixinha (2003) o mtodo de modelao da equipa contrria surge como a
operacionalizao prtica do relatrio de scouting e dos procedimentos posteriores ao jogo
atravs de duas fases distintas:
a) Analisar as caractersticas individuais e colectivas da equipa contrria nas suas mltiplas
dimenses: tcnica, tctica, fsica e psicolgica, ressaltando os aspectos mais relevantes no
sentido de anular os seus pontos fortes e explorar os seus pontos fracos;b) Criar situaes simuladas nas sesses de treino, pondo a jogar a equipa titular contra os
restantes elementos, que actuaro de acordo com as caractersticas acima citadas.
Segundo Vilas-Boas (s.d., cit. por Oliveira et al, 2006) a partir do momento em que as
dinmicas, colectivas e individuais (do adversrio), esto identificadas, partimos para o trabalho
de campo, para a preparao dos treinos, com simulao das principais situaes de jogo
identificadas no adversrio. A unidade deste mtodo reflecte-se no s na anlise e preparao da
tctica mais conveniente contra um adversrio concreto, mas tambm na sua extremaimportncia como elemento de preparao psicolgica (definio de objectivos) e tcnico-tctica
(experimentao de novos esquemas de trabalho) (Sampaio, 1994). No entanto VilasBoas (s.d.,
cit. por Oliveira et al, 2006) adverte para o facto de que todo este processo deve estar subjugado
ideia fundamental de que apesar de se tratar de um trabalho de observao e sntese exaustivo,
minucioso e fundamental a top, nunca nos poderemos esquecer de que o essencial sempre o
nosso padro de jogo, a nossa identidade como equipa.
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37V Anlise de jogo em futebol
2.5 Anlise de jogo em futebol
Analisar um jogo /competio muito mais que descrever o que sepassou ou est a passar mas sim prever/antever, com a menor margem
de erro possvel, o que se poder passar no futuro
Fbio Capello (2000)
Os dados que retiramos do jogo devem ser-lhe devolvidos,
com informao adicional, depois de tratados. Se assim no
for, a investigao permanece destituda de sentido,
consagrando-se apenas como um exerccio formal.
Jlio Garganta (2001)
A anlise do jogo tem-se afirmado como instrumento indispensvel na avaliao e
conhecimentos das variveis estruturais e funcionais do rendimento em futebol. pois de
extrema importncia, a pesquisa de um saber mais profundo da modalidade para uma melhor
interveno tcnico-pedaggica do treinador. A anlise do jogo deve assentar na determinao
da estrutura do rendimento, dos factores chave, e respectiva hierarquizao (Guilherme
Oliveira, 1991).
A anlise de jogo tida como o estudo cuidado da competio, de modo a quantificar e a
qualificar a efectividade das suas aces, em todos os seus domnios, salientando os factos e
comportamentos relevantes que contribuem para o seu rendimento, identificando e
caracterizando as suas tendncias evolutivas e servindo como um verdadeiro instrumento de
controlo e avaliao da prestao dos jogadores e das equipas (Castelo, 1986 e 1996; Wrzos,
1984; Dufour, 1983; Queiroz, 1986; Gowan, 1982; Mombaerts, 1991; Oliveira, 1992; Moutinho,
1993; Claudino, 1993; Grehaigne, 1992; cit. por Mas, 1997). Isto, no entanto no significa a
diviso e a decomposio, a atomizao ou o isolamento de uma tarefa. Em sentido restrito as
tarefas no possuem partes, mas constituem estruturas de relao (Ipfling, 1979 cit. por
Mas, 1997). A natureza da anlise de jogo confere-lhe uma imensa gama de conhecimentos e
informaes possveis de serem avaliados, analisados e, acima de tudo, devolvidos com
acrescento de informao e qualidade ao jogo em si (Wilmore, 1995 cit. por Polido, 2000).
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38V Anlise de jogo em futebol
Grfico 10 - Classificao da anlise do jogo quanto sua natureza, adaptado de Mas (1997).
2.5.1 - Objectivos da Anlise de Jogo
O estudo do jogo a partir da observao do comportamento dos jogadores e das equipas tem
vindo a constituir um forte argumento para a organizao e avaliao dos processos de ensino e
treino nos jogos desportivos colectivos (Garganta, 1997). As formas de manifestao da tcnica,os aspectos tcticos e a actividade fsica desenvolvida pelos jogadores tm sido os contedos
provavelmente abordados.
Segundo Ramos (1999) no mbito dos jogos desportivos colectivos, a valncia anlise do jogo
tem vindo a constituir um argumento de crescente importncia. Este facto pode ser explicado
pelas virtualidades que se lhe reconhece, traduzidas, quer no aporte de informao que da pode
resultar para o treino, quer nas potenciais vantagens que encerra para viabilizar a regulao da
prestao competitiva.Procura-se optimizar os comportamentos dos jogadores e das equipas na competio a partir,
da anlise das informaes importantes acerca do jogo (McGarry & Franks, 1996). Estas quando
devidamente sistematizadas e configuradas permitem uma regulao dos modelos de jogo
(Godik & Popov, 1993), que possibilitam, no s melhorar esses modelos de treino, como
adquirir estratgias mais eficazes (Talaga, 1985), mas de uma forma indirecta indicia tambm as
tendncias evolutivas do prprio jogo como consequncia do princpio da especificidade.
Nesta lgica de raciocnio, a anlise do jogo realizada a partir da observao da prestao dos
jogadores e das equipas, tem constitudo um meio importante para aceder ao conhecimento do
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39V Anlise de jogo em futebol
jogo (Mombaerts, 1991) e dos factores que concorrem para a sua qualidade, no que concerne s
exigncias fsicas, tcticas e tcnicas.
portanto a partir das competies, fonte privilegiada de informao til para o treino, e a
partir da observao do jogo que se aprende o que se deve treinar, para jogar melhor, e orientar o
processo de treino para os objectivos definidos (Garganta, 1997).
Grfico 11 rea de interveno de anlise do jogo na interveno com o treino e a performance, Adaptado da Garganta (1997)
Para a anlise do jogo partimos do princpio que o jogo se desenvolve de acordo com uma
lgica interna (Queiroz, 1986), vrios autores tm procurado perceber os constrangimentos que
caracterizam o futebol, a partir da identificao de certas aces que ocorrem com carcter de
regularidade (Franks, 1988).
Esta mesma anlise s valida se for sistemtica e os propsitos da observao estiverem
claramente definidos. O carcter dessas observaes so medidas de acordo com o carcter de
regularidade dessa mesma observao (Santos, 1997).
Para Ramos (1999) hoje em dia uma das tendncias que se perfilam prendem-se com a
deteco das aces de jogo mais representativas, ou crticas, com o intuito de perceber os
factores que induzem perturbao ou desequilbrio no balano defesa/ ataque, nas situaes que
conduzem obteno de golos.
Anlise do jogo
- Observao- Anlise- Interpretao
Planificao
Treino
Performance
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40V Anlise de jogo em futebol
2.5.1.1 - Objectivos especficos da Anlise do jogo
Avaliao do rendimento dos jogadores e das equipas.
Descrio e caracterizao do perfil energtico-funcional do jogo, do jogador e/ou
de funes no jogo atravs de indicadores de directa observao e exteriorizveis;
Avaliao das caractersticas fundamentais das equipas e jogadores, dando a
conhecer ao jogador e treinador informao sobre desempenhos anteriores e o
fornecimento de dados sobre modelos de desenvolvimento previsveis;
Descoberta de indicadores e definio de critrios para o planeamento de treino;
Descrio e avaliao dos compartimentos do jogo;
Analise das estruturas elementares do jogo e a determinao da sua eficincia;
Estudo do funcionamento interno dos diferentes sistemas de organizao tctica
colectiva, no sentido do reconhecimento e da caracterizao de modelos de jogo;
Descoberta da estrutura das regularidades internas do jogo;
Construo e aplicao dos meios sistemticos de avaliao e controlo da prestao
competitiva;
Recolha de informao sobre as formas de organizao adversria, tendo em vista a
construo do plano de jogo;
Criao de uma base de dados para construo de padres de jogo e optimizaodas estratgias de jogo;
Explicao das relaes entre as variveis do jogo e o sucesso;
Projeco dos perfis de jogo, com recurso anlise stochastic, para promover
performances de sucesso (transformar a anlise do jogo de descritiva, numa funo
prescritiva);
Delineao de performances de sucesso.
Mas (1997)
2.5.2 - A Actividade Tcnico-Tctica
As primeiras investigaes desenvolvidas aps o incio dos trabalhos de observao em
futebol incidiam predominantemente sobre outros aspectos que no os de ordem tcnico-tctica,
porm, hoje em dia assiste-se a uma predominncia dos estudos sobre a anlise dos aspectos
tcnico-tcticos em futebol (Silva, 1997).
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41V Anlise de jogo em futebol
Este interesse manifesto dos trabalhos actuais, reside na razo de que a anlise das aces
tcnico-tcticas so as que conferem ao futebol a sua peculiaridade relativamente aos outros
jogos desportivos colectivos (Ramos, 1999).
Segundo Silva (1997) este tipo de estudos vm tornar a investigao e conhecimento do jogo
por um lado mais interessante e desejvel, e por outro lado permitem uma caracterizao do
futebol de uma forma cada vez mais especfica e objectiva.
2.5.2.1 - Tipos de Anlise Tcnico-Tctica
Como j foi referido, os investigadores cada vez mais tm dedicado o seu estudo para a
compreenso do jogo, ou seja, tentando simplificar a grande complexidade que envolve este
jogos desportivos colectivos, esta dedicao incide precisamente nos aspectos tcnico-tcticos.
Como consequncia da sistematizao dos vrios tipos de observao, surge em 1983 uma forma
de esta se iniciar. Essa sistematizao apresentava duas grandes reas: a anlise quantitativa e a
anlise qualitativa dos aspectos tcnico-tcticos (Claudino, 1993).
Segundo Mas (1997), conforme o Modelo de Sistematizao de contedos;
Grfico 12 Modelo de sistematizao dos contedos de anlise do jogo, adaptado de Mas (1997)
A anlise quantitativa, preocupa-se apenas com a enumerao dos acontecimentos (aces de
jogo) que ocorrem ao longo dos jogos, com base num conjunto de comportamentos pr-
determinados e que na sua maioria so baseados em aces de natureza tcnica e/ou tctica
(Ramos, 1999).
AN LISE DO JOGO
ACTIVIDADE MOTORA ACTIVIDADET CNICO-T CTICA
IndicadoresInternos
IndicadoresExternos
Anliseualitativa
Anliseuantitativa
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42V Anlise de jogo em futebol
Para Santos (1997) este tipo de anlise poder realizar-se e incidir sobre as aces da equipa
ou sobre as aces individuais de cada um dos jogadores. O total de aces por sector (defesa,
meio-campo e ataque) e por corredor (esquerdo, central e direito).
Exemplos deste tipo de anlise so, a anlise de aspectos como o tempo