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UNIVERSIDADE ESTADUAL VALE DO ACARAÚ
CURSO DE PEDAGOGIA
IVOLEIDE CAVALCANTE MEDEIROS
JULIANA GOMES DOS SANTOS
MARIA DAS GRAÇAS DO NASCIMENTO ALMEIDA
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA
PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
ARCOVERDE
2009
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IVOLEIDE CAVALCANTE MEDEIROS
JULIANA GOMES DOS SANTOS
MARIA DAS GRAÇAS DO NASCIMENTO ALMEIDA
LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA
PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
Trabalho de Conclusão de Curso
apresentado para a obtenção do título
graduação em Pedagogia, outorgado pela
Universidade Estadual Vale do Acaraú.
Orientador: Prof. Roberto Coelho.
ARCOVERDE
2009
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LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO: UMA REFLEXÃO ACERCA DA
PRÁTICA DA LEITURA E DA ESCRITA NA EDUCAÇÃO INFANTIL
IVOLEIDE CAVALCANTE MEDEIROS
JULIANA GOMES DOS SANTOS
MARIA DAS GRAÇAS DO NASCIMENTO ALMEIDA
APROVADO EM: 08/08/2009
BANCA EXAMINADORA
___________________________________
Prof. Roberto Pacheco
___________________________________
Profª Josycleide da Silva
___________________________________
Prof. Roberto Salomão Coelho da Silva
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DEDICATÓRIA
A todo aquele que me fortalece, DEUS.
Ao meu querido pai, que partiu ao encontro de Deus, mais se fez presente em
cada momento da minha vida escolar e acadêmica.
Aos mestres que contribuíram com seus conhecimentos para a realização
desse propósito em minha vida.
(Juliana Gomes)
Primeiramente a Deus, que me deu forças nos momentos difíceis dessa
trajetória.
Meus pais que me ajudaram emocionalmente e financeiramente, ao meu
marido e filhos que compartilharam comigo minhas angustias nos momentos de
dificuldade.
(Ivoleide Medeiros)
A Deus que me deu forças e perseverança para vencer todos os obstáculos
no decorrer do curso.
Ao meu marido Adilson, minhas filhas Amanda, Cláudia e Maianna, aos meus,
tão amados, netos Maria Letícia e Luiz Henrique.A minha mãe Antônia, ao meu pai que lá de cima estava torcendo por minha
vitória e, aos meus irmãos .
(Maria das Graças Nascimento)
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AGRADECIMENTO
A minha mãe, que exaustivamente me fez acreditar, e a não desistir que esse,
era o melhor caminho para ser trilhado.
A minha amiga, que trilhou junto a mim essa caminhada e hoje divide comigo
esse sonho, Gracinha.
E a toda minha família, em especial aos meus irmãos Gil, Gislaine e meus
sobrinhos Gilliano e Sâmia.
(Juliana Gomes)
A Deus pela proteção e pela coragem de seguir enfrente.
Aos meus pais pelo incentivo, ao meu marido e filhos que estiveram sempre
ao meu lado.
Aos mestres que me ajudaram a crescer como cidadã crítica e construtiva.
Aos meus colegas de classe que me estenderam a mão quando mais
precisei.(Ivoleide Medeiros)
Agradeço primeiramente e sempre a Deus, por me dá forças para nunca
desistir, apesar das dificuldades, pois sem Ele, nada disso poderia existir.
A minha amiga Juliana, que durante estes três anos de vida acadêmica me
deu muita força nos momentos difíceis das tardes de estudos.A minha amiga Bernadete que sempre me incentivou a ser uma pedagoga.
Ao professor Gilberto Pacheco e ao orientador Roberto Coelho.
(Maria das Graças Nascimento)
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A Arte de Ser Feliz
Acorde todas as manhãs com um sorriso.
Esta é mais uma oportunidade que você tem para ser feliz.
Seja seu próprio motor de ignição.
O dia de hoje jamais voltará, então não o desperdice!
Enumere as boas coisas que você tem na vida.
Ao tomar consciência do seu valor, você será capaz de ir em frente com muita força,
coragem e confiança!
Trace objetivos para cada dia e seja paciente.
Você conquistará o que há no fim do arco-íris, mas viva um dia de cada vez.
Não se queixe do seu trabalho, do tédio, da rotina, pois é o seu trabalho que o
mantém alerta, em constante desenvolvimento pessoal e profissional.
Além disso, isso ajuda a manter a dignidade.
Acredite, seu valor está em você mesmo.
Não se deixe vencer; não seja igual, seja diferente.
Se nos deixarmos vencer, não haverá surpresas nem alegrias.
Conscientize-se de que a verdadeira felicidade está dentro de você.E esta felicidade não é ter ou alcançar, mas sim dar.
Então, estenda sua mão, compartilhe, sorria e abrace alguém.
A felicidade é um perfume que você não passa nos outros sem que o cheiro fique
um pouco em suas mãos.
O importante de você ter uma atitude positiva diante da vida, de ter o desejo de
mostrar o que tem de melhor, é que isso produz maravilhosos resultados.
Não só cria um espaço feliz para os que estão ao seu redor, como também encorajaoutras pessoas a serem mais positivas.
O tempo para ser feliz é agora.
O lugar para ser feliz é aqui!
“ninguém é tão grande que não possa aprender e nem tão pequeno que não possa
ensinar”.
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RESUMO
Este estudo enfocou letramento em um contexto de alfabetização na educação
infantil, pretendeu-se a partir desse conceito, pesquisar o desenvolvimento da leiturae da escrita e sua apropriação social por alunos da educação infantil em umdeterminado processo de alfabetização, Freire, Ferreiro, Tfouni, Kleiman, Soaresentre outros foram os principais referenciais teóricos utilizados. O foco da pesquisafoi identificar se o aprendizado de leitura e de escrita que os alfabetizados estãofazendo satisfaz/corresponde às suas necessidades/desejos e lhes possibilita ummaior acesso às práticas sociais de leitura e de escrita. Buscou-se verificar se noprocesso de alfabetização os alunos também estão se letrando. Nesta pesquisarevelou-se o quanto é importante o planejamento de acordo com a realidade dacriança e como é fundamental para a melhoria qualitativa no ensino da educaçãoinfantil. Conclui-se que o processo ensino – aprendizagem na alfabetização, ainda
ressente, de melhores oportunidades de pesquisa visando à adoção de novastécnicas que favorecem o aprendizado em melhores níveis de qualificação à criança.
Palavras Chave: Letramento. Alfabetização. Práticas sociais.
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ABSTRACT
This activity shows the language of children who are able to read and write by thePrimary school wanted to, as we know, research the reading and writingdevelopment and its social appropriating by primary School and students on the readand write process, Mr. Freire, Mr. Ferreiro, Mr.Tfouni, Mr,Kleiman, Mr. Soares werethe main theoretical used among others. The main part of the research was identify if the students are learning how to read and write on the correct way and it this processis right or correspond on their necessities and if they are able to have more accesson social practices of reading and writing. It was also checked unless the pupils onthe read and write process are learning the correct use of the language. We realizedhow much is important make a good plan according to kids’ real life and how it’sfundamental to have a better school for them. It was ended that the teaching-learning
on the read and write process, still recent, of better opportunities of research lookingfor new techniques which will help the learning system on high levels that help thechildren.
Keywords: Language. Read and write process. Social practices.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ......................................................................................................... 09
CAPÍTULO I
1 ALFABETIZAÇÃO ....................................................................................... 11
1.1 A reinvenção da alfabetização........................................................................19
1.2 Alfabetização e letramento?............................................................................22
1.3 Situações didáticas ........................................................................................25
1.3.1 Situações didáticas em grande grupo............................................................ 25
1.3.2 Situações didáticas em pequenos grupos...................................................... 27
1.3.3 Situações didáticas de trabalho individual...................................................... 28
CAPÍTULO II
2 LETRAMENTO .............................................................................................. 30
2.1.1 Sobre o conceito de letra mento..................................................................... 30
2.1.2 Ambiente letrado............................................................................................. 32
2.1.3 O papel do educador no letramento como “professor- letrado”...................... 33
2.2 A relação – alfabetizaão/letramento .............................................................. 34
2.2.1 Letra mento e alfabetização ......................................................................... 34
2.2.2 A relação do professor na formação de um de um bom leitor. ...................... 36
CAPÍTULO III
3 VIVENDO O LETRAMENTO ......................................................................... 38
3.1 Práticas cotidianas na educação infantil ....................................................... 38
3.2 O letramento nos brinquedos e nas brincadeiras ........ ................................. 40
3.3 Sugestões de atividades de letramento ........................................................ 41
3.3.1 Mural do auto–retrato.....................................................................................
41
3.3.2 Descubra o seu nome..................................................................................... 41
3.3.3 Boliche com nomes......................................................................................... 41
3.3.4 Variação ......................................................................................................... 42
CONSIDERAÇÕES FINAIS ..................................................................................... 43
REFERÊNCIAS ........................................................................................................ 45BIBLIOGRAFIA ........................................................................................................ 48
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INTRODUÇÃO
A alfabetização e o letramento são condições primordiais para o exercício da
cidadania. O indivíduo alfabetizado e que faz uso desse conhecimento em seu dia a
dia lê o mundo que o cerca e é capaz, assim, de modificar sua realidade. A
problemática da alfabetização e do letramento é particularmente complexa à medida
que se refere a uma questão estrutural na sociedade brasileira, resistente às
inúmeras tentativas de solucioná-las. Porém, vem surgindo ao longo das últimas,
décadas uma consistente e significativa atenção voltada para o desvendamento da
alfabetização e do letramento, compreendendo-os não apenas como aquisição de
um código escrito, mas como um processo amplo e multifacetado, cujo
encaminhamento exige conhecimento de diversos campos da investigação científica.
Para pensar educação é necessária a compreensão histórica da sociedade a
que esta educação serve. As questões, angústias e incertezas que encontramos, no
cotidiano da nossa prática, têm relação direta com a nossa historia, com a formação
da nossa sociedade. Nós educadores não podemos pensar numa educação dequalidade sem compreender a totalidade que essas questões abrangem.
A condição de sujeito letrado se constrói nas experiências culturais com
praticas de leitura e escrita que os indivíduos têm oportunidade de viver, mesmo
antes de começar sua educação formal. É tempo de a escola adequar à ação
pedagógica a essa realidade que cerca o aluno, porque é a escola o lugar em que a
sociedade pode se comprometer com democratização.
O conceito de letramento considera os graus de intimidade do individuo comusos e funções da escrita e da leitura. Quando alguém sabe ler, mas só consegue
compreender textos muito simples, essa pessoa pode estar alfabetizada, mas tem
um nível de letramento muito baixo. Esse nível aumenta à medida que se aprende a
lidar com variadas matérias de leitura e de escrita. Quanto mais textos alguém é
capaz de ler e entender, mais letrado se forma.
Para se iniciar um bom trabalho de leitura é necessário primeiro começar com
letras e palavras escritas ortograficamente. Pode-se mostrar aos alunos que elesconseguem ler vários sistemas como os pictogramas que é muito usado na
sociedade moderna, ou as indicações de toalete masculino e feminino, os logotipos
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de marcas famosas, etiquetas, símbolos, propagandas, etc. toda essa parte gráfica
esta ligada ao ato de ler. Para se fazerem as primeiras leituras de um texto é preciso
primeiro que o aluno já seja capaz de decifrar, por si palavras isoladas. No entanto,
o professor o levará a ler pequenos textos. É necessário também que o professor
convença-se de que é muito importante que o aluno leia, e que não exiba para ele
ou para a classe que já sabe ler. Essa prática dá aos alunos o estímulo de ler em
particular, individualmente, até conseguirem uma velocidade de leitura para ler em
voz alta.
Por outro lado, o que vale na interpretação de texto é a discussão das idéias
pessoais, incluindo as expressas pelo autor do texto. Mas, é possível formar alunos
pensantes na área da leitura e da escrita. Na verdade, existe todo um esforço para
pensar e explicitar as regras necessárias para a leitura. Esse esforço tem como
objetivo ensinar o professor a refletir sobre a matéria e a desenvolver uma
argumentação diante dos fatos analisados, chegando a regras que possam orientar
o aluno.
Mas, se os professores desenvolvessem esse hábito, com certeza iriam
chegar mais tarde na poderosa ferramenta de trabalho - a competência técnica.
Essa competência técnica seria o professor fazer uma reflexão sobre a matéria queele esta ensinando, desenvolver a sua argumentação diante dos fatos e passar essa
argumentação para os alunos a fim de ajudá-los. Um bom começo é utilizar os
termos leitura e escrita para fazer uma discussão com seus alunos, levá-los à
descoberta, motivá-los a tentar produzir leitura e escrita, enfim a se alfabetizarem.
Dada a importância do conceito de letramento e desejosas em fazer avançar
os estudos neste campo, objetivamos pesquisar o desenvolvimento de letramento e
alfabetização e fazer uma reflexão acerca da prática da leitura e da escrita naeducação infantil.
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CAPÍTULO I
1 – ALFABETIZAÇÃO
A leitura e a escrita tem sido tradicionalmente consideradas como objeto de
uma instrução sistemática, como algo que deve ser ensinado e cuja “aprendizagem”
suporia o exercício de uma série de habilidades especificas, múltiplos trabalhos de
psicólogos e educadores tem se orientado nesse sentido. Não obstante, nossas
pesquisas sobre os processos de compreensão da linguagem escrita nos obrigam aabandonar estas duas idéias: As atividades de interpretação e de produção de
escrita começam antes da escolarização, como parte da atividade própria da idade
pré-escolar.
A escrita não é em produto escolar, mais sim um objeto cultural, resultadodo esforço coletivo da humanidade. Como objetivo cultural, a escrita cumprediversas funções sociais e tem meios concretos de existência(especialmente nas concentrações urbanas). O escrito aparece, para acriança, como objeto com propriedades especificas e com suporte de açõese intercâmbios sociais. Para descobrir como a criança consegue interpretar
e produzir escritas muito antes de chegar a escrever ou ler (no sentidoconvencional do termo), criamos situações experimentais e utilizamos o“método clínico” ou de “exploração critica” próprio dos estudos piagetinos.(FERREIRO 2001, 43-44).
Neste viés, quando o adulto fornece informações especificas sobre um texto,
elas também são processadas de acordo com o sistema de concepção infantis. Por
exemplo, ao apresentarmos uma oração escrita a criança e ao lê-la em voz alta
(acompanhado de um assinalar contínuo de texto) cremos que estamos dando
informações acerca daquilo que está escrito.Mas, para a criança, é isto não que ocorre, porque ela faz uma descrição que
não estamos habituados a fazer entre “o que está escrito” e “o que se pode ler”
(FERREIRO, 2001,47).
Ao contrário, existem conhecimentos específicos sobre a linguagem escrita
que só podem ser adquiridos através de outros informantes (leitores, adultos ou
crianças maiores). Por exemplo, o fato de saber que cada letra tem um nome
específico, que todas elas tem um nome genérico, que na oposição entre nomesgenéricos das marcas, diferença entre letras e números é fundamental; que
convencionalmente escrevemos de cima para baixo e da esquerda para direita, que
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junto com as letras aparecem sinais que não são letras (sinais de pontuação); que
utilizamos as maiúsculas para seus nomes próprios, para títulos e depois de um
ponto; etc. É no caso destas aprendizagens que, conforme a procedência social
das crianças, há maior variabilidade individual e maiores diferenças.
A distância da informação que separa um grupo social de outro não pode ser
atribuída a fatores puramente cognitivos. Esta distância diminui quando o que está
em jogo é o raciocínio da criança; aumenta quando se necessita contar com
informações precisas do meio.
Para a criança que cresce em um meio “letrado” esta exposta à influênciade uma série de ações. E quando dizemos ações, neste contexto, queremosdizer interações. Através das interações adulto-adulto, adulto-criança ecrianças entre si, criam-se as condições para inteligibilidade dos símbolos. Aexperiência com leitores de textos informa sobre a possibilidade deinterpretação dos mesmos, sobre as exigências desta interpretação e sobreas ações pertinentes, convencionalmente estabelecidas (FERREIRO, 2001,59).
Assim sendo, a criança se vê continuamente envolvida, como agente e
observador, no mundo “letrado”. Os adultos lhe dão a possibilidade de agir como se
fosse leitor - ou - escritor, oferecendo múltiplas oportunidades para sua realização
(livros de histórias, períodos, papel e lápis, tintas, etc.). O fato de poder comporta-se
como leitor antes de sê-lo, faz com que se prenda precocemente o essencial das
práticas sociais ligadas à escrita.
Estamos tão acostumados a considerar a aprendizagem da leitura e escrita
como um processo de aprendizagem escolar que se torna difícil reconhecermos que
o desenvolvimento da leitura e escrita começa muito antes da escolarização. Os
educadores são os que têm maior dificuldade de aceitar, mas também de não ter
medo de que seja assim.
As discussões a respeito do momento em que deve começar o ensino daleitura e da escrita aparecem eternas. A pergunta deve-se ou não ensinar aler e escrever na pré-escola? É uma pergunta reiterada e insistente.Tenhosustentado, e continuo sustentando , que essa é uma pergunta malcolocada, que não pode ser respondida afirmativa ou negativamente antesde serem discutidos os pressupostos nos quais se baseia (FERREIRO,2001, 96).
Esta pergunta, assim proposta, tem como base um pressuposto: são osadultos que decidem quando e como vai ser iniciado esse aprendizado. A pergunta
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está mal colocada porque tanto a resposta negativa como a positiva apóiam-se num
pressuposto que ninguém discute: supõe-se que o acesso à língua escrita começa
no dia em que os adultos decidem.
As crianças iniciam o seu aprendizado de noções matemáticas antes da
escola, quando se decidem a ordenar os objetos mais variados (classificando-os ou
colocando-os em série). Iniciam o aprendizado do uso social dos números
participando de diversas situações de contagem e das atividades sociais
relacionadas aos atos de comprar e vender.
As crianças urbanas de cinco anos geralmente já sabem distinguir entre
escrever e desenhar; expostas ao conjunto de representações gráficas presentes no
seu meio, são capazes de distinguir o que são desenhos e o que é outra coisa. Que
chamem de “letras” ou “números” a esse conjunto de formas gráficas que possui em
comum o fato de não serem desenho, não é crucial nessa idade. Mas importante é
saber que essas formas servem para uma atividade específica que é o ato de ler, e
que resultam de outra atividade também específica que é o ato de escrever.
As crianças rurais estão em desvantagens em relação às urbanas porque no
meio rural tradicional, onde os camponeses trabalham com rudimentares
instrumentos de lavoura, terras empobrecidas, a escrita não é tão presente como éno meio urbano.
A pré-escola deveria cumprir a função primordial de permitir as crianças que
não tiveram convivência com adultos alfabetizados - ou que pertencem a meios
rurais isolados – obter essa informação básica sobre a qual o ensino cobra em
sentido social (e não meramente escolar): a informação que resulta da participação
e atos sociais onde o ato de ler e o de escrever têm propósitos explícitos.
Ferreiro e Teberosky (1979) apud Morais (2005), apontam que,tradicionalmente, o problema da alfabetização tem sido exposto como uma questão
de método, e a preocupação seria a de buscar o “melhor” e mais eficaz método para
ensinar a ler e escrever.
As autoras supracitadas também apontam que, nas décadas de 1960/1970,
surgiram mudanças significativas no que concernia à maneira de compreender os
processos de aquisição/construção do conhecimento e da linguagem na criança. Foi
nessa época que se passou a considerar que a escrita era uma maneira particular de “notar” a linguagem e que o sujeito em processo de alfabetização já possuía
considerável conhecimento de sua língua materna. Até então a alfabetização muito
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pouco tinha a ver com as experiências de vida e de linguagem das crianças, estando
essencialmente baseada na repetição, memorização e era tida apenas como objeto
de conhecimento na escola.
Para aprender a escrever, é fundamental que o aluno tenha muitas
oportunidades de fazê-lo, mesmo antes de saber grafar corretamente as palavras:
quanto mais fizer isso, mais aprenderá sobre o funcionamento da escrita.
A oportunidade de escrever quando ainda não se sabe permite que a criança
confronte hipóteses sobre a escrita e pense como ela se organiza, o que representa,
para que serve. Mesmo quando as crianças ainda não sabem escrever
convencionalmente, elas já apresentam hipóteses sobre como fazê-lo.
É importante analisarmos o que se pode passar na cabeça de uma criança
que está nesta hipótese de escrita, mas que está sendo alfabetizada através de um
método tradicional, no qual primeiro ela precisa aprender as vogais e suas funções
para apenas posteriormente escrever palavras. O aluno terá dificuldade em
compreender a escrita de palavras comumente usadas como “oi”, ”eu”, “ui”
simplesmente porque para ele não existem palavras com essa quantidade de letras.
Além de acreditarem na necessidade de uso mínimo de duas, três ou até
mesmo quatro letras, os alunos passam a desenvolver uma hipótese relacionadacom a variedade de letras, acreditando que uma mesma palavra não pode ser
escrita com letras repetidas escritas de forma seqüenciada.
Mais uma vez, na tentativa de auxiliar os alunos na re-construção de suas
hipóteses, é importante que o professor possa organizar em sua rotina de trabalho
atividades que levem em conta a exploração dos conhecimentos que os alunos
precisam para desenvolver para conseguir escrever de forma convencional.
Atividades de ditado e auto-ditado podem e devem ser feitos desde que oprofessor tenha clareza de quais objetivos possui com cada com cada uma delas. O
ditado pode ser uma grande fonte de exploração da escrita, se após a realização
dele o professor problematiza as respostas dos alunos pedindo a eles que pensem
sobre a forma convencional da escrita ou remetendo-lhes (em caso de dúvidas) a
palavras cuja formula lhes é conhecida, como, por exemplo, a lista dos nomes dos
colegas.
As atividades de cruzadinhas são interessantes para as crianças deste nívelde escrita, que tenderão a escrever uma letra para cada sílaba da palavra. Como na
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atividade os quadrinhos devem ser preenchidos por cada letra, haverá sobra de
quadrinhos o que levará a criança a rever sua escrita.
Enfim, nesta hipótese de escrita, os alunos já têm como conhecimento
consolidado o que a escrita nota (a pauta sonora da palavra) e começam a refletir
sobre o como a escrita. Valendo – se as reflexões sugeridas, os alunos começarão a
perceber que, internamente, as sílabas possuem “partes” menores e que embora
isso não fique claro em todos os seus escritos (pois ainda há oscilação entre a grafia
das sílabas com um ou dois caracteres), as crianças começam a representar
algumas sílabas das palavras com mais de um grafema, fazendo uma
correspondência sonora. Nesse momento podemos considerar que os alunos se
encontram em um estágio de transição entre a escrita silábica e a alfabética: a esta
hipótese chamamos de hipótese silábico-alfabética.
É importante que o professor, no planejamento das atividades, esteja atento
para a heterogeneidade do grupo, oferecendo atividades diferentes para os alunos
que apresentem hipóteses de escritas diferentes. Por outro lado, ao propor uma
atividade comum para toda a turma, o professor deve considerar que todas as
respostas dos alunos serão distintas e, nesse caso, o confronto entre diferentes
respostas é interessante.Para que se compreendam ainda mais a complexidade do ensino desse
objeto, reativa-se a consciência de que a aprendizagem não se dá num mesmo ritmo
para todos os aprendizes e que eles não percorrem exatamente os mesmos
caminhos. O próprio conjunto de conhecimentos construídos anteriormente ao
ingresso à escola não é uniforme. Alguns alunos chegam à sala de aula já tendo
uma certa familiaridade com as letras, sabendo nomeá-las e, alguns, até entende a
lógica de junção dessas letras para formar palavras; outros chegam semcompreender que os símbolos usados (letras) são convenções sociais e acham que
podem escrever com rabiscos ou mesmo com desenhos.
Para exercer as funções de professores (as) alfabetizadores (as), é preciso
que tenhamos muitos tipos de saber: o que é alfabetização, articulando a tal
conceito ao de letra mento, para garantirmos, de fato, a formação de alguns leitores
e produtores de diferentes espécies de textos.
Dentre as habilidades que precisam ser desenvolvidas pelos professores,pode-se elencar com uma das relevantes e difíceis, a de identificar as necessidades
de cada aluno e atuar com todos ao mesmo tempo.
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De fato, entende-se o que cada aluno já sabe e soube escolher as melhores
opções didáticas para cada um deles, teremos percorrido um longo caminho na
profissionalização do professor. Se, além disso, souber atuar com todos ao mesmo
tempo, atendendo ás diferentes demandas e auxiliando-os, tem-se construído um
belo perfil enquanto professor – alfabetizador.
Frei Betto apud Morais (2005), ao falar sobre sua própria alfabetização,
refere-se do seguinte modo à sua antiga professora:
Tinha os olhos para cada aluno, atenta às dificuldade, prestativa, indo deuma carteira a outra para ensinar a cortar uma palavra em sílabas, escrever o nome no cabeçalho de uma folha, passar a borracha no caderno para
apagar o erro [...] (2002, 62).
É essa, realmente uma grande qualidade que um professor pode desenvolver.
No caso de Frei Betto, havia um cuidado especial da professora em olhar para cada
um com atenção. No caso, queremos algo mais, queremos diferentes estratégias
didáticas para cada um deles.
Propõe-se, por tanto, que existam, em sala de aula, momentos em que
diferentes atividades estejam sendo conduzidas pelo docente de forma paralela e
salientar que, em qualquer uma dessas formas de organização das situações, oessencial é termos um professor comprometido, que saiba olhar para os alunos e
saiba entender quais são suas necessidades, planejando boas atividades e sabendo
intervir de maneira construtiva, problematizadora e esclarecedora, o que se quer é
salientar a necessidade de contemplar as muitas facetas da alfabetização, sem
perdemos de vista que temos outros objetivos didáticos além da apropriação do
sistema alfabético de escrita.
Porque a idéia de alfabetizar é uma atividade complexa, que exigeprofissionalização, planejamento, conhecimentos de diversos tipos e ao estudo e ao
desenvolvimento de nossas próprias capacidades.
Discutir sobre leitura e a escrita na alfabetização tem se tornado, cada vez
mais, uma atividade arriscada. Quando se afirma, que os professores
alfabetizadores devem alfabetizar letrando, o que tem ocorrido na maioria dos textos
sobre alfabetização. Não que estejamos na direção errada, mas que na maioria das
vezes esquece-se das especificidades do processo de alfabetização e deletramento.
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O que enfrenta-se hoje no Brasil? Busca-se a universalização da leitura e da
escrita, num momento muito particular para o desenvolvimento do ser humano. Tem-
se um desenvolvimento tecnológico muito grande nos últimos cinco anos e esse
desenvolvimento modificou, profundamente, as formas de comunicação humana. E
a escola é um espaço de comunicação. É um espaço de comunicação entre adultos
e crianças de comunicação entre várias gerações.
Desta forma, mudanças são necessárias na forma de ensinar, porém, isto não
significa que precisa inventar uma pedagogia absolutamente nova, porque vários
aspectos dos processos necessários para aprendizagem não se modificaram. As
atividades, de estudo necessárias para apropriação dos conhecimentos escolares
não se modificaram. É muito provável que se tenha que intensificar mais ainda a
utilização de algumas delas para atender às especificidades do desenvolvimento da
criança de hoje.
Deve-se perguntar: quais são os objetivos da alfabetização inicial?
Frequentemente esses objetivos se definem de forma muito geral nos planos e
programas, e de uma maneira muito contraditória na prática cotidiana e nos
exercícios proposto pela a aprendizagem.
É comum registrar nos objetivos propostos nas introduções de planos,manuais e programas, que a criança deve alcançar prazer pela leitura e que deve
ser capaz de expressar-se por escrito. As práticas convencionais levam, todavia a
que a expressão escrita se confunda com a possibilidade de repetir fórmulas
estereotipadas, a que se pratique uma escrita fora do contexto, sem nenhuma
função comunicativa real e nem se quer com a função de preservar informação. Um
dos resultados conhecidos de todos é que essa expressão escrita é tão pobre e
precária que inclusive aqueles que chegam à universidade apresentam seriamdeficiências que levaram ao escândalo da presença de oficinas de leituras e de
redação em várias instituições de nível superior. Outro resultado bem conhecido é a
grande inibição que os jovens e adultos mal alfabetizados apresentam com respeito
à língua escrita: evitam escrever, tanto por medo de cometer erros de ortografia
como pela dificuldade de dizer por escrito o que são capazes de dizer oralmente.
A ênfase praticamente exclusiva na cópia, durante as etapas iniciais da
aprendizagem, excluindo tentativas de criar representações para séries de unidadeslingüísticas similares (listas), ou para mensagens sintaticamente elaboradas (textos),
faz com que a escrita se apresente como um objeto alheio à própria capacidade de
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compreensão. Está ali para ser copiado, reproduzido, porém não compreendido,
nem recriado.
Um dos objetivos sintomaticamente ausentes dos programas de alfabetização
de crianças é o de compreender as funções da língua escrita na sociedade. Como
as crianças chegam a compreender essas funções? As crianças que crescem em
famílias onde há pessoas alfabetizadas e onde ler e escrever são atividades
cotidianas, recebem esta informação através da participação em atos sociais onde a
língua escrita cumpre funções precisas. Por exemplo, a mãe escreve listas de
compras de supermercado, a mãe leva consigo essa lista e a consulta antes de
terminar suas compras, sem querer, está transmitindo informações sobre uma das
funções da língua escrita, como bem narra Ferreiro que:
No decorrer dos séculos, a escola (como instituição) operou umatransmutação da escrita. Transformou-a de objeto social exclusivamenteescolar, ocultando ao mesmo tempo suas funções extra-escolares:precisamente aquelas que historicamente deram origem a criação dasrepresentações escritas da linguagem. É imperioso porém nada fácil deconseguir restabelecer,no nível das práticas escolares, uma verdadeelementar: a escrita é importante na escola porque é importante fora daescola e não o inverso (2007, 20).
Com base em uma série de experiências inovadoras de alfabetização, que se
vem desenvolvendo em diversos países latino-americanos, parece viável
estabelecer de maneira diferente os objetivos da alfabetização de crianças. As
crianças são facilmente alfabetizadas, desde que descubram, através de contextos
sociais funcionais, que a escrita é um objeto interessante que merece ser conhecido
(como tantos outros objetos da realidade aos quais dedicam seus melhores esforços
intelectuais).
O que sabe-se é que os professores que se atrevem a dar a palavra às
crianças e a escutá-las descobrem rapidamente que seu próprio trabalho se torna
mais interessante (inclusive mais divertido), embora seja mais difícil porque os
obriga continuamente a pensar.
O professor alfabetizador está muito só: em vez de ser considerado o
professor mais importante de toda a escola primária, é considerado como aquele
que realiza o trabalho menos técnico e que qualquer outro poderia fazer. É o
professor com as salas superlotadas, de quem se espera um grande espírito desacrifício, uma atitude muito maternal, já que há mais mulheres do que homens no
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ofício e muita paciência em troca de uma baixa remuneração e muito pouco apoio
intelectual.
Há uma consciência crescente da importância da educação básica e do mais
básico na educação: a alfabetização. Mas há também um risco de regressar a
concepção da alfabetização como algo demasiado elementar, isto é, mínimos
rudimentares de decodificação.
Se as crianças crescem em comunidades iletradas e a escola não as introduz
na linguagem escrita, talvez cheguem a atingir esses mínimos de alfabetização, que
lhes permitam seguir instruções escritas, mas não teremos formado cidadãos para o
presente nem para o futuro. Há que se alfabetizar para ler o que os outros
produzem. A alfabetização pode e deve contribuir para a compreensão, difusão e
enriquecimento de nossa própria diversidade.
Vê-se perfeitamente que o conjunto de conhecimento que um indivíduo
adquire no curso de seu desenvolvimento depende das exigências do meio cultural
em que cresce. A cultura do campo exige conhecimentos diferentes da cultura da
cidade. Uma pessoa do campo, transferida violentamente para a cidade, aparece
como alguém depreciado, tanto quando seria um habitante da cidade transferido
violentamente para o campo.
1.1 – A REIVENÇÃO DA ALFABETIZAÇÃO
O que se pode chamar de acesso ao mundo da escrita – num sentido amplo –
é o processo de um indivíduo entrar nesse mundo, e isso se faz basicamente por
duas vias: uma, através do aprendizado de uma técnica. Chamamos a escrita de
técnica, pois aprender a ler e a escrever envolve relacionar sons com letras,
fonemas com grafemas, para decodificar. Envolve, também, aprender a segurar um
lápis, aprender que se escreve de cima para baixo e da esquerda para a direita,
enfim, envolve uma série de aspectos que chamamos de técnicas. Essa é, então
uma porta de entrada indispensável.
A outra via, ou porta de entrada, consiste em desenvolver as práticas de uso
dessa técnica. Não adianta aprender uma técnica e não usá-la. Essas duas
aprendizagens - aprender a técnica, o código (decodificar, usar o papel, usar o lápis
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etc.) e também a usar nas práticas sociais, as mais variadas, que exigem o uso de
tal técnica – constituem dois processos, e um não está antes do outro. Ao se
aprender uma coisa, passa-se a aprender a outra. São na verdade, processos
indissociáveis, mas diferentes, em termos de processos cognitivos, como também
são diferentes os processos da alfabetização e do letramento.
Que significa isso? Significa que a alfabetização, aprendizagem da técnica,
domínio do código convencional da leitura e da escrita e das relações
fonema/grafema, do uso dos instrumentos com os quais se escreve, não é pré-
requisito para letramento.
Não é preciso primeiro aprender a técnica para depois usá-la. E isso se fez
durante muito tempo na escola: “primeiro você aprende a ler e a escrever, depois
você vai ler livrinhos lá”. E esse é um engano sério, porque as duas aprendizagens
se fazem ao mesmo tempo, uma não é pré- requisito da outro.
Mas, por outro lado, se alfabetização é uma parte constituinte da prática da
leitura e da escrita, ela tem uma especificidade, que não pode ser desprezada. É a
esse desprezo que chamamos de “desinventar” a alfabetização. A alfabetização é
algo que deveria ser ensinado de forma sistemática, ela não deve ficar diluída no
processo de letra mento. Acreditamos que essa é uma das principais causas do quese ver acontecer hoje: a precariedade do domínio da leitura e da escrita pelos
alunos.
Uma concepção de alfabetização que, coincidentemente, chegou ao país na
mesma época que o conceito de letra mento, nos anos 80; segundo, uma nova
organização do tempo da escola, que consiste na divisão de ciclos, trazendo junto a
questão da progressão continuada da não-reprovação. A mudança conceitual que
veio dos anos 80 fez com que o processo de construção da escrita pela criançapassasse a ser feito pela sua interação pelo objeto de conhecimento. Interagindo
com a escrita, a criança vai construindo o seu conhecimento vai construindo
hipóteses a respeito da escrita e, com isso, vai aprendendo a ler e escrever numa
descoberta progressiva.
O problema é que, atrelada a essa mudança de concepção veio a idéia de
que não seria preciso haver método de alfabetização. Ninguém poderia mais falar
em método fônico, método silábico, método global. Isso foi uma conseqüênciaerrônea dessa mudança de concepção de alfabetização. Por equívocos e por
inferências, passou-se a ignorar a especificidade da aquisição da técnica da escrita.
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A proposta construtivista é justa, pois é assim mesmo que as pessoas
aprendem não apenas a ler e escrever, mas é assim que se aprende qualquer coisa:
interagindo com o objeto de conhecimento.
Ninguém aprende a ler e escrever sem entender as relações entre fonemas e
grafemas para decodificar e para codificar. Linguisticamente, ler e escrever é
aprender a codificar e decodificar. As alfabetizadoras que ficam planejando com os
meninos para eles aprenderem a ler e escrever são vistas como
retrógradas e ultrapassadas. Mas, na verdade, elas estão ensinando aquilo que é
preciso para ensinar: codificar e decodificar.
Educação é, por definição, um processo dirigido a objetivos. Só vamos educar
os outros se quisermos que eles fiquem diferentes, pois educar é um processo de
transformação das pessoas. Se existem objetivos, temos que caminhar para eles e,
para isso, temos de saber qual o melhor caminho. Então, de qualquer teoria
educacional tem de derivar um método que dê um caminho ao professor. É uma
falsa inferência achar que a teoria construtivista não pode ser um método, assim
como é falso o pressuposto de que a criança vai aprender a ler e a escrever só pelo
convívio com textos. O ambiente alfabetizador não é suficiente.
O construtivismo constitui uma teoria mais complexa do que a que estápresente no censo comum permite saber que os passos da criança, são dados numa
direção que permite a ela descobrir que escrever é registrar sons e não coisas.
Então, depois que a criança passa pela fase silábica para registrar o som (o som
que ela percebe primeiro é a sílaba), ela vai perceber o som do fonema e chega o
momento em que ela se torna alfabética.
Esse foi um grande esclarecimento proporcionado pelo construtivismo. Só
que, quando a criança alfabética, está na hora de começar a entrar no processo dealfabetização, de aprender a ler e escrever. Por quê? Porque quando se torna
alfabética surgi o problema da apropriação, por parte da criança, do sistema
alfabético e do sistema ortográfico de escrita, os quais são sistemas convencionais
constituídos de regras que, em grande parte, não tem fundamento lógico algum. Ela
tem de passar por um processo sistemático e progressivo de aprendizagem desse
sistema. A grande colaboração é da linguística, ao tratar das relações entre sistema
fonológico e sistema ortográfico. Assim podemos determinar qual o caminho para acriança se aproximar desses sistemas e suas relações.
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É a isso que se chama de especificidade do processo de alfabetização. Não
basta que a criança esteja convivendo com muito material escrito, é preciso orientá-
la sistemática e progressivamente para que possa se apropriar do sistema de
escrita. Isso é feito junto com o letramento.
A linguística fornece elementos para se saber como deve ser trabalhadas
essas correspondências fonemas/grafemas com a criança. Quando isso não é
observado, o resultado é o fracasso em alfabetização, sob nova vestimenta. Não
que isto seja novidade, pois sempre tivemos fracassos em alfabetização. Antes a
criança repetia a mesma série por até quatro vezes e havia o problema de evasão.
Agora, e talvez isso seja mais grave, a criança chega a 4ª série analfabeta. Porque
isso acontece? Por que, quando a criança repetia o ano, ela não aprendia. Agora,
ela chega a 8ª série, pensa que tem um nível de ensino fundamental e não tem.
Alfabetizado é aquele que lê e escreve o que na verdade esses jovens não estão.
No entanto, o conceito de alfabetização para Paulo Freire, tem um significado
mais abrangente, na medida que vai além do domínio do código da escrita.
Possibilita uma leitura crítica da realidade, constitui-se como um importanteinstrumento de resgate da cidadania e reforça o engajamento do cidadão
nos movimentos sociais que lutam pela melhoria e qualidade de vida e pelatransformação social (1991, 68).
Logo, não se trata de uma posição ideológica que busca negar toda tradição
Freireana. A palavra alfabetização tem um peso, uma tradição no contexto do
paradigma da educação popular que é a maior contribuição à história universal das
idéias pedagógicas.
1.2 – ALFABETIZAÇÃO OU LETRAMENTO?
Durante muito tempo, a palavra alfabetização foi suficiente para designar a
aprendizagem inicial da língua escrita. Corrente na língua cotidiana, essa palavra
sempre teve um significado consensual na área da educação. Enquanto o problema
social e educacional maior era que crianças, na escola, e adultos analfabetos
aprendessem a ler e a escrever, ou seja, se tornassem alfabetizados, a palavra
alfabetização e o conceito que lhe era atribuído foram satisfatórios.
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Entretanto, esse conceito de alfabetização sofreu expressivas alterações ao
longo das últimas décadas e consequentemente, os usos e as funções da escrita
foram multiplicando-se e diversificando-se apenas saber ler e escrever revelou-se
insuficiente. Por outro lado, traduziu-se em uma qualificação da palavra
alfabetização tendo surgido à expressão alfabetização funcional para deixar claro
que a alfabetização não designaria apenas a aprendizagem do ler e do escrever,
mas também o desenvolvimento de habilidades de leitura e escrita que tornariam o
indivíduo capaz de funcionar adequadamente na sociedade.
Um indivíduo alfabetizado não é necessariamente um indivíduo letrado, é
aquele indivíduo que sabe ler e escrever; letrado è aquele que sabe ler e escrever,
mas que responde adequadamente às demandas sociais da leitura e da escrita.
Alfabetizar letrando, é ensinar a ler e escrever no contexto das práticas sociais da
leitura e da escrita, assim o educando deve ser alfabetizado e letrado.
No Brasil os conceitos de alfabetização e letramento se mesclam e se
confundem. A discussão surgi sempre envolvida no conceito de alfabetização, o que
tem levado, a uma inadequada síntese dos dois procedimentos. Não se pode
separar os dois processos, pois a princípio o estudo do aluno no universo da escrita
se dá concomitantemente por meios desses dois processos: e pelo desenvolvimentodas habilidades da leitura e escrita, nas práticas sociais que envolvem a língua
escrita, o letramento.
Na escola a criança deve interagir firmemente com o caráter social da escrita,
ler e escrever textos significativos. A alfabetização se ocupa com a aquisição da
escrita pelo individuo ou grupos de indivíduos, o letramento focaliza os aspectos
sócio - históricos da aquisição de um sistema de escrito por uma sociedade.
A educação, sendo uma prática, não pode restringir-se a ser puramentelivresca, teórica, sem compromisso com a realidade local e com o mundo em que
vivemos. Educar é também, um ato político. É preciso resgatar o verdadeiro sentido
da educação. De acordo com Freire,
(...) o ato de estudar ato curioso do sujeito diante do mundo, é expressão daforma de estar sendo dos seres humanos, como seres sociais, históricos,seres fazedores, transformadores, que não apenas sabem mas nas sabemque sabem (1989. 58-9).
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Assim, quando os alunos são o sujeito da própria aprendizagem, seres
fazedores, transformadores, no dizer de Paulo Freire, tomam consciência de que
sabem e podem transformar o já feito, construído. Deixam a passividade e a
alienação para se constituírem como seres políticos.
Como afirma Paulo Freire, o diálogo é fundamental em qualquer pratica
social. O diálogo consiste no respeito aos educandos, não somente enquanto
indivíduos, mas também enquanto expressões de uma prática social.
(...) A grande tarefa do sujeito que pensa certo não é transmitir, depositar,oferecer, doar ao outro, tomando como paciente de seu pensar ainteligibilidade das coisas, dos conceitos. A tarefa coerente do educador que
pensa é, exercendo como ser humano a irrecusável prática de inteligir,desafiar o educando com quem se comunica e a quem comunica, produzir para sua compreensão do que vem sendo comunicado. Não háinteligibilidade que não seja comunicação e intercomunicação e que não sefunde na dialogicidade. O pensar certo por isso é dialógico e não polêmico(1996,42).
O aluno não pode ser um simples objeto nas mãos do professor. É o que
Freire chama de educação bancária, isto é, o educando, ao receber passivamente
os conhecimentos, torna-se um depósito ao educador. Ensinar não é transferir
conhecimentos, mas criar as possibilidades para sua produção ou para suaconstrução.
É importante destacar que letrar não é apenas função do professor de Língua
Portuguesa. Em todas as áreas de conhecimento, em todas as disciplinas, os alunos
aprendem através de práticas de escrita e de leitura: História, em Geografia em
Ciências, mesmo em Matemática, enfim, em todas as disciplinas, os alunos
aprendem lendo, interpretando e escrevendo.
Nesse sentido, apresentar atividades de maneira a incentivar os alunos a
darem o melhor de si mesmos e a acreditarem que sua contribuição é relevante para
todos é um dos principais objetivos que deve ter o professor para atingir um nível
bom de aprendizagem escrita com seus alunos.
Participar de aulas que desperte a curiosidade e envolvam brincadeiras e
desafios nunca será algo cansativo. Em turmas que tem acesso a cultura escrita, a
alfabetização acontece mais facilmente. Ao observar os adultos, ouvir historinhas
contadas pelos pais e brincar de ler e escrever, algumas crianças chegam a
Educação Infantil em fases avançadas. Por isso, oferecer acesso ao mundo escrito
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desde cedo é uma forma de amenizar as diferenças sociais e econômicas que
abrem um abismo entre a qualidade da escolarização de crianças ricas e pobres.
Há crianças que chegam a escola sabendo que a escrita serve paraescrever coisas inteligentes, divertidas ou importantes. Essas são as queterminam de alfabetizar-se nas escolas, mais começaram a alfabetizar muitoantes, através da possibilidade de entrar em contato, de interagir com alíngua escrita. Há outras crianças que necessitam da escola para apropriar-se da escrita (FERREIRO, 2007, 23).
Alfabetização é um processo de construção de hipótese sobre o
funcionamento de sistema de escrita. Para aprender a ler e escrever, o aluno precisa
participar de situações que colocam a necessidade de refletir, transformando
informações em conhecimento próprio e enfrentando desafios. E é utilizando textos,
como listas, poemas, bilhetes, receitas, piadas, etc, que os alunos podem aprender
muito sobre a escrita. Desta forma, os professores (as) descobrem que ler é muito
mais do que decodificar, e por isso tratam seus alunos como leitores antes de
estarem alfabetizados.
1.3 – SITUAÇÕES DIDÁTICAS
1.3.1 – SITUAÇÕES DIDÁTICAS EM GRANDE GRUPO
As situações em que o(a) professor(a) rege todo o grupo-classe, realizando
uma única atividade, são variadas e podem ter múltiplas finalidades muitas vezes
o(a) professora quer que, naquele momento, todos os alunos desenvolva
determinados conhecimentos ou capacidades. Ao realizar uma atividade de revisão
coletiva de um texto, ele(a) pode ter como objetivo didático que os alunos
desenvolvam atitudes de revisão: que desenvolvam estratégias apropriadas, como a
de voltar continuamente ao já escrito para dar continuidade ao texto, planejando o
texto a seguir; que aprendam a pontuar um texto; que aprendam a usar articuladores
textuais, deixando os textos mais coesos, dentre outros.
Outras vezes, o(a) professor(a) esteja realizando uma atividade única com o
grande grupo, ele(a) tem clareza de que os alunos estão aprendendo “coisas”diferentes naquela atividade. Uma atividade de reflexão fonológica pode, para
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alguns alunos, ajudá-los a entender que a escrita tem propriedades do significante
(palavras) e não do objeto representado; para outros, pode servir para ajudá-los a
superar dificuldades ortográficas de trocas entre pares mínimos (p/b, t/d, f/v); para
outros, pode servir para que percebam que existe uma unidade sonora menor que a
sílaba (fonema) e que possam identificá-la; para outros, pode servir para ajudá-los a
se apropriarem de correspondências grafofônicas.
Apresenta-se uma caixa fechada:
Em seguida faz-se as seguintes perguntas:
• O que é que tem dentro da caixa? (há uma boneca)
• Cada aluno tenta adivinhar e depois pede para
• Cada um olhar e não dizer, nem mostrar para o coleguinha
• Depois, dizem e descrevem a boneca.
• A palavra BONECA será escrita no quadro e serão feitas
Perguntas:
• Quantos pedacinhos a palavra BONECA tem?
• Conte com palmas.
• Os alunos, então terão que montar a palavra, juntando os pedacinhos que estão
divididos em sílabas (fichinhas com as três sílabas). Depois peça que eles
formem palavras com os pedaços (BONÉ, BOCA).
Nessa atividade, a educadora, mediante de um trabalho de decomposição e
composição de palavras, ajudará os alunos nas hipóteses pré-silábicas a entender
que existem unidades menores que as palavras e que é preciso pensar sobre elas
para escrever.
A compreensão do princípio de igualação também é promovida quando
comparamos palavras que tem semelhanças sonoras e gráficas.
• Levar várias folhas de plantas diferentes (mamão, goiaba, abacate, pitanga,
acerola, Carambola, caju, manga, laranja, limão Sapoti e romã). Fale e mostre
cada folha.
• Peça para que eles adivinhem a que frutas correspondem. Peça que identifiquem
as diferenças e semelhanças e escreva no quadro os nomes das frutas e
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compare os sons iniciais e finais. Exemplo: carambola / caju; mamão / limão/
carambola / acerola; pitanga / manga.
• Depois, com a participação de todos, escreverão os nomes das frutas em papel
ofício e coloque junto com as folhas em cartolina.
Essas comparações tanto podem ser feitas entre palavras que apresentam
semelhanças em uma ou mais sílabas, quanto entre as palavras que se diferenciam
por uma letra.
Nas atividades de comparação, em que as crianças comparam palavras que
se diferenciam por apenas uma letra (gato, mato, rato, jato, por exemplo), o objetivo
do(a) professor(a) pode ser fazer com que os alunos percebam que mudando uma
letra, mudamos a palavra e que tentem reconhecer que essa unidade sonora
corresponde a uma unidade gráfica. As atividades de sistematização das
correspondências grafofônicas, em que os alunos procuram palavras que iniciam
com determinada letra ou sílaba, também podem ajudar alunos de diferentes níveis
de conhecimento. Um exemplo interessante é a escrita de dicionário temático.
Podemos propor, por exemplo, fazer um dicionário de animais, de plantas, de
alimentos. Podemos, em tais projetos, ajudar os alunos a sistematizar quais são as
letras do alfabeto e a levá-los estabelecer as correspondências grafofônicas queestão em fase de consolidação.
1.3.2 – SITUAÇÕES DIDÁTICAS EM PEQUENOS GRUPOS
As atividades em pequenos grupos são especialmente importantes, por
propiciarem, de modo mais íntimo, trocas de experiências entre alunos, levando-os acompartilhar saberes, a levantar questões e respostas que os adultos escolarizados
nem sempre se propõem. Nesse modo de organização, podemos realizar atividades
unificadas, ou seja, cada grupo trabalhando independentemente, mas realizando a
mesma tarefa. Um exemplo de atividade:
Em pequeno grupo:
•
Dividir a turma em cinco grupos de quatro crianças.• Cada grupo recebe uma cartela com as letras do nome de uma figura.
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• Elas têm que tentar colocar as letras na ordem correta.
As crianças, em grupos, podem trocar informações e comparar diferentes
hipóteses. Se há crianças que já têm repertórios razoáveis de consoantes, e estão
começando a utilizar algumas delas, e outras crianças que estão utilizando vogais
mais frequentemente, podemos assistir a boas discussões, quando forem decidir
onde colocar as letras. Como as crianças já recebem as letras da palavra e são
orientadas a usar todas elas, é provável que as discussões ocorram.
Outras atividades para serem vivenciadas em pequenos grupos são:
• Ditado cantado,
• Produção de listas de nomes próprios e títulos.
Essas duas atividades, realizadas em grupos, podem oferecer diversas
opções, atendendo a alunos com diferentes necessidades. A primeira opção, Ditado
cantado, é uma atividade de ajuste do sonoro ao escrito. Alunos que estejam em
hipóteses iniciais da escrita podem, colaborativamente, encontrar palavras dentro do
texto, aprendendo, com isso, que cada palavra é separada da outra com
espaçamento e que podemos usar pistas sonoras e suas correspondências com
unidade gráfica para identificar palavras.
1.3.3 – SITUAÇÕES DIDÁTICAS DE TRABALHO INDIVIDUAL
É importante que se aprenda a refletir e a sistematizar nossos próprios
saberes e que aprendamos a coordenar sozinhos nossas ações e colocar à
disposição o que sabemos para resolver problemas.
Atividades como o ditado mudo são excelentes propostas para que os alunos
mobilizem o que eles aprenderam para tentar arrumar a cabeça. Nesse momento, a
passagem da(o) professor(a) pelas bancas, olhando como eles estão escrevendo e
conversando com eles individualmente, levando-os a usar pistas para realizar a
tarefa, pode ser preciosa para que os alunos ultrapassem obstáculos e sintam o
cuidado do(a) professor(a) para com eles.
Muitas tarefas individuais com o nomes das crianças também podem ser
valiosas para levá-los a construir suas primeiras palavras estáveis, assim comotarefas do livro didático, acompanhadas pelos(as) professores(as).
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Atividade individual em sala de aula:
Cada criança recebe uma cartela grande, contendo quatro figuras matrizes
(no topo de uma tabela) e doze cartelas pequenas com figuras cujos nomes
começam ou terminam com os das figuras matrizes.
• O objetivo é a criança arrumar as cartelas pequenas de que numa mesma fileira
fiquem as figuras cujos nomes comecem ou terminem de forma semelhante à
figura da matriz.
Essa tarefa, principalmente para os alunos que ainda não tenham percebido
que nosso foco de atenção na atividade de escrita se volta para a pauta sonora e
não para os significados das palavras, é fundamental.
A leitura individual, em que os alunos tentam aprender um texto, sozinhos, é
também outro momento rico de desenvolvimento da habilidade de leitura: tanto
ajuda a desenvolver fluência de leitura quanto a desenvolver a capacidade de
coordenar as ações de gerar o conteúdo, textualizar e registrar o texto.
Por fim, salienta-se que, em qualquer uma dessas formas de organização das
situações, o essencial é termos um(a) professor(a) comprometido(a), que saiba olhar para os alunos e que saiba entender quais são suas necessidades, planejando as
atividades e sabendo intervir de maneira construtiva, problematizadora e
esclarecedora.
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CAPÍTULO II
2 – LETRAMENTO
2.1 – SOBRE O CONCEITO DE LETRAMENTO
A noção de letramento é uma noção relativamente recente no cenário
educacional e está relacionada à participação dos sujeitos nas práticas sociais que
têm como eixo a linguagem escrita. Muito se tem discutido sobre os significados do
letramento, mas algo parece ser comum a alguns autores Goulart, Kleiman, Ribeiro,
Soares e Tfouni. A noção surge da necessidade de explicar algo que é mais amplo
que alfabetização, ou seja, que vai além do domínio da tecnologia da leitura e da
escrita, uma vez que nas sociedades grafocêntricas em que vivemos hoje, novas
formas de uso social da leitura e da escrita, inclusive por aquelas pessoas
consideradas analfabetas, vêm se dando.
Soares (2002, 145) apresenta letramento como: “o estado ou condição de
indivíduos ou de grupos sociais de sociedade letradas que exercem efetivamente as
práticas sociais de leitura e de escrita, participam competentemente de eventos de
letramento”.
A autora identifica duas dimensões de letramento: a individual e a social. A
dimensão individual de letramento, que envolve especificamente a competência de
ler e escrever e compreender o que está lendo e escrevendo, requer um conjunto de
habilidades, quais sejam: motoras ou cognitivas. Soares ressalta ainda que ler e
escrever são processos diversos, embora complementares, que requerem
habilidades diferenciadas.
A dimensão social do letramento apresenta-se como uma prática social, ou
seja, de que forma, em um determinado contexto, as pessoas demonstram
familiaridade com algumas práticas de leitura e de escrita. O que é fundamental na
questão do letramento são os chamados eventos de letramento, que traduz uma
situação em que um portador qualquer de escrita é parte integrante da natureza das
interações entre os participantes e de seus processos de interpretação.
Dá-se destaque a dois modelos de letramento: o autônomo e o ideológico omodelo autônomo de letramento é aquele em que o problema da não aprendizagem
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é uma questão individual, o aluno atribui a si próprio a responsabilidade de não ter
aprendido, tratar-se de um modelo bastante comum de ser encontrado entre alunos
em processo de alfabetização por não ter estudado quando criança. No modelo
ideológico de letramento, o que se destaca é que todas as práticas de letramento
são aspectos não apenas da cultura, mas também das estruturas de poder numa
sociedade (KLEIMAN, 2001, 38)
Partindo-se, portanto, dessa afirmação: o que pode ser feito para superar o
modelo autônomo de letramento, imposto pelos poderosos, que discrimina e exclui?
Como desnaturalizar a desigualdade? A transformação da pratica escolar de forma
que o conflito discursivo em sala de aula seja estabelecido para que práticas sociais
dominantes possam ser discutidos, examinadas e repensadas poderão construir
contextos de aprendizagem, em que os alunos tragam seus conhecimentos, suas
experiências, suas vivencias. O que não se pode perder de vistas é que as
diferenças (culturais, sociais, econômicas etc) devem ser levadas em conta num
processo de alfabetização.
Alfabetizar letrando é o desafio posto para a educação infantil. Assim como os
autores que apresentamos, consideramos distintos os conceitos de alfabetização e
letramento, embora entendamos que são processos que se interpenetram, uma vezque a leitura do mundo precede a leitura da palavra e aprender a ler e a escrever é
também compreender o mundo no seu contexto, vinculando linguagem e realidade.
Esse termo letramento que gera polêmica entre o educador que pretende
expandir seus conhecimentos e o educador passivo, ou seja, aquele que não está
comprometido com a educação. Quando falo em educação, é no sentido amplo, é no
sentido de querer alterar de alguma forma o aprendizado irreal para o aprendizado
significativo. É necessário um trabalho árduo da parte dos professores e de toda aequipe escolar, para que haja compreensão da prática da leitura e escrita, dentro e
fora da sala de aula. Assim pode-se perceber que no contexto textual e num mundo
de transformação, de uma cultura produzida pelas novas tecnologias, é de
fundamental importância que educadores alterem suas metodologias em sala de
aula.
Não há dúvida sobre a importância da oralidade e do letramento no cotidiano das pessoas,porém, antes de identificar a importância do letramento e oralidade é mais
relevante esclarecer a natureza das práticas sociais que envolvem o uso dalíngua (escrita e falada) de modo geral. Paralelamente à oralidade, oscontextos sociais básicos em que a escrita está inserida na vida daspessoas são, entre outros: o trabalho, a escola, o dia-a-dia, a família, a vida
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burocrática, a atividade intelectual, que possuem objetivos diferenciados. Oletramento envolve as mais diversas práticas da escrita, nas mais variadasformas, na sociedade. Assim, letrado é o indivíduo que participa de formasignificativa de eventos de letramento e não apenas aquele que faz usoformal da escrita (KLEIMAN, 1995, 85).
Nesta ótica entende-se que eventos de letramentos, como a família, a igreja,
a rua, como lugar de trabalho, mostram orientações de letramento muito diferentes,
como por exemplo: leituras de livros antes de dormir, leituras de caixa de cereal, de
sinais de trânsito, de propaganda de tv e a interpretação de jogos e brinquedos.
2.1.1 – AMBIENTE LETRADO
Sabe-se que não existe uma única diferença entre indivíduo que aprendeu a
ler e escrever e outro que não sabe fazer, porque são diferenças que vão além da
alfabetização. Não basta ensinar aos alunos que é muito bom fazer a leitura de livros
e ouvir histórias. Devemos provar o porquê da importância da leitura em nossa vida,
onde desde pequenos deveríamos fazer da mesma um ato prazeroso.
É preciso, então, planejar o trabalho pedagógico ou psicopedagógico de
reflexão sobre a escrita. Isto significa dizer, que a alfabetização, tomada como a
aprendizagem inicial da leitura e da escrita, deve ocorrer em contextos de letramento
que potencializam o domínio da linguagem, ou seja, na construção de contextos
facilitadores da transformação dos alunos em sujeitos letrados. Esses contextos se
desencadeiam, para a formação de um ambiente letrado que favoreçam as práticas
de leitura que tais como: de dispor de um acervo de livros, gibis, jornais, revistas,
enciclopédias, organizando momentos de leituras livre, possibilitando, aos alunos a
escolha de suas leituras, entre outras. Em relação à prática da escrita, condições
como: reconhecer a capacidade dos aprendentes para escrever e dar legitimidade e
significado às escritas iniciais; propondo atividades de escrita que façam sentido
para os mesmos, apresentando situações motivadoras, ligadas ao desejo e à
necessidade de se comunicarem, permitindo que os alunos (sejam crianças ou
adultos) possam expressar-se livremente e que ao mesmo tempo, o professor
identifique os aspectos do desempenho lingüístico que será necessário enriquecer e
sistematizar em outras situações pedagógicas ou psicopedagógicas.
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Condemarin (1997), ao se comunicar espontaneamente sobre temas que são
interessantes e significativos em simples “bate-papo”, as crianças desenvolvem sua
competência lingüística e comunicativa:
A partir dessas conversas, os alunos adquirem um domínio progressivo douso de formas de comunicação mais elaboradas e são capazes de adotar registros de fala adaptados às diversas situações. Em síntese,pretendemos ampliar, diversificar e estruturar progressivamente suaspráticas lingüísticas (1997, 15).
A curiosidade da criança em descobrir o que significa a leitura começa muito
cedo. Todo menino ou menina, desde sua mais tenra infância, é um ativo leitor do
mundo, que se transforma em um leitor de textos quando estes lhe sãoproporcionados por seu meio natural e quando conta com um mediador eficiente
para facilitar seu domínio.
2.1.2 – O PAPEL DO EDUCADOR NO LETRAMENTO COMO “PROFESSOR-
LETRADO”
(...) o ato de aprender “é construir, reconstruir, constatar para mudar, o quenão se faz sem abertura ao risco e à aventura do espírito”. Esta constataçãonão está relacionada somente ao educando, pois sabemos que o educador tem que estar sempre adquirindo novos aprendizados, lançando-se a novossaberes, e isto, resulta em mudanças de vários aspectos, como também,gera o enriquecimento tanto para os educados quanto para o educando, quecom certeza lucrará com esse desenvolvimento. Nesse caso é necessárioque o educador atente-se para com o que é importante na sua formação, ouseja, “o momento fundamental é o da reflexão crítica sobre a prática”, e,“quanto mais inquieta for uma pedagogia, mais crítica ela se tornará”(FREIRE,1990, 39)
O profissional de educação deve ser capaz de fazer sua interferência na
realidade, o que certamente, gerará novos conhecimentos, e isto, é bem mais
elevado do que simplesmente se enquadrar na mesma. Já mencionamos por várias
vezes que o letramento é um fenômeno social; logo, essa intervenção que se faz
necessária pode ser proporcionada por ele.
O letramento não está restrito ao sistema escolar, mas vamos neste estudo
nos ater nesse meio por considerar que cabe à escola, fundamentalmente, levar os
seus educandos a um processo mais profundo nas práticas sociais que envolvem a
leitura e a escrita. Saber ler e escrever um montante de palavras não é o bastante
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para capacitar o individuo para a leitura diversificada, neste ponto entendemos que
surge a necessidade de se letrar os sujeitos envolvidos no processo de
aprendizagem.
Para o educador se tornar um “professor-letrador” necessário se faz que,
primeiramente, obtenha informações a respeito do tema, as dimensões e, sobretudo,
a sua aplicação. Essa última é desenvolvida através de pesquisas e investigação,
que geram subsídios suportes. É uma tarefa difícil de ser exercida, pois sabemos
que alguns desses profissionais, num determinado momento, se colocam em uma
posição quase inatingível, completos de suas certezas. Pois, se há mutações
contínuas na sociedade contemporânea, e essas refletem em todos os setores,
inclusive na escola, é lógico que a cristalização dos saberes do educador é um
equívoco, pois o conhecimento nunca se completa, ou se finda, e o letramento é um
exemplo claro disso.
2.2 – A RELAÇÃO – LETRAMENTO/ALFABETIZAÇÃO
2.2.1 – LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO
A alfabetização é um processo com início, meio, e fim, mas é condição
essencial para haver o letramento. O trabalho é desenvolvido no sentido de levar a
criança a compreender o sistema alfabético de escrita. A alfabetização termina
quando a criança está começando a ler, ela usa estratégias para decifrar o que está
escrito, quando supera essa fase, o processo só avança se o mundo da escrita for
se expandindo para ela.
Nesse sentido, defini-se alfabetização tomando-se a palavra em seu sentido
próprio, como o processo de aquisição da “tecnologia da escrita”, isto é, do conjunto
de técnicas, procedimentos, habilidades necessárias para a prática da leitura e da
escrita: as habilidades de codificação de fonemas em grafemas e de decodificação
de grafemas em fonemas, isto é, o domínio do sistema de escrita (alfabético,
ortográfico); as habilidades motoras de manipulação de instrumentos e
equipamentos para que codificação e decodificação se realizem.
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O processo de letramento, em que a criança é inserida no mundo das letras,
pode ter inicio antes da alfabetização e não tem fim. E depende dos pais que, se
começarem a ler histórias já para os bebês, despertam neles a curiosidade. A escola
também tem papel fundamental nesse processo, pois é ela quem pode mostrar para
a criança os diferentes gêneros textuais. A pessoa é mais letrada quanto mais
gêneros textuais ela domina, e ser mais letrada significa ser capaz de ler não
apenas as palavras, mas sim o seu significado e o que está em suas entrelinhas.
Diante dessas considerações, deve se destacar os estudos de Soares (1998,
47) que discutindo os conceitos de alfabetização e letramento nos fornece as
seguintes definições: “Alfabetização; ação de ensinar/ aprender a ler e a escrever.
Letramento; estado ou condição de quem não apenas sabe ler e escrever, mas
cultiva e exerce as práticas sociais que usam a escrita”.
Quem aprende a ler e a escrever e passa a usar a leitura e a escrita em
práticas de leitura e escrita, tornando-se uma pessoa diferente, adquire um outro
estado, uma outra condição. Passa-se a ser letrada, no sentido de viver em estado
de letra mento (usando socialmente a leitura e a escrita e respondendo
adequadamente às demandas sociais de leitura e de escrita).
Segundo Kleiman (1995, 20), “o fenômeno do letramento extrapola o mundoda escrita tal qual ele é considerado pelas instituições que se encarregam de
introduzir formalmente os sujeitos no mundo da escrita”.
Ainda quanto às diferenças entre letramento e alfabetização é necessário
alertar que, estes dois processos estão diretamente ligados, contudo, devemos
separá-los quanto ao seu abarcamento, devido as suas distinções já mencionadas
anteriormente. Há verificações de que a concepção de alfabetização também reflete
diretamente no processo de letramento. Por outro lado, o que também se observa éque, com freqüência, estes dois de maneira confusa têm sido fundidos como um só
processo. Essa confusão implica no exercício de um e de outro. Pois, onde entra a
alfabetização? E o letramento? Ou, se trabalham os dois simultaneamente?
Afirma-se que a alfabetização é algo que não tem um ponto final, então
dizemos que ela tem um continuum, e ainda, poderíamos dizer que este é o
letramento. Com isto, acordamos que os dois processos andam de mãos dadas.
Não queremos estabelecer uma ordem, ou seqüência, pois já defendemos que todotipo de indivíduo possui algum grau de letramento, mesmo que seja mínimo. O que
pretendemos é incentivar o educador a fazer uso do conhecimento nato de mundo
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que o educando possui e sua relação com a língua escrita, assim ele poderá
alfabetizar letrando.
2.2.2 – A RELAÇÃO DO PROFESSOR NA FORMAÇÃO DE UM BOM LEITOR
Discuti-se muito que os alunos não se interessam por ler (não têm o hábito de
leitura) ou só lêem quando são obrigados e pressionados pelo professor e que não
entendem os textos, pois apresentam dificuldades de compreensão e interpretação
dos textos. Para se formar um leitor, temos que distinguir entre formação e leitura,
formar e ler; pensar e refletir sobre o que se leu e se modificar, absorvendo o que
será útil e necessário para o seu crescimento, e não apenas passar para o outro o
que acaba de ler sem qualquer reflexão ou questionamento.
A criança pode ser alfabetizada sem ser letrada, uma vez que os textos
aplicados em sala de aula não lhe dão condições para resolver questões que o
mundo lhe propõe. E pode ser letrada sem ter sido alfabetizada, e esta é uma
situação encontrada no comportamento de não – escolarizados que desenvolveram
formas variadas de leituras transformando seu dia-a-dia num cenário informativo.
É letrada a pessoa que consegue tanto ler quanto escrever comcompreensão uma frase simples e curta sobre sua vida cotidiana. É iletradaa pessoa que não consegue ler nem escrever com compreensão uma frasesimples e curta sobre sua vida cotidiana (SOARES, 2001, 71).
Quando os, professores, favorecem discussões e debates sobre textos lidos
em classe, não nos limitando às tradicionais perguntas didáticas, obtemos
resultados surpreendentes. Embora o debate seja uma atividade essencialmenteargumentativa, com exigências cognitivas de raciocínio, isso permite que quanto
mais cedo isso for trabalhado mais cedo se dará o nível de letramento; pois quando
dominamos o assunto, então a escrita se dará com mais facilidade. O processo de
alfabetização continua sendo um desafio na área da educação, porém, ela é
fundamental e necessária para construir cidadãos ativos na sociedade, e esse
aprendizado deve ocorrer na escola de forma planejada e sistematizada.
Sabe-se que a escola dá continuidade ao processo de alfabetização dacriança que já vem sendo alfabetizada em casa. Esses processos devem ser vistos
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pelo professor que deverá trabalhar com esses conhecimentos trazidos pelo aluno,
utilizando textos voltados para a formação de cidadão crítico, que posteriormente
venha a exercer a cidadania. Hoje, visa-se à formação de leitores e produtores de
textos, nas mais diversas situações de interação social. O desafio é alfabetizar
letrando, lembrando que é possível que haja um indivíduo alfabetizado e mal letrado,
pois esses caminham juntos. Se antigamente se vis a alfabetização como produto
(sintético e analítico), hoje se vê como um processo de formação de cidadãos
críticos e ativos. Por isso não se restringe apenas aos professores; antes, estende-
se a todos que estão à volta do aluno que lhe auxiliam em sua formação. Hoje com
as propostas do (MEC-PCN) temos que formar bons leitores e produtores de textos,
sujeitos hábeis nos diferentes usos lingüísticos, oral e todas as formas de texto. Para
tanto é necessário que a escola desenvolva um projeto de alfabetização que se
entenda por dois aspectos:
• Planejem e desenvolvam seus trabalhos a partir de diretrizes teóricas,
pedagógicas, pois sem isso dificilmente serão formados bons leitores e
produtores de textos;
• Criem condições para o funcionamento e realização desse processo nainstituição, para os professores trabalharem continuamente esse sistema de
ação-reflexão, fornecendo alternativas para tais práticas.
Alfabetizar, antigamente, consistia apenas em o professor, transmitir
conhecimento. O aluno era formado num nível individual, desvinculado de seus usos
sociais; hoje, alfabetizar é, além de conduzir o aluno a reter conhecimentos,
proporcionar condições para que ele os use cotidianamente em suas atividades.Nesse processo, o professor tem que dar base e estrutura para a criança passar da
consciência ingênua para a crítica e que se sinta capaz de transformar o meio em
que vive.
No processo de alfabetização, o aluno tem que ter em mente a clareza do por
que e para quê aprender a ler e escrever, uma vez que a leitura pode ser definida
como um pensamento estimulado pela linguagem escrita.
.
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CAPÍTULO III
3 – VIVENDO O LETRAMENTO
3.1 – PRÁTICAS COTIDIANAS NA EDUCAÇÃO INFANTIL
O objetivo desta comunicação é mostrar como ocorre o letramento, a partir da
utilização de alguns instrumentos da Pedagogia para crianças de 3 à 6 anos.
É possível entender como instrumentos o suporte e as estratégias
empregados como recurso para o desenvolvimento do trabalho pedagógico nos
diferentes momentos do dia-a dia do agrupamento multietário: Roda da conversa,
jornal de parede, correspondência, jornal escolar, aula-passeio, livro da vida
(RECHINELI; FERREIRA; FERREIRA, 2006).
A rotina do agrupamento é composta pelo acolhimento das crianças no início
da aula, atividades pedagógicas com interrupção para a refeição e higiene. Os
instrumentos mencionados são utilizados de forma que os saberes infantis, as
capacidades e habilidades potenciais são plenamente contemplados agregados e
sistematizados, sem perder de vista a ludicidade e significação. Assim, buscandocontemplar as diferentes linguagens e a necessidade de significação oferece-se
diferentes materiais (escritos, orais, visuais, sinestésicos) e situações, para que a
criança possa, através deste contato e inter-relações daí advindas, construir um
repertório variado, não só de situações hipotéticas, mas de momentos vividos em
que se tem o uso e função social da linguagem presente no cotidiano da turma.
Este processo ocorre em diferentes momentos do dia-a-dia infantil, como por
exemplo, na roda da conversa que tem, entre outras, a função de expressão livre,organização das falas de cada um, interação e autonomia no processo de diálogo
(liberdade para a criança que está se expressando concluir o seu pensamento),
planejar o dia, contarem novidades e curiosidades, rever combinados.
Concomitante à roda da conversa ocorrem os registros no livro da vida, da
linguagem oral e assim, a língua escrita assume de maneira significativa o seu uso
social de uma forma natural e prazerosa através da participação das crianças na
maneira dialógicas como estruturam o plano de aula (ateliês), sugerem projetos,expressam curiosidades, contam novidades, inventam histórias, tomam decisões,
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assumem compromissos de trabalho, resolvem situações particulares de
relacionamento e convivência com o outro.
Conforme exposto acima, o livro da vida é um instrumento facilitador do
processo do letramento. É utilizado para que fique registrada a história da turma, os
sentimentos e a expressão. Este entrelaçamento desses dois instrumentos pôde ser
percebido anteriormente. Por ser uma fonte diariamente alimentada da vivência da
turma é que ele ganha grande significado para as crianças.
A utilização deste instrumento viabiliza o aprendizado natural da escrita, ou
seja, o aprendizado pelo seu uso. Dá-se início ao processo de alfabetização,
abolindo-se os exercícios de silabação como ba, be, bi, bo, bu. A alfabetização,
neste contexto, deixa de ser o único objetivo, ou objetivo principal, e passa a ser
parte do letramento. Vale a pena ressaltar que desta forma as crianças ingressam
no sistema de leitura e escrita como usuárias e não meras espectadoras.
Os temas surgidos partem da vida de cada um, trazida para dentro da sala,
que são naturalmente enriquecidos nos diversos ateliês existentes, havendo casos
em que a partir de uma curiosidade, surgem um novo ateliê. Alguns temas
perduram, outros são repentinamente absorvidos podendo ou não retornar mais
tarde.Continuando a falar sobre o livro de vida, acompanhada da escrita está a
ilustração em forma de desenhos, recortes, colagens, técnicas de pintura, inserção
de fotos, simples coloração com os diversos materiais (lápis, hidrocor, giz de
cera,etc.). Outro exemplo, o jornal de parede, a correspondência, o jornal escolar,
etc. comuns no cotidiano tornando possível a descoberta da escrita levantando-se
hipóteses e adquirindo, de forma gradativa as características formais da linguagem
escrita.outro instrumento pedagógico usado em sala é o jornal de parede cujoobjetivo também é de expressão, assim como reflexão e organização da turma
enquanto grupo. Exercita-se através da sua utilização a cooperação e a autonomia
para o aprendizado do convívio em grupo e por que não dizer, para o exercício da
cidadania. A correspondência e o jornal escolar viabilizam a comunicação viva entre
as turmas, outras Unidades Educacionais e para com a família e comunidade.
Desta forma, o ambiente escolar torna-se o principal incentivador da leitura e
da escrita. As crianças tornam-se leitoras, escritoras de textos, ou seja, produtorasde cultura. Observa-se com esta prática o nascimento da autonomia, a partir da
formação de autores em vez de meros leitores-consumidores.
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3.2 – O LETRAMENTO NOS BRINQUEDOS E NAS BRINCADEIRAS
O letramento também se faz presente nos brinquedos e brincadeiras do
cotidiano da Educação Infantil, que como prática social, cognitiva e cultural,
contribuem também para desenvolvimento de outras habilidades, tais como,
atenção, percepção, socialização entre outras.
E começando pela prática cultural temos o resgate de músicas e brincadeiras
como à língua (trava-línguas, parlendas), ou seja, este rico material é valorizado
através da exploração, leitura, canto, registro escrito, ilustrado e fonográfico (CD).
Assim, ao utilizarmos a música e a musicalidade, buscamos fazer um uso efetivo e
real, produzindo livros e CDs que no fim do ano as crianças levam consigo.
Os jogos são diariamente utilizados como ferramentas que viabilizam o
letramento para as crianças de diferentes faixas etárias que ao participarem de um
mesmo jogo (bingo, memória, etc), trocam com seus pares conhecimentos,
estratégias. As crianças maiores têm a possibilidade em ajudar os menores. Muitas
são as atividades e tateios possíveis; veja o exemplo de um plantio na horta,
percebe-se como um ótimo instrumento desencadeador do letramento e demais
disciplinas como ciências, geografia, história, artes, matemáticas. A horta é umaforma de entrar em contato com conhecimentos já consolidados, descobrindo como
funcionam leis da natureza, uso do texto informativo e científico, das imagens, do
desenho e da escrita alfabética como registro do constatado e vivenciado.
É por tudo isso que uma palavra-chave que possua significado para a turma é
suficiente para alimentar projetos, textos livres, criação de poesias, elaboração de
palavras cruzadas, caça-palavras, dramatizações, músicas, artes plásticas,
pictóricas.Parafraseando com Jolibert que,
“... não se ensina uma criança a escrever, é ela quem ensina a si mesma(...) Cada criança possui seu caminho próprio; é preciso que ela viva assituações de aprendizagem que lhe permitam ao mesmo tempo ter referências constantes e construir suas próprias competências” (1994, 35).
Um universo se descortina a partir de uma palavra dita ou ouvida, que faça
sentido à vida de uma criança e, é atrás deste elemento que as acadêmicas desse
TCC privilegiam as educadoras da educação infantil descartando a escolástica,
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contemplando a vida e permitindo que esta adentre a sala de aula através dos
cincos sentidos da criança.
3.3 – SUGESTÕES DE ATIVIDADES DE LETRAMENTO
3.3.1 – MURAL DO AUTO-RETRATO
• Os alunos desenharão seu retrato, colocando-o no mural junto ao seu nome.
• Após alguns dias, somente os nomes serão colocados e cada um deverá
colocar o seu retrato.
• O professor, a cada dia, retira dois ou três retratos e os alunos deverão
descobrir os que estão faltando.
• Pedir que cada criança escolha um coleguinha mostrando o retrato no painel
e dizer as suas qualidades.
• Neste mural, o professor poderá também trabalhar como painel de presenças,
pedindo que os alunos contem o número de alunos presentes, quantos meninos,
quantas meninas, quantos faltaram, etc.
• Pedir para mostrar os nomes dos alunos que comecem com a letra A, M, C,
etc.
• Pedir para lerem o nome do colega, a primeira letra ou a primeira sílaba.
3.3.2 – DESCUBRA O SEU NOME
• O professor escreve os nomes dos alunos em cartões, mas com as letras fora
de ordem.
• Os cartões serão colocados sobre a mesa ou então pregados no quadro.
• Cada aluno deverá descobrir o seu nome e escrevê-lo no quadro.
3.3.3 – BOLICHE COM NOMES
• Distribuir a turma em grupos.
• Cada grupo confeccionará o seu boliche usando latinhas de refrigerante ou
outro tipo de embalagem.
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• Forrar as latinhas com papel fantasia, pardo ou computador.
• Pregar os nomes dos alunos integrantes do grupo em cada latinha.
• Quem conseguir acertar primeiro seu nome ganha o jogo.
3.3.4 – VARIAÇÃO
• Quando o aluno derrubar a latinha, deverá dizer a primeira letra, a última
letra, quantos pedacinhos tem o nome (sílabas).
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
Todo educador deve amar o que faz, acreditar no que possa vir a fazer, e
interessar-se pelo que ainda não sabe, buscando sempre novos conhecimentos.
Nenhuma sugestão metodológica terá valor se os educadores não procederam a
uma reflexão profunda sobre como estão alfabetizando e relacionando-se com as
crianças, e não se dispuserem a modificar tal relação e a prática de alfabetizar.
O estudo expresso no processo de alfabetização infantil demonstra algumas
necessidades de inovações no sentido de preparação em níveis qualitativos do
professor visando atender as necessidades da criança no contexto escolar. Sabe-se
que a criança nas suas relações cotidianas entra em contato com uma variedade de
informações particularizada, e é nesse sentido que a prática pedagógica voltada à
educação infantil deve se efetivar oportunizando o alcance de níveis qualitativos de
aprendizagem.
O melhor modo de se aprender a ler e escrever é sem o medo da rejeição. E
com um professor próximo e compreensivo quanto às dificuldades de cada alunoindividualmente. Se nós, educadores estivermos dispostos a conhecer, e mais do
que isso: considerar o mundo de cada criança, conseguiremos os resultados
positivos que não nos era possível devido a um relacionamento professor/aluno
ultrapassado. É importante que as atividades propostas para o aluno, abram novos
caminhos para que ele se aproprie, gradativamente, dos instrumentos necessários
de que precisa para ler, escrever, contar, conhecer e compreender o mundo à sua
volta.Destaca-se que apesar da padronização que em alguns momentos foram
assumidos nos processos de alfabetização implementado por algumas escolas,
contudo a criança ainda não consegue aprender a ler fazendo uma conexão com a
realidade que apresenta no cotidiano de suas relações sociais. Assim é necessário o
educador ao intervir no processo educativo visando à alfabetização da criança
conhecer os condicionamentos e os aspectos motivacionais que se convergem,
tornando-se empecilho para aquisição de leitura qualitativa.Compreende-se que no momento que a escola define os métodos em
técnicas de ensino voltados a alfabetização da criança, ela deve ter pleno
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conhecimento da realidade que esses sujeitos trazem a partir da analise das
condições de vida da comunidade em que a escola esta inserida. Alem disso, é
necessário a escola ao promover a alfabetização articular o mundo vivido pela
criança, constante de jogos e brincadeiras que estimula o ato de aprender e para
isso há necessidade do professor estar dominando sua prática pedagógica numa
dimensão inovadora e possibilitadora da articulação com a realidade da criança. O
rompimento com a homogeneização que a escola pratica de maneira ingênua em
alguns momentos, devem conduzir a atenção as necessidades particulares de
aprendizado que as crianças trazem â escola, visando construir possibilidades de
êxito no processo educativo infantil.
Com base nos apontamentos, propomos uma reflexão sobre o processo
ensino e aprendizagem, considerando dois aspectos: primeiro, a necessidade e
importância de ensinar à escrita e a leitura para a criança com uso e função social,
isto é, a alfabetização na perspectiva de oferecer uma educação que oportunize
crescimento da vida pessoal e profissional do aluno: o segundo aspecto tem relação
com a metodologia empregada para oportunizar essa aprendizagem.
A aprendizagem deve contribuir no sentido de levar o educando a
desenvolver sua própria capacidade de conhecer e atuar criativamente no seurespectivo campo de saber, trabalho e vida. Quando optamos por pesquisar os
métodos de alfabetização e a relação com o rendimento interno do ensino, nosso
propósito foi de verificar se de fato a alfabetização está contribuindo para a
construção deste caminho.
Cremos que as atividades sempre devem colocar as crianças em situações
mais próximas da realidade do ato de ler. Na realidade, há uma necessidade de lutar
contra os problemas tais como: ensinar as crianças a ler, a escrever e a seexpressar de maneira competente. Este é o grande desafio para os professores:
entenderem que a leitura pode ser uma fonte de informação e conhecimento, todos
esses problemas podem ser vencidos para tentar mudar e melhorar a educação
infantil.
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