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FACULDADES ATIBAIA – FAAT CURSO DE PÓS-GRADUAÇÃO LATO SENSU GESTÃO AMBIENTAL E SUSTENTABILIDADE
THAIS SCOGNAMIGLIO CAMPOS LOURENÇO
DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DO PERFIL AMBIENTAL DE INDÚSTRIAS DO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, MG
CAMANDUCAIA, MG 2012
THAIS SCOGNAMIGLIO CAMPOS LOURENÇO
DIAGNÓSTICO E ANÁLISE DO PERFIL AMBIENTAL DE INDÚSTRIAS DO MUNICÍPIO DE CAMANDUCAIA, MG
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao
Curso de pós-graduação Lato Sensu Gestão Ambiental e Sustentabilidade, das Faculdades Atibaia, sob a orientação do Professor: Dr. João Luiz Hoeffel.
CAMANDUCAIA, MG 2012
ii
Dedico este trabalho a mim e a todos que me ajudaram de alguma forma. Este trabalho é resultado da dedicação à ciência que escolhi estudar, a ciência da vida.
iii
Agradeço a toda minha família, a todos os professores do curso de pós-graduação Lato Sensu em Gestão Ambiental e Sustentabilidade, da FAAT, em especial ao meu orientador e professor Dr. João Luiz Hoeffel, que me ensinou muito durante todo esse tempo.
iv
"Nós não herdamos a terra de nossos ancestrais, nós a tomamos emprestada de nossos filhos" (Provérbio indígena norte-americano).
v
RESUMO
Este trabalho propôs uma pesquisa de campo e análise multicaso com a finalidade de investigar e analisar o perfil ambiental de indústrias do município de Camanducaia, estado de Minas Gerais. A amostra selecionada foi de sete indústrias, sendo a amostra acessível composta por quatro delas. Todas as ações exercidas por uma organização na realização de suas atividades e os impactos ambientais gerados constituem uma gama de aspectos possíveis e demandam análises direcionadas, dessa forma se é justificado o levantamento do comportamento das mesmas para as questões ambientais e sua gestão. As atividades industriais constituem uma parcela mínima da economia do município de estudo. Entretanto, todas as indústrias são consideradas potencialmente poluidoras pela legislação aplicada. Instaladas próximo à Rodovia Fernão Dias (BR 381), território integrante da Área de Proteção Ambiental – APA Fernão Dias, as indústrias pesquisadas pertencem a setores e portes variados. Os impactos adversos potenciais às atividades industriais vêm influenciando na busca por soluções e estratégias ambientais. Isso se deve principalmente à regulamentação legal. É crescente a valorização da qualidade ambiental na agenda das organizações e, a série ISO 14000, tem representado uma possibilidade de estender essa preocupação pelo mundo. Algumas conclusões importantes desse trabalho foram: os fatores determinantes para adoção de práticas voluntárias de gestão ambiental são,
principalmente, de origem externa, como a regulamentação e as pressões de mercado, o porte e a nacionalidade também foram marcantes nesse aspecto; a vantagem principal dessa adoção consiste na melhora de sua imagem perante à sociedade e aos clientes; e a principal limitação identificada foi a existência,
estruturação e autonomia do departamento de meio ambiente dentro da indústria. Também evidenciou-se que praticamente todas as indústrias adotam soluções e estratégias ambientais eficazes. Conclui-se que é fundamental, nos dias atuais, que as indústrias assumam e invistam na gestão ambiental. É o que se espera incentivar com este trabalho. Palavras-chave: perfil ambiental, gestão ambiental, indústria, Camanducaia.
vi
ABSTRACT
This paper proposed a field research and analysis with multicase order to investigate and analyze the environmental profile of industries in the municipality of Camanducaia, state of Minas Gerais. The sample was seven industry, the sample being accessible composed of four. All actions performed by an organization in carrying out their activities and the environmental impacts are a range of possible aspects and require targeted analysis, thus it is justified lifting the conduct of those environmental issues and their management. Industrial activities represent a small portion of the city's economy study. However, all are considered potentially polluting industries by legislation. Installed near the Fernão Dias Highway (BR 381), an integral territory of the Environmental Protection Area - APA Fernão Dias, the industries surveyed belong to different sectors and sizes. The potential adverse impacts to industrial activities are influencing the search for solutions and environmental strategies. This is mainly due to legal regulations. There is a growing appreciation of environmental quality on the agenda of organizations and the ISO 14000 series, has shown an ability to extend that concern the world. Some important conclusions of this work were the determining factors for the adoption of voluntary environmental management practices are mainly from external sources, such as regulation and market pressures, size and nationality were also striking in this respect, the main advantage of this adoption consists in improving its image in the society and customers, and the main limitation identified was the existence, structure and autonomy of the department of environment within the industry. Also showed that virtually all industries adopt effective environmental solutions and strategies. It is essential that, nowadays, assume that the industries and invest in environmental management. It is expected to encourage this work. Keywords: environmental profile, environmental management, industry,
Camanducaia.
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SUMÁRIO
INTRODUÇÃO........................................................................................................ 10
1. REFERENCIAL TEÓRICO.................................................................................. 11
1.1. A Gestão Ambiental e a indústria................................................................ 11
1.2. Breve histórico da questão ambiental......................................................... 13
1.3. Normais Ambientais aplicáveis à indústria.................................................. 21
1.3.1. Legislação Federal...................................................................................... 22
1.3.2. Legislação Estadual.................................................................................... 23
1.3.3. Legislação Municipal................................................................................... 24
1.3.4. Normas Técnicas de Meio Ambiente........................................................... 24
1.3.5. Normas de Gestão Ambiental..................................................................... 25
1.4. A Gestão Ambiental na Indústria................................................................. 27
1.4.1. Fatores determinantes e vantagens para adoção de práticas voluntárias
de Gestão Ambiental.....................................................................................
30
1.4.2. Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)..................... 32
1.4.2.1. Considerações sobre os aspectos econômicos.................................... 35
1.4.2.2. Considerações sobre os aspectos sociais............................................ 36
1.4.2.3. Considerações sobre os aspectos ambientais...................................... 37
1.4.3. Soluções e estratégias ambientais.............................................................. 39
1.4.4. Certificação Ambientais............................................................................... 42
2. OBJETIVOS............................................................................................................ 45
2.1. Objetivo Geral.................................................................................................. 45
2.2. Objetivos Específicos....................................................................................... 45
3. METODOLOGIA..................................................................................................... 46
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO.............................................................................. 48
4.1. Caracterização da área e objetos de estudo................................................... 48
4.2. Identificação do perfil ambiental....................................................................... 52
4.2.1. Perfil do profissional de gestão ambiental.................................................... 52
4.2.2. Perfil da indústria e processo produtivo........................................................ 53
4.2.3. Perfil ambiental geral.................................................................................... 56
4.2.4. Perfil do Sistema de Gestão Ambiental........................................................ 59
4.2.5. Perfil de responsabilidade social................................................................... 60
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS................................................................................ 63
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS........................................................................ 64
7. APÊNDICE.............................................................................................................. 69
viii
LISTA DE TABELAS
Tabela 1. Princípios de Gestão Ambiental da Carta Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável.....................................................................
18
Tabela 2. Legislação Federal aplicável à indústria...................................................... 22
Tabela 3. Legislação Estadual (Minas Gerais)............................................................ 23
Tabela 4. Principais normas técnicas de meio ambiente aplicadas à indústria.......... 25
Tabela 5. Normas da série ISO 14000 e outras aplicáveis à indústria........................ 27
Tabela 6. Objetos de estudo e respectivas atividades industriais............................... 50
Tabela 7. Dados iniciais dos entrevistados................................................................. 53
Tabela 8. Dados básicos das indústrias...................................................................... 53
Tabela 9. Continuação dos dados básicos das indústrias.......................................... 54
Tabela 10. Aspectos ambientais das indústrias............................................................ 56
Tabela 11. Continuação dos aspectos ambientais das indústrias................................. 57
Tabela 12. Equipamentos de Proteção Individual – EPI’s mais utilizados nas
indústrias.....................................................................................................
60
Tabela 13. Aspectos sociais e relacionamento nas indústrias...................................... 60
Tabela 14. Educação Ambiental nas indústrias............................................................ 62
ix
LISTA DE FIGURAS
Figura 1. Sistema de Gestão Ambiental (SGA) objetivando a melhoria contínua........ 33
Figura 2. Informações básicas pra a elaboração de um Plano de Gestão Ambiental
(PGA).............................................................................................................
33
Figura 3. Mapa de zoneamento ambiental da APA Fernão Dias.................................. 51
Figura 4. Foto da região de Monte Verde, distrito de Camanducaia-MG, com
predominância de atividades silviculturais em meio à fragmentos de Mata
Atlântica.........................................................................................................
51
Figura 5. Foto das margens da Rodovia Fernão Dias, Camanducaia-MG, com
predominância de instalação industrial e comercial......................................
52
10
INTRODUÇÃO
Nas décadas de 1960 e 70, uma nova consciência ambiental surgiu situando o
meio ambiente como princípio da humanidade. A partir dos anos de 1980, gastos com
proteção ambiental, nas organizações, passaram a ser considerados como
investimentos para o futuro e como vantagem competitiva. E, depois dos anos 1990,
uma mudança na postura e atitude dos administradores começou a se expandir
(LOPES, 2004).
As questões ambientais estão ganhando cada vez mais destaque nas
estratégias e ações das organizações (HEINZEN et al., 2011). Isso se deve ao
aumento da preocupação da sociedade pelas questões ambientais, à maior restrição
da legislação aplicável e aos mecanismos de competitividade (DAROIT;
NASCIMENTO, 2000).
A globalização dos negócios, a padronização do conceito de qualidade
ambiental e a crescente conscientização da população e dos consumidores são os
principais fatores que possibilitam à previsão de serem, cada vez maiores as
exigências ambientais no futuro. Assim, as organizações não podem deixar de
incorporar a variável ambiental em sua gestão e responsabilidades (BRANDLI et
al.,2008).
Perante o desafio imposto por vários fatores, muitas organizações estão
encontrando nos sistemas de gestão ambiental (SGA) a oportunidade de sistematizar
suas ações em prol do desenvolvimento sustentável (HEINZEN et al., 2011).
Todas as ações executadas por uma organização na realização de suas
atividades e os impactos gerados ao meio ambiente constituem uma gama de
aspectos possíveis e demandam análises direcionadas, dessa forma se justifica
levantar o comportamento das mesmas para as questões ambientais e sua gestão
(GUIMARÃES, 2010).
Sobre as indústrias de diversos setores instaladas em Camanducaia, município
sul mineiro, integrante da Área de Proteção Ambiental - APA Fernão Dias se tem
pouca informação com relação ao perfil e desempenho ambientais. Os dados e
informações disponíveis nos órgãos públicos não permitem uma avaliação consistente
do assunto.
Considerando que o município em questão, além de outras restrições, tem seu
uso e ocupação do solo norteado pelo zoneamento constante no Plano de Gestão da
APA (que incluiu considerações do Plano Diretor municipal), o conhecimento e a
11
análise de tais informações são objetivos desse trabalho e imprescindíveis para a
melhoria do processo de gestão ambiental do município, bem como para a divulgação
da situação do desempenho ambiental das indústrias analisadas, que,
consequentemente, buscarão soluções para a melhoria de sua conduta perante as
questões ambientais.
12
1. REFERENCIAL TEÓRICO
1.1. A gestão ambiental e a indústria
Por meio de comprovações científicas atuais, é possível concluir que a biosfera
encontra-se em um alto nível de estresse, o qual já supera a capacidade de sustentar
o padrão de consumo da população mundial, que cresce constantemente,
considerando os recursos naturais ainda disponíveis (VALLE, 2010).
Nos últimos anos, as preocupações ambientais estão crescendo nas
sociedades desenvolvidas e também nas em desenvolvimento (DENARDIN; VINTER,
2000).
Nessa perspectiva, a gestão ambiental aparece com o papel de possibilitar a
determinação do modelo de desenvolvimento de organizações e nações e, como estas
poderão afetar o presente e o futuro a qualidade de vida da população e a qualidade
do meio ambiente (HEINZEN et al., 2006).
Cada vez mais, o ser humano está disposto a cumprir com o compromisso do
desenvolvimento sustentável, o qual se propõe a atender às necessidades da atual
geração sem prejudicar o direito das futuras gerações de atenderem as mesmas
necessidades de vida (VALLE, 2010).
Nesse aspecto, é indispensável que haja sustentabilidade nas atividades das
organizações, a fim de que as mesmas cresçam e permitam o desenvolvimento da
sociedade, proteção do meio ambiente e satisfação dos funcionários (VIEIRA et al,
2007).
Somente pode ser considerado que uma população, suas empresas e seus
governantes estão realmente considerando a gestão ambiental, no momento em que
os problemas básicos da gestão não ambiental forem sanados. No Brasil, o assunto só
começou a ser discutido realmente após o alcance de uma maior estabilidade política
e econômica, quando houve abertura à exportação (ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL,
2008).
Segundo Valle (2010, p.72), “a Gestão Ambiental consiste em um conjunto de
medidas e procedimentos bem definidos que, se adequadamente aplicados, permitem
reduzir e controlar os impactos introduzidos por um empreendimento sobre o meio
ambiente.”
É evidente que a expansão da prática da gestão ambiental colabora para a
maior conscientização e desenvolvimento da sociedade com relação ao tema,
produzindo efeitos positivos no comportamento das organizações e incentivando
atitudes pro ativas em favor da qualidade ambiental (VALLE, 2010).
13
Alguns conceitos importantes que englobam o tema gestão ambiental são
explicitados nos parágrafos a seguir.
Como desenvolvimento sustentável entende-se o desenvolvimento que visa
atender às necessidades da atual geração sem prejudicar o direito das futuras
gerações de atenderem as mesmas necessidades de vida (VALLE, 2010).
Deve-se compreender que desenvolvimento sustentável não concebe um
rompimento com o sistema capitalista, ao contrário, adiciona uma nova dimensão ética
ao arquétipo de desenvolvimento econômico (LEIS, 1999).
Por poluição ambiental, considera-se toda ação antrópica que, pela descarga
de material ou energia atuando sobre água, solo, ar, cause desequilíbrio nocivo sobre
o meio ambiente. E, resíduos são materiais decorrentes de atividades antrópicas,
gerados como sobras de processos (VALLE, 2010).
A educação ambiental constitui um processo informativo e formativo que visa à
melhoria da qualidade de vida das pessoas envolvidas e dos ambientes que as
cercam (VALLE, 2010).
À probabilidade e a gravidade dos danos potenciais ligados a determinada
atividade, constituem o seu risco ambiental (VALLE, 2010).
De acordo com o Novo Dicionário Aurélio (2004), indústria é toda “atividade de
produção de mercadorias, especialmente de forma mecanizada e em grande escala,
abrangendo a extração de produtos naturais (indústria extrativa) e sua transformação
(indústria de transformação)” (p. eletrônica).
Pelo fato das indústrias serem produtoras de bens e serviços ficam em grande
evidência na questão ambiental, isto é, elas sofrem maior pressão para a mudança de
postura, melhoria de seus processos produtivos, com a geração de menos quantidade
de resíduos e poluentes e menores consumo de matérias-primas e energia (MOURA,
2000).
Com o passar dos anos e com a aceleração do crescimento industrial, é certo
que o equilíbrio ecológico pode ser afetado ainda mais em relação à localização de
novas indústrias, em decorrência ao esgotamento ou saturação de recursos naturais,
além da poluição (VALLE, 2010).
A instalação e as atividades das indústrias estão relacionadas com grandes
impactos ambientais. Diretamente causados pelo processo produtivo, tais como
poluição, interferência em recursos naturais, entre outros; e, indiretamente pela
abertura ou adaptação de estradas, etc. (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
“A proteção ambiental não pode ser alcançada à custa da inviabilização
econômica da atividade produtiva.” (VALLE, 2010, p.32). Isso porque, embora os
impactos ambientais das indústrias sejam os que concentram os maiores e mais
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graves riscos, não é correto atribuir a elas todo o ônus da poluição, já que atualmente,
a maioria das necessidades humanas somente pode ser atendida por meio das
atividades industriais, principalmente por causa do aumento populacional (VALLE,
2010).
Devido ao aumento da demanda por bens e serviços, relacionada
principalmente a esse crescimento populacional, consequentemente está havendo o
crescimento das atividades industriais. Dessa forma, há nova demanda por
tecnologias voltadas para os processos produtivos, além da necessidade de técnicas
administrativas voltadas ao gerenciamento dessas atividades com a preocupação
ambiental (MOURA, 2000).
Hoje, a exigência pela eficiência dos processos produtivos e do
desenvolvimento de produtos com ciclos de vida que causem baixos impactos, é
imprescindível para atender à promoção de contingentes de consumidores (VALLE,
2010). Além do que o aumento consequente da produtividade, quando se diminui a
poluição, é possível porque ela é considerada como um desperdício econômico
(BORGES; TACHIBANA, 2005).
A seleção de técnicas e tecnologias mais adequadas ao aprimoramento do
desempenho ambiental de uma organização deve considerar seu ramo de atuação,
seus impactos ambientais potenciais e seu processo produtivo (GRUMMT Filho;
WATZLAWICK, 2008).
1.2. Breve histórico da questão ambiental
O meio ambiente sofre com os impactos das atividades antrópicas há muito
tempo. Historicamente, esse quadro tem se agravado e, atualmente a convivência com
as conseqüências advindas da degradação ambiental é global. Os fatores
contribuintes para essa destruição gradual vêm acompanhando a humanidade desde o
desenvolvimento da agricultura, instituição da Revolução Industrial chegando até o
capitalismo atual (BORGES; TACHIBANA, 2005).
O desenvolvimento e expansão da agricultura e o consequente crescimento
populacional implicou nos primeiros desmatamentos. Com o posterior
desenvolvimento da manufatura, houve mudanças nas relações sociais e de trabalho.
Esse período que precedeu a Revolução Industrial foi marcado pelo início de uma
dependência de combustíveis fósseis que perduram até os dias de hoje. Assim, logo
houve aumento excessivo na produção, o que estimulou uma exploração elevada dos
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recursos naturais, além da elevação da quantidade e diversidade de resíduos gerados
(BORGES; TACHIBANA, 2005).
No período de Revolução Industrial não havia preocupação com a questão
ambiental, já que existiam recursos em abundância e a poluição não era o foco de
atenção para a sociedade da época (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
Um dos maiores impactos ambientais que acompanhou o ser humano foi a
geração de resíduos e sua disposição. Apenas recentemente que se percebeu que a
verdadeira solução para esse problema é a não geração de resíduos e o
desenvolvimento de técnicas que evitem ao máximo o desperdício (VALLE, 2010).
As formas com que a produção e o consumo foram instituídos exigem recursos
e gera resíduos em imensa quantidade, fato que ameaça a capacidade de suporte do
planeta (BORGES; TACHIBANA, 2005).
Antes do início dos anos de 1970, existiam apenas algumas normas e
regulamentos que tratavam de saúde pública, da proteção à fauna e flora, de
segurança e higiene industrial (VALLE, 2010).
Em meados da década de 1930, o Brasil viveu intensas modificações políticas,
foi quando entraram em vigor o antigo Código Florestal e o Código de Águas (ambos
de 1934) e, também o Código de Caça e o de Mineração. Nessa época, a legislação
se desenvolvia devido à preocupação setorial voltada para os interesses econômicos
emergentes. Após a Revolução de 1964 surgiu a preocupação com relação à
utilização dos recursos naturais de forma racional, considerando que sua exploração
não prejudicasse a saúde da população e sua qualidade de vida. Desse período
podem ser mencionadas, entre outras, o Estatuto da Terra (Lei nº 4.504 de 1964), o
novo Código Florestal (Lei nº 4.771 de 1965) e a Lei de Proteção à Fauna (Lei nº
5.197 de 1967) (INAGÊ, s.d.).
A partir da década de 1960 surgem os primeiros movimentos ambientalistas
motivados pela contaminação da água e ar, principalmente, nos países em processo
de industrialização (VALLE, 2010).
Entre as décadas de 1960 e 1970 ocorreu grande crescimento industrial que
causou altíssimo impacto ambiental. As medidas ambientais apresentavam caráter
marginal e eram vistas como dispendiosas e indesejáveis. Foi uma fase de produzir a
qualquer custo, sendo a poluição vista como decorrência normal do processo industrial
(FANG, 2001).
A década de 1970 foi marcada pelo estabelecimento de regulamentações e de
controle ambientais. Após a conhecida Conferência das Nações Unidas sobre o Meio
Ambiente, que ocorreu em Estocolmo (1972), muitos países iniciaram a organização
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de órgãos e a elaboração da legislação ambiental. Inclusive influenciou notavelmente
a legislação ambiental brasileira (VALLE, 2010).
Nesse evento, foi publicado o famoso relatório Limites do Crescimento,
elaborado por cientistas (Clube de Roma), que utilizando modelos matemáticos,
buscou conscientizar a sociedade dos limites da exploração dos recursos do planeta
(BORGES; TACHIBANA, 2005).
Ainda na década de 1970, ocorreu uma crise energética, devido ao aumento do
preço do petróleo. Com isso, iniciaram-se novas discussões a cerca da racionalização
do uso de energia e a possível busca de fontes energéticas alternativas (VALLE,
2010).
Nas décadas de 1970 e 1980, as mudanças de práticas ambientais podem ser
consideradas como resposta das organizações a sanções legais e também, sociais.
Iniciou-se nesse período uma integração entre a questão ambiental e as estratégias de
negócios e, muitas organizações criaram departamentos para tratar do tema (SOUZA,
2002).
As questões ambientais no âmbito da regulamentação técnica, até
recentemente, eram tratadas pela definição de padrões e limites de emissões, os
quais deviam ser respeitados por seus geradores. Dessa forma, por não haver uma
visão sistêmica dos impactos ambientais, os esforços limitavam-se apenas à avaliação
do atendimento a tais padrões e limites (VALLE, 2010).
Foram surgindo, aos poucos, iniciativas para identificação e promoção de
produtos que não causam impactos ambientais significativos e a criação de símbolos
ou rótulos ecológicos, também conhecidos como selos verdes (VALLE, 2010).
É visível o atraso na evolução do desenvolvimento da Gestão Ambiental no
Brasil. Isso se deve aos momentos enfrentados pelo país, na época de alternância de
paradigma na comunidade internacional (década de 1970), quando o Brasil buscava
crescimento econômico e era dominado pela ditadura militar (SILVA Filho et. al.,
2009).
Legislações ambientais específicas entraram em vigor na década de 1980,
controlando a instalação de novas indústrias e estabelecendo exigências para
emissões das indústrias já implantadas. Também, foram nessa época que se
desenvolveram as empresas de consultorias para elaboração de estudos ambientais
(VALLE, 2010).
Em 1981, entrou em vigor a Lei Federal da Política Nacional de Meio Ambiente
(nº 6.938 de 1981), que tratava de uma das questões legais relevantes relacionadas à
atividade e a instalação de indústrias: o licenciamento ambiental. Por desse
procedimento uma organização terá permissão para operar em um local definido.
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Todas as atividades sejam ou não industriais, de potencial impacto ambiental devem
requerer licença ao órgão ambiental estadual.
O processo de licenciamento é dividido em três fases, geralmente: consulta ou
licença prévia (LP) para avaliar a viabilidade ambiental da atividade; a licença de
instalação (LI) e a licença de operação (LO). Para a avaliação do órgão ambiental, é
fundamental a elaboração e apresentação de um estudo ambiental. O mais conhecido
é o Estudo de Impacto Ambiental e seu respectivo Relatório (EIA-RIMA), mas a
formatação do estudo depende da classificação da atividade, local, entre outros,
estabelecidos pelo próprio órgão pelo termo de referência (VALLE, 2010).
Em 1988, um capítulo foi reservado ao tema ambiental na Constituição
Federativa do Brasil.
Nessa época, a proteção ambiental ainda era vista com olhar defensivo,
focando-se apenas na busca por soluções corretivas para atender regulamentações,
começou a ser considerada como necessidade, já que reduzia o desperdício de
matéria-prima, surge assim a ideia de ecoficiência. Além disso, essas atitudes
acabavam por garantir uma boa imagem para a indústria (VALLE, 2010).
Foi importante também nessa fase, a preocupação com a substituição de
certas substâncias e materiais (como o benzeno, chumbo, mercúrio, entre outros) cuja
disposição gerava graves impactos por outras menos poluentes (VALLE, 2010).
Na década de 1980, algumas empresas deixaram de considerar o meio
ambiente como problema e custo e iniciaram pesquisas de métodos ambientais para
economizar dinheiro e aumentar vendas. Além disso, elas começaram a ter atitudes
mais proativas, reconhecendo que significativo Sistema de Gestão Ambiental pode
fortalecer a imagem da corporação, melhorar os lucros, a competitividade e reduzir
custos (VALLE, 2010).
A mudança de postura das indústrias evidenciou-se na multiplicação dos selos
verdes (FANG, 2001).
Após a percepção da escassez de recursos somados ao crescimento
desordenado da população mundial, surgiu o paradigma da sustentabilidade do
desenvolvimento (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
Dois relevantes documentos foram elaborados nessa década, como exemplo
da preocupação global com a conservação do meio ambiente: o Protocolo de Montreal
(1987), que exclui uma grande quantidade de produtos químicos (clorofluorcarbonetos
ou CFC’s), além de estabelecer prazos para sua substituição (VALLE, 2010); e, o
Relatório da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente Desenvolvimento (Relatório
Brundtland), mais conhecido como Nosso Futuro Comum, que disseminou pelo mundo
o conceito do desenvolvimento sustentável (BORGES; TACHIBANA, 2005).
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Assim, posteriormente vieram as preocupações com os movimentos
transfronteiriços de resíduos e também com a manutenção do equilíbrio ecológico,
compreendendo que os efeitos ultrapassam os limites de área onde ocorrem os
impactos (VALLE, 2010).
No final da década de 1980, as organizações, enfim, se viram preparadas e
dispostas a internalizar os custos da qualidade ambiental. A partir disso, foram
surgindo os chamados ecoprodutos (VALLE, 2010).
Em 1992, ocorreu no Rio de Janeiro, a Conferência das Nações Unidas sobre
Meio Ambiente e Desenvolvimento, conhecida também como Cúpula da Terra ou Rio
92, marco do inicio das discussões ambientalistas acerca da gestão ambiental global
(BORGES; TACHIBANA, 2005).
Houve a produção de vários documentos relevantes, tais como a Agenda 21, a
qual sustenta a ideia de incorporação dos custos ambientais nas decisões dos
produtos e consumidores, fazendo, dessa forma, com que os preços reflitam o real
valor dos recursos utilizados, além de prevenirem a degradação ambiental (VALLE,
2010).
Também foi na década de 1990, que entraram em vigor algumas normas
internacionais de gestão ambiental, as quais constituem relevantes passos em prol da
conservação do meio ambiente e do desenvolvimento sustentável (VALLE, 2010).
A Organização Internacional para a Normalização (ISO) após o grande sucesso
das normas de qualidade ISO 9000 elaborou uma nova série de normas denominada
ISO 14000, voltadas especificadamente à qualidade ambiental em produtos e serviços,
aplicáveis a qualquer porte ou tipo de organização (MOURA, 2000).
Em 1991, a ISO criou um grupo para analisar a necessidade da elaboração de
normas na área ambiental. Durante a Conferência das Nações Unidas sobre Meio
Ambiente e Desenvolvimento (1992), o Conselho Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável apoiou a criação de um Comitê específico para tratar da gestão ambiental,
estabelecido formalmente em 1993 (Comitê Técnico de Gestão Ambiental –
ISO/TC207). Em reuniões plenárias anuais os representantes de 60 países promovem
a constante evolução do campo de trabalho (LEMOS, s.d.).
Ainda em 1991, foi publicada a Carta Empresarial para o Desenvolvimento
Sustentável – Princípios de Gestão Ambiental, como resultado da 2ª Conferência
Mundial da Indústria sobre a Gestão do Meio Ambiente e, tem como finalidade
comprometer organizações com a melhoria ambiental, por meio da adoção de
programas de gestão ambiental.
Segue na Tabela 1, a síntese de seus dezesseis artigos onde há a expressão
dos princípios propostos:
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Tabela 1: Princípios de Gestão Ambiental da Carta Empresarial para o
Desenvolvimento Sustentável
Artigo Síntese
1º Prioridade na Empresa Reconhecer a gestão ambiental como prioridade.
2º Gestão Integrada Integrar plenamente os aspectos de gestão.
3º Aperfeiçoamento Aperfeiçoar continuamente a gestão.
4º Formação do Pessoal Formar e motivar o pessoal.
5º Avaliação Prévia Avaliar previamente impactos ambientais.
6º Produtos e Serviços Desenvolver produtos ou serviços ambientalmente corretos.
7º Consumidores Informar aos consumidores e outros sobre os bens produzidos.
8º Instalação e Atividades Desenvolvidas com base na eficiência.
9º Pesquisas Realizar/patrocinar pesquisas sobre seus aspectos ambientais.
10º Medidas Preventivas Estabelecer medidas para evitar degradação ambiental.
11º Fornecedores Promover a adoção desses princípios aos fornecedores.
12º Planos de Emergência Desenvolver e manter planos de ação contra emergências.
13º Tecnologia Transferir tecnologia e métodos que respeitem o meio ambiente.
14º Esforço Comum Contribuir para sociedade, valorizar a proteção ambiental.
15º Abertura ao Diálogo Promover diálogos dentro e fora da organização.
16º Regulamentos e Informação Cumprir os regulamentos e informar todos os interessados.
Fonte: VALLE, 2010 (adaptado).
Em 1994, foi criado com o apoio da Associação Brasileira de Normas Técnicas
(ABNT), o Grupo de Apoio à Normalização Ambiental (GANA), com sede no Rio de
Janeiro, com o objetivo de acompanhar e analisar os trabalhos desenvolvidos pelo
ISO/TC207 e avaliar o impacto das normas nas organizações brasileiras. Enfim, a
participação efetiva do grupo brasileiro nos trabalhos do ISO/TC207 resultou na
influencia dos interesses da indústria e do desenvolvimento do país na elaboração das
normas da série ISO 14000 (LEMOS, s.d.).
Grande parte das normas foi publicada a partir de 1996, a primeira e principal
delas a ISO 14001. Nesse período, algumas normas foram traduzidas e publicadas
em português, designadas como Normas Brasileiras NBR ISO. No final de 1998, a
20
ABNT criou o Comitê Brasileiro de Gestão Ambiental – ABNT/CB-38, o qual substituiu
o GANA (LEMOS, s.d.).
O lançamento da norma brasileira NBR ISO 14001 foi um marco para os
estudos sobre gestão ambiental, consolidando o tema no âmbito empresarial e criando
um padrão ou uma meta para toda a área da Gestão Ambiental (SILVA Filho et. al.,
2009).
Após esse período, muitas leis foram promulgadas, sendo as principais a Lei
Federal da Política Nacional dos Recursos Hídricos (nº 9.433 de 1997); a Lei Federal
de Crimes Ambientais (nº 9.605 de 1998); a Lei Federal da Política Nacional de
Educação Ambiental (nº 9.795 de 1999) e a Lei Federal do SNUC – Sistema Nacional
de Unidades de Conservação (nº 9.985 de 2000).
No final da década, foi elaborado o Protocolo de Kyoto (1997), documento que
trata do comprometimento com a redução de emissões de gases que contribuem para
o aquecimento global pelos países industrializados (BORGES; TACHIBANA, 2005).
Em 2005, houve a ratificação desse protocolo, o que desencadeou a
elaboração de projetos relacionados com o conceito de Mecanismo de
Desenvolvimento Limpo (MDL). Através desse mecanismo, países industrializados
podem financiar, em países menos industrializados, projetos que visem reduzir
emissões dos Gases de Efeito Estufa (GEE’s) ou buscar fontes alternativas e
renováveis de energia (VALLE, 2010).
Os projetos e ações advindas do Protocolo de Kyoto constituem um importante
avanço na redução do efeito estufa de origem antrópica, entretanto, sua
implementação baseia-se, em grande parte, em soluções financeiras (como comércio
de emissões e créditos de carbono), o que não colabora, em longo prazo, para a
solução de outros problemas importantes enfrentados pela sociedade atualmente
(VALLE, 2010).
Foi na década de 1990, que se originou o chamado ambientalismo empresarial,
movimento que introduziu questões ambientais na dinâmica dos negócios
(GONÇALVES-DIAS; TEODÓSIO, 2010).
Desde então, a realidade do ambientalismo empresarial tem evoluído, sendo
que o que anteriormente era orientado por pressões externas à organização, a partir
daí começou a ser direcionado por interesses internos, sendo os principais os
econômicos e os mercadológicos (SOUZA, 2002).
Ainda na década de 1990, segundo Neder (1992), na maioria das organizações
a gestão ambiental ainda não implicava em melhorias no produto final, e não podia ser
identificado o compromisso com suas qualidades ambientais ou de consumo.
21
Segundo Hoffman (1999, 2001) apud Borges; Tachibana (2005), a evolução do
ambientalismo corporativo teve quatro períodos distintos: (1) ambientalismo industrial
(1960-70), que focava a indústria e não havia interferência do governo; (2)
ambientalismo regulatório (1970-82), cujo foco era a conformidade legal e iniciou a
interferência governamental por meio de regulamentações mais rígidas; (3)
ambientalismo como responsabilidade social (1982-88) sendo o foco voltado para a
redução e prevenção da poluição, início de pressões sociais e; (4) ambientalismo
estratégico (1988-93) onde o foco é a integração de estratégias ambientais proativas.
A criação de novas demandas ambientais passou a dirigir as estratégias
ambientais das organizações, são principais: os investidores e acionistas; os bancos e;
as associações comerciais, educacionais; entre outras. Além disso, atualmente
pressões ambientais também são impostas por consumidores e concorrentes
(SOUZA, 2002).
A melhor compreensão do meio ambiente e a maior objetividade nas ações
conservacionistas, que vem crescendo, possibilitando a associação da qualidade ao
meio ambiente. Além disso, as ideias de Desenvolvimento Sustentável,
Responsabilidade Social e Qualidade de Vida, incorporadas às discussões, permitiram
a reversão gradativa da atitude derrotista adotada pelo homem, anteriormente (VALLE,
2010).
A evolução foi notável e hoje, pode-se afirmar que o ser humano atingiu um
nível de aceitação consciente atribuído por uma abordagem racional e responsável
dos problemas ambientais por todos os segmentos sociais (VALLE, 2010).
O Forest Stewardship Cuncil (FSC), uma organização não governamental, com
sede na Alemanha, promoveu um conjunto normativo importante, baseado em
princípios, com o objetivo de apoiar a gestão ambiental das florestas mundiais e de
produtos de origem florestal Além disso, a organização é responsável por avaliar,
acreditar e monitorizar entidades certificadoras, disponibilizar formação e informação e
promover o uso de produtos com a marca FSC (FSC BRASIL, s.d.).
Em 1996, as discussões a respeito da criação do FSC Brasil iniciaram-se,
porém a iniciativa nacional formalizou-se em 2001 através do Conselho Brasileiro de
Manejo Florestal (FSC BRASIL, s.d.).
Em 2004, depois de milhares de certificações em todo o mundo, a ISO 14001
passou por uma revisão (VALLE, 2010).
Atualmente, a legislação ambiental brasileira é mais completa e atualizada. De
acordo com Valle (2010), a legislação ambiental busca controlar os impactos ao meio
ambiente em três âmbitos:
22
Locais de produção (maior controle da geração de resíduos e emissões na
fonte de produção);
Produtos (maior restrição ao uso de certos materiais perigosos e
estabelecimento de limites de sua utilização e descarte);
Condições ambientais de forma abrangente (maior limitação de atividades
muito impactante em determinado ecossistema).
As normas da série ISO e a Agenda 21 foram dois importantes instrumentos
para a gestão ambiental que resultaram das atividades da Conferência de Meio
Ambiente e Desenvolvimento (ECO-92), que aconteceu no Rio de Janeiro em 1992
(SEIFFERT, 2007).
Finalizando esse quadro legal e normativo, no âmbito ambiental, relacionado
com as atividades de uma indústria, existem os documentos técnicos da Associação
Brasileira de Normas Técnicas – ABNT, que definem, classificam, estabelecem
métodos e padronizam os vários aspectos que envolvem os processos de produção
(VALLE, 2010).
1.3. Normas ambientais aplicáveis à indústria
A normalização da área ambiental integra a legislação em todos os âmbitos
(federal, estadual e municipal), além de incluir as normas técnicas.
Segundo a ABNT (s.d.), normalização é a “atividade que estabelece, em
relação a problemas existentes ou potenciais, prescrições destinadas à utilização
comum e repetitiva, com vistas à obtenção do grau ótimo de ordem, em um dado
contexto” (p. eletrônica).
As indústrias instaladas no município de Camanducaia estão sujeitas a normas
ambientais no âmbito federal (códigos, políticas, etc.), estadual de Minas Gerais,
assim como municipal.
1.3.1. Legislação Federal
Na Tabela 2 estão relacionadas as principais normas aplicáveis às atividades
destas indústrias, no âmbito da Legislação Federal:
23
Tabela 2: Legislação Federal aplicável à indústria
Lei Federal nº 6.938 de 1981 Dispõe sobre a Política Nacional de Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação.
Decreto Federal nº 99.274 de 1990 Regulamenta a Lei Federal nº 6938 de 1981.
Decreto Federal nº 97.632 de 1989 Regulamenta art. 2º da Lei Federal nº 6938 de 1981.
Decreto Federal nº 5.975 de 2006 Regulamenta e altera outras leis e trata do Plano de Manejo Sustentável (PMFS).
Decreto Federal nº 4.297 de 2002 Regulamenta art. 9º da Lei Federal nº 6938 de 1981, trata do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE).
Lei Federal nº 9.605 de 1998 Dispõe sobre sanções penais e administrativas derivadas de condutas lesivas ao meio ambienta. Trata da Lei de Crimes
Ambientais.
Decreto Federal nº 3.179 de 1999 Dispõe sobre a especificação das sanções aplicáveis às condutas e atividades lesivas ao meio ambiente.
Lei Federal nº 4.771 de 1965 Institui o Código Florestal.
Decreto Federal nº 3.420 de 2000 Dispõe sobre a criação do Programa Nacional de Florestas (PNF).
Lei Federal nº 5.106 de 1966 Dispõe sobre os incentivos fiscais concedidos à empreendimento florestais.
Lei Federal nº 10.650 de 2003 Dispõe sobre o acesso publico aos dados e informações existentes nos órgãos e entidades integrantes do SISNAMA.
Lei Federal nº 9.985 de 2000 Institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).
Decreto Federal nº 4.340 de 2002 Regulamenta a Lei Federal nº 9.985 de 2000.
Decreto Federal nª 5.940 de 2006 Estabelece regras para a separação e destinação final de resíduos recicláveis.
Lei Federal nº 9.795 de 1999 Institui a Política Nacional de Educação Ambiental.
Lei Federal nº 10;295 de 2001 Dispõe sobre a Política Nacional de Conservação e Uso Racional de Energia.
Lei Federal nº 10.438 de 2002 Cria incentivos à utilização de energias renováveis.
Lei Federal nº 11.284 de 2006 Dispõe sobre gestão de florestas publicas para produção sustentável.
Lei Federal nº 11.428 de 2006 Dispõe sobre a utilização e proteção da Mata Atlântica.
Lei Federal nº 12.305 de 2010 Institui a Política Nacional de Resíduos Sólidos.
Resolução CONAMA nº 01 de 1986 Trata da Avaliação de Impacto Ambiental no processo de licenciamento ambiental.
Resolução CONAMA nº 237 de 1997 Trata do licenciamento ambiental no âmbito federal.
Resolução CONAMA nº 01/90 Dispõe sobre a emissão de ruídos.
24
Resolução CONAMA nº03/90 Dispõe sobre padrões de qualidade do ar.
Resolução CONAMA nº 23/96, 244 e 235/ 98
Dispõe sobre classificação de resíduos.
Resolução CONAMA nº 313/02 Dispõe sobre o Inventário Nacional de Resíduos Sólidos.
Resolução CONAMA nº 382/06 Estabelece limites máximos para emissão de poluentes atmosféricos.
Resolução CONAMA nº 420/09 Dispõe sobre critérios e valores orientadores da qualidade do solo.
Fonte: CANÇADO, s.d. (adaptado) e VALLE, 2010.
1.3.2. Legislação Estadual (Minas Gerais)
A Tabela 3 apresenta as principais normas aplicáveis no âmbito da Legislação
Estadual:
Tabela 3: Legislação Estadual (Minas Gerais)
Lei Estadual nº 7.772 de 1980 Dispõe sobre a proteção, conservação e melhoria do meio ambiente no Estado de Minas Gerais.
Decreto Estadual n° 44.844 de 2008 Trata do Licenciamento Ambiental no Estado.
Lei Estadual nº 13.199 de 1999 Dispõe sobre a Política Estadual de Recursos Hídricos.
Decreto Estadual nº 41.578 de 2001 Regulamenta a Lei Estadual 13.199 de 1999.
Lei Estadual nº 14.309 de 2002 Dispõe sobre as políticas florestal e de proteção à biodiversidade do Estado.
Decreto Estadual 43.710 de 2004 Regulamenta a Lei Estadual nº 14.309 de 2002.
Deliberação Normativa COPAM Nº 94 de 2006
Trata da Compensação Ambiental.
Deliberação Normativa COPAM Nº 74 de 2004
Trata da classificação dos empreendimentos e atividades no Estado.
Decreto Estadual 38.925 de 2006 Criação da APA Fernão Dias.
Deliberação IEF nº 1.439 de 2009 Aprovação do Plano de Gestão da APA Fernão Dias.
Deliberação IEF ad referendum nº 1.449 de 2010
Alteração do Plano de Gestão da APA Fernão Dias.
Fonte: CANÇADO, s.d. (adaptado) e CONSÓRCIO ERG-STCP, 2008.
25
1.3.3. Legislação Municipal
No âmbito da Legislação Municipal, a legislação pertinente principal é a Lei
Complementar nº 020 de 2006, que Institui o Plano Diretor Participativo do município
de Camanducaia- MG.
1.3.4. Normas técnicas de Meio Ambiente
As normas técnicas são as impostas:
pelo Ministério do Trabalho, por meio das Normas Regulamentadoras (NR’s), as
quais são de observância obrigatória para empresas privadas e publicas que
possuam empregados regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho – CLT, e;
pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), por meio das Normas
Técnicas Brasileiras de Meio Ambiente (NBR’s), de caráter voluntário.
O ambiente laboral ou interno de uma organização deve apresentar segurança,
higiene e condições sanitárias adequadas. Para isso existem os padrões definidos
pelas normas regulamentadoras expedidas pelo Ministério do Trabalho (VALLE, 2010).
Os objetivos das normas, segunda a ABNT (s.d.) são, principalmente,
promover a Comunicação, a Simplificação, a Proteção ao Consumidor, a Segurança, a
Economia e a Eliminação de barreiras.
A ABNT define que o processo de elaboração de normas técnicas está apoiado
nos princípios de Voluntariedade, Representatividade, Paridade, Atualização,
Transparência e Consenso.
A Tabela 4 a seguir apresenta as principais normas de caráter aplicável à
indústria:
Tabela 4: Principais normas técnicas aplicáveis à indústria
NR6 Equipamentos de Proteção Individual (EPI)
NR9 Programa de Prevenção de Riscos Ambientais.
NR25 Resíduos industriais
NBR 7500 Transporte, manuseio, movimentação e armazenamento de produtos
NBR 8969 Poluição do ar
NBR 9800 Critérios para lançamento de efluentes líquidos industriais no sistema público de esgoto sanitário
26
NBR 10004 Resíduos sólidos – classificação
NBR 11174 Armazenamento de resíduos classes II (não inertes) e III (inertes)
NBR 11175 Incineração de resíduos sólidos perigosos
NBR 12235 Armazenamento de resíduos sólidos perigosos
NBR 14725 Produtos químicos
NBR 14789 Manejo florestal
Fonte: VALLE, 2010.
1.3.5. Normas de Gestão Ambiental
A mobilização internacional acerca da fixação de normas ambientais comuns
reflete a coação de agentes econômicos, na procura pelo desenvolvimento sustentável
(DENARDIN; VINTER, 2000).
Face às imposições da globalização, a série de normas ISO 9000,
implementadora do Sistema de Gestão da Qualidade, foi a primeira a se destacar pelo
acelerado processo de certificação no Brasil (VOGT et al., 1998).
A Organização Internacional para a Normalização (ISO), com a finalidade de
padronizar as ações que devem ser tomadas pelas diferentes organizações para
proteger o meio ambiente, criou o sistema de normas conhecido como ISO 14000.
Essa série de normas não se constitui de uma coletânea de normas técnicas, mas um
sistema integrado de normas gerenciais que tratam de variados temas e atividades
relacionados com a gestão ambiental (VALLE, 2010).
Essas normas foram integradas com dois enfoques básicos: organização e
produto/processo (GRUMMT Filho; WATZLAWICK, 2008).
As normas ISO 14000 são de adoção voluntária por parte das organizações,
porém, atualmente, essa prática está se tornando um requisito para o estabelecimento
ou manutenção do comércio internacional (LEMOS, s.d.). Além disso, essas normas
não prevêem a imposição de limites próprios para medição de poluição, padronização
de produtos, níveis de desempenho, entre outros. Enfim, elas apenas orientam a
aprimoramento do desempenho ambiental da organização por meio da melhoria
continua de sua gestão ambiental (VALLE, 2010).
A importância dessa série de normas, mas especificadamente da ISO 14001,
consiste no fato de que estabelece uma base comum para a gestão ambiental eficaz e
aplicável em qualquer organização, independente do seu perfil (SEIFFERT, 2007).
27
A realização de auditorias tanto em sistemas de gestão da qualidade como de
gestão ambiental tiveram procedimentos compatibilizados pela norma conjunta,
denominada ISO 19001 (Auditoria Ambiental – Diretrizes para Auditorias de Sistema
de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental). E a norma ISO 14015 auxilia na
identificação e avaliação dos aspectos ambientais e suas conseqüências, nos
processos de transferências de propriedades e na definição de responsabilidades e
obrigações entre as parte envolvidas (VALLE, 2010).
A única norma da série ISO 14000 que pode ser certificada por uma entidade
especializada e independente, é a ISO 14001 (LEMOS, s.d.). Em cada país existe uma
entidade responsável junto à ISO. No Brasil, essa entidade é representada pela
Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) (CERUTI; SILVA, 2009).
A OHSAS 18001 é uma norma certificável e de adoção voluntária, da
Occupational Health and Safety Assessments – OHSAS, para os Sistemas de Gestão
de Segurança e Saúde Ocupacional voltadas para organizações que se preocupam
com a preservação da integridade, segurança e saúde dos seus colaboradores de
forma responsável (BUREAU VERITAS CERTIFICATION, s.d.).
A SA 8000 também é uma norma certificável e de caráter voluntário, da
Agência Internacional de Responsabilidade Social (SAI) para a administração social de
uma empresa (BUREAU VERITAS CERTIFICATION, s.d.).
Algumas normas FSC (Forest Stewardship Council) são certificáveis e de
adoção voluntária e tem como objetivos principais o manejo florestal e cadeia de
custódia de produtos de origem florestal (FSC BRASIL, s.d.).
O grupo de normas relacionadas à gestão ambiental está listado na tabela 5.
Tabela 5: Normas da série ISO 14000 e outras aplicáveis à indústria
ISO 14001 Sistema de Gestão Ambiental – Requisitos com orientações para uso
ISO 14004 Sistema de Gestão Ambiental – Diretrizes Gerais sobre Princípios, Sistemas e Técnicas de apoio
ISO 14015 Auditoria Ambiental – Avaliação Ambiental de Locais e Organizações
ISO 14020 Rotulagem ambiental – Rótulos e Declarações Ambientais – Princípios Gerais
ISO 14031 Avaliação de Desempenho Ambiental – Diretrizes
ISO 14040 Avaliação do Ciclo de Vida – Princípios e Estrutura
ISO 14044 Avaliação do Ciclo de Vida – Requisitos e Orientações
ISO 14050 Gestão Ambiental – Vocabulário
28
ISO 19001 Auditoria Ambiental – Diretrizes para Auditorias de Sistema de Gestão da Qualidade e/ou Ambiental
SA 8000 Sistema de Gestão de Responsabilidade Social
OHSAS 18001 Sistema de saúde, segurança e meio ambiente
OHSAS 18002 Documento que acompanha – Diretrizes para implantação da OHSAS 18001
FSC
Conjunto de normas para manejo florestal e cadeia de custódia de produtos de origem florestal
Fonte: VALLE, 2010.
1.4. A gestão ambiental na indústria
A gestão ambiental em organizações, inclusive nas indústrias, constitui um
conjunto de procedimentos para gerir os processos produtivos, visando o
estabelecimento de um melhor relacionamento com o meio ambiente (CERUTI; SILVA,
2009).
Como bem sintetizou Valle (2010, p.17), “a gestão do meio ambiente não deve
ser vista como um problema a mais para uma organização, pois é essencial para seu
desenvolvimento e sobrevivência”. Ela deve ser considerada como uma oportunidade
de ganhos, ambientais e econômicos, e não como um item de custo (TORRES, 2004).
A comunidade de negócios tem percebido que os atuais padrões de produção
e consumo são insustentáveis. Paralelamente, organizações passaram a compreender
que, para se manter no negócio, terão que integrar crescentemente as questões
ambientais nas suas estratégias de negócio e no planejamento de longo prazo. Isto é
essencial para se manter a competitividade (FANG, 2001).
Muitas das iniciativas para adoção de práticas voluntárias de gestão ambiental
foram estabelecidas para direcionar, entre outros: a obrigação de estar em
conformidade com as regulamentações; as questões de responsabilidade; as pressões
internas e externas; o reconhecimento dos benefícios financeiros dos aspectos da
gestão ambiental nos negócios (FANG, 2001).
A alternativa oferecida ao empresário, quando se precisa resolver um problema
ambiental, geralmente é uma solução de caráter imediato e que considera somente o
tratamento final do processo. Dificilmente ela se torna fonte de ganhos econômicos,
como ocorre quando a alternativa considera práticas de minimização da geração das
emissões ou resíduos (TORRES, 2004).
29
Valle (2010) afirmou que a poluição industrial é uma forma de desperdício e um
indício de ineficiência dos processos produtivos utilizados. Dessa forma, as indústrias
precisam desenvolver a capacidade de reagir ao desperdício, possibilitando assim a
efetiva melhoria da qualidade ambiental.
Os reais custos ambientais geralmente não são captados nas relações de
mercado, já que o custo da degradação não incide sobre os que degradam, mas
recaem sobre toda a sociedade e gerações futuras. Entretanto, já é amplamente
reconhecida a necessidade de internalizar os custos ambientais nas atividades das
indústrias (produção e consumo), de forma a induzir a mudança no padrão de uso dos
recursos naturais (TORRES, 2004).
O campo de conhecimento sobre gestão empresarial, nos últimos anos, tem se
caracterizado pela inovação de conceitos, práticas e tendências (GONÇALVES-DIAS;
TEODÓSIO, 2010). Entretanto, limitações ao aumento da consciência e difusão de
conhecimentos, procedimentos e padrões ambientalmente corretos, os quais são
causados pelos conflitos ideológicos e de interesses, sempre existirão (BORGES;
TACHIBANA, 2005).
A procura pela Certificação Ambiental, movimento iniciado pelas indústrias,
hoje atinge todos os setores econômicos. Ainda assim, as atividades industriais e
mineradoras, por apresentarem impactos mais visíveis, são submetidas a controles e
regulamentos mais rigorosos, formando o maior contingente das organizações que
almejam a certificação ambiental (VALLE, 2010).
A qualidade ambiental, segundo Valle (2010, p.39), “consiste no atendimento
aos requisitos de natureza física, química, biológica, social, econômica e tecnológica
que assegurem a estabilidade das relações ambientais no ecossistema no qual se
inserem as atividades da organização”.
Uma das preocupações dos empresários em relação à implantação dessa
qualidade ambiental é sobre o custo, para a organização, desse gerenciamento
ambiental e sobre a oportunidade de investimento na proteção do meio ambiente.
Essa é uma preocupação que advém de uma tradição de se contabilizar somente os
gastos decorrentes do tratamento de efluentes, transporte de resíduos, pagamento de
multas, entre outros. Entretanto, deve-se incluir nessa contabilidade as reduções nos
gastos com energia, água, matéria-prima, resultados que uma boa gestão ambiental
acarreta em créditos (VALLE, 2010).
Considerando que hoje, existem muitas ferramentas sendo propostas para
implementar ações de gestão ambiental, a norma ISO 14001 constitui a que mais está
gerando resultados sólidos e abrangentes, para melhorar a performance ambiental
continuamente (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK, 2008).
30
A série de normas ISO 14000 consiste em um sistema de normas, criado pela
Organização Internacional para a Normalização (ISO), que trata da gestão ambiental,
com a finalidade de padronizar as ações organizacionais que devem ser tomadas em
razão do meio ambiente (VALLE, 2010).
Dentro da esfera da gestão ambiental relacionada à indústria, vale ressaltar a
definição de alguns conceitos relevantes.
Por ecoficiência entende-se como a produção de bens e serviços com maior
qualidade reduzindo continuamente o uso de recursos e a geração de poluentes. E,
ecoproduto é aquele produto produzido por processo ecoficiente de produção (VALLE,
2010).
O Marketing verde surgiu quando as organizações começaram a buscar, por
meio da ecoeficiência, a redução dos impactos ambientais, o controle dos custos e,
assim, foram “polindo sua imagem” (VALLE, 2010, p.09).
O aspecto ambiental de uma organização consiste no elemento de suas
atividades ou produtos ou serviços que pode interagir com o meio ambiente. Isto é,
quando uma atividade, produto ou serviço ter potencial para provocar impactos
ambientais torna-o um aspecto ambiental (FANG, 2001).
Por impacto ambiental considera-se qualquer modificação do meio ambiente
positiva ou negativa, que resulte dos aspectos ambientais da organização (ABNT,
2004).
A política ambiental de uma organização é o conjunto de princípios e metas
fundamentais que ajudam uma empresa a colocar em prática seu comprometimento
ambiental. É o fundamento sobre o qual a melhoria do desempenho ambiental e um
SGA podem ser construídos (FANG, 2001).
Um Sistema de Gestão Ambiental ou SGA é a parte de um sistema da gestão
de uma organização utilizada para desenvolver e programar sua política ambiental e
para gerenciar seus aspectos ambientais (ABNT, 2004).
E, por desempenho ambiental consideram-se os resultados mensuráveis da
gestão de uma organização sobre seus aspectos ambientais (ABNT, 2004).
1.4.1. Fatores determinantes e vantagens para adoção de práticas voluntárias
de gestão ambiental
Com o aumento significativo das leis e acordos internacionais na área
ambiental, que ocorreram nas últimas décadas e, com a globalização do comércio,
muitos países começaram a exigir padrões de qualidade ambiental elevados, criando
31
assim barreiras de caráter não tarifárias (PROCÓPIO, 1994; BRAVO; SILVA, 1994
apud DENARDIN; VINTER, 2000).
A partir de estudos sobre a gestão ambiental nas empresas, Souza (2002)
identificou que existem três motivos principais que instigam as organizações na busca
pela melhoria de seu desempenho ambiental, são elas: (1) o regime regulamentário
internacional esta cada vez mais exigente; (2) o mercado está evoluindo (fatores e
produtos) e (3) as bases de conhecimento sobre danos ambientais estão crescendo.
As pressões ambientais que atuam sobre as organizações advêm de quatro
fontes principais, segundo Souza (2002): (1) das regulamentações ambientais, (2) da
sociedade civil organizada, (3) dos mercados de produtos e, (4) das fontes de recursos
financeiros e naturais.
Considerando as características organizacionais de uma empresa, algumas
delas são determinantes para a adoção de práticas de gestão ambientais. Segundo
Silva Filho et. al. (2009), são elas: o tamanho ou porte da organização; a
internacionalização do capital acionista; o posicionamento na cadeia de valor; as
atitudes e motivações administrativas e a atitude estratégica, além de outros fatores de
origem externa.
O tamanho ou porte da empresa, calculado pelo número de empregados e
faturamento, tem sido considerado uma das características mais influentes na
implementação de práticas ambientais (SILVA Filho et. al., 2009).
Ceruti e Silva (2009), também verificaram em seu estudo que a relação
segmento/tamanho da empresa influencia na adoção de práticas e processos que
minimizam os impactos ambientais, tais como a geração e disposição adequada de
resíduos.
As atitudes e motivações da gerência de uma organização são fundamentais
para o desenvolvimento de uma estratégia ambiental proativa (SILVA Filho et. al.,
2009).
As variáveis externas à organização que podem interferir diretamente na
pressão vinda da sociedade e governo são: o tipo setor ou ramo da indústria, a
localização geográfica, além da pressão de partes interessadas. As últimas podem ser
internas à própria organização ou externas (consumidores, órgãos públicos,
fornecedores, acionistas ou investidores) (SILVA Filho et. al., 2009).
Cada vez mais os consumidores se preocupam mais com as questões
ambientais e o consumo (VIEIRA et al, 2007). Essa mudança de hábitos observada
nos consumidores representa um fator de grande importância no interesse das
organizações pelas práticas de gestão ambiental (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK,
2008).
32
Segundo Grummt Filho e Watzlawick (2008), a adesão à ISO 14001
proporciona organização: vantagens organizacionais e competitivas, redução de
custos e minimização de acidentes.
Segundo conclusões de Ceruti e Silva (2009), as principais dificuldades
deparadas pelas organizações na prática da gestão ambiental são: investimento na
área ambiental; relacionamento com órgãos ambientais; deficiência no treinamento do
pessoal e, a estruturação do setor responsável pela área ambiental.
As alternativas propostas podem sanar essas dificuldades são: melhor
estruturação do setor ambiental; educação ambiental eficiente com todo o pessoal da
organização e, investimentos em novas tecnologias e para modernização de seus
processos (CERUTI; SILVA, 2009).
As limitações à implantação da norma ISO 14001 por organizações de
pequeno e médio porte, em geral, se relacionam com a ideia errônea de que elas
apresentam baixo impacto ambiental, isso acarreta o efeito cumulativo causada pela
grande quantidade dessas organizações existentes e pelo fato de seus impactos
serem desconhecidos e pouco gerenciados (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK, 2008).
1.4.2. Implementação de um Sistema de Gestão Ambiental (SGA)
O Sistema de Gestão Ambiental (SGA) é a maneira pela qual uma organização
se mobiliza, tanto interna como externamente, a fim de conquistar o desempenho
ambiental almejado, na busca pela qualidade ambiental, estabelecendo metas,
visando custos menores, continuamente (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK, 2008;
VOGT et al., 1998).
Um SGA promove ordem e consistência para uma organização lidar com suas
questões ambientais, por meio de alocação de recursos, atribuição de
responsabilidade e avaliação contínua de seu desempenho (VOGT et al., 1998).
As pequenas e médias organizações apresentam grande potencial de mercado
para implementação de SGA, pois ele oferece maior estabilidade no mercado
(GRUMMT FILHO; WATZLAWICK, 2008).
A gestão ambiental em uma organização pressupõe o estabelecimento de
política, planejamento e gerenciamento ambiental (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK,
2008).
Carelli (2004) descreveu várias atividades e procedimentos que devem integrar
um sistema de gestão ambiental em uma organização sendo possível mencionar:
formular estratégias ambientais, garantir a conformidade com requisitos legais,
implantar programas de prevenção de poluição, gerir medidas corretivas, adaptar
33
produtos às exigências ecológicas e, monitorar o sistema implementado, tudo pela
promoção da qualidade ambiental.
Em relação aos padrões de qualidade a serem adotadas por uma organização,
compete aos dirigentes definir sua estratégia empresarial incluindo os padrões
desejáveis dos produtos e atividades. É importante salientar, que os padrões podem
ser até mais exigentes do que os previstos em normas em vigor, fazendo parte assim
da Política Ambiental da organização (VALLE, 2010).
O ciclo de implementação da gestão ambiental em uma organização, de acordo
com a série de normas ISO 14000 está esquematizada na figura 1:
Figura 1: Sistema de gestão ambiental objetivando a melhoria contínua
Fonte: VALLE, 2010 (adaptado).
Para que assegurar o compromisso com a melhoria contínua de um sistema de
gestão ambiental implantado em uma organização é fundamental que os
administradores, periodicamente, realizem análises críticas dos objetivos, metas e
ações (VALLE, 2010).
Um sistema de gestão ambiental é operacionalizado através de programas
(PGA’s), os quais são ferramentas gerenciais que visam alcançar metas e objetivos
ambientais, em intervalos de tempo estabelecidos. A figura 2 mostra como interagem
os elementos que são requeridos na elabora de um PGA:
34
Figura 2: Informações básicas para a elaboração de um Programa de Gestão Ambiental (PGA)
Fonte: VALLE, 2010 (adaptado).
É pelo PGA que se estabelecem as ações preventivas e/ou corretivas
identificadas por inspeções e auditorias, assim deve haver um revisão das ações que
garantam os padrões de qualidade almejados na política ambiental da organização
(VALLE, 2010).
Essa revisão e avaliação que devem ser realizadas no SGA ocorrem por meio
de auditoria ambiental, a qual consiste em uma ferramenta de gestão que possibilita
efetuar uma avaliação sistemática, periódica, documentada e objetiva do sistema de
gestão e do desempenho de funções da empresa (VALLE, 2010).
A organização pode optar pela auditoria, por decisão própria conforme sua
política ambiental e até mesmo, devido ao processo de certificação em uma norma
ambiental. Ou então, ela pode ser imposta por legislação local, pela ocorrência de
acidentes graves, ou ainda, por exigência de clientes. Pode ser interna, realizada pelo
próprio pessoal da organização ou externa por organismos específicos (GRUMMT
FILHO; WATZLAWICK, 2008).
Os administradores devem designar um gerente ambiental que coordenará o
SGA e implementará os PGA’s (VALLE, 2010).
A gestão ambiental é uma área relativamente nova do conhecimento e
apresenta caráter multidisciplinar. Grande parte dos profissionais que atuam na área
ainda não é devidamente habilitada. Os gestores ambientais surgiram com a intenção
de compatibilizar a visão ambientalista à exploração sustentável dos recursos naturais.
Por isso, esse profissional precisa apresentar um conjunto de competências que o
35
permitam apresentarem uma visão holística do desenvolvimento (OLIVEIRA;
SANTOS, 2007).
Silveira et al. (2006), obteve algumas conclusões importantes em seu estudo
sobre competências requeridas para o gestor ambiental. Segundo ele, na maioria das
empresas pesquisadas, a área ambiental é dividida em especialidades e o gestor
apresenta denominações diversas.
As competências julgadas como necessárias pelos gerentes pesquisados são:
comunicação; criatividade; flexibilidade; iniciativa; foco no cliente; relacionamento
interpessoal; capacidade de análise e; negociação (SILVEIRA et al., 2006).
A gestão ambiental dentro de uma organização pode ser integrada aos demais
setores que regem seus negócios, contribuindo para a melhoria contínua das
condições ambientais, de segurança e saúde ocupacional de todos os colaboradores
da organização, além de manter um relacionamento sadio entre os mesmos e a
sociedade (VALLE, 2010).
Recentemente, foi observada uma tendência das organizações mais
desenvolvidas para uma integração dos temas qualidade, proteção ambiental, saúde
ocupacional, segurança no trabalho, ética e responsabilidade social, convergindo
todos esses temas para a criação de Sistemas de Gestão Integrado (SGI’s)
(GUERRA, 2009).
A adesão à norma ISO 14001 não requer a certificação pelas normas da série
ISO 9000 e vice-versa. Isso porque eles compõem sistemas de gestão independentes,
que, porém, tem adesão de formas semelhantes. Esse fato contribui para a adoção de
dos dois sistemas integrados (VALLE, 2010).
Embora a série ISO 14000 não inclua exigências relacionadas com segurança
no trabalho e saúde ocupacional, a organização pode optar por essa integração,
antecipando, à tendência à implantação do um sistema de gestão integrado (VALLE,
2010).
A integração dos sistemas torna-se possível pela compatibilidade das
estruturas de suas normas de referência e pela similaridade de seus requisitos básicos
(GUERRA, 2009).
A norma OHSAS 18001 é um padrão internacional que estabelece requisitos
relacionados à Gestão da Segurança e Saúde Ocupacional, que pode ser integrada
aos sistemas de gestão da qualidade e de meio ambiente (BUREAU VERITAS
CERTIFICATION, s.d.).
A norma SA 8000 (certificável) e a NBR 16001 são a alternativa internacional
para a implementação e prática da responsabilidade social e componente importante
para consolidação da imagem corporativa (BUREAU VERITAS CERTIFICATION, s.d.).
36
A organização ao adotar um SGI além de suprir as necessidades de das partes
interessadas, ainda se beneficia com as vantagens proporcionadas pela integração
dos sistemas. Adicionalmente, ocorrerá uma redução de custos, proporcionada pela
redução dos gastos em auditorias e certificações, além da agilização dos processos
envolvidos (DAMASCENO et al., 2008).
1.4.2.1. Considerações sobre os aspectos econômicos
Em relação às considerações sobre os aspectos econômicos de um SGA,
pode-se afirmar que ele permite que as organizações continuem concorrendo em
mercados cada vez mais competitivos e consumidores mais exigentes (DENARDIN;
VINTER, 2000). Entretanto, o meio empresarial vê o processo de implantação de um
SGA seja oneroso e de difícil obtenção (SEIFFERT, 2007).
O que se economiza, ou melhor, é bem aplicado, tem grande valor para a
organização e para a causa ambiental (TORRES, 2004). Com a internalização
adequada da variável ambiental ocorre melhor utilização de insumos, energia,
matérias-primas e trabalho, reduzindo custos e, por fim, há compensação dos gastos
com melhorias na qualidade ambiental (BORGES; TACHIBANA, 2005).
A alternativa de redução da geração de resíduos vista pelo lado econômico
oferece aos setores produtivos soluções viáveis para a identificação de opções de
produção mais limpa que, ao serem implementadas, resultam na redução de resíduos
sólidos, efluentes líquidos e emissões atmosféricas, além de gerar maior eficiência no
uso de energia e racionalização no uso da água (TORRES, 2004).
Evidências comprovam que organizações que gerenciam além dos fatores
econômicos, os ambientais e sociais que afetam seus negócios, apresentam
desempenho financeiro superior ao de outras que não tem esse modelo de
gerenciamento (GRUMMT FILHO; WATZLAWICK, 2008).
De acordo com Grummt Filho e Watzlawick (2008) existem várias fatores
influenciam no retorno do investimento em gestão ambiental (ISO 14001), sendo os
principais: sofisticação do sistema; grau de desafio ambiental; recursos disponíveis;
estado de preparação; pessoal responsável; expectativas das partes interessadas;
conformidade legal atual e outros.
Integrar conhecimentos econômicos aos ambientais tornou-se relevante para
organizações, pelo fato de permitir a quantificação e interpretação dos custos
relacionados à área ambiental. Os custos ambientais são instrumentos importantes
nas tomadas de decisão, direcionando os investimentos para a área, controlando os
37
gastos de conservação da qualidade ambiental e incentivando ações de melhoria
contínua do desempenho das organizações (BRANDLI et al.,2008).
1.4.2.2. Considerações sobre os aspectos sociais
Em relação às considerações sobre os aspectos sociais de um SGA, pode-se
afirmar que uma vez que a gestão ambiental objetiva sanar problemas ambientais,
toda a sociedade usufrui dos benefícios de uma ambiente mais saudável. Inclusive o
ambiente laboral pode se tornar mais agradável para os colaboradores (DENARDIN;
VINTER, 2000).
Donaire (1999) afirmou que a qualidade dos recursos humanos de uma
organização é que define seu desempenho, isto é, esse recurso pode transformar-se
no maior potencial para que os objetivos sejam atingidos. Além disso, o sucesso de
todo o sistema está sujeito ao empenho do pessoal de todos os níveis e funções,
especialmente da alta administração (MOREIRA, 2001 apud HEINZEN, 2006).
Para se alcançar o desenvolvimento sustentável, parte fundamental desse
processo é responsabilidade da Educação Ambiental, forma mais eficiente de atingir a
principal meta que é a participação da sociedade (OLIVEIRA; SANTOS, 2007).
É fundamental que os colaboradores de uma empresa sejam capazes de
identificar os efeitos ambientais gerados pelas atividades produtivas da organização,
de lidar novas tecnologias e de adotarem medidas de emergências, a fim de que
também todos possam contribuir na busca pela solução e participar da resolução dos
problemas (VALLE, 2010).
Além da imagem responsável, é fundamental que a organização atue também
de forma ecossocial, contribuindo para melhoria da qualidade de vida dos seus
colaboradores e da região onde atua (VALLE, 2010).
De acordo com Valle (2010), as organizações devem se relacionar com o meio
externo, em seus quatro setores: mercado, sociedade, fontes de tecnologia e
organismos de controle ambiental.
Enfim, a forma adequada de externar a postura de comprometimento da
organização com a qualidade de vida da comunidade e com o meio ambiente é por
meio da demonstração de transparência em suas ações (VALLE, 2010).
1.4.2.3. Considerações sobre os aspectos ambientais
Em relação às considerações sobre os aspectos ambientais de um SGA, pode-
se afirmar que o objetivo geral de sua implantação é o de mitigar ou extinguir os
38
impactos ambientais sucedidos dos processos produtivos de uma organização,
acarretando, consequentemente, em melhorias para o meio ambiente (DENARDIN;
VINTER, 2000).
As considerações mais relevantes em relação aos aspectos ambientais de uma
organização incluem os riscos ambientais, os resíduos, a segurança, entre outros.
Os riscos ambientais constituem uma nova inquietação para os empresários
nas tomada de decisões e na formação da imagem da organização. Geralmente, os
riscos ambientais que originam acidentes estão relacionados com o processamento,
armazenamento e transporte de produtos e resíduos e com o controle e a redução de
fontes poluidoras (VALLE, 2010).
A Análise de Riscos é um instrumento relevante na identificação de pontos
críticos advindos de uma instalação ou processo (aspectos ambientais), que possibilita
a adoção antecipada de medidas de prevenção de acidentes. Dessa forma, a partir
dessa análise devem-se elaborar planos de contingência e emergência que abranjam
toda a empresa (VALLE, 2010).
É fundamental que haja a promoção de conscientização dos colaboradores da
organização em relação ao assunto e a existência de uma equipe responsável pelo
gerenciamento de emergências que esteja bem preparada e capaz de reagir
eficazmente (VALLE, 2010).
Segundo a norma regulamentadora NR6 do Ministério do Trabalho, as
organizações devem fornecer aos seus empregados, gratuitamente, os denominados
equipamentos de proteção individual ou EPI’s, adequados às atividades que praticam.
Além disso, a norma também contém uma relação dos equipamentos previstos; das
obrigações dos empregadores, empregados, fabricantes e importadores de EPI’s
(BARBOSA et al., 2006).
Com relação aos resíduos, em geral, eles resultam do uso inadequado de
materiais ou de energia. Entretanto, nem todo resíduo é nocivo, alguns podem ser
reciclados facilmente, até mesmo voltando ao processo produtivo. Outros são nocivos
e de difícil disposição (VALLE, 2010).
A Lei Federal nº. 12.305 de 2010, que instituiu a Política Nacional dos
Resíduos Sólidos, trouxe um novo conceito de resíduo, diferenciando-o de rejeito.
Resíduos sólidos são considerados como materiais descartados advindos das
atividades antrópicas cuja destinação final é inviável na rede de esgotos ou em corpos
d’água e; rejeitos são resíduos sólidos que depois de sofrer tratamento e recuperação,
não apresentem outra possibilidade e necessitam se dispostos adequadamente.
Em relação à origem, os resíduos sólidos se agrupam em: domiciliares,
comerciais, industriais, hospitalares, agrossilvipastoris, de limpeza urbana, de serviços
39
públicos, de construção civil, de serviços de transportes e de mineração. Quanto à
periculosidade, os resíduos sólidos são classificados como: perigosos e não
perigosos. Os resíduos perigosos são aqueles que apresentam risco a saúde pública e
à qualidade do meio ambiente, por apresentarem características como inflamabilidade,
reatividade, toxidade, entre outros. Do outro lado, os não perigosos são representados
por aqueles que não apresentam tais características (BRASIL, 2010).
O gerenciamento de resíduos sólidos perigosos tem sofrido modificações nas
últimas décadas. Tem-se descoberto números crescentes desses resíduos e seu uso
em grandes quantidades exige soluções eficientes e maiores investimentos por parte
dos geradores, principalmente (VALLE, 2010).
Os resíduos classificados como perigosos são produzidos por diferentes
atividades produtivas, mas são as indústrias as principais fontes. Os setores que
apresentam maior potencial poluidor e, consequentemente, de risco ambiental, são: as
químicas, refinarias de petróleo, siderurgias, metalúrgicas (metais não ferrosos),
celulose e papel, entre outras. Com relação aos resíduos não perigosos também
necessita-se de uma preocupação com sua geração em grandes escalas, refletindo na
busca por técnicas mais eficientes para sua prevenção, redução, destruição e
disposição ambientalmente adequada (VALLE, 2010).
1.4.3. Soluções e estratégias ambientais
É crescente o comprometimento dos empresários na busca por soluções
ambientalmente corretas para os problemas da produção, distribuição e consumo de
bens e serviços (SOUZA, 2002).
Para escolha das soluções ou estratégias a serem desenvolvidas com o intuito
de melhorar o desempenho ambiental, as organizações podem optar pelas
denominadas “fim de linha” ou por tecnologias limpas. As primeiras correspondem às
tecnologias que objetivam tratar e dispor seus resíduos finais adequadamente, após
sua geração, enquanto as tecnologias limpas apresentam eficiência, pois minimizam a
quantidade de resíduos durante a produção e promove melhor administração do uso
dos materiais, evitando desperdícios (DAROIT; NASCIMENTO, 2000).
Valle (2010) apresentou soluções técnicas básicas adotadas na resolução de
problemas ambientais relacionados com as atividades industriais. Pensando na
questão da geração de todos os tipos de resíduos foi apresentada uma solução
gradual e efetiva para o problema, baseada nos princípios: reduzir, reaproveitar
(reciclagem, recuperação ou reuso), tratar e dispor.
40
Em relação aos processos a serem selecionados, as soluções foram
classificadas como: tecnologias limpas (objetivo de reduzir); tratamentos
convencionais (reaproveitar e tratar) e; tecnologias novas, as quais objetivam, por
meio de pesquisas e desenvolvimento, buscar novas soluções para problemas
específicos (VALLE, 2010).
É importante ressaltar que alguns fatores relevantes devem ser considerados
na escolha de soluções, como as condições do país e sociedade, disponibilidade de
recursos, entre outros (VALLE, 2010).
A Produção Mais Limpa (PML) é uma das estratégias aplicada à gestão
ambiental, de caráter preventivo, indicada como instrumento para permitir o
funcionamento de modo responsável social e ambientalmente e gerar benefícios
econômicos e tecnológicos para a organização. Essa estratégia pode ser aplicada em
qualquer que seja a área de atuação da organização, estando evidente sua
funcionalidade e efeitos positivos (SICSU; SILVA Filho, 2003).
Em busca de soluções de maneira integrada para os problemas gerados pelos
diversos resíduos industriais foi criado o conceito de Centro de Tratamento de
Resíduo, o qual reúne, em um único local específico, instalações que podem realizar
variados processos de tratamento (VALLE, 2010).
As estratégias ambientais podem ser classificadas conforme seu foco de
atuação. Aquelas dirigidas para processos visam a diminuição dos impactos
ambientais causados pelo processo produtivo, ocorrendo pela revisão do processo,
utilização de materiais com baixo impacto ambiental, redução de resíduos, entre
outros. Também tem estratégias voltadas para produtos, que podem ocorrer pela
criação de novos produtos que sejam ambientalmente adequados ou pela modificação
dos produtos existentes (visando a minimização dos impactos). É importante citar o
fato das estratégias voltadas para produtos, por serem mais visíveis, resultam na
melhoria da reputação corporativa, o que não acontece em grande escala com as
dirigidas para processos (SOUZA, 2002).
Enfim, embora exista uma tendência geral e alguns condicionantes comuns, as
respostas estratégicas que as diferentes organizações oferecem são variáveis,
dependendo de seu ambiente de negócios (SOUZA, 2002).
Em 2007, a empresa Análise Editorial, iniciou os trabalhos que resultaram no
anuário Análise Gestão Ambiental, que teve como objetivo descobrir o que as grandes
companhias públicas e privadas, bancos e ONG’s brasileiras fazem em prol do meio
ambiente (ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL – Anuário 2008, 2008).
A publicação dessa pesquisa instigou o debate em torno da questão ambiental
com dados concretos. Foram realizados levantamentos das práticas ambientais de
41
767 grandes companhias em atuação no Brasil. Destacando as principais iniciativas
empresariais adotadas para reduzir o impacto do processo produtivo ao meio
ambiente, por meio de um questionário.
Os resultados permitem dizer que a discussão em torno das práticas de gestão
ambiental e da sustentabilidade, como um todo, vem crescendo como consequência
do processo natural de desenvolvimento da sociedade.
O grupo pesquisado corresponde à metade do PIB nacional. Entretanto,
conclusões não podem ser estendidas para outras empresas do país, já que estas por
serem mais visíveis, suas ações, geralmente, possuem efeitos de marketing (ANÁLISE
GESTÃO AMBIENTAL – Anuário 2008, 2008).
O desafio atual das empresas é definir o investimento adequado na área
ambiental para não prejudicar o meio ambiente, quando há pouco investimento,
mesmo com ilusórios lucros; e, para não punir a empresa, com altos gastos na área,
situação que aumenta os preços e custos, atingindo os consumidores e acionistas
(ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL – Anuário 2008, 2008).
Alguns dos dados relevantes sobre as empresas pesquisadas estão
apresentados a seguir, em números aproximados:
23% já negociaram créditos de carbono;
25% mantêm voluntariamente áreas nativas sob seu domínio;
42% utilizam fontes renováveis de energia;
46% só contratam fornecedores que empregam procedimentos de gestão
ambiental;
62% têm metas de redução do consumo de água;
68% publicam suas informações sobre gestão ambiental;
76% monitoram com indicadores específicos o consumo de energia elétrica;
98% dão treinamento sobre gestão ambiental para funcionários;
Quase metade das empresas não informou quanto investem em meio ambiente
em novos empreendimentos;
89% das empresas declararam nunca ter desistido de empreender por
dificuldades no licenciamento ambiental;
12% das empresas alegam que seus projetos atrasaram devido ao tempo
gasto na obtenção da licença ambiental.
As empresas e o próprio país seriam beneficiados se o processo de
licenciamento fosse mais ágil. Entretanto, a velocidade do desenvolvimento nacional,
42
aparentemente, não tem sido comprometida (ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL –
Anuário 2008, 2008).
Os dados sobre o setor de indústrias da pesquisa revelam que:
27,5% têm Política Ambiental especifica para meio ambiente;
65,5% têm Política Ambiental integrada com outras políticas;
7% não têm Política Ambiental, mas apresentam práticas sistematizadas;
Nenhuma indústria alegou que não possui Política Ambiental ou práticas
ligadas a meio ambiente;
63,9% não possuem ISO 14001;
18,7% não têm, mas planejam obter;
10,4% não têm, mas estão em processo de obtenção;
7% não têm e não veem necessidade da certificação no momento.
No quesito Tratamento de Resíduos – Resíduos do processo industrial, tem-se os
seguintes dados:
88,5% monitoram esses resíduos;
60,4% reusam;
63,1% têm meta de redução;
71,7% têm meta de reciclagem;
75,7 têm diminuição de geração;
93,6% têm coleta seletiva de lixo;
0,5% não desenvolvem ações específicas;
(ANÁLISE GESTÃO AMBIENTAL – Anuário 2008, 2008).
1.4.4. Certificação Ambiental
A certificação do Sistema de Gestão Ambiental (SGA) consiste em um
processo voluntário que as organizações aderem com o objetivo de obter
reconhecimento público desse sistema. É relevante considerar que nem toda
organização que apresenta SGA passou por certificação (GAVRONSKI, 2003).
A obtenção de uma certificação ambiental por uma organização e a sua
manutenção depende da participação consciente de todos seus colaboradores e
fornecedores (VALLE, 2010).
Atualmente, a certificação de um sistema de gestão ambiental pela ISO 14001
é um requisito essencial para as organizações que buscam espaço no mercado
globalizado por meio da melhoria da qualidade ambiental. Além disso, isso se tornou
43
um fator determinante de competitividade para organizações de todos os perfis
(SEIFFERT, 2007).
Além das pressões do mercado e da sociedade, clientes nacionais e
estrangeiros podem exigir que seus fornecedores se certifiquem, induzindo uma
implantação em cadeia de fornecedores a partir de um cliente. Essa exigência afetará
a capacidade das organizações de venderem seus produtos e serviços em mercado
local ou global (SEIFFERT, 2007).
Segundo Valle (2010), para obter a certificação ambiental, a organização
necessita cumprir algumas exigências básicas expressas na norma ISO 14001:
Ter implantado um Sistema de Gestão Ambiental (SGA);
Estar em conformidade com a legislação ambiental aplicável ao local de
instalação;
Se comprometer a buscar a melhoria contínua de seu desempenho
ambiental.
Para obter a certificação ambiental pela norma ISO 14001, devem ser
especificados:
Na primeira fase (preparatória): compromissos e princípios gerais (Política
Ambiental); objetivos, metas e procedimentos a serem seguidos por todos
os colaboradores.
Na segunda fase (diagnóstico ou pré-auditoria): identificação de pontos
vulneráveis encontrados no sistema e corrigindo-os.
Na terceira fase (efetiva certificação): submissão da organização a uma
auditoria ambiental, que deve comprovar sua conformidade com os
requisitos legais, técnicos e com a política ambiental (VALLE, 2010).
Organizações certificadas apresentam vantagens como seguros mais
acessíveis e taxas de juros preferenciais na contratação de e empréstimos (VALLE,
2010).
Dificuldades financeiras, às vezes, constituem razão valida para adiamento da
Certificação Ambiental. Entretanto, a implantação de um Sistema de Gestão Ambiental
adequado resulta em expressivas reduções nos custos operacionais da organização
(VALLE, 2010).
Gavronski (2003) constatou que grande parte das empresas certificadas no
Brasil é multinacional. E, ainda, a maioria delas realiza, intensamente, negócios com
44
multinacionais. A hipótese levantada pelo autor é de que provavelmente a decisão
pela certificação decorra das matrizes ou de clientes estrangeiros.
Em 2007, Seiffert afirmou que número de empresas de pequeno a médio porte
certificadas por esta norma ainda era pequeno no Brasil.
Embora a realidade brasileira seja distinta de outros países, mais
desenvolvidos, observa-se que existe a busca por oportunidades relacionadas à
gestão e práticas ambientais, o que demonstra que as organizações no Brasil estão
caminhando para o desenvolvimento sustentável (CERUTI; SILVA, 2009).
Segundo Moura (2000), os organismos brasileiros envolvidos na certificação da
norma ISO 14001 são:
Organismo credenciador - responsável pelo credenciamento de
organismos certificadores no país: Instituto Nacional de Metrologia,
Normalização e Qualidade Industrial – INMETRO.
Organismo normalizador – responsável pela publicação e discussão de
normas técnicas: Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT.
Organismos certificadores – responsáveis pelas auditorias nas
empresas, baseados nos critérios de INMETRO e nas normas da
ABNT, e, quando em conformidade, eles emitem o certificado.
45
2. OBJETIVOS
2.1. Objetivo Geral
Visando suprir a deficiência de dados e informações disponíveis sobre o
desempenho ambiental das indústrias instaladas no município em questão, este
trabalho visa diagnosticar e analisar as características que possam definir o perfil
ambiental dessas indústrias.
2.2. Objetivos Específicos
Levantar os dados e informações disponíveis que identifiquem as
indústrias instaladas no município;
Selecionar as indústrias de maior atividade no município e caracterizá-
las;
Diagnosticar o perfil ambiental das indústrias caracterizadas que
participarem voluntariamente da pesquisa;
Levantar o referencial teórico relacionado à gestão ambiental em
indústrias e seus diferentes aspectos;
Identificar as variáveis que atuam como fator de pressão por melhorias
ambientais;
Analisar as barreiras que impedem um melhor desempenho ambiental e
a capacidade de resposta dessas indústrias frente às necessidades de
proteção ambiental e de desenvolvimento de produtos e processos
ecoficientes;
Identificar as estratégias ambientais utilizadas;
Discutir os resultados obtidos na pesquisa teórica e prática, analisá-los
e relacioná-los entre si.
46
3. METODOLOGIA
Para atingir os objetivos da pesquisa, inicialmente, foram realizados
levantamentos buscando identificar quais eram as indústrias instaladas no município.
Essa parte inicial da pesquisa foi realizada nos portais eletrônicos da Prefeitura
Municipal de Camanducaia e do FIEMG (Federação das Indústrias do Estado de
Minas Gerais).
Após a catalogação das indústrias, foram selecionadas sete, utilizando como
critério as de maior relevância no município, considerando seus impactos
socioambientais.
A segunda etapa da pesquisa foi a elaboração da entrevista semiestruturada
(LAVILLE, 1999), com uma série de perguntas abertas. As entrevistas foram realizadas
pessoalmente em uma ordem prevista, permitindo a elaboração de novas perguntas
de esclarecimento. O questionário, dessa forma, semiestruturado (COMISSÃO
EUROPÉIA, 2011; DEGANI, 2003; NASCIMENTO, L. F.; LEMOS, A. D. C.;
HIWATASHI, E., 1997; SEBRAE/ ES., 2004; MOREIRA, M. S., 2006), contendo 50
questões foi aplicado por meio de entrevistas com o responsável pela área ambiental
ou, quando não havia, com o responsável de um departamento relacionado (saúde,
segurança do trabalho, etc).
O questionário está organizado nas seguintes secções:
I – Dados iniciais (do entrevistado);
II – Dados básicos da empresa;
III – Aspectos ambientais na empresa;
IV – Aspectos sociais e de relacionamento na empresa;
V – Educação Ambiental na empresa;
VI – Segurança do Trabalho na empresa; e,
VII – Sistema de Gestão Ambiental (SGA) na empresa.
A partir disso, foi estabelecido contato com as sete principais indústrias do
município, por telefone e/ou por email, sendo essa a população alvo. Primeiramente,
as indústrias foram contatadas por telefone, para identificação do responsável pela
área ambiental e um possível contato com o mesmo, para obtenção do endereço de
email.
Posteriormente, via email, foram enviadas a todas as empresas, informações
sobre a pesquisa a ser realizada nas indústrias do município e, em anexo, a Carta de
Apresentação assinada pelo orientador da pesquisa. Dessa forma, poderia ser
agendada uma visita à sede da indústria, onde seriam realizadas observações e a
47
entrevista. As indústrias que não agendaram visitas, por algum motivo, receberam o
questionário via email com prazo determinado para o reenvio.
Durante o aguardo do reenvio dos questionários devidamente respondidos, foi
sendo realizado um levantamento do referencial teórico das principais abordagens da
gestão ambiental na empresa e sua relevância.
Além do embasamento teórico, foi realizada a caracterização da área
(município de Camanducaia – MG) e dos objetos de estudo. Para a caracterização do
município foram utilizados dados disponíveis no portal eletrônico da Prefeitura, IBGE
(Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) e também no Plano de Gestão da APA
Fernão Dias. E, para a caracterização das sete indústrias utilizou-se dados obtidos nos
FOBI’s (Formulários de Orientação Básica Integrada sobre o Licenciamento
Ambiental) de cada uma delas, disponível na sede do IEF (Instituto Estadual de
Florestas) com a gerente da APA Fernão Dias. Além disso, foram pesquisadas
informações nos portais eletrônicos do FIEMG e na legislação pertinente ao tema,
principalmente a Deliberação Normativa COPAM no 74 de 2004 (MINAS GERAIS,
2004).
A população acessível foi de quatro das sete indústrias contatadas. Para
manter o sigilo exigido pelas indústrias participantes da pesquisa serão utilizados
códigos para representá-las. Os códigos serão sempre apresentados com a letra I e
um número simbólico, para indústria e a letra E com o respectivo número, para o
entrevistado responsável.
Enfim, após o levantamento de todas as informações necessárias, foi realizada
uma análise multicaso.
48
4. RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1. Caracterização da área e dos objetos de estudo
A área de estudo é o município sul mineiro de Camanducaia, com área de 528
km2, pertencente ao bioma Mata Atlântica, com relevo inclinado e de altitude média
(IBGE, s.d.; PELEGRINI, 2009).
A população em 2010 era de 21.074 habitantes, sendo 26,5% residente no
meio rural do município (IBGE, 2010).
A atividade econômica predominante ainda é a agropecuária. Entretanto, nos
últimos anos, algumas indústrias se instalaram no município, se destacando os setores
de equipamentos eletrônicos, papéis, metalúrgica, laticínios e têxteis (FRARE et al.,
2011).
O município de Camanducaia está inserido totalmente na Área de Proteção
Ambiental (APA) Fernão Dias, criada pelo Decreto nº. 38.925 de julho de 1997 como
compensação dos impactos ambientais causados pela duplicação da Rodovia Fernão
Dias (BR 381), duplicada em no final dos anos 1990. É justamente a duplicação e a
proximidade com a Rodovia Fernão Dias que permitiu o desenvolvimento do processo
de industrialização do município (CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008).
A APA Fernão Dias é uma Unidade de Conservação (UC) de Uso Sustentável,
com área aproximada de cento e oitenta mil hectares, que tem como objetivo principal
a proteção e preservação das formações florestais remanescentes da Mata Atlântica e
fauna silvestre, disciplinando o uso e incentivando o desenvolvimento sustentável da
região. Além disso, a área está situada nas importantes bacias hidrográficas dos rios
Jaguari, Sapucaí-Mirim e Sapucaí (CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008).
Os objetos de estudo deste trabalho, inicialmente, eram sete das principais
indústrias instaladas no município de Camanducaia. Conforme a acessibilidade das
indústrias, esse número sofreu alteração.
De acordo com a Deliberação Normativa COPAM no 74 de 2004 foi possível
inventariar os setores de produção de cada indústria estudada. É importante
considerar que esse documento “estabelece critérios para classificação, segundo o
porte e potencial poluidor, de empreendimentos e atividades modificadoras do meio
ambiente passíveis de autorização ou de licenciamento ambiental no nível estadual
(...)”. Nesse documento, os empreendimentos e atividades estão organizados
conforme uma lista, segmentados nas seguintes listagens: A – Atividades Minerárias,
B - Atividades Industriais / Indústria Metalúrgica e Outras, C- Atividades Industriais /
49
Indústria Química, D - Atividades Industriais / Indústria Alimentícia, E – Atividades de
Infraestrutura, F - Serviços e Comércio Atacadista e G – Atividades Agrossilvipastoris.
As indústrias selecionadas estão classificadas abaixo, conforme a Deliberação
Normativa COPAM no 74 de 2004.
A indústria I-1 mantém atividades pertencentes à categoria de “lavanderias
industriais com tingimento, amaciamento e outros acabamentos em roupas, peças do
vestuário e artefatos diversos de tecidos” (MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor
no ar é considerado médio; na água e no solo, potencial grande.
A indústria I-2 mantém atividades pertencentes à categoria “reparação ou
manutenção de máquinas aparelhos e equipamentos industriais e comerciais e
eletroeletrônicos” (MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor é pequeno para o ar e
para a água, sendo médio para o solo.
A indústria I-3 mantém atividades pertencentes à categoria de “moldagem de
termoplástico não organoclorado, sem a utilização de matéria-prima reciclada ou com
a utilização de matéria-prima reciclada a seco, sem utilização de tinta para gravação”
(MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor é pequeno para o ar e para a água,
sendo médio para o solo.
De acordo com a Análise Gestão Ambiental – Anuário 2008 (2008), a indústria
I-3 apresenta as seguintes características:
O Departamento de Saúde e Segurança é responsável pela área de meio
ambiente na indústria;
O nível hierárquico que responde pela área é a diretoria;
Todas as atividades e processos causam impactos ambientais;
No quesito Tratamento de Resíduos – Resíduos do processo industrial, a
indústria alegou que apresenta todas as ações propostas, exceto meta para
redução;
No quesito Consumo de Recursos Naturais – Água, a indústria alegou que
possui todas as propostas, exceto programa estruturado.
A indústria I-4 mantém atividades pertencentes à categoria de “fabricação de
máquinas, aparelhos, peças e acessórios com tratamento térmico e/ou tratamento
superficial” (MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor é grande para o ar e a água
e, médio para o solo.
A indústria I-5 mantém atividades pertencentes à categoria de “fabricação de
artigos e artefatos de papelão, cartolina e cartão, impressos, simples ou plastificados”
50
(MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor no ar e na água é considerado médio; no
solo, pequeno.
A indústria I-6 mantém atividades pertencentes à categoria de “fabricação de
pasta mecânica” (MINAS GERAIS, 2004). O potencial poluidor é médio para o ar e,
grande para a água e o solo.
A indústria I-7 mantém atividades pertencentes à categoria de “fabricação de
máquinas, aparelhos, peças e acessórios sem tratamento térmico, superficial” (MINAS
GERAIS, 2004). O potencial poluidor no ar e na água é considerado médio; no solo,
pequeno.
Enfim, os objetos de estudo acessíveis corresponderam a quatro das sete
indústrias anteriormente selecionadas. A tabela 6 sintetiza as atividades das indústrias
que constituem os objetos desse estudo:
Tabela 6: Objetos do estudo e respectivas atividades industriais
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Atividade
Moldagem de termoplástico não
organoclorado.
Fabricação de artigos e artefatos
de papelão.
Fabricação de pasta mecânica.
Fabricação de máquinas,
aparelhos, peças e acessórios.
Fonte: LOURENCO, 2012 e MINAS GERAIS, 2004.
O período de campo teve o prazo de dois meses, de maio a junho do ano de
2011. Das sete indústrias contatadas, na I-5 e I-6 o contato foi rápido e eficiente, com
o responsável pela área ambiental.
Dentre os questionários enviados, todos foram respondidos dentro do prazo.
Na I6, foi agendada uma visita que ocorreu dia 20 de maio de 2011, onde foi possível
fazer observações das instalações, processo produtivo e, por fim, a aplicação do
questionário pessoalmente.
Com a indústria I-3 e I-7, o contato foi somente virtual, porém foi eficiente. Na
indústria I-5, além do questionário enviado por email, foi possível também uma visita
monitorada.
Todas as indústrias estudadas se encontram instaladas de acordo com o
zoneamento ambiental contido no Plano de Gestão da APA Fernão Dias
(CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008). A figura 3 apresenta o mapa de zoneamento
ambiental da APA Fernão Dias. As indústrias I-3, I-5 e I-7 integram a Zona de
Desenvolvimento Industrial, identificadas no mapa pela cor marrom. Enquanto, a I-6
51
pertence à Zona de Conservação com Concentração de Atividades Silviculturais,
representadas na cor verde claro no mapa.
As figuras 4 e 5 identificam as duas zonas citadas (CONSÓRCIO ERG –
STCP, 2008).
Figura 3: Mapa de Zoneamento Ambiental da APA Fernão Dias.
Fonte: CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008.
Figura 4: Foto da região de Monte Verde, distrito de Camanducaia-MG, com predominância de
atividades silviculturais em meio a fragmentos de Mata Atlântica.
Fonte: CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008.
Figura 5: Foto das margens da Rodovia Fernão Dias, Camanducaia-MG.
Fonte: CONSÓRCIO ERG – STCP, 2008.
Na zona de desenvolvimento industrial, uma área urbana onde é permitido a
instalação de indústrias e serviços que atendam a pré-requisitos como,
preferencialmente baixo a médio potencial poluidor e impacto social. Na zona de
conservação com concentração de atividades silviculturais são áreas rurais com
predominância de atividades voltadas à silvicultura, intercalada com fragmentos
florestais significativos (CORNSÓRCIO ERG – STCP, 2008).
4.2. Identificação do perfil ambiental das indústrias pesquisadas
4.2.1. Perfil do profissional de gestão ambiental
As respostas à primeira secção do questionário, dados iniciais, relacionadas
aos entrevistados (E) das respectivas indústrias (I), foram sintetizadas na tabela 7.
Pode-se observar que, conforme afirmações já citadas dos autores Silveira et
al. (2006) e Oliveira e Santos (2007), os profissionais responsáveis pela área
ambiental da grande parte das organizações, ainda não estão devidamente habilitados
para a função e o gestor apresenta variadas denominações.
52
Tabela 7: I - Dados iniciais dos entrevistados
Entrevistado E-3 E-5 E-6 E-7
Gênero Masculino Masculino Masculino Feminino
Cargo/função Analista de Segurança do Trabalho/Ambiental
Analista de SIG Analista
Ambiental Gerente
Administrativo
Nível de Escolaridade Técnico Superior Técnico Superior
Fonte: LOURENÇO, 2012.
Esses fatos podem ser evidenciados pela formação, em geral, técnica, dos
entrevistados e pela função de cada um dentro da organização.
Além disso, percebe-se que grande parte desses profissionais são
representados por pessoas do gênero masculino.
4.2.2. Perfil geral da indústria e processo produtivo
Na segunda parte do questionário, foram obtidos dados básicos da empresa,
que podem ser visualizados nas tabelas 8 e 9.
Tabela 8. Dados básicos da empresa
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Setor/ramo Injeção plástica Embalagens de
papelão ondulado Pasta mecânica/
celulose Metalurgia
Produtos
Painel, para-choque, e outros acessórios
automotivos e móveis
Embalagens de papelão ondulado
Pasta mecânica (TGW e BTGW)
Oxicatalisador para grupos geradores e
empilhadeiras
Matérias-primas Polímeros e
Materiais gerais metálicos
Bobina de papel, amido de milho, cola
vegetal.
Madeira, biocidas, soda cáustica,
peróxido de hidrogênio
Chapas de ferro e inox, silicato neutro
e alumina
Resíduos
Metais, polímeros, madeiras, materiais inertes e efluentes
de pintura
Aparas de papel, lodo de ETE classe II
Lascas, cascas, cavacos de madeira,
pó de serra, óleos lubrificantes, EPI's
contaminados, sucatas
Chapas de ferro e inox
Fonte: LOURENÇO, 2012.
53
Como pode ser observada na tabela 8, a pesquisa abrangeu indústrias de
setores diferentes, todos considerados como potencialmente poluidores pela
Deliberação Normativa COPAM nº 74/04 (MINAS GERAIS, 2004).
Os produtos, insumos e resíduos de cada indústria revelam seu aspecto
ambiental. De acordo com Fang (2001), o elemento das atividades ou produtos ou
serviços que pode interagir com o meio ambiente consistem no aspecto ambiental da
organização.
Dessa forma, analisando os dados da tabela 8, foi possível concluir que todas
as indústrias apresentam características específicas, por isso demandam soluções e
estratégias ambientais também especializadas.
Como Valle (2010) afirmou é importante os fatores como as condições do país
e sociedade, disponibilidade de recursos, entre outros sejam considerados na busca
por soluções ambientais (VALLE, 2010). Souza também frisou que as respostas
estratégicas que as diferentes organizações oferecem são variáveis, dependendo de
seu ambiente de negócios (SOUZA, 2002).
Como foi bem explicitado no referencial teórico, a questão dos resíduos
constitui um dos problemas ambientais mais graves a serem resolvidos pela indústria.
Considerando o que Valle (2010) afirmou, a verdadeira solução para esse problema é
a não geração de resíduos e o desenvolvimento de técnicas que evitem ao máximo o
desperdício (VALLE, 2010).
Importante o fato de todas elas também manterem processo e/ou
comercialização de resíduos.
Na tabela 9, que traz a continuação dos dados básicos da empresa há a
caracterização das indústrias em alguns aspectos importantes.
Tabela 9: Continuação dos dados básicos da empresa
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Período de existência
Mais de 20 anos Mais de 20 anos Mais de 20 anos Menos de 10 anos
Nacionalidade Multinacional Nacional Nacional Nacional
Número de funcionários
Maior que 200 Maior que 200 Maior que 200 Menor que 50
Média de escolaridade
Ens. Médio Ens. Médio Ens. Médio Ens. Médio
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Principais clientes
VW, FIAT, GM, FORD, HONDA,
CITROEN, PEGHEOUT,
SCANIA
GRUPO CRM, FERRERO ROCHE,
LEF PISOS E REVESTIMENTOS
SUZANO e IBEMA
BATTISTELLA DISTRIBUIDORA e IND. DE PEÇAS
E EQPTO. ANDRÔMEDA
Principais fornecedores
FORTY, SANDRETO, CONASSU,
KLABIN, FERNANDES PAPEL
E CELULOSE
AUTOSUFICIENTE EM MADEIRA
PERLIMA METAIS PERFURADOS LTDA, SOUFER
INDUSTRIAL LTDA.
Fonte: LOURENÇO, 2012.
Todas as indústrias estão bem estabelecidas, sendo que a maioria apresenta
mais de vinte anos de existência no município. Somente a indústria I-7 apresentam
menor idade (menos de dez).
Como foi citado anteriormente (SILVA Filho et. al., 2009), o tamanho ou porte
de uma organização é calculado pelo número de empregados e faturamento. Com
base nessas informações, provavelmente a indústria I-7 é de pequeno porte, as outras
(I-3, I-5 e I-6) são de porte médio a grande. Essa característica tem sido considerado
uma das características mais influentes na implementação de práticas ambientais.
Foi possível perceber que existe certa desqualificação do quadro de
funcionários das indústrias pesquisadas, já que em todas elas a média de
escolaridade se constitui no Ensino Médio regular.
Com relação à nacionalidade, a maioria é de origem nacional, e apenas a
indústria I-3 é multinacional.
A análise do porte dos principais clientes e fornecedores citados por cada
indústria possibilitou uma comparação com o grau de desenvolvimento da gestão
ambiental dentro de cada uma delas. Considerando o que Seiffert (2007) apontou, é
possível afirmar que as pressões para o desenvolvimento dessa gestão provêm tanto
do mercado e da sociedade, como de clientes nacionais e estrangeiros e
fornecedores. Dessa forma, todas as indústrias sofrem influência dessas partes
interessadas; exceto a indústria I-7 que, provavelmente, ainda não detém de grande
espaço no mercado.
Com relação aos fornecedores, a indústria I-3 afirmou que parte deles são
certificados. As indústrias I-5 e I-6 possuem fornecedores certificados. E, a I-7 não
possui.
Quando questionados sobre seus conhecimentos em relação ao
“Desenvolvimento Sustentável” todos os entrevistados responderam que conheciam
os princípios que norteiam o caminho para a sustentabilidade.
55
4.2.3. Perfil ambiental geral
Na segunda parte do questionário foram obtidos importantes dados referentes
aos aspectos ambientais das indústrias e eles estão sintetizados nas tabelas 10 e 11.
Tabela 10: Aspectos Ambientais da empresa
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Departamento de Meio Ambiente
Existe, mas é subordinado à
direção Existe e é autônomo
Existe, mas é subordinado à
direção Não existe
Número de funcionários
ligados à atividades de meio
ambiente
Mais que 5 De 1 a 5 de 1 a 5 Mais de 5
Média de escolaridade
dos funcionários
Técnico Superior Superior Ens. Médio
Certificação ISO14001
ISO 9001, ISSO 14001,
OHSAS18001 e SA 8000
FSC Em processo
ISO9001
Fonte: LOURENÇO, 2012.
A existência, estruturação e a independência do departamento de meio
ambiente dentro das indústrias estudadas, conforme apontou apontaram Ceruti e Silva
(2009), constitui uma das principais dificuldades enfrentadas pelas organizações na
prática da gestão ambiental.
Como estruturação considera-se a quantidade dos funcionários que trabalham
no departamento de meio ambiente e sua qualificação.
É possível levantar a hipótese, com base na indústria I-5, que o
desenvolvimento e a evolução da gestão ambiental (inclusive a obtenção de
certificações) estão diretamente relacionados com a autonomia e estrutura desse
departamento. Ainda, pode-se considerar que a ausência de uma estruturação
adequada, como no caso da indústria I-7, pode retardar o desenvolvimento da gestão
ambiental. Assim, mesmo sendo subordinado, a existência de um departamento é
vantajosa para a organização.
É importante citar o fato de que a indústria I-7 alegou apresentar mais de cinco
funcionários trabalhando em funções ligadas ao meio ambiente, pois é seus produtos
são de tecnologia ambiental (catalisadores, filtros, etc.).
56
Com relação à certificação ambiental, a indústria I-3 possui uma certificação
(Sistema de Gestão Ambiental), a I-5 possui quatro certificados, mantendo, assim, um
Sistema de Gestão Integrada (SGI). É importante considerar que, por isso, o
entrevistado tem o cargo denominado Analista de SIG.
A I-6 possui certificações do FSC, específicas para seu ramo de negócios, para
gestão florestal.
A I-7 está em processo de certificação da ISO 9001 (Sistema de Gestão da
Qualidade) e, acrescentou que pretende implantar sistemas por etapas.
Geralmente, como afirmou Valle (2010), são as dificuldades financeiras que
resultam no adiamento da Certificação Ambiental.
Contradizendo a tendência recente da implantação, relatada por Guerra (2009)
em organizações mais desenvolvidas, de uma integração dos temas qualidade,
proteção ambiental, saúde ocupacional, segurança no trabalho, ética e
responsabilidade social, convergindo todos esses temas para a criação de Sistemas
de Gestão Integrado.
Tabela 11: Continuação dos Aspectos Ambientais da empresa
Impactos Ambientais
Efluentes dos processos produtivos
e emissões atmosféricas
Efluentes sanitários, processos
produtivos, emissões atmosféricas,
resíduos sólidos não perigosos
Efluentes sanitários, processos
produtivos, resíduos sólidos não perigosos e
perigosos, vibrações e ruídos
Resíduos sólidos não perigosos
Controle/
Prevenção
Dos Impactos
Ambientais
Reciclagem ou reaproveitamento
das matérias-primas, disposição adequada dos resíduos sólidos,
ETE
Reciclagem ou reaproveitamento
das matérias-primas, disposição adequada dos resíduos sólidos, redução do uso de
água e energia, ETE, equipamentos contra
emissões atmosféricas
Reciclagem ou reaproveitamento
das matérias-primas, disposição adequada dos resíduos sólidos,
redução do uso de água, ETE em
construção, equipamentos contra
ruídos e vibrações
Reciclagem ou reaproveitamento
das matérias-primas
Dificuldades para melhoria ambiental
Custo elevado dos equipamentos
ambientais, procedimentos
administrativos e burocráticos dos
órgãos
Nenhuma
Mudanças nas exigências da
regulamentação ambiental
(insegurança jurídica)
Falta de recursos financeiros
57
Avalia/ monitora os Impactos
Ambientais
Continuamente Continuamente
Continuamente, através de ACV do
produto (projeto futuro)
Através de pesquisas de
satisfação/pós-venda
Fonte: LOURENÇO, 2012.
Em relação aos impactos ambientais das indústrias pesquisadas, pode-se
afirmar que os dados são subjetivos, já que nem mesmo os efluentes sanitários em
algumas são mencionados, o que não confere com a realidade.
Com relação ações de controle e/ou prevenção dos impactos ambientais das
indústrias estudadas, todas elas se utilizam de processos de reciclagem e/ou
reaproveitamento de materiais.
A disposição adequada dos resíduos sólidos é realizada por todas, exceto a I-
7. As ações de redução do uso de água são praticadas apenas por duas delas (I-5 e I-
6), já a redução do uso de energia apenas a I-5 pratica.
É importante considerar a importância do avanço na instalação de Estações de
Tratamento de Efluentes (ETE) próprios. É o que ocorre nessas indústrias, exceto na I-
7.
A I-3 alegou que impacta por meio de emissões atmosféricas, entretanto não
possui equipamentos de prevenção e controle. A indústria I-5 é a única que apresenta
tais equipamentos.
Por fim, a indústria I-6 possui equipamentos de prevenção e/ou controle para o
impacto da emissão de ruídos e vibrações.
Quando questionados sobre as possíveis dificuldades enfrentadas para a
melhoria ambiental da organização, não houve concordância nas respostas.
Como afirmaram Ceruti e Silva (2009), as principais dificuldades deparadas
pelas organizações na prática da gestão ambiental são: investimento na área
ambiental; relacionamento com órgãos ambientais; deficiência no treinamento do
pessoal. Fora desse padrão, a I-5 alegou que não vê dificuldades para buscar
melhorias ambientais para indústria.
As outras indústrias, situadas dentro do padrão, alegaram serem difíceis os
aspectos regulamentares e financeiros.
Com relação ao investimento na área ambiental todas as indústrias afirmaram
investir continua e progressivamente.
Todas as indústrias, exceto a I-7, realizam o monitoramento e a avaliação dos
impactos ambientais continuamente. Ademais, a I-6 apresenta projeto futuro para
implantação da norma ISO 14040 (Avaliação do Ciclo de Vida – Princípios e
Estrutura).
58
A indústria I-7 não negou que realizasse tais procedimentos, mas a resposta
fornecida não foi condizente. Pesquisa de satisfação do cliente e pós-venda não
constitui mecanismo de avaliação e/ou monitoramento de impactos ambientais.
Quando questionados sobre a identificação de formas de utilizar a
sustentabilidade a fim de obter vantagem sobre a concorrência, as respostas foram
variadas. A indústria I-3 afirmou não identificar. Enquanto que a I-5 identifica
parcialmente, a I-6 identifica e acrescentou que utiliza normas e princípios da FSC e a
I-7 identifica totalmente.
Todos os entrevistados responderam que acreditam que suas respectivas
indústrias estão instaladas em local adequado. Contudo, quando questionados sobre o
conhecimento do Plano Diretor do município de Camanducaia, a I-3 e a I-6
responderam que não o conheciam e a I-5 e a I-7 afirmaram que conhecem e que está
bem elaborado.
4.2.4. Perfil do Sistema de Gestão Ambiental
Na parte seis do questionário foram obtidos importantes dados referentes a
gestão ambiental na indústria.
Neste item foram consideradas ações independentes, e não apenas ações
sistemáticas de gestão ambiental.
Todas as indústrias pesquisadas afirmaram nunca terem sido autuadas por
alguma violação da proteção ambiental.
Das indústrias pesquisadas, todas afirmaram apresentar planos relacionados
com seus potencias de emergência. Novamente, a indústria I-7 não forneceu resposta
condizente à esperada, inclusive em relação ao planejamento de ações emergenciais.
Com relação ao planejamento de ações emergenciais, todas as industriais
asseguraram apresentar. A indústria I-3 acrescentou que realiza treinamentos
relacionados ao assunto com os funcionários. A I-5 diz manter os procedimentos
documentados no Sistema de Gestão Integrada. E, a I-6 possui um Plano de
Emergência também documentado.
Com relação à segurança do trabalho nas indústrias pesquisadas, todas
afirmaram disponibilizar EPI’s (equipamentos de proteção individual) para os
funcionários, dependendo das funções, aplicar treinamentos para o uso dos EPI’s. A
tabela 12 apresenta os principais EPI’s utilizados nas indústrias.
59
Tabela 12: Equipamentos de proteção individuais (EPI’s) mais utilizados nas indústrias
pesquisadas
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
EPI´s
Protetor auditivo,
Botas,
Máscara,
Luvas,
Capas,
Outros: roupas,
cinto de segurança
Protetor auditivo,
botas,
máscara,
luvas
Capacete, protetor auditivo, botas, máscara, luvas, perneiras,
óculos
Todos citados no questionário
Fonte: LOURENÇO, T. S. C., 2011.
4.2.5. Perfil de responsabilidade social
Na terceira parte do questionário foram obtidos os dados relacionados aos
aspectos sociais e de relacionamento na indústria. Alguns dados estão apresentados
nas tabelas 13 e 14 para facilitar a análise, outros estão explicados ao longo do texto.
Tabela 13: Aspectos sociais e de relacionamento na empresa
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Disponibilidade de Informações Ambientais para FORNECEDORES
S S N S
Disponibilidade de Informações Ambientais para COMUNIDADE
N S S N
Políticas flexíveis Ginástica
laboral
Ginástica laboral e
internet livre
Lanches, horários alternativos, festas,
dentista (ambulatório),
médico do trabalho, escola
Lanches, festas e
transporte integral
Política Ambiental S, mas não
escrita S, escrita
N, em elaboração (Política de
Sustentabilidade) N
Divulgação da Política Ambiental para funcionários
S S N
N
Projeto de Educação Ambiental para população local
S N S N
Fonte: LOURENÇO, T. S. C., 2011.
60
Com relação à disponibilidade de informações foi possível perceber que, em
todas as indústrias ela ocorre para os clientes e funcionários. Entretanto, para a
comunidade e fornecedores nem sempre há informações sobre as atividades das
indústrias. Entretanto, conforme afirmou Valle (2010), é fundamental que a
organização atue de forma ecossocial, contribuindo para melhoria da qualidade de
vida dos seus colaboradores e da região onde atua. E, a forma adequada de externar
essa postura é por meio da demonstração de transparência em suas ações.
Todas as indústrias apresentam políticas flexíveis para os funcionários,
principalmente aquelas relacionadas à saúde e ao entretenimento.
A indústria I-6, por estar instalada em meio rural, ela disponibiliza aos filhos de
funcionários escola básica. É importante considerar que essa indústria é a que mais se
preocupa com a comunidade local e colaboradores em geral.
Com relação a reclamações sobre seu desempenho ambiental, apenas a
indústria I-5 afirmou que já aconteceu, porém poucas vezes.
As indústrias I-3 e I-5 possuem políticas ambientais, sendo que a primeira tem
sua política desorganizada e a segunda, a tem escrita. Já as indústrias I-6 e I-7 não
possuem. A indústria I-6 afirmou que está elaborando uma Política de
Sustentabilidade.
Com relação à divulgação da política ambiental para os funcionários, apenas
as indústrias I-3 e I-5 afirmaram realizá-la.
Com referência a aplicação de projetos de educação ambiental para integração
com a população local, apenas as indústrias I-3 e I-6 alegaram que já aplicaram algum
tipo de projeto.
Quando questionados sobre a divulgação dos valores e regras da organização
para os colaboradores, todas as indústrias pesquisadas alegaram realizá-la.
Tabela 14: Educação Ambiental na Empresa
Indústria I-3 I-5 I-6 I-7
Projeto de Educação Ambiental na empresa
S/formal e informal S/formais
(treinamentos) S/formais N
Frequência/EA mensal Mensal mensal (colheita e plantio) e anual
(fábrica)
Outro (dia-a-dia, atitudes simples)
Fonte: LOURENÇO, T. S. C., 2011.
61
Todas as indústrias oferecem aos seus colaboradores planos de saúde, seguro
e outros. Todas também afirmaram realizar treinamento adequado às funções de
novos funcionários.
Com relação a projetos de educação ambiental dentro da organização, a maioria
realiza treinamento formais, com freqüência mensal.
A indústria I-7 apresentou como motivo da não realização de projetos de
educação ambiental na organização a falta de necessidade de um programa como
esse. E, acrescentou que com atitudes simples realiza-se educação ambiental com os
funcionários no cotidiano.
62
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
Cada vez mais as questões ambientais se destacam na agenda das
organizações. A poluição consequente das atividades produtivas passou a ser
considerada desperdício e isso influenciou na decisão pela implementação de práticas
de gestão ambiental (HEINZEN et al., 2011).
Um requisito essencial para as organizações que pretendem ser e manter-se
competitivas é o alcance da conciliação das características ambientais dos produtos e
serviços com os paradigmas da conservação ambiental (VALLE, 2010).
As organizações que apresentam bom posicionamento devido ao compromisso
com a qualidade ambiental vêem, principalmente na série ISO 14000, a possibilidade
de estender essa valorização internacionalmente (VALLE, 2010).
Enfim, toda organização que adotar a nova abordagem sistêmica e proativa,
baseada na normalização específica para seu ambiente de negócio, abordada no
referencial teórico deste trabalho, almejando a Certificação Ambiental, estará
alcançando a ecoficiência, ou seja, estará produzindo produtos ecoficientes.
Por meio desse estudo foi possível traçar e avaliar o perfil ambiental de
indústrias do município sul mineiro de Camanducaia. É importante considerar que, de
acordo com o zoneamento ambiental da Área de Proteção Ambiental – APA Fernão
Dias, a qual o município em questão integra, todas as indústrias do estudo encontram-
se instaladas adequadamente. Ainda, deve-se considerar que todas elas são
potencialmente poluidoras do meio ambiente, de acordo com a legislação aplicada.
O conteúdo teórico explanado e o levantamento de dados permitem algumas
considerações importantes.
Verificou-se que os fatores determinantes para adoção de práticas voluntárias
de gestão ambiental são, principalmente, de origem externa, como a regulamentação
e as pressões de mercado (concorrência) e sociais. O porte e a nacionalidade também
foram marcantes nesse aspecto.
Constatou-se que a vantagem principal para a organização que pratica gestão
ambiental consiste na melhora de sua imagem perante à sociedade e aos clientes.
Entretanto, é inquestionável que, por meio da ecoficiência da produção e dos
produtos, sejam gerados benefícios para a sociedade.
A principal limitação identificada para adoção de práticas de gestão ambiental
foi a existência, estruturação (incluindo a qualificação do profissional de gestão
ambiental) e autonomia do departamento de meio ambiente dentro da indústria. Além
63
disso, a falta de recursos financeiros, a insegurança jurídica e a burocracia, segundo
as indústrias pesquisadas, dificultam a melhoria ambiental da organização.
Com relação às soluções e estratégias adotadas na resolução de problemas
ambientais nas quatro indústrias estudadas, foi possível levantar que:
Todas elas adotam a reciclagem ou reaproveitamento das matérias-primas;
Três dispõe adequadamente os resíduos sólidos e possuem uma Estação de
Tratamento de Efluentes (ETE);
Duas têm metas de redução do consumo de água;
Apenas uma indústria tem metas de redução do consumo de energia;
Duas tem equipamentos de controle de impacto ambiental;
Três monitoram e a avaliam os impactos ambientais continuamente;
Todas promovem treinamento aos novos funcionários e fornecem os
Equipamentos de Proteção Individual (EPI’s);
Todas investem na área ambiental progressivamente;
Somente uma indústria possui Política Ambiental específica para meio
ambiente formalizada;
Todas divulgam suas informações sobre gestão ambiental aos clientes e
funcionários;
Duas afirmaram divulgar suas informações à sociedade e três aos
fornecedores;
Apenas duas delas aplicam ou já aplicaram projetos de educação ambiental
para integração com a população local;
Nenhuma indústria alegou que não pratica ações ligadas a meio ambiente;
Três já possuem algum tipo certificação ambiental.
Toda essa complexa discussão acerca da preocupação e da gestão ambiental
se tornou uma tendência irrefutável e, as organizações que não se adequarem à ela,
estarão sujeitas a falência (GRUMMT Filho; WATZLAWICK, 2008).
Conclui-se que é fundamental, nos dias atuais, que as indústrias assumam e
invistam na gestão ambiental de seus negócios e processos. É o que se espera
incentivar com este trabalho.
64
6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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69
7. APÊNDICE
QUESTIONÁRIO ESTRUTURADO PARA COLETA DE DADOS
THAIS SOGNAMIGLIO CAMPOS LOURENÇO
Este questionário compõe um instrumento de pesquisa, o qual foi elaborado a
partir de referências da área ambiental, e tem como objetivo identificar o perfil
ambiental desta empresa. O desenvolvimento dessa pesquisa resultara na
constituição de um Trabalho de Conclusão de Curso do Curso de Pós-Graduação Lato
Sensu em Gestão Ambiental e Sustentabilidade, da FAAT – Unidade Sul Mineira,
voltado para a melhoria da gestão do meio ambiente do município de Camanducaia,
MG.
A pesquisa tem caráter cientifico e tecnológico, onde todas as informações
terão garantia de compatibilidade com a verdade e de confidencialidade, quando
exigido pela empresa.
Solicito, portanto, que as respostas prestadas sejam fornecidas por dirigentes
da empresa, preferencialmente da área ambiental, e que estejam habilitados para a
prestação de informações precisas. O êxito deste levantamento e do posterior trabalho
depende da veracidade dos dados coletados nas empresas consultadas.
I – DADOS INICIAIS
Data:____/____/_______ Horário de início:______ Horário de término: _______
Entrevistado na
empresa:__________________________________________________
Cargo/função:____________________ Tempo na empresa:
___________________
Sexo: M ( ) F ( ) Nível de escolaridade: ____________________________
Telefone: ________________________ Email:________________________________
A empresa aceita a citação de seu nome no trabalho?
( ) SIM ( ) NÃO
A empresa deseja receber uma cópia do trabalho final sobre o perfil ambiental de
empresas do município?
( ) SIM ( ) NÃO
70
A empresa permite que suas instalações sejam fotografadas e que as imagens sejam
divulgadas no trabalho?
( ) SIM ( ) NÃO
II – DADOS BÁSICOS DA EMPRESA
1. Qual é a razão social da empresa?
2. Quais são os setor (es) industrial(is) ou ramo (s) da empresa?
3. Quais são os principais produtos da empresa?
4. Quais são as principais matérias-primas ou insumos?
5. Quais são os principais resíduos?
6. Qual é o período de existência da empresa:?
( ) menos que 10 anos ( ) entre 10 e 20 anos ( ) mais de 20 anos
7. A empresa é:
( ) nacional ( ) multinacional
8. Número médio de funcionários:
( ) menor que 50 ( ) de 50 a 100 ( ) de 100 a 200 ( ) maior que 200
9. Média de escolaridade dos funcionários:
( ) E. Fundamental ( ) E. Médio ( ) Técnico ( ) E. Superior ( )
10. Cite dois dos principais:
Clientes:
Fornecedores:
III – ASPECTOS AMBIENTAIS DA EMPRESA
11. Você conhece os princípios do “Desenvolvimento Sustentável”?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
12. Qual(is) o(s) órgão(s) ambiental(is) que autoriza(m) as atividades da empresa?
( ) Secretaria de Obras e Meio Ambiente (Prefeitura Municipal)
( ) IEF
( ) SUPRAM
( ) OUTRO ___________________________
13. Existe um departamento específico para tratar das questões do meio ambiente
na empresa?
( ) SIM, e ele tem autonomia.
( ) SIM, mas ele é subordinado a direção.
71
( ) NÃO
14. A empresa é certificada pela:
( ) NÃO ( ) ISO 9001 (qualidade) ( ) ISO 14001 (SGA)
( ) OUTRA ____________
( ) NÃO possui, mas está nos planos da empresa.
( ) Está em processo de certificação ____________________
15. Quais as razões que levam a empresa a não adotar uma SGA?
( ) as atividades da empresa não impacta o meio ambiente
( ) não sofre pressões com a legislação
( ) nunca foi fiscalizado
( ) não conhece o funcionamento de um SGA
( ) OUTRO ______________________________________________________
16. A empresa possui licença ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) NÃO NECESSITA
17. Quais são os principais aspectos/impactos ambientais relacionados com as
atividades da empresa:
( ) efluentes sanitários
( ) efluentes dos processos produtivos, quais?
( ) emissões atmosféricas
( ) resíduos sólidos não perigosos, qual (is)? ( ) resíduos sólidos perigosos, qual
(is)?
( ) vibrações ou ruídos
( ) odor
18. Quais as ações de controle/ prevenção dos aspectos ambientais acima se
encontram atuantes na empresa?
( ) reciclagem ou reaproveitamento de matérias-primas.
( ) disposição adequada dos resíduos sólidos
( ) redução do uso de água
( ) redução do uso de energia
( ) construção de uma ETE
( ) introdução de equipamentos contra emissões atmosféricas
72
( ) introdução de equipamentos contra ruídos e vibrações
( ) OUTRAS _______________________________________________
19. Quais têm sido as principais dificuldades para a melhoria ambiental da
empresa?
( ) falta de informações técnicas
( ) falta de orientação sobre as exigências legais dos órgãos públicos ambientais
( ) mudanças nas exigências da regulamentação ambiental
( ) custo elevado dos equipamentos ambientais
( ) custo elevado de técnicos especializados na área ambiental
( ) OUTRAS _____________________________________________________
20. A empresa avalia/ monitora os impactos ambientais relativos a suas atividades,
produtos e serviços?
( ) SIM, continuamente.
( ) SIM, apenas durante a instalação da empresa (EIA/RIMA)
( ) SIM, através de outros meios. Quais? _______________________________
( ) NÃO, mas se preocupa com as questões.
( ) NÃO, e não se preocupa com essas questões.
21. Quantos funcionários trabalham em atividades ligadas à área ambiental na
empresa?
( ) nenhum ( ) um ( ) de um a cinco ( ) mais de 5
22. Desses profissionais, qual o nível acadêmico médio?
( ) médio ( ) técnico ( ) superior ( ) especialista ( )
OUTRO______________________
23. A empresa consegue identificar formas de utilizar a sustentabilidade dos seus
produtos, serviços para obter uma vantagem sobre a concorrência?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
24. Em sua opinião, a empresa se encontra instalada em um local adequado?
( ) SIM
( ) NÃO, porque?
( ) NÃO SEI
73
25. O Plano Diretor do município de Camanducaia está bem elaborado, na sua
opinião?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE ( ) NÃO O CONHEÇO
III – ASPECTOS SOCIAIS E DE RELACIONAMENTO NA EMPRESA
26. A empresa disponibiliza informação ambiental clara e precisa sobre seus
produtos, serviços e atividades aos clientes? ( ) SIM ( ) NÃO
E aos fornecedores? ( ) SIM ( ) NÃO
Aos funcionários? ( ) SIM ( ) NÃO
À comunidade? ( ) SIM ( ) NÃO
Como?
27. Os colaboradores estão cientes dos valores e regras de conduta da empresa?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
28. A empresa possui planos de saúde, segurança, etc, que assegurem seus
colaboradores?
( ) SIM ( ) NÃO
29. Quais das políticas flexíveis ou atividades que asseguram o bem-estar dos
colaboradores na empresa?
( ) horários alternativos
( ) lanches durante o turno
( ) descanso durante o turno
( ) ginástica laboral
( ) Internet livre
( ) festas
( ) OUTROS
30. Os colaboradores novatos são treinados para as atividades em que
trabalharão?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
74
31. Já houve, em algum momento, reclamações relativas ao desempenho
ambiental da empresa?
( ) SIM, muitas ( ) SIM, poucas ( ) NÃO
32. A política ambiental da empresa foi divulgada para todos os empregados?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
33. A empresa aplica ou aplicou algum projeto de educação ambiental com a
população local?
( ) SIM, qual e quando?
( ) NÃO
IV – EDUCAÇÃO AMBIENTAL NA EMPRESA
34. Existe na empresa um programa de educação ambiental?
( ) SIM, existem um programa formal. Qual? ___________________________
( ) SIM, existem ações informais/ não planejadas (palestras).
( ) NÃO
35. Quais os motivos pelos quais a empresa não possui um programa de educação
ambiental?
( ) não foi levantada a necessidade de um programa
( ) falta de recursos financeiros
( ) não acredita nos benefícios de programas de educação ambiental
( ) desconhece sobre educação ambiental
( ) OUTROS _____________________________________________________
36. Qual a freqüência na qual os colaboradores da empresa participam das
atividades de educação ambiental?
( ) anual ( ) semestral ( ) mensal ( )
OUTRO____________________________
V – SEGURANÇA DO TRABALHO NA EMPRESA
37. Os colaboradores passam por treinamento para o conhecimento dos EPI’s?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
75
38. A empresa conta com EPI’s (Equipamentos de Proteção Individuais) para todos
os funcionários que necessitam?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
39. Quais são esses EPI’s?
( ) capacete ( ) lentes ( ) protetor auditivo ( ) botas
( ) máscara ( ) luvas ( ) perneiras ( ) capas
( ) OUTROS
VI - SISTEMA DE GESTÃO AMBIENTAL (SGA) DA EMPRESA
1. A empresa possui política ambiental?
( ) SIM, mas não escrita. ( ) SIM, escrita. ( ) NÃO
2. A empresa já foi autuada por algum tipo de violação de alguma norma de
proteção ambiental?
( ) SIM. De qual norma?______________________________
( ) NÃO
3. A empresa utiliza algum processo ou comercializa os resíduos gerados para
que eles sejam reaproveitados, quando possível?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
4. São lançados resíduos nas redes coletoras pluviais?
( ) SIM. Quais?
( ) NÃO ( ) EM PARTE
5. A empresa possui algum potencial de emergência?
( ) SIM. Qual?
( ) NÃO
6. A empresa planejou ações emergenciais para os possíveis acidentes?
( ) SIM. Como?
( ) NÃO
7. Existe alguma ressalva no processo de aquisição de produtos provenientes de
fornecedores certificados?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE
8. A empresa já necessitou elaborar EIA/RIMA com a finalidade de obtenção de
licença ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO
9. Dentre os impactos que a empresa gera em sua operação, cite os principais:
- no solo:
- na água superficial:
- na água subterrânea:
- no ar:
- na população diretamente afetada:
10. A empresa investe na área ambiental?
( ) SIM, continua e progressivamente ( ) SIM, às vezes ( ) NÃO
11. A empresa identifica alguma vantagem competitiva, em relação aos
concorrentes, por ter preocupação com seu desempenho ambiental?
( ) SIM ( ) NÃO ( ) EM PARTE