Modernismo: Um clima estético e psicológico · 2020. 12. 21. · Modernismo no Brasil O...

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Modernismo: Um clima estético e psicológico

Profª Gabriela Machado Silveira

Disciplina: Literatura

Contexto histórico

República Velha (1889 – 1930)

Primeira fase: República da Espada (1889-

1894)

Governo provisório, militarismo (Deodoro

da Fonseca)

República Oligárquica (1894-1930)

Primeiro presidente civil (Prudente de

Moraes)

Oligarquias rurais entre o Partido

Republicano Paulista e o Partido

Republicano Mineiro (Política do Café com

Leite)

Primeira Guerra Mundial (1914 – 1918)

Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945)

Vanguardas europeias

Estopim do modernismo

Estão à frente do seu tempo,

rejeitando tradições

Rompem com a ideia de

aproximação exata do real

Interpretar o real de acordo

formas de expressões

inovadoras

Causar impacto com o novo

Futurismo O que interessa é apenas o futuro

(Manifesto Futurista): Rompe com a

linguagem e a sintaxe tradicional.

Exaltam a tecnologia (Luz elétrica,

automóvel, trem a vapor)

Carga dos lanceiros (1915),

Umberto Boccioni

Expressionismo

A arte é uma interpretação

individual da realidade. Trabalha

geralmente com a distorção da

realidade que aparece

exageradamente.

O Grito (1893),

Edvard Munch

Cubismo

A realidade é representada de

forma fragmentada. A visão

humana é sempre limitada, mas

com a fragmentação é possível ver

mais.

As Damas de Avignon (1907),

Pablo Picasso

Dadaísmo

Afrontamento à arte clássica.

Crítica à sacralização artística

(piada, paródia). O sentido é não ter

sentido (espontaneidade para

provocação).

A Fonte (1917),

Marcel Duchamp

Surrealismo

Representação espontânea e

psicológica do real. Arte ligada à

psicanálise e à interpretação dos

sonhos.

Persistência da Memória (1931),

Salvador Dalí

Principais características do Modernismo no

Brasil

O Modernismo foi um movimento

que contemplou o ambiente artístico,

cultural, político e social

Crítica à burguesia e às estruturas

canônicas

Resistência às características fixas

Crítica ao Parnasianismo (adeus aos

Sapos)

Hibridismo de textos

Ironia

Paródia/Piada

Coloquialismo

Semana de Arte Moderna de

1922

Theatro Municipal de São

Paulo (11 a 18 de fevereiro)

Apresentações de dança,

música, recitais, exposições

Ruptura com os modelos

convencionais

Independência cultural

Os Sapos, Manuel Bandeira

Geração de 1922

1922 – 1930

Afirmação nacional (fase

heroica)

Renovação da estética

Liberdade da forma textual

Valorização das temáticas

cotidianas

Versos livres e brancos

Manifestos modernistas

Primeira geração

modernista

(Fase heroica)

Grupos Modernistas da

primeira geração

MOVIMENTO ANTROPOFÁGICO

Estruturar a cultura nacional

Deglutição da cultura estrangeira

Valorização da arte brasileira

MANIFESTO PAU-BRASIL E MANIFESTO

ANTROPOFÁGICO

Língua sem arcaísmo, sem erudição, natural e

neológica

Revista Antropofágica

Revista Klaxon

MOVIMENTO VERDE-AMARELISMO (ESCOLA

DA ANTA)

Nacionalismo exacerbado

Ufanismo

Caráter anárquico e destruidor

Mário de Andrade Papa do Modernismo Brasileiro

Ode ao Burguês

Macunaíma

Manuel Bandeira

Pneumotórax

Oswald de Andrade Palhaço da burguesia

Erro de Português

Canto de Regresso à Pátria

Minha terra tem palmares

Onde gorjeia o mar

Os pássaros daqui

Não cantam como os de lá

Minha terra tem mais rosas

E quase que mais amores

Minha terra tem mais ouro

Minha terra tem mais terra

Ouro terra amor e rosas

Eu quero tudo de lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para lá

Não permita Deus que eu morra

Sem que volte para São Paulo

Sem que veja a Rua 15

E o progresso de São Paulo

Tarsila do Amaral

Homem que come gente

Cansaço dos operários

ABAPORU (1928)

OS OPERÁRIOS (1933)

Pagu (Patrícia Galvão) Musa do Modernismo

Parque Industrial (1933)

Geração de 1930

1930 - 1945

Era Vargas

Fim da política do café com leite

Regionalistas

Escritores nordestinos

Exposição das desigualdades regionais

Segunda geração modernista

(Fase de construção)

Rachel de Queiroz Primeira mulher a adentrar a

Academia Brasileira de Letras

O Quinze (1930) Uma história sobre a seca e

uma protagonista com ideais

feministas

Graciliano Ramos Escrita sobre a seca;

pessimismo da vida cotidiana;

não “criava histórias”, escrevia

sobre o que via

Vidas Secas (1938)

Jorge Amado Protagonistas subversivos:

malandros, vagabundos,

alcoólatras, prostitutas

Gabriela, cravo e canela (1958)

Dona Flor e seus dois

maridos (1966)

Carlos Drummod de Andrade

E agora, José?

Vinícius de Moraes

Ausência (1935)

Cecília Meireles Psicanálise na poesia

Retrato (1939)

Geração de 1945

1945 - 1980

Fim do Estado Novo

Fim da Segunda Guerra Mundial

Início da Guerra Fria

Preocupação em inovar a linguagem

Sonoridade na prosa

Saudosismo

Realismo fantástico

Terceira geração modernista.

(Pós-Modernismo)

João Cabral de Melo Neto

Poesia sertaneja

Morte e vida severina (1955)

Guimarães Rosa Grande representante da

narrativa lírica

Grande Sertão: Veredas (1955)

Clarice Lispector Prosa intimista e psicológica

Se eu fosse eu

O Modernismo no ENEM QUESTÕES

“Poética”, de Manuel Bandeira, é quase um manifesto do movimento modernista

brasileiro de 1922. No poema, o autor elabora críticas e propostas que

representam o pensamento estético predominante na época.

Poética

Estou farto do lirismo comedido

Do lirismo bem comportado

Do lirismo funcionário público com livro de ponto expediente

protocolo e manifestações de apreço ao Sr. diretor.

Estou farto do lirismo que pára e vai averiguar no dicionário

o cunho vernáculo de um vocábulo.

Abaixo os puristas

[...]

Quero antes o lirismo dos loucos

O lirismo dos bêbedos

O lirismo difícil e pungente dos bêbedos

O lirismo dos clowns de Shakespeare

- Não quero mais saber do lirismo que não é libertação.

(BANDEIRA, Manuel. Poesia completa e prosa. Rio de janeiro: José Aguilar, 1974)

Com base na leitura do poema, podemos afirmar

corretamente que o poeta:

a) Critica o lirismo louco do movimento modernista.

b) Critica todo e qualquer lirismo na literatura.

c) Propõe o retorno ao lirismo do movimento clássico.

d) Propõe o retorno do movimento romântico.

e) Propõe a criação de um novo lirismo.

Antiode

Poesia, não será esse

o sentido em que

ainda te escrevo:

flor! (Te escrevo:

flor! Não uma

flor, nem aquela

flor-virtude — em

disfarçados urinóis).

Flor é a palavra

flor; verso inscrito

no verso, como as

manhãs no tempo.

Flor é o salto

da ave para o voo:

o salto fora do sono

quando teu tecido

se rompe; é uma explosão

posta a funcionar,

como uma máquina,

uma jarra de flores.

(MELO NETO, J.C. Psicologia da composição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1997)

A poesia é marcada pela recriação do objeto por meio da linguagem,

sem necessariamente explicá-lo. Nesse fragmento de João Cabral de Melo Neto,

poeta da geração de 1945, o sujeito lírico propõe a recriação poética de

(A) uma palavra, a partir de imagens com as quais ela pode ser comparada, a fim

de assumir novos significados.

(B) um urinol, uma referência às artes visuais ligadas às vanguardas do início do

século XX.

(C) uma ave, que compõe, com seus movimentos, uma imagem historicamente

ligada à palavra poética.

(D) uma máquina, levando em consideração a relevância do discurso técnico-

científico pós-Revolução Industrial.

(E) um tecido, visto que sua composição depende de elementos intrínsecos ao

eu lírico.

Sobre a segunda geração do modernismo brasileiro é correto afirmar:

a) a cultura indígena e africana foram os principais temas explorados

pelos escritores desse período.

b) chamada de fase de construção, a produção literária desse momento

esteve voltada para a denúncia da realidade brasileira.

c) o índio foi eleito como o herói nacional, reforçando ainda mais a

identidade brasileira.

d) desprovida de engajamento político, nesse momento a preocupação

era acerca do aprimoramento da linguagem.

e) com forte teor indianista, a poesia dessa fase esteve voltada para

temas cotidianos.

Assinale a alternativa em que se encontram preocupações estéticas da Primeira

Geração Modernista:

a) Principal corrente de vanguarda da Literatura Brasileira, rompeu com a estrutura

discursiva do verso tradicional, valendo-se de materiais gráficos e visuais que

transformaram a estrutura do poema.

b) Busca pelo sentido da existência humana, confronto entre o homem e a

realidade, reflexão filosófico-existencialista, espiritualismo, preocupação social e

política, metalinguagem e sensualismo.

c) Os escritores de maior destaque da primeira fase do Modernismo defendiam a

reconstrução da cultura brasileira sobre bases nacionais, revisão crítica de nosso

passado histórico e de nossas tradições culturais, eliminação do complexo de

colonizados e uso de uma linguagem própria da cultura brasileira.

d) Amadurecimento da prosa, sobretudo do romance, enfoque mais direto dos

fatos, influência da estética Realista-Naturalista do século XIX e caráter

documental, como no livro Vidas secas, de Graciliano Ramos.

Sobre as vanguardas europeias, é correto afirmar, exceto:

a) Entre suas principais manifestações estão o Cubismo, o Futurismo, o

Expressionismo, o Dadaísmo e o Surrealismo, todos surgidos na Europa no início

do século XX.

b) As tendências literárias que compuseram as vanguardas europeias estavam

unidas por um único projetor artístico, cuja proposta era a de retomar os ideais

clássicos nas artes e na literatura.

c) As vanguardas europeias influenciaram as artes no mundo ocidental de maneira

contundente. No Brasil, as inovações nas artes e na literatura ficaram conhecidas

como Modernismo.

d) A palavra “vanguarda” tem origem no francês avant-garde, que significa “o que

marcha na frente”, ou seja, as correntes de vanguarda antecipavam o futuro com

suas práticas artísticas inovadoras e nada convencionais.

e) Não havia um projeto artístico em comum que agregasse os artistas de

vanguarda em torno de uma única proposta, contudo, estavam unidos por uma

mesma causa: a de inovar as artes e romper com os padrões clássicos vigentes.

O farrista

Quando o almirante Cabral

Pôs as patas no Brasil

O anjo da guarda dos índios

Estava passeando em Paris.

Quando ele voltou de viagem

O holandês já está aqui.

O anjo respira alegre:

“Não faz mal, isto é boa gente,

Vou arejar outra vez.”

O anjo transpôs a barra,

Diz adeus a Pernambuco,

Faz barulho, vuco-vuco,

Tal e qual o zepelim

Mas deu um vento no anjo,

Ele perdeu a memória.

E não voltou nunca mais.

MENDES, M. História do Brasil. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1992

A Obra de Murilo Mendes situa-se na fase inicial do Modernismo, cujas

propostas estéticas transparecem, no poema, por um eu lírico que

a) configura um ideal de nacionalidade pela integração regional.

b) remonta ao colonialismo assente sob um viés iconoclasta.

c) repercute as manifestações do sincretismo religioso.

d) descreve a gênese da formação do povo brasileiro.

e) promove inovações no repertório linguístico.

O que não esquecer

O Modernismo é um movimento de afrontamento

e ruptura (Iconoclasta);

Linguagem mais livre e que trabalha em prol de

afetar o leitor;

Arte nacionalista;

Denúncia e crítica às desigualdades sociais e à

exploração;

Estética inovadora (de vanguarda)

Referência Bibliográfica BOSI, Alfredo. História concisa da literatura

brasileira. 51ª ed. São Paulo: Cultrix, 2017.