Post on 26-Sep-2018
MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO
UNIVERSIDADE FEDERAL DO PIAUÍ PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS-GRADUAÇÃO
CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE/DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO MESTRADO EM ENFERMAGEM
NAYRA DA COSTA E SILVA
HEPATITE B: PREVALÊNCIA DE MARCADORES SOROLÓGICOS E FATORES ASSOCIADOS EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA E
EMERGÊNCIA
TERESINA (PI), 2011
NAYRA DA COSTA E SILVA
HEPATITE B: PREVALÊNCIA DE MARCADORES SOROLÓGICOS E FATORES
ASSOCIADOS EM PROFISSIONAIS DE ENFERMAGEM DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Dissertação de Mestrado submetida à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem, da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Orientadora: Profª. Drª. Telma Maria Evangelista de Araújo
Área de concentração: A enfermagem no contexto social brasileiro. Linha de pesquisa: Políticas e práticas sócio-educativas em Enfermagem
TERESINA (PI), 2011
FICHA CATALOGRÁFICA Universidade Federal do Piauí
Biblioteca Comunitária Carlos Castello Branco Serviço de Processamento Técnico
S586h Silva, Nayra da Costa e.
Hepatite B: prevalência de marcadores sorológicos e fatores associados em profissionais de enfermagem de urgência e emergência.- 2012.
79f:il. Dissertação (Mestrado em Enfermagem) – Universidade Federal do Piauí, Teresina, 2011. Orientação: Profª. Drª. Telma Maria Evangelista de Araújo.
1.Doenças Transmissíveis-Prevenção e controle. 2. Hepatite B. 3. Enfermagem. 4 .Acidente ocupacional. I. Título.
CDD: 614.47
NAYRA DA COSTA E SILVA
HEPATITE B: PREVALÊNCIA DE MARCADORES SOROLÓGICOS E FATORES ASSOCIADO EM PROFISSIONAIS DE URGÊNCIA E EMERGÊNCIA
Dissertação de Mestrado submetida à Banca Examinadora do Programa de Pós-Graduação Mestrado em Enfermagem, da Universidade Federal do Piauí, como parte dos requisitos necessários à obtenção do título de Mestre em Enfermagem.
Aprovada em:__/__/___
_____________________________________________ Profª. Drª. Telma Maria Evangelista de Araújo - Presidente
Universidade Federal do Piauí UFPI
_______________________________________________ Profº. Drª. Adalgisa de Souza Paiva Ferreira – 1ª Examinadora
Universidade Federal do Maranhão UFMA
_______________________________________________ Profa. Dra. Keila Rejane Oliveira Gomes – 2ª Examinadora
Universidade Federal do Piauí UFPI Suplente: ______________________________________ Profa. Dra. Lidya Tolstenko Nogueira
Universidade Federal do Piauí UFPI
Ao meu amado esposo Gildásio, por todo apoio durante a jornada do mestrado, sempre com a palavra certa nos momentos alegres e difíceis. Aos meus filhos Alysson e João Manoel, heranças de Deus na minha vida. Aos meus pais, João Pereira da Silva e Raimunda Pereira da Costa e Silva, exemplos de amor e altruísmo. A minha sogra Helena Rêgo pelos conselhos e amor a mim concedidos. E ao meu sogro, Manoel Rêgo (in memorian), sua vida foi um exemplo de fé e muita determinação.
AGRADECIMENTOS
A Deus, pela sua fidelidade que sempre me conduz a caminhos imagináveis. À Universidade Federal do Piauí na pessoa do Magnífico Reitor, Luís de Sousa Santos Júnior, pelo apoio sempre concedido ao Mestrado em Enfermagem, acreditando no potencial dos enfermeiros para desenvolverem pesquisas na difusão de conhecimento e engrandecimento da profissão. À professora Dra. Telma Maria Evangelista de Araújo, Coordenadora do Mestrado em Enfermagem, pela competência, ética e compromisso na condução do Mestrado, e como orientadora agradeço pelo acolhimento, conselhos, carinho e amizade que levarei comigo durante toda a vida. Seu envolvimento com a pesquisa me inspirou na busca do conhecimento saudável e não tenho dúvidas de como fui privilegiada pela sua orientação. À professora Dra Maria do Livramento Fortes Figueiredo, Coordenadora adjunta, pelo apoio e determinação na direção do Mestrado. À professora Dra. Adalgisa de Souza Paiva Ferreira, pela contribuição e disposição na banca de defesa. Às professoras Dra. Lidya Tolstenko Nogueira e Dra. Keila Rejane Gomes, as quais tenho grande apreço e estima, pelo apoio e contribuições valiosas na concretização do trabalho, especialmente no exame de qualificação.
Às demais professoras, Dra. Maria Eliete Batista Moura, Dra. Benevina Maria Vilar Teixeira Nunes, Dra. Claudete Ferreira de Souza Monteiro, Dra Inez Sampaio Nery, Dra. Elaine Maria Leite Rangel Andrade, Dra. Grazielle Roberta Freitas da Silva, Dra. Maria Helena Barros Araújo Luz e Dra. Silvana Santiago da Rocha, queridas professoras de longa convivência, exemplos de força e compromisso com a Enfermagem.
Às queridas alunas e colaboradoras, Amanda, Lidiane, Aline, Illoma, Raniéri e Débora, pessoas importantes na construção desse sonho. Muito obrigada pela compreensão, pelo apoio e participação durante a coleta de dados da pesquisa.
Aos alunos da NOVAFAPI e do Colégio Agrícola pela disposição concedida no levantamento de dados.
À Fundação Municipal de Saúde, por ter autorizado a realização desta pesquisa. Às Enfermeiras diretoras dos hospitais pesquisados, que nos acolheram e acreditaram na relevância da pesquisa.
Ao LACEN/PI, na pessoa do Dr. Letiano Vieira, que gentilmente cedeu o espaço para a realização dos testes sorológicos da pesquisa. A minha gratidão a Dra Symonara, Vera Abreu e Marconi pelo incentivo e participação na pesquisa. Ao Colégio Agrícola de Teresina, na pessoa do ilustríssimo diretor Prof. Dr. Francisco de Assis Sinimbu Neto e a coordenadora do curso técnico de Enfermagem Ms.Rita de Cássia Magalhães Mendonça, pelo apoio e incentivo para a realização desse sonho. Aos queridos funcionários Reginaldo, Júnior e Valdira, pela simplicidade e generosidade a nós concedidos. Ao amigo Neylon Silva, pelo o estimulo, contribuição nos conhecimentos estatísticos e processamento de dados no software SPSS. À Cristiane Borges de Moura Rabelo, pelos momentos importantes de nossas vidas, pelas vitórias e percalços sempre compartilhados. Sua amizade é um presente de Deus. Aos colegas do Mestrado, Natália, Marianne, Juscélia, Roberta, Tatiane, Geandra, Heloní, Duó, Naldiana, Karla Joelma, Milena, Lorena, Disraelli pelos momentos de alegria, amizade e companheirismo que compartilhamos durante essa jornada. Aos Enfermeiros, Técnicos e Auxiliares de enfermagem, participantes dessa pesquisa, que partilharam seus conhecimentos e vivências, cedendo um pouco do tempo para as entrevistas, vencendo muitas vezes o medo da agulha, para contribuírem com os resultados. À Igreja Batista da Glória, amigos e familiares pelas orações e apoio para que eu pudesse chegar até aqui e declarar: “Posso todas as coisas em Cristo que me fortalece”.
“Para realizar grandes conquistas, devemos não apenas agir, mas também sonhar; não apenas planejar, mas também acreditar.” Anatole France
RESUMO
INTRODUÇÃO: A hepatite B é considerada uma doença de progressão mundial e a vacina constitui-se em estratégia eficiente para o controle da doença, bem como a prevenção das formas agudas e crônicas. OBJETIVO: Avaliar a prevalência dos marcadores sorológicos e fatores associados à hepatite B em profissionais de Enfermagem que atuam nos serviços de urgência e emergência de Teresina-PI. METODOLOGIA: Trata-se de um estudo quantitativo, descritivo, transversal desenvolvido por meio de inquérito soroepidemiológico, no período de março a maio de 2010, com 317 profissionais de enfermagem de cinco hospitais da capital. Os dados foram digitados e processados com a utilização do software SPSS 17.0. Foram realizadas análises univariadas, por meio de estatísticas descritivas simples e bivariadas, por meio da aplicação do teste Qui-quadrado de Pearson com nível de significância de 5%, para verificar as possíveis associações entre as variáveis. E para a averiguação do tamanho do efeito da associação, utilizou-se o teste V-Cramer. RESULTADOS: Predominou o sexo feminino (94,3%), com idade média de 42,3 anos (± 10,2), casados (54,6%). Quanto a categoria profissional, os técnicos de enfermagem representaram 59,9% da amostra. Com relação ao tempo médio de profissão, a média foi de 17,2 (± 10,3) variando de 1 a 42 anos. Com atividades no serviço de urgência e emergência a média foi de 11 anos (± 9,8). Quanto a situação vacinal para a hepatite B, verificou-se baixa cobertura sendo que os enfermeiros foram os que receberam maior número de doses de vacina para Hepatite B, pois 70,5% haviam completado o esquema preconizado pelo Programa Nacional de Imunização, seguido dos técnicos (48,4%) e auxiliares (47,0%). No que se refere aos acidentes ocupacionais, os produzidos por agulhas se destacaram em todas as categorias profissionais: enfermeiros (20,5%), técnicos de enfermagem (42,6%), e auxiliares (32,5%). Observou-se expressiva subnotificação dos acidentes (32,8%) e 40,7% não adotaram nenhuma medida profilática pós-exposição. Houve associação estatística significativa entre o acidente ocupacional e as variáveis categoria profissional e tempo de serviço (p=0,01). Quanto aos Equipamentos de Proteção individuais (EPIs), o uso de luvas apresentou percentual semelhante entre as categorias. A transfusão de sangue foi apontada por todos os profissionais como a principal forma de transmissão. Os resultados da sorologia apontaram que não ocorreu positividade aos marcadores HBsAg e HBc total na população investigada. Quanto ao Anti-HBs foi encontrado em maior evidência nos técnicos e auxiliares de Enfermagem (32,6%) e (31,7%) respectivamente. Nenhuma categoria apresentou positividade para o HBcIgM. Houve associação estatisticamente significativa entre o Anti Hbs e as variáveis, número de doses de vacina e tempo de profissão (p=0,03). CONCLUSÃO: A pesquisa de marcadores sorológicos da hepatite B, a adoção de medidas profiláticas, tais como, imunização e uso de EPIs é de suma importância para o controle da progressão da hepatite B em profissionais de saúde. Todavia, se faz necessária a ampliação do acesso a essas medidas. Palavras-chave: Hepatite B. Enfermagem. Imunização. Acidente Ocupacional.
ABSTRACT
INTRODUCTION: Hepatitis B is considered a worldwide disease of progression and the vaccine is an effective strategy for disease control and prevention of its acute and chronic forms. OBJECTIVE: To assess the prevalence of serological markers and factors associated with hepatitis B in nursing professionals who work in emergency care services in Teresina-PI. METHODOLOGY: This is a quantitative descriptive cross-sectional study developed through seroepidemiological survey from March to May 2010, with 317 nurses from five hospitals in the capital. Data were entered and processed using the SPSS 17.0 software. We performed univariate analyses using simple descriptive statistics and bivariate ones, by applying the chi-square test with significance level of 5%, to verify the possible associations between variables. And for the investigation of the association’s effect size, the V-Cramer test was used. RESULTS: Females predominated (94.3%) with average age of 42.3 years (± 10.2), married (54.6%). As to the professional category, the nursing technicians accounted for 59.9% of the sample. With respect to the average time of occupation, the average was 17.2 (± 10.3) ranging from 1 to 42 years. With activities in the service of emergency care, the average was 11 years (± 9.8). As to the immunization status for hepatitis B there was low coverage, the nurses were those who received most doses of vaccine for Hepatitis B, since 70.5% had completed the regimen recommended by the National Immunization Program, followed by nursing technicians (48.4%) and assistants (47.0%). With regard to occupational accidents produced by the needles, these have excelled in all professional categories: Nurses (20.5%), Nursing Technicians (42.6%), and Assistants (32.5%). There was a significant underreporting of accidents (32.8%) and 40.7% took no post-exposure prophylactic measure. There was a significant statistical association between the occupational accident and variables of occupational category and length of service (p = 0.01). As for individual protection equipment (PPE) the use of gloves showed a similar percentage among the categories. Blood transfusion was reported by all professionals as the main means of transmission. The serology results showed that there was no positive response to HBc and HBsAg in the population studied. As for the Anti-HBs, it was found in greater evidence in Nursing Technicians and Assistants, (32.6%) and (31.7%) respectively. No category was positive for HBcIgM. There was statistically significant association between anti-HBs and the variables, number of vaccine doses and length of employment (p = 0.03). CONCLUSION: The survey of serological markers of hepatitis B, the adoption of preventive measures, such as immunization and use of PPE is very important to control the progression of hepatitis B among health professionals. However, it is necessary to expand access to those measures.
Descriptors: Hepatitis B. Nursing. Immunization. Occupational Accident.
RESUMEN
INTRODUCCIÓN: La hepatitis B es considerada como una enfermedad progresiva en todo el mundo y la vacuna es una estrategia eficaz para el control de la enfermedad y prevención de sus formas agudas y crónicas. OBJETIVO: Evaluar la prevalencia de marcadores serológicos y los factores asociados con la hepatitis B en profesionales de enfermería que trabajan en los servicios de emergencia en Teresina-PI. METODOLOGÍA: Se trata de un estudio cuantitativo, descriptivo, transversal desarrollado a través de encuesta seroepidemiológica en el período de Marzo a Mayo de 2010, con 317 enfermeros de cinco hospitales de la capital. Los datos fueron introducidos y procesados utilizando el software SPSS 17.0. Se realizó análisis univariado, usando estadística descriptiva simple y bivariado, mediante la aplicación de la prueba de chi-cuadrado con nivel de significancia de 5%, para verificar las posibles asociaciones entre variables. Y para la investigación de la magnitud del efecto de la asociación, se utilizó la prueba V-Cramer. RESULTADOS: El sexo femenino predominó (94,3%) con edad media de 42,3 años (± 10.2), casados (54,6%). Al respecto de la categoría profesional, los técnicos de enfermería representaron el 59,9% de la muestra. Con respecto al tiempo medio de ocupación, el promedio fue de 17.2 (± 10.3) que variando desde 1 a 42 años. Con actividades en el servicio de atención de emergencia, el promedio fue 11 años (± 9,8). Cuando se trata del estado de vacunación para la hepatitis B se encontró baja cobertura, y los enfermeros fueron los que recibieron más dosis de la vacuna contra la hepatitis B, ya que el 70,5% habían completado el régimen recomendado por el Programa Nacional de Inmunización, seguido de los técnicos (48,4%) y auxiliares (47,0%). En cuanto a los accidentes de trabajo producidos por las agujas se han destacado en todas las categorías profesionales: Enfermeros (20,5%), Técnicos de Enfermería (42,6%) y auxiliares (32,5%). Hubo un significativo subregistro de los accidentes (32,8%) y 40,7% no tomaron ninguna medida profiláctica posterior a la exposición. Se encontró una asociación estadísticamente significativa entre los accidentes del trabajo y las variables categoría laboral y tiempo de servicio (p = 0,01). En respecto a equipos de protección individual (EPI) el uso de guantes mostró un porcentaje similar entre las categorías. La transfusión de sangre fue reportada por todos los profesionales como el principal medio de transmisión. Los resultados de serología mostraron que no hubo respuesta positiva a HBc y HBsAg en la población estudiada. En cuanto a los anti-HBs se encontró en mayor evidencia en los técnicos y auxiliares de enfermería (32,6%) y (31,7%), respectivamente. Ninguna categoría fue positiva para el HBcIgM. Hubo asociación significativa entre el anti-HBs y las variables, número de dosis de vacuna y duración del empleo (p = 0,03). CONCLUSIÓN: El estudio de marcadores serológicos de hepatitis B, la adopción de medidas preventivas, tales como la inmunización y el uso de EPIs es muy importante para controlar la progresión de la hepatitis B entre los profesionales de la salud. Sin embargo, es necesario ampliar el acceso a estas medidas.
Descriptores: Hepatitis B. Enfermería. Inmunización. Accidente Laboral.
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS
ABEn Associação Brasileira de Enfermagem
ACIP Comitê Assessor em Práticas de Imunização
AIDS Síndrome da Imunodeficiência Adquirida
AgAu Antígeno Austrália
ALT Alanina aminotransferases
CDC Center Disease of Control
CEP Comitê de Ética em Pesquisa
CEREST Centro de Referência a Saúde do Trabalhador
COREN Conselho Regional de Enfermagem
CRIE Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais
DP Desvio- padrão
DNA Ácido desoxirribonucleico
DATASUS Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde
EPI Equipamento de Proteção Individual
HVs Hepatites Virais
HIV Vírus da Imunodeficiência Humana
IDTNP Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela
LACEN Laboratório Central
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMS Organização Mundial de Saúde
OPAS Organização de Pan-americana de Saúde
PNI Programa Nacional de Imunização
PNHV Programa Nacional de Hepatites Virais
RNA Äcido ribonucleico
SPSS Statistical Package of the Social Science
SUS Sistema Único de Saúde
TGO Transaminase oxalacética
TGP Transaminase pirúvica
TCLE Termo de Consentimento Livre e Esclarecido
UFPI Universidade Federal do Piauí
VHB Virus da Hepatite B
LISTA DE TABELAS E ILUSTRAÇÕES
Quadro 1- Distribuição da população estudada por Instituição de saúde.
Teresina, 2010
32
Figura 1- Constituição da população do estudo. Teresina, 2010 36
Tabela 1 – Descrição da população do estudo. Teresina PI, 2010 38
Tabela 2 – Situação vacinal contra hepatite B da população estudada por
categoria profissional. Teresina/PI-2010
39
Tabela 3 – Distribuição das variáveis relacionadas aos acidentes
ocupacionais e medidas profiláticas pós-exposição na
população do estudo. Teresina PI, 2010
40
Tabela 4 – Utilização dos EPIs pelos profissionais do estudo segundo
categoria profissional. Teresina PI, 2010
41
Tabela 5 – Conhecimento das vias de transmissão da hepatite B pelos
profissionais do estudo. Teresina PI, 2010
41
Gráfico 1- Realização de sorologia para hepatite B anterior à pesquisa na
população do estudo, Teresina/PI, 2010. (n=317)
42
Tabela 6 – Soroprevalência da hepatite B na população do estudo.
Teresina PI, 2010
43
Tabela 7– Associação do Anti-HBs com as variáveis: tempo de vacinado,
faixa etária, categoria profissional, número de doses de vacina
contra a hepatite B. Teresina-PI, 2010
44
Tabela 8 – Associação entre o HBc total e as variáveis ocorrência de
acidentes perfurocortantes, faixa etária, tempo de atuação
profissional, uso de luvas, categoria profissional e estado civil.
Teresina – PI, 2010
45
Tabela 9 – Associação entre a ocorrência de acidentes perfurocortantes
com as variáveis: categoria profissional, tempo de profissão e
atividade no setor de urgência e emergência. Teresina PI,
2010
46
APRESENTAÇÃO
O interesse pelos estudos epidemiológicos surgiu na minha experiência como enfermeira no Instituto de Doenças Tropicais Natan Portela em Teresina (PI), onde me inquietava a realidade os vários acidentes ocupacionais envolvendo a equipe de Enfermagem, aliado a atuação como docente na busca por uma Enfermagem baseada em evidências. Este estudo apresenta uma temática atual, pois a hepatite b tem se tornado foco de discussões e estudos em saúde pública. Por isso propus-me a estudar a prevalência dos marcadores sorológicos da hepatite B e os fatores associados em profissionais que atuam nos serviços de urgência e emergência nos hospitais da rede pública em Teresina-PI.
A apresentação do estudo está construída em seis capítulos: No capítulo 1 – Introdução – exponho o problema de estudo à luz do
referencial temático, a justificativa e os objetivos gerais e específicos do estudo. No capítulo 2 – Referencial Temático –Realizo a discussão sobre a hepatite
B: história, epidemiologia, aspectos etiológicos, clínicos, imunização e profilaxia; bem como a relação dos profissionais de enfermagem e a hepatite B.
No capítulo 3 – Metodologia – descrevo a caracterização do estudo, os procedimentos metodológicos do trabalho de campo, a técnica de coleta e de análise de dados; e os aspectos éticos envolvidos na pesquisa.
No capítulo 4 – Resultado – os resultados obtidos foram subdivididos em duas secções: na primeira mostram-se as análises univariadas - a descrição da população do estudo, a situação vacinal da população do estudo por categoria profissional, os aspectos relacionados aos acidentes ocupacionais, o uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) entre os profissionais de Enfermagem, conhecimento sobre as formas de transmissão hepatite B, realização de sorologia contra a hepatite B anterior a do estudo entre os profissionais de enfermagem de urgência e emergência e a soroprevalência da hepatite B nesses profissionais.Nas análises bivariadas, exponho os dados relacionados à associação dos marcadores sorológicos pesquisados a hepatite B com as características sócio-demográficas da população do estudo, uso de equipamentos de proteção individual, situação vacinal e ocorrência de acidentes ocupacionais.
No capítulo 5 – Discussão – mostro através de resultados de outras pesquisas os pontos de convergência e divergência com o conhecimento produzido pelo estudo a fim de analisar a prevalência de marcadores sorológicos e os fatores associados a hepatite B nos profissionais de enfermagem
No capítulo 6 – Conclusão – finalizo com algumas considerações sobre os principais resultados obtidos no estudo.
SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO 14 1.1 Contextualização do problema 14 1.2 Objetivo 18 1.2.1 Geral 18 1.2.2 Objetivos específicos 18 2 REFERENCIAL TEMÁTICO 19 2.1 Breve histórico e epidemiologia da hepatite B 19 2.2 Aspectos etiológicos e clínicos da hepatite B 22 2.3 Imunização e profilaxia da hepatite B 26 2.4 Os profissionais de enfermagem e a hepatite B 28 3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS 31 3.1 Tipo de pesquisa 31 3.2 Local do estudo 31 3.3 População do estudo 31 3.4 Treinamento dos pesquisadores de campo 32 3.5 Coleta de dados 32 3.6 Variáveis do estudo 34 3.7 Definições do estudo 34 3.8 Análise dos dados 34 3.9 Aspectos éticos 35 4 RESULTADOS 36 4.1 Análises univariadas 37 4.1.1 Descrição da população do estudo 37 4.1.2 Situação vacinal da população do estudo por categoria profissional 38 4.1.3 Aspectos relacionados aos acidentes ocupacionais 39 4.1.4 Uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) entre os profissionais de enfermagem
40
4.1.5 Conhecimento sobre as formas de transmissão hepatite B 41 4.1.6 Realização de sorologia contra a hepatite B anterior a do estudo entre os profissionais de enfermagem de urgência e emergência
41
4.1.7 Soroprevalência da hepatite B em profissionais de enfermagem de urgência e emergência
42
4. 2 Análises bivariadas 43 5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS 47 6 CONCLUSÃO 57 REFERÊNCIAS 59
APÊNDICES
ANEXOS
13
1 INTRODUÇÃO
1.1 Contextualização do problema
As hepatites representam grande causa de morbidade e mortalidade na
atualidade e seus vários agentes etiológicos têm sido identificados e caracterizados
para a melhor compreensão da magnitude dessas doenças. Embora vários
microorganismos possam causar danos hepáticos, de forma geral, as hepatites
virais indicam inflamação no fígado, resultante de um processo infeccioso, cujos
agentes etiológicos são nomeados alfabeticamente por A, B, C, D, E, G que mesmo
apresentando semelhanças clínicas, estes se diferenciam em sua evolução,
diagnóstico, terapêutica e nos aspectos epidemiológicos (BRASIL, 2008a).
A abordagem das hepatites virais no Brasil teve início na década de 80, pelo
Ministério da Saúde, através do Sistema Nacional de Vigilância Epidemiológica, em
consonância com as diretrizes da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS).
No ano de 1986, foi organizada a primeira sistematização da coleta de informações
sobre as hepatites virais a nível nacional, onde esses dados serviram de base para
os primeiros estudos epidemiológicos sobre esse agravo (BRASIL, 2008b). Em decorrência da elevada progressão das hepatites, o Programa Nacional
de Hepatites Virais (PNHV) foi criado em fevereiro de 2002, hoje incluída no
Departamento de DST/AIDS, tem como objetivo de estabelecer diretrizes e
estratégias junto às diversas áreas dos setores da Saúde nos níveis do Sistema
Único de Saúde (SUS), bem como, sistematizar as ações empreendidas pelos
profissionais ao longo dos anos, desde a identificação das hepatites até a inserção
dessa problemática dentro das políticas públicas de saúde (BRASIL, 2005 a)
Estimativas da Organização Mundial de Saúde (OMS) revelam que cerca de
2 bilhões de pessoas no mundo já tiveram contato com o vírus da hepatite B (VHB),
sendo que 325 milhões já são considerados pacientes crônicos. As taxas de
prevalência da Hepatite B, em âmbito mundial, variam de 0,1% a taxas superiores a
30% (WHO, 2006).
No Brasil, segundo inquérito parcial envolvendo capitais das regiões
Nordeste, Centro-Oeste e Distrito Federal o percentual de prevalência para hepatite
14
B em população não vacinada é de 0,19%; 0,47% e 0,60% respectivamente
(PEREIRA et al, 2009).
No Piauí, conforme dados da Secretaria de Saúde do Estado, em 2006
foram notificados 1.127 casos de hepatite virais, dos quais, 46,49% são do tipo A;
2,84% do tipo B; 0,71% do tipo C; 1,72% classificadas como outras hepatites e
48,19% sem classificação etiológica (PIAUÍ, 2007).
Entretanto, as informações acima diferem dos encontrados no Laboratório
Central do Estado (LACEN) e no DATASUS. No período de 2006 a 2009, o Piauí
teve 746 casos de hepatite B aguda, confirmados laboratorialmente entre os
usuários do LACEN, porém no DATASUS, o Estado teve apenas 17 casos
confirmados. Isso reflete que a situação das HVs no Piauí ainda é incerta (ARAÚJO;
SÁ, 2010).
Diante desses dados, tem-se como ponto de partida que qualquer pessoa
está sujeita a contrair o vírus da hepatite B(VHB), porém destaca-se que alguns
grupos estão mais expostos ao vírus, devido à circunstâncias, comportamento e as
atividades profissionais que estes exercem. De acordo com Soriano et al. (2008), os
profissionais de saúde estão incluídos nos grupos de risco devido ao inter-
relacionamento frequente entre os pacientes, bem como a manipulação de sangue e
outros fluidos corporais contaminados com o vírus que representam fatores de risco
de contágio acentuados.
De acordo com Ministério da Saúde (Brasil, 2010) a infecção pelo VHB,
atualmente, é considerada uma das mais prevalentes infecções obtidas no ambiente
hospitalar e são inúmeros os fatores que favorecem essa realidade. Entre as
categorias profissionais mais susceptíveis estão os profissionais de enfermagem,
hemodiálise, cirurgiões, dentistas, profissionais da endoscopia digestiva, análises
clínicas, entre outros.
A primeira constatação do vírus da Hepatite B (HVB) por acidente
ocupacional em profissionais de saúde foi em 1949, realizada por Leibowitz e outros
pesquisadores. Posteriormente, em 1972, foi registrado o primeiro caso de
transmissão de um trabalhador da área da saúde para um paciente, o que chamou
atenção da comunidade científica para a magnitude da infecção desse vírus (SILVA,
2008).
Dentro dessa perspectiva, uma das formas de prevenção mais utilizadas
contra o VHB é a vacina. Esta foi considerada como o maior avanço no controle da
15
doença, bem como eficaz na redução da incidência da doença e do carcinoma
hepatocelular. Sua utilização data desde o início do ano de 1980 (ATKISON et al.,
2002).
Carvalho (2008) enfatiza que a vacina vem sendo utilizada como um meio
para interromper a cadeia de transmissão das doenças imunopreveníveis. Dentre
essas doenças, destaca-se a hepatite B, que atinge um número significativo de
indivíduos com possibilidade de complicações das formas agudas e crônicas.
Segundo Araújo (2005), o ato de vacinar, na sua dimensão individual, resulta
em proteção não só do indivíduo vacinado contra determinadas doenças, mas
também em proteção da coletividade. Essa atitude, mesmo quando realizada na
rotina das unidades de saúde, toma uma dimensão coletiva, visto ser voltada para
indivíduos inseridos em determinado contexto social e em uma realidade
epidemiológica específica.
No cotidiano de trabalho dos profissionais de Enfermagem, ou seja, em
situações de urgência e emergência, do contato direto com o paciente, é impossível
constatar qual a real situação deste, por isso, cada cliente deve ser visto como um
possível infectado de doenças, como as hepatites virais. De acordo com Center
Disease of Control and prevention (CDC, 2008) o risco da aquisição do vírus da
Hepatite B por acidentes ocupacionais é estimado em até 30%, quando nenhuma
medida profilática é adotada.
Dentro dessa problemática, a situação sorológica dos profissionais que
atuam nos serviços de saúde é primordial para diminuir as possibilidades de
transmissão e contágio no ambiente laboral. Assim, o foco desse estudo foi a
prevalência dos marcadores sorológicos e fatores associados à hepatite B
profissionais de Enfermagem que atuam nos serviços de urgência e emergência.
A inquietação pela investigação do objeto de estudo surgiu pela experiência
da pesquisadora em uma Instituição de Doenças Infecciosas do Estado do Piauí
onde constantemente os profissionais de Enfermagem eram acometidos por
doenças, ocasionadas pelas situações adversas a que eram expostos no cotidiano
ou pelas atividades que exerciam ou, ainda, pela não adoção de medidas profiláticas
no desenvolvimento da sua prática laboral. Diante disso, eram inúmeros os
profissionais de Enfermagem que buscavam o serviço de aconselhamento da
Instituição que, após exposição ocupacional ou mesmo numa situação de exames
16
rotineiros, deparavam-se com os resultados positivos ou reagentes para as mais
diversas doenças, tais como: Hepatites B e C, HIV.
Posteriormente, ao ingressar em outros hospitais, lidando com situações de
urgência e emergência nos serviços públicos da capital, essa inquietação foi
tomando proporções maiores, na medida em que se observava o alto contingente de
trabalhadores de Enfermagem que, diante de uma situação acidental, recusavam-se
a procurar os serviços de referência por medo do resultado. Outro aspecto reside no
fato de que a adoção de medidas preventivas ainda se constitui uma barreira
intransponível, principalmente para os que já adquiriram “vícios” no desenvolvimento
das práticas assistenciais.
No que se refere à hepatite B, por ser uma doenças de evolução complicada
e de prognóstico insatisfatório, o profissional de saúde desenvolve um certo
desgaste de ordem social e psicológica. O medo da demissão, do conhecimento do
estado sorológico, da soroconversão, enfim, o temor da morte, embora lidando com
ela todos os dias, constituem fatores que interferem na adesão dos profissionais às
medidas preventivas.
A relevância desse trabalho está na aquisição de novos conhecimentos
pautados em dados fidedignos que expressaram a real situação desses profissionais
de enfermagem, já que são muitos casos de acidentes ocupacionais não notificados
nos serviços de vigilância epidemiológica dentro dos hospitais. Os resultados
poderão mostrar também que esse problema envolve todos os trabalhadores da
área de saúde independente da atividade que exercem no ambiente hospitalar.
É importante ressaltar que esse estudo poderá servir de referência a outras
pesquisas que expressem a real situação sorológica dos profissionais de
Enfermagem a fim de se evitar as doenças ocupacionais. Espera-se também, que
essa pesquisa possa contribuir na reflexão dos profissionais para a aquisição de
novas práticas que visem a redução dos índices relacionados à hepatite B, dentro do
contexto dos serviços de saúde.
Com base no exposto, formularam-se alguns questionamentos, quais sejam:
os profissionais que trabalham nos serviços de urgência e emergência têm cobertura
vacinal para Hepatite B? Realizaram controle sorológico pós-vacinação? O controle
sorológico foi realizado em tempo oportuno? Utilizam adequadamente as medidas
de precaução padrão?Tem conhecimento suficiente sobre as formas de transmissão
da hepatite B?Já sofreram exposição ocupacional?
17
Para obter respostas aos questionamentos acima, foram elaborados os
objetivos que serão mencionados a seguir, a fim de proporcionar um direcionamento
para a resolução do problema exposto.
1.2 Objetivos
1.2.1 Geral
Avaliar a prevalência dos marcadores sorológicos e fatores associados à
hepatite B em profissionais de Enfermagem dos serviços de urgência e emergência
de Teresina-PI.
1.2.2 Específicos
Investigar a situação vacinal para a hepatite B dos profissionais de
Enfermagem envolvidos na pesquisa;
Identificar o conhecimento da população do estudo sobre a hepatite B;
Verificar a resposta sorológica dos participantes do estudo à vacinação
contra hepatite B;
Analisar as possíveis associações dos resultados da sorologia do HBV e
ocorrência dos acidentes perfurocortantes com as variáveis: faixa etária, tempo de
profissão e de atividade no setor, nº de doses de vacina recebidas e uso de medidas
de precaução padrão.
18
2 REFERENCIAL TEMÁTICO
2.1 Breve histórico e epidemiologia da hepatite B
Anatomicamente, o fígado é considerado a maior glândula do corpo,
podendo ser considerada uma fábrica de química responsável pelo armazenamento,
modificação e excreção de substâncias envolvidas no metabolismo. É nele que é
fabricado, armazenado e secretado a bile que possui grande importância na
digestão e absorção de lipídios. No fígado são desempenhadas várias funções, tais
como: metabolismo da glicose, conversão da amônia, metabolismo protéico,
metabolismo lipídico, armazenamento de vitamina e ferro, metabolismo
medicamentoso, formação da bile e excreção de bilirrubina (SMELTZER, BARE,
2002).
Alguns aspectos históricos revelam a descoberta das doenças hepáticas e
posteriormente a sua relação com as hepatites, pois segundo Veronesi (2006), a
descrição da Hepatite data da Grécia antiga passando pela teoria que relacionava a
icterícia a fenômenos obstrutivos, bem como a presença de necrose hepatocelular
em necropsias. A transmissão da hepatite por soro humano foi descrita claramente
em 1885, quando ocorreram casos de icterícia após a vacinação antivariólica em
trabalhadores alemãos. Somente em 1939, com o advento da biópsia associou-se a
doença hepatite a alterações inflamatórias dos hepatócitos.
Somente em 1965, Blumberg e colaboradores publicaram o que seria uma
das mais importantes descobertas sobre as hepatites, que foi o encontro, no soro de
um aborígine australiano, um antígeno que reagia com soros de hemofílicos.
Denominaram então, de antígeno Austrália (AgAu), inicialmente associado as
leucemias. Posteriormente, nomearam de hepatite infecciosa a hepatite MS1 e
hepatite soro-homóloga de hepatite MS2 ,a primeira relacionada a curtos períodos de
incubação e a segunda a longos períodos (FOCACCIA, 2005).
Blumberg focou seus estudos inicialmente na associação da leucemia com o
AgAu, na qual, a presença de tal antígeno entre pacientes leucêmicos poderia ser
uma predisposição herdada para leucemia, um agente causal ou até um fator
predisponente para o desenvolvimento da leucemia. Somente quando uma
19
investigadora do seu laboratório desenvolveu quadro clínico e bioquímico de
hepatite aguda, ele estabeleceu a ligação entre o AgAu e a hepatite. Essa
investigadora inicialmente foi selecionada para controle negativo do AgAu, porém
quando testada o resultado foi positivo (FONSECA, 2010).
Nas últimas décadas, a hepatite b tem apresentado tendência de
crescimento no que se refere a sua prevalência mundial, variando de 0,1% a taxas
superiores a 30%. Segundo a OMS, não há preferências sazonais para a infeccão
pelo VHB, a África, por exemplo, possui alta endemicidade como também algumas
partes da América do Sul, Alasca, norte do Canadá, em partes da Groenlândia,
Europa Oriental, a região do Mediterrâneo Oriental, Sudeste Asiático, China e as
ilhas do Pacífico, com exceção da Austrália, Nova Zelândia e do Japão. Na maioria
dessas áreas, de 5 a 15% da população estão cronicamente infectadas pelo VHB
com sérias complicações no fígado. Mesmo em países de baixa endemicidade,
como os EUA, a mortalidade por VHB foi cinco vezes maior do que pelo
Haemophilus influenzae b (Hib) e dez vezes mais que a do sarampo antes
introdução da vacinação de rotina em crianças (WHO, 2006). No Brasil, o número de
casos confirmados de hepatite B aumentou no decorrer dos anos, passando de 473
em 1999 para 14.601 em 2009. Os casos acumulados resultaram em 96.044. A
região Sul, nos anos de 2002 a 2008, apresentou as maiores taxas de detecção da
doença (8,4 e 15,6 casos da doença por 100 mil habitantes). No ano de 2009, a taxa
para o Brasil foi de 7,6% e a região Norte se destacou com a maior identificação de
casos em sua população (13,4 casos de hepatite B por 100 mil habitantes). Nessa
região, encontram-se os estados com as mais altas taxas de detecção do país, a
saber, Acre (111,8), Roraima (29,2) e Rondônia (23,5) (BRASIL, 2009).
Quanto a distribuição por sexo, o maior número de casos acumulados de
hepatite B ocorreu no sexo masculino (52.226). A razão de sexos ao longo dos anos
reduziu quase metade, de 2,0: 1 no ano de 1999, para 1,2:1, em 2009. Ainda assim,
as taxas de detecção entre os homens foram maiores, destacando-se a taxa de
2009, de 8,4 casos para cada 100 mil habitantes. Já os adultos jovens, na faixa
etária entre 20 e 39 anos, correspondem a 53% (50.945) dos casos de hepatite B.
Em 2009, as taxas de detecção foram maiores no sexo feminino entre 20 e 29 anos
e a partir desta idade são os homens que passam a deter as maiores taxas,
conforme já descrito anteriormente (BRASIL, 2009).
20
Mesmo depois da implantação da vacina contra a hepatite B ainda existem
evidências que demonstram uma maior prevalência em populações carentes no
interior do Brasil e na Amazônia. Demonstrando que a região Amazônica ainda é um
problema no controle do VHB. Destaca-se que a migração de populações asiáticas
para o país interfere no aumento da prevalência da doença por meio da transmissão
vertical (BRASIL, 2010).
Ressalta-se que em regiões de endemicidade elevada, há um predomínio
das formas de transmissão vertical e horizontal entre crianças, a primeira
relacionada ao período gestacional/puerperal e a segunda ao contato após o
nascimento com a mãe portadora ou intrafamiliar. Em locais de média
endemicidade, a transmissão ocorre em todas as idades, destacando-se crianças de
faixas etárias maiores, adolescentes e adultos. Já em regiões de baixa
endemicidade, os grupos populacionais mais vulneráveis são os adolescentes e
adultos, devido às relações sexuais desprotegidas e o uso de drogas injetáveis
(LOBATO et al., 2006).
Além da prevalência da doença na população geral, os grupos de risco
para a hepatite B devem ser observados com bastante cautela. Gasparini (2005)
ressalta que dados da Organização Internacional do Trabalho identificam
anualmente 160 milhões de doenças ocupacionais e 250 milhões de acidentes de
trabalho. Destaca-se ainda, que a hepatite B ainda é a doença de maior prevalência
entre os trabalhadores da área de saúde e tem contribuído para os elevados índices
de doenças ocupacionais, constituindo, portanto, um grave problema de saúde
pública.
Estudo de Marchesini (2007) demonstrou que os grupos populacionais com
maior vulnerabilidade apresentam prevalência de infecção crônica maior do que a da
população em geral, alcançando, entre os moradores da cidade de São Paulo,
27,3% entre usuários de drogas, contra 3,3% nos demais habitantes.
Dentre essas populações vulneráveis encontram-se os profissionais de
enfermagem, que pelo contato com sangue contaminado ficam sujeitos a contrair o
VHB. De acordo com Silva (2008), o pesquisador Byrne publicou em 1966 o primeiro
estudo mostrando a incidência e o risco da hepatite B em profissionais da saúde,
cujos resultados revelaram a confirmação de 19 casos da infecção no período de
1953 a 1965, no Yale New Heaven Hospital, como também, uma taxa anual de 69
21
casos/100.000 profissionais de saúde, comparada com 15 casos/100.000 da
população geral.
Somente com o advento da AIDS, na década de 80, houve uma
preocupação, pelas instituições que regulamentam a saúde do trabalhador, em
estabelecer medidas de precaução padrão e normas para as atividades no ambiente
laboral dos profissionais de Saúde. Conforme o CDC (2008), o VHB circula em altas
concentrações no sangue e em títulos baixos nos outros fluidos orgânicos sendo
aproximadamente 100 vezes mais infectante do que o HIV e 10 vezes mais do que o
VHC.
2.2 Aspectos etiológicos e clínicos da hepatite B
O VHB tem sua forma molecular constituída de um núcleo de DNA de cadeia
dupla, envelopado, medindo 42nm, cercado por uma região de core icosaédrico.
Pertencente à família Hepadnaviridae, o seu genoma possui 3.200 pares de base de
comprimento com organização genômica compacta e tem um envelope de superfície
externa composto de proteínas, lipídios e carboidratos (KHOURI; SANTOS, 2004).
Quanto à replicação do VHB, esta acontece por um RNA intermediário,
utilizando sua própria transcriptase, sendo constituindo por quatro genes que
regulam a sequência de produção de proteínas no ciclo replicativo viral (MORAIS;
ANDRADE; BOTELHO, 2007).
O VHB possui em sua estrutura dois antígenos importantes para
determinação da presença do vírus e do curso da doença, que são os antígenos
centrais e o de superfície. Os centrais são denominados de antígenos do core
(HBcAg), não detectáveis e livres no soro, e o antígeno (HBeAg) é encontrado no
soro de pacientes contaminados. Já os antígenos de superfície, possuem diversos
determinantes antigênicos ou epítopos, denominados ”a, d, y, w e r”, sendo o “a”
comum a todas as variantes ou subtipos do AgHBs. As combinações mais comuns
são adw, ayr, adr e ayw, sendo importantes em casos com múltiplas exposições, em
investigações epidemiológicas a fim de correlacioná-los com manifestações clínicas,
distribuição geográfica e estudos de mutações (KEW, 2006).
22
O homem é considerado o único reservatório de importância epidemiológica
e pode transmitir a doença de várias formas: via parenteral (transfusional, antes da
política de triagem em bancos de sangue; compartilhamento de agulhas, seringas ou
outros equipamentos contendo sangue contaminado; procedimentos
medico/odontológicos com sangue contaminado, realização de tatuagens e
colocação de piercings); sexual (em relações desprotegidas); por meio de solução
de continuidade (pele e mucosa).Há evidências que sugerem a possibilidade de
transmissão por compartilhamento de instrumentos de manicure, escovas de dente,
lâminas de barbear ou de depilar, canudo de cocaína, cachimbo de crack, entre
outros (BRASIL, 2009).
É importante destacar que a transmissão vertical representa a principal via
de disseminação do VHB nas regiões de alta prevalência, pois os neonatos quando
infectados, possuem elevado risco de desenvolver formas crônicas da doença. A
transmissão aumenta substancialmente se a mãe é positiva para os marcadores
HBsAg e HBeAg, que indicam ativa replicação viral (WHO, 2006).
A história natural da infecção pelo VHB caracteriza-se pela variabilidade no
seu curso, evolução e complicações. Isto se deve a combinação de dois fatores, um
relacionado ao hospedeiro, como a resposta inata, a humoral e a resposta celular, e
o outro relacionado ao próprio vírus, como genótipos específicos, mutações e a
quantidade da carga viral (VISO; BARONE, 2006).
Após o contato com o vírus surgem manifestações clínicas agudas podendo
variar desde formas subclínicas ou oligossintomáticas até formas fulminantes. Os
sintomas são, em geral, fadiga, anorexia, náuseas, mal-estar geral e adinamia. Nos
pacientes sintomáticos, no período da fase aguda, há presença de colúria, hipocolia
fecal e icterícia. De modo geral, aparecem apenas em fases adiantadas de
acometimento hepático e muitas vezes o diagnóstico é feito ao acaso, a partir de
alterações esporádicas de exames de avaliação de rotina ou da triagem em bancos
de sangue, pois não existem manifestações clínicas ou padrões de evolução
patogenomônicos dos diferentes agentes (BRASIL, 2006).
Já a hepatite B crônica ocorre quando a reação inflamatória do fígado nos
casos agudos sintomáticos e assintomáticos persiste por mais de seis meses. Os
sintomas quando presentes são inespecíficos. E após anos de evolução, pode
aparecer cirrose, com surgimento de icterícia, edema, ascite, varizes de esôfago e
23
alterações hematológicos, podendo evoluir para hepatocarcinoma sem passar pelo
estágio de cirrose (BRASIL, 2005b).
Assim, o risco para infecção crônica está inversamente relacionado com a
idade de infecção, o potencial para cronificação varia em função de fatores ligados
aos vírus e outros ligados ao hospedeiro. Aproximadamente 90% das crianças
menores de um ano infectadas e 30% a 50% das crianças infectadas com idade
inferior a cinco anos tornam-se cronicamente infectadas, comparadas com 2% a 6%
dos adultos. A probabilidade de morte prematura por cirrose ou carcinoma
hepatocelular é de 15% a 25% (CDC, 2008).
De forma geral, o diagnóstico diferencial da hepatite B só é possível por
meio da detecção dos marcadores sorológicos. Em 1998, a Organização Mundial de
Saúde (WHO, 2004) iniciou um projeto com o objetivo de fornecer avaliações de
ensaios laboratoriais para a detecção de antígeno de superfície de hepatite B e
marcadores sorológicos que contribuíssem para a avaliação clínica dos portadores
do vírus.
Segundo o Ministério da Saúde (BRASIL, 2005a), são marcadores de
triagem para a hepatite B:
HBsAg (antígeno de superfície do HBV) – É o primeiro marcador a surgir
após a infecção pelo HBV, em torno de 30 a 45 dias, podendo permanecer
detectável por até 120 dias. Está presente nas infecções agudas e crônicas,
primeiramente denominado como antígeno Austrália.
Anti-HBc (anticorpos IgG contra o antígeno do núcleo do HBV) – é um
marcador que indica contato prévio com o vírus. Permanece detectável por toda a
vida nos indivíduos que tiveram a infecção (mesmo naqueles que não cronificaram).
Representa importante marcador para estudos epidemiológicos.
Anti-HBc IgM (anticorpos da classe IgM contra o antígeno do núcleo do
HBV) – é um marcador de infecção recente, portanto, confirma o diagnóstico de
hepatite B aguda. Pode persistir por até seis meses após o início da infecção.
Anti-HBs (anticorpos contra o antígeno de superfície do HBV) – indica
imunidade contra o HBV. É detectado geralmente entre 1 a 10 semanas após o
desaparecimento do HBsAg e indica bom prognóstico. É encontrado isoladamente
em pacientes vacinados.
HBeAg (antígeno “e” do HBV) – é indicativo de replicação viral e, portanto,
de alta infectividade. Está presente na fase aguda, surge após o aparecimento do
24
HBsAg e pode permanecer por até 10 semanas. Na hepatite crônica pelo HBV, a
presença do HBeAg indica replicação viral e atividade da doença (maior
probabilidade de evolução para cirrose).
Anti-HBe (anticorpo contra o antígeno “e” do HBV) – marcador de bom
prognóstico na hepatite aguda pelo HBV. A soroconversão HBeAg para anti-HBe
indica alta probabilidade de resolução da infecção nos casos agudos (ou seja,
provavelmente o indivíduo não vai se tornar um portador crônico do vírus). Na
hepatite crônica pelo VHB, a presença do anti-HBe, de modo geral, indica ausência
de replicação do vírus, ou seja, menor atividade da doença e, com isso, menor
chance de desenvolvimento de cirrose.
Segundo Caetano e Beck (2006), o conhecimento dos marcadores
sorológicos para Hepatite B é de fundamental importância, uma vez que a situação
sorológica dos indivíduos expostos pode determinar o curso natural da doença.
Recomenda-se em caso de suspeita de hepatite B, a pesquisa inicial dos
marcadores sorológicos: HBsAg, anti-HBc (total), caso haja justificativa com base na
história clínica. A necessidade da pesquisa de marcadores adicionais poderia ser
orientada pelos resultados iniciais. Faz parte da rotina dos laboratórios manter
acondicionados os espécimes já examinados, por pelo menos, duas semanas após
a emissão do laudo, tempo necessário para elucidar eventuais dúvidas ou
complementar algum exame referente à amostra (BRASIL, 2005a).
Aliado à investigação dos marcadores sorológicos para Hepatite B, a
pesquisa bioquímica das aminotransferases (ALT/TGP e AST/TGO) pode ajudar na
investigação de lesão do parênquima hepático, porém, não são específicas para
nenhum tipo de hepatite. A elevação da ALT/TGP geralmente é maior que da
AST/TGO e é encontrada durante o período prodrômico, porém, as altas taxas de
ALT/TGP não guardam correlação direta com a gravidade da doença. Outras
alterações inespecíficas como elevação de bilirrubinas, fosfatase alcalina e discreta
linfócitos eventualmente com atipia linfocitária. O tempo de atividade da protrombina
e o nível de atividade de fator V são os melhores indicadores de gravidade inicial
(BRASIL, 2006).
Outras formas de investigação podem ser utilizadas na avaliação do
paciente, como anamnese, a quantificação do DNA-VHB sérico, realizada através de
técnicas de PCR e a biópsia hepática (para detecção de atividade necroinflamatória
25
e fibrose). A avaliação acurada do paciente é fundamental na seleção dos indivíduos
que serão tratados (FERREIRA; BORGES, 2007).
2.3 Imunização e tratamento da hepatite B
Por ser uma doença de notificação compulsória, a Hepatite B deve ser
priorizada nas implementações de medidas preventivas em todos os níveis de
atenção a saúde. De acordo com pesquisa realizada por Carvalho e Araújo (2008),
uma das formas eficazes na prevenção da Hepatite B é a vacinação. Para as
autoras, o PNI, desde 1998, recomenda a vacinação universal das crianças contra
hepatite B e mais de uma centena de países já incluíram esta vacina em seus
programas de imunização. No Brasil, a mesma tem sido oferecida gratuitamente a
grupos de risco desde o início da década de 90 e a partir de 2001, foi estendida a
indivíduos com idade de até 19 anos. Em 2011, a faixa etária para imunização,
incluiu indivíduos de até 24 anos e para 2012 até 29 anos. Ressalta-se que no Piauí
a introdução da vacina ocorreu no ano de 1999. (BRASIL, 2011)
A Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda a estratégia de
vacinação do VHB para todas as crianças desde seu nascimento, especialmente
nas primeiras 12 horas (para evitar a transmissão vertical), para pessoas de
qualquer idade, desde que façam parte de algum dos grupos considerados de risco,
quais sejam: profissionais e estudantes da área da saúde; usuários de drogas
injetáveis; homossexuais e prostitutas; renais crônicos; portadores de neoplasias, de
hepatite C, HIV e talassemia; contato domiciliar de hepatite B; doadores regulares de
sangue, politransfundidos e hemofílicos; populações indígenas e de assentamentos;
pessoas reclusas em presídios, hospitais psiquiátricos, instituições de menores;
forças armadas e por último, a vacinação foi estendida a manicures e podólogos,
caminhoneiros e outros (BRASIL, 2006; BRASIL, 2008a).
Assim, ainda no contexto da imunização, de acordo com o Ministério da
Saúde (BRASIL, 2008a), a vacina contra a hepatite B é administrada em três doses
(0, 1 e 6 meses), sendo a realização do esquema vacinal completo necessária para
a imunização. Contudo, aproximadamente 10% a 20% dos indivíduos vacinados não
alcançam os títulos protetores de anticorpos. Para os trabalhadores da saúde,
26
recomenda-se que, entre 30 a 90 dias após a administração da última dose do
esquema vacinal contra a hepatite B, sejam realizados exames sorológicos para
controle dos títulos de anticorpos, uma vez que estes são profissionais com risco
acrescido de adquirir a infecção.
Para a Sociedade Brasileira de Pediatria (2005), com o tempo, os títulos de
anticorpos podem cair e até tornarem-se indetectáveis, porém, a proteção contra
doença sintomática e infecção crônica persiste. As pessoas que responderam à
vacina apresentam resposta anamnéstica, quando em contato com o vírus,
demonstrando que as vacinas induzem memória imunológica, por isso, até o
momento, não se recomenda revacinação de pessoas imunocompetentes.
Alguns fatores podem afetar a resposta à vacina; dentre eles, o modo de
conservação, local de aplicação, a idade, obesidade e condições imunológicas. O
tabagismo e o etilismo também alteram a resposta vacinal. Devido à alta
imunogenicidade da vacina não é indicada a pesquisa sorológica pós-vacinação,
exceto para os grupos de risco, como profissionais de saúde e paciente de
hemodiálise, bem como para os recém-nascidos de mães portadoras de VHB (SBP,
2005).
No que se diz respeito ao tratamento da hepatite B crônica, o principal
objetivo consiste em eliminar ou suprimir significativamente a replicação do VHB e
prevenir a progressão para a cirrose e o carcinoma hepatocelular. Atualmente, a
terapia deve procurar reduzir e manter os níveis séricos do DNA-VHB os mais baixos
possíveis, a ALT normal e a atividade necroinflamatória à biópsia ausente ou de
baixa magnitude. A meta principal no tratamento do AgHbe positivo é a
soroconversão AgHbe em anti-Hbe (FERREIRA; BORGES, 2007).
De acordo com o Ministério da Saúde, os fármacos utilizados para o
tratamento da hepatite B crônica são: interferon-alfa, lamivudina, peg-interferon-alfa
2a e 2b, adefovir, entecavir, telbivudina e tenofovir. O tratamento tem como objetivo
reduzir o risco de progressão da doença hepática e de seus desfechos primários,
especificamente cirrose, hepatocarcinoma e, consequentemente, o óbito. (BRASIL,
2010).
O tratamento também está indicado para os seguintes casos: os portadores
de hepatite crônica B AgHbe negativos (com ALT e carga viral elevado e biópsia
com atividade necro-inflamatória importante), as manifestações extra-hepáticas da
doença (glomerulonefrite, poliarterite), os cirróticos compensados ou
27
descompensados, formas graves de hepatite aguda e para os coinfectados com o
HIV. Em pacientes transplantados de fígado, por cirrose pelo VHB, é fundamental
que o tratamento inicie no pré-transplante (para os portadores de replicação viral
ativa) e mantido no pós-transplante para impedir a infecção do enxerto pelo VHB
(KEEFE, 2006).
Diante de medidas preventivas, aliadas ao tratamento adequado através de
um diagnóstico clínico eficaz, a morbidade e mortalidade do VHB podem ser
diminuídas numa escala significativa. Dentro da temática a ser estudada,
envolvendo os profissionais de Enfermagem, a realização dos testes sorológicos
podem demonstrar a situação real dessas infecções nesses profissionais que estão
cotidianamente no ambiente hospitalar.
2.4 Os profissionais de Enfermagem e a hepatite B
O ambiente hospitalar compõe um sistema integrado nas ações em saúde
visando a prevenção e a recuperação das pessoas. Embora exista uma tecnologia
voltada à oferecer assistência hospitalar ao paciente, é fato que o mesmo torna-se
insalubre tanto para clientes quanto para profissionais devido aos diversos riscos a
que estão expostos.
Existem algumas áreas do hospital que oferecem mais riscos de acidentes à
equipe de Enfermagem, tais como: unidades de terapia intensiva, serviços de
hemodiálise, setores de urgência e emergência. Quanto ao último, este representa
um dos espaços que mais favorece a ocorrência de acidentes perfurocortantes e um
elevado risco para se contrair doenças (HIV e Hepatite B e C). Isto se deve às
características do atendimento realizado ao paciente e o nível elevado de estresse
(CORTÊS; PAPAIORDANOU, 2007).
A preocupação com a saúde ocupacional teve início a partir da VII
Conferência Nacional de Saúde e da I Conferência Nacional de Saúde dos
Trabalhadores, onde discussões sobre as condições de trabalho e os agentes
condicionantes de acidentes e enfermidades no ambiente laboral, foram decisivos
para a mudança de paradigmas do pensamento clássico da saúde do trabalhador
28
que relacionava apenas o ambiente físico como causador de acidentes (OLIVEIRA;
MUROFUSE, 2001).
Assim, a lei 8.213, artigo 19, publicada em 24 de julho de 1991, define
acidente de trabalho como aquele ocorrido pelo exercício do trabalho, a serviço da
empresa, provocando lesão corporal, perturbação funcional ou doença que cause a
morte, perda ou redução, permanente ou temporária da capacidade para o trabalho
(BRASIL, 2002).
Segundo Rezende (2003), os trabalhadores da área da saúde ingressam
nos hospitais desconhecendo as rotinas e os cuidados apropriados para evitar
exposição ocupacional. Após a admissão na instituição de saúde, muitos
permanecem sem treinamento, sem orientações sobre os fatores de risco e sobre
quais medidas de precaução devam considerar.
Por isso, os acidentes de trabalho que ocorrem com os profissionais de
Enfermagem derivam de fatores complexos e têm sido objeto de muitos estudos na
área da Enfermagem, não apenas de forma isolada, casual, ou com um evento
particular, mas através da análise do contexto do trabalho em que este sujeito está
inserido, das condições de vida e da estreita relação profissional-paciente-equipe
(SÊCCO; GUTIERREZ; MATSUO, 2002).
Estes infortúnios têm ocorrido de forma rotineira no ambiente hospitalar
principalmente pelo contato com fluidos corporais, sangue, agulhas, entre outros,
apresentando-se como os mais comuns dos acidentes no ambiente laboral. A equipe
de enfermagem, como parte integrante da estrutura hospitalar, está susceptível a
esses riscos, devido ao contato direto com os pacientes/clientes (SILVA; SANTOS;
NASCIMENTO, 2004).
Em meio às vulnerabilidades já descritas, os profissionais de Enfermagem
devem estar sempre informados e treinados a fim de evitar os problemas no
trabalho. Segundo Pinheiro e Zeitoune (2008), a formação do profissional de saúde
ainda é voltada para o tecnicismo, persistindo uma lacuna entre o cuidado do
paciente e o autocuidado do cuidador, dificultando a promoção da saúde do
trabalhador.
Em relação aos acidentes ocupacionais envolvendo profissionais de saúde,
a Associação Brasileira de Enfermagem possui em seus registros históricos o
primeiro caso de contaminação pelo vírus da AIDS notificado em 1997, em uma
29
auxiliar de Enfermagem devido a um acidente perfurocortante ocorrido em 1994, na
cidade de São Paulo (ABEN, 2006).
Quanto a Hepatite B, existe uma especial preocupação já que esta infecção
laboral apresenta algumas particularidades: rápida soroconversão por exposição
ocupacional, riscos inerentes a profissão e magnitude atual.
Segundo Gonçalves (2007), o vírus da hepatite B (VHB) é resistente,
chegando a sobreviver sete dias no ambiente externo, em condições normais.No
caso de contato com sangue, o risco de infecção é em torno de 5 a 40% nas
pessoas não vacinadas. Para o Ministério da Saúde, o período de incubação do
HVB é de 15 a 180 dias e o período de transmissibilidade varia entre duas a três
semanas antes dos primeiros sintomas, mantendo-se durante a evolução clínica da
doença (BRASIL, 2008a).
O profissional de Enfermagem diante da exposição ao VHB deve adotar as
medidas de prevenção em todas as situações de contato direto com o paciente.
Quando comparada as outras categorias profissionais, Ribeiro e Shimizu (2007),
Balsamo e Felli (2006), Pinho, Rodrigues e Gomes (2007) são unânimes ao afirmar
que a equipe de Enfermagem sofre acidente com maior frequência no ambiente
hospitalar.
Reforça-se, então, que o conhecimento da situação sorológica da equipe de
Enfermagem permite a ação de condutas adequadas a serem tomadas na profilaxia
pré e pós- exposição, minimizando, assim, a soroconversão nesses profissionais, os
riscos que venham a interferir nas atividades laborais e no autocuidado.
30
3 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS
3.1 Tipo de pesquisa
Trata-se de uma pesquisa descritiva que investigou a soroprevalência da
hepatite B em profissionais de enfermagem dos hospitais urgência e emergência em
Teresina-PI.
3.2 Local do estudo
O estudo foi realizado em cinco Hospitais da Fundação Municipal de Saúde
(FMS), situados respectivamente nas zonas sul, sudeste, norte e leste de Teresina,
estas instituições prestam serviços de urgência e emergência no atendimento à
população, bem como serviços ambulatoriais, maternidade e de apoio à Estratégia
Saúde da Família. Apenas um hospital de urgência foi excluído (HUT), pois mesmo
pertencente à rede municipal (FMS), não foi permitido nenhum tipo de pesquisa
neste seu 1º ano de funcionamento.
3.3 População do estudo
A população da pesquisa foi composta pelo universo de profissionais de
Enfermagem dos serviços de urgência e emergência (n=360) distribuídos em três
categorias: Enfermeiros,Técnicos e Auxiliares, cujas atividades são desempenhadas
nos setores de urgência e emergência das instituições já referidas. O critério de
exclusão foi o não consentimento na participação no estudo, encontrar-se de férias
ou licença no período da coleta. Os dados da tabela abaixo foram disponibilizados
pelo departamento de Recursos Humanos da Fundação Municipal de Saúde na qual
31
consta a distribuição desses profissionais de Enfermagem por hospital e por
categoria profissional para a consolidação do universo a ser pesquisado:
Quadro 1. Distribuição da população estudada por Instituição de saúde. Teresina, 2010.
INSTIUIÇÕES ENFERMEIROS TÉCNICOS AUXILIARES TOTAL
A 12 19 60 90
B 14 05 57 76
D 16 08 63 87
C 10 05 71 86
E 05 05 11 21
TOTAL 68 47 303 360 Fonte: Fundação Municipal de Saúde, 2009.
3.4 Treinamento dos pesquisadores de campo
Para a coleta de dados, foram selecionadas cinco estudantes de graduação
do curso de Enfermagem, todas cursando o 7º período de Enfermagem. Essas
colaboradoras do estudo foram submetidas a um treinamento prévio, com carga
horária de 08 horas. O treinamento teve como objetivos: informar os pesquisadores
de campo sobre o estudo em desenvolvimento, introduzir noções básicas sobre
estudos transversais, discutir a temática do estudo e orientar os pesquisadores de
campo sobre os procedimentos metodológicos a serem desenvolvidos durante a
coleta de dados do estudo (APÊNDICE A).
3.5 Coleta dos dados
Após a autorização da Fundação Municipal de Saúde e do Comitê de Ética e
Pesquisa da Universidade Federal do Piauí, iniciaram-se a coleta de dados no
período de março a maio de 2010. Esta foi realizada por meio de duas etapas:
primeiramente realizou-se a entrevista, por meio da utilização de formulário
32
(APÊNDICE B), contendo questões predominantemente fechadas e algumas
abertas, o qual foi previamente submetido a um pré-teste, com fins de
aperfeiçoamento, com a participação de 07 sujeitos. O formulário foi composto de
perguntas relacionadas às características socioepidemiológicas dos participantes da
pesquisa e outras referentes a situação sorológica. Os sujeitos foram convidados a
participar da pesquisa e informados sobre o tema e os objetivos da mesma. Na
ocasião, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre Esclarecido-TCLE
(APÊNDICE C), informando os objetivos da pesquisa e da garantia do sigilo das
informações prestadas.
Na segunda etapa, foram realizados os testes sorológicos, conforme
orientação do Laboratório Central do Piauí (LACEN) utilizando os seguintes
materiais: seringa de 5ml, algodão embebido a álcool 70%, garrote, tubo de coleta a
vácuo. Foram pesquisados os marcadores sorológicos, com fins diagnóstico da
Hepatite B (Anti-HBs, HBc Total, HBcIgM) nas salas de coleta de cada hospital, nos
períodos matutino e noturno respeitando a escala de plantão e as atividades laborais
dos sujeitos do estudo.
A técnica de coleta do sangue para a pesquisa dos marcadores sorológicos
consistiu a priori, na identificação dos tubos e formulários. Antes de iniciar o
procedimento foi explicada aos participantes do estudo a técnica da coleta do
sangue, deixando-os à vontade em participar ou recusar-se. Em seguida, o braço do
participante foi posicionado em uma linha reta do ombro ao punho, de maneira que
as veias ficassem mais acessíveis e o sujeito o mais confortável possível. Logo a
seguir, procedeu-se o garroteamento do braço e a escolha do melhor acesso
venoso. Foi então, introduzida uma agulha 25x7mm e retirado 5ml de sangue
venoso. Retirou-se a agulha e foi realizada uma leve pressão no local a fim de evitar
o extravasamento de sangue.
As amostras foram armazenadas em caixas térmicas a uma temperatura
entre +2º a +8º C e enviadas ao LACEN-PI, nos horários estabelecidos pelo
laboratório onde foi realizada a pesquisa dos marcadores sorológicos utilizando os
seguintes testes: HBsAg (Vikia®), HBc total (IEA WELL), Anti-HBs(IEMA WELL).
33
3.6 Variáveis do estudo
As variáveis levantadas foram: idade, sexo, categoria profissional, tempo de
profissão e de atividade nos serviços de urgência e emergência, exposição
ocupacional, uso de equipamentos de proteção, número de doses de vacina
recebida contra hepatite B, tempo de recebimento da vacina, controle sorológico
pós-vacinal, conhecimento da hepatite B e situação sorológica atual.
3.7 Definições do estudo
Este estudo tomou como definição de casos:
Imune por infecção: indivíduos com Anti-HBc e Anti-HBs positivos
Imune pela vacina: indivíduos com Anti-HBs positivo
Sem proteção: indivíduos com Anti-HBc e Anti-HBs negativo.
3.8 Análise de dados
Realizou-se a organização dos dados mediante a revisão manual dos
formulários. Estes, foram enumerados sistematicamente por local da pesquisa. As
respostas das perguntas abertas foram codificadas, sendo algumas agrupadas de
acordo com a freqüência, de modo a se tornarem fechadas para facilitar a análise. A
seguir foi construído um banco de dados, com posterior checagem, a fim de corrigir
inconsistências, o qual foi explorado por meio de técnicas univariadas e bivariadas
utilizando-se o software Statiscal Package for the Social Science (SPSS) 17.0.
A análise univariada foi realizada por meio do cálculo de estatísticas
descritivas das variáveis relacionadas à descrição da amostra, situação vacinal
contra hepatite B, ocorrência de acidentes ocupacionais, notificação e respectivas
medidas profiláticas, uso de equipamentos de proteção individual e conhecimento da
transmissão da hepatite B.
34
Para a realização das análises bivariadas, calculou-se o Qui-quadrado de
Pearson (χ2),
objetivando identificar possíveis associações entre as variáveis
dependentes (resultados do Anti HBs e HBcTotal e ocorrência dos acidentes
ocupacionais) com cada variável independente.
A hipótese nula foi rejeitada quando o valor de p foi menor ou igual a 0,05.
Considerando que o teste de Qui-quadrado não relaciona o tamanho do efeito da
associação, utilizou-se V-Cramer, que é uma medida do grau de associação entre
duas variáveis categóricas e o efeito é pequeno quando r=0,1, médio r=0,3 e grande
r=0,5 (FIELD, 2009).
Os achados mais significativos foram representados em gráficos e tabelas e
posteriormente analisados à luz da produção científica dos autores da área temática.
3.9 Aspectos éticos
Em obediência aos preceitos éticos contidos na Resolução 196/96 do
Conselho Nacional de Saúde, que trata das diretrizes e normas regulamentadoras
de pesquisas envolvendo seres humanos, elaborou-se um termo de consentimento
de participação para afirmar o comprometimento de preservar a privacidade dos
sujeitos.
O projeto de pesquisa foi inicialmente encaminhado a Comissão de Ética em
Pesquisa da Fundação Municipal de Saúde aprovado em 12/11/2009 (ANEXO A) e
em seguida encaminhado ao Comitê de Ética em Pesquisa da Universidade Federal
do Piauí-UFPI sendo aprovado em 04/12/2010 (ANEXO B) com CAAE nº0163.
0.045.000-08.
35
4 RESULTADOS
A população planejada para participar do estudo foi de 360 profissionais.
Entretanto, 39 encontravam-se afastados por férias ou licença no período da coleta
dos dados, sendo retirados da pesquisa pelo critério de exclusão previsto no
planejamento. Dentre os 321, quatro se recusaram a participar da pesquisa,
totalizando 317 profissionais estudados. Desse modo, a perda foi de 1,24% em
relação aos profissionais participantes, o que não comprometeu os resultados do
estudo, sendo os mesmos distribuídos da seguinte forma: Hospital A (79), Hospital B
(76), Hospital C (68), Hospital D (76) Hospital E (18) (Figura 1).
Figura 1 - Constituição da população do estudo, 2010.
36
Destaca-se que no processo de coleta dos dados houve certa dificuldade
junto à categoria de enfermeiros, cuja aquiescência foi menor que entre os técnicos
e auxiliares, os quais foram bastante acessíveis.
A apresentação dos resultados foi subdividida em duas secções: análises
univariadas e bivariadas. Na primeira, são apresentadas a caracterização da
população do estudo, situação vacinal, os acidentes ocupacionais e o uso dos
equipamentos de proteção individual e conhecimento sobre a transmissão da
hepatite B. Nas análises bivariadas, mostram-se os dados relacionados à
associação dos marcadores sorológicos pesquisados à hepatite B com as
características sócio-demográficas da população do estudo, uso de equipamentos
de proteção individual, situação vacinal e ocorrência de acidentes ocupacionais.
4.1 Análises Univariadas
4.1.1 Descrição da população do estudo
Dos 317 profissionais que participaram do estudo, 121 (38,2%) estavam na
faixa etária de 41 a 50 anos, com uma média de 43,5 anos de idade (desvio padrão:
10,2) e amplitude variando de 20 a 68 anos. Quanto ao sexo, predominou o feminino
com 229 (94,3%) e em relação à situação conjugal 173 (54,6%) eram casados. Na
variável categoria profissional, os técnicos de enfermagem representaram 59,9% da
amostra. Com relação ao tempo médio de profissão foi de 1 a 20 anos e no serviço
de urgência e emergência a expressiva maioria (80,8%) tem de 1 a 20 anos, com
média de 11,0 anos.
37
Tabela 1 - Descrição da população do estudo. Teresina PI, 2010 (n = 317).
1 - Média da idade 2 - Desvio padrão 3 - Intervalo de confiança
4.1.2 Situação vacinal da população do estudo por categoria profissional
A tabela 2 evidencia a situação vacinal da população do estudo contra
hepatite B, segundo a categoria profissional, demonstrando que os enfermeiros
apresentam a maior cobertura (70,5%), seguido dos técnicos (48,4%) e auxiliares
(47,0%). Ressalta-se que houve associação estatisticamente significativa entre o
número de doses da vacina com efeito da associação moderado (p< 0,05; r=0,32).
Variáveis
n (%)
1 ( ±)
2 IC(95%)
3
min. e max.
Faixa etária (em anos) (n=317) 43,5 (10,2) 42,3-44,6 20 – 68 20 a 40 112 (35,3) 41 a 50 121(38,2) 51 a 68 84 (26,5)
Total 317 (100)
Sexo (n=317) Feminino 229 (94,3)
Masculino 18 (5,7)
Total 317 (100)
Situação conjugal (n=317)
Casado 173 (54,6)
Solteiro 101 (31,9)
Separado 25 (7,9)
Viúvo 18 (5,7)
Total 317 (100)
Categoria profissional (n=317)
Auxiliar de enfermagem 83 (26,2)
Enfermeiro 44 (13,9)
Técnico em enfermagem 190 (59,9)
Total 317 (100)
Tempo de profissão (em anos) (n=317)
17,2 (10,3) 16,0-18,3 0 – 42
1 a 20 176 (55,5)
21 a 42 141 (44,5)
Atuação no setor de urgência e emergência (em anos) (n=317)
11(9,8) 9,9-12,1 0 – 42
1 a 20 256 (80,8)
21 a 42 61 (19,2)
Total 317 (100)
38
Tabela 2 - Situação vacinal contra hepatite B da população estudada por categoria profissional. Teresina/PI-2010 Categoria Profissional
N° de doses
Auxiliar de enfermagem
Técnico em enfermagem
Enfermeiro Total p valor
v Cramer
n(%) n(%) n(%) n(%)
Não foi vacinado
05(6,0) 15(8,9) 01(2,3) 23(7,3) 0,04 0,32
1 dose 10(12,0) 24(12,6) 03(6,8) 37(11,7) 2 doses 16(19,3) 41(21,6) 09(20,5) 66(20,8) 3 doses 39(47,0) 92(48,4) 31(70,5) 162(51,1)
Não lembra 13(15,7) 16(8,4) - 29(9,1)
Total 83(100) 190(100) 44(100) 317(100)
4.1.3. Aspectos relacionados aos acidentes ocupacionais.
Na tabela 3, observa-se que o acidente com agulhas foi expressivo em todas
as categorias profissionais perfazendo um total de (36,9%). Em relação às
exposições ocupacionais ocorridas na população investigada, destaca-se que os
técnicos e auxiliares de Enfermagem foram os que menos notificaram (35,3% e
33,7%) respectivamente e quanto às medidas profiláticas, os técnicos (44,7%)
representam o maior percentual dos que não adotaram nenhuma medida. Não
houve associação estatística significativa entre as categorias profissionais as
variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais.
39
Tabela 3 - Distribuição das variáveis relacionadas aos acidentes ocupacionais e medidas profiláticas pós-exposição na população do estudo. Teresina-PI, 2010. Categoria Profissional
Variáveis Auxiliar de enfermagem
Técnico em enfermagem
Enfermeiro Total p valor
n(%) n(%) n(%) n(%)
Tipo de instrumento (n=152)
0,15
Agulha 27(32,5) 81(42,6) 09(20,5) 117(36,9) Jelco 02(2,4) 06(3,2) 0(0) 08(2,5) Scalp 06(7,2) 10(5,3) 03(6,8) 19(6,0) Bisturi 05(6,0) 03(1,6) 0(0) 08(2,5)
Notificação do acidente (n=152)
0,22
Sim 12(14,5) 33(17,4) 03(6,8) 48(15,1) Não 28(33,7) 67(35,3) 09(20,5) 104(32,8)
Medidas profiláticas pós-exposição (n=152)
0,63
Sem profilaxia 34(41,0) 85(44,7) 10(22,7) 129(40,7)
Lavou o local 05(6,0) 06(3,2) 01(2,3) 12(3,8) Exame 0(0) 02(1,1) 0(0) 02(0,6) Vacina 01(1,2) 04(2,1) 1(2,3) 06(1,9) AZT 0(0) 02(1,1) 0(0) 02(0,6) Antibiótico 0(0) 01(0,5) 0(0) 01(0,3)
Total 83(100) 190(100) 44(100) 317(100)
4.1.4 Uso dos equipamentos de proteção individual (EPI’s) entre os
profissionais de Enfermagem
A tabela 4 apresenta os equipamentos de proteção de segurança mais
utilizados por categoria profissional ficando evidente que o uso de luvas apresentou
percentual semelhante entre as categorias. As máscaras (95,5%) e os jalecos
(88,6%) são mais utilizados entre os enfermeiros no serviço urgência e emergência.
O gorro (48,1%) e os propés (32,5%) são mais usados pelos auxiliares de
Enfermagem. Os óculos foram os menos utilizados em todas as categorias.
40
Tabela 4 - Utilização dos EPI’s pelos profissionais do estudo segundo categoria profissional. Teresina/PI-2010 Categoria Profissional
Material de segurança
Auxiliar de enfermagem
Técnico em enfermagem
Enfermeiro
n(%) n(%) n(%)
Óculos 21 (27,3) 21 (12,2) 08 (18,2) Luvas 73 (94,8) 167 (97,1) 43 (97,7) Jaleco 50 (64,9) 132 (76,7) 39 (88,6) Gorro 37 (48,1) 71 (41,3) 16 (36,4) Propés 25 (32,5) 44 (25,6) 11 (25,0) Mascara 69 (89,6) 155 (90,1) 42 (95,5)
*Resposta Múltipla
4.1.5. Conhecimento sobre as formas de transmissão hepatite B
A transfusão de sangue foi apontada como a principal forma de transmissão da hepatite B entre as categorias profissionais. Ressalta-se, que todas as categorias responderam que a transmissão oro-fecal representa umas das formas de transmissão da hepatite B (Tabela 5).
Tabela 5 - Conhecimento das vias de transmissão da hepatite B pelos profissionais do estudo. Teresina/PI-2010
Categoria Profissional Transmissão hepatite B Auxiliar de
enfermagem Técnico em enfermagem
Enfermeiro
n(%) n(%) n(%)
Oro- fecal 13 (21,0) 22 (12,7) 04 (9,1) Acidente ocupacional 31 (50,0) 107 (61,8) 36 (81,8) Sexual 37 (59,7) 118 (68,2) 34 (77,3) Transfusão de sangue 44 (71,0) 144 (83,2) 37 (84,1) Uso de drogas 22 (35,5) 90 (52,0) 32 (72,7) Outros 04 (6,5) 14 (8,1) 04 (9,1)
*Resposta Múltipla
4.1.6 Realização de sorologia contra a hepatite B anterior ao estudo pelos profissionais de Enfermagem.
Quando investigados sobre a realização de sorologia em algum outro
momento anterior ao da pesquisa, a categoria dos auxiliares de Enfermagem foi a
41
que se sobressaiu com relação às demais (91,6%), afirmando nunca ter realizado
este exame (Gráfico 1).
Gráfico 1 - Realização de sorologia para hepatite B anterior à pesquisa na população do estudo, Teresina/PI, 2010. (n=317)
4.1.7 Soroprevalência da hepatite B em profissionais de Enfermagem de
Urgência e Emergência
Na amostra estudada não apareceram reagentes ao marcador HbsAg.
Entretanto, foi observado que o HBc total foi encontrado em maior evidência nos
técnicos em Enfermagem. No que se refere ao Anti-Hbs, os enfermeiros foram os
que mais reagiram (80%), enquanto os técnicos em Enfermagem (32,6%)
representaram a categoria profissional com maior percentual de não reagentes a
esse marcador sorológico (Tabela 6). Ressalte-se que, dentre as amostras estudas,
oito (08) apresentaram problemas laboratoriais que inviabilizaram a análise dos seus
resultados.
42
Tabela 6 - Soroprevalência da Hepatite B na população do estudo. Teresina/PI-2010.
Categoria Profissional MARCADORES Auxiliar de
enfermagem Técnico em enfermagem
Enfermeiro
n(%) n(%) n(%)
HBsAg (n=309) Não reagente 82 (100) 187 (100) 40 (100)
HBc -Total (n=309) Não reagente 75 (91,5) 170 (90,9) 35 (87,5)
Reagente 07 (8,5) 17 (9,1) 05 (12,5)
Anti-HBs (n=309) Não reagente 26 (31,7) 61 (32,6) 08 (20,0)
Reagente 56 (68,3) 126 (67,4) 32 (80,0)
HBc Total e Anti-HBs Reagentes(n=309)
07(29,2) 13(54,1) 04(16,7)
4. 2 Análises Bivariadas
Os resultados das associações estão apresentados nas tabelas 7, 8 e 9. A
escolha das variáveis independentes a serem associadas com o resultado do Anti-
HBs, HBc-Total e da ocorrência dos acidentes ocupacionais, foram escolhidas no
intuito de verificar se estas poderiam interferir na resposta vacinal, na presença dos
anticorpos contra a hepatite B e na ocorrência de exposições biológicas como
fatores de risco para se contrair a doença.
No que se diz respeito a tabela 7, o percentual de profissionais vacinados há
mais de um ano foi muito superior em relação ao restante dos vacinados. Entretanto,
observou-se associação estatisticamente significativa apenas entre o Anti Hbs
reagente e a variável número de doses de vacina (p<0,05).
43
Tabela 7 - Associação do Anti-HBs com as variáveis: tempo de vacinado, faixa etária, categoria profissional, número de doses de vacina contra a hepatite B. Teresina-PI, 2010. Anti HBs Variáveis
Não reagente
Reagente χ2 p valor
n (%) n (%)
Quanto tempo foi vacinado/ anos (n= 289) 0,008 0,93 Mais de 1 ano 73 (29,3) 176 (70,7)
Menos de 1 ano 12 (30,0) 28 (70,0)
Faixa etária (n=309) 1,523 0,21 40 anos e mais 66 (35,7) 136 (67,3)
20 a 40 anos 29 (27,1) 78 (72,9)
Categoria profissional (n=309) 2,513 0,28 Auxiliar de Enfermagem
26 (31,7) 56 (68,3)
Técnico em enfermagem
61 (32,6) 126 (67,4)
Enfermeiro 08 (20,0) 32 (80,0)
N° de doses (n= 205)
10,241 0,03
1 dose 06 (16,2) 31 (83,8) 2 doses 24 (38,7) 38 (61,3) 3 doses 44 (27,7) 115 (72,3)
Ao buscar-se a associação do HBc-Total com as variáveis sofreu acidente
perfurocortante, faixa etária, tempo de atuação profissional, uso de luvas, categoria
profissional e estado civil, pode-se destacar, que o resultado reagente foi encontrado
entre os profissionais acima de 40 anos (65,5%), na categoria auxiliar/técnico de
Enfermagem (82,2%) e estado civil casado (51,7%). Vale ressaltar que não houve
associação estatisticamente significativa de nenhuma destas variáveis com o
resultado do HBc-total (p>0,05) (Tabela 8).
44
Tabela 8 - Associação entre HBc-Total e as variáveis: ocorrência de acidente perfurocortante, faixa etária, tempo de atuação profissional, uso de luvas, categoria profissional e estado civil. Teresina-PI, 2010. HBc-Total
Variáveis Reagente Não reagente χ2 p valor
n (%) n (%)
Ocorrência de acidente de trabalho (perfuro/cortante) (n=309)
0,209 0,64
Sim 13 (8,6) 138 (91,4) Não 16 (10,1) 142 (89,9)
Faixa etária (n=309) 0,001 0,98 40 anos ou mais 19 (9,4) 183 (90,6) 20 a 40 anos 10 (9,3) 97 (90,7)
Tempo de atuação profissional (urgência) (n=309) 0,001 0,98 De 1 até 20 anos 16 (9,3) 155 (90,7) 21 a 42 anos 13 (9,4) 125 (90,6)
Uso de Luvas (n=309) 1,865 0,17 Não 01 (2,9) 33 (97,1) Sim 28 (10,2) 247 (89,8)
Categoria profissional (n=309)
0,524 0,46
Auxiliar/técnico em enfermagem
24 (9,3) 245 (90,7)
Enfermeiro 05 (12,5) 35 (87,5)
Estado civil (n=309) 0,958 0,32
Solteiro 14 (11,4) 109 (88,6) Casado 15 (8,1) 171 (91,9) Total n= 309
Observa-se na tabela 9, que a categoria que apresentou maior percentual de
acidente perfurocortante foi a de técnicos em Enfermagem (52,6%). Destaca-se que
houve associação estatisticamente significativa entre a ocorrência dos acidentes
perfurocortantes com a categoria profissional e o tempo de profissão (p<0,05).
45
Tabela 9 - Associação entre a ocorrência de acidente perfurocortante com as variáveis: categoria profissional, tempo de profissão e atividade no setor de urgência e emergência. Teresina-PI, 2010.
Acidente perfurocortante
Variáveis
Sofreu Não sofreu χ2 p valor
n (%) n (%) Categoria profissional (n=317) 9,208 0,01
Auxiliar de Enfermagem 40 (48,2) 43 (51,8) Técnico em enfermagem 100 (52,6) 90 (47,4) Enfermeiro 12 (27,3) 32 (72,7)
Tempo de profissão (n=317) 5,526 0,01
Até 20 anos 74 (42,0) 102 (58,0) 21 a 42 anos 78 (55,3) 63 (44,7)
Tempo de urgência (n=317) 0,249 0,61
Até 20 anos 121 (47,3) 135 (52,7) 21 a 42 anos 31 (50,8) 30 (49,2)
46
5 DISCUSSÃO DOS RESULTADOS
Na caracterização dos sujeitos do estudo, destaca-se predomínio da faixa
etária entre 41 a 50 anos e especialmente do sexo feminino (94,3%) com situação
conjugal casado (54,6%). Quanto ao sexo, estatísticas do Ministério do Trabalho e
Emprego mostram que as mulheres representam (73,0%) dos empregos na área da
saúde. A intensificação da participação feminina, no trabalho de Enfermagem, iniciou
na década de 70, com predominância ainda constante nesse setor (MORAIS, 2005).
Outro aspecto evidente no estudo é que ainda há uma feminização da
profissão de Enfermagem. Almeida et al. (2004), relata que a predominância
feminina na Enfermagem reproduz a característica histórica da profissão, exercida
quase que exclusivamente por mulheres desde os seus primórdios.
Esse fato pode ser explicado devido aos aspectos sociohistóricos da
Enfermagem que nasceu como um serviço organizado pela instituição das ordens
sacras. Esta profissão coexiste com o cuidado doméstico às crianças, aos doentes e
aos velhos, associado à figura da mulher-mãe que desde sempre foi curandeira e
detentora de saber informal nas práticas de saúde, transmitido de mulher para
mulher. A marca das ordens religiosas impõe à Enfermagem, por longo período, seu
exercício institucional exclusivo e/ou majoritariamente feminino e caritativo (LEAL;
LOPES, 2005).
A categoria profissional de maior expressividade no estudo foi constituída
por técnicos em Enfermagem, o que diverge dos dados do quando 1, bem como do
Conselho Regional de Enfermagem do Piauí, o qual apresenta os dados que
seguem: Enfermeiros (5.435), Técnicos de Enfermagem (3.144) e Auxiliares de
Enfermagem (7.136). (COREN, 2010). Esses dados são explicados pelo fato de
muitos profissionais de nível técnico estarem buscando a graduação em
Enfermagem e muitos auxiliares já terem concluído a formação em técnico, mas
ainda permaneceram nos quadros das instituições como auxiliares.
Sobre a situação vacinal dos profissionais da pesquisa, esta se encontra
muito aquém da mínima recomendada pelo Ministério da Saúde (2005a), que
recomenda a vacinação de todos os profissionais da saúde que têm risco iminente
47
de contrair a doença. No estudo, observou-se que apenas metade dos investigados
relatou ter recebido o esquema completo.
De acordo com a OMS, a vacina contra hepatite B passou a ser oferecida
pelo SUS a partir da década de 1990. Entretanto, a vacina produzida pelo Instituto
Butantan, encontrada nas Unidades Básicas de Saúde até o ano de 2008, não tinha
indicação para as pessoas maiores de 30 anos, em função de produzir menor
imunogenicidade. Provavelmente, esse fato pode ter dificultado o acesso destes
profissionais à vacina destinada a sua faixa etária, pois esta só era oferecida no
Centro de Referência de Imunobiológicos Especiais (CRIE).
Entretanto, é importante ressaltar, que desde 2009, a vacina contra hepatite
B produzida pelo Instituto Butantan, é a utilizada em larga escala nos serviços de
atenção básica de saúde e já pode ser indicada para pessoas de qualquer idade
desde que pertença a algum grupo vulnerável. Ressalta-se, que esta vacina tem boa
imunogenicidade com proteção em mais de 90% dos adultos jovens sadios e em
mais de 95% em lactentes, crianças e adolescentes (BRASIL, 2006).
É incontestável a eficácia da vacina quando administrada nas doses
recomendadas pelo Programa Nacional de Imunização (PNI). Encontrou-se no
estudo, uma considerável parcela de profissionais (33,0%) com esquema vacinal
incompleto. Soriano et al. (2008), em pesquisa acerca da cobertura vacinal contra a
hepatite B em profissionais de saúde, encontrou percentuais abaixo dos achados
neste estudo, ou seja, (14,0%) da população estudada não havia completado o
esquema.
Também foi encontrado resultado divergente na pesquisa de Ali, Jamal e
Qureshi (2005), na qual em um hospital universitário em Karachi/Paquistão, do
universo de 393 profissionais de saúde de todas as categorias, (86,0%) estavam
completamente vacinados, (12,0%) com vacinação incompleta e (2,0%) sem
nenhuma dose.
Dincer et al. (2003), em pesquisa realizada entre enfermeiras da Turquia a
cerca da exposição ocupacional e vacinação contra a hepatite B, revelou que das
452 (76%) enfermeiras que enfrentam perigos de exposição a infecção, 27,7%
(125/452) não eram vacinadas contra o VHB. Pode-se inferir, que o enfermeiro,
profissional com maior escolaridade que técnico e auxiliares, detém possivelmente,
um maior conhecimento sobre a transmissão da doença e consequentemente busca
a imunização. Os dados desta pesquisa, porém, divergem dos resultados
48
encontrados por Silva et al. (2003), que revelou um percentual semelhante de
esquema vacinal completo para hepatite B entre enfermeiros (85,7%) e técnicos
(83,7%).
A vacinação incompleta reflete a realidade dentro dos serviços hospitalares,
já que, os profissionais de saúde ainda não dimensionaram a importância do
autocuidado. Destaca-se, que dentre os participantes desta pesquisa, cujo esquema
vacinal encontrava-se incompleto, a justificativa para essa incompletude vacinal foi
o acúmulo de atividades na instituição onde exercem as suas atividades. Muitos
também acreditam que apenas uma ou duas doses são suficientes para conferir
imunidade. Alguns alegaram a dor e o medo das reações adversas como
impedimento para completar o esquema da vacina.
Outro aspecto a ser incorporado pelo profissional no seu autocuidado é a
prevenção de acidentes ocupacionais, sendo o principal meio para prevenir a
transmissão dos vírus das hepatites B e C e do vírus HIV. Ações de imunização
contra hepatite B e o atendimento adequado pós-exposição são componentes
fundamentais para a segurança no trabalho (RAPPARINI; VITÓRIA; LARA, 2004).
Pereira (2007) demonstrou em seu estudo, que os setores com maior
percentual de acidentes envolvendo material biológico, são as Unidades de
Urgência/Emergência (UE), com (28,4%) de relato de ocorrências, seguido do
Centro Cirúrgico-CC e Central de Material Esterilizado-CME com (25,5%), Unidades
de Tratamento Intensivo 18,9%, Unidades de Internação Adulto (14,5%), Pediátricas
(9,18%) e Laboratório (3,3%). Essa pesquisa vem reforçar a importância deste
estudo por ter escolhido como espaço de investigação as unidades de urgência e
emergência da capital, pois se trata de locais mais susceptíveis aos acidentes
ocupacionais.
No estudo, um expressivo percentual de profissionais de Enfermagem
relatou ter sofrido algum tipo de acidente com material biológico (47,9%), sendo que
o acidente com agulha foi o de maior proporção (36,9%). Para o Ministério da Saúde
(2006), os ferimentos com agulhas e outros materiais perfurocortantes, em geral,
são considerados extremamente perigosos por serem potencialmente capazes de
transmitir mais de 20 tipos de patógenos diferentes, sendo o vírus da
imunodeficiência humana (HIV), o da hepatite B e o da hepatite C, os agentes
infecciosos mais comumente envolvidos. Entretanto, cabe ressaltar que mesmo em
49
face da alta prevalência de acidentes ocupacionais na amostra em estudo, não
houve transmissão da hepatite B.
Outro agravante é a falta de notificação dos acidentes ocupacionais, pois a
subnotificação tornou-se uma prática comum nas instituições de saúde e o número
de casos ocorridos é muito superior aos que são notificados (HENNINGTON;
MONTEIRO, 2006). Os resultados apontaram que (68,0%) dos acidentes sofridos
pelos profissionais de Enfermagem deste estudo não foram notificados. Os fatores
referidos pelos investigados para justificar a subnotificação foram a falta de tempo, o
não saber a que profissional recorrer, desconhecimento da ficha de notificação e
medo de notificar.
A subnotificação também é encontrada no cenário mundial. Uma pesquisa
de Bilski (2005) demonstrou que da maioria das exposições sofridas com agulhas,
por trabalhadores de Enfermagem, (50,1%) foram relatadas verbalmente a um
profissional de nível superior (médico ou enfermeira). Para reafirmar esta situação,
aponta-se o estudo de Ayranci e Kosgeroglu (2004), o qual demonstrou que dos 988
profissionais de saúde estudados em um hospital da Turquia, 634 haviam sido
expostos a sangue e fluidos corporais, pelo menos uma vez na sua vida profissional.
Desses, 144 não foram notificados e não procuraram algum segmento para a
investigação de injúrias ocupacionais.
Sabe-se que diante de uma exposição ocupacional, além da notificação,
medidas de profilaxia devem ser adotadas com urgência, a fim de evitar danos
futuros ao profissional. Nesta pesquisa, verificou-se que a maioria dos entrevistados
não adotou nenhuma medida de prevenção emergencial diante da ocorrência de um
acidente. Muitos alegaram o esquecimento como fator principal, pois diante de uma
situação de urgência, acabam por priorizar a vida do cliente, e quando percebem,
se esquecem de procurar o serviço responsável para a orientação nessas
circunstâncias.
Segundo o Ministério da Saúde, a adoção de medidas frente a um acidente
biológico e com risco para hepatite B vai depender do status sorológico do paciente
fonte e dos níveis de Anti-HBs do profissional acidentado. Essas medidas são:
cuidados com a área exposta, avaliação e notificação do acidente, orientações e
aconselhamento do acidentado, quando necessário, imunoprofilaxia e
acompanhamento (BRASIL, 2006).
50
Entretanto neste estudo, os profissionais relataram que a investigação do
acidente foi realizada pela chefia do serviço de Enfermagem, e apenas (1,3%) dos
casos realizaram exames de urgência (sorologia ou teste rápido) e outros
isoladamente, foram encaminhados para os serviços de referências: Instituto de
Doenças Tropicais Natan Portela (IDTNP) e Centro de Referência da Saúde do
Trabalhador (CEREST).
Ressalta-se outra forma muito eficaz na prevenção contra os acidentes
biológicos entre profissionais de saúde, que diz respeito ao uso de equipamentos de
proteção individual nas atividades laborais. Nesta pesquisa, os equipamentos mais
utilizados foram as luvas, máscaras e jaleco.
Um estudo sobre os riscos ocupacionais entre trabalhadores de enfermagem
de uma unidade de terapia intensiva (NISHIDE; BENATTI, 2004) corrobora com este
na medida que também constatou que os EPI’s utilizados com maior frequência
pelos trabalhadores de enfermagem são as luvas, as máscaras e os aventais, que
também são utilizados em percentual significativo. Entretanto, os óculos de proteção
nem sempre são utilizados.
Neste estudo, os profissionais mencionaram não utilizar o EPI devido aos
seguintes fatores: a instituição de saúde não oferece ou o faz em quantidade
insuficiente (principalmente óculos e gorros), alergia ao látex, maior habilidade das
mãos sem luvas, temperatura elevada nas enfermarias e no posto de enfermagem
(justificando especificamente o não uso das máscaras e jalecos) e falta de ar
(máscaras).
Enfatizando a importância da disponibilização do equipamento de
segurança, a Norma Regulamentadora (NR) 32/20051 deixa claro que é dever da
empresa fornecer o EPI em quantidade e qualidade ao trabalhador, este tem por
obrigação o seu uso, sua guarda e conservação, além de comunicar ao empregador
qualquer dano ou alteração que o torne impróprio para o uso. Nos serviços de
urgência e emergência, onde as ações necessitam de rapidez e agilidade devido ao
risco iminente de morte, é fundamental a incorporação de medidas de precaução
padrão por parte da equipe e o fornecimento adequado do equipamento por parte
dos gestores das instituições, a fim de evitar futuros danos à saúde do trabalhador.
1 Norma Regulamentadora (NR 32/2005) - Estabeleceras diretrizes básicas para a implementação de
medidas de proteção à segurança e à saúde dos trabalhadores dos serviços de saúde, bem como daqueles que exercem atividades de promoção e assistência à saúde em geral.
51
O conhecimento acerca do modo de transmissão das doenças
transmissíveis e dos possíveis riscos no ambiente de trabalho são ferramentas
necessárias para a conscientização de práticas seguras nos serviços de saúde.
Neste sentido, quando questionados sobre as formas de transmissão da
hepatite B, a transfusão de sangue foi a mais citada, seguida da transmissão sexual
e do acidente ocupacional. Sabe-se, que antes da década de 90, não ocorria o
controle sorológico da hepatite B nos bancos de sangue, por isso, os profissionais
pesquisados responderam expressivamente que a maior forma de transmissão é a
transfusão sanguínea.
Enfatiza-se que um percentual razoável dos pesquisados responderam que
pode se contrair a hepatite B pela transmissão oro-fecal, quando de fato esta forma
de transmissão está relacionada às hepatites A e E, demonstrando que ainda existe
um conhecimento escasso sobre a doença.
No estudo de Silva (2008) sobre os acidentes ocupacionais e a
contaminação por hepatite B no ambiente hospitalar, em que a autora avaliou o
conhecimento adquirido sobre a hepatite B pelos profissionais de Enfermagem,
alguns resultados foram semelhantes aos achados neste, ou seja, grande parte dos
sujeitos respondeu que o vírus da hepatite B pode estar presente no sangue e
fluidos corpóreos contendo ou não sangue, e ainda que a hepatite B pode ser
adquirida no ambiente hospitalar através do contato do profissional com sangue e
fluidos corpóreos em pele e/ ou mucosa lesionada.
Para a autora, apesar de parcela expressiva dos profissionais relatar ter tido
acesso ao conhecimento por meio de fonte de informação formal, evidenciou-se um
conhecimento ainda inadequado acerca da presença do vírus da hepatite B no
sangue e fluidos corpóreos, forma de transmissão no ambiente hospitalar e
infectividade, principalmente nos profissionais do nível técnico.
Neste aspecto, o estudo de Silva também coaduna com este, pois os
entrevistados, particularmente os de nível médio, afirmaram que o acesso à
informação sobre a transmissibilidade da hepatite B deu-se por meio dos cursos
profissionalizantes, isto é, mediante processo de educação formal. Mesmo assim, foi
constatada a insuficiência de conhecimento.
Assim, reafirma-se que o profissional de Enfermagem está muito vulnerável
a contaminação pelo VHB e uma das medidas profiláticas é o controle sorológico.
De acordo com Araújo, Paz e Griep (2005) e Pinheiro e Zeitoune (2008), os
52
profissionais de saúde ao iniciarem as práticas hospitalares devem seguir as
condutas que seguem: imunização prévia com a vacina hepatite B, controle
sorológico do anti-HBs e para os que ainda não completaram o esquema contra
hepatite é necessário pesquisar a presença do HBsAg. Frente a condição de não
reator devem completar o esquema e, após um intervalo de um a seis meses,
realizar o controle sorológico.
Na pesquisa ficou evidente que a maioria dos profissionais de Enfermagem
nunca havia sido submetida, antes desta pesquisa, à sorologia para hepatite B. Eles
relataram que os motivos que os levaram a tal atitude foram: desconhecimento da
necessidade do exame, dificuldade para realizá-lo, uma vez que as instituições onde
trabalham não o oferecem, falta de tempo e medo do resultado. Desse modo,
observa-se, em relação aos riscos ocupacionais, que não há uma política efetiva de
proteção dos trabalhadores da área de saúde, transparecendo que cada um deve
buscar por si só o conhecimento necessário para a sua auto-proteção e para a
adoção de medidas frente aos mesmos.
Quanto aos resultados da sorologia para hepatite B obtidos neste estudo,
pode-se verificar que nenhum profissional apresentou positividade para o HBsAg e
para o HBcIgM, e somente (9,2%) foi reagente ao anti-HBc total. Isso mostra que,
em algum momento da vida, estes participantes tiveram contato com o vírus da
hepatite B, pois este marcador dá positivo na fase entre o desaparecimento dos
antígenos e o aparecimento dos anticorpos. Estudos de Ciorlia e Zanetta (2005) e
Kondili et al (2007), realizados com profissionais de saúde, encontraram resultados
semelhantes (9,4% e 8,1%), respectivamente quanto ao resultado do Anti-HBc total.
Pode-se inferir que a não existência de casos positivos de HBsAg na
população investigada pode ser justificada pela amostra insuficiente de indivíduos
portadores, pois segundo Pereira et al (2009), a prevalência do HbsAg em
população não vacinada na região nordeste é de (0,19%). Porém, mesmo diante da
baixa prevalência, os fatores de risco da população investigada, tais como,
deficiência de medidas de precaução padrão, exposição aos acidentes biológicos e
o esquema vacinal incompleto ou ausente, ainda constituem-se em lacunas que
interferem no controle da doença.
Inquérito clínico-epidemiológico realizado por Carvalho (2008), cujo objetivo
foi identificar os marcadores sorológicos para a hepatite B em 1007 voluntários (858
estudantes de saúde e 149 profissionais) do Instituto de Ciências da Saúde da
53
Universidade Federal da Bahia, também revelou que não houve positividade para o
HBsAg, a despeito da presença de fatores de vulnerabilidade na população
estudada, tais com: uso de drogas, múltiplos parceiros sexuais, tatuagens e
procedimentos invasivos como transfusão de sangue, tratamentos dentários e
acupuntura.
Outro importante marcador de prevalência da hepatite B realizado na
pesquisa foi o anti-HBs. Ele surge após o desaparecimento do HBsAg e indica que o
indivíduo está imune a infecção pelo vírus ou pela imunização completa. Neste
estudo, um percentual expressivo de pesquisados (30,3%) não foram reagentes a
esse marcador.
Sanches et al. (2008) realizou uma pesquisa sobre a caracterização
sorológica da infecção do vírus da hepatite B em profissionais de saúde, constatou
que 20,5% dos profissionais que trabalhavam no hospital apresentavam positividade
para, pelo menos, um dos três marcadores dos vírus pesquisados, contra 6,6% do
grupo-controle.A prevalência de cada marcador isoladamente foi: anti-HBc 8,1%,
anti-HBs 5,2% e HBsAg 2,9% , sendo que em 4,3% desses indivíduos foi detectada
a presença simultânea dos marcadores anti-HBc e anti-HBs.
Estudo de Sanchez et al. (2006) realizado em um hospital da cidade do
México, foi coerente com este, uma vez que dos 366 profissionais de Enfermagem
pesquisados, 1,6% foram positivos para o Anti-HBc e não ocorreu nenhuma
positividade para o HbsAg. Os principais fatores de risco encontrados nos sujeitos
foram a presença de tatuagens e o fato de terem mais de quatro parceiros sexuais
Quanto ao resultado do Anti-HBs, achados semelhantes foram relatados por
Nazar et al. (2008), na pesquisa em um hospital privado onde foram realizadas
1.115 sorologias para o anti-HBs em profissionais de saúde de risco baixo ou alto
para a ocorrência de acidentes ocupacionais. Dos exames realizados, 729 foram
reagentes e 386 não reagentes, caracterizando um percentual de soropositividade
de 65,4%. Entretanto, encontramos diferenças no estudo de Shin et al. (2006)
quando apenas (2,4%) dos pesquisado apresentaram resultados positivos para o
Anti-HBs.
Nos resultados dos marcadores sorológicos, foi observado que 24
participantes distribuidos nas três categorias profissionais apresentaram
simultaneamente positividade para os marcadores HBc-total e Anti-HBs,
demonstrando que estes estão imune por infecção. A imunidade adquirida
54
naturalmente é estabelecida pela presença concomitante do Anti-HBs e Anti-HBc
IgG ou total. Eventualmente, o Anti-HBc pode ser o único indicador da imunidade
natural detectável sorologicamente, pois com o tempo, o nível de Anti-HBs
considerado protetor (10m UI/ml) pode tornar-se indetectável. A ocorrência do Anti-
HBs como marcador isolado de imunidade contra o HBV adquirida naturalmente é
possível, embora seja muito pouco frequente. Assim, são susceptíveis à patologia
pessoas com perfil sorológico HBsAg, Anti-HBc e Anti-HBs negativos
concomitantemente (BRASIL, 2009).
Ressalta-se, que mesmo diante da observação de queda dos títulos de
anticorpos no sangue, os respondedores à vacina que perdem o anti-HBs detectável
permanecem protegidos contra a infecção pelo HBV (CDC, 2005). Para Garcia e
Facchini (2008), isso reforça a importância da realização da verificação da
imunidade um mês após a administração da última dose do esquema vacinal, que
na maioria das vezes não é realizada, como foi constatado neste estudo. Alguns
estudos afirmam que o período ideal para confirmação da soroconversão vacinal é
após os seis primeiros meses do recebimento da vacina (CDC 2005).
A duração da imunidade após a vacinação contra a hepatite B tem sido
objeto de muitas pesquisas. Vários estudos (CIORLIA; ZANETA, 2004) têm
demonstrado o declínio dos títulos de anti-HBs algum tempo após a vacinação.
Entre os adultos, os níveis de Anti-HBs declinam para menos que 10m UI/ml em 7%
a 50% dos vacinados cinco anos após a vacinação e em 30% a 60% dos vacinados
entre nove a onze anos após a vacinação.
De acordo com Vespa e Martins (2000), a memória imunológica tem sido
evidenciada pelo rápido aumento nos anticorpos anti-HBs, seguido de uma dose de
reforço administrada vários anos após a série primária, fato importante para a
manutenção da proteção mesmo quando os níveis séricos dos anticorpos
específicos apresentam-se baixos. Não obstante tal fenômeno tenha sido constatado
por muitos estudiosos do assunto, ainda permanece sendo foco de muitos debates o
reforço da vacina contra hepatite B.
Existem não respondedores que por mais que sejam revacinados nunca
atingirão valores superiores a 10 mUI/ml. Por essa razão, existe ainda a dúvida se,
após dez anos de vacinação ou nos indivíduos com valores inferiores a 10 mUI/ml
independentemente dos anos após a vacina é necessário ou não o seu reforço.
(ANTUNES; MACEDO; ESTRADA, 2004)
55
O Comitê Assessor em Práticas de Imunização (ACIP) dos Estados Unidos
não recomenda a dose de reforço na rotina para pessoas que tenham respondido
adequadamente à vacinação. Não há consenso entre a comunidade européia, mas
alguns especialistas recomendam a dose de reforço para indivíduos com títulos que
caem abaixo de 10UI/ml. Entretanto, o PNI (BRASIL, 2001), também não recomenda
dose de reforço da vacina contra hepatite B na rotina, justificando que a imunidade
produzida pela vacina é alta e duradoura.
A resposta imunológica depende de uma multiplicidade de fatores. Segundo
Ciorlia e Zanetta (2005), o avançar da idade piora a resposta à vacinação devido ao
decréscimo da atividade de células imunológicas T e B. O que explica o fato de que,
neste estudo, 31,9% dos pesquisados com faixa etária acima de 40 não foram
reagentes ao marcador Anti-HBs.
Neste estudo houve associação estatística significativa entre o Anti-HBs com
o número de doses da vacina contra hepatite B. Esta vacina oferece uma boa
proteção quando administrada em doses e especialmente com intervalos
adequados. Entretanto, nas pessoas com idade avançada a resposta é menos
efetiva (NAZAR, 2008). O estudo de Silva et al. (2005) coaduna quanto ao número
de doses da vacina entre profissionais de saúde.
A associação entre categoria profissional e tempo de profissão com os
acidentes perfurocortantes foi estatisticamente significativa. Explica-se esse fato
porque com o decorrer do tempo, muitos profissionais, no cotidiano de suas
atividades, acabam por não dimensionar os riscos a que estão expostos no contato
direto com os pacientes. Também é importante destacar que os enfermeiros por
deterem maior conhecimento sobre os riscos ocupacionais protegeram-se mais
contra os acidentes que os auxiliares e técnicos.
Achados semelhantes foram encontrado em pesquisa de Hadadi et al
(2008), na qual foi encontrada associação estatisticamente significativa entre os
acidentes ocupacionais com tempo de profissão e categoria profissional nos
trabalhadores de saúde de um hospital universitário no Irã.
Sendo a hepatite B a doença ocupacional mais investigada nos profissionais
de enfermagem, ressalta-se que o conhecimento da situação sorológica desses
trabalhadores constitui uma forma de minimizar os efeitos catastróficos da doença. A
afirmação citada por Kao e Chen (2002), converge para essa idéia, quando enfatiza
56
que é mais importante a ação de prevenção da doença, a ser realizada em
indivíduos susceptíveis, do que o tratamento da infecção.
6 CONCLUSÃO
O presente estudo mostrou que as especificidades dos serviços de urgência
e emergência, podem favorecer as exposições ocupacionais de toda natureza,
proporcionando uma maior vulnerabilidade a esses trabalhadores.
Julga-se, então importante que estes profissionais estejam com seu
esquema vacinal contra a hepatite B completo, bem como, o conhecimento de sua
situação sorológica. E nesta pesquisa foi constatado que estes aspectos encontram-
se inadequados, demonstrando que a não adoção dessas medidas pode acarretar
danos tanto individual quanto coletivo.
Durante a realização da pesquisa, muitas dificuldades emergiram para a
realização da sorologia. O medo do resultado, de submissão à coleta e o cotidiano
exaustivo dos setores de urgência dificultaram a aceitação de muitos profissionais.
Somente após o diálogo aberto, explicando a importância do conhecimento dos
marcadores sorológicos, conseguiu-se êxito na coleta de sangue.
Ressalta-se que os técnicos/auxiliares foram mais acessíveis à pesquisa do
que os enfermeiros. Esse fato é preocupante, pois observou-se que o acúmulo de
atividades centrado em tarefas administrativas e assistências impedem que estes
profissionais possam contribuir para as pesquisas e para a busca do seu
autocuidado.
Uma parcela significativa de profissionais de Enfermagem demonstrou
dúvida acerca do número de doses da vacina contra a hepatite B, e da importância
da realização da sorologia. Ressalta-se que a forma de transmissão mais citada foi a
transfusão de sangue, o que torna claro que mesmo os processos formais de
educação têm deixado lacunas na transmissão de informações importantes, e isto
impossibilita a tomada de consciência da gravidade da doença. Por isso, se faz
necessária a implementação de ações de educação continuada nas instituições de
saúde.
57
O risco à saúde ainda é concebido pelo profissional de forma muito
superficial, pois a dimensão de conhecimento entendida por eles é fruto de uma
prática do cotidiano. Por isso, encontrou-se certa inaplicabilidade das normas de
precaução padrão por parte dos profissionais no desenvolvimento de suas
atividades. É necessário que a legislação a cerca dos acidentes ocupacionais seja
cumprida e os procedimentos diante da exposição ocupacional sejam realizados
conforme a normatização preconizada pelo Ministério da Saúde.
Assim, faz-se necessária a existência de um sistema de vigilância contínua
dos acidentes pelas Instituições de saúde, visando a identificação dos riscos
ocupacionais relacionados à organização do trabalho e a sua execução em cada
setor, principalmente nos considerados críticos, como a unidade de urgência e
emergência. Sugerimos a criação ou fortalecimento da CCIH, CIPAS nas instituições
de saúde do município para a investigação de acidentes de trabalho.
Quanto aos marcadores investigados na pesquisa destaca-se que embora
não se tenha sido encontrado infecção atual pelo VHB, foi detectada uma parcela
considerável de profissionais com títulos protetores insatisfatórios para conferir
imunidade contra a doença, fato que os tornam susceptíveis a contaminações
futuras, caso não busquem completar a imunização ou não adotem as medidas
cabíveis.
Desse modo, o controle sorológico do VHB deve ser realizado nos
profissionais que desenvolvem atividades com risco iminente de contrair infecção,
ainda no momento da admissão a fim evitar ônus futuros ao individuo e a
coletividade.
Espera-se que o presente estudo possa estimular os profissionais de saúde,
em especial, a equipe de Enfermagem, a uma reflexão sobre a progressão da
hepatite B, como doença ocupacional, de modo a adotarem ações que possam
minimizar os riscos no ambiente de trabalho. A Enfermagem não pode se omitir
diante desta realidade, pois este problema toma dimensões físicas, psicossociais,
éticas e estruturais, podendo ser mudado com o empoderamento da classe para a
resolução de problemas.
58
REFERÊNCIAS
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PRÓ-REITORIA DE PESQUISA E PÓS- GRADUAÇÃO CENTRO DE PÓS-GRADUAÇÃO- DEPARTAMENTO DE ENFERMAGEM PROGRAMA DE PÓS -GRADUAÇÃO- MESTRADO EM ENFERMAGEM
APENDICE A - PROGRAMA PARA TREINAMENTO DOS PESQUISADORES DE CAMPO
1. LOCAL: Universidade Federal do Piauí/UFPI
2. MINISTRANTE: Nayra da Costa e Silva
3.PARTICIPANTES: 05 estudantes do último período de enfermagem da
Universidade Federal do Piauí.
4. CARGA HORÁRIA: 08 horas
5. OBJETIVOS:
Informar os pesquisadores de campo sobre o estudo em desenvolvimento
Introduzir noções básicas sobre estudos transversais.
Discutir a temática do estudo
Orientar os pesquisadores de campo sobre os procedimentos metodológicos
a serem desenvolvidos durante a coleta de dados do estudo
6. CONTEÚDOS/CARGA HORÁRIA:
. Pesquisa em desenvolvimento: (02 horas)
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Situação problema, justificativa, objetivos e método do estudo.
. Estudos de Prevalência: (02 horas)
Conceito, características, usos e limitações, fases do estudo dando ênfase à
construção e aplicação dos instrumentos de coleta de dados, medidas objetivas
(tipos de variáveis), métodos de amostragem, importância da seleção e treinamento
do entrevistadores, estudo piloto, coleta de dados e controle de qualidade da coleta.
. Temática do Estudo (02 horas)
Hepatite B: epidemiologia, conceitos, modo de transmissão, medidas
profiláticas, exposição ocupacional.
. Procedimentos metodológicos para a coleta dos dados: (02 horas).
Entrega dos formulários e locais de estudo com as escalas de plantão dos
participantes do estudo.
Explicação dos itens do formulário, técnica de abordagem e preenchimento do
TCLE.
Discussão sobre a importância dos registros corretos e do preenchimento de
todos os dados dos formulários.
Revisão sobre a técnica correta da coleta, armazenagem e transporte do
sangue de acordo com a orientação do LACEN.
7. INSTRUÇÕES SOBRE AS ENTREVISTAS:
Estar bem familiarizado com as questões antes de aplicá-las.
Antes de iniciar a entrevista, o (a) entrevistador (a), deverá apresentar-se,
estabelecer o “rapport” e depois explicar os objetivos da pesquisa, bem como
fornecer instruções para a escolha das respostas.
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Algumas pessoas se sentem estimuladas a falar de aspectos fora do contexto
da pesquisa. Neste caso, ouvir com a maior neutralidade possível, evitando
de forma discreta o prolongamento deste tipo de diálogo.
Aceitar a opinião do entrevistado seja ela qual for, não emitindo as próprias
opiniões, antes do final da entrevista.
Revisar atentamente o preenchimento dos instrumentos.
Agradecer a participação do sujeito da pesquisa
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APENDICE B - FORMULÁRIO
Formulário No I______I
Data da Entrevista: / / / Nome do Entrevistador(a):____________________
PARTE 1 – DADOS PESSOAIS
Parte I – Identificação
Sexo: 1-M 2-F
1. Qual a sua idade?_______________
2. Qual o seu estado civil?1-Solteiro 2-Casado/união estável 3-Separado 4-Viúvo
3. Qual a sua Categoria profissional?_____________________
4. Qual o tempo de exercício profissional?_________________
5. Qual o tempo de serviço no setor de urgência e emergência? _____________
Parte II – Dados do conhecimento sobre a doença, a vacinação e sorologia para hepatite B
1. Você sabe como se dá a transmissão da hepatite B? 1-Sim 2-Não 2. (caso sim), Qual o modo de Transmissão? ( ) Questão de Múltipla escolha, não ler as alternativas.
1-Transmissão oral-fecal 2-Acidente ocupacional 3-Sexual 4-Transfusão de sangue 5-Uso de drogas injetáveis 6-Outros_______________________
3. Você conhece o esquema vacinal para hepatite B? 1-Sim 2-Não
4. (Se sim) Qual?
1-1dose 2-2doses 3-3 doses 4-outros ___________
5. Você sabe até que idade está destinada a vacina de rotina?
1 – Sim 2 – Não
6.Caso sim) .Qual a idade?_____
7. Você sabe se existe vacina especial para hepatite B, de acordo com a idade?
1 – Sim 2 – Não
8. (Caso sim). A partir de qual idade se deve receber a vacina especial?
9. Você sabe onde se encontram as vacinas especiais para hepatite B?
1 – Sim 2 – não
10. (Caso sim) Onde? _____________________________________
11. Você sabe qual o período ideal para ser verificada a resposta sorológica da vacina para hepatite B, isto é, quanto tempo após a vacinação?
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1-Sim 2-Não
12. (Caso sim), Qual é o período? _________________
13. Você utiliza regularmente equipamento de proteção individual no serviço?
1-Sim 2-Não
14. (Se sim) Quais?________________
15. Sofreu algum acidente pérfuro-cortante na prática de suas atividades profissionais ?
1 – Sim 2– Não
16. Você já foi vacinado contra hepatite B? 1-Sim 2-Não
17. (Caso sim, responder as demais questões) Há quanto tempo?_____________
18. Quantas doses você recebeu?
1-1 dose 2-2 doses 3-3 doses 4- Não lembra
19. Você se vacinou onde? 1-US 2-CRIE 3- Não lembra 4 – outros !__!
20. Você já realizou alguma sorologia para hepatite B?
1-Sim 2-Não !__!
21. (Caso sim) Quanto tempo depois de receber a última dose da vacina contra hepatite B, foi realizada a sorologia?________________________
22. É possível você trazer o resultado do exame para olharmos qual a titulação?
1 – Sim 2 – Não !__!
23. (Caso sim) Marcar o horário e voltar para fazer leitura e registro.
Resultado da sorologia: _____________
24.Resultado da sorologia coletada na pesquisa
_______________________________________________________________
III Uso de Equipamentos de proteção Individual e exposição ocupacional
25.Qual dos equipamentos de proteção individual você utiliza na sua rotina?
1-óculos 2-luvas 3-jalecos 4-gorros 5-propés 6-máscaras !__!
2-Você já teve algum acidente ocupacional? 1-SIM 2-NÃO !__!
3-Se sim. Como ocorreu?
____________________________________________________________________
4-Foi notificado? 1-SIM 2-NÃO !__!
5-Recebeu a profilaxia? -SIM 2-NÃO !__!
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6-Qual?_______________________________________________
Obrigada pelas as informações
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APENDICE C - TERMO DE CONSENTIMENTO LIVRE E ESCLARECIDO
O respeito devido à dignidade humana exige que toda pesquisa se processe após consentimento livre e esclarecido dos sujeitos, indivíduos ou grupos que por si e/ou por seus representantes legais manifestem a sua anuência à participação na pesquisa (IV, da Res. 196/96, do CNS). Você, na qualidade de sujeito de pesquisa, está sendo consultado para participar de uma pesquisa. Você precisa decidir se quer autorizar ou não sua inclusão como sujeito de pesquisa. Para melhor esclarecer, sujeito de pesquisa, de acordo com a Resolução 196/96, do CNS, é o (a) participante pesquisado(a), individual ou coletivamente, de caráter voluntário, vedada qualquer forma de remuneração.
Por favor, não se apresse em tomar a decisão. Leia cuidadosamente o que se segue e pergunte ao responsável pela pesquisa sobre qualquer dúvida que tiver. Após ser esclarecido (a) sobre as informações a seguir, no caso de autorizar sua participação como sujeito de pesquisa, assine este documento, que está em duas vias. Uma delas é sua e a outra é do pesquisador responsável. Você poderá recusar sua participação de imediato e a qualquer tempo sem que com isto haja qualquer penalidade.
ESLACERIMENTOS DA PESQUISA
Título do projeto: Hepatite b: prevalência de marcadores sorológicos e fatores associados em profissionais de enfermagem de urgência e emergência
Pesquisador responsável: Telma Maria Evangelista de Araújo
Endereço: Rua Olavo Bilac,Nº 3411Bairro-Ilhotas CEP: 64007-250
Instituição/Departamento: Universidade Federal do Piauí/ Departamento de Enfermagem
Telefone para contato (inclusive a cobrar): (086)9981-3820
Pesquisadores participantes: Nayra da Costa e Silva
Telefones para contato: (086)9977-22267
Trata-se de uma pesquisa de abordagem quantitativa. Apresenta como objetivo geral: Avaliar a soroprevalência da Hepatite B em profissionais de Enfermagem dos serviços de urgência e emergência em Teresina-PI. Você será convidado a responder um formulário que contem perguntas a cerca de seu perfil demográfico e sua situação sorológica. Além disso, será realizada a coleta de sangue para teste
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sorológico (Anti-HBs, HBc Total, HBcIgM). A pesquisa apresenta leve desconforto relativo ao momento da coleta de sangue, porém esta será realizada por graduandos de Enfermagem devidamente treinados. Você pode sentir-se, ainda, constrangido para responder alguma pergunta. Para tanto, você tem o direito de não respondê-las, respeitando-se sua liberdade e sua autonomia de decisão. Sua participação na pesquisa não trará benefício direto a você, mas favorecerá compreensões acerca da situação sorológica dos profissionais de Enfermagem de Urgência e Emergência de Teresina-PI, despertando-os para a adoção de medidas de prevenção e precaução no ambiente laboral. Você tem a garantia de acesso aos dados, em qualquer etapa do estudo, além de acesso aos profissionais responsáveis pela pesquisa para esclarecimento de eventuais dúvidas. Caso você concorde em participar do estudo, seu nome e identidade serão mantidos em sigilo. A menos que requerido por lei ou por sua solicitação, somente o pesquisador, a equipe do estudo, o Comitê de Ética independente terão acesso para verificar as informações do estudo. O período de participação na pesquisa acontecerá nos meses de janeiro e fevereiro de 2010. Vale ressaltar que fica resguardado o seu direito de retirar o consentimento em qualquer tempo do estudo, o que não lhe trará nenhum prejuízo.
Consentimento da participação da pessoa como sujeito
Eu,_________________________________________, RG:________________ CPFn.º______________n.º de matrícula_____________, abaixo assinado, concordo em autorizar minha participação como sujeito de pesquisa no projeto de pesquisa intitulado A Soroprevalência das Hepatites B em profissionais de Enfermagem da Urgência e Emergência de Teresina-PI que tem como pesquisador principal Telma Maria Evangelista de Araújo e pesquisador participante Nayra da Costa e Silva. Declaro que tive pleno conhecimento das informações que li ou que foram lidas para mim, descrevendo o projeto de pesquisa: A Soroprevalência das Hepatites B em profissionais de Enfermagem da Urgência e Emergência de Teresina-PI; tudo em conformidade com o estabelecido na Resolução 196/96, do Conselho Nacional de Saúde. Declaro, ainda, que discuti com o pesquisador responsável sobre a minha decisão em participar nesse estudo como sujeito de pesquisa e sobre a possibilidade de a qualquer momento (antes ou durante a mesma) recusar-me a continuar participando da pesquisa em referência, sem penalidades e/ou prejuízos, retirando o meu consentimento. Ficaram claros para mim quais são os propósitos do projeto de pesquisa, os procedimentos a serem realizados, a ausência (e ou presença) de riscos, as garantias de confidencialidade e de esclarecimentos permanentes. Ficou claro também que minha participação é isenta de despesas e que tenho garantia do acesso à pesquisa em qualquer tempo. Concordo, voluntariamente, em participar deste projeto de pesquisa. Local e data _____________________________________________________ Nome e Assinatura do sujeito ou responsável: ____________________________ Presenciamos a solicitação de consentimento, esclarecimentos sobre a pesquisa e aceite do sujeito em participar Testemunhas (não ligadas à equipe de pesquisadores):
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Nome:__________________________________________________RG:______ Assinatura: _________________________________________ Nome:__________________________________________________RG:______ Assinatura: _________________________________________ Declaro que obtive de forma apropriada e voluntária o Consentimento Livre e Esclarecido deste sujeito de pesquisa ou representante legal para a participação neste estudo.
Teresina, ___ de _____________ de ______
_____________________________________ Assinatura do pesquisador responsável
Se você tiver alguma consideração ou dúvida sobre a ética da pesquisa, entre em contato: Comitê de Ética em Pesquisa – UFPI - Campus Universitário Ministro Petrônio Portella - Bairro Ininga Centro de Convivência L09 e 10 - CEP: 64.049-550 - Teresina – PI tel.: (86) 3215-5734 - email:
cep.ufpi@ufpi.br web: www.ufpi.br/cep
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ANEXO A – AUTORIZAÇÃO DA FUNDAÇÃO MUNICIPAL DE SAÚDE
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ANEXO B – DECLARAÇÃO DE APROVAÇÃO NO COMITÊ DE ÉTICA EM PESQUISA