Post on 07-Jan-2017
Métodos de jogo ofensivo no futebol Comparação dos padrões de jogo das equipas
Internacional de Milão e Real Madrid
António Augusto Ramalho Barbosa
Dipòsit Legal: L.310-2014http://hdl.handle.net/10803/131158
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llegit la tesi
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Universidad de Lleida
Institut Nacional d'Educació Física de Catalunya
INEFC
MÉTODOS DE JOGO OFENSIVO NO FUTEBOL
Comparação dos padrões de jogo das equipas Internacional de Milão e
Real Madrid
Dissertação elaborada com vista à obtenção do grau de Doutor em Fundamentos
Metodológicos da Investigação em Atividade Física e Desporto
Tese de doutoramento apresentada por:
ANTÓNIO AUGUSTO RAMALHO BARBOSA
Diretores:
Professor Doutor ANTONI PLANAS ANZANO
Professor Doutor JORGE CAMPANIÇO
Lleida, 2013
Dedicatória
A quem me concebeu, criou e acompanhou. Não vos darei a utopia da infinita
eternidade mas asseguro-vos que existirão sempre enquanto eu viver.
A todos que, de forma obstinada, se dedicaram a ultrapassar os verdadeiros
obstáculos que a vida lhes colocou.
António Barbosa Agradecimentos
II
Agradecimentos
Só o contributo e disponibilidade de várias pessoas tornaram possível a realização
deste trabalho. Necessitei de apoio e auxílio para superar as dificuldades com que
me deparei, em muitos momentos. Os meus mais sinceros e reconhecidos
agradecimentos, a todos.
Ao Professor Doutor Hugo Sarmento, pelo altruísmo, tolerância, humildade e
amizade, palavras que escolho para descrever a forma como me tratou desde o dia
em que nos conhecemos. Ofereceu-me uma amizade desinteressada e
proporcionou-me a oportunidade de evoluir, crescer, ver mais e mais longe. Sem a
sua ajuda dificilmente conseguiria realizar este trabalho.
Ao Professor Doutor Jorge Campaniço pela oportunidade de promover um trabalho
assente na presente metodologia. O seu dinamismo e entusiasmo, juntamente com
a sua orientação, revelaram-se fundamentais na realização da presente dissertação.
Ao Professor Doutor Antoni Planas Anzano, pela sua persistência, dedicação e
sacrifício na direção desta tese e nos ensinamentos proporcionados além-fronteiras.
Aos companheiros de viagem e de busca pelo saber e pela verdade Dr. Mário Beça,
Professor Doutor Adilson Marques, Mestre Artur Santos.
Ao Mestre António Felgueiras, à Professora Doutora Susana Gonçalves e à
Professora Doutora Maria Teresa Anguera pela disponibilidade e apoio na revisão
desta dissertação.
Aos dirigentes, equipas médicas, treinadores mas principalmente aos jogadores com
quem privei ao longo deste tempo pelo que vivenciamos. Daí tirei muitos
ensinamentos mas sobretudo fizeram emergir muitas dúvidas que me levaram à
procura de respostas.
Aos técnicos com que tive oportunidade de aprender, Jesualdo Ferreira, Nelo
Vingada e Rui Quinta que ajudaram a crescer o meu entendimento sobre o jogo,
sobre o treinador, sobre o que pretendo ser.
António Barbosa Agradecimentos
III
A todos os professores, que me ajudaram na realização da minha caminhada
académica, em particular à minha professora primária Fernanda Alves. O seu amor,
o seu carinho pelos alunos era alicerçado na alegria de ensinar e tornavam-na, para
mim, muito mais que uma professora. Aos meus professores de educação física
Paulo Renato, Isabel Antunes e Bruno Almeida, pela paixão que revelavam à
profissão, espelhada no profissionalismo, competência e relação humana que
estabeleciam com os alunos. À professora Flora Costa que, pela sua excelência
profissional e humana, foi um marco na minha vida académica. Ao professor João
Aroso, pelo seu profissionalismo e dedicação ao saber, que me motivou a buscar
novos saberes. Ao Mestre José Neto que, com o seu saber alicerçado na ciência e
na experiência, me transmitiu o seu amor contagiante e a vontade de ter um
conhecimento mais profundo sobre o jogo de futebol.
Aos meus treinadores, de todas as áreas desportivas que vivenciei como praticante,
em particular aos que no futebol me transmitiram a paixão pelo jogo: Alberto
Calheiros, António Mota, professor Alberto Mendes.
Aos amigos da vida: Bruno, Carlos, Hugo, Hernâni, Miguel, Raquel e Ricardo. É um
verdadeiro privilégio usufruir da vossa amizade.
À minha família agradeço o seu apoio, compreensão e carinho ao longo de todo este
tempo. Em especial à Clara, à Marta e à Graça pela paciência na tradução de alguns
artigos.
À Raquel pelo exemplo que representa como pessoa e desportista. Pelo que
vivemos e crescemos juntos. Pelo que conseguimos.
Aos meus irmãos, Paula e Pedro, pela sua crença incondicional em mim.
Ao meu pai Manuel que me ensinou que as palavras são vagas e difusas, mas as
ações são eternas.
À minha mãe, Helena, pela forma como me ensinou a ver o mundo. Se temos uma
dificuldade, temos também milhares de capacidades onde somos ótimos. Obrigado
pelo “dom”.
António Barbosa Resumo
IV
Resumo
A tese que passamos a expor nasceu da vontade de estudar e assim melhor
conhecer o jogo de futebol. Incide sobre os diferentes métodos que um treinador
deverá desenvolver, atendendo às condicionantes que influenciam o jogo. Com o
referido propósito procuramos: i) analisar e descrever variáveis comportamentais,
espaciais e contextuais que permitem caracterizar os métodos de jogo ofensivo
(MJO), utilizados por duas equipas em campeonatos distintos; ii) comparar os
métodos de jogo ofensivo, entre equipas que partilharam o mesmo treinador e
equipa técnica.
Utilizamos a metodologia observacional, produzindo um estudo que se enquadra no
quarto quadrante evidenciando as caraterísticas
nomotético/seguimento/multidimensional. Observamos e analisamos vinte e quatro
jogos (doze jogos por equipa) referentes às equipas do Inter de Milão e Real Madrid.
As temporadas analisadas são relativas às épocas desportivas 2009/10 e 2010/11,
respetivamente. Durante a nossa caminhada recorremos à análise dos dados
utilizando dois tipos de software: i) para a análise dos T-patterns utilizámos o
software THEME coder 5.0; ii) para a análise sequencial dos retardos recorremos ao
software SDIS-GSEQ 5.1.
Os resultados levaram-nos às seguintes conclusões: i) a equipa do IM evidencia
maior imprevisibilidade nos processos ofensivos, facto consumado pela não
ocorrência de padrões completos assim como menor quantidade de condutas critério
ativadas; ii) a imprevisibilidade, caraterística do jogo de futebol, diminui à medida
que a equipa evidencia maior capacidade para impor o seu MJO; iii) os resultados
são reveladores de alguns procedimentos em comum entre as equipas mas, grosso
modo, constatamos a ativação de condutas objeto que diferenciam os MJO e as
equipas; iv) há especificidade entre condutas ativadas, MJO e equipa. Assim, cada
equipa e cada MJO demonstram relações excitatórias que diferem de acordo com as
condutas que aumentam a possibilidade de inícios, desenvolvimentos e finais que
produzem a eficácia; v) as condutas de desenvolvimento evidenciam especificidade
atendendo ao MJO e equipa; vi) existência de condutas de pré-finalização, uma vez
que precedem os finais dos processos ofensivos; vii) o somatório dos resultados
revelam que o treinador e equipa técnica conjugou os recursos humanos ao seu
dispor com a sua ideologia de jogo, procurando potenciar a produção ofensiva.
António Barbosa Resumo
V
Palavras-chave - FUTEBOL, MÉTODO DE JOGO OFENSIVO, COMPARAÇÂO,
ANÁLISE SEQUENCIAL.
António Barbosa Resumo
VI
Abstract
This thesis arose from the desire to study and thus acquire a deeper knowledge of
the game of football. It focuses on the different methods that a coach should develop,
given the constraints that influence the game. With that purpose we sought: i) to
analyze and describe behavioural, spatial and contextual variables that allow to
characterize the methods of offensive game, used by two teams in different leagues;
ii) to compare the methods of offensive game between teams who shared the same
coach and technical team.
We use the observational method, producing a study that fits in the fourth quadrant
showing the characteristics nomothetic / tracking / multidimensional. We observed
and analyzed twenty-four games (twelve games per team) of teams Inter Milan and
Real Madrid. The sporting seasons analyzed were 2009/10 and 2010/11
respectively. During our course we used two different software programs for data
analysis: i) for the analysis of T-patterns we used THEME coder 5.0; ii) for the
sequential analysis of delays we used SDIS-GSEQ 5.1.
The results led us to the following conclusions: i) the IM team shows greater
unpredictability in offensive processes, fait accompli by the non-occurrence of
patterns as well as fewer given behaviors activated; ii) the unpredictability, typical of
the football game, decreases as the team demonstrates greater capacity to impose
its offensive game method (OGM); iii) the results reveal some common procedures
between both teams but, generally, we found the activation of behaviors that
differentiate the (OGM) and teams; iv) there is specificity between activated
behaviors, (OGM) and team. Thus, each team and each (OGM) demonstrate
excitatory relations which differ according to the behaviors that increase the
possibility of beginnings, developments and endings that produce effectiveness; v)
the behaviors of development show specificity given the MJO (OGM) and team; vi)
existence of behaviors of pre-completion, since they precede the end of the offensive
processes; vii) the overall sum of results reveal that the coach and the technical team
have combined human resources at their disposal with their ideology of play looking
to boost offensive production.
Keywords – FOOTBALL, OFFENSIVE GAME METHOD, COMPARISON,
SEQUENTIAL ANALYSIS.
António Barbosa Resumo
VII
Resumen
La tesis que aquí se expone nació de la voluntad de estudiar y conocer mejor el
fútbol. Se enfocan diferentes métodos que un entrenador puede desarrollar,
atendiendo a las condiciones que influyen el juego. Con este propósito se pretende:
i) Analizar y describir variables comportamentales, espaciales y contextuales que
permitan caracterizar los Métodos de Juego Ofensivo (MJO), utilizados por dos
equipos en diferentes ligas; ii) Comparar los métodos de juego ofensivo entre dos
equipos que han compartido el mismo entrenador y equipo técnico.
Se realiza un estudio nomotético, de seguimiento y multidimensional basado en la
metodología observacional y ajustado al cuarto cuadrante. Se observaron y
analizaron veinticuatro partidos referentes a los equipos Inter de Milán (IM) y Real
Madrid (RM), doce partidos por equipo. Las temporadas analizadas fueron las del
2009/10 y 2010/11. Durante el estudio se utilizaron para el análisis: i) los T-patterns
el software THEME coder 5.0; ii) para el análisis secuencial de los retardos el
software SDIS-GSEQ 5.1.
Los resultados permiten concluir: i) el equipo IM demuestra una mayor incertidumbre
en los procesos ofensivos, hecho consumado por la no ocurrencia de patrones
completos, así como menor cantidad de conductas criterio activadas; ii) la
imprevisibilidad disminuye a medida que el equipo demuestra una mayor capacidad
para imponer sus MJO; iii) los resultados son reveladores de algunos procedimientos
comunes entre los equipos, pero, en términos generales, la activación de las
conductas objeto, diferencian los MJO y los equipos; iv) existe una especificidad
entre conductas activadas entre MJO y equipo. Por lo tanto, cada equipo y cada
MJO demuestran las relaciones motivadoras que difieren de acuerdo con las
prácticas que aumentan la posibilidad de inicios, desarrollos y finales que producen
la eficacia; v) las conductas de desarrollo muestran especificidad dado el MJO y el
equipo; vi) la existencia de conductas de pre-finalización, una vez que preceden los
finales de los procesos ofensivos; vii) la suma de los resultados revelan que el
entrenador y el equipo técnico han combinado los recursos humanos a su
disposición con su ideología de juego, buscando impulsar la producción ofensiva.
Palabras-clave - FÚTBOL, MÉTODO DE JUEGO OFENSIVO, COMPARACIÓN,
ANALISIS SECUENCIAL.
António Barbosa Resumo
VIII
Resum
La tesi que s’exposa neix de la voluntat d’estudiar i conèixer millor el futbol.
S’enfoquen diferents mètodes que un entrenador pot desenvolupar atenent als
condicionants del joc. Amb aquest propòsit és pretén: i) Analitzar i descriure
variables comportamentals, espacials i contextuals que permetin caracteritzar els
Mètodes de Joc Ofensiu (MJO), utilitzats per dos equips en diferents lligues; ii)
Comparar els mètodes de joc ofensiu entre dos equips que han compartit el mateix
entrenador i equip tècnic.
Es realitza un estudi nomotètic, de seguiment i multidimensional basat en la
metodologia observacional i ajustat al quart quadrant. Es varen observar i analitzar
vint-i-quatre partits referents als equips Inter de Milà (IM) i Real Madrid (RM), dotze
partits per equip. Les temporades analitzades varen ser la 2009/10 i 2010/11.
Durant l’estudi es varen utilitzar per l’anàlisi: i) dels T-patterns el software THEME
coder 5.0; ii) per l’anàlisi seqüencial dels retardaments el software SDIS-GSEQ 5.1.
Els resultats permeten concloure: i) l’equip IM demostra una més gran incertesa en
els processos ofensius, fet consumat per la no ocurrència de patrons complerts, així
com la menor quantitat de conductes criteri activades; ii) la imprevisibilitat disminueix
a mesura que l’equip demostra una major capacitat per a imposar els seus MJO; iii)
els resultats son reveladors d’alguns procediments comuns entre els equips, però,
en termes generals, l’activació de les conductes objecte, diferencien els MJO i els
equips; iv) existeix una especificitat entre conductes activades entre MJO i equip.
Per tant, cada equip i cada MJO demostren relaciones motivadores que difereixen
d’acord amb les pràctiques que augmenten la possibilitat d’inicis, desenvolupaments
i finals que produeixen la eficàcia; v) les conductes de desenvolupament mostren
especificitat donat el MJO i l’equip; vi) la existència de conductes de pre-finalització,
un cop que precedeixen els finals dels processos ofensius; vii) la suma dels resultats
revelen que l’entrenador i l’equip tècnic han combinat els recursos humans segons la
seva disposició i la seva ideologia de joc, cercant impulsar la producció ofensiva.
Paraules clau - FÚTBOL, MÉTODE DE JOC OFENSIU, COMPARACIÓ, ANÀLISI
SEQÜENCIAL.
António Barbosa Abreviaturas/legendas
IX
Abreviaturas/legendas
Abreviatura/legendas Descrição
AP Ataque posicional
AR Ataque rápido
CA Contra-ataque
CC Conduta critério
CO Conduta objeto
CJ Contexto de interação no centro de jogo
DPO Desenvolvimento do processo ofensivo
E/ME Exaustivo e mutuamente excludente
FPO Final do processo ofensivo
I Interpretação
IM Inter de Milão
IPO Início do processo ofensivo
JDC Jogos desportivos coletivos
MJO Método de jogo ofensivo
MO Metodologia observacional
MO Ofensivo Momento de organização ofensivo
MO Defensivo Momento de organização defensivo
MTD Momento de transição defensiva
MT defesa-ataque Momento de transição defesa-ataque
MT ataque-defesa Momento de transição ataque-defesa
EObs Equipa em observação
Pl Ponta de lança
PO Processo ofensivo
R Retardo
RM Real Madrid
RJ Ritmo de jogo
SD Setor defensivo
SMD Setor médio defensivo
SMO Setor médio ofensivo
SO Setor ofensivo
António Barbosa Abreviaturas/legendas
X
Legendas
1p Primeira parte
2p Segunda parte
C Casa
F Fora
G0 Empate
G1 Ganha por 1 golo
G2 Ganha por mais de 1 golo
P1 Perde por um golo
P2 Perde por mais de 1 golo
SN Superioridade Numérica
IN Igualdade numérica
Ifn Inferioridade numérica
Ipi Recuperação da posse por interceção
Ipd Recuperação da posse por desarme
Ipgr Recuperação da posse por ação do guarda-redes
Ipera Recuperação da posse por interrupção regulamentar a
favor
Ipga Recuperação da posse por golo do adversário
Dpc Desenvolvimento por passe curto/médio
Dpl Desenvolvimento por passe longo
Dcd Desenvolvimento por condução
Drc Desenvolvimento por receção/controle
Ddr Desenvolvimento por drible
Ddu Desenvolvimento por duelo
Dpgr Desenvolvimento por ação do guarda-redes
Dre Desenvolvimento por remate
Dcz Desenvolvimento por cruzamento
Dia Desenvolvimento com intervenção do adversário sem
êxito
Dgra Desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa
adversária
Ppf Passe para a frente
Ppt Passe para trás
António Barbosa Abreviaturas/legendas
XI
Ppl Passe para o lado
Pdf Passe diagonal para a frente
Pdt Passe diagonal para trás
Pr Passe raso
Pma Passe meia altura
Pal Passe alto
RJr Ritmo de jogo rápido
RJl Ritmo de jogo lento
Fgl Remate com obtenção de golo
Frd Remate dentro
Fgr Remate defendido pelo guarda-redes
Ffr Remate fora
Fca Remate contra adversário
Fld Livre direto
FPc Pontapé de canto
Fgp Grande penalidade
Fpga Passe para dentro da grande área adversária
Fbad Recuperação da posse de bola pelo adversário
Ff Lançamento para fora
Fi Infração às leis de jogo
FRR Final por remate
FSOC Final atingindo o quarto ofensivo de forma controlada
FLJ Final por infração às leis do jogo
Pir Inferioridade relativa
Pia Inferioridade absoluta
Pip Igualdade pressionada
Spinp Igualdade não pressionada
SPsr Superioridade relativa
SPsa Superioridade absoluta
Z1 Zona 1 do campograma
Z2 Zona 2 do campograma
Z3 Zona 3 do campograma
Z4 Zona 4 do campograma
Z5 Zona 5 do campograma
Z6 Zona 6 do campograma
António Barbosa Abreviaturas/legendas
XII
Z7 Zona 7 do campograma
Z8 Zona 8 do campograma
Z9 Zona 9 do campograma
Z10 Zona 10 do campograma
Z11 Zona 11 do campograma
Z12 Zona 12 do campograma
António Barbosa Índice Geral
XIII
Índice Geral
Resumo IV
Abstract VI
Resumen VII
Resum VIII
Abreviaturas/legendas IX
Capítulo I - Introdução 1
1.1 - Enquadramento e pertinência do estudo 3
1.2 - Problema 11
1.3 - Objetivos do estudo 13
1.4 - Estrutura da dissertação 15
Capítulo II - Revisão da Literatura 17
2.1 - Enquadramento conceptual, o jogador e o jogo, dinâmica dialogante 19
2.1.1 - O jogo de futebol, fruto de capacidades percetíveis 20
2.1.2 - Futebol - entre a ordem e o caos 22
2.2 - O processo defensivo e o processo ofensivo 25
2.2.1 - O processo defensivo 26
2.2.2 - O processo ofensivo 27
2.3 - Interpretações da realidade dinâmica do futebol, modelos descritos
na literatura 29
2.4 - O futebol interpretação de conceitos: fases e momentos 34
2.5 - O jogo e sua delimitação conceptual 36
2.6 - Métodos de jogo ofensivo 38
2.6.1 - O contra-ataque 40
2.6.2 - O ataque rápido 42
2.6.3 - O ataque posicional 43
2.7 - Observação e análise do jogo 45
2.7.1 - Enquadramento histórico 45
2.7.2 - Dicotomia conceptual de ações complementares. Implicações
relativas ao jogo de futebol 47
2.7.3 - Observação, processo que sustenta a análise 52
2.7.4 - Enquadramento processual, observação e análise da
performance, como elemento inserido no processo de treino 54
2.7.5 - A competição. Os jogos dentro do jogo de futebol. Observação e
análise da competição 57
António Barbosa Índice Geral
XIV
2.8 - Metodologia observacional como método de análise de jogo 60
2.8.1 - Fases de evolução processual da metodologia observacional 63
2.9 - A análise sequencial no futebol 67
2.10 - Modelo de organização da dinâmica do jogo de futebol 68
2.10.1 - Proposta de modelo de organização da dinâmica do jogo de
futebol 71
Capitulo III - Estudo comparativo dos padrões de jogo ofensivo das equipas do Inter de Milão e do Real Madrid 80
3.1 - Metodologia 82
3.1.1 - Desenho do estudo 82
3.1.2 - Argumento conceptual que origina a metodologia associada a
investigação 85
3.1.3 - Recolha e otimização dos dados 85
3.1.3.1 - Instrumento de observação 85
3.1.3.2 - Caraterização do instrumento, macro-categorias e variáveis
observáveis do instrumento de observação 86
3.1.4 - Amostra de observação 99
3.1.4.1 - Justificação da seleção da amostra 99
3.1.4.2 - Amostra observacional: 101
3.1.4.3 - Seleção da amostra observacional 102
3.1.5 - Observação e registo dos dados 104
3.1.5.1 - Caraterização do processo de observação 104
3.1.5.2 - Procedimento da observação 105
3.2.5.3 - Procedimento de registo 106
3.1.6 - Fase exploratória 110
3.1.7 - Procedimentos de interpretação 111
3.1.7.1 - Análise e controlo da qualidade dos dados 111
3.2 - Análise descritiva 117
3.3 - Análise sequencial 121
3.3.1 - Técnica de análise sequencial através de T-patterns.
Instrumento de análise - Theme coder 122
3.3.1.1 - Procedimentos 126
3.3.1.2 - Apresentação e discussão dos resultados recorrendo à
análise sequencial T-patterns 128
3.3.1.2.1 - MJO contra-ataque 129
3.3.1.2.1.1 - Síntese relativa ao padrão detetado 131
3.3.1.2.2 - MJO ataque rápido 132
3.3.1.2.2.1 - Síntese relativa aos padrões detetados 139
3.3.1.2.3 - MJO ataque posicional 140
3.3.1.3 - Sinopse dos resultados relativos à análise dos T-patterns
completos 140
3.3.2 - Técnica de análise sequencial de retardos. Instrumento de
análise - SDIS-GSEQ 142
3.3.2.1 - Procedimentos 146
António Barbosa Índice Geral
XV
3.3.2.2- Apresentação e discussão dos resultados recorrendo a
técnica de retardos 149
3.3.2.2.1 - MJO contra-ataque 151
3.3.2.2.1.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa
ao MJO contra-ataque 184
3.3.2.2.2 - MJO ataque rápido 193
3.3.2.2.2.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa
ao MJO ataque rápido 230
3.3.2.2.3 - MJO ataque posicional 237
3.3.2.2.3.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa
ao MJO ataque posicional 277
Capitulo IV - Considerações finais 286
Referências Bibliográficas 296
Índice de figuras 311
Índice de tabelas 314
Anexos 320
Capítulo I - Introdução
António Barbosa Capítulo I
3
1.1 - Enquadramento e pertinência do estudo
No paradigma da sociedade atual, o futebol apresenta-se como uma indústria
marginal aos demais sectores económicos. Verifica-se a utilização de forte
investimento na prospeção, formação e compra de ativos. O jogador e treinador são
vistos como produtos e são equacionadas todas as suas potencialidades
económicas. O seu valor é proporcional à capacidade de executar a correta tomada
de decisões. Acreditando nestas premissas e recorrendo à análise qualitativa,
partimos à descoberta das ações que produzem um espetáculo multicultural,
multirracial e intercontinental.
Há questões que, para nós, suportam a grandiosidade do futebol:
i) Em que outra atividade, seja ela desportiva ou não, a base de seleção dos
recursos humanos, jogadores, treinadores, diretores, presidentes é tão extensa
e variada?
ii) Quão extensa é a lista de profissionais direta ou indiretamente ligados à
modalidade e que dela auferem o seu salário?
iii) Quantas modalidades desportivas são capazes de produzir e promover um
produto visualizado por uma quantidade tão grande de espetadores em
distintas regiões do globo?
iv) Que outra atividade é tão exposta e cujos resultados são alvo de opiniões
tão volúveis de comentadores, escritores, público em geral e adeptos?
O jogo de futebol é a modalidade desportiva mais famosa em todo mundo (Pollard &
Reep, 1997; Reilly, 1996). Estes aspetos ganham preponderância fundamental,
porque o futebol é, sem dúvida, um dos fenómenos desportivos e sociais mais
relevantes dos nossos tempos (Almeida, 2004).
Para Castellano-Paulis (2000) sobre a indústria do futebol caem, hoje em dia,
grandes pressões, muitos impedimentos, laços, obrigações, restrições, precauções,
que têm vindo a condicionar o futebol desde os tempos que o viram nascer,
proveniente da origem lúdica. A importância atribuída ao fracasso (relacionado com
perdas milionárias, eliminações, descidas de divisão, desprestígio desportivo, etc.)
parece afastar o prazer da prática, inerente ao futebol. O fracasso é vivido como
uma verdadeira frustração, introduzindo sentimentos de angústia no jogo.
António Barbosa Capítulo I
4
Aqueles que conseguem ascender ao topo desta modalidade, que perfil terão? O
que os diferencia dos restantes milhões de praticantes? E como se caracterizam?
Existe um traço comum entre os desportistas de topo: conseguem mais vezes atingir
patamares de performance1 desportiva de elevado nível? A sociedade apropriou-se
do futebol e este apropriou-se das leis da seleção da espécie tornando-se em si
mesmo um elemento de seleção, endeusando os desportistas de topo. O sucesso é
entendido e avaliado pelo número de vitórias, campeonatos, títulos conquistados.
Ofuscado pela luz intensa que surge dos focos dos media e dos adeptos, fica o
processo, o caminho que conduz à obtenção do resultado pretendido.
Constatamos a existência de diferentes formas de interpretação do jogo e, como tal,
de o jogar. A perceção entre o ”jogar bem ou mal” relaciona-se diretamente com o
resultado obtido. Assoma-nos a ambiguidade da questão: o que é jogar bem? Cada
concepção, ideologia, corrente, filosofia, terá como pano de fundo incluir nos seus
objetivos, um elemento comum, a obtenção de um resultado positivo, a vitória. Para
(Bacconi & Marella,1995), todos os agentes do jogo, concorrendo no papel de
observadores, permitem dizer que não existe uma só análise de jogo, mas tantas
quanto as filosofias subjacentes às suas conceções.
Ao longo dos tempos, o futebol foi passando por processos evolutivos, naturais e
progressivos, do ponto de vista tático que, por conseguinte, permitiram a evolução
noutros fatores de rendimento (físicos ou condicionais, técnicos, estratégicos,
psíquicos e externos ou situacionais) (A. Silva, 2000), que deram lugar a alguns
trabalhos de índole científica. O incremento da investigação sobre este jogo
consubstanciou-se, sobretudo, na realização de estudos orientados para a descrição
e explicação de aspetos físicos e/ou fisiológicos ou para a quantificação de ações
realizadas, numa tentativa de quantificar a atividade dos futebolistas (Bradley, Di
Mascio, Peart, Olsen, & Sheldon, 2010; Castellano, Blanco-Villasenor, & Alvarez,
2011; Di Salvo et al., 2010; Gregson, Drust, Atkinson, & Di Salvo, 2010; Lago-
Ballesteros & Lago-Peñas, 2010; Lago-Peñas & Lago-Ballesteros, 2011; Lago-
Peñas, Lago-Ballesteros, & Rey, 2011; Lago-Peñas, Rey, Lago-Ballesteros, Casais,
& Dominguez, 2011; Lago, 2009b; Rey, Lago-Peñas, Lago-Ballesteros, Casais, &
Dellal, 2010; Vigne, et al., 2010, citados por Sarmento, 2012). Com estes estudos
1 Entenda-se, neste contexto, “Performance” como desempenho desportivo.
António Barbosa Capítulo I
5
verificamos a procura de elementos parciais para explicar a fenomenologia
complexa e integradora que carateriza o jogo.
Habitualmente, o futebol, por força das suas características, é enquadrado no grupo
dos Jogos Desportivos Coletivos (JDC), (Garganta, 1996, citando Gréhaigne, 1992;
Weineck,1983; Konzag, 1983) reportando-se aos JDC. Estes autores afirmam que
uma das facetas mais importantes residem no facto da sua expressão assentar num
complexo de relações intra e interequipas, daí decorrendo os constrangimentos de
natureza tática que lhe conferem especificidade.
Apesar da sua popularidade, existe ainda uma grande carência no que concerne à
investigação que se centra neste jogo, ao contrário do que sucede com outros
desportos como o basebol ou o futebol americano (Pollard & Reep, 1997). Cremos
que os treinadores deverão ter como preocupação comum recolher informação do
jogo e perceber como é possível intervir sobre os processos de ensino-
-aprendizagem e de treino para se tornarem mais eficazes/eficientes, no processo
orientador sobre os jogadores que define a vitória, através de um método.
O futebol compõe-se do somatório de elementos técnicos com e sem bola que, a
todo momento, devem servir um propósito maior, o elemento tático: a ideologia
coletiva que será reconhecida pelos diversos elementos de uma mesma equipa e
deverá promover uma forma de resposta, ação. Para Garganta (1997) existe a
essencialidade tática, uma vez que é nela e através dela que se consubstanciam os
comportamentos que ocorrem durante o jogo.
É comum o futebol ser referido como uma modalidade de compreensão complexa e
fortemente influenciado pela aleatoriedade, proveniente dos múltiplos fatores que
intervêm no jogo: jogadores da equipa, adversários, condições climatéricas, estado
do terreno de jogo, a bola, entre muitos outros, que se articulam e conjugam
promovendo o aumento da aleatoriedade. Em função da aleatoriedade,
imprevisibilidade e variabilidade dos comportamentos no jogo (Garganta & Oliveira,
1996), essa forma de entendimento da tática concede relevância para todas as
movimentações dos jogadores que são norteadas por princípios táticos de jogos
(Costa, Garganta, Greco, & Mesquita, 2009). Eles compreendem um conjunto de
António Barbosa Capítulo I
6
normas de orientação que viabilizam a possibilidade de atingir soluções para os
problemas decorrentes do jogo (Garganta & Pinto, 1994; Wilson, 2002).
Os comportamentos táticos-técnicos individuais e coletivos, a origem das suas
ações, os princípios e subprincípios que promovem a ocorrência das mesmas serão
fundamentais para a capacidade de reflexão sobre o jogo e métodos de intervir
através do processo de treino. É do nosso entendimento que uma das tarefas do
processo de treino deverá passar por trabalhar fatores desencadeadores de
reconhecimento de situações tipo e promoção de mecanismos funcionais que
permitam adequar o comportamento e assim realizar a transferência (o transfere) da
situação vivida para a situação pretendida.
No futebol, referenciando as equipas que obtêm maior sucesso desportivo, parece
verificar-se uma uniformização dos padrões de ação independentemente do jogador
que esteja em campo. Todavia, as características individuais que definem e
diferenciam o jogador dos restantes servem como meio e não como fim de um
propósito geral e coletivo, onde o individual, o imprevisto, o improviso, a criatividade
e a imaginação deverão acontecer dentro do previsto, de acordo com vários fatores
(zona do campo, relação numérica, tempo de jogo,…). No jogo visa-se a procura
constante da criação de momentos favoráveis, que induzam à interrupção das ações
adversárias e, consequentemente, à obtenção dos vários princípios que definem o
jogar de cada equipa, caracterizando o ADN escolhido para a obtenção da vitória.
Abordando o jogo, do ponto de vista organizativo, a forma como cada equipa
expõem o “seu jogar”, o epicentro da sua funcionalidade, os elementos
desencadeadores da cooperação advêm de um contexto de elevado grau de
imprevisibilidade sendo como tal um importante desafio do ponto de vista científico.
Esta dificuldade reporta-se também ao treinador e ao treino.
Como promovemos a nossa forma de jogar? É nos treinos que se forma a base de
todo o jogo (Gaal, 1998). Para Garganta (1998), a otimização dos comportamentos
dos jogadores e das equipas na competição só é possível a partir da análise de
informações importantes acerca do jogo. É fundamental existir um profundo
conhecimento dos conteúdos do jogo para ser possível desenvolver métodos de
treino mais económicos, eficazes e menos subjetivos, que respeitem as
características específicas do futebol (Pereira, 2005). A nossa capacidade de
António Barbosa Capítulo I
7
desenvolver ou promover a ocorrência do pretendido está relacionada com o
conhecimento sobre o jogo. Assim, quando olhamos para um jogo, primeiro
analisamos os conceitos que dominamos. A dúvida é o agente promotor do
desenvolvimento, se procurarmos a resposta de forma livre de preconceitos. Posto
isto:
i) Como analisamos o jogo?
a. Através do produto final, o resultado?
b. Pelo número das ocorrências ou causas das mesmas?
ii) Como chegamos ao resultado pretendido?
a. Focando a equipa no resultado ou no processo?
b. Treinando a equipa para ganhar ou treinando o caminho para ganhar?
Sabendo da importância do resultado na produção das ações, definimos que o cerne
do desenvolvimento da modalidade está na ação, analisando o jogo através da
descrição do conjunto de ações individuais e coletivas. O estado do conhecimento
atual, recorrentemente carateriza o jogo através da complexidade, aleatoriedade,
variabilidade. Mas, recorrendo à metodologia de análise assente na quantificação,
estaremos a procurar comprovar esta adjetivação, ou indagamos no sentido de
melhor entendermos o jogo? Ainda que um fisiologista consiga avaliar a quantidade
de lactato acumulado durante um jogo, não consegue explicar como um jogador
consegue marcar um golo, por onde se deve movimentar ou quais os contextos de
interação mais favoráveis para o fazer (Sarmento, 2012).
O futebol profissional, ao exigir níveis de performance elevados, leva a que uma das
formas de monitorizar e entender a performance desportiva seja utilizar a análise do
jogo (A. Silva, 2004). Garganta (1996) acrescenta que o estudo dos jogadores e das
equipas tem vindo a constituir-se como um argumento de crescente importância nos
processos de preparação desportiva. Neste caso, refere-se ao estudo dos jogadores
e das equipas como dizendo respeito à análise do Jogo. Para Castelo, (1996), a
análise do jogo revela-se muito importante para a preparação do encontro contra
uma determinada equipa. Esta vivencia uma multiplicidade de funções, como
reconhecimento de tendências evolutivas, conhecimento da equipa, pontos fortes e
fracos, evidência relativa à execução do plano de jogo, conhecimento da equipa
adversária, pontos fortes e fracos, guia orientador da estratégia de jogo e forma de
controlo do mesmo (Sarmento, 2012).
António Barbosa Capítulo I
8
Apesar da reconhecida importância que se atribui à análise dos contextos de
interação em que ocorrem as diversas ações (McGarry, 2009; O´Donoghue, 2009;
Tenga, Holme, Ronglan, & Bahr, 2010a), revelou-se surpreendente o facto de, além
de alguns trabalhos realizados no âmbito da metodologia observacional (Barreira,
2006; Castellano-Paullis, 2000; J. Lopes, 2007; Sarmento, Barbosa, Campaniço,
Anguera, & Leitão, 2011; A. Silva, 2004; M. Silva, 2009), serem raros os estudos que
acedem, direta ou indiretamente a esta componente (Bloomfield, Polman, &
O´Donoghue, 2005; Jones, James, & Mellalieu, 2004; Lago & Martin, 2007; Olsen &
Larsen, 1997; Taylor, Mellalieu, James, & Shearer, 2008; Tenga, Holme, et al.,
2010a; Tenga, Holme, Ronglan, & Bahr, 2010b; Tenga, Ronglan, & Bahr, 2010).
O que tentamos cientificar2: o jogo de futebol é praticado por seres humanos, seres
pensantes, seres em evolução, com vontades próprias, apenas recorrendo a
processos de análise e investigação transparentes, rigorosos e imparciais.
Indagando de forma criteriosa e reflexiva, poderemos promover o conhecimento
capaz de elevar o jogo para níveis de perceção até agora inalcançados.
Como Garganta, (2002), acreditamos que o primeiro problema que se considera no
jogo é de natureza tática, isto é, o praticante deve saber a todo momento e em
qualquer circunstância, o que fazer (capacidade de análise, para resolver os
problemas com que se depara no desenrolar do jogo), como fazer (capacidade de
decisão, para responder adequada do ponto de vista motor).
Segundo J. Silva, (1998), o estudo do comportamento dos jogadores e das equipas
em competição, concede-nos a representação de modelos da atividade dos
jogadores e das equipas, permitindo-nos entender quais os mais e menos eficazes,
definir as estratégias de trabalho mais vantajosas e indicar tendências evolutivas da
modalidade. Para Gréhaigne (1992), é através da observação de competições e da
análise das mesmas, que podemos descobrir pontos sensíveis de um sistema
complexo.
2 Adotar um processo científico para orientar a prática do desporto com o objetivo último de melhorar o desempenho.
António Barbosa Capítulo I
9
Assim como Garganta (1998), acreditamos que a análise deverá passar pela
construção de sistemas elaborados a partir de categorias integradoras cuja
configuração permita passar da análise centrada na quantidade das ações
realizadas pelos jogadores, à análise centrada na qualidade das ações de jogo no
seu conjunto. Assim, a análise da prestação das equipas, tem-se baseado quase
exclusivamente na intuição dos treinadores, denotando uma elevada subjetividade e
modesto valor científico.
Alicerçados na metodologia observacional e recorrendo a análise sequencial,
visamos identificar a regularidade num jogo dominado aparentemente pelo caos e
aleatoriedade, onde as ações acíclicas dominam os acontecimentos.
Visamos identificar acontecimentos interligados ou promotores de outros
acontecimentos. Procura-se descobrir um caráter de regularidade e probabilidade de
determinadas condutas relativamente a outras, que ultrapassem o mero conceito de
acaso, e assim configurar padrões que permitem determinar sequências de ações
em processo ofensivo da equipa em questão (Catellano-Paulis, 2000; A. Silva,
2004).
A metodologia observacional implica um seguimento de todas as fases próprias do
método científico e caracteriza-se por ter um escasso ou nulo controlo interno, um
elevado grau de controlo externo ou sistematização, um grau máximo de
naturalidade e uma participação sobretudo passiva do investigador (Hernández-
Mendo, Losada-López, Blanco-Villaseñor & Anguera, 2000). É, neste sentido, um
caminho válido para entender os princípios que estão subjacentes à dinâmica do
jogo de futebol e reside na modelação das interações entre jogadores e o seu
envolvimento enquanto sistema complexo (Gréhaigne, Bouthier, & David, 1997).
António Barbosa Capítulo I
10
A análise sequencial, alicerçada no registo das condutas, vislumbra-se pertinente no
âmbito do estudo de futebol, visto que permite a compreensão dos acontecimentos
do jogo atendendo à sua lógica interna e específica. Na investigação em questão, a
seleção da amostra adveio da análise reflexiva de trabalhos (Barreira, 2006;
Catellano-Paulis,2000; Esteves, 2005; Laranjeira, 2009; J. Lopes, 2007; Pereira,
2005; Sarmento, 2012; A. Silva, 2004, entre outros), que estudaram diferentes
equipas e competições. Pretendemos demarcar-nos dos demais estudos realizados,
analisando duas equipas, de diferentes campeonatos, que tiveram como ponto em
comum o mesmo treinador e parte da sua equipa técnica. As equipas em estudo
disputam dois dos campeonatos de futebol mundial mais cotados. Analisamos a
equipa do F.C. Internacional de Milão da época desportiva (2009/10) e a equipa do
Real Madrid C.F. da época desportiva (2010/11) lideradas pelo treinador José
Mourinho, juntamente com os adjuntos Rui Faria e o treinador de guarda-redes
Silvino Louro. Procuramos, com a presente temática, verificar a existência de
tendências de ações similares ou não, relativamente à fase ofensiva. Existirá um
fluxo condutural3 de jogo similar?
Partimos convictos de que o estudo permitirá colmatar lacunas, associadas ao papel
da equipa técnica, na criação e implementação de um modelo de jogo ofensivo.
Procuramos aumentar o conhecimento relativo à forma de jogar utilizada pelas
equipas em questão. Sendo um tema diversas vezes exposto e banalizado até pelo
senso comum e diferentes agentes desportivos, carece de comprovação se o
técnico e a sua equipa técnica ajustam a sua ideologia a diferentes jogadores,
equipas e campeonatos. Utilizando este caminho pretendemos contribuir para o
esclarecimento das dúvidas acima mencionadas, aprofundando o que já é
conhecido, esperando que este estudo promova a criação de dúvidas tendentes a
provocar a continuidade do estudo do futebol.
Aplicamos, de forma convicta, a metodologia observacional, recorrendo às técnicas
de análise sequencial T-patterns e técnica de retardos, procurando alimentar a
escassa cadeia de informação relativa às condutas e comportamentos dos
jogadores e das equipas no futebol. A utilização destes métodos de observação e
3 A expressão fluxos conduturais refere-se a um conjunto de acontecimentos que decorrem num contexto aleatório e imprevisível, apresentam uma certa ordem e continuidade que lhes confere um sentido lógico e uma regularidade (Anguera, Blanco-Villaseñor, Losada-López, & Hernández-Mendo, 2000).
António Barbosa Capítulo I
11
análise teve o propósito de descrever e comparar duas das melhores equipas do
futebol mundial. O presente estudo direciona-se para o conceito interpretativo do
jogo através da sua humanização. Procuramos produzir conhecimento centrando a
investigação no comportamento do jogador e suas consequências, estabelecendo
um paralelismo causal entre a ação desenvolvida e os aspetos tático-técnicos que
induziram o resultado.
1.2 - Problema
Intrínseco ao problema está a extensa e elevada riqueza advinda da dinâmica, da
natureza do jogo, da existência de um só meio para obtenção do propósito, da
coexistência de dois sistemas compostos em constante diálogo e mutação, da
estrutura processual de cada sistema enquanto organismo multicelular, da
operacionalização prática do sistema pela célula (o jogador), da sua perceção,
capacidade, reconhecimento do contexto e execução da ação. Assim, pretendemos
estudar o jogo, atendendo à sua essência.
Pretendemos adquirir conhecimento sobre o jogo recorrendo ao estudo da
competição de dois dos mais competitivos campeonatos do mundo do futebol. Os
eventos de alto nível competitivo são oportunidades únicas para a observação e
análise dos diversos conteúdos individuais e coletivos -, do jogo (Sampaio, 2000).
Logo, este tipo de competição constitui-se como importante ponto de análise e
referência no desenvolvimento da modalidade desportiva em questão (Ortega,
2001). A análise das atividades desenvolvidas por jogadores e equipas em
competição permite-nos organizar conjeturas que possibilitam, entre outros
objetivos:
i) Diagnosticar os "modelos" mais e menos eficazes, em termos de sucesso
desportivo;
ii) Entender a organização do jogo, em termos de caraterísticas ofensivas e
defensivas;
iii) Perceber como interagem os diversos fatores de rendimento que
condicionam a prestação desportiva;
iv) Definir elementos tático-técnicos que deverão ser aplicados no processo
de treino;
António Barbosa Capítulo I
12
v) Indicar tendências evolutivas das disciplinas desportivas (Garganta, 1998;
2001; Hughes & Franks, 1997; Janeira, 1998; Paiva da Silva, 2000).
Anguera (2003a), assinala que a metodologia observacional constitui uma das
opções de estudo científico do comportamento humano, no âmbito físico-desportivo,
que reúne características específicas no seu perfil básico. Perspetivamos o jogo,
filtrando as partes das quais, no nosso entendimento, deriva o sucesso analisando
as ações e suas consequências. Para Almeida (2010), no futebol, o golo é a última
determinante do sucesso, pelo que a ciência em torno da modalidade tem-se
notabilizado analisando as ações subjacentes à construção e à finalização do
processo ofensivo.
A estrutura multivariada em que assenta o jogo de futebol obriga à limitação do
problema de forma clara. Pretendemos criar uma ilusória caixa de vácuo,
aumentando a riqueza e fiabilidade do nosso estudo. Estando conscientes da
impossibilidade dessa criação, procuraremos limitar a influência de elementos que
condicionam o nosso estudo. Uma vez que partimos à procura da interpretação e
conhecimento do jogo, os constrangimentos por ele colocados deverão ser
estudados justamente no seu ambiente concreto. Isto porque a compreensão do
desenvolvimento do jogo e das forças produzidas dentro deste está invariavelmente
ligada à identificação dos comportamentos que traduzem a eficiência e eficácia dos
jogadores e das equipas nas diferentes fases do jogo (Garganta, 1997).
Devido às características subjetivas da observação humana, é requerida uma
metodologia de observação e análise que suporte cientificamente os dados. Torna-
se, assim, fundamental a existência de um processo objetivo e fiável para a recolha
de informação do jogo em futebol (James, 2006). Assim, a utilização da metodologia
observacional surge como uma opção válida, por ser capaz de inferir acerca da
realidade devido, fundamentalmente, às possibilidades de estudo que oferece no
seio da observação da conduta espontânea do objeto de estudo, na sua ocorrência
em contextos naturais de participação, na utilização preferencial da forma
ideográfica, na elaboração de um instrumento à medida do estudo, na necessidade
de continuidade temporal, no grau de percetibilidade das condutas alvo da
investigação, sendo estas as características que são requeridas pela metodologia
observacional para a sua aplicação (Anguera, 2003a).
António Barbosa Capítulo I
13
Para J. Silva (2008), a avaliação da performance desportiva, no futebol, subentende
a estruturação das imposições essenciais ao ensino-aprendizagem, de modo a
possibilitar a orientação individual do futebolista no treino e na competição.
Analisámos duas equipas dos campeonatos italiano e espanhol que partilharam o
mesmo treinador e equipa técnica e estudámos os diferentes métodos de
organização ofensiva em situação de competição: ataque posicional, ataque rápido e
contra-ataque.
As questões que originaram o estudo foram:
i) Que conjunto específico de recursos caraterizam o desempenho
desportivo das equipas?
ii) Verifica-se a ocorrência de padrões conduturais que permitam estabelecer
um paralelismo entre as equipas, métodos de jogo ofensivos e suas partes?
iii) Encontram-se diferenças significativas no processo ofensivo destas
equipas comparativamente com outros estudos realizados?
iv) A análise sequencial poderá ser complementada pelos T-patterns?
1.3 - Objetivos do estudo
A utilização da metodologia observacional, suportada por um sistema de observação
adequado ao propósito pretendido, determina sequências e/ou padrões conduturais
ou configurações estáveis do comportamento provenientes de variáveis que ocorrem
no jogo.
O processo de observação permite descrever de forma objetiva a realidade para que
possa ser analisada. É indispensável uma rigorosa delimitação dos objetivos que se
pretendem concretizar, pois só assim nos será facultada a parcela de realidade que
realmente interessa para o estudo (Anguera, 2000).
A correta definição do objeto de estudo e uma precisa delimitação do seu conteúdo
determinam em grande medida o êxito do estudo (Anguera, 2003b).
No contexto da introdução deste trabalho e da sua pertinência, definimos os
objetivos para o nosso estudo.
Assim, os objetivos que nos propomos atingir com a realização da presente
investigação, concretizam-se no levantamento e interpretação das condutas
comportamentais que provêm da dinâmica funcional do jogador e da equipa. Com
António Barbosa Capítulo I
14
esse intuito procedemos à catalogação do jogo, atendendo a um conjunto de
variáveis adiante descritas, enquadradas com as fases fundamentais do processo
ofensivo (inícios, desenvolvimentos e finais).
Poderemos afirmar que, com a presente investigação, perseguimos os seguintes
propósitos:
i) Atendendo à metodologia observacional, com recurso à técnica de t-
pattens:
a. Evidenciar padrões completos de jogo, de cordo com método de jogo
ofensivo em estudo;
b. Compreender as capacidades e limitações da investigação de padrões
de jogo completos;
c. Produzir justificações com base nos resultados obtidos.
ii) Atendendo à metodologia observacional, com recurso à técnica de análise
dos retardos:
a. De acordo com o método de jogo ofensivo, procuraremos identificar
acontecimentos do jogo, que se produzem com maior probabilidade que o
acaso;
b. Verificar a excitabilidade ou inibitoriedade de determinadas condutas
em relação a outras que lhe sucedem ou antecedem, de acordo com os
diferentes momentos e etapas do processo ofensivo, enquadradas em três
grupos de análise: inícios, desenvolvimentos e finais;
c. Investigar os contextos que produzem as ações, princípios e
subprincípios de ação;
d. Evidenciar os resultados relativos aos diferentes métodos ofensivos
registados pelas equipas da amostra;
e. Interpretar e comparar os resultados obtidos, estabelecendo possíveis
paralelismos ou divergências, entre as equipas em análise;
f. Expor, interpretar e comparar os resultados verificados pelas duas
equipas, atendendo à dinâmica do jogo;
g. Interpretar e estabelecer um paralelismo atendendo à junção dos
inícios de forma aberta e inícios de forma fechada;
h. Interpretar e relacionar os desenvolvimentos ocorridos, atendendo à
zona do campo que ativam retrospetivamente, e ao de método de jogo
ofensivo, em que se inserem;
António Barbosa Capítulo I
15
i. Expor e interpretar as condutas de final do processo ofensivo,
estabelecendo dois grupos: final com sucesso e final sem sucesso.
Procuramos verificar a existência de condutas que ativam comportamentos
com sucesso e sem sucesso.
iii) Procurar estabelecer uma relação entre os resultados obtidos através da
análise T-patterns e a técnica de retardos.
1.4 - Estrutura da dissertação
Com o propósito de proceder à criação de uma estrutura modeladora e orientadora,
recorremos à utilização e catalogação de um conjunto de capítulos e referidos
propósitos, procurando a delimitação de cada parte de um todo que se pretende de
qualidade e alicerçada na congruência de todos os seus elementos. Pretendemos
apoiar-nos no rigor científico, promotor de um processo de excelência que permita a
obtenção de padrões de fiabilidade inquestionáveis. Assim, a estrutura da presente
tese será dividida em quatro capítulos. Passaremos a sumariar o que pretendemos
com cada um:
Capitulo I - Introdução - Pretendemos explanar de forma sintética a origem do
presente estudo. Para tal procedemos ao enquadramento teórico, demonstrando a
pertinência do estudo bem como o problema, objetivos e a estruturação da tese.
Capítulo II - Revisão da Literatura - Tomando em consideração os conceitos atuais
sobre o jogo de futebol, procurámos estabelecer o enquadramento da condução
deste estudo. Este centra-se, essencialmente, na caracterização do jogo e sua
dinâmica de interações, métodos de jogo ofensivo e análise de jogo em futebol. Por
último, procedemos à esquematização e descrição de uma proposta de
interpretação do processo ofensivo. O conjunto de informações recolhidas alicerçará
os conhecimentos sobre o jogo.
Capitulo III - Estudo comparativo dos padrões de jogo ofensivo das equipas do
Inter de Milão e do Real Madrid - constitui um processo de tratamento de dados
com o intuito de produzir informação que nos permita interpretar e comparar o
António Barbosa Capítulo I
16
processo ofensivo das duas equipas. Procuramos padrões, estruturas regulares de
comportamento, nos diferentes métodos de jogo ofensivo (contra-ataque, ataque
rápido e ataque posicional) e utilizamos a técnica de T-patterns e a técnica de
retardos.
Capítulo IV - Considerações finais - Neste capítulo procedemos à apresentação
das conclusões decorrentes dos estudos realizados. Relacionamos e sintetizamos
os resultados obtidos. Por último, apresentamos sugestões que poderão ser
utilizadas na realização de futuros trabalhos académicos.
Capítulo II - Revisão da Literatura
António Barbosa Capítulo II
19
2.1 - Enquadramento conceptual, o jogador e o jogo, dinâmica dialogante
O que achamos conhecimento é uma combinação do que a realidade traz
com as formas da nossa sensibilidade e as categorias do nosso entendimento. Não
podemos captar as coisas em si mesmas mas apenas como as descobrimos através
dos nossos sentidos e da inteligência que ordena os dados oferecidos por eles. Isto
significa que não conhecemos a realidade pura mas apenas como é o real para nós.
O nosso conhecimento é verdadeiro mas não chega senão até onde lhe permitem as
nossas faculdades.
Kant, citado por J. Oliveira (2004).
Os Jogos Desportivos Coletivos (JDC) caracterizam-se, entre outros fatores, pela
aciclicidade técnica, por solicitações e efeitos cumulativos morfológico-funcionais e
motores e por uma intensa participação psíquica (Teodorescu, 1977). A lógica
interna do jogo é o produto da interação contínua entre as principais convenções do
regulamento e a evolução das soluções práticas encontradas pelos jogadores,
decorrentes das suas habilidades táticas, técnicas e físicas (Deleplace, 1979).
Segundo Garganta (1997), dada a complexidade do jogo, nas suas diferentes fases,
as competências para jogar decorrem dos imperativos ditados pela necessidade de,
face à descontinuidade e aleatoriedade das ações, encontrar as respostas mais
adequadas a diferentes configurações. O futebol é considerado o JDC mais
imprevisível e aleatório, característica que resulta do envolvimento aberto, do
elevado número de jogadores e da dimensão do espaço de jogo, bem como da
duração do tempo de jogo (Costa, Garganta, Fonseca & Botelho 2002). Neste
sentido o jogo de futebol reclama dos participantes uma elevada capacidade
perceptiva e maiores exigências relativamente à componente visual que os restantes
JDC.
António Barbosa Capítulo II
20
2.1.1 - O jogo de futebol, fruto de capacidades percetíveis
Garganta (1998b) afirma que, na medida em que as ações de jogo ocorrem em
contextos de elevada variabilidade, imprevisibilidade e aleatoriedade, aos jogadores
é requerida uma permanente atitude estratégico-tática (citando Gréhaigne, 1989;
Delplace, 1994; Garganta, 1994; Mombaerts, 1996). Na construção de tal atitude, a
seleção do número e qualidade das ações depende obviamente do conhecimento
que o jogador tem do jogo. As relações que o jogador estabelece entre este modelo
e as situações que ocorrem no jogo orientam as respetivas decisões, condicionando
a organização da percepção, a compreensão das informações e a resposta motora.
Desse modo, a dimensão estratégico-tática emerge simultaneamente como polo de
atração, campo de configuração e território de sentido das tarefas dos jogadores no
decurso do jogo.
- +
Figura 1 - Dimensão estratégico-tática enquanto polo de atração, campo de configuração e território de sentido das tarefas dos jogadores no decurso do jogo (adaptado de Garganta,1997).
O futebol é considerado como um desporto eminentemente percetivo, em relação ao
desenvolvimento do jogo, os jogadores encontram-se concentrados nas mudanças
que se produzem à sua volta, envolvendo os companheiros, os adversários e a bola
(Cerezo, 2000). Quando nos confrontamos com situações novas, impossíveis de
prever, procuramos detetar alguma semelhança com acontecimentos que já
ocorreram. Procuramos reconhecer padrões qualitativamente semelhantes, que são
usados para desenvolver novos modelos mentais, no sentido de lidarmos com novas
Estratégia Tática
Situação
O quê? (objectivo)
Quando? (momento)
Onde? (espaço)
Como? (forma)
Resultado
António Barbosa Capítulo II
21
situações, procedendo à transferência do adquirido para o novo. A similitude
específica do desenrolar de acontecimentos inesperados cria modelos gerais de
percepção reconhecíveis, que constituem a experiência, (Stacey, 1995, citado por
Garganta, 2001). As decisões deverão ser baseadas na análise de vários fatores. A
atitude ou tomada de decisão ocorre ao nível da consciência pessoal sendo um
fenómeno privado e na primeira pessoa, que ocorre no interior de um outro processo
privado e na primeira pessoa a que chamamos mente (Damásio, 2001).
Segundo vários autores (Araújo, 1992; Brito & Maças, 1998; Mahlo, 1969, citados
por J. Silva, 2008) a ação tática, na sua vertente individual, é um mecanismo
complicado que engloba três etapas sucessivas e interdependentes (ver figura 2)
percepção e análise da situação (identificação do problema), solução mental do
problema, elaboração da solução mais adequada, tendo em vista a tomada de
decisão e a solução motora do problema da qual resulta o desempenho motor ou
seja a execução.
Figura 2 - Fases do processamento da informação de uma ação tática complexa (adaptado de Mahio, 1969; Tavares,1998, citado por J. Silva, 2008).
Percepção
Solução mental
Solução motora
Captar a informação (perceber -
compreender)
Tratamento da informação (selecionar -
decidir)
Resposta motora (Responder -
executar)
António Barbosa Capítulo II
22
Por sua vez Melo, Godinho, Barreiros e Mendes (2002), estabelecem uma
hierarquização do processo de tratamento de informação.
• Estímulo
• Codificação
• Extração das caraterísticas
• Identificação
• Seleção da resposta
• Programação motora
• Carregamento do programa
• Ajustamento motor
• Efetivação (concretização)
Figura 3 - Hierarquização do processo de tratamento de informação (adaptado de Melo et al., 2002).
2.1.2 - Futebol - entre a ordem e o caos
O futebol enquanto sistema multivariável4 apresenta em si um binómio dialogante de
rica interpretação, mas com implicações motoras/comportamentais de frações de
segundo. Nos desportos de cooperação-oposição desenvolvidos em espaços
comuns e ação simultânea sobre a bola, as habilidades são predominantemente
precetivas, abertas e de regulação externa (Contreras & Ortega, 2000). Partindo do
pressuposto de que as incidências do jogo obedecem a uma lógica interna
particular, procura-se entender os constrangimentos que caraterizam os diferentes
jogos desportivos, no sentido de modelar um quadro de exigências que se constitua
como referencia fundamental para o treino (Teodurescu, 1984; Garganta, 1997;
Catellano-Paulis,2000; citados por Laranjeira, 2009). O futebol está numa subzona
4 A teoria dos sistemas tem como principal objetivo: o esforço humano para prever o futuro. Segundo Bertalanffy (1975), sistema é um conjunto de unidades reciprocamente relacionadas, de onde decorrem dois conceitos: o de objetivo e o de totalidade. Estes dois conceitos retratam duas características básicas de um sistema.
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tora
António Barbosa Capítulo II
23
limite entre a ordem e o caos5 dissipativo, pertence ao âmbito da complexidade, de
tal modo que a informação e interações são as suas emergências mais notáveis
(Seirul-lo, 2009). Durante o jogo, o jogador pode apenas prever probabilidades de
evolução para as configurações ofensivas e defensivas, pois estas não estão
decididas a priori, mas derivam da oposição (Gréhaigne, Bouthier, & David, 1997).
Figura 4 - Conceitos descritivos do jogo de futebol (adaptado de Gréhaigne et al., 1997).
A ciência do jogo de futebol evidencia a natureza dinâmica, com elevada
aleatoriedade. O jogo produz/deriva de elevada imprevisibilidade, definido pela
oposição e interação entre os jogadores, onde os comportamentos só serão
considerados ajustados em função da realidade em que se desenvolve, num
determinado momento, a ação. A “desordem ordenada”, ou seja, um ponto de
equilíbrio entre o caos e a ordem (Carvalhal, 2001). Segundo Guilherme Oliveira
(2003), citado por Tavares (2003), nós (treinadores) temos de permitir toda a
criatividade se essa criatividade existir em função da equipa. Para Frade (2003), o
jogo de qualidade possui demasiado jogo (detalhe, imprevisibilidade) para ser
ciência, mas é demasiado científico (organizado) para ser apenas jogo. Afirma ainda
que é importante considerar a organização (do jogo) como um elemento essencial, é
igualmente imprescindível admitir a existência de pequenos detalhes, presentes no
decorrer do jogo, que condicionam todo o processo.
5 Caos é a teoria que explica o funcionamento de sistemas dinâmicos não lineares (complexos). Trata-se do chamado caos determinado, pois existe uma equação (atrator) que define o seu comportamento. O caos pode ser definido como um processo complexo qualitativo e não linear - caraterizado pela imprevisibilidade de comportamento e pela grande sensibilidade a pequenas variações nas condições iniciais de um sistema dinâmico (Gleick, 1989).
Rutura /Continuidade
Ordem /Desordem Equilíbrio / Desequilíbrio Risco / Segurança
Atraso / Avanço
António Barbosa Capítulo II
24
Para Castelo (1996), o jogo de futebol é um conjunto de ações ofensivas e
defensivas que se desenvolvem num determinado espaço e tempo de jogo.
Mediante estas cateterísticas, o autor assegura que em cada país, campeonato,
clube, jogadores e treinador atribuem às equipas especificidades que as tornam
únicas. Mas não existirão traços comuns? Quando bem delimitada a forma de
pensamento coletivo, alicerçada numa metodologia de treino que induza a
comportamentos pretendidos, juntamente com a seleção do recurso humano (o
jogador e suas características), produzir-se-ão os traços comuns?
A multiplicidade de elementos a ter em conta, no momento de análise, tomada de
decisão e produção da ação, poderá sofrer mutação ao longo deste processo. Com
isto, evidenciamos incerteza e variabilidade do sistema, que exige permanente
avaliação e conhecimento do jogo. Este deverá produzir a capacidade de
antecipação e flexibilidade de ações que permitam a adaptação a novas
circunstâncias que ocorrem durante o mesmo. Para Oliveira (2001), referindo-se aos
jogadores, afirma que estes se assumem como verdadeiros atores que
continuamente recebem informação e elaboram respostas em função da situação.
Significa que existe contínua comunicação em toda e qualquer situação de jogo
(Cervera & Malavés 2001). Uma equipa é uma sociedade em miniatura que ensina
muito sobre a condição humana, constituindo-se como um laboratório para analisar
os comportamentos do ser humano (Valdano, 2007). Poderemos identificar pontos
de relação com um sistema social, os cidadãos estão interligados como os
jogadores das equipas e os seus comportamentos produzem e promovem
acontecimentos no sistema social e o no meio.
Com o intuito de alcançar o objetivo primário básico, isto é, alcançar o golo e impedir
que o adversário o consiga, será necessário a todo o instante adotar uma
multiplicidade de ações assentes em leis de conduta comportamental, comummente
definidas como ações do âmbito técnico relativo aos processos táticos. Para
Garganta e Pinto (1994) a relação de sinal contrário que se verifica entre duas
equipas que disputam um jogo de futebol faz com que os jogadores de cada uma
delas, individualmente ou em grupo, adotem diversos comportamentos de forma a
criarem situações favoráveis para a concretização dos seus objetivos. Atendendo ao
que referimos anteriormente, verificamos que o rendimento competitivo no jogo de
futebol é multidimensional sendo permeável à influência de diversos fatores de
António Barbosa Capítulo II
25
quadrantes diferente e que podem condicionar o jogo. Com tudo isto parece-nos que
apenas uma estrutura humana, num período onde evidencia solidez mental, físico e
tácito-técnico, poderá expressar um conceito tático individual ajustado ao modelo
coletivo.
Para Gréhaigne, et al., (1997), a natureza do jogo de futebol partilha as propriedades
gerais dos sistemas dinâmicos, propriedades que decorrem da interação entre os
seus elementos:
i) Está reciprocamente relacionada com o seu ambiente, o que lhe
proporciona algum grau de autonomia;
ii) É composta por subsistemas em interação;
iii) É submetida a alterações, de maior ou menor importância, ao longo do
tempo enquanto mantém uma determinada invariância.
Os autores explicam que o jogo de futebol existe como um macrossistema, na
medida em que é composto por subsistemas ou níveis de organização. Num sistema
concreto podemos distinguir:
i) Microssistema, um sistema que se obtém conservando só alguns
subsistemas com todas as suas relações;
ii) Infrassistema, sistema obtido da conservação de alguns subsistemas com
algumas relações.
O futebol constitui-se como um desporto de cooperação-oposição entre dois
sistemas de elevada riqueza. As equipas tentam permanecer em equilíbrio e
desequilibrar o adversário, recorrendo à união de 11 elementos procurando adequar
mecanismos de processo de tratamento de informação ajustados às tarefas.
2.2 - O processo defensivo e o processo ofensivo
Para a compreensão dinâmica do jogo, entendemos que os processos defensivo e
ofensivo, embora com ações antagónicas revelam íntima relação, promovendo um
acontecimento de ação-reação. Os dois processos deverão ser organizados por
forma a complementarem-se, evidenciando uma relação direta entre a estruturação
António Barbosa Capítulo II
26
de um com as repercussões que terá no outro. Estes só podem ser conhecidos um
em função do outro (Bayer,1994; Castelo, 1996; Queiroz,1986; Teodurescu, 1984).
2.2.1 - O processo defensivo
A organização ofensiva de uma equipa deve englobar um conjunto de ações
relacionadas com o equilíbrio defensivo, com o qual se procura que a equipa esteja
preparada e organizada perante qualquer bola (Fernández, 2003). Segundo Castelo
(1996), os objetivos fundamentais no processo defensivo prendem-se com a
recuperação da posse da bola e da defesa da baliza. Para Castelo e Gréhaigne
citado por Martins (2010) o processo defensivo tem como objetivo:
i) Opor-se á progressão adversária;
ii) Recuperar a posse da bola;
iii) Defender a baliza.
A defesa está em vantagem pelo facto de a sua técnica ser mais simples e o número
de procedimentos específicos ser menor (Sousa, 2005). Garganta (2002) evidencia
a necessidade da equipa ter de coordenar as suas ações tentando apoderar-se da
bola. Ferreira, Volossovitch e Gonçalves (2003) e J. Oliveira (2004) caracterizam o
processo defensivo pela falta de bola e através de ações coletivas e individuais, que
não infrinjam as leis do jogo, tentam ganhá-la de forma a evitar o golo na sua baliza.
Castelo (2003) defende que o processo defensivo deverá conter três etapas no seu
desenvolvimento:
i) Equilíbrio defensivo, que decorre durante o processo ofensivo (PO) e logo
após a perda da posse de bola;
ii) Recuperação defensiva, logo após a perda da posse de bola;
iii) Defesa propriamente dita, ocorre após as duas etapas anteriores e
pressupõe a ocupação por todos os jogadores das suas posições em campo.
O início do processo defensivo acontece antes da perda de posse de bola, pois os
jogadores que não intervêm diretamente no processo ofensivo devem preparar o
processo defensivo (Castelo, 2003). Pinto e Garganta (1996), caraterizam de forma
especifica o processo defensivo (PD) de acordo com um modelo de jogo mais
evoluído. Assim, definem como caraterísticas do PD:
António Barbosa Capítulo II
27
i) Limitar a iniciativa do adversário, tentando recuperar a posse da bola o
mais rapidamente possível;
ii) Participação de todos os jogadores logo que se perde a posse da bola;
iii) Pressão sobre o portador da bola de acordo com o momento e a zona em
que se processa;
iv) Fechar possíveis linhas de passe, fundamentalmente em profundidade;
v) Apoio permanente ao defensor direto (cobertura defensiva);
vi) Criação de superioridade numérica nas zonas de disputa de bola;
vii) Oscilações, em função da bola, tendentes a reduzir espaço de penetração.
2.2.2 - O processo ofensivo
Ferreira et al. (2003) e J. Oliveira (2004) caraterizam processo ofensivo quando uma
equipa tem a posse de bola e, através de ações coletivas e individuais, sem infringir
as leis do jogo, tenta marcar golo. Castelo (1994; 2004) evidencia que, para além
poder concretizar o objetivo do jogo – o golo -, a equipa poderá igualmente:
i) Controlar o ritmo do jogo pois, em função do resultado (numérico)
momentâneo, é que se poderão contrapor ações tático-técnicas que acelerem
ou diminuam este ritmo;
ii) Surpreender a equipa adversária através de mudanças contínuas de
orientação das ações tático-técnicas e atempadamente fazer uma ocupação
racional do espaço de jogo em função dos objetivos da equipa;
iii) Obrigar os adversários a passarem por longos períodos sem a posse da
bola, levando-os a entrar em crise de raciocínio tático e consequentemente, e
expô-los a respostas táticas erradas em função das situações de jogo;
iv) Recuperar fisicamente com o mínimo de risco.
A desvantagem do ataque consta das dificuldades apresentadas pela técnica
específica, bastante complicada, do manejo de bola, à qual se junta a necessidade
de proteção e manutenção da mesma contra ações agressivas dos defesas (para
Teodorescu, 1884, citado por Sousa, 2005). Em contrapartida, há o risco de cada
ataque terminar com a obtenção de golo.
As características específicas do processo ofensivo, segundo um modelo de jogo
identificado como mais evoluído, são descritas por Pinto e Garganta (1996), e
passam por:
António Barbosa Capítulo II
28
i) Impor o ritmo de jogo mais conveniente, procurando o golo com
objetividade e variedade na progressão;
ii) Participação de todos os jogadores, logo que se conquiste a posse da
bola, através duma mudança de atitude mental;
iii) Fazer rapidamente a transição defesa-ataque com apoio significativo;
iv) Apoio permanente ao portador da bola;
v) Coberturas de linhas de passe: em profundidade e para diferentes
corredores;
vi) Criação de linhas de passe: em profundidade e para diferentes corredores.
Queiroz (2003) divide o processo ofensivo, caraterizando três fases distintas:
primeira fase - carateriza-se pela construção de ações ofensivas por parte dos
jogadores que, ao recuperarem a posse da bola, automaticamente passam a atacar,
progredindo no terreno de jogo; segunda fase - criação de situações de finalização,
onde os jogadores procuram formas eficazes para conseguir concretizar; terceira
fase - finalização propriamente dita, onde a equipa em posse da bola procura
concretizar o objetivo fundamental do jogo: o golo.
Por sua vez, A. Silva (2004) evidencia quatro fases: início do processo ofensivo;
construção do processo ofensivo; criação/pré-finalização do processo ofensivo;
finalização do processo ofensivo.
O processo ofensivo deverá ser investigado no sentido de permitir o aumento da
criação de situações de finalização e de obtenção de golo. Será importante o
reconhecimento do ponto culminante, mas também o processo que lhe deu origem
(Basto & Garganta 1996).
António Barbosa Capítulo II
29
2.3 - Interpretações da realidade dinâmica do futebol, modelos descritos
na literatura
J. Lopes (2007), citando Castelo (2004), na teorização do conteúdo dos JDC, a
maioria dos autores privilegiam essencialmente um modelo dualista6. Na referida
relação o jogo desenvolve-se segundo um quadro de luta permanente pela posse de
bola, que se equaciona em duas fases fundamentais do jogo: o ataque (processo
ofensivo) que é determinado pela posse de bola e a defesa (processo defensivo),
que corresponde à não posse de bola.
Os comportamentos estratégicos dos jogadores distinguem-se claramente, nas
situações de ter e de não ter a bola. Ter a posse de bola implica atacar e não ter
implica defender (Bayer, 1994). Bayer (1994) define que o entendimento dualista, ou
seja o julgamento das situações e a tomada de decisão dos jogadores, depende do
fator posse/não posse de bola, o que influenciará um conjunto de interações por
parte dos demais atores do jogo.
Figura 5 - Comportamento estratégico dos jogadores (adaptado de Bayer, 1994).
6 A organização dualista define o jogo, em termos gerais, como um sistema no qual os membros do jogo são divididos em dois grupos possuindo limites rigorosamente fixos, no interior dos quais mantêm relações complexas de cooperação e diversas formas de rivalidade (desportiva) com a equipa adversária.
A Minha Equipa Tem a
Bola
A Minha Equipa Não Tem a
Bola
Ataque Defesa
Princípios do ataque
i) Conservar a bola; ii) Progressão dos jogadores até à
baliza; iii) Marcar golo na baliza
adversária.
i) Recuperar a bola; ii) Impedir a progressão dos
jogadores e da bola até à baliza;
iii) Proteger a baliza e campo próprio.
Princípios da defesa
António Barbosa Capítulo II
30
Mantendo a divisão assente na posse de bola/não posse, Castellano-Paulis (2000)
apresenta o modelo exposto na figura 6. Um conceito de segmentação do fluxo
condutural da ação do jogo de futebol, que nos parece mais adequado atendendo à
natureza dinâmica do jogo, no qual a posse/não posse de bola se revela um fator
crítico nesta dinâmica.
Para Pinheiro (2001) o primeiro passo indispensável para o processo ofensivo duma
equipa será a posse de bola. Este processo começa antes da recuperação da
mesma. Reportando-se à operacionalização do jogo, Mourinho (2003), vaticina que
a equipa e jogadores, aquando da posse de bola, além de pensar o jogo do ponto de
vista ofensivo, têm de o pensar defensivamente, acontecendo o inverso quando não
se possui a bola.
Figura 6 - Segmentação do fluxo condutor do jogo de futebol (adaptado de Castellano-Paulis, 2000).
A segmentação do fluxo condutural da ação de jogo, apresentada por Castellano-
Paulis (2000), contempla seis elementos:
i) Início da posse de bola;
ii) Desenvolvimento da posse de bola;
iii) Final da posse de bola;
iv) Início da não posse de bola;
v) Desenvolvimento da não posse de bola;
vi) Final da não posse de bola.
Deduzi-mos que nos momentos e inflexão da posse ou não posse da bola há
sobreposição de elementos da exposta segmentação.
Início da Posse
de Bola
Desenvolvimento
da posse de bola
Final da não
posse de bola
Inicio da não
posse de bola
Final da posse
de bola
Desenvolvimento da não posse de
bola
António Barbosa Capítulo II
31
Verificamos a função dinâmica da representação, dependendo do desenvolvimento
do processo em causa. Martins (2010) afirma que após o início da não posse de
bola a equipa pode recuperar imediatamente a sua posse e passar para o segmento
de início de posse de bola sem ter realizado o desenvolvimento de não posse, o
mesmo podendo acontecer para o processo ofensivo.
Por sua vez, Cervera e Malavés (2001) apresentaram uma visão unitária do
processo estratégico nos JDC não diferenciado entre os jogadores da mesma
equipa, aqueles que estão diretamente implicados no ataque e os que não estão.
Verificando-se a insuficiência na caraterização do modelo supra mencionado, estas
duas fases (ofensiva e defensiva), edificadas sob uma verdadeira oposição lógica,
são no fundo o complemento uma da outra, estando diretamente implicadas, o que
traduz que a totalidade de uma fase se encontra na totalidade da outra, criando o
modelo unitário de organização do jogo de futebol (Castelo, 1996; Suàrez, 1998). A.
Silva (2004) descreve o modelo evidenciando a preocupação em manter um balanço
que permita atacar sem com isso perder a segurança defensiva, quando se está na
posse de bola e, analogamente, defender sem no entanto perder excessivamente a
capacidade de marcar golos. Ou seja, o jogador deve ser capaz de atacar, situando-
se de forma a reagir em situação de perda de posse de bola, com eficiência,
adequando os princípios defensivos à situação. J. Lopes (2007) complementa,
afirmando que o jogador, quer possua ou não a bola, deve atacar e defender
simultaneamente, ou seja, quando uma equipa possui a bola, o jogador deverá ser
capaz de atacar mas, ao mesmo tempo, estar também situado, orientado e disposto
para que, em caso de uma previsível perda da posse de bola, possa estar em
condições de levar a cabo os princípios defensivos de uma forma eficiente.
Cervera e Malavés (2001) afirmam que em situação de não posse de bola convém
que se verifique o inverso, ou seja, o jogador deve defender mas estar preparado
para, em situação de recuperação da posse de bola, desenvolver de forma eficiente
os princípios ofensivos.
António Barbosa Capítulo II
32
Figura 7 - Modelo unitário da organização do jogo de futebol (adaptado de Cervera & Malavés, 2001).
Assim, poderemos constatar que, para os autores supra mencionado, a posse ou
não posse da bola funciona como elemento estrutural deste sistema antagónico,
essencialmente em duas fases, fase ofensiva e fase defensiva.
Todavia, outra corrente emerge para Barreira (2006), com a finalidade de estudar as
transições ofensivas, (transição defesa-ataque), desenha o modelo de organização
da dinâmica do jogo de futebol.
A minha equipa tem a
bola
A minha equipa não tem a bola
Defesa + Ataque
Ataque + Defesa
Transição para o Modelo Unitário
A minha equipa participa
Defesa + Ataque
António Barbosa Capítulo II
33
(E
qu
ilíbrio
Defe
nsiv
o)
(Eq
uilíb
rio
Ofe
nsiv
o)
Figura 8 - Modelo de organização da dinâmica do jogo de futebol (adaptado de Barreira 2006).
Assim, Barreira (2006) carateriza a dinâmica do jogo segmentado:
i) Início da posse de bola, a recuperação da posse de bola poderá derivar e
influenciar:
a. Recuperação da posse de bola direta 7 - transição 8 estado defesa-
-ataque;
b. Recuperação da posse da bola não direta - transição interfase defesa-
-ataque.
ii) Estes seguimentos poderão originar:
a. O desenvolvimento da posse de bola (estabelece-se uma relação
direta entre este fragmento e o seguinte).
iii) Final da posse de bola/perda da posse de bola.
7 Barreira (2006) A recuperação da posse da bola de modo direto, pressupõe a manutenção da fase dinâmica, ou seja, a bola tem de ser recuperada, permanecendo dentro do espaço de jogo regulamentar e não sendo cometidas infrações às leis de jogo (contra ou a favor). Não podem, ocorrer condutas indutoras da fase jogo. 8 Barreira (2006) Por fase ofensiva ou fase defensiva em transição entende-se o processo que decorre desde a recuperação/perda da posse de bola até á final dessa mesma posse/não posse, não tem lugar condutas inerentes ao critério de desenvolvimento da posse/não posse de bola. São somente observadas condutas de transição-estado defesa-ataque ou transição-estado ataque- -defesa.
Início da Posse
de Bola /RPB
Transição - interfase
Defesa - ataque
Dessenvolvimento
da posse de bola
Início da Posse
de Bola /RPB
RPB Não - Direta
RP
B -
Dire
ta
Transição – Estado Defesa - ataque
Início da Não
Posse de Bola
PPB Não - Direta
PP
B -
Direta
Transição - Estado
Ataque - Defesa
Transição - Interfase
Ataque - Defesa
Final da Não
Posse de Bola
Desenvolvimento da
não posse de bola
António Barbosa Capítulo II
34
Como consequência a equipa ficará sem a posse de bola e verificar-se-á uma
alteração processual com implicações nos seguimentos aplicáveis ao jogo.
Neste ponto pretendeu-se caraterizar diferentes conceções relativas à dinâmica do
jogo de futebol. No que diz respeito à terminologia, classificação e interpretação do
jogo, constatamos a existência de aspetos conceptuais divergentes. Partindo do
pressuposto que cada um dos autores expôs a sua verdade conceptual, tentaremos
posteriormente expor o modelo conceptual que orientou o nosso conhecimento do
jogo.
2.4 - O futebol interpretação de conceitos: fases e momentos
O entendimento do jogo sofre mutações. Há, por vezes, a queda de crenças ou
reformulação da estrutura de organização, e as formas de interpretação da dinâmica
do jogo de futebol também mudam.
Para alguns autores, as ações levadas a cabo pelos jogadores só adquirem sentido
quando efetuadas em função de três fases9 fundamentais do jogo: a posse da bola,
a posse da bola pelo adversário e a mudança de posse da bola (Kormelink &
Seeverens; Romero Cerezo, citados por Laranjeira, 2009).
Num jogo de futebol digo sempre que existem fases do jogo, de ataque e defesa,
existem momentos do jogo, que são as transições (Castelo em entrevista a
Sarmento 2012). Para J. Lopes (2007) estas fases desenvolvem-se no jogo, em
espaços bem definidos e mediante configurações espaciais de interação entre
equipas de características substancialmente diferentes, logo determinam
comportamentos e formas de atuar também diferentes.
Há uma coisa que todos nós sabemos, o momento de transição todos nós
conhecemos e conseguimos determinar no jogo, que é quando ganhamos a bola e é
feito o primeiro passe ou a primeira ação, e eu penso que esse momento termina aí,
não existe mais nada, a seguir existe o desenvolvimento do processo ofensivo. O
momento de transição, e por isso mesmo é que se chama momento de transição, e
9 Fase - cada uma das mudanças sucessivas que se notam num fenómeno natural, numa situação, Etc. (Dicionário da língua português, seleções do Reader`s Digest citado por Laranjeiro, 2009).
António Barbosa Capítulo II
35
não se chama nem etapa, nem fase, muitas das vezes chamam de fase, não é nada
disso (Castelo em entrevista a Sarmento 2012).
Oliveira (2003) complementa apoiando-se em vários autores (Frade, 1989;
Kormelink & Seeverens,1997; Mourinho, 1999; Valdano, 2001) que afirmam que o
mapeamento do jogo deve ser feito em função dos momentos10. Esta perspetiva
identifica a organização do jogo em quatro momentos: organização ofensiva;
transição defesa-ataque; organização defensiva; transição ataque-defesa. A
complexa natureza, não linear, do jogo e seus executantes, não permite que seja
programada a ordem em que esses quatro momentos irão suceder (Oliveira, 2004;
Silva, 2009). Barreira (2006), Frade (1998), Mourinho (1999), J. Oliveira (2004),
Valdano (2001), o jogo não tem apenas duas fases mas sim quatro momentos11:
momento de organização ofensiva, momento de transição ataque-defesa, momento
de organização defensiva e o momento de transição defesa-ataque. Dificilmente se
consegue antever um segmento de reta, de progressão única, pois o seu desenho
realiza-se de acordo com as respostas coletivas dos jogadores e das equipas aos
estímulos do jogo. Para J. Oliveira (2004), chamam-se momentos e (não fases) pelo
facto da ordem de apresentação ser arbitrária e não sequencial.
Assentando este jogo desportivo numa dinâmica relacional que exige uma grande
coordenação, em que são a flexibilidade e a variedade em intra e interligações
temporais que dão forma aquilo que é o jogo em cada momento (McGarry,
Anderson, Wallace, Hughes, & Franks, 2002), os diversos momentos do jogo
(ataque, defesa, transição para ataque e transição para a defesa) não podem ser
vistos como estanques em si mesmos, isto é, eles são interdependentes e, na
construção dos princípios de cada um deles, temos de ter em conta a ligação com
os restantes, sob pena de haver uma desarticulação comprometedora da qualidade
do jogo (Frade, 2004,citado por Silva 2009).
Segundo Valdano (2001), “as equipas devem saber atacar e defender. Algumas
sabem mais: fazer transições”.
10 Momento - espaço mínimo em que se divide o tempo. De um momento para o outro. Sem Demora, Logo. (Dicionário da língua portuguesa, seleções do Reader`s Digest citado por Laranjeiro, 2009). 11 A separação que se possa fazer dos diferentes momentos de jogo, apenas deve ser evidente no plano didático-metodologico para facilitar o processo de estruturação e organização do treino. Quando em treino ou em jogo essa divisão deve esbater-se e servir apenas para referencia e orientação (J. Oliveira, 2003)
António Barbosa Capítulo II
36
2.5 - O jogo e sua delimitação conceptual
O ponto requer uma sucinta explicação sobre a terminologia. Procederemos à
divisão em quatro conceitos relativos a delimitação conceptual do jogo.
Como fase defensiva considera-se um conjunto de ações que visam impedir a
ocorrência e a criação de situações de golo, condicionem o adversário a jogar em
zonas determinadas, produzam a recuperação da posse de bola. Castelo (2003)
identifica três princípios: i) opor-se à progressão do adversário; ii) recuperação da
posse de bola; iii) defesa da baliza.
Para J. Oliveira (2004) carateriza-se pelos comportamentos assumidos pela equipa
quando não tem a posse da bola com o objetivo de se organizar de forma a impedir
a equipa adversária de preparar, criar situações de golo e de marcar golo.
Fruto do desenvolvimento do conhecimento sobre a modalidade, à definição
acrescentaríamos que as ações executadas, no momento de organização defensiva
deverão, num segundo momento, induzir a criação de situações favoráveis de
recuperação da posse da bola.
A fase ofensiva está associada a ações com posse de bola, relacionadas com o
domínio do jogo, como a obtenção e a criação de situações de golo, ações de
controlo do jogo e ritmo de jogo, gestão do esforço, impedir a possibilidade de
obtenção de golo ou criação de situações de golo do adversário. J. Oliveira (2004)
define como os comportamentos que a equipa assume aquando da posse de bola
com o objetivo de preparar e criar situações ofensivas de forma a marcar golo.
As transições decorrem em períodos de tempo muito curtos. Porém, constata-se um
maior volume de jogo de transição (mais de 95%) em detrimento da finalização
(Garganta,1997 citando Gréhaigne 1989).
Barbosa e Anzano (2010), registaram a importância deste momento de transição,
quando reportam a ocorrência de 40% dos golos sofridos no processo de transição
ataque-defesa, e 60% dos golos marcados na transição defesa-ataque.
Através da revisão bibliográfica evidenciam-se dois tipos de transições: transição
ataque-defesa, aquando da perda da posse de bola; transição defesa-ataque,
aquando da recuperação da mesma.
António Barbosa Capítulo II
37
O momento de transição defesa-ataque é entendido como regulador de possíveis
tomadas de decisão individuais e coletivas relativas à organização da fase ofensiva,
conducentes à adoção de distintos métodos de jogo ofensivo e estilos de jogo
Barreira (2006). A realidade do jogo foi alterada. J. Oliveira (2004) caracteriza o
momento pelos segundos imediatos após ganhar a posse de bola. Estes segundos
são importantes porque, tal como na transição ataque-defesa, as equipas
encontram-se desorganizadas para as novas funções e o objetivo é aproveitar as
desorganizações adversárias, para proveito próprio. Verifica-se a vontade de tirar
proveito do espaço inter e entrelinhas.
Nem sempre se atinge o objetivo acima mencionado (aproveitar a desorganização
adversária), atendendo a questões táticas.
O momento de transição ataque-defesa, momento logo após a perda da posse de
bola, é o momento em que a equipa deverá produzir comportamentos de
reorganização defensiva ou pressão, de forma a recuperar a posse de bola. Estes
segundos revelam-se de particular importância uma vez que ambas se encontram
momentaneamente desorganizadas para as novas funções que têm de assumir e,
como tal, ambas devem tentar aproveitar as desorganizações adversárias.
Os momentos do jogo e sua interpretação definem o perfil de jogo da equipa. A
interpretação e aplicação de objetivos e sub-objetivos deverão ligar-se à sua
idealização, bem como a variados elementos a ter em conta (características do
grupo de trabalho, campeonato, faixa etária, entre outros). J. Oliveira (2004) afirma
que, no respeitante à inter-relação dos diferentes momentos, eles devem permitir,
em todas as circunstâncias, a identificação da singularidade do todo. Dessa forma,
independentemente da inter-relação dos elementos e da escala em que se possam
evidenciar, eles devem caraterizar e serem representativos de uma forma de jogar.
Os diferentes momentos de jogo apresentam comportamentos que podem assumir
várias escalas, J. Oliveira (2004). Uma escala individual, deverá ser descrita como
um conjunto de comportamentos que um determinado jogador, que ocupa uma
determinada função deverá reproduzir num determinado momento de jogo. Uma
escala sectorial ou grupal, representando um conjunto de comportamentos que um
António Barbosa Capítulo II
38
grupo de jogadores ou sector deverão reproduzir. Uma escala intersectorial, ações
de ligação entre diferentes sectores, (permutas, coberturas,…). Uma escala coletiva,
reporta-nos para o que o bloco coletivo deverá reproduzir. Nas escalas mencionadas
dever-se-á atender às partes de um todo. Por isso, deveremos decompor sempre a
unidade da ação derivada do todo, aos comportamentos globais.
2.6 - Métodos de jogo ofensivo
Os métodos de jogo ofensivo12 (MJO) definem a forma geral de organização das
ações dos jogadores no ataque, estabelecendo um conjunto de princípios
(subjacentes ao modelo de jogo) que visam a racionalização do processo ofensivo,
desde a recuperação de bola até à progressão/finalização e/ou manutenção da
posse da bola (Castelo, 1994, Claudino, 1993, Garganta, 1997, Luhtanen 1993,
Teodoresco, 1984).
Os métodos de jogo expressam a compreensão de um conjunto coordenado de
princípios coletivos e ações técnicas individuais, que têm por objetivo a organização
racional do ataque e da defesa, a passagem rápida de situação defensiva á situação
ofensiva e vice-versa (Castelo, 2003, 2009; Garganta, 1997; Teissie, 1969).
Pretende-se, de forma generalista, reconhecer a forma como a equipa/jogadores:
i) Ocupam o terreno de jogo e nele se movimentam;
ii) Gerem o tempo de jogo, impondo o ritmo ou adaptando-se ao adversário;
iii) Coordenam as tarefas nas ações individuais, de grupo e coletivas.
O conceito subjacente, métodos de jogo ofensivo, pretende identificar a organização
das ações dos jogadores na fase ofensiva. O propósito está em concretizar um
conjunto de princípios implícitos no modelo de jogo da equipa, que pretendem
garantir a racionalização do processo ofensivo, desde a recuperação da bola até á
progressão/finalização e/ou manutenção de posse de bola (Castelo, 1994, Garganta,
1997, Teodurescu, 1984). Assim os métodos de jogos ofensivos deverão derivar do
12 Segundo Garganta (1997), os métodos de jogo (MJ) compreendem um conjunto coordenado de princípios de dispositivos e de ações técnicas individuais, que tem por objetivo a organização racional do ataque e da defesa, a passagem rápida de situação defensiva á situação ofensiva e vice-versa.
António Barbosa Capítulo II
39
modelo com origem flexível, ajustável a uma realidade que deverá ser analisada de
forma comum pelos diferentes elementos da equipa.
Castelo (1996) evidencia os pressupostos essenciais em que qualquer método de
jogo ofensivo assenta, que são: o equilíbrio ofensivo; a velocidade de transição das
atitudes e comportamentos táticos-técnicos individuais e coletivos da fase defensiva
para a fase ofensiva, assim como do centro de jogo (zona de recuperação da posse
da bola até zonas predominantes de finalização); o relançamento do processo
ofensivo; os deslocamentos ofensivos em largura e profundidade; e a circulação
tática.
Importa adicionar a esta descrição o conhecimento coletivo de padrões
comportamentais teórico/práticos coletivos, que permitem a dinâmica de permutas e
evidenciem a fluidez de processos.
Castelo (1996, 2003) decompõem a finalidade dos diferentes métodos:
i) A criação de condições mais favoráveis, em termos de tempo, de espaço
e de número, para a concretização dos objetivos do ataque ou dos objetivos
táticos momentâneos da equipa, levando consequentemente o adversário a
errar;
ii) A contínua instabilidade da organização da defesa, em qualquer das
fases do processo ofensivo;
iii) A execução da maior parte das ações técnico-táticas individuais e
coletivas, em direção á baliza adversária ou para as zonas vitais do terreno de
jogo.
Acreditamos que, subjacente à descrição do autor, está implícito o domínio da noção
de ritmo rápido ou alternância de ritmo, juntamente com a capacidade de
condicionar os comportamentos defensivos.
A escolha de um método de jogo ofensivo é espelhada na seleção de ações
adequadas, atendendo à variabilidade existente no jogo. As equipas que se
encontram em fase ofensiva deverão coletivamente interpretar, selecionar e produzir
as ações com a finalidade de levar a cabo o MJO, através da assunção de atitudes
individuais e coletivas que melhor se coadunam à realidade momentânea do jogo.
Segundo Castelo (1994) e Garganta (1997, 2009) existem três MJO fundamentais:
contra-ataque, ataque rápido e ataque posicional.
António Barbosa Capítulo II
40
2.6.1 - O contra-ataque
Verifica-se a sua origem, ou utilização de forma recorrente, nos anos 60. À equipa
do Inter de Milão, atribui-se a sua utilização com sucesso. Constatamos a produção
de vários estudos sobre o MJO. Carateriza-se por uma ação tática, em que uma
equipa, logo após ter conquistado a posse de bola, procura chegar o mais
rapidamente possível à baliza adversária, sem que o oponente tenha tempo para se
organizar defensivamente (Ramos, 1982, citado por Garganta, 1997).
Para Araújo e Garganta (2002), define-se pelo reduzido tempo da fase de
construção do processo ofensivo, conseguido à custa do elevado ritmo de circulação
da bola e dos jogadores, objetivando-se o mais rapidamente possível a finalização,
procurando o momentâneo desequilíbrio defensivo da equipa adversária.
Castelo (2004), carateriza o contra-ataque, recorrendo aos seguintes elementos:
i) Rápida transição das atitudes e comportamentos tático técnicos
individuais e coletivos, da fase defensiva para a fase ofensiva do jogo, logo
após a recuperação da posse de bola;
ii) Elevada velocidade da transição da zona do campo onde se recuperou a
posse da bola, até as zonas predominantes de finalização, diminuindo assim o
tempo da fase de construção do processo ofensivo;
iii) Máxima (a mais elevada) cadência – ritmo de circulação da bola e dos
jogadores que intervêm diretamente sobre a bola executando comportamentos
tático-técnicos fundamentalmente pelo lado do risco, isto é, procurando
constantemente situações de rotura da organização defensiva;
iv) Execução de respostas tático-técnicas em condições favoráveis em
termos de espaço, cuja direção tem como alvo a baliza adversária;
v) Impedir a equipa adversária, devido à velocidade deste método ofensivo,
em dispor de tempo necessário para evoluir para uma organização mais
estável e coesa do seu método defensivo;
vi) Criar constantemente condições para utilizar os jogadores melhores
posicionados e que respondam de forma eficaz às solicitações deste método;
vii) Obrigar a aplicação de métodos defensivos, em que os jogadores se
posicionam e se concentram muito perto da sua grande área. Esta ação
provoca a equipa adversária quando em posse de bola em processo ofensivo,
uma falsa sensação de domínio de jogo, levando os jogadores a subir no
António Barbosa Capítulo II
41
terreno para colmatar o desequilíbrio existente e a recrutar um maior número
de jogadores para cumprirem o objetivo do ataque. Como consequência desta
ação criam-se grandes espaços de jogo entre a última linha defensiva e a
baliza, espaços esses que deverão ser posteriormente utilizados para a
aplicação eficaz do método de jogo ofensivo em questão.
Parece-nos evidente que a utilização do MJO pelas equipas, em determinados
momentos do jogo, ou como principal MJO de um determinado período de jogo,
evidencia razões que se podem considerar favoráveis ou desfavoráveis. Para
Garganta (1997); Castelo (2004,2009), os aspetos favoráveis são:
i) Criar instabilidade na equipa adversária, provocada pela rápida transição
defesa-ataque;
ii) Criar alto grau de insegurança nos jogadores adversários;
iii) Provocar um elevado desgaste tático-técnico, físico e principalmente
psicológico nos adversários que têm como função marcar os atacantes que
executam o contra-ataque;
iv) Aumentar as dificuldades de marcação dado que, a maioria dos
deslocamentos ofensivos, são feitos de trás para a frente da linha da bola;
v) Potenciar a capacidade criativa e de iniciativa dos jogadores;
vi) Diminuir a capacidade de sofrer um contra-ataque, ou seja, quem utiliza
este método parece ter poucas probabilidades de sofrer um contragolpe (uma
ação idêntica) pelo adversário;
vii) Aproveitar jogadores velozes e criativos.
Por outro lado, observando os aspetos negativos, Bauer e Ueberle (1998) e Castelo
(2009) descreveram:
i) Devido à velocidade do contra-ataque há a possibilidade de se perder
rapidamente a posse da bola;
ii) Este método baseia-se fundamentalmente nas situações 1x1, 1x2, 2x2;
iii) A organização ofensiva torna-se menos coesa e permeável por não existir
coberturas mútuas entre vários jogadores;
iv) Existe um rápido desgaste físico e psicológico dos jogadores sobre quem
recai a responsabilidade de construção do contra-ataque;
v) Implica a utilização dos métodos ofensivos em que existe uma grande
concentração de jogadores perto da baliza;
António Barbosa Capítulo II
42
vi) Há necessidade de jogadores com grande espirito de sacrifício e de
entreajuda.
O estudo por nós levado a cabo considerou a caraterização do MJO, recorrendo à
caraterização realizada por Sarmento (2012) citando (Castelo, 1994, 1996, 2003,
2009; Teissie, 1969). Assim, analisamos e consideramos o MJO, contra-ataque,
quando o PO agrupava todos estes elementos:
i) Tipos de passe utilizam-se sobretudo passes longos em profundidade;
ii) A circulação da bola realiza-se mais em profundidade do que em largura;
iii) O número reduzido de passes (igual ou inferior a 5);
iv) Tempo de realização do ataque: rápida transição da zona de conquista da
bola para a zona de finalização;
v) Tempo reduzido de realização de ataque (inferior a 12 segundos);
vi) Número de jogadores que contactam a bola: número reduzido de
jogadores que intervêm diretamente sobre a bola (igual ou inferior a 4).
2.6.2 - O ataque rápido
Para a caraterização do MJO, ataque rápido, deveremos realçar a proximidade das
características entre o contra-ataque e o ataque rápido, especialmente no que diz
respeito á rápida transição da zona de recuperação da posse da bola para as zonas
predominantes de finalização, com uma preparação mais demorada e laboriosa da
etapa de criação de finalização. A diferença está no facto de o contra-ataque
procurar assegurar as condições mais favoráveis para preparar a fase de finalização
antes da defesa contrária se organizar de forma efetiva. Por sua vez, no ataque
rápido, a fase de finalização desenvolve-se com a equipa adversária organizada no
seu método de jogo defensivo Castelo (1992, 2003, 2009).
Para a catalogação dos PO, que se enquadram no MJO ataque rápido, atendemos a
(Castelo, 1992, 1994, 2003, 2009; Teissie, 1969, citados por Sarmento, 2012):
i) Tipo de passe - a circulação da bola acontece em largura e profundidade
com passes curtos e rápidos;
ii) Número de passes - número reduzido de passes (máximo 7);
iii) Tempo de realização do ataque - tempo de realização de ataque não
ultrapassa os 18 segundos;
António Barbosa Capítulo II
43
iv) Número de jogadores que contactam a bola - intervenção máxima de 6
jogadores sobre a bola;
Castelo (2003, 2009) sublinha que este método de jogo ofensivo apresenta as
mesmas desvantagens do que as descritas relativamente ao contra-ataque.
Castelo (2004) afirma que é o MJO mais utilizado, o que evidencia claramente a
tentativa constante e permanente de se transportar rapidamente o centro de jogo
para espaços próximos da baliza.
2.6.3 - O ataque posicional
Este método de jogo ofensivo carateriza-se por uma fase de construção mais
demorada e elaborada, na qual a transição defesa-ataque se processa com
predominância dos passes curtos, desmarcações de apoio e coberturas ofensivas
(Garganta, 1997; citado por Sarmento, 2012).
Para Castelo (1996), quando as equipas utilizam este método ofensivo deverão:
i) Jogar em bloco compacto;
ii) Realizar ações de cobertura ofensiva constantes, especialmente aos
jogadores que intervém diretamente sobre a bola.
Subentende-se que o processo de construção tem um grau de elaboração superior
aos MJO anteriormente descritos. Entendemos, pela estruturação dinâmica do jogo,
que se os princípios elementares para a manutenção da posse de bola forem
aplicados às equipas, excetuando um jogo predominantemente de segurança, estas
terão uma possibilidade menor de perda da posse de bola inversamente
proporcional à capacidade de romper as estruturas defensivas adversária.
Verificamos que o ataque posicional deverá ser utilizado quando a equipa adversária
se encontra equilibrada defensivamente (entre outras utilizações de incidência
tática), promovendo a progressão da bola, pelo terreno de jogo, devendo com isto a
equipa evitar a perda da posse de bola de forma desequilibrada. É fundamental a
adoção de comportamentos tácito técnicos coletivos e individuais que promovam o
equilíbrio ofensivo durante todos os MJO descritos mas principalmente no ataque
posicional, tendo em conta o espaço inter e entre linhas.
António Barbosa Capítulo II
44
No desenvolvimento do processo ofensivo, se o adversário se encontra equilibrado
defensivamente, deve utilizar-se como principal método de jogo ofensivo (Sousa,
2005).
(Garganta,1997, Low, Taylor & Wiliams, 2002) indicam uma relação entre o sucesso
desportivo e a capacidade de manutenção da posse de bola, através de um jogo
indireto, com vários jogadores a contactarem a bola e simultaneamente a progredir
no terreno.
O desenvolvimento do processo ofensivo mediante o recurso a este método de jogo
apresenta os seguintes aspetos favoráveis (Castelo, 2003, 2009, citados por
Sarmento, 2012):
i) Evitar perdas extemporâneas da posse da bola;
ii) Distribuição equilibrada de todos os jogadores da equipa;
iii) Criação de condições de superioridade numérica;
iv) Desenvolvimento da possibilidade de os adversários entrarem em crise de
raciocínio tático.
Sarmento (2012) citando (Castelo, 2003, 2009) define como aspetos desfavoráveis:
i) A possibilidade de os adversários se organizarem convenientemente;
ii) A obrigação de os atacantes lerem constantemente as situações de jogo;
iii) O reequilíbrio constante da organização da equipa;
iv) A parca utilização das decisões e ações de risco;
v) O reduzido número de mudanças do ângulo de ataque;
vi) A mobilização de um grande número de jogadores durante o processo
ofensivo.
Nos estudos por nós realizados, caraterizamos o ataque posicional atendendo a
Sarmento (2012) citando (Castelo, 1992, 1994, 2003, 2009; Teissie, 1969):
i) Tipo de passe - circulação da bola acontece mais em largura do que em
profundidade com passes curtos;
ii) Número de passes - elevado (superior a 7);
iii) Tempo de realização do ataque - elevado (superior a 18 segundos);
iv) Número de jogadores que contactam a bola - intervêm, normalmente, mais
de 6 jogadores sobre a bola.
António Barbosa Capítulo II
45
2.7 - Observação e análise do jogo
2.7.1 - Enquadramento histórico
Em termos históricos, a observação e recolha de dados passou por diversas etapas:
desde a recolha direta da técnica “papel e lápis”, até à utilização de meios
informáticos combinados, gravados com computadores (Garganta, 1997;
Grosgeorge, 1990).
Para Garganta (2001), é possível estabelecer uma cronologia relativa ao
desenvolvimento de tais métodos de análise:
i) Notação manual com recurso à designada técnica de papel e lápis (Reep
& Benjamin, 1968).
ii) Combinação de notação manual com relato oral para dictafone (Reilly &
Thomas, 1976).
iii) Utilização do computador à posteriori da observação, para registo,
armazenamento e tratamento dos dados (Ali, 1988, citado por Garganta 2001).
iv) Utilização do computador para registo dos dados em simultâneo com a
observação, em direto ou em diferido (Dufour, 1989).
v) Introdução de dados no computador através do reconhecimento de
categorias veiculadas pela voz (voice-over); é um sistema que tem vindo a ser
desenvolvido (Taylor & Hughes, 1988 citado por Garganta 2001) e que,
segundo Hughes (1993), no futuro poderá facilitar a recolha de dados, mesmo
a não especialistas. A utilização do CD-Rom, para aumentar a capacidade de
memória para armazenamento dos dados, é outra das possibilidades a explorar
(Hughes, 1996).
vi) Um outro sistema que se conhece dá pelo nome de AMISCO e permite
digitalizar semi-automaticamente as ações realizadas pelos jogadores e pelas
equipas, seguindo o jogo em tempo real e visualizando todo o terreno de jogo.
Com base na utilização de 8, 10 ou 12 câmaras fixas, é possível monitorizar e
registar toda a atividade dos jogadores.
Garganta (2000), verificou sistemas de observação e registo pouco eficazes,
significando que não é suficiente o recurso a meios sofisticados quando a
quantidade dos dados não garante por si só o acesso a informação útil.
Na análise do jogo, primeiro “encontram-se” as categorias e os indicadores e só
depois se procura as suas formas de expressão no jogo Garganta (2000). É comum
António Barbosa Capítulo II
46
verificarmos a utilização de instrumentos de análise e observação, pelos treinadores
ou equipas técnicas, criados por si, onde registam a frequência ou número de
ocorrências durante o jogo, como número de golos, remates, cruzamentos, entre
muitos outros elementos, baseando-se no resultado da performance, em detrimento
dos aspetos da performance que permitiram obter os resultados.
Garganta (2000), estabeleceu o paralelismo, exposto na figura 9, entre a análise
quantitativa e a análise qualitativa.
Figura 9 - Evolução do processo de análise do jogo em futebol, da dimensão quantitativa à dimensão qualitativa (adaptado de Garganta, 2000).
A evolução e análise das prestações dos jogadores e das equipas constituem uma
fonte de informação essencial para os treinadores (Grosegeorge, 1990 citado por
Lopes 2007). Se o treinador for capaz de desenvolver um procedimento de
observação sistemático, menos subjetivo e centrado em certa informação referente
ao jogo, evitará, quiçá, um grande número de conflitos entre os jogadores e entre
jogadores e treinadores, que surgem da confusão, más interpretações e perceções
que cada um teve do jogo (Lopes 2007).
Parece vital a observação e posterior análise da equipa em treino, mas
principalmente em competição. Com a observação e posterior análise, como fator
genérico, deveremos procurar aprofundar os conhecimentos do jogo, buscando
Quantitativa Qualitativa
Jogador Equipa
Produto (golos) Organização
Dados avulso Análise de sequencia
Ações técnicas Unidades
táticas
Análise do jogo
António Barbosa Capítulo II
47
elementos de mudança que poderão induzir novos padrões comportamentais mas,
cada análise deverá ser potenciada pelo conhecimento de pontos fortes e fracos e
formas de aproveitamento ou proteção desses mesmos pontos.
Para Franks e Goodman (1986), McGarry e Franks (1996), a consequência mais
visível desta evolução pode ser constatada por:
i) Um aumento qualitativo no conhecimento da organização do jogo e dos
fatores que concorrem para o sucesso desportivo que proporcionaram;
ii) Maior eficácia na construção de métodos de treino mais eficazes e
estratégias de trabalho mais profícuas;
iii) Uma análise mais fiel às tendências evolutivas.
A observação e análise têm sido utilizadas com intuito científico, recorrendo a uma
metodologia adequada para esse fim. Para atingir o patamar científico, Anguera
(1997) define quatro aspetos que a caracteriza como técnica científica:
i) Servir um objeto já formulado de investigação;
ii) Ser planeada sistematicamente;
iii) Ser controlada e relacionada com proposições mais gerais em vez de ser
apresentada como uma série de curiosidades interessantes;
iv) Estar sujeita a comprovações de validade e fiabilidade.
2.7.2 - Dicotomia conceptual de ações complementares. Implicações relativas
ao jogo de futebol
Pensamos que o ser humano considerou e utilizou a observação13 como forma de
detenção do conhecimento. Para Moutinho (1993), observar é olhar com atenção,
reparar e perceber. Pino Ortegas e Contreras (2000), citado por J. Lopes (2007),
afirmam que a observação é o ponto de partida para qualquer ciência, para
elaboração dos critérios sobre diferentes aspetos que estão integrados na atividade
desportiva. Siguan, citado por Anguera (1997), refere que a observação requer rigor
e honestidade intelectual, requer por conseguinte paciência e constância, e requer
um certo treino, ou melhor, uma larga experiência. Vale destacar ainda que supõe
uma certa paixão por entender a conduta alheia, uma certa capacidade de
13 Para Anguera (1990), observar (O) depende da interação de três elementos fundamentais: 1- perceção (P); 2 – interpretação (I); 3 – conhecimento prévio (CP). Uma vez que nenhuma observação poderá ser considerada perfeita, devido a distorções (D) introduzidas pelos própios observadores e pelo procedimentos, ou seja: O=P+I+CP -D.
António Barbosa Capítulo II
48
introspeção. Aceitamos plenamente este pensamento já que toda a observação é
sempre em alguma medida interpretativa, ao fazê-la construímos um juízo de valor
sobre o objeto observado.
Garganta (2000) afirma que a análise do jogo é entendida como estudo a partir da
observação da atividade dos jogadores e das equipas. A teoria sobre o
comportamento deverá derivar da observação da realidade estabelecendo,
posteriormente, a articulação entre teoria e prática. A globalização elevou o futebol à
qualidade de modalidade observada em todo o mundo, onde milhões de pessoas, de
diferentes estados de conhecimentos, produzem opiniões sobre os factos
determinantes para o sucesso num jogo de futebol. Sarmento (2012) evidencia a
importância da observação e análise do jogo, quando conclui que os treinadores
desenvolvem estratégia para incrementar a eficiência dos procedimentos que
permitem a recolha de toda a informação que consideram importante.
Bacconi e Marella (1995) consideram a observação do jogo como o processo de
recolha e coleção de dados, feita diretamente, enquanto análise do jogo diz respeito
à recolha e coleção de dados em tempo diferido. Os autores continuam a dizer que a
observação do jogo é suscetível ao cometimento de erros, que podem ser corrigidos
através da análise do mesmo. Ambas ajudam a diferentes fases do mesmo processo
- em primeiro lugar observa-se para registar as informações consideradas
importantes e em segundo analisa-se, considerando-se que a análise engloba já a
observação, a notação dos dados e a sua interpretação (Hughes, 1996).
A enorme imprevisibilidade, característica do jogo de futebol, reúne uma
superabundância de relações entre colegas e adversários, ocasionando o aumento
do número de variáveis a ter em consideração e uma consequente complexidade de
ações (Mesquita, 2000). Parece-nos fundamental a observação e análise
aproximarem-se da essência do jogo, não subdividindo, acreditando que as partes
têm valor muito reduzido, quando comparadas com o todo.
Junto da comunidade científica, intensifica-se a importância do processo de
intervenção reflexivo e metodologicamente organizado para a análise competitiva do
jogo (Bate, 1988; Castelo 1994; Garganta, 1999; Harris & Reilly, 1988). O
profissionalismo que se exige à maioria dos treinadores nos processos de
António Barbosa Capítulo II
49
preparação dos jogadores e das equipas não se coaduna com os esforços para
analisar e recordar objetivamente os acontecimentos ocorridos nas competições
Hughes (1993). Como evidência a ter em conta, mesmo os treinadores mais
experientes apenas conseguem reter uma imagem restrita dos detalhes que ocorrem
durante o jogo (Bangsbo & Peitersen, 2003; Franks & Goodman, 1984; Reelly,
1994). Estudos concretizados no âmbito do futebol revelam que alguns treinadores,
quando solicitados a descrever os acontecimentos ocorridos em 45 minutos de jogo,
obtiveram valores inferiores a 45% de respostas certas (Franks & Miller, 1986, citado
por Garganta 2001). A informação retida após a realização de uma partida de futebol
é limitada e influenciada por apreciações subjetivas provenientes e baseadas,
algumas vezes, em laços afetivos e emoções (Franks & McGarry, 1996).
J. Silva (2008), citando (Grosgeorge, 1990; Pontes, 1983; Garganta, 1996, 1997,
2000), refere que a observação e respetiva análise do comportamento dos jogadores
e das equipas são ainda pertinentes e preponderantes para a organização e
avaliação dos processos de ensino e treino nos JDC sendo determinantes no
futebol. Num contexto mais limitativo, a observação e análise do jogo possibilitam a
regular aprendizagem ao treino do futebolista (Garganta, 1997, 1998; Grosgeorge,
1990; Pontes, 1983), ou seja, da estrutura de rendimento de uma equipa (J. Oliveira,
1991), no que se refere aos factos que concorrem para o sucesso desportivo
(Garganta 1995). Entendemos a observação e posterior análise como um processo
que caminha sobre carris, definidos através da aplicação de um instrumento,
seguindo uma determinada técnica. O trabalho desenvolvido permitirá obter
informação que deverá ter repercussões sobre o treino e, consequentemente, sobre
o fluxo de jogo (figura 17), visando a melhoria do desempenho pretendido, seja
individualmente, por sectores ou de toda a equipa.
Garganta (2001), refere que a análise do jogo constitui uma forma de treinadores e
investigadores acederem à informação para daí retirarem benefícios que lhes
permitam:
i) Aumentar os conhecimentos acerca do jogo;
ii) Melhorar a qualidade de prestação dos jogadores e das equipas,
modelando as situações de treino na procura da eficiência competitiva.
António Barbosa Capítulo II
50
O estado de desenvolvimento tecnológico, permite adicionar uma premissa: o
reconhecimento, em tempo real, dos eventos ocorridos durante o jogo e, com isto,
potenciar o método de jogo, durante o próprio jogo.
Pela análise do jogo, os treinadores têm sentido alguma dificuldade em obter dados
interpretáveis para a construção de uma nova visão sobre o jogo, preponderando a
subjetividade que é própria da observação dum treinador (Caldeira, 2001). O
treinador sabe olhar para o jogo mas o investigador, ao ser capaz de utilizar
instrumentos de leitura, “óculos graduados”, permite ao treinador, através das suas
observações cuidadosas, rigorosas e mais objetivas, aperfeiçoar e aprofundar o seu
olhar que já é especializado (J. Silva, 1998). Contudo, com o aumento das
exigências advindas de vários sectores, económico, social e cultural, urge a
necessidade de informações concretas, a que os treinadores possam recorrer para
melhorar as suas equipas. Deste modo, na observação desportiva, professores e
treinadores têm de aprofundar o conhecimento adquirido através da experiência e
investir tempo a observar metodologicamente os jogos e os jogadores (Mombaerts,
1991).
A análise do jogo, realizada a partir da observação da prestação dos jogadores e
das equipas, tem-se constituído como um importante meio para aceder ao
conhecimento do jogo e dos fatores que concorrem para a sua qualidade, quer no
que concerne às exigências físicas quer no que respeita à expressão tática e técnica
necessárias à participação em jogo (J. Lopes, 2007). Da revisão literária verificamos
haver poucos estudos centrados na vertente tática e na tomada de decisão como
seu enfoque (Barreira, 2006; Castelão, 2010; Castellano-Paulis, 2000; J. Lopes,
2007; Laranjeira, 2009; Sarmento, 2012; Silva, 2004).
Para Garganta (1998), os fatores táticos são de fundamental importância para o
desenho das equipas nos jogos, pois as respostas escolhidas para a resolução dos
problemas inerentes ao jogo estão condicionadas ao entendimento e conhecimento
que os jogadores apresentam a respeito do mesmo. Como tal, verifica-se um
engrandecimento da importância atribuída, quer por treinadores quer por
investigadores, satisfazendo os diversos défices de conhecimento, défices inerentes
ao processo, aumentando o conhecimento relativo à lógica do jogo.
António Barbosa Capítulo II
51
Garganta (1997), os vários estudos que se enquadram no âmbito da análise técnico-
tática abarcaram aspetos resultantes do número de elementos a observar, da
enorme variabilidade de comportamentos e ações que ocorrem e dos complexos e
variados critérios existentes para os identificar e definir. Gréhaigne et al., (1997)
constatam a complexidade inerente à avaliação de cada jogador nos JDC, referindo
o seguinte:
i) Os elementos intervenientes no jogo, que interagem entre si nas relações
de cooperação e de oposição, são numerosos;
ii) A harmonia da força dos jogadores pode variar de acordo com as
diferentes situações de oposição ou mesmo até durante uma determinada
situação;
iii) Os elementos de uma equipa são interdependentes;
iv) Um único jogador deve ser avaliado simultaneamente com a equipa, para
que haja coerência na análise.
Por sua vez Garganta (1999) evidencia a sua dificuldade através de três pontos:
i) Elevado número de elementos a observar;
ii) Variabilidade de comportamentos e ações durante um encontro
desportivo;
iii) Multiplicidade de critérios assumidos na definição e identificação dos
elementos foco da observação.
Assim as limitações encontradas e que têm dificultado o estudo criterioso do jogo,
baseiam-se fundamentalmente na clarificação da categoria de observação; na
elaboração de uma metodologia ajustada; e ainda na observação do jogo e
construção de instrumentos operativos, antes de explanar o quadro conceptual em
que se fundamentam (Garganta, 1996; Pinto & Garganta, 1989).
Adicionando as limitações sediadas na origem do problema, o jogo, Garganta
(1998), alerta que "não se pode dizer que exista uma só análise do jogo, mas tantas
quantas as filosofias subjacentes às concepções dos observadores". Esta
constatação está consubstanciada em outras (Hughes, 2001) e implica que o
observador acaba por explicitar a concepção que ele próprio tem do fenómeno,
sobre a observação que pretende realizar.
António Barbosa Capítulo II
52
2.7.3 - Observação, processo que sustenta a análise
A ciência começa pela observação (Anguera, 1997; Garganta, 1997; Greco, Ferreira
Filho & Vieira, 2000). Entretanto, a observação só se torna verdadeiramente
científica quando requer um estado de atenção constante e parte de pressupostos
expressos e claros.
Para Kapesidis e Gronbach (2001) citado por J. Lopes (2007), os treinadores
utilizam a observação no desporto de duas maneiras:
i) Autoavaliação (analisar a performance da sua equipa durante um treino ou
competição, com o objetivo de desenvolver as suas habilidades);
ii) Avaliação do adversário (a performance de uma equipa em competição
pode ser analisada com o objetivo de desenvolver uma tática efetiva contra o
adversário).
J. Oliveira (1991) considera cinco domínios para a análise do jogo:
i) Análise dos resultados - na qual se podem comparar vencedores e
vencidos e estudar a evolução dos resultado no decurso do jogo;
ii) Análise das prestações - através da qual se estudam os fatores
relacionados com o rendimento, nomeadamente as capacidades motoras e
técnicas e as qualidades psicológicas;
iii) Análise das cargas - onde são estudados os efeitos das cargas no
organismo;
iv) Análise das condições de competição - onde se estudam todos os aspetos
materiais, de infraestruturas, dos comportamentos do público e dos
regulamentos;
v) Análise dos comportamentos - estudo das estratégias e das ações
técnico-táticas utilizadas.
Para Moutinho (1993), a observação é entendida como um processo que assenta na
recolha de informação sobre o objeto-alvo ou situação, em função do objetivo
organizador, tendo em conta o seu valor funcional, o seu comportamento, os
elementos constituintes, as inter-relações que se estabelecem e o envolvimento das
suas manifestações, para tornar possível a descrição e a análise.
António Barbosa Capítulo II
53
Garganta (2001) identifica quatro tendências no que diz respeito à evolução do
processo de análise do jogo:
i) Categorias de observação, a distintos níveis de análise, focados na
atividade física dos jogadores nomeadamente, distâncias percorridas;
ii) Análise do tempo-movimento, procurando identificar detalhadamente o
número, tipo e frequência das tarefas motoras realizadas pelos jogadores ao
longo do jogo;
iii) A análise das habilidades técnicas constituiu-se como outra categoria na
análise do jogo, mas com maior incidência na dimensão quantitativa;
iv) Análise dos comportamento no jogo, identificando padrões de jogo,
revelados pelos jogadores e pelas equipas no quadro das ações coletivas.
Para Garganta (2001) esta última tendência diverge por três linhas preferenciais:
i) Reunir e caraterizar blocos quantitativos de dados;
ii) Centrar a análise na dimensão qualitativa dos comportamentos,
funcionando o aspeto quantitativo como suporte à caraterização das ações, de
acordo com a efetividade destas no jogo;
iii) Modelar o jogo a partir da observação de variáveis técnicas e da análise
da sua covariação.
Reconhecemos que o jogo é influenciado em grande medida pela aleatoriedade, que
carateriza em parte as interações que decorrem, dissociando-se de fatores como
sorte ou azar. As equipas, enquanto sistema auto-organizado, demonstram uma
ordem que parece irromper do ruído e imprevisibilidade envolvente (Lopes 2007).
Aceitamos que as ações produzidas pela equipa, deverão ser entendidas como
regras de funcionamento, advindas de noções modelares de jogo, de onde poderá e
será aferida a coerência das ações que assim evidenciam a lógica de
funcionamento. Para Garganta (2000) a maior ou menor adequação de uma
determinada ação decorre do contexto que suscita.
No contexto da análise sistemática 14 , torna-se fundamental a adequação dos
propósitos de observação aos objetivos pretendidos. Nas diferentes situações que
14 Para Garganta (1997) a análise sistemática constitui-se num processo que capta e regista fenómenos que não existem senão na sequência de relações particulares que são percebidas a partir de determinado modelo de entendimento ou grelha de descodificação.
António Barbosa Capítulo II
54
se produzem no jogo, podem-se observar diferentes meios, dependendo do número
de jogadores implicados (Pino Ortega & Contreras, 2000) (ver figura 10).
Figura 10 - Diferentes situações que se produzem no jogo (adaptado de Ortega & Contreras, 2000).
Por sua vez, segundo Moreno (1994), há três metodologias diferentes de se realizar
a análise da estrutura funcional nos JDC:
i) Análise da técnica/tática;
ii) Análise do ataque/defesa;
iii) Análise da cooperação/oposição.
Na análise do jogo procuraremos estudar o comportamento de jogadores,
considerados enquanto unidades, mas constituintes da equipa. Equipa, como grupo
de indivíduos que atuam de forma concertada tendo em vista um objetivo comum
(Anguera, Blanco-Villaseñor & Losada-López, 2001; Anguera & Blanco-Villaseñor,
2003; Losada-López, 2007).
2.7.4 - Enquadramento processual, observação e análise da performance,
como elemento inserido no processo de treino
Características gerais, para a execução de um modelo de jogo mais evoluído:
i) Adotar uma atitude de agressividade permanente;
ii) Provocar e aproveitar os erros do adversário;
iii) Provocar e tirar partido de mudanças bruscas do ritmo do jogo (Pinto &
Garganta,1996).
Com esse propósito, pensamos que a utilização de forma metódica da observação,
será um elemento regulador do processo.
Tática de Equipa
Tática Grupal
Técnico/tático
Individual
António Barbosa Capítulo II
55
Robertson, (2000), afirma que os treinadores, até atingirem os seus objetivos com a
observação (obterem dados que lhes permitam melhorar os níveis do treino e as
performances), devem seguir os seguintes passos (ver figura 11):
i) Observar. É certo que a observação no desporto assume uma enorme
importância, se realizada com objetividade, rigor e eficácia processual (Leitão &
Campaniço, 2009). Assim sendo, considera-se que a observação baseada no
conhecimento e experiência pode trazer alguns problemas e algumas
limitações humanas: a memória; observação distorcida; faltas de atenção;
expectativas pessoais;
ii) Analisar. Depois de ter a informação podemos começar a analisar. Na fase
de análise, o treinador tem que identificar o que aconteceu e como aconteceu.
Com a análise recolhemos dados que vão ser importantes para a avaliação da
performance;
iii) Avaliar. Com as informações e a análise, os treinadores vão refletir e retirar
conclusões, verificando se as suas categorias estão corretas. Com esta
evolução ou diagnóstico, retiram dados para futuros desenvolvimentos,
decidem o que alterar, como alterar bem como promover as alterações através
do processo de treino. A avaliação é o último ponto na interpretação da
informação no contexto dos planos de treino;
iv) Utilizar a informação de reforço ou Feedback. Depois de ter os resultados,
os feedbacks do treinador podem ser ajustados à performance – o vídeo pode
ser muito importante neste tipo de análise;
v) Planificar. Uma última etapa na análise da performance é a implementação
de um plano de ação. Um planeamento cuidado é essencial para promover
alterações.
No planeamento, quando observam e analisam, os treinadores devem ter em conta:
i) Como se aplica o plano de ação nos treinos ou na competição;
ii) Que tipo de informação, obtida por observação, é apropriada para o
processo de aprendizagem;
iii) Que tipo de feedback deve ser dado para melhorar a performance.
António Barbosa Capítulo II
56
Figura 11 - Processo de análise da performance (adaptado de Robertson, 2000).
Por sua vez Garganta (1998), descreve outro processo de organização da
informação. Descrevendo o que entende como correto caminho para potenciar a
observação e análise do jogo (ver figura 12).
Figura 12 - Interação do processo de análise do jogo com o treino e a performance (adaptado de Garganta, 1998).
Observação
Treino ou competição
Análise
Antes durante e depois
da performance
Avaliação
Envolve interpretação e
tomada de decisão
Feedback
Deve ser apropriado correto e
positivo
Planeamento
Baseado nas informações
recolhidas
Análise do Jogo
Observação
Registo
Tratamento
Interpretação
Planeamento
Treino Desempenho no
jogo
António Barbosa Capítulo II
57
2.7.5 - A competição. Os jogos dentro do jogo de futebol. Observação e análise
da competição
A competição constitui uma interessante fonte de aprendizagem do comportamento
humano (Contreras & Ortega, 2000) e, assumido que jogar é um modelo de
comportamento humano que pode ser aplicado à teoria e à prática, considera-se
haver condições para daqui se constituir uma plataforma de investigação.
O estudo do comportamento dos jogadores e das equipas em competição permite-
-nos, então, por extrapolação, representar modelos da atividade dos jogadores e das
equipas. Tais modelos possibilitarão entender quais são os mais e os menos
eficazes, ajudarão a definir estratégias de trabalho mais vantajosas e a indicar
tendências evolutivas da modalidade em questão (Czerwinsky, 1995; Teodorescu,
1984, citado por Santos, 2006).
A análise do jogo traduz-se em informação valiosa que pode ser transmitida para o
treino e para a regulação da prestação competitiva, sendo possível, a partir daí,
otimizar os comportamentos dos jogadores e das equipas na competição. Entende-
se o processo de observação e posterior análise como um meio, que por si só não
tem capacidade de gerar benefício (Garganta, 1998). Assim, é de importância vital, a
utilização dos conhecimentos gerados, para potenciar o jogo através da aplicação no
treino.
Para Sarmento (2012), os treinadores atribuíram mais importância à observação da
dinâmica global das equipas, às caraterísticas individuais dos jogadores, aos
esquemas táticos, às aleatoriedades e imprevisibilidades e aos quatro momentos do
jogo. Porém, não deixaram de salientar a importância da observação de outros
aspetos, como os padrões de jogo, o comportamento do treinador adversário e as
condições de envolvimento que caraterizam o jogo. Referindo-se especificamente à
observação que efetuam durante o decorrer do jogo, consideraram que se focam,
sobretudo, nas ações da sua própria equipa, bem como no cumprimento do plano de
jogo. A fim de tornarem mais eficiente o processo de observação, referiram que não
focam a sua atenção exclusivamente no centro do jogo, sendo importante a
observação dos acontecimentos que sucedem afastados deste local, por terem uma
implicação direta nele. Acresce que salientaram a importância dos aspetos
qualitativos da análise do jogo, em detrimento dos quantitativos.
António Barbosa Capítulo II
58
Em competição podem-se observar situações globais e reduzidas (ver figura 13), a
título de exemplo a transição ofensiva, ou situações em que participem apenas um
grupo de jogadores (Pino Ortega & Contreras, 2000).
Figura 13 - Situações motoras desportivas (adaptado de Ortega & Contreras, 2000).
Entendemos que a importância da observação em situação de jogo reporta para a
verdadeira realidade da ação, permitindo informação concreta, mensurável e realista
sobre a prestação da equipa. Algumas equipas técnicas procuram obter informação
em tempo real, para auxiliar na tomada de decisão em situações particulares,
marcação de bolas paradas, ações a desenvolver no processo ofensivo, entre
outras.
Para Hughes (1996), as equipas variam os seus padrões de jogo em função da
oposição oferecida pela equipa adversária. Assim, a interpretação durante o jogo
dos padrões aplicados pelo adversário, permitirá adaptações, dentro do rol de
comportamentos definidos, guiando a equipa à resposta com um conjunto de
comportamentos que poderão ser mais adequados. Pretende-se ajustar o
comportamento, percebendo os fatores que induzem à criação de equilíbrios e de
desequilíbrios.
Torna-se fundamental promover a deteção de padrões de conduta com maiores
probabilidade de ocorrência do que as dependentes do acaso, considerando as
Situação Motoras
Desportivas
Em competição
Situação global
Situação reduzida
Em treino
Jogo global
Situação global
Situação reduzida
Exercício
António Barbosa Capítulo II
59
diferentes categorias desenhadas para representar o fluxo do jogo (Catellano-Paulis
& Hernández-Mendo, 2002, citado por Ramos 2009) bem como a emergência de
certas condutas em função da ocorrência de outras (Mendo et al., 2000, citado por
Ramos 2009). Com esse propósito a equipa técnica deverá observar e analisar o
jogo e, posteriormente, fazer chegar a informação aos jogadores. Na figura 14,
expomos a dinâmica da observação e análise e a sua implementação no treino
segundo Ortega e Contreras (2000).
Figura 14 - A observação em competição (adaptado de Ortega & Contreras,2000).
Sarmento (2012), descreve o desenrolar dos procedimentos, afirmando que os
treinadores ao disporem da informação recolhida através da observação, realizam a
avaliação/diagnóstico da performance não só de uma forma global, mas também
centrada, sobretudo, na deteção de pontos fortes e/ou fracos relativamente à sua
própria equipa/jogadores ou às equipas/jogadores adversários, com o intuito de
explorar as debilidades do adversário e prevenir as situações em que eles são mais
fortes, para além de procurarem corrigir algumas debilidades da sua própria equipa
e potenciar os aspetos em que são mais fortes. Esta avaliação é realizada tendo por
base uma lógica que, normalmente, se baliza pelo antagonismo das equipas que
irão estar em confronto, assim como pelas ideias que o treinador possui
relativamente à sua equipa.
Sarmento (2012): efetuada a avaliação/diagnóstico, os treinadores selecionam os
métodos que consideram mais eficazes com vista a efetivarem a sua intervenção.
Neste sentido, durante o microciclo de treino, esta intervenção consubstancia-se,
particularmente, na adaptação dos exercícios de treino aos objetivos pretendidos,
Competição Equipa A x Equipa B
Treinador Tomadas de decisão
Análise do jogo (Obtenção de informação)
Transmissão da informação
António Barbosa Capítulo II
60
que são complementados com a realização de reuniões (individuais, por sectores,
coletivas, etc.) onde são apresentados os aspetos que pretendem ver reforçados.
No âmbito de estudo que nos propusemos realizar, o processo interno de decisão é
completamente inacessível. Coube-nos a observação da ação tentando perceber a
sua situação momentânea, no contexto do momento de jogo em que se insere.
2.8 - Metodologia observacional como método de análise de jogo
Define-se metodologia observacional, como sendo o procedimento utilizado para
articular uma perceção deliberada da realidade manifesta com sua adequada
interpretação, captando o seu significado, de forma que, mediante um registo
objetivo, sistemático e específico da conduta gerada de modo espontâneo no
contexto indicado, e uma vez submetido a uma adequada codificação e análise, nos
proporcione resultados válidos dentro do marco específico de conhecimento em que
se situa (Anguera,1990). O recurso a esta metodologia permite, passar a barreira do
senso comum do campo indutivo, da intuição para uma afirmação inequívoca e
científica do desenvolvimento do jogo.
A metodologia observacional constitui uma das opções de estudo científico do
comportamento humano, onde na década de oitenta se produziu um avanço
significativo no processo de sistematização e otimização dos dados (Losada-López,
1995, citado por Anguera & Hernández-Mendo, 2000). Para Acero e Peñas (2002) a
metodologia vê demonstrado o seu caráter científico, através de vários autores
(Anguera, 1991; Bakeman & Gottman, 1997; Sackett, 1978, citados por Acero &
Peñas 2002) e concentra características particulares no estudo do comportamento
humano que a torna especialmente válida no âmbito dos JDC.
A metodologia observacional, enquanto método científico, é oriunda da investigação
na área da psicologia, revelando características que se enquadram no estudo do
fenómeno desportivo (J. Silva, 2008). Na última década tem-se assistido à
consciencialização da importância que a tática assume nos JDC, emergindo a
necessidade de analisar a prestação tática dos jogadores e das equipas, num
quadro de ações coletivas tipificando as que se associam à eficácia dos jogadores e
António Barbosa Capítulo II
61
das equipas através da confrontação de dados relativos aos comportamentos
expressos no jogo (Lopes, 2007). A sua utilização justifica-se, desde logo, pelo facto
de ter como ponto de partida a observação dos fenómenos que se desenrolam em
contextos de elevada complexidade (Anguera, 1990; 2003), como é o caso da
competição nos JDC. Verifica-se, cumulativamente, a aplicação da investigação na
área da análise de jogo, uma vez que a metodologia observacional carateriza-se
pela observação e registo de comportamentos percetíveis, que ocorrem de forma
espontânea no seu contexto natural (Anguera & Blanco-Villaseñor, 2003). Desta
forma, para que seja possível, há uma máxima aproximação da objetivação das
ações observadas em futebol, fundamentadas pelo “vínculo” ou invariância
(Garganta 1998). Com isto destaca-se a importância da delimitação rigorosa e
constante, do modelo que guia a ação de observação.
Ao longo dos últimos anos tem aumentado, consideravelmente, o número de
estudos no âmbito do desporto, realizados mediante a utilização da metodologia
observacional, sendo este incremento lógico, visto que se trata de investigações
realizadas sobre um conteúdo em que predominam as condutas percetíveis, que são
um elemento essencial nesta metodologia (Anguera, 1999).
A análise de jogos de futebol dos campeonatos enquadra-se nas características
supramencionadas. Jogadores e equipas procuram durante o jogo (contexto
natural), adotar os comportamentos mais eficazes (que são percetíveis), para
alcançar o sucesso sem estarem condicionados pela observação (espontaneidade)
(J. Silva, 2008).
O objeto de estudo preconizado pela metodologia observacional é o indivíduo
inserido em qualquer dos âmbitos de atuação habitual, do qual convêm captar a
riqueza do seu comportamento, plasmar a espontaneidade da sua conduta, com
insistência pela metodologia ideográfica, de forma que este indivíduo desempenhe
as suas atividades em diversos contextos naturais, mediante um instrumento
elaborado ad hoc, e sendo preferível que possa levar a cabo o seu estudo diacrónico
ao longo de um tempo relativamente prolongado (Anguera, Blanco-Villaseñor,
Losada-López & Hernández-Mendo, 2000). Nos JDC, o indivíduo, ou seja, a unidade
sobre a qual se dirige o foco da observação pode ser e, geralmente é, a equipa. É
nela que se busca a interpretação do seu funcionamento para explicar a
António Barbosa Capítulo II
62
performance desportiva. Poderemos expor argumentos que recomendam a
utilização desta metodologia na análise do jogo. Os estudos realizados com recurso
à metodologia observacional devem ser preferentemente idiográficos, podendo ser
pontuais ou de seguimento e contemplam a utilização de instrumentos ad hoc
(Anguera & Blanco-Villaseñor, 2003). Esta metodologia de investigação tem o seu
carácter científico demonstrado na literatura (Anguera, 2003a,b; Bakeman &
Gottman, 1997).
Anguera (2003) refere que a observação sistemática para ser capaz de inferir acerca
da realidade, exige o cumprimento de requisitos relativos ao objeto de estudo e aos
procedimentos metodológicos. Os requisitos destes dois âmbitos estabelecem as
caraterísticas da metodologia observacional.
Os requisitos do objeto de estudo são:
i) Grau de percetibilidade das condutas alvo da investigação;
ii) Conduta espontânea do objeto de estudo;
iii) Ocorrência em contextos naturais de participação.
Os requisitos dos procedimentos metodológicos são:
i) Utilização preferencial de um carácter idiográfico;
ii) Necessidade de continuidade temporal do comportamento;
iii) Elaboração de um instrumento à medida do estudo.
Garganta (2001) evidencia a possibilidade de, recorrendo à metodologia
observacional, se poderem realizar estudos de seguimento. Os referidos estudos
permitem responder a dois dos principais objetivos relativos à análise do jogo:
i) Modelar o comportamento das equipas ao longo do jogo, de uma
competição ou de uma sucessão de competições;
ii) Analisar tendências evolutivas das modalidades.
J. Silva (2008) afirma a importância da metodologia observacional, ao considerar a
utilização de instrumentos de observação ad hoc, que permitem uma grande
versatilidade, na observação a realizar. De facto, atendendo à grande diversidade de
situações que podem ocorrer num jogo, é indispensável a utilização de instrumentos
de observação adaptados aos objetivos do estudo, prescindindo de sistemas de
observação estandardizados. Consequentemente, abrem-se imensas possibilidades
no que diz respeito, quer aos temas a estudar, quer aos métodos a utilizar na análise
António Barbosa Capítulo II
63
dos dados obtidos. Deste modo salientam-se as potencialidades metodológicas
disponibilizadas pelo processo de investigação na metodologia observacional.
2.8.1 - Fases de evolução processual da metodologia observacional
Segundo Anguera (2003b), o processo deverá dividir-se em cinco grandes fases
(também descritas na figura 15):
i) Delimitação das condutas e situação de observação. Uma correta
definição do objeto de estudo e uma precisa delimitação do seu conteúdo
determinam em grande medida o sucesso do estudo e facilitam a tomada de
decisões. Executa-se em função do tema de estudo escolhido e dos objetivos a
alcançar (Anguera, Blanco-Villaseñor & Losada-Lopez, 2001). A concreta
definição do desenho observacional é um elemento vital para o
desenvolvimento do estudo. A sua definição irá influenciar todas as decisões e
passos subsequentes;
ii) Construção de um instrumento de observação “ad hoc”. Devido à
extraordinária diversidade de situações suscetíveis de observação sistemática,
é obrigatório prescindir de instrumentos standard e, pelo contrário, dedicar o
tempo necessário a preparar um instrumento não standard, "ad hoc", de acordo
com o desenho e objetivo do estudo (Martins, 2007);
iii) Recolha e otimização dos dados. O fluxo de conduta em qualquer situação
de observação é bastante mais rico do que pode parecer inicialmente, portanto,
uma vez cumpridas as fases anteriores, será preciso proceder à codificação
das condutas que interessam. Na metodologia observacional o registo da
conduta é uma forma de recolha de dados qualitativa, já que não seriam
possíveis as operações que o sustentam; do mesmo modo, constata-se
claramente que o controlo da qualidade dos dados e a posterior análise dos
mesmos requerem uma contribuição quantitativa (Martins, 2010);
iv) Análise dos dados. São muitas as possibilidades de tratamento estatístico
tendo em vista a obtenção de informação considerada relevante (Anguera,
2003). A flexibilidade própria da metodologia observacional e a sua
especificidade rejeitam o uso de desenhos estandardizados, pelo que apesar
de existirem orientações básicas de desenho (desenhos diacrónicos,
sincrónicos, diacrónico/sincrónicos), estes sugerem que determinadas análises
de dados se adaptam, pelas suas características, particularmente a
António Barbosa Capítulo II
64
determinado tipo de dados produzidos pela investigação (Martins, 2010). Em
função dos objetivos do estudo e do tipo de indicadores considerados, a
mesma autora, refere a possibilidade de realizar dois tipos de análise dos
dados: a análise extensiva e a análise intensiva. A análise extensiva procura,
através do estudo da frequência com que ocorrem as condutas observadas,
estabelecer uma relação entre elas. Dito de outra forma, avalia-se a
possibilidade de estabelecer uma relação entre a frequência de ocorrência de
diversas condutas, contribuindo, eventualmente, para a predição de
comportamentos futuros em situações semelhantes (Anguera, 2005);
v) Interpretação dos resultados. Na presente fase procura-se analisar a
frequência de ocorrência das diversas condutas, mas também, e no nosso
entender mais importante, procura-se as relações de ordem que entre elas se
estabelecem. Verificamos a inclusão no processo de análise de dados como
parte integrante da obtenção de resultados, por sua vez os resultados
constituem a resposta ao objeto de estudo. Este facto promove uma relação de
interdependência entre objeto de estudo e problema colocado pelo
investigador. Desta forma, será possível identificar o fluxo comportamental de
atletas e equipas, em função do contexto em que este decorre (Garganta,
2007).
Tendo em vista estes objetivos, a análise intensiva dos dados, proposta por Anguera
(2003b), constitui-se como uma solução eficaz, abrindo um vasto leque de
possibilidades para a investigação nos JDC. No entanto, como qualquer outra
metodologia, a observação sistemática tem vantagens e desvantagens. Entre as
vantagens estão a flexibilidade, a capacidade de se adaptar a diferentes
comportamentos e situações, o rigor na aplicação das diversas operações
processuais, bem como a natureza não restritiva e não intrusiva na avaliação de
situações reais. As principais desvantagens são o tempo necessário, a dificuldade
de eliminar ou reduzir erros de reatividade, a complexidade do processo de
formação do observador e as restrições éticas (Anguera, 2003b). De referir que para
ultrapassar as referidas dificuldades, a investigação que recorre à metodologia
observacional implica o seguimento de um processo que está completamente
estruturado (Anguera et al., 2001).
António Barbosa Capítulo II
65
Figura 15 - Processo da metodologia observacional (adaptado de Anguera et al., 2001).
Requisitos básicos inerentes ao objeto de estudo em metodologia
observacional aplicada ao futebol.
Segundo Anguera, Blanco-Villaseñor e Losada-López (2000), a metodologia
observacional requer o cumprimento de alguns requisitos básicos, que são:
i) A espontaneidade do comportamento;
Objetivos e hipóteses
Níveis de representatividade
Desenho observacional
Instrumentos
Registo
Amostra
Controlo da
qualidade dos dados
Análise de dados
Interpretação dos resultados
Realidade
Sistema Físico
Sistema Psicológico
Sistema Convencional
Instrumentos
observacional
Instrumentos
de registo
Níveis
de
resposta
Verbal
Nominal
Dimensional
Estrutural
Simples
Multidimensional
Não verbal
Proxémia
Oral
Verbal
Continua
Temporal Intervalo Intermitente
Generalizabilidade Fiabilidade
Precisão
Validade
Qualidade Quantidade
Relação com os Objetivos
Outras Investigações
Metodologia
Autocrítica e Futuro
Sistema de categorias
Formatos de campo
Rating scale
António Barbosa Capítulo II
66
ii) Que esta tenha lugar em contextos naturais;
iii) Que se trate de um estudo prioritariamente idiográfico;
iv) A elaboração de instrumentos “ad hoc” e que se garanta uma continuidade
temporal;
v) A percetividade do comportamento;
vi) Vinculadas aos referidos requisitos, as características do objeto de estudo
e o tamanho das unidades de observação.
Relacionando as premissas com o objeto de estudo, o jogo de futebol, poderemos
verificar o completo preenchimento dos requisitos supra mencionados:
i) Espontaneidade de comportamento, uma vez que não existe qualquer
atribuição de restrições ou preparação da situação (Silva, 2004). O observador
não poderá aplicar restrições recorrendo a graus de liberdade;
ii) Contexto natural, a produção de condutas tem lugar num contexto natural
(o campo de jogo); este facto garante a ausência de alterações induzidas pelo
observador. O espaço delimitado de jogo permite assegurar que as condutas
objeto fazem parte do reportório do individuo/jogador ou grupo de
indivíduos/jogadores (unidade de observação) estudada;
iii) Prioritariamente idiográfico, recorrendo à utilização da tecnologia, é
possível aceder com precisão ao fluxo de conduta e conseguir assim uma
transcrição adequada da mesma assegurando o processo de codificação;
iv) Elaboração de instrumentos: verifica-se a possibilidade de construção de
um sistema de categorias capaz de articular a teoria com a prática;
v) Continuidade temporal: o jogo decorre durante um período de tempo, e à
partida estará inserido numa competição.
A metodologia observacional permite o registo das condutas lúdicas em contextos
naturais (terreno de jogo, rua), respeita a espontaneidade do comportamento dos
desportistas na competição ou treino (o qual implica a ausência de restrições ou de
preparação da situação), oferece a opção de levar a cabo um seguimento diacrónico
ao longo de um tempo relativamente prolongado (uma série de jogos ou uma
temporada) e sobretudo, permite a elaboração de instrumentos “ad hoc” (sistema de
categorias ou formatos de campo) adequados para cada tipo de estudo proposto
Acero e Peñas (2002). Subentendemos a capacidade da metodologia observacional
António Barbosa Capítulo II
67
para construção e aplicação de modelos formalizados (matematizados) com o intuito
de gerar informação capaz de explicar a ação motora.
2.9 - A análise sequencial no futebol
Poderemos verificar a incidência de vários trabalhos com aplicação da referida
análise metodológica, no futebol. Uma vez que carece de uma identidade restritiva,
fruto da complexidade e multiplicidade de pontos em estudo parece-nos pertinente
evidenciar alguns estudos na área.
Com o quadro seguinte pretendemos expor os temas de estudo dos trabalhos, bem
como o método de análise sequencial utilizado, de entre as dissertações, artigos e
resumos selecionamos alguns:
Tabela 1 - Principais trabalhos realizados na área de futebol, recorrendo a análise sequencial.
Data Autor Método de Análise
2000 Catellano- -Paulis
Análise sequencial Técnica de retardos
2004 A. Silva Análise sequencial Técnica de retardos
2006 Barreira Análise sequencial Técnica de retardos
2007 Lopes Análise sequencial Técnica de retardos
2007 Gil-Galve Análise sequencial Técnica de retardos T-patterns
2009 Laranjeira Análise sequencial Técnica de retardos
2009 Ramos Análise sequencial Técnica de retardos
2010 Martins Análise sequencial T-patterns
2012 Sarmento Análise sequencial Técnica de retardos
Na tabela anterior, expomos trabalhos relativos à análise intensiva, em particular à
análise sequencial através do T-patterns e da técnica de retardos. De todos os
trabalhos revistos e mencionados, nota-se a tendência do estudo do processo
ofensivo, com exceção de Martins (2010) que desenvolve o estudo do processo
defensivo. Dos estudos supra mencionandos verificamos a procura de objetivos
distintos, recorrendo a amostras variáveis, desde campeonatos nacionais,
champions league, campeonatos do mundo, entre outros.
António Barbosa Capítulo II
68
Os trabalhos anteriormente mencionados foram selecionados para evidenciar
algumas tendências:
i) A importância da análise com o intuito de desenvolver o conhecimento
relativo ao processo ofensivo, em detrimento de menor número de trabalhos
relativos ao processo defensivo;
ii) A escassez de trabalhos cruzando os dois métodos de análise sequencial.
Exceção feita ao trabalho realizado por Glave (2007), que utilizou técnica de
retardos e T-patterns.
Os estudos mencionados, relacionam-se com o conhecimento relativo a um
jogador/equipa/seleção aplicados num contexto de competição. Não verificamos
estudos relativos a o MJO entre equipas diferentes, com a mesma equipa técnica,
analisando o seu comportamento nos respetivos campeonatos.
2.10 - Modelo de organização da dinâmica do jogo de futebol
O processo ofensivo (p.27) é influenciado por uma multiplicidade de variáveis e
fatores que poderão condicionar a equipa no processo de escolha (p.20), ao mesmo
tempo, entre a ordem e o caos (p.22) intrínseco do jogo, premiar os jogadores com
indicações, sobre qual MJO (p.38) a utilizar e como proceder.
Para esse fim, ativam o despoletar de um conjunto de mecanismos que permitem a
sua ocorrência de um dos métodos de jogo ofensivo. Agrupamos algumas das
variáveis que, no nosso entender, poderão influenciar o PO e a consequente a
tomada de decisão relativa ao MJO.
Dos fatores levados em consideração, chamou-nos particular atenção o trinómio
zona-espaço-tempo, enquadrado com o conceito de início, desenvolvimento, pré-
-finalização e finalização, interligando a noção zona do campo (onde se desenvolve
a ação, ou seja, o centro de jogo) espaço e tempo, para desenvolver o PO.
Partimos da crença que, quanto mais rapidamente jogarmos, mais espaço e tempo
teremos para jogar. A importância de jogar rápido deverá advir do objetivo(s) que o
PO tem, em determinado momento de jogo, enquadrado no contexto (resultado,
relação numérica,…).
António Barbosa Capítulo II
69
A seleção do MJO, deve atender aos elementos que condicionam o PO, espelhado
no terreno de jogo pela seleção mais adequada do conjunto de comportamentos
levados a cabo pela equipa. Achamos pertinente evidenciar fatores que influenciam
esta relação.
Assim, deverá existir uma relação entre os elementos influenciadores, a ter em conta
no PO, e a operacionalização do MJO. Esta relação, que no nosso parece direta,
deverá ser entendida com o intuito de promover o conhecimento operativo da equipa
e assentar a ação individual (do jogador) com as premissas (fatores atuantes no
jogo) que poderão e deverão ser interpretadas coletivamente (pela equipa) (figura
10). Com este conhecimento, a equipa, promove um desempenho mais constante,
padronizado, que tem por base elementos concretos que estão a sua disposição
para observar, interpretar e aplicar durante o jogo. Com o propósito de estruturar um
modelo de jogo, será fundamental articular a observação e análise com o processo
de treino (p.54).
Na figura seguinte, descrevemos alguns dos múltiplos elementos pertencentes ao
jogo que coexistem e influenciam o PO. Sobre estes, técnicos e jogadores, deverão
demonstrar a capacidade de os interpretar e, de acordo com os agentes
influenciadores do processo ofensivo, definirem o MJO que mais se adequa à
realidade vivida numa determinada ação. Dentro do jogo de futebol verifica-se uma
divisão de elementos e componentes que são partes de um todo que devem ser
constantemente tidas em conta ao longo das fases do processo ofensivo.
Propomos alguns elementos que no nosso entender são condicionadores do
processo ofensivo, (figura16).
António Barbosa Capítulo II
70
Tempo que a bola se encontra na mesma zona
do campo
Duração do PO
Espaço percorrido pela
bola
Corredores e setores
Intervenientes
Tipo de trajetória da bola
(Lat ou vert)
Dimensões do campo
Zona de recuperação da posse de bola
Proximidade da baliza
adversária
Centro de jogo
Entendimento coletivo de jogo
Capacidade individual para a
criação de desequilíbrios
ofensivos
Capacidade para a alternância do ritmo
de jogo
Estádio físico-psíquico-emocional
da equipa
Caraterística tático técnicas da
equipa
Faixa etária
Número de toques na bola
Número de jogadores
intervenientes no PO
Número de jogadores
intervenientes no PD
Entendimento individual do jogo
Perceção momentânea da
ação
Condições climatéricas
Condições do piso de jogo
Relação numérica
Tipo de competição
Estratégia
M.J.A Adv
M.J.A
Parte do Jogo
Resultado Característica tático- técnicas da equipa Adv
Alteração do resultado
Objetivo
Tipo de início do MJO
Estádio físico-psíquico-emocional
dos Adv
Figura 16 - Proposta de fatores condicionantes do método de jogo ofensivo.
António Barbosa Capítulo II
71
Como está exposto na figura 16, pretendemos evidenciar que se verificam vários
elementos que interferem com a fase ofensiva e, como tal, no processo de escolha
do MJO.
2.10.1 - Proposta de modelo de organização da dinâmica do jogo de futebol
Posto o ponto prévio, entendemos que o processo de caraterização da dinâmica é
díspar do conhecimento atual (p.29). A dinâmica entre os momentos e sua
organização deriva da articulação das várias partes. O processo ofensivo demonstra
um cariz altamente dinâmico, influenciado à partida pela forma como a equipa
procedeu à recuperação da posse de bola. O que precede este momento é a fase de
organização defensiva, da equipa em estudo, que condiciona o momento de
transição defesa-ataque (ofensiva). Quando a equipa consegue a recuperação da
posse da bola, inicia o processo de transição ofensiva. Interpretamos que estes
elementos juntamente com os mencionados no ponto prévio condicionam o PO. A
tomada de opção relativo ao MJO que melhor se adequa à ação a decorrer.
Num modelo de perceção de jogo adequado à realidade do futebol atual, os
jogadores deverão ajustar rapidamente as respostas motoras, antes da recuperação
da posse de bola, interpretando e respondendo de acordo com a forma como a
equipa consegue a recuperação da sua posse. Relativamente ao desenvolvimento,
cada MJO, mormente de organização ofensiva, tem especificidades delimitadoras e
possui um conjunto de desenvolvimentos que se repetem, com maior regularidade,
numa determinada zona.
No final do processo ofensivo, a forma como a equipa culmina a ação, o seu
sucesso ou insucesso condiciona o momento de transição defensiva e a fase de
organização defensiva. Esta dinâmica dialogante deverá ser elemento-guia dos
executantes (os jogadores), de acordo com o plano elaborado pelo mentor (o
treinador).
No momento de escolha, produção das respostas motoras do PO, os jogadores
deverão atender aos pontos prévios, ao tipo de início, desenvolvimentos e tipo de
final. O somatório destes elementos produz um MJO. Com isto, não pretendemos
afirmar que os jogadores selecionam o MJO antes da recuperação da posse da bola,
António Barbosa Capítulo II
72
queremos, sim, evidenciar uma filosofia onde as ações motoras que se
desenvolvem, advêm da leitura dos fatores condicionantes que atuam sobre as
referidas ações motoras originando um MJO.
De seguida passaremos à exposição do modelo conceptual de interpretação do
jogo, mostrando os pontos onde centramos a observação. Este modelo interpretativo
permite direcionar o processo de observação, com a finalidade de recolher
informação precisa sobre o início, desenvolvimento e final, de acordo com MJO
utilizado pela equipa em análise. Pretendemos criar uma proposta de organização
dinâmica do processo ofensivo, esperando que sua aplicação prática produza
resultados capazes de controlar o processo, ou seja, através dos resultados
pretendemos intervir sobre o processo de treino, verificando o seu desenvolvimento
através da análise da dinâmica do jogo (p.54, p.57).
Figura 17 - Proposta de modelo de gestão do controle do processo ofensivo.
Competição Jogo
PO
Observação e análise
Processo de treino
Controle do PO
Resultados Implicação
Verificação do desenvolvimento
Proposta de modelo de
gestão controle do
PO
António Barbosa Capítulo II
73
Figura 18 - Proposta: modelo conceptual de organização da dinâmica do jogo de futebol.
Início do processo com posse de bola
Final do processo sem bola
Final do processo com posse de bola
Início do processo sem bola
I. MJO - de forma fechada
I. MJO - de forma aberta
F. MJO - com sucesso
F. MJO - sem sucesso
I. MJD - de forma aberta
F. MJD - com sucesso
I. MJD - de forma fechada
Momentos
Fracionantes
F. MJD - sem sucesso
António Barbosa Capítulo II
74
Descrição conceptual da proposta de organização da dinâmica do jogo
ofensivo em futebol.
A descrição terminológica que se segue pretende delimitar conceptualmente o que
evidenciamos, e dissociar-se do que foi previamente exposto.
Castelo, em entrevista realizada por Sarmento, (2012), afirma que todos nós
conhecemos e conseguimos determinar o momento de transição no jogo, que é
quando ganhamos a bola e sai o primeiro passe ou a primeira ação. Pensamos que
esse momento termina aí, não existe mais nada, a seguir existe o desenvolvimento
do processo ofensivo.
O momento de transição designa-se momento e não etapa, nem fase, embora por
vezes seja designado por fase de transição, mas não é nada disso. O momento de
transição corresponde ao instante de recuperação da posse da bola e à primeira
ação consequente a esse instante. A partir daí, então, é que se verifica o
desenvolvimento do processo ofensivo, que pode ser contra-ataque, ser ataque
rápido, etc... Interpretamos que a primeira ação ou conjunto de ações, anteriormente
referidas, evidenciam o ponto de fusão entre o momento de transição e o início da
fase ofensiva; os elementos em observação são comuns.
Como exposto na figura 18, procedemos à articulação conceptual entre momentos,
fases e métodos de jogo ofensivos, procurando de forma minuciosa estruturar o jogo
de futebol.
A conjugação dos elementos conceptuais mencionados deverá orientar-se de forma
a estabelecer a relação direta entre eles. A ativação de um dos campos implica a
ativação dos restantes. De forma genérica consideramos dois grandes grupos de
ações. Ações em que a equipa tem a posse de bola (fase ofensiva) e ações em que
a equipa não tem a posse de bola (fase defensiva).
Percecionamos a divisão do jogo em duas fases (fase ofensiva, fase defensiva) e
cinco momentos (transição defesa-ataque, organização ofensiva, transição ataque-
-defesa, organização defensiva e momentos fracionantes).
António Barbosa Capítulo II
75
Posto isto, consideramos que as ações em que a equipa tem a posse de bola se
enquadram na fase de organização ofensiva, apresentando a seguinte divisão:
i) Momento de transição defesa-ataque:
1. Inicio MJO - de forma aberta;
2. Inicio MJO - de forma fechada.
ii) Momento de organização ofensiva:
1. Desenvolvimento no SD e SMD;
2. Desenvolvimentos no SMO e SO;
3. Desenvolvimentos não ativação de qualquer zona de campo.
iii) Momento de transição ataque-defesa:
1. Final do MJO - com sucesso;
2. Final do MJO - sem sucesso;
3. Momentos fracionantes ofensivos.
De igual modo, para o grupo de ações sem posse de bola, consideramos que se
enquadram na fase defensiva, que é delimitada por:
i) Momento de transição ataque-defesa;
1. Inicio MJD - de forma fechada;
2. Inicio MJD - de forma aberta;
ii) Momento organização defensiva:
3. Desenvolvimento no SD e SMD;
4. Desenvolvimentos no SMO e SO;
5. Desenvolvimentos não ativação de qualquer zona de campo;
iii) Momento de transição ataque-defesa:
6. Final MJD - sem sucesso;
7. Final MJD - com sucesso;
8. Momentos fracionantes defensivos.
Delimitação conceptual.
O objetivo é expor uma visão integradora relativamente ao jogo. Com essa
finalidade, entendemos a necessidade de delimitar cada um dos conceitos expostos
António Barbosa Capítulo II
76
no modelo. Procedemos à definição dos diferentes conceitos, relativos ao processo
ofensivo.
Todas as ações verificadas aquando recuperação da posse de bola (inícios), e
ações posteriores (desenvolvimentos e finais) à recuperação da mesma, pertencem
a fase de organização ofensiva. Os conjuntos de comportamentos verificados na
respetiva fase enquadram-se num método de jogo ofensivo.
O início e o final do MJO relacionam a fase ofensiva com a defensiva, através dos
momentos de transição (p.36, 38). O início do MJO, que decorre no instante de
transição defesa-ataque, estabelece a fusão entre a fase ofensiva e a fase
defensiva.
Na fase ofensiva, o momento de organização ofensivo, atende ao MJO e aos
desenvolvimentos que se processam. Estes desenvolvimentos relacionam-se com a
zona de campo onde se encontra a bola. As ações que se realizam e produzem o
final do MJO são, ao mesmo tempo, elementos de transição ataque-defesa, uma vez
que a forma como a equipa termina o processo ofensivo condiciona a forma como
inicia o processo defensivo.
Relativamente aos momentos de transição, através da exposição realizada
pretendemos pôr em evidência a relação entre o final de uma fase e o início da outra
fase e a forma como este momento influencia e condiciona a fase que se segue.
Com o referido modelo, justificamos a influência da fase final do processo defensivo
(ações sem posse de bola), com o início do processo ofensivo (ações com posse de
bola). Enquadramos as ações nos momentos de transição.
De seguida, delimitamos conceptualmente os grupos de ações em estudo.
Momento de transição defesa-ataque:
Procedemos à criação de dois subgrupos que representam o início do momento de
transição defesa-ataque:
Início MJO - de forma aberta - interpretamos como início do PO de forma aberta, a
recuperação da posse de bola resultante de interceção ou de desarme. No processo
António Barbosa Capítulo II
77
de agrupar os inícios, atendemos ao facto destes partilharem a possibilidade da
equipa desenvolver comportamentos sobre os quais poderá ser diretamente
condicionada, posteriormente à recuperação da posse da bola.
Início MJO - de forma fechada - entendemos que este subgrupo se compõe de:
recuperação da posse de bola através da intervenção do guarda-redes, recuperação
da posse de bola por interrupção regulamentar a favor, ou através de golo do
adversário. Nestes inícios, encontramos em comum a necessidade de realizar um
desenvolvimento em que o adversário está impedido de intervir diretamente sobre a
bola.
Momento de organização ofensiva:
Desenvolvimento do MJO - relativamente ao subgrupo em questão, devido ao
extenso leque de diferentes desenvolvimentos possíveis de se verificarem num jogo
de futebol, referimos que a sua consulta pode ser realizada, no critério de formato de
campo 4 - desenvolvimento do processo ofensivo (DPO) (p.91) supramencionado.
Na fase de desenvolvimento do processo ofensivo, acreditamos na influência que o
instante inicial de recuperação da posse da bola tem sobre este momento. Assim,
entendemos que a fase de organização ofensiva é condicionada, à nascença, pela
forma de recuperação da posse da bola (de forma aberta ou forma fechada), ou
seja, pelo momento de transição. As ações desenvolvidas subsequentemente
condicionam e definem, em grande parte, o MJO. A importância deste subgrupo está
na sua capacidade de, através dos seus desenvolvimentos, delimitar e enquadrar o
MJO.
Momento de transição ataque-defesa:
Final do MJO - procedemos à criação de dois grupos, com o objetivo de criar uma
barreira mensurável entre os finais com sucesso (finais onde a equipa consegue
terminar o PO, ou continua em posse de bola) e sem sucesso (finais onde a equipa
não termina o PO de forma eficaz).
Final do MJO - com sucesso - para o grupo em questão, encontramos os
seguintes finais: remates com obtenção de golo, remate fora, livre direto, pontapé de
António Barbosa Capítulo II
78
canto, grande penalidade, remate defendido pelo guarda-redes, remate dentro e
remate contra o adversário. Segundo Carling, Williams, e Reilly (2005), procuramos
deste modo que os dados retirados da análise da equipa, produzam um padrão que
apresente as características de sucesso ofensivo referidas (Low, Taylor, S. &
Williams, 2004).
Final do PO sem sucesso - agrupamos um conjunto de finais que não permitem a
ocorrência de situações favoráveis e adequadas ao PO. As ações são: passe para
dentro da área adversária, recuperação da posse de bola pelo adversário,
lançamento para fora, infrações às leis de jogo.
Momentos fracionantes - para o caso em estudo consideramos, momentos que
conduzam ao início do PO.
Para o ponto - Fase inicial IPOFF:
i) Recuperação da posse de bola por interrupção regulamentar a favor ou
golo do adversário.
No ponto ações de Final PO:
i) Lançamento para fora, infrações as leis de jogo.
No presente estudo procederemos à interpretação do jogo atendendo à proposta
idealizada. Interpretação, atendendo ao estudo da fase ofensiva. Passamos a expor
o desenho dos conteúdos que pretendemos estudar (figura19).
António Barbosa Capítulo II
79
Figura 19 - Proposta: modelo conceptual de organização da dinâmica do jogo ofensivo em futebol.
Capitulo III - Estudo comparativo dos padrões de jogo ofensivo das
equipas do Inter de Milão e do Real Madrid
António Barbosa Capítulo III
82
3.1 - Metodologia
Para a realização do trabalho que se segue, procedemos a utilização de duas
técnicas de tratamento de dados e posterior análise de resultados. Descrevemos os
elementos em comum, utilizados e que servem ambas as técnicas de análise, T-
-patterns e análise sequencial. Numa segunda fase e separadamente, explicar-se-ão
os procedimentos específicos de cada uma das técnicas de análise apresentadas e
serão discutidos os principais resultados e conclusões.
3.1.1 - Desenho do estudo
Caracterizamos como imperioso a idealização do desenho observacional, como
meio que serve de mapa orientador, assegurando a confirmação relativa a dados
necessários a obter, método de organização e análise. O desenho de um estudo
indica a estrutura conceptual do estudo em função dos objetivos, e constitui o
esquema ou esqueleto orientador de todo o processo a seguir (Anguera, Blanco-
Villaseñor, & Losada-López, 2001). Também Anguera (1992) refere que o desenho
de um estudo deve ser entendido como uma estratégia que o permite desenvolver,
estruturando-o de acordo com os objetivos a que se propõe.
Está associada à primeira fase do processo inerente à metodologia observacional,
que corresponde à correta delimitação da(s) conduta(s) e da situação de
observação, pelo que parece ser indispensável atender à realidade do problema de
uma forma exaustiva e precisa quanto:
i) À atividade a desenvolver;
ii) Ao período de tempo a considerar;
iii) Ao(s) indivíduo(s) sobre o(s) qual(ais) recairá a observação;
iv) Ao contexto situacional da realidade a observar.
Perante estas quatro pré-condições entende-se que a decisão de o desenho do
estudo ser prévio, leva a que toda a operação metodológica relativa a como
recolher, organizar e analisar os dados, esteja estruturada de acordo com os
objetivos a que o estudo se propõe (Anguera et al., 2001).
António Barbosa Capítulo III
83
Para Anguera (2003), é o entendimento do desenho em metodologia observacional
como estratégia integral do processo. Em consequência, trata-se de uma série de
pautas relativas à organização empírica do estudo que se materializam numa
sequência de decisões acerca da forma como recolher, organizar e analisar os
dados, sempre subordinadas a esta fixação dos objetivos específicos do estudo.
Perante a revisão bibliográfica realizada (Barreira, 2006, Glave, 2007, Lopes 2007,
Ramos, 2009), e apesar de serem descritas outras possibilidades, evidenciam-se
três critérios. Assim, os três critérios que permitem delimitar os desenhos
observacionais são (Anguera, 1995, 1999, 2005; Anguera, Blanco-Villaseñor &
Losada-López, 2001; Blanco-Villaseñor, Losada-López & Anguera, 2003):
Relativamente à dimensão - sujeitos à sua determinação, dependem do número de
unidades observadas; como tal, verificam-se dois grupos:
i) Idiográfico: reporta-nos para a unidade de observação, entendida como o
estudo de um sujeito. Poderemos incluir neste conceito o estudo de grupo mas
como um só tipo de elemento observado.
ii) Nomotético: verificamos o estudo de mais do que um elemento de
observação, estudo plural, grupos.
No que concerne à dimensão temporal - define o contexto de tempo de estudo;
assim, entende-se:
i) Pontual: trata-se uma sessão de observação, registo em um determinado
momento do tempo, uma sessão de observação.
ii) Seguimento/Sequencial: a observação prolonga-se no tempo, medida
registada de forma continuada no tempo.
Dimensão condutural - atende ao número de condutas em estudo:
i) Unidimensional/Sequências homogéneas, o estudo foca-se num tipo de
resposta, análise de um tipo de conduta.
ii) Multidimensional/Sequências heterogéneas, estudo que procura diferentes
níveis de resposta, diferentes condutas, devidamente categorizadas.
António Barbosa Capítulo III
84
Figura 20 - Desenhos observacionais em quadrantes definidos (adaptado de Anguera, 2003b).
A totalidade dos desenhos observacionais e suas ramificações, segundo Anguera
(2003b), encontram-se colocadas (figura 20), no local adequado, de acordo com as
três dimensões referidas. Assim, o seu cruzamento produz o desenho observacional
de acordo com o estudo a realizar.
Procedendo ao enquadramento do estudo por nós realizado, o seu desenho
corresponde ao quarto quadrante. Assim descreve-se o estudo como:
i) Seguimento, uma vez que analisamos vários jogos ao longo de uma
época;
ii) Nomotético, atendendo ao facto que analisamos duas equipas;
iii) Multidimensional, verificando-se várias possibilidades de resposta.
Quadrante I - Desenhos
Diacrónicos:
Quadrante II - Sem
Desenho
Quadrante III - Desenhos
Sincrónicos
Quadrante IV - Desenhos Lag - Log
Seguimento / idiográfico / Multidimensional
Seguimento / idiográfico / Unidimensional
Seguimento / Nomotético / Multidimensional
Seguimento / Nomotético / Unidimensional
Pontual / Nomotético / Multidimensional
Pontual / Nomotético / Multidimensional
Pontual / idiográfico / Multidimensional
Pontual / idiográfico / Unidimensional
António Barbosa Capítulo III
85
3.1.2 - Argumento conceptual que origina a metodologia associada a
investigação
A evolução do jogo e a evolução sobre o conhecimento do jogo promovem a
chegada de novos paradigmas. Esta temática, para nós, deriva do somatório de
vários pontos. Enaltecendo a dúvida sobre o verdadeiro conhecimento do jogo,
estaremos presos a limitações “às cegueiras do conhecimento”? Pensamos que as
vicissitudes de um estudo de cariz científico, se adequam à exposição do
entendimento sobre o jogo, de que saiu a dúvida que originou o presente estudo.
Nos estudos previamente realizados a perceção sobre o processo ofensivo, delimita
o seu verdadeiro ser. Para nós, esta limitação é oriunda de dois pontos em
particular:
i) Delimitação do problema, com o intuito de o tornar científico
(especificidade, objetividade, identificar, dissociar);
ii) Ambiguidade do objeto de estudo (o jogo de futebol e suas múltiplas
variáveis).
3.1.3 - Recolha e otimização dos dados
Neste ponto pretendemos expor os procedimentos realizados no nosso estudo,
tendo em vista a otimizar os processos de recolha e validação dos dados.
3.1.3.1 - Instrumento de observação
A base da decisão de adotar um instrumento ad hoc já utilizado, centrou-se na
extensa e pormenorizada análise que facilitasse a ida ao encontro dos objetivos que
pretendíamos evidenciar, permitindo preencher a dúvida, assegurando um grau de
concordância entre o instrumento utilizado e o problema em estudo.
Depois de, concretamente, ser definida a forma de abordar o problema, bem como o
processo de análise, foi tomada a decisão de adotar aquele instrumento.
Sendo um instrumento extremamente completo, ávido de conhecimento prévio,
permitiu-nos o reconhecimento das suas potencialidades e fiabilidade. Partimos com
a crença de que o instrumento avalia o que verdadeiramente queremos avaliar.
António Barbosa Capítulo III
86
Assim, recorrendo ao instrumento validado por Sarmento, Anguera, Campaniço, e
Leitão (2010), satisfazemos os aspetos metodológicos exigidos pelo problema e
pelos objetivos propostos.
Procedemos ao trabalho de pesquisa com referência em trabalhos anteriormente
desenvolvidos na mesma área metodológica, verificamos que o instrumento utilizado
satisfazia de forma exemplar as exigências da investigação, graças à sua
aplicabilidade ao caso em estudo, constituindo-se como elemento específico da
presente investigação.
O instrumento segue as guias de utilização comummente utilizadas.
3.1.3.2 - Caraterização do instrumento, macro-categorias e variáveis
observáveis do instrumento de observação
O instrumento de observação por nós utilizado, é formado por dez critérios.
Verificou-se a criação de um sistema de categorias exaustivo e mutuamente
exclusivo (E/ME).
Critério 1 - Caracterização do jogo (...)
Critério 2 - Método de Jogo Ofensivo (E/ME) (...)
Critério 3 - Recuperação da posse de bola: Início do Processo Ofensivo (...)
Critério 4 - Desenvolvimento do Processo Ofensivo (...)
Critério 5 - Final do Processo Ofensivo / Sequência Ofensiva Finalizada (...)
Critério 6 - Direção e sentido do passe (...)
Critério 7 - Altura do passe (...)
Critério 8 - Ritmo de jogo (...)
Critério 9 - Caracterização espacial (E/ME)
Critério 10 - Centro do Jogo (E/ME)
Os critérios ordenados com os números dois, nove e dez, supramencionados, foram
elaborados através de um sistema de categorias exaustivo e mutuamente
excludente. Por sua vez os critérios um, três, quatro, cinco, seis, sete e oito
possuem caráter aberto. O objetivo foi a construção de um instrumento de
observação que permitisse o registo de todos os comportamentos conhecidos e
discriminados na literatura, permitindo que a cada um deles apenas correspondesse
uma só categoria.
António Barbosa Capítulo III
87
Sendo um instrumento que delimita o problema em estudo, uma vez que define o
que observamos, pensamos que seria pertinente a sua utilização. De seguida
passaremos a discriminar os dez critérios, definidos por Sarmento (2012).
António Barbosa Capítulo III
88
Tabela 2 - Critério de formato de campo 1 - caraterização do jogo.
Critério de formato de campo 1 –
Caracterização do jogo
Definição Conceptual: Neste critério, irá ser realizada a contextualização do jogo, referindo a Liga Europeia a
que diz respeito e descrevendo o local da prova, a parte do jogo, o resultado momentâneo e a relação numérica
entre as equipas.
Cultura Específica de Jogo: subcritério relacionado com a cultura específica de jogo das equipas que irão ser
alvo de análise.
Catálogo Código Descrição
Liga Espanhola Le Equipa que compete na I Liga espanhola, tendo sido vencedora da referida Liga
na época 2007/2008 e 2008/2009.
Liga Italiana LIt Equipa que compete na I Liga Italiana, tendo sido vencedora da referida Liga
na época 2007/2008 e 2008/2009.
Parte: subcritério relacionado com o tempo de jogo decorrido, conforme estabelecido na lei 7 (FIFA, 2008).
Propomos 2 categorias possíveis para este subcritério. Este é um sistema de categorias exaustivo e mutuamente
excluente (E/ME).
Catálogo Código Descrição
1ª Parte
1p
Tempo de jogo que decorre desde o apito do árbitro para o início da primeira
parte, até ao apito do mesmo para o final desta parte, de acordo com as leis do
jogo.
2ª Parte
2p
Tempo de jogo que decorre desde o apito do árbitro para o início da segunda
parte, até ao apito do mesmo para o final desta parte, de acordo com as leis do
jogo.
Local da Prova: subcritério relacionado com o local onde é disputado o jogo. Propomos duas categorias. Este é
um sistema de categorias exaustivo e mutuamente excludente (E/ME).
Catálogo Código Descrição
Casa C O jogo é realizado no estádio da própria equipa.
Fora F O jogo é realizado no estádio da equipa adversária.
Resultado Momentâneo: subcritério relacionado com o número de golos marcados, de acordo com a lei 10
(FIFA, 2008), pela equipa observada e pela equipa adversária na situação momentânea do jogo. Propomos 5
categorias possíveis para este subcritério. Este é um sistema de categorias exaustivo e mutuamente excluente
(E/ME).
Catálogo Código Descrição
Ganha por mais
de 1 golo
G2
Equipa observada possui, no mínimo, mais dois golos marcados que o
adversário, de acordo com as leis do jogo.
Ganha por 1 golo G1 Equipa observada possui, mais um golo marcado que o adversário, de acordo
com as leis do jogo.
Empate GO Equipa observada possui o mesmo número de golos marcados que o adversário,
de acordo com as leis do jogo.
Perde por 1 golo P1 Equipa observada possui menos um golo marcado que o adversário, de acordo
com as leis do jogo.
Perde por mais de
1 golo
P2 Equipa observada possui, no mínimo, menos dois golos marcados que o
adversário, de acordo com as leis do jogo.
Relação numérica: subcritério relacionado com o número de jogadores em campo da equipa observada e da
equipa adversária na situação momentânea Observada, de acordo com a lei 3 (FIFA, 2008). Propomos 3
categorias possíveis para este subcritério. Este é um sistema de categorias exaustivo mutuamente excluente
(E/ME).
Catálogo Código Descrição
Superioridade
numérica
SN Equipa observada possui vantagem numérica em campo, pela expulsão ou lesão
de um ou mais jogadores adversários, de acordo com as leis do jogo.
Igualdade
numérica
IN Equipa observada está em igualdade numérica em campo, de acordo com as leis
do jogo.
Inferioridade
numérica
Ifn Equipa observada está em desvantagem numérica em campo, pela expulsão ou
lesão de um ou mais jogadores, de acordo com as leis do jogo.
António Barbosa Capítulo III
89
Tabela 3 - Critério de formato de campo 2 - método de jogo ofensivo.
Critério de formato de campo 2 –
Método de Jogo Ofensivo Definição Conceptual: Definição conceptual: Os métodos de jogo ofensivo (MJO) confinam a forma geral de organização das ações dos jogadores no ataque,
estabelecendo um conjunto de princípios (subjacentes ao modelo de jogo) que visam a racionalização do
processo ofensivo, desde a recuperação de bola até à progressão/finalização e/ou à manutenção da posse de bola
(Teodorescu, 1984; Claudino, 1993; Castelo, 1994; Luhtanen, 1993 & Garganta, 1997).
Segundo Castelo (1994) e Garganta (1997, 2009) existem três MJO fundamentais: Contra-Ataque; Ataque
Rápido e Ataque Posicional.
Para caracterizar esta variável, foram utilizadas as seguintes referências: tipo de passe utilizado (direção e
alcance); número de passes utilizados; tempo de realização do ataque ou tempo reativo; e número de jogadores
que contactam com a bola.
Métodos Ataque de Curta Duração Ataque de Longa Duração
Contra-Ataque (CA) Ataque Rápido (AR) Ataque Posicional (AP)
Tipo de passe Utilizam-se sobretudo
passes longos em
profundidade. A
circulação da bola realiza-
se mais em profundidade
que em largura.
Circulação da bola
acontece em largura e
profundidade com passes
curtos e rápidos.
Circulação da bola acontece
mais em largura do que em
profundidade compasses curtos.
Número de
passes
Número reduzido de
passes (igual ou inferior a
5).
Número reduzido de
passes (máximo 7).
Elevado número de passes
(superior a 7).
Tempo de
realização do
ataque
Rápida transição da zona
de conquista da bola para a
zona de finalização.
Tempo reduzido de
realização de ataque
(inferior a 12 segundos).
Tempo de realização de
ataque não ultrapassa os
18 segundos.
Tempo de realização de ataque
elevado (superior a 18
segundos).
Número de
jogadores que
contactam a bola
Número reduzido de
jogadores que intervêm
diretamente sobre a bola
(igual ou inferior a 4).
Intervenção máxima de 6
jogadores sobre a bola.
Intervêm normalmente mais de
6 jogadores sobre a bola.
António Barbosa Capítulo III
90
Tabela 4 - Critério de formato de campo 3 - recuperação da posse de bola: início do processo ofensivo.
Critério de formato de campo 3 –
Recuperação da posse de bola: início do Processo Ofensivo (IPO) Definição Conceptual: Consideramos que se inicia uma posse da bola sempre que a equipa até então não
possuidora da bola, a consegue recuperar passando a estar na posse da mesma.
Uma equipa encontra-se na posse de bola quando qualquer um dos seus jogadores respeita pelo menos uma das
seguintes situações:
1 – Realiza pelo menos três contactos consecutivos com a bola;
2 – Executa um passe positivo (permite a manutenção da posse de bola);
3 – Realiza um remate (finalização) (Garganta, 1997).
Propomos 5 categorias possíveis para este subcritério.
Catálogo Código Descrição
Recuperação da posse de
bola por interceção
IPi O PO inicia-se através da interceção de um passe ou remate
do adversário, sem que exista interrupção do jogo. É
também interceção quando o adversário efetua um passe
errado para o espaço vazio.
Recuperação da posse de
bola por desarme
IPd O PO inicia-se através de desarme, intervindo sobre a bola,
a uma situação de luta direta com um atacante adversário,
que a procura conservar, sem que exista interrupção do
jogo.
Recuperação da posse de
bola por ação do guarda-
redes
IPgr O PO inicia-se através da conquista da posse de bola por
ação do guarda-redes (p.e., agarrar a bola após cruzamento
ou remate, etc.).
Recuperação da posse de
bola por interrupção
regulamentar a favor
IPera O PO inicia-se após uma interrupção regulamentar do jogo
favorável, isto é, todas as bolas recuperadas através de
faltas, lançamentos de linha lateral, pontapés de baliza e
fora de jogo.
Recuperação da posse de
bola por golo do adversário
IPga Considera-se golo do adversário, todas as situações em que
a equipa sofre golo, reiniciando o jogo através de pontapé
de saída.
… … …
António Barbosa Capítulo III
91
Tabela 5 - Critério de formato de campo 4 - desenvolvimento do processo ofensivo.
Critério de formato de campo 4 –
Desenvolvimento do Processo Ofensivo (DPO)
Definição Conceptual: São todas as intervenções motoras que realiza um jogador e colegas da mesma equipa,
para manter de forma controlada, em termos tático-técnicos, a posse de bola, e estar em disposição de dar
continuidade ao processo ofensivo.
Propomos 11 categorias possíveis para este subcritério.
Catálogo Código Descrição
Desenvolvimento por passe
curto/médio
Dpc
Sempre que o portador da bola realiza um passe curto (passe
dentro da mesma zona topográfica ou numa das zonas
contíguas) para um dos companheiros com o intuito de dar
continuidade ao PO.
Desenvolvimento por passe
longo
Dpl
Sempre que o portador da bola realiza um passe longo
(passe que cruza duas zonas contíguas e é jogada numa
terceira zona) para um dos companheiros com o intuito de
dar continuidade ao PO.
Desenvolvimento por
condução
Dcd
O portador da bola realiza um número consecutivo de
contactos, igual ou superior a três, fazendo-a progredir pelo
terreno de jogo. É indicado a zona ou sub-espaço onde
ocorre.
Desenvolvimento por
receção/controle
Drc
Acão em que um jogador da equipa em PO recebe e
controla a bola enviada por um colega, mantendo a
continuidade do PO.
Desenvolvimento por drible
(1x1)
Ddr
O portador da bola procura ultrapassar o(s) seu(s)
adversário(s) direto(s), manter a posse de bola ou ganhar
posição ou espaço sobre o adversário direto para efetuar
outra ação motora.
Desenvolvimento por duelo
Ddu
Acão em que um jogador da equipa em posse de bola
disputa a bola com um adversário (p.e., uma bola em
trajetória aérea não controlada por nenhum dos jogadores),
tentando manter a continuidade do PO.
Desenvolvimento por ação
do guarda-redes da equipa
em fase ofensiva
DPgr
Intervenção ocasional do guarda-redes da equipa em PO
Desenvolvimento por remate
Dre
Acão em que o jogador da equipa em PO remata à baliza,
não resultando em golo mas também não perdendo a posse
de bola, ou seja, após o remate existe continuidade do PO
Desenvolvimento por
cruzamento
Dcz
O jogador em penetração, situado num dos corredores
laterais e no último terço ofensivo, envia a bola para o
corredor central, seja em trajetória aérea ou junto ao solo.
Desenvolvimento com
intervenção do adversário
sem êxito
Dia
Um adversário intervém sobre a bola interrompendo
ocasionalmente o PO, porém, a sua ação não interrompe a
continuidade da manutenção da posse de bola. São ações do
adversário sobre a bola, não consideradas como posses de
bola.
Desenvolvimento com ação
do guarda-redes da equipa
adversária
Dgra
Intervenção ocasional do guarda-redes da equipa adversária.
… … …
António Barbosa Capítulo III
92
Tabela 6 - Critério de formato de campo 5 - final do processo ofensivo/sequência ofensiva finalizada.
Critério de formato de campo 5 –
Final do Processo Ofensivo (DPO) / Sequência Ofensiva Finalizada (SOF)
Definição Conceptual: Entende-se por sequência ofensiva finalizada (SOF) uma ação de ataque, constituída por
uma ou várias ações individuais unidas e encadeadas de acordo com uma lógica organizacional própria,
desenvolvida pela equipa em posse da bola. Consideramos que uma equipa finaliza uma SOF quando concretiza
uma das situações do presente catálogo, apresente um final com eficácia ou não.
Propomos 12 categorias possíveis para este subcritério.
Catálogo Código Descrição
Fin
al
do
PO
co
m e
ficá
cia
Remate com obtenção
de golo
Fgl O PO finaliza com a obtenção de um golo a favor,
devidamente validado pelo árbitro.
Remate dentro
Frd
O PO finaliza com remate efetuado por um jogador da
equipa em PO que atinge o alvo (baliza adversária,
incluindo os postes e a barra), sem que resulte em golo.
Remate defendido
pelo GR
Fgr
O PO finaliza com remate defendido pelo guarda-redes ou
defesa quando impede que a bola entre na baliza numa
situação iminente de golo.
Remate fora
Ffr
O PO finaliza com remate que sai pela linha de baliza e/ou
fora do terreno de jogo sem atingir o alvo (baliza
adversária).
Remate contra
adversário
Fca
O PO finaliza com remate contra o adversário, é intercetado
por um adversário no sector ofensivo dando origem ao final
da posse de bola.
Livre direto Fld O PO finaliza devido a uma infração às leis do jogo
cometida pela equipa adversária que origina livre direto no
sector ofensivo.
Pontapé de canto Fpc O PO finaliza dando origem a um pontapé de canto.
Grande penalidade Fgp O PO finaliza devido a uma infração às leis do jogo
cometida pela equipa adversária que origina grande
penalidade.
Passe para dentro da
grande área
adversária
Fpga O PO finaliza quando a bola atinge a grande área adversária
por passe de forma intencional e organizada.
… … …
Fin
al
do
PO
sem
efi
cáci
a
Recuperação da posse
de bola pelo
adversário
Fbad
O PO finaliza pela recuperação da posse de bola pela equipa
adversária através de um desarme, interceção, duelo, etc., no
sector ofensivo sem atingir a grande área.
Lançamento para
fora
Ff
O PO finaliza devido a um lançamento para fora do terreno
de jogo por um dos atacantes no sector ofensivo, dando
origem à perda da posse de bola (excluindo a ação de
remate que sai pela linha de fundo e/ou para fora do terreno
de jogo sem atingir a baliza adversária), ou por um jogador
adversário, no sector ofensivo sem atingir a grande área.
Infração às leis de
jogo
Fi O PO finaliza devido a uma infração às leis do jogo
cometida pela equipa atacante no sector ofensivo.
… … …
António Barbosa Capítulo III
93
Tabela 7 - Critério de formato de campo 6 - direção e sentido do passe.
Critério de formato de campo 6
Direção e sentido do passe (TP) Definição Conceptual: Representa o sentido da bola durante a sua deslocação entre dois elementos da mesma
equipa, com o objetivo de dar sequência ao jogo, de modo a permitir a manutenção da posse de bola ou
finalização.
Propomos 3 categorias possíveis para a orientação das ações técnicas -Direção/Sentido.
Catálogo Código Descrição
Passe para a frente PPf Sempre que o portador da bola realiza um passe no sentido
da baliza adversária.
Passe para trás PPt Sempre que o portador da bola realiza um passe no sentido
da baliza defendida.
Passe para o lado PPl Sempre que o portador da bola realiza um passe
lateralmente ao eixo de ataque.
… … …
Tabela 8 - Critério de formato de campo 7 - altura do passe.
Critério de formato de campo 7
Altura do passe (P)
Definição Conceptual: Representa a altura a que a bola é enviada entre dois elementos da mesma equipa, com o
objetivo de dar sequência ao jogo, de modo a permitir a manutenção da posse de bola ou finalização. Propomos 3
categorias possíveis para a orientação das ações técnicas – Altura.
Catálogo Código Descrição
Passe raso
Pr
Sempre que a bola enviada entre dois elementos da mesma
equipa, na sua trajetória, não ultrapassa o nível dos joelhos
dos jogadores.
Passe meia altura
Pma
Sempre que a bola enviada entre dois elementos da mesma
equipa, na sua trajetória ultrapassa o nível dos joelhos dos
jogadores, mas não a sua altura.
Passe alto Pa Sempre que a bola enviada entre dois elementos da mesma
equipa, na sua trajetória, ultrapassa a altura dos jogadores.
…Passe lateral para a frente Plf …
Passe lateral para trás Plt
António Barbosa Capítulo III
94
Tabela 9 - Critério de formato de campo 8 - ritmo de jogo.
Critério de formato de campo 8
Ritmo de jogo (RJ)
Definição Conceptual: Tarefas realizadas com bola, registando-se o ritmo de execução relativamente às
execuções desencadeadas por cada jogador que contactou com a bola no PO. Propomos 2 categorias possíveis
para a orientação das ações técnicas para o ritmo de jogo.
Catálogo Código Descrição
Ritmo rápido RJr Sempre que o portador da bola, através da sua intervenção,
originou ou manteve um ritmo de jogo rápido,
desencadeando ações rápidas/intensas, cíclicas ou acíclicas:
remate, passe longo, condução da bola com corrida rápida
ou sprint, passe rápido, controlo da bola em velocidade,
drible em velocidade, taclke ofensivo.
Ritmo lento/médio RJl Sempre que o portador da bola através da sua intervenção
originou ou manteve um ritmo de jogo lento,
desencadeando ações lentas e pouco intensas, cíclicas ou
acíclicas: condução de bola a trote, controlo de bola parado,
em marcha ou em corrida lenta, passe lento.
… … …
António Barbosa Capítulo III
95
Tabela 10 - Critério de formato de campo 9 - caracterização espacial.
Critério de formato de campo 9
Caracterização espacial Definição Conceptual: Com vista ao registo espacial das condutas comportamentais do(s) jogador(es) em cada
critério definido, foi seguida a divisão de Garganta (1997) em doze zonas de igual dimensão, a que se atribui a
designação de Campograma. A cada zona corresponde uma categoria diferente, ou seja, um campo de jogo é
constituído por doze unidades categoriais que formam um sistema de categorias exaustivo e mutuamente
excluente (E/ME).
Figura 1 – Campograma da espacialização do terreno de
jogo em doze zonas/categorias – Formado a partir da
justaposição de 4 sectores transversais SD (sector defensivo),
SMD (sector médio defensivo), SMO (sector médio ofensivo),
SO (sector ofensivo) e 3 corredores longitudinais CD (corredor
direito), CC (corredor central) e CE (corredor esquerdo).
Catálogo Código Descrição
Zona Um Z1 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 1, de
acordo com o campograma acima.
Zona Dois Z2 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 2, de
acordo com o campograma acima.
Zona Três Z3 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 3, de
acordo com o campograma acima.
Zona Quatro Z4 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 4, de
acordo com o campograma acima.
Zona Cinco Z5 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 5, de
acordo com o campograma acima.
Zona Seis Z6 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 6, de
acordo com o campograma acima.
Zona Sete Z7 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 7, de
acordo com o campograma acima.
Zona Oito Z8 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 8, de
acordo com o campograma acima.
Zona Nove Z9 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 9, de
acordo com o campograma acima.
Zona Dez Z10 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 10, de
acordo com o campograma acima.
Zona Onze Z11 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 11, de
acordo com o campograma acima.
Zona Doze Z12 As condutas do(s) jogador(es) da equipa ocorrem na zona 12, de
acordo com o campograma acima.
António Barbosa Capítulo III
96
Tabela 11 - Critério de formato de campo 10 - centro do jogo.
Critério de formato de campo 10
Centro do Jogo (CJ)
Definição Conceptual: Define-se Centro do Jogo como a zona onde a bola se movimenta num determinado instante (Castelo, 1996), isto é, através do contexto de cooperação
e de oposição dos jogadores influentes no jogo* na zona do campograma onde se encontra o portador da bola. Tendo por base o número, a zona, e a possível participação dos
jogadores da equipa em processo ofensivo, e o número, a zona, e a possível participação dos jogadores adversários na zona do campograma em que se encontra o portador da
bola (Barreira, 2006), distinguem-se 2 categorias da EObs no processo ofensivo: (1)Sem pressão; (2) Pressão;
O conceito de Pressão encontra-se diretamente relacionado com fatores tático-estratégicos inerentes ao contexto da cooperação e oposição dos subsistemas ou níveis de
organização “equipa”; “confronto parcial” e “confronto individual”, que transformam a cada momento o fluxo dos acontecimentos do jogo (Gréhaigne, 2001), sendo
fundamental compreender qual a influência do contexto de interação no CJ no fluxo condutural do jogo. Propomos duas categorias/seis subcategorias para a situação
momentânea do centro do jogo.
Catálogo Código Descrição
Pre
ssã
o (
P)
Inferioridade relativa
Pir
No centro do jogo, a EObs encontra-se numa relação numérica de inferioridade com a equipa adversária. Esta inferioridade
corresponde à EObs ter no Centro do Jogo menos um ou dois jogadores que a equipa adversária. Por exemplo: Situação
1x2; 2x3; 3x4; 3x5
Situação de 2x3 na zona 9 do campo. Situação de 1x2 na zona 9 do campo.
Inferioridade
absoluta
Pia
No Centro do Jogo, a EObs encontra-se numa relação numérica de inferioridade com a equipa adversária. Esta
inferioridade corresponde à Eobs ter no Centro do Jogo menos três ou mais jogadores que a equipa adversária.
Por exemplo:
Situação 1x4; 2x5; 2x6; 3x6
António Barbosa Capítulo III
97
Igualdade
Pressionada
Pip
No CJ: SD e SMD, ou SMO (quando o jogador portador da bola se encontra de costas para a baliza adversária, com um
adversário em contenção e sem linhas de passe para zonas de maior ofensividade – a EObs se encontra numa relação
numérica de igualdade com a equipa adversária.
Por exemplo:
Situação 1x1; 2x2; 3x3 nas zonas 1/2/3/4/5/6/7/8/9
1x1 na Zona 9 do campo (Sector médio Ofensivo). 2x2 na Zona 8 do campo (sector médio ofensivo).
Sem
Pre
ssã
o (
SP
)
Igualdade não
pressionada
SPinp
No CJ: SMO (quando o jogador portador da bola se encontra de costas para a baliza adversária com linhas de passe de
maior ofensividade ou se encontra de frente para a baliza adversária), ou no SO, a EObs encontra-se numa relação
numérica de igualdade com a equipa adversária.
Por exemplo: Situação 1x1; 2x2; 3x3 nas zonas 7/8/9/10/11 ou 12
Situação de 1x1 na Zona 12 do campo (sector ofensivo). Situação de 2x2 na Zona 10 do campo (sector ofensivo).
António Barbosa Capítulo III
98
Superioridade
relativa
SPsr No cento do Jogo, a EObs encontra-se numa relação numérica de superioridade com a equipa adversária. Esta
superioridade corresponde à EObs ter no Centro do Jogo mais um ou dois jogadores que a equipa adversária.
Por Exemplo: Situação 2x1; 2x0; 3x2; 3x1
Situação de 2x0 na Zona 4 do campo. Situação de 2x1 na Zona 6 do Campo.
Superioridade
absoluta
SPsa No centro do Jogo, a EObs encontra-se numa relação numérica de superioridade com a equipa adversária. Esta
superioridade corresponde à EObs ter no Centro do Jogo três ou mais jogadores que a equipa adversária.
Por exemplo: Situação 4x1; 5x2; 5x1.
Situação de 6x3 na zona 6.
… … …
António Barbosa Capítulo III
99
Os dez critérios, foram trabalhados de forma a simplificar e potencializar a sua
utilização. Sarmento et al. (2012), produziram uma macro com utilização no
Microsoft Excel (ver, figura 21), onde foram registadas todas as sequências de
condutas contempladas no instrumento de observação.
Figura 21 - Folha de cálculo utilizada para o registo das sequências de eventos.
3.1.4 - Amostra de observação
3.1.4.1 - Justificação da seleção da amostra
A definição da amostra permitirá planificar quando teremos de observar, para obter o
registo correspondente (Anguera, 2003c).
Cada treinador deverá analisar o seu meio envolvente de acordo com a sua
realidade mas, ao mesmo tempo, deverá estar atento ao que os melhores
treinadores, nas melhores ligas, estão a fazer. Um treinador deverá ser um
“oportunista”, apropriando-se do que os melhores do mundo fazem. Pensamos que é
importante o contributo que traz a análise de equipas com elevado sucesso
desportivo, que disputam dois dos melhores campeonatos do mundo e que têm em
comum o mesmo treinador e equipa técnica. As grandes competições internacionais,
como os campeonatos do Mundo e da Europa, constituem momentos importantes
para aferir o nível do jogo e perspetivar as tendências da sua evolução (Prudente,
2006). Através da revisão literária, constatámos que diversos autores têm focado o
seu estudo na análise dos jogos realizados ao longo destas competições, em
António Barbosa Capítulo III
100
distintas modalidades (Camerino, Chaverri, Anguera, & Jonsson, G. 2012; J. Lopes
2007; Prudente, 2006; Ramos, 2009; A. Silva, 2004; J. Silva, 2008; M. Silva, 2009).
Todavia, os estudos que incidem sobre a análise do desempenho das equipas ao
longo dos seus campeonatos, são em número mais reduzido (Laranjeira, 2009; M.
Silva, 2009; Sarmento, 2012).
Procedemos ao estudo das equipas do Inter de Milão, relativamente à época
desportiva 2009/2010 e Real Madrid, em relação à época desportiva 2010/2011,
atendendo a dois pontos de relevo:
i) Equipas que partilharam os mesmos elementos das equipas técnicas e
treinador principal.
ii) Equipas inseridas em campeonatos da elite mundial. As respetivas ligas
foram consideradas duas das três melhores ligas de futebol profissional da
Europa, na primeira década do século XXI15.
Procuramos estudar, no paradigma vigente, a existência de uma estrutura similar
entre as equipas, que se reflita no fluxo de jogo. Com esse propósito escolhemos um
técnico e sua equipa técnica, que por repetidas vezes levou as suas equipas à
obtenção do sucesso desportivo em campeonatos e taças nacionais de diferentes
países, taça UEFA, taça dos campeões europeus, entre outras.
No processo de seleção da amostra definimos jogos relativos aos respetivos
campeonatos, com o objetivo de condicionar o tipo de oposição que as equipas em
observação iriam encontrar. Os campeonatos são comummente descritos como
provas de regularidade, em que cada jogo tem características específicas, mas
diferentes dos jogos de competições realizadas com cariz eliminatório.
Pretendemos, através da observação dos jogos, encontrar alguns indicadores que
nos permitam definir os processos ofensivos utilizados, tentando comparar pontos
em comum ou que se dissociem. Atendendo à estrutura hierarquizada definida na
figura 15, (processo da metodologia observacional, adaptado de Anguera et al.,
2001), é de todo pertinente a delimitação da fonte a observar. Com este ponto
definimos de forma inequívoca a amostra utilizada. Assim, selecionamos jogos de
15 De acordo com a classificação disponibilizada pela Federação Internacional de História e Estatística do Futebol (IFFHS). Ver http://www.iffhs.de, para consulta detalhada (Sarmento, 2012).
António Barbosa Capítulo III
101
forma aleatória, obtendo um conjunto de dados em contexto natural que permitem
caraterizar os métodos de jogo ofensivo utilizados pelas duas equipas.
3.1.4.2 - Amostra observacional
Procederemos à codificação de vinte e quatro jogos, doze16 da liga italiana, relativos
a equipa do F.C. Internacional de Milão da época desportiva 2009-2010 e doze jogos
da liga espanhola, da equipa do Real Madrid F.C. época desportiva 2010-
2011.Tentando garantir a representatividade do diferentes contextos, para cada
equipa foram observados seis jogos em casa e seis jogos fora.
16 Hughes, Evans e Wells (2001), consideram 6 jogos, um número razoável, para ser considerado
como representativo da performance.
António Barbosa Capítulo III
102
Tabela 12 - Jogos relativos a amostra observacional.
Sessão de
observação
Jogo
Local
Data da realização dos
jogos
1ª Milan x Inter. M. Fora 29/08/09 2ª Valencia x Real M. Fora 23/04/11 3ª Roma x Inter. M. Fora 27/03/10 4ª Barcelona x Real M. Fora 29/11/10 5ª Atalanta x Inter. M. Fora 13/12/09 6ª Real Sociedad x Real M. Fora 18/09/10
7ª Siena x Inter. M. Fora 16/05/10
8ª Espanyol x Real M. Fora 13/02/11
9ª Livorno x Inter. M. Fora 01/11/09
10ª Sevilla x Real M. Fora 19/12/10
11ª Palermo x Inter. M. Fora 20/03/10
12ª Málaga x Real M. Fora 16/10/10
13ª Inter. M. x Siena Casa 09/01/10
14ª Real M. x At. Madrid Casa 07/11/10
15ª Inter. M. x Atalanta Casa 24/04/10
16ª Real M. x Villarreal Casa 09/01/11
17ª Inter. M. x Livorno Casa 24/03/10
18ª Real M. x Osassuna Casa 11/09/10
19ª Inter. M. x Milan Casa 24/01/10
20ª Real M. x Mallorca Casa 23/01/11
21ª Inter. M. x Palermo Casa 29/10/09
22ª Real M. x Valencia Casa 04/12/10
23ª Inter. M. x Roma Casa 08/11/09
24ª Real M. x Levante Casa 19/02/11
3.1.4.3 - Seleção da amostra observacional
As decisões relativas à amostra observacional devem ser entendidas com base em
dois níveis amostrais: intersessional17 e intrasessional18.
Ao nível da amostra intersessional, decidiu-se:
i) Período de observação: jogos realizados ao longo de uma época
desportiva. Seleção de duas equipas, de dois campeonatos distintos, liga
Italiana liga espanhola;
ii) Número de sessões: vinte e quatro (doze por equipa);
iii) Critério de início e final da sessão: período de tempo com início no apito
inicial do árbitro até ao período de intervalo; posteriormente, a etapa
17 O nível amostral intersessional corresponde a decisões relativas ao período de observação, à periodicidade das sessões de observação, ao número mínimo de sessões, e aos critérios de início e de final de cada sessão (Barreira,2006; J. Lopes, 2007). 18 Nível amostral intrasessional, refere-se aos procedimentos de registo da informação dentro de cada sessão de observação. (Barreira, 2006; J. Lopes, 2007).
António Barbosa Capítulo III
103
complementar até ao final do jogo. Dentro do período de tempo mencionado,
procedemos à recolha de dados amostrais relativos ao processo ofensivo da
equipa em estudo, visando satisfazer os objetivos propostos.
Critérios de seleção da amostra:
i) As equipas terem em comum o mesmo treinador e equipa técnica;
ii) Período de observação, campeonato italiano 2009-2010, campeonato
espanhol 2010-2011;
iii) O jogo que decorre integralmente com as equipas com onze jogadores de
cada lado, exceto quando uma das equipas intervenientes no jogo ficar em
inferioridade numérica, nesse caso a observação não continuará (exceção feita
para inferioridade numérica momentâneas);
iv) Início e final da sessão de observação: período de duração desde o sinal
dado pelo árbitro, apito inicial, até ao final da segunda parte do jogo, apito final.
Número de jogos analisados: selecionamos um conjunto de doze jogos por equipa.
Uma vez que as competições selecionadas permitem a ocorrência de jogos
disputados entre duas equipas em locais diferentes, para o estudo em causa
consideramos, em alguns casos, a ocorrência desse facto.
Inferioridade numérica: as equipas terminarem os noventa minutos de jogo com dez
jogadores mais guarda-redes. Em casos particulares em que um dos jogadores se
ausenta do terreno de jogo momentaneamente (assistência médica) continuaremos
a realizar a observação.
Duração da sessão: cada sessão terá a duração de um jogo, noventa minutos e
tempo exta atribuído pelo árbitro.
Factor casa/fora: seis jogos disputados em casa, seis jogos disputados fora de casa.
Nivel amostral intrasessional optamos por:
As decisões a nível amostral intrasessional referem-se aos procedimentos de registo
da informação relativa ao que é relevante recolher no presente estudo. Pretendemos
um período de observação de acordo com os critérios definidos para caraterizar os
processos ofensivos das duas equipas.
António Barbosa Capítulo III
104
i) Registo da sessão: apenas foi registada a informação relevante da
sessão, de acordo com os objetivos propostos para o presente estudo. Deste
modo, registaram-se as condutas das sequências ofensivas passíveis de
contra-ataque, ataque rápido e ataque posicional, de acordo com os critérios
definidos pelo instrumento ad hoc (Sarmento, 2012). Procedeu-se,
exclusivamente, ao registo de processos ofensivos em que foi possível
observar a totalidade das condutas que o constituem. As sequências que não
preencheram os requisitos delimitados não foram tidas em conta; assim, não
contaram para o registo final de sequências observadas;
ii) Amostra de multi-ventos: registamos as sequências que comparam os
requisitos, para serem analisados. O resultado dos registos das sequências
será uma lista de configurações (unidade básica no registo de formato de
campo), que consiste no encadeamento de códigos correspondentes às
condutas simultâneas ou concorrentes. Entendemos que duas seções, apesar
do período de tempo de jogo ser igual, contêm diferentes números de condutas
analisadas.
3.1.5 - Observação e registo dos dados
Assegurando a correta continuidade do processo, deveremos esclarecer como o
método de observação e registo dos dados se desenvolverá.
3.1.5.1 - Caraterização do processo de observação
Segundo Hernández-Mendo et al. (2000) os critérios taxonómicos inerentes à
metodologia observacional são agrupados em quatro categorias. Pela pertinência
cabe-nos definir os métodos utilizados dentro de cada critério. Sendo assim:
i) Grau de cientificidade: recorremos a observação ativa19 , uma vez que
existe um problema definido, controlo externo elevado e hipóteses exploratórias
delineadas, num estado inicial do trabalho é levada a cabo uma fase
exploratória ou pré-científica, ou seja, uma observação de caráter passivo e
assistemático.
19 Observação ativa, inicia-se depois de finalizada a fase de observação passiva, já com o problema definido, com controlo externo elevado e com hipóteses exploratória ou confirmatória.
António Barbosa Capítulo III
105
ii) Grau de participação do observador: recorreremos à observação não
participante, onde o observador atua de forma neutra.
iii) Grau de percetividade: procederemos a observação indireta uma vez que
recorreremos a meios audiovisuais (DVD e box).
iv) Níveis de resposta ou sectores de comportamento percetível: sugere-se a
classificação de níveis de resposta propostos por Weick (1968), citado por
Hernández-Mendo et al. (2000). Analisaremos condutas não-verbais20. O jogo
de futebol tem como elemento constituinte a conduta motora ou gestual.
3.1.5.2 - Procedimento da observação
Realizamos a codificação através da observação indireta. Os jogos foram gravados
através das transmissões televisivas da SPORTV, juntamente com teletransmissões
dos respetivos canais televisivos dos clubes em estudo. Os jogos do Internacional
de Milão foram gravados em formato DVD; para esse efeito recorreu-se à utilização
de um leitor/gravador de DVD Sony RDR-GXD455. Os jogos do Real Madrid foram
gravados na box da televisão.
A visualização dos jogos decorreu através de dois instrumentos: Inter de Milão,
recorrendo à utilização de DVD Sony RDR-GXD455 televisionado num televisor
Panasonic modelo Viega; os jogos do Real Madrid, recorrendo à utilização da box
MEO modelo KMM3010-pt. As gravações foram posteriormente projetadas num
televisor Panasonic modelo Viega.
Para realizar o registo dos dados utilizou-se um computador portátil ACER Aspire
5737Z Anakart com processador Intel Pentium, através da utilização da macro
supramencionada.
20 Para Weick (1968), citado por Hernández-Mendo et al. (2000) As possíveis condutas a observar dividem-se em quatro campos: I) Conduta não-verbal - refere-se às expressões motoras que podem ter origem em diferentes partes do organismo; II) Conduta espacial ou proxémica - que apresenta duas vertentes, uma de caráter estático - escolha de um determinado espaço e do estabelecimento de distâncias interpessoais, outra de caráter dinâmico que compreende o conjunto de deslocamentos de um indivíduo, realização de trajetórias, ocupação de estação, etc. III) A conduta vocal ou extralinguística que estuda os diversos aspetos de interesse na vocalização sem que interesse o conteúdo da mensagem; IV) Conduta verbal ou linguística, ao contrário da vocal ou extralinguística, refere-se ao conteúdo da mensgem.
António Barbosa Capítulo III
106
Figura 22 - Ilustração do processo de recolha de dados, através da projeção, observação e codificação do objeto em estudo.
3.2.5.3 - Procedimento de registo
Cada sequência ofensiva foi primeiramente identificada, seguindo-se o jogo com
deslocação temporal normal. Posteriormente era reiniciada a jogada, recolocando a
linha de tempo no início da jogada e parando a jogada sempre que se verificava uma
ação que deveria ser codificada; procedemos, então, à codificação de cada ação.
Assim, para uma interpretação correta, procedemos à sua visualização o número de
vezes necessário e, sempre que se justificava, recorríamos ao slow motion.
O processo de registo de dados observados desenrola-se de forma sequencial e
baseia-se no registo dos códigos de cada conduta ou comportamento observados e
ordenados à medida que ocorrem.
De seguida passaremos e exemplificar um processo ofensivo. O presente processo
ofensivo não se relaciona com o estudo em questão.
Para todos os processos ofensivos fizemos a escolha da liga, da parte do jogo, do
resultado, da relação numérica e do processo ofensivo.
Em cada ação codificada, procedemos à colocação do tempo (real de jogo) em que
o evento decorreu.
Início do processo ofensivo. Consideramos que se inicia uma posse da bola sempre
que a equipa, até então não possuidora da bola, a consegue recuperar passando a
estar na posse da mesma, Sarmento (2012).
António Barbosa Capítulo III
107
Ipd, Z5, SPsr - Ipd - o PO inicia-se através de
desarme, intervindo sobre a bola, numa
situação de luta direta com um atacante
adversário, que a procura conservar, sem
que exista interrupção do jogo. Z5 - reporta-
-nos para a zona do campograma, corredor
central do sector médio defensivo. Spsr - No
cento do Jogo, a EObs encontra-se numa
relação numérica de superioridade com a
equipa adversária. Esta superioridade corresponde ao facto da equipa em
observação (EObs) ter no centro do jogo mais um ou dois jogadores que a equipa
adversária.
Desenvolvimento, do processo ofensivo. São todas as intervenções motoras que
realiza um jogador e colegas da mesma equipa, para manter de forma controlada,
em termos tático-técnicos, a posse de bola, e estar na disposição de dar
continuidade ao processo ofensivo Sarmento (2012).
Dpc, Z6, PPt, Pr, RJr, SPsr – Dpc - o
portador da bola realiza um passe
curto/médio (passe dentro da mesma zona
topográfica ou numa das zonas contíguas)
para um dos companheiros com o intuito de
dar continuidade ao PO. Z6 corredor lateral
direito do sector médio defensivo. Ppt –
passe: o portador da bola realiza um passe
no sentido da baliza defendida. Pr – passe
raso: a bola, enviada entre dois elementos da mesma equipa, na sua trajetória, não
ultrapassa o nível dos joelhos dos jogadores. Rjr – ritmo de jogo rápido: sempre que
o portador da bola, através da sua intervenção, originou ou manteve um ritmo de
jogo rápido, desencadeando ações rápidas/intensas, cíclicas ou acíclicas: passe
executado prontamente. Spsr – superioridade relativa.
Figura 23 - Início do processo ofensivo através de desarme.
Figura 24 - Desenvolvimento do PO através de passe curto/médio.
António Barbosa Capítulo III
108
Dpl, Z2, PFr, Pal, RJr, SPsr – Dpl - o portador
da bola realiza um passe longo (passe em
que a bola cruza duas zonas contíguas e é
jogada numa terceira zona) para um dos
companheiros com o intuito de dar
continuidade ao PO. Z2 corredor central do
sector defensivo. PFr - que o portador da
bola realiza um passe no sentido da baliza
adversária. Pal - Sempre que a bola enviada
entre dois elementos da mesma equipa, na sua trajetória, ultrapassa a altura dos
jogadores. Rjr - ritmo de jogo rápido através da utilização de passe longo. SPsr -
superioridade relativa.
Ddu, Z8, RJr, Pir - Ddu - um jogador da
equipa em posse de bola disputa a bola com
um adversário (p.e., uma bola em trajetória
aérea não controlada por nenhum dos
jogadores), tentando manter a continuidade
do PO. Z8 corredor central do sector médio
ofensivo. RJr – ritmo de jogo rápido, passe
rápido. Pir - No centro do jogo, a EObs
encontra-se numa relação numérica de
inferioridade com a equipa adversária. Esta inferioridade corresponde à EObs ter no
centro do jogo menos um ou dois jogadores que a equipa adversária
Drc, Z8, RJr, SPinp - Drc - um jogador da
equipa em PO recebe e controla a bola
enviada por um colega, mantendo a
continuidade do PO. Z8 corredor central do
sector médio ofensivo. Rjr - ritmo de jogo
rápido controlo da bola em velocidade. Spinp
- quando o jogador portador da bola se
encontra de frente para a baliza adversária,
ou no SO.
Figura 25 - Desenvolvimento do PO através de passe longo.
Figura 26 - Desenvolvimento do PO através de duelo.
Figura 27 - Desenvolvimento do PO através de recepção e controle.
António Barbosa Capítulo III
109
Dpc, Z8, Pdf, Pr, RJr, Pir - Dpc -
desenvolvimento através de passe
curto/médio. Z8 corredor central do sector
médio ofensivo. Pdf - passe no sentido da
baliza adversária. Pr - passe raso. Rjr - ritmo
de jogo rápido. Pir - relação numérica de
inferioridade relativa.
Drc, Z11, RJr, Pir - Dpc - desenvolvimento
através de receção/controle. Z11 - corredor
central do sector ofensivo. Ritmo de jogo
rápido através da receção orientada. Pir
relação numérica de inferioridade relativa.
Final do processo ofensivo. Entende-se por sequência ofensiva finalizada (SOF)
uma ação de ataque, constituída por uma ou várias ações individuais unidas e
encadeadas de acordo com uma lógica organizacional própria, desenvolvida pela
equipa em posse da bola - Sarmento (2012).
Fgl, Z11, Pir - O PO finaliza com a obtenção
de um golo a favor, devidamente validado
pelo árbitro. Z11 - corredor central do sector
ofensivo. Pir - relação de inferioridade
relativa.
Como resultado, obtemos um conjunto de dados ordenados cronologicamente. A
seguinte tabela demonstra-nos a jogada descrita anteriormente.
Figura 28 - Desenvolvimento do PO através de passe curto/médio.
Figura 29 - Desenvolvimento do PO através de recepção e controle.
Figura 30 - Final do PO com golo.
António Barbosa Capítulo III
110
3.1.6 - Fase exploratória
Com a fase exploratória 21 , pretendemos realizar um passo metodológico muito
recomendável aquando da realização de um estudo que envolve a utilização da
metodologia observacional (Hernández-Mendo et al., 2000).
Procedemos à experimentação, realizando a aplicação da macro de observação em
partes dos jogos das equipas em estudo, com o objetivo de adquirir conhecimento.
Por outro lado, procedemos também ao aperfeiçoamento do processo de
observação e registo. Apesar de se identificar como uma fase de experimentação, o
observador deve possuir já algum conhecimento do instrumento e da situação de
observação (Barreira, 2006).
Pretende-se potenciar a técnica de recolha de dados, Anguera (2003) define que a
finalidade da fase exploratória passa por:
i) Permitir uma adequada delimitação e/ou redefinição do problema em
estudo;
ii) Aumentar a identificação entre o observador e o instrumento a utilizar,
assim como com possíveis situações de observação;
iii) Possibilitar que o observador adquira conhecimentos que lhe permitam
tomar decisões mais precisas em etapas posteriores, ou seja, no registo ativo
propriamente dito.
21 Trata-se de uma etapa pré-cientifica na qual se realiza, de forma passiva, a observação e o registo dos dados de um conjunto de sequências (Barreira, 2006).
Tabela 13 - Exemplo da descrição dos dados, marco utilizada para o processamento dos dados.
António Barbosa Capítulo III
111
A. Silva (2004), complementa, evidenciando dois elementos caraterizadores da
presente fase; assim, acrescenta:
i) Testar o próprio sistema de observação;
ii) Momentos de treino do próprio observador.
Procedemos à realização da fase exploratória, aplicando o instrumento em dois
jogos Inter x Bari, jogo da primeira jornada da Serie A 2009-2010, e Real Sociedad X
Real Madrid, relativo à terceira jornada liga BBVA 2010-2011.
3.1.7 - Procedimentos de interpretação
3.1.7.1 - Análise e controlo da qualidade dos dados
O processo descrito pretende garantir a fiabilidade 22 do presente estudo. Para
Anguera (1992) e Blanco (1989) na metodologia observacional, tudo está
relacionado com a fiabilidade dos dados registados, que é de extrema importância. A
separação de conceitos como a fiabilidade, a validade e concordância é muito difícil.
É vital a estabilidade das observações. Todos os sistemas de medida requerem uma
avaliação periódica de qualidade dos seus dados. Será de grande valia o
investigador identificar o real valor do instrumento de observação utilizado,
evidenciando o valor real da análise a realizar. Blanco e Anguera (2003), consideram
que o conceito de fiabilidade é um conceito muito simples. Até que tenhamos a
certeza de que um instrumento mede aquilo que nos propomos é necessário, em
primeiro lugar, demonstrar que as medições dos indivíduos, em diferentes ocasiões,
ou por vários observadores, em situações de jogo semelhantes, produzem
resultados semelhantes ou iguais.
Um instrumento fiável é aquele que tem poucos erros de medição e mostra
estabilidade, coerência e dependência nas pontuações individuais para as
características a serem analisadas sob a observação direta do comportamento
(Blanco-Villaseñor, 1997).
22 Fiabilidade é geralmente definida como a razão entre a variação inter-individual e a variabilidade total da observação, ou noutros termos, a fiabilidade é uma medida da proporção de variabilidade na observação que é devida às diferenças reais entre indivíduos. Assim, a fiabilidade é expressa como um número entre 0 e 1, indicando o valor 0 que não existe nenhuma fiabilidade e o valor 1 a fiabilidade ideal (Blanco-Villaseñor & Anguera 2003).
António Barbosa Capítulo III
112
A justificação deste controlo de qualidade é evidente, devido à existência de uma
vasta gama de erros e enviesamentos possíveis, permanece essencial para obter a
maior precisão no registo, uma adequada validade e, especialmente, elevada
fiabilidade (Anguera, 2003c). As avaliações são de particular importância na
estrutura metodológica dos desenhos observacionais, uma vez que se tenta obter
pontuações em dimensões de resposta múltipla além de ser aplicadas em situações
naturais não controladas pelos profissionais em muitas das ocasiões (Blanco-
Villaseñor & Anguera, 2003).
Em particular, no futebol, existe uma grande quantidade de fatores que influenciam,
de forma diversa, a forma como as ações são executadas, pelo que é premente
perceber se os dados observados são interpretáveis, ou se, pelo contrário, são o
resultado de flutuações aleatórias introduzidas pelo instrumento de observação
utilizado (Blanco-Villaseñor & Anguera, 2000; Blanco-Villaseñor & Anguera, en
prensa; citado por Anguera et al., em preparação citado por Barreira 2006).
Para Blanco-Villaseñor e Anguera, (2003) considerando uma avaliação
observacional como um caso especial de uma prova psicológica estandardizada,
podemos definir a fiabilidade através do coeficiente de correlação:
i) Fiabilidade intraobservador: um único observador em dois momentos
distintos, ou seja, duas observações diferentes do mesmo comportamento,
corresponde a uma mesma sessão, gravada mediante suporte áudio ou vídeo,
observada duas vezes. O erro representa a inconsistência do observador ao
utilizar um sistema de categorias;
ii) Fiabilidade interobservadores: dois observadores registam uma mesma
sessão previamente gravada em suporte áudio ou vídeo. Não confundir com
concordância interobservadores pois, isso exigiria um registo simultâneo de
uma observação direta, além de que a expressão da concordância é
apresentada sob a forma de percentagem de acordo e não de coeficiente de
correlação (Blanco-Villaseñor e Anguera, 2003).
Os coeficientes de fiabilidade dividem a variância de um conjunto de dados em
dados verdadeiros (diferenças individuais) e uma componente de erro. É
extremamente importante que os procedimentos de medida se mantenham com
elevada estabilidade, tanto na fiabilidade intraobservador como na fiabilidade
interobservadores.
António Barbosa Capítulo III
113
Assim, optamos por proceder à recolha de dados de forma contínua. Este
procedimento implica que não exista nenhum resquício no contínuo do fluxo
comportamental (Mendo, 1999). Juntamente com este facto, procurando assegurar a
homogeneidade, definiu-se não proceder ao registo de jogos em que se verifica a
alteração da relação numérica; com este elemento, excluímos jogos onde
verificamos a expulsão de um jogador ou a lesão, facto que provoca a desigualdade
numérica.
Com a finalidade de assegurar a constância intersessional optamos pelo seguinte
critério: os jogos analisados, de cada uma das equipas, são relativos aos
campeonatos nacionais.
Ainda com a finalidade de assegurar a constância intra e interobservação, ideal para
a análise observacional, decidimos excluir todo e qualquer processo ofensivo onde
se verifica a alteração do fluxo normal dos acontecimentos devido a uma
impossibilidade de observação. Com isto pretendemos afirmar que, caso durante a
observação de um processo ofensivo, por questões técnicas ou outras, não
tenhamos acesso a uma ou mais condutas, não procederemos ao registo do
processo ofensivo.
Assim, depois de um conjunto de observações de caráter exploratório, procedemos
à análise da qualidade dos dados através da verificação de dois parâmetros.
Procedemos à verificação da qualidade dos dados através análise da concordância
intraobservador e interobservador, que se verificou, por intermédio do índice de
fiabilidade de Kappa 23 . O processo, passou pela verificação dos graus de
concordância intraobservador24 e interobservador25:
i) Concordância Intraobservação - observação e registo de um jogo por
equipa, total de dois jogos; posteriormente, com um intervalo de tempo de
quinze dias, voltámos a observar os mesmos jogos.
23 O índice de fiabilidade de Kappa preconiza que para existir estabilidade entre observações, ou seja, para se verificar concordância no registo dos dados, o valor de Kappa para todos os critérios deve ser superior a 0,75 (Bakeman & Gottman,1989). 24 Procede-se à observação e registo da mesma sessão, no caso em particular do jogo de futebol, em dois momentos diferentes. 25 Dois ou mais observadores registam a mesma sessão de observação, no caso em particular o jogo de futebol, em separado.
António Barbosa Capítulo III
114
ii) Concordância Interobservador - observação e registo de um jogo por
equipa, total de dois jogos; comparados, posteriormente, os resultados obtidos
por outro observador altamente especializado.
Posteriormente, procedemos a aplicação das observações no sofware SDIS-GSEQ
e a sua função calcular Kappa.
O controlo da qualidade dos dados realizou-se numa perspetiva quantitativa e
qualitativa. Na perspetiva qualitativa utilizou-se a concordância (por acordo) por
consenso. Na perspetiva quantitativa recorreu-se à estatística que relaciona o
conceito em associação.
Da análise da qualidade de dados resultam os índices de concordância de Kappa de
Cohen, como se verifica, através da observação da na Tabela 154. Os resultados
evidenciam elevada estabilidade intra e interobservador. Assim o percurso, deu-nos
a conhecer o funcionamento (operacionalização do instrumento), esclarecer dúvidas
pontuais relativas aos conteúdos a observar, conhecimento prático do valor real do
instrumento, estabelecer, balizar, determinadas ações. Seguidamente houve a
verificação da familiarização entre o observador, objeto de estudo e o instrumento,
promovendo um processo de observação mais célere e eficiente.
Estamos em crer que o nível de fiabilidade alcançado, deriva da realização de um
caminho, supramencionado, que permitiu paralelamente desenvolver a técnica de
registo e análise, ou seja, parecem-nos fortemente condicionados, pela fase de
exploratória levada a cabo, permitindo ressalvar a sua importância.
António Barbosa Capítulo III
115
Tabela 14 - Análise da qualidade de dados. Resultados da fiabilidade, para cada um dos critérios.
Categorias observadas
Intra -
observador Inter-
observador
Kappa Kappa
Início do processo ofensivo 0,94 0,91
Desenvolvimento do processo ofensivo 0,99 0,98
Final do processo ofensivo 0,96 0,95
Espacialização do terreno de jogo 0,96 0,93
Contexto de interação no centro do jogo 0,93 0,90
Direção/sentido do passe 0,97 0,92
Altura do passe 0,98 0,97
Ritmo de jogo 0,94 0,89
Método de jogo ofensivo 1 1
Pela análise da Tabela 154 podemos constatar que todos os critérios, possuem
valores que garantem a fiabilidade da recolha dos dados. Os dados possuem
valores Kappa superiores a 0,89. Constatamos que os mesmos, refletem
estabilidade no processo de observação, consequentemente asseguramos a
qualidade do processo. Verificada a consistência na forma e no objeto estudado,
reduzindo o espaço para apreciações particulares. Registamos com agrado a
concordância entre a observação e o registo dos dados.
Relativamente ao estudo Kappa, procedemos com a finalidade de atribuir ao estudo
um cunho científico indubitável. Os valores verificados, refletem a independência e a
consistente transcrição da realidade, relativa ao observador e observadores, de
acordo com as ações observadas.
A nossa convicção, alicerçada nos valores obtidos, permite-nos afirmar que o efeito
observador tem impacto reduzido no processo de registo das ações codificadas,
garantindo a qualidade no processo de recolha de informação.
António Barbosa Capítulo III
116
Resultados da seleção das situações em estudo
Apresentaremos, de seguida, os principais resultados:
i) Do tratamento estatístico são apresentados os resultados da estatística
descritiva, a que recorremos para averiguar se existiam diferenças
estatisticamente significativas no que concerne à frequência com que as
diferentes equipas recorreram aos diferentes métodos de jogo ofensivo para
desenvolver as suas sequências ofensivas. Estudo quantitativo relativamente
aos comportamentos relativos aos inícios desenvolvimentos e finais dos MJO.
ii) Seguidamente, será feita a apresentação e discussão dos resultados
decorrentes da análise sequencial. Em primeiro lugar, recorrendo a técnica de
T-patterns com o intuito de evidenciar padrões completos de jogo que se
repetem ao longo do tempo, atendendo aos diferentes MJO em estudo.
Posteriormente recurso a análise de retardos, realizadas com o objetivo
comparar os padrões sequenciais nas diferentes equipas em função dos
diferentes MJO.
António Barbosa Capítulo III
117
3.2 - Análise descritiva
Nos vinte e quatro jogos analisados, observámos 565 sequências ofensivas. Na
equipa do IM, há 199 sequências ofensivas, enquanto que, na equipa do RM, foram
analisadas 366 sequências ofensivas.
Através da análise descritiva do número de sequências ofensivas codificadas por
método de jogo ofensivo concluímos que, na amostra selecionada, as equipas
utilizaram com a mesma ordem percentual aos métodos de jogo em estudo.
Atestamos que o método de jogo ofensivo mais utilizado foi o ataque posicional,
verificando-se a sua utilização relativa em 39,2% na equipa do IM e, 36,3%, na
equipa do RM. O segundo método de jogo mais frequente foi o ataque rápido 33,7%
na equipa do IM e, 35,5%, na equipa do RM. Por sua vez, o contra-ataque foi o
método de jogo ofensivo menos utilizado com uma representação amostral de
27,1% na equipa do IM e, de 28,1%, relativo à equipa do RM.
A tabela 15, mostra os resultados relativos ao sector do campo, comportamento e
contexto de interação no processo de recuperação da posse da bola.
Tabela 15 - Sector do campo, comportamento e contexto de interação no processo de recuperação da posse da bola (percentagem).
PO Equipa
Setor Comportamento Contexto de interação
DS DMS OMS OS Ipd Ipera Ipgr Ipi Pir Pip SPinp Spsr Spsa
Contra- -ataque
IM 16,7 83,3 --- --- 12,8 41,0 7,7 38,5 5,6 14,8 11,1 68,5 ---
RM 10,7 37,9 48,8 2,9 29,2 18,4 4,9 47,6 8,7 16,5 28,2 46,6 ---
Ataque rápido
IM 20,9 44,8 29,8 4,5 23,9 26,9 3,0 46,2 4,5 13,4 7,5 73,1 1,5
RM 23,1 46,9 24,6 5,3 27,0 23,1 4,6 45,4 6,9 20,0 11,5 60,0 1,5
Ataque posicional
IM 21,8 51,3 25,6 1,3 20,4 16,7 5,6 57,3 6,4 9,0 5,1 79,5 ---
RM 25,6 48,1 24,1 2,3 22,6 32,3 8,3 36,0 3,0 16,5 14,3 62,4 3,8
No que respeita aos sectores de recuperação da posse de bola, as equipas
patenteiam resultados similares, relativamente aos processos ofensivos ataque
posicional e ataque rápido. Contudo, no que diz respeito aos resultados relativos ao
contra-ataque, as equipas diferem na percentagem relativa a recuperação da posse
de bola e sector do campo. Na equipa do IM, averiguamos que o sector médio
defensivo apresenta valores mais elevados. Na equipa do RM, os resultados
expõem uma maior tendência para recuperação da posse da bola no sector médio
ofensivo.
António Barbosa Capítulo III
118
Apesar da diferença ao nível dos sectores, apuramos que as zonas alusivas aos
corredores laterais são mais ativadas; assim, na equipa do IM constatamos a
ativação das zonas 4 e 6, enquanto na equipa do RM conferimos a maior ativação
das zonas 7 e 9.
De forma geral, analisando os três métodos de jogo ofensivos, constata-se que a
recuperação da posse de bola através de interceção é o início mais utilizado; a única
exceção relaciona-se com o contra-ataque do IM que se inicia mais frequentemente
através de interrupções devido as leis de jogo. Quando se articulam as interceções,
de acordo com o exposto no modelo conceptual, apuramos que as equipas iniciam
os seus processos ofensivos com maior frequência recorrendo a inícios de forma
aberta (IM: CA 51%, AR 70,4%, AP 77,4%; RM: CA 76,8%; AR 72,4%; AP 58%).
A recuperação da posse da bola, acontece com maior incidência em contextos de
superioridade numérica relativa (SPsr). O resultado demonstra que as equipas
observadas têm mais um ou dois jogadores no centro de jogo. Através da
comparação deste campo, verifica-se que a equipa do RM recupera a bola mais
vezes em situação de inferioridade numérica.
Na tabela 16, exibimos valores concernentes às zonas de campo e contextos de
interação respeitantes às ações de último passe e final do processo ofensivo.
António Barbosa Capítulo III
119
Tabela 16 - Zonas do campo e contextos de interação para ações de "último passe" e "final do processo ofensivo" (percentagem).
PO Equipa
Zonas do campo Contextos de interação
Z7 Z8 Z9 Z10 Z11 Z12 SD MD
Pia Pir Pip SPinp SPsr SPsa
Co
ntr
a-
-ata
qu
e
Final do OP
IM 3,8 7,7 11,5 13,5 26,9 34,7 1,9 --- 63,4 --- 30,8 5,8 --- RM 1,9 3,9 1,9 25,2 43,7 22,3 1 --- 48,5 --- 43,7 7,8 ---
Ultimo passe
IM 17,3 21,2 11,5 3,8 5,8 3,8 36,6 --- 42,3 11,5 25,0 21,2 --- RM 14,6 11,7 12,6 20,4 4,9 10,7 23,4 --- 33,0 9,7 35,0 14,6 ---
Ata
qu
e
ráp
ido
Final do OP
IM 3,0 9,0 4,5 20,9 26,8 34,3 1,5 --- 67,1 --- 29,8 3,0 --- RM 0,8 3,1 2,3 35,4 37,7 20,8 --- --- 55,4 --- 36,2 8,5 ---
Ultimo passe
IM 11,9 25,4 20,9 10,4 7,5 10,4 13,5 1,5 49,3 3,0 31,3 14,9 --- RM 16,2 14,6 7,7 23,8 4,6 2,3 10,0 --- 43,8 3,8 40,8 10,8 ---
Ata
qu
e
po
sici
on
al Final
do OP IM 6,4 12,8 10,3 23,1 25,6 21,8 --- --- 74,4 1,3 15,4 9,0 --- RM --- 4,5 0,8 26,3 42,1 26,3 --- --- 54,1 1,5 41,1 3,0 ---
Ultimo passe
IM 20,5 32,0 14,1 6,4 3,8 16,7 6,5 --- 43,6 1,3 35,9 19,2 ---
RM 12,0 12,8 12,0 27,8 7,5 23,3 4,6 0,8 40,6 5,3 48,5 4,5 ---
Relativamente aos MJO em estudo contra-ataque, ataque rápido e ataque
posicional, no que concerne às zonas de campo, estudadas por corredores, para a
realização do último passe, foram: na equipa do IM, o corredor central (27%, 32%
35,8%); na equipa do RM, o corredor lateral esquerdo (35%, 40% e 39,8%
respetivamente).
No que se refere as zonas mais distantes da baliza adversária, poderemos averiguar
que o IM recorreu à sua utilização com maior frequência do que o RM, em todos os
métodos de jogo ofensivo estudados.
No que se refere às zonas onde as equipas terminam o processo ofensivo: o IM
recorre com maior frequência às zonas do corredor lateral direito (CA - corredor
lateral direito - 46,2; AR - corredor lateral direito - 38,8%; AP - corredor central -
38,4%); por sua vez, o RM ativa com maior frequência as zonas relativas ao
corredor central, nos MJO em estudo (CA - corredor central - 47,6%; AR - corredor
central - 40,8%; AP - corredor central - 46,6%).
Analisando os resultados, concernentes ao contexto de interação, há maior
percentagem de ocorrência das ações em situação de inferioridade numérica. As
exceções registadas relacionam-se com as ações de último passe relativas à equipa
do RM nos MJO CA e AP (44,7%; 53,8% respetivamente) onde registamos as
relações de igualdade numérica. Pode-se ainda referir que, atendendo ao somatório
António Barbosa Capítulo III
120
dos resultados expostos, constatamos que a equipa do IM realiza mais ações em
superioridade numérica do que a equipa do RM.
Na tabela 17, expomos valores relativos aos comportamentos assumidos no final do
processo ofensivo.
Tabela 17 - Comportamento assumido no final do processo ofensivo.
Contra-ataque Ataque rápido Ataque posicional
Final RM IM RM IM RM IM
Remate com obtenção de golo 8,7 9,6 7,7 7,5 3,0 9,0
Final por remate 30,2 30,9 32,3 41,7 30,8 26,9
Final atingindo o sector ofensivo de forma controlada
15,5 5,7 18,5 6,0 17,3 14,1
Passe para dentro da grande área adversária
19,4 25,0 13,8 19,4 15,8 32,1
Recuperação da posse de bola pelo adversário
18,5 17,3 13,8 16,4 16,5 9,0
Final devido as leis de jogo 7,8 11,5 13,8 9,0 16,6 8,9
Comparando as equipas e os comportamentos efetivados no final do processo
ofensivo, podemos concluir que os mais frequentes são: IM, final com obtenção de
remate e passe para dentro da grande área adversária. RM, final por remate e final
atingindo o sector ofensivo de forma controlada.
No que se refere aos golos marcados o IM marcou mais golos através de ataque
posicional (n=7), e igual número de golos (n=5) por ataque rápido e contra-ataque.
Por sua vez o RM marcou mais golos de ataque rápido (n=10), finalizou com
sucesso (n=8) o contra-ataque e o ataque posicional foi o menos finalizador (n=4).
Poderemos verificar que a equipa do IM tem índices de finalização com sucesso
superiores á equipa do RM.
Através deste estudo quantitativo, com base num processo de observação e análise
qualitativo, obtivemos resultados que se resumem a valores de ocorrência e não a
causalidade das ocorrências. Os resultados expostos, não nos permitem identificar,
como as equipas obtiveram os valores. Assim não permitem determinar qual o estilo
de jogo mais eficaz, que é um dos temas que tem sido discutido desde há muito
tempo pelos investigadores da área (Sarmento, 2012, citando Hughes, & Franks,
2005).
António Barbosa Capítulo III
121
3.3 - Análise sequencial
A análise sequencial 26 é um dos métodos de análise intensiva qualitativa que
poderemos aplicar aos dados observacionais. Refere-se a um conjunto de técnicas
que tem como objetivo evidenciar as relações, associações e dependências
sequenciais entre unidades de conduta obtidas diacronicamente (Hernández-Mendo,
et al., 2000). As técnicas sequenciais são utilizadas para resolver problemas de
ordenação das condutas no tempo o que, por sua vez, poderá ajudar a compreender
como a conduta se produz momento a momento ou dar uma explicação causal para
a sua ordenação - A. Silva (2004). O fluxo de conduta, entendido como uma
sucessão de eventos, episódios ou lances do jogo (Anguera, & Blanco-Villaseñor,
2003; Anguera, 2005), é analisado tendo em vista a deteção de regularidades nos
comportamentos de jogadores e equipas (Garganta, 2001). Para Hernández-Mendo
(1999), este tipo de análise consiste em averiguar as probabilidades de ocorrência
de determinadas condutas em função da prévia ocorrência de outra.
Assim, Anguera (1992) define o seu objetivo como a comprovação da existência de
padrões sequenciais de condutas, através da deteção de contingências sequenciais
entre diferentes condutas ou categorias. Procura-se a comprovação de uma ordem
sequencial, ou seja, a estabilidade na sucessão de sequências acima das
probabilidades que são outorgadas pelo acaso. Paralelamente esta técnica permite
estimar que certos acontecimentos do jogo se repetem com uma certa frequência,
(A. Silva, 2004).
Para J. Silva (2008), no caso da análise da competição nos JDC, os padrões
sequenciais de conduta que resultam da atividade dos jogadores e equipas no
confronto com os seus adversários podem ser denominados padrões táticos27 de
conduta. Pretende-se, através da análise dos padrões táticos evidenciados, verificar
a ocorrência de fluxo de condutas das equipas e dos jogadores. Com o intuito de
potenciar a interpretação do jogo, deveremos procurar entender os contextos do
jogo e de que forma se alteram.
26 O termo “sequencial” é referido para identificar fenómenos, condutas ou comportamentos (eventos) de realidade temporal que vão surgindo no decorrer de um jogo de futebol, como resultado da interação entre jogadores da mesma equipa (relação de cooperação) e/ou entre jogadores das equipas adversárias (oposição). 27 Tática é o conjunto de actividades e procedimentos empreendidos no confronto desportivo (Talaga, 1984, citado por J.Silva, 2008).
António Barbosa Capítulo III
122
A análise sequencial constitui-se, assim, como um método eficaz para fazer sair da
obscuridade (entenda-se, sucessão de ações que se produzem no jogo), os
procedimentos táticos adotados por jogadores e equipas (Anguera, 2004). Esta é a
forma mais comum e relevante de microanálise, posto que consiste em averiguar
como mudam as probabilidades de certas condutas em função da ocorrência prévia
de outras (Anguera, 1992). Procura-se, assim, a comprovação de uma ordem
sequencial, ou seja, a estabilidade na sucessão de sequências acima das
probabilidades que são outorgadas pelo mero acaso.
Para Anguera e Hernández-Mendo (2000), poder-se-á recorrer à análise sequencial
por duas vias e consequentes finalidades:
i) A modelização - onde o investigador formula um modelo substantivo como
possível gerador das sequências que se observariam caso o modelo fosse
correto; assim, a partir do modelo formulado, obtém sequências que se
registariam caso o modelo esteja certo. Este procedimento é
fundamentalmente dedutivo.
ii) A descrição - onde o investigador carece de um modelo para as
sequências que observa e trata de descobrir as regularidades que existem nas
mesmas, para evidenciar a sua procura.
3.3.1 - Técnica de análise sequencial através de T-patterns. Instrumento de
análise - Theme coder
Verificam-se progressivas possibilidades abertas pelo Theme 28 , software que
conseguiu o que foi em tempos impossível. Embora, devido aos vários relatórios de
pesquisa que têm utilizado este programa nos últimos anos, possa parecer
desnecessário reafirmar as suas possibilidades, vale a pena reiterar que o Theme
constitui uma poderosa ferramenta de pesquisa (Anguera, 2005a). De facto, é capaz
de explorar estruturas comportamentais em detalhe, revelando conexões mais
fortes, entre sucessivos comportamentos registados, do que seria esperado pelo
acaso; o intervalo crítico é o conceito-chave que permite que o admissível,
distâncias temporais, entre sucessivas ocorrências idênticas ou semelhantes, possa
28 A análise através do Theme consiste, na deteção de padrões temporais registada em fotogramas
(frames) (sendo possível realizá-la em outras unidades convencionais de tempo) A. Lopes (2011).
António Barbosa Capítulo III
123
ser delimitada, permitindo considerar a existência de um padrão temporal (Anguera,
2005a).
A obtenção de T-patterns é de grande importância tanto teórica com empirica e,
derivando o seu algoritmo, tem-se conseguido o desenvolvimento de novas e
poderosas técnicas analíticas (Anguera, 2005a).
Possibilita a opção de filtragem de padrões em função de critérios, quantitativa e
qualitativamente estabelecidos para os objetivos do estudo como a frequência, a
complexidade e estrutura (Magnusson, 1996, 2000).
A grande vantagem dos padrões temporais é permitir a deteção de estruturas
temporais particulares (Anguera, 2004), o que facilita a deteção de estruturas
ocultas.
Para Anguera, (2005a) a obtenção de T-patterns padrão, prova ser
extraordinariamente produtiva e frutífera no estudo da qualquer uma das várias
facetas ou domínios de aplicação da interação social, por exemplo, em situações
relativas a comportamento não-verbal Magnusson (2003), ou aqueles em que o foco
é a proxémica do comportamento, como é o caso do desporto (Borrie, Jonsson, &
Magnusson, 2002; Jonsson, Bjarkadottir, Gislason, Borrie, & Magnusson, 2003).
No entanto, como a investigação recente tem mostrado (Magnusson, 2003) é
igualmente útil em muitas outras áreas, mesmo quando o seu campo de ação não se
restringe a esta área de interação social.
Um padrão temporal (T-pattern) é essencialmente uma combinação de eventos onde
estes ocorrerem na mesma ordem com consecutivas distâncias de tempo entre
componentes padrões consecutivos, permanecendo relativamente invariável em
relação à expectativa de assumir, como um hipótese nula, que cada componente é
independente e aleatoriamente distribuído ao longo do tempo (Bloomfield, Jonsson,
Polman, Houlahan, & O’Donoghue, 2005a).
Na figura 31 (Magnusson, 2000) vemos, na parte superior, um registo contendo 6
tipos de eventos (a, b, c, d, k, e w), na parte inferior o mesmo registo depois de
removidas todas as ocorrências de k e w surgem dois padrões simples (ab) e (cd)
difíceis de identificar quando os outros eventos estavam presentes, os padrões (ab)
e (cd) fazem parte de um padrão maior ((ab)(cd)), que pode ainda fazer parte de um
padrão mais complexo.
António Barbosa Capítulo III
124
Figura 31 - Demonstração gráfica do método de deteção de um T-pattern (adaptado de Magnusson, 2000).
Isto é, se a é um componente anterior a b, pertencentes ao mesmo T-pattern, assim,
depois da ocorrência de a existe um intervalo de tempo t [t + d1, t + d2] (d2 ≥d1≥
d0), que tende a conter pelo menos uma ocorrência de b mais frequentemente do
que seria esperado caso a sequência de eventos fosse ao acaso (Magnusson,
2000,2008). A relação temporal entre a e b é definida como um intervalo crítico e
este conceito está no centro dos algoritmos de deteção de padrões.
Através do uso de software Theme 5.0, evidenciando a deteção de padrões
algorítmicos, podemos analisar tanto dados ordinais como temporais, no entanto,
para os algoritmos gerarem análises mais significativas dos dados brutos, devem ser
codificados de acordo com o tempo de ocorrência, bem como tipo de evento
(Bloomfield et al. 2005a).
O método do tempo-movimento é computadorizado e analisado por vídeo, por
conseguinte, presta-se à utilização de t-pattern para deteção, através do uso de
instrumentos de análise e classificação do movimento altamente detalhado e
complexo, de padrões que são específicos para o desempenho de competição.
Os padrões são representados para dados discretos no formato de gráfico, conforme
apresentado na figura 32. Para Martins (2010) nesta representação, obtêm-se três
visualizações do mesmo padrão:
i) Estrutura bidimensional, que representa a interligação com os respetivos
códigos;
ii) O mesmo padrão, visualizado por cima, que nos dá a perceção da ligação
dos dados no mapa de codificação;
iii) Metodologia sagital da ramificação, permitindo visualizar a repetição do
padrão no tempo.
António Barbosa Capítulo III
125
Figura 32 - Representação gráfica de um t-pattern relativo a um jogo Liverpool vs Sunderland, English premiership (Bloomfield, Polman, Butterfly, & O`Donoghue, 2005b).
Borrie et al. (2002) demonstraram a existência de padrões de comportamento
regulares no tempo (T-patterns) em contexto desportivo. A presente aplicação tem
sido demonstrada em estudos no futebol (Anguera & Jonsson, 2003; Barbosa,
Sarmento, Martins, Leitão, & Campaniço, 2011a; Barbosa, Sarmento, Martins,
Leitão, & Campaniço 2011b; Bloomfield et al, 2005a; Esteves, 2005; Glave, 2007;
Martins, 2007; Martins, 2010).
Como Duncan (2002) aponta, padrões Theme não são em si mesmos os resultados,
em vez disso, os padrões fornecem informações necessárias para formular as
estruturas que devem então ser montadas e consolidadas na base dos padrões
temporais obtidos.
Esta segunda opção de análise que contemplamos dirige-se à deteção de padrões
temporais (T-patterns), através do registo em frames, podendo-se registar em
unidades convencionais de tempo (minutos, segundos e frações) em microsoft excel,
ou mediante o códex (Anguera, 2003, 2006). As unidades de conversão de tempos
utilizadas no registo são habitualmente os frames (1/25 por segundo) e a análise
pretende a deteção de estruturas oculares no registo seja desde uma perspetiva
interindividual como intraindividual.
Esta técnica de análise desenvolvida por Magnusson (1996, 2000), autor do
programa Theme, permite representar o dendograma correspondente a ações
compostas por códigos concorrentes (configurações) que ocorrem na mesma ordem,
com distâncias temporais entre si enquanto o número de frames (a unidade de
António Barbosa Capítulo III
126
tempo utilizadas) permanecem relativamente invariantes, sempre dentro do intervalo
crítico previamente fixado (Angurea, 2003,2006).
O tipo de padrões que o Theme deteta é independente da escala temporal (Gil-
Galve, 2007). O programa é capaz de analisar qualquer dado em tempo de unidades
usadas, microssegundo, hora, dia, mês, ano e inclusivamente escalas de tempo de
duração superior. Na verdade, os dados não precisam de ser baseados em um
tempo determinado: só precisam de se concentrar ao redor de uma variável. Desta
forma justificamos o uso do programa, com o objetivo que pretendemos, não importa
que intervalos de unidade de tempo decorrem entre as situações em estudo.
3.3.1.1 - Procedimentos
Diretrizes para o registo das sequências do processo ofensivo
Dado que, durante a realização do processo de investigação, verificamos a
necessidade de utilizar dos dados em três softwares diferentes, acreditamos ser
pertinente evidenciar os cuidados que tivemos no processo de codificação das
ações. Como tal, evidenciaremos a linguagem correspondente ao software Theme
coder:
i) Aferimos a necessidade de colocar entre cada catálogo, uma vírgula (,);
ii) No final de cada processo ofensivo, deve colocar-se um (Y);
iii) Cada página foi gravada num ficheiro com formato CSV separado por
vírgulas, em microsoft excel.
Para melhor expor os pontos supra mencionados, optamos por recorrer a uma
jogada relativa ao contra-ataque da equipa do Real Madrid. No ponto 3.3.2.1 (p.146)
procederemos à exposição da mesma jogada, mas para o processo de tratamento
de dados com o software SDIS-GSEQ. Pretendemos expor as diferenças mais
significativas no processo de codificação entre os métodos de tratamentos de dados
(Lapresa, Anguera, Alsasua, Arana & Garzón, in press).
Tabela 18 - Descrição dos dados para tratamento no software Theme.
António Barbosa Capítulo III
127
Dados Theme
Data name Frames Events
CARM 1534738 G2
CARM 1534739 IN,CA
CARM 1534740 Ipi,Z5,SPinp
CARM 1534763 Dpl,Z5,Pdf,Pma,RJr,SPsr
CARM 1534813 Dcd,Z7,RJr,SPinp
CARM 1534863 Ddr,Z10,RJr,SPinp
CARM 1534888 Fbad,Z10,Pir
CARM 1534889 Y
CARM 1546463 G2
CARM 1546464 IN,CA
CARM 1546465 Ipera,Z4,SPsr
CARM 1546466 Dpl,Z4,Pdf,Pal,RJl,SPsr
CARM 1546813 Dpc,Z10,PPl,Pma,RJr,SPinp
CARM 1546814 Dcz,Z1,RJl,Pir
CARM 1546838 Ff,Z10,Pir
CARM 1546839 Y
Processamento dos dados
Recolhemos os dados, realizando a observação de vinte e quatro jogos. Com o
intuito de melhor caraterizar os diversos processos ofensivos, de cada equipa, foram
divididos em três grupos, assim compartimentamos os dados relativos:
i) Ataque posicional;
ii) Ataque rápido;
iii) Contra-ataque.
Este trabalho foi realizado para a equipa do Inter de Milan e para a equipa do Real
Madrid.
O processo desenvolvido, no presente ponto passou por introduzir os dados no
programa Theme coder. Processamos os dados por equipa, individualmente,
subdividindo os dados por método de jogo. No campo relativo ao número mínimo de
ocorrências selecionadas, fomos forçados a variar os valores. Como critério,
definimos o número mínimo de ocorrências que permitia ao software trabalhar.
Devido ao elevado pormenor no processo de codificação, aliado com a tentativa de
explorar um campo ainda não estudado, apenas consideramos padrões de jogo
António Barbosa Capítulo III
128
completos. As variáveis selecionadas, foram o início do processo ofensivo, o
desenvolvimento PO, final PO, a caraterização espacial, a direção e sentido do
passe, a altura do passe, o ritmo de jogo.
Tabela 19 - Exposição da análise sequencial realizada. Identificação da perspetiva de processamento de dados através T-patterns.
Processo ofensivo Nº Mínimo de ocorrências
Nivel de significância
Variáveis em estudo
Equipa Inícios;
Desenvolvimentos; Finais;
Caraterização espacial; Centro de jogo; Altura do passe;
Direção e sentido do passe;
Ritmo de jogo;
Inter.de Milan
Contra-ataque 3 0.005
Ataque rápido 3 0.005
Ataque posicional 3 0.005
Real Madrid
Contra-ataque 3 0.005
Ataque rápido 3 0.005
Ataque posicional 5 0.005
3.3.1.2 - Apresentação e discussão dos resultados recorrendo à análise
sequencial T-patterns
Partimos da utilização de um processo indutivo-dedutivo, uma vez que os dados
obtidos resultam, não de um suporte teórico para a deteção, seleção e interpretação,
mas derivando da teoria produziremos à exposição e posterior interpretação dos
resultados.
Na análise realizada foram detetados um total de 15839 T-patterns não terminais
produzindo um total de 6366 T-patterns diferentes.
No anexo I colocaremos um conjunto de tabelas/gráficos, divididos por MJO,
subdivididos em dois grupos: um conjunto relativo ao número de eventos, e outro
conjunto relativo aos níveis de eventos. Disponibilizamos a informação em anexo
atendendo ao facto de que o trabalho se direciona para o MJO e suas ações. Como
tal, os resultados relativos aos níveis não se enquadram nesta fase do trabalho.
Atendendo ao MJO, procedemos a exposição de jogo completo. Dividimos os
padrões em três grupos: contra-ataque, ataque rápido e ataque posicional.
Procederemos à realização do ponto da situação, com a finalidade de promover a
reflexão sobre os resultados obtidos, bem como à identificação do motivo do novo
António Barbosa Capítulo III
129
caminho utilizado na realização do trabalho. Por último, procederemos à
apresentação das principais conclusões.
Apresentação dos resultados verificados
Da totalidade de padrões detetados procedemos à seleção, de acordo com o
instrumento de observação e as suas características. Definimos que a nossa procura
se centraria em padrões completos. Os padrões selecionados, definidos por padrões
completos, são caraterizados por serem padrões conduturais que se revelam de
forma organizada e adequada à realidade do jogo, sendo passíveis de interpretação.
Portanto, no processo de seleção qualitativa dos resultados, consideramos padrões
que evidenciaram o início do PO, um desenvolvimento ou mais, e o final do processo
ofensivo, valorizando a relação - instrumento de observação e seu potencial - com a
lógica do jogo.
Passamos a expor os padrões T-patterns encontrados, pretendendo satisfazer as
questões por nós levantadas. Como anteriormente referido, procederemos à criação
de três grupos: contra-ataque, ataque rápido e ataque posicional, colocando os
resultados obtidos pelas duas equipas.
3.3.1.2.1 - MJO contra-ataque
Para o MJO contra-ataque passamos à exposição dos padrões detetados.
Entendemos o contra-ataque, como processo que é, altamente condicionado pelo
momento de transição ofensivo, cujo conjunto de ações visa explorar o espaço
deixado entre e interlinhas (pela equipa adversária), recorrendo a ações que
imprimam velocidade ao processo, por forma a produzir situações de possibilidade
de golo ou manutenção da posse de bola em sectores mais ofensivos. Para (J. Silva,
1998), o objetivo fundamental é progredir em direção à baliza adversária de uma
forma rápida e eficaz, evitando ao máximo interrupções deste processo, com vista à
concretização do objetivo fundamental do jogo (o golo), respeitando o princípio da
penetração (Garganta & Pinto, 1998).
António Barbosa Capítulo III
130
Inter de Milão
No que concerne ao método ofensivo contra-ataque, os dados recolhidos através da
amostra da equipa do Inter de Milão, depois de processados, não revelaram
qualquer padrão que preenchesse os requisitos definidos.
Real Madrid
No que concerne ao método ofensivo contra-ataque, os dados recolhidos através da
amostra da equipa do Real Madrid, depois de processados evidenciaram um padrão
que se adequa com os requisitos definidos.
Contra-ataque
Rea
l M
ad
rid
Figura 33 - T-pattern nº1, com ilustração, relativo ao contra-ataque do Real Madrid.
T-pattern nº 1
António Barbosa Capítulo III
131
O padrão exposto, registou três ocorrências. Expõe uma relação organizada de
acordo com a realidade do jogo evidenciando, pela ordem adequada, início,
desenvolvimento e final.
O T-pattern representa um início do processo ofensivo de forma aberta, através da
recuperação da posse de bola por interceção, numa relação de igualdade não
pressionada no corredor lateral esquerdo do sector médio ofensivo. Relativamente à
fase de desenvolvimentos verifica-se a ocorrência de um desenvolvimento através
da receção/controle em situação de inferioridade relativa no corredor central do
sector médio ofensivo com um ritmo de jogo rápido. O final do processo ofensivo
enquadra-se no grupo de finais sem sucesso com a ocorrência de um passe para
dentro da grande área adversária, realizado em inferioridade relativa e na zona
central do sector ofensivo.
3.3.1.2.1.1 - Síntese relativa ao padrão detetado
O padrão detetado indica a recuperação da posse de bola, de forma aberta, no
sector ofensivo, do corredor lateral esquerdo, com rápida procura do corredor central
e passe para dentro da grande área adversaria. Atendendo à conduta espacial,
constatamos que a recuperação da posse de bola se realizou no sector médio
ofensivo, como podemos verificar, através da análise à segunda linha de código,
ativa-se uma zona de campo distinta e, com isto, a equipa, depois da recuperação
da posse de bola, explora outras zonas do campo.
Por último, a finalização do PO realizou-se na zona central do sector ofensivo. Este
padrão vai de encontro ao estudo previamente publicado (Barbosa et al. 2011a),
quando analisou o contra-ataque da equipa do RM. A amostra utilizada para a
realização desse estudo, incluía jogos de outras competições, como o champions
league e a taça do rei; verificou-se a tendência para a recuperação da posse de bola
se realizar no corredor lateral esquerdo e, paralelamente, a ativação de uma zona de
campo diferente para a realização da segunda linha de código e o final do PO na
zona central do sector ofensivo.
O padrão expõe uma forma de finalização do PO e consequente início do PD com a
recuperação da posse de bola pelo adversário, uma vez que a última ação ofensiva
mostra que esta equipa finaliza o PO atingindo zonas de finalização.
António Barbosa Capítulo III
132
3.3.1.2.2 - MJO ataque rápido
Inter de Milão
No que concerne ao método ofensivo ataque rápido, os dados recolhidos através da
amostra da equipa do Inter de Milão, depois de processados não revelaram qualquer
padrão que preenchesse os requisitos definidos.
António Barbosa Capítulo III
133
Real Madrid
Verificamos a ocorrência de três padrões completos.
Ataque – rápido
Rea
l M
ad
rid
Figura 34 - T-pattern nº2, com ilustração, relativo ao ataque rápido do Real Madrid.
O T-pattern nº2 evidencia um padrão iniciando o PO com recuperação da posse de
bola de forma aberta por interceção, em superioridade relativa no corredor lateral
esquerdo do sector médio defensivo. Posteriormente verificamos, a ocorrência de
vários desenvolvimentos, que ativam zonas relativas no SMO e SO. Passamos a
descrever o ataque através da ordem cronológica das ações:
i) Desenvolvimento através de condução, em relação de inferioridade
relativa no corredor lateral esquerdo no sector médio ofensivo, com ritmo de
jogo rápido;
T-pattern nº 2
António Barbosa Capítulo III
134
ii) Desenvolvimento através de passe rasteiro, direcionado para a frente,
executado em contexto de inferioridade relativa, no sector central do sector
médio ofensivo, com ritmo de jogo rápido;
iii) Desenvolvimento através de receção/controle, em inferioridade relativa no
corredor lateral esquerdo do sector médio ofensivo com ritmo de jogo rápido;
iv) Desenvolvimento através de drible em inferioridade relativa no corredor
lateral esquerdo do sector ofensivo, com ritmo de jogo rápido.
O final do processo ofensivo, que se enquadra nos finais com sucesso, verifica-se
com remate defendido pelo guarda-redes, efetuado em inferioridade numérica,
executado do sector ofensivo do corredor lateral esquerdo.
António Barbosa Capítulo III
135
Ataque – rápido R
ea
l M
ad
rid
Figura 35 - T-pattern nº3, com ilustração, relativo ao ataque rápido do Real Madrid.
Quanto ao T-pattern nº3 representa um início do PO através de forma fechada, por
interrupção regulamentar a favor, a execução realiza-se em contexto de
superioridade relativa, no sector médio defensivo, no corredor lateral direito. Como
se verifica a ocorrência de vários desenvolvimentos, estes explicar-se-ão
individualmente, atendendo à ordem cronológica (constamos a ativação paralela dos
SMO e SO):
i) Desenvolvimento através de receção/controle, em contexto de
superioridade relativa, no corredor lateral direito do sector médio defensivo,
com ritmo de jogo rápido;
T-pattern nº 3
António Barbosa Capítulo III
136
ii) Desenvolvimento através de drible, em contexto de inferioridade relativa,
ação realizada no sector ofensivo no corredor lateral esquerdo, com ritmo de
jogo rápido;
iii) Desenvolvimento através de receção/controle em contexto de igualdade
não pressionada.
O final do processo ofensivo ativado enquadra-se no final com sucesso, e
representa um pontapé de canto, em contexto de inferioridade relativa, no sector
ofensivo no corredor lateral direito.
Ataque – rápido
Rea
l M
ad
rid
Figura 36 - T-pattern nº4, com ilustração, relativo ao ataque rápido do Real Madrid.
Relativamente ao T-pattern nº4, o PO inicia-se, com a ativação de um início de
forma fechada, através de recuperação da posse da bola por interrupção
regulamentar a favor, executada em contexto de superioridade numérica relativa, e
T-pattern nº 4
António Barbosa Capítulo III
137
no corredor lateral direito do SMD. Os desenvolvimentos expostos ativam
paralelamente zonas do SMO e SO:
i) Podemos identificar um desenvolvimento através de receção/controle, em
contexto de superioridade relativa, no corredor lateral direito do sector médio
defensivo, com ritmo de jogo lento;
ii) Desenvolvimento através da receção/controle em igualdade não
pressionada no corredor lateral direito e, com ritmo de jogo lento.
O final - o processo ofensivo enquadra-se, no final, com sucesso, devido à equipa
ganhar um pontapé de canto, em situação de inferioridade relativa no corredor
lateral direito do sector ofensivo.
Síntese relativa aos padrões detetados
Com o intuito de simplificar a interpretação procederemos à sua divisão em três
partes: início, desenvolvimento e final do PO.
Inicio PO
Verificamos o início do PO no sector médio defensivo, num contexto de
superioridade relativa, nos corredores laterais, a equipa procura a recuperação da
posse de bola nos corredores laterais, zonas onde existem menos linhas de passe.
Como pontos divisores referimos que a forma de recuperação da posse de bola é
diferente. O padrão em que ocorreu, a recuperação da posse de bola no corredor
lateral direito, foi através da interrupção regulamentar a favor (inicio do PO de forma
fechada); por sua vez, quando recuperou a bola no corredor lateral esquerdo, foi de
forma dinâmica e devido a uma interceção (inicio do PO de forma aberta). A
recuperação da bola através de uma forma dinâmica potencia a criação de situação
de contra golpe, no caso em particular o MJO, utilizado o ataque rápido. Por outro
lado, os resultados obtidos evidenciam que a interrupção regulamentar a favor
produz um instrumento de ataque rápido. A equipa procura rapidamente tirar
proveito do momento de desorganização defensiva do adversário.
Poderemos constatar, através da análise dos padrões que, no momento de
recuperação da posse de bola, a relação numérica (centro de jogo) existente é igual
em todos os padrões. Verifica-se uma superioridade relativa, o que evidencia a
António Barbosa Capítulo III
138
existência de, pelo menos, mais um jogador no momento de recuperação da posse
de bola.
Para os padrões verificados, a equipa organiza-se no sector médio defensivo
assegurando as coberturas defensivas, procurando a recuperação da posse de bola
nos corredores laterais.
Desenvolvimento do PO
O primeiro desenvolvimento, executa-se na mesma zona topográfica, onde foi
realizada a recuperação da posse de bola. A equipa não evidencia a necessidade de
retirar a bola da zona onde se registou o início da posse de bola, zona de pressão.
Na fase de desenvolvimento cada padrão possui a sua especificidade. O T-pattern 2
expõe condutas que imprimem velocidade ao jogo com condução passe para a
frente e rasteiro, drible, aplicando um ritmo de jogo rápido em todas as linhas de
código. Na fase de desenvolvimento, o padrão mencionado expõe uma relação
numérica de constante inferioridade relativa.
Por sua vez, nos T-patterns 3 e 4, há maior incidência de condutas que diretamente
não imprimem velocidade ao jogo, como receção/controle, verificada duas vezes em
cada fase de desenvolvimento de cada um dos padrões. Paralelamente poderemos
aferir a ativação do ritmo de jogo lento em pelo menos uma das linhas de código.
Verifica-se a relação numérica de superioridade relativa e igualdade não
pressionada.
Final do PO
Os finais ativados enquadram-se nos finais com sucesso. O T-pattern 2 evidencia o
final do PO com remate defendido pelo guarda-redes, e do corredor lateral esquerdo
do sector ofensivo. Por seu lado os T-patterns 3 e 4 terminam com um pontapé de
canto, no corredor lateral direito do sector ofensivo. Nos três padrões identificados,
no final do PO, verifica-se um contexto de jogo de inferioridade relativa.
António Barbosa Capítulo III
139
3.3.1.2.2.1 - Síntese relativa aos padrões detetados
A recuperação da posse de bola através de uma forma aberta, interceção,
juntamente com a utilização de desenvolvimento que imprimem velocidade ao jogo
como anteriormente foi referido, permitiu a finalização do PO com remate à baliza.
Deveremos atender ao somatório destes fatores: forma de recuperação da posse de
bola e velocidade nos processos de desenvolvimento do PO.
No padrão em que o PO finaliza com remate defendido pelo guarda-redes
adversário, T-pattern 2, verifica-se a utilização de ritmo de jogo rápido em todos os
desenvolvimentos catalogados, juntamente com mais do que um desenvolvimento
que promovem a criação de espaço, como a condução e o drible. Este facto revela a
importância da utilização de ações que imprimam velocidade e aleatoriedade ao
jogo, desde o momento de recuperação da posse de bola, assim como do treino dos
PO ofensivos em inferioridade numérica, métodos de jogo ofensivos contra-ataque e
ataque rápido.
O final do PO, nos três padrões, verifica-se nos corredores laterais do sector
ofensivo, em contexto de inferioridade numérica, evidenciando a falta de capacidade
para atingir a zona frontal à baliza (Z11), zona privilegiada para a obtenção de
situações de golo, (Barbosa, Sarmento, Anzano, & Campaniço, 2012).
À exceção de dois desenvolvimentos, a equipa não procura variar o corredor de
jogo. Nos três padrões a equipa inicia o PO no mesmo corredor onde termina.
O T-pattern 2, em que o desenvolvimento de drible precede a finalização, a relação
contextual dos três padrões era a menos própicio, verificando-se a importância de
ações individuais na criação da situação de finalização favorável.
Os T-patterns 3 e 4, que terminam com pontapé de canto, são precedidos do
desenvolvimento receção/controle; pensamos que este facto condiciona o sucesso
do PO uma vez que à medida que nos aproximamos da baliza adversária o tempo
de execução das ações diminui, bem como a relação numérica se inverte (a equipa
ganha a bola em superioridade relativa mas termina em inferioridade relativa), sendo
necessária a utilização de situações que permitam ganhar espaço, como o drible ou
António Barbosa Capítulo III
140
passe longo, executados em velocidade, com ritmo de jogo rápido, não permitindo a
reorganização do adversário. Para otimizar o que constatamos, no processo de
treino, poderemos incluir espaços de jogo reduzidos, limitação temporal das ações
ou número de toques que um jogador poderá aplicar sobre a bola.
Os três padrões expõem pontos fundamentais para o sucesso do contra golpe
ofensivo, em particular o ataque rápido. A equipa procura rapidamente tirar proveito
do momento de desorganização defensiva adversário. Os três padrões verificados
correspondem a final do processo ofensivo, com sucesso.
3.3.1.2.3 - MJO ataque posicional
Inter de Milão
No que concerne ao método ofensivo ataque posicional, os dados recolhidos através
das amostras da equipa do Inter de Milão, depois de processados, não revelaram
qualquer padrão que preenchesse os requisitos definidos.
Real Madrid
Com respeito ao método ofensivo ataque posicional, os dados recolhidos através da
amostra da equipa do Real Madrid, depois de processados não revelaram qualquer
padrão que preenchesse os requisitos definidos.
3.3.1.3 - Sinopse dos resultados relativos à análise dos T-patterns completos
Atendendo as características do jogo de futebol (descritas nos pontos 2.1, 2.1.1,
2.1.2) a especificidade do processo ofensivo (descrita no ponto 2.2.1) as
características dos métodos de jogo ofensivo (descrita no ponto 2.6) e fatores
condicionadores da fase ofensiva (figura 16), acreditamos que os resultados
comprovam a enorme variabilidade de comportamentos que se aplicam na
operacionalização do MJO.
António Barbosa Capítulo III
141
Relativamente a equipa do IM, não se verifica nenhum padrão capaz de satisfazer
os requisitos definidos, em nenhum dos processos ofensivos analisados. No nosso
entender, comparativamente com a equipa do RM, em particular os MJO contra-
ataque e ataque rápido, os processos ofensivos da equipa do IM decorrem com
maior aciclicidade.
Os padrões encontrados na equipa do RM, nos MJO contra-ataque e ataque rápido,
levam-nos a induzir que a equipa é capaz de utilizar padrões conduturais, relativos a
todo o PO de forma mais sistemática, quando comparada com a equipa do IM.
Os jogos e as equipas, que produziram a amostra, e a metodologia de tratamento de
dados utilizada, não produzem resultados capazes de:
i) Explanar a realidade de um PO, realizado por uma das equipas;
ii) Comparar MJO;
iii) Identificar pontos de união ou discordância ente MJO;
iv) Sustentação teórica, com substrato sólido, capaz de satisfazer o propósito
da presente tese.
Atendendo aos resultados, que evidenciam a incapacidade do propósito de estudo,
procederemos a reorientação da tese, com recurso à edição da base de dados, para
posterior aplicação em software, que procure a verificação de pontos em comum de
forma menos complexa.
Potenciando, assim, o trabalho de observação e análise, individualizando as
condutas mas, ao mesmo tempo, mantendo-as enquadradas no contexto de jogo.
Pretendemos a obtenção de resultados, com o intuito de satisfazer a finalidade da
presente investigação: extrair informação qualitativa que permita dissecar e
comparar os MJO das equipas.
António Barbosa Capítulo III
142
3.3.2 - Técnica de análise sequencial de retardos. Instrumento de análise -
SDIS-GSEQ
A técnica de retardos29 ou (lag method) foi desenvolvida por Sackett, (1980). Para
Anguera (1983), a técnica de retardos facilita, senão a identificação direta e exata de
padrões de ocorrência entre condutas, uma aproximação a elas. Para Quera, (1993)
na análise sequencial considera-se dois tipos de condutas: conduta critério30 (CC) e
a conduta objeto31 (CO). Este método operacionaliza-se através da eleição de uma
determinada CC, posteriormente contabilizam-se as vezes ou o tempo em que
determinada CO segue a CC no lugar de ordem seguinte, o qual supõe o primeiro
retardo e assim sucessivamente até chegar ao retardo máximo “max lag” que nos
marca o fim do padrão de conduta para efeitos interpretativos (A. Silva, 2004). Ou
seja, a correlação entre as referidas condutas CC poderá promover a ocorrência de
uma determinada e CO. J. Lopes (2007), afirma sempre que a sua probabilidade
condicional é superior à incondicional e inibitória quando sucede o inverso. Tendo
em vista a deteção destes padrões, calculam-se as probabilidades condicionais (que
dependem da ordem, ou retardo) e incondicionais (dependem da frequência total),
de ocorrência das CO consideradas (Anguera, 1990; 1997; Castellano-Paulis, 2000).
A partir desse cálculo é possível, para cada retardo, conhecer quais as condutas em
que a probabilidade condicional supera a incondicional, facto que significa que existe
uma probabilidade estatística superior ao acaso32 de estarem associadas.
Esta é uma técnica utilizada na análise sequencial, para cujo cálculo, a partir de uma
conduta considerada por hipótese como possível iniciadora ou desencadeadora das
que se seguem - á conduta critério -, pretende detetar a existência de padrões de
conduta ou configurações estáveis de comportamento acima da probabilidade do
mero acaso. Permite, também, averiguar como mudam as probabilidades de
ocorrência de certas condutas, em função da ocorrência prévia de outras
(Hernández-Mendo, et al., 2000). A partir de um processo de análise sequencial
temos a possibilidade de aceder a um cálculo do tipo probabilístico onde um
determinado evento condutural ou comportamental de uma cadeia ou sequência de
eventos conduturais é dependente tanto do evento inicial (conduta critério) como dos
29 Retardo é o número de ordem que ocupa cada conduta registada a partir de cada ocorrência da conduta critério (Barreira, 2006). 30 Para Quera (1993), é a categoria a partir da qual na sequência de dados se contabilizam de forma prospetiva (para a frente), ou retrospetiva (para trás). 31Quera (1993), define a categoria até onde na sequência de dados se contabilizam as transições. 32 Entenda-se, probabilidade superior ao acaso, como a relação estatisticamente significativa,
materializada por resíduos positivos ajustados de igual ou superior valor a 1,96.
António Barbosa Capítulo III
143
eventos anteriores, procurando-se encontrar assim uma probabilidade nas
transições entre os diferentes acontecimentos do jogo (Catellano-Paulis, &
Hernández-Mendo, 2002).
Estamos em crer que a natureza do objeto de observação, o jogo de futebol,
recorrendo à análise sequencial, em particular à técnica de retardo, permitirá
estabelecer relações de dependência no fluxo de condutas que emanam da ação de
jogo de um indivíduo, de uma equipa e da oposição entre indivíduos e equipas.
A análise permite, identificar transições conduturais que advêm da interação das
equipas em jogo, com incidência nas equipas em estudo, o que, dependendo da
definição33 da conduta critério poderá ser realizada em dois sentidos:
Sentido retrospetivo: verificam-se os retardos (R) negativos (-1 até -5), que
representam condutas que se refletem antes da CC. Poderemos assim estudar da
conduta critério para trás. Identificando sucessivamente condutas que aconteceram
até chegar à conduta critério.
RETARDO -5
RETARDO -4
RETARDO -3
RETARDO -2
RETARDO -1
Conduta Critério
Figura 37 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições, análise retrospetiva.
Sentido prospectivo: verificam-se os retardos (R) positivos (1 até 5), condutas
excitadas, ativadas pela conduta critério que acontecem posteriormente á CC.
Poderemos estudar da conduta critério para a frente. Condutas que acontecem a
partir da conduta critério.
33 O que representa a conduta critério, correlacionando com o estudo em questão, a título de exemplo, antes de uma recuperação da posse de bola, pela equipa em estudo, não examinaremos ativação de qualquer CO, uma vez que o estudo não abrange acontecimentos anteriores a essa CC.
António Barbosa Capítulo III
144
Conduta Critério
RETARDO 1
RETARDO 2
RETARDO 3
RETARDO 4
RETARDO 5
Figura 38 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições, análise prospetiva.
Para A. Silva (2004), existem condutas ou categorias que apenas podem ser
analisadas desde um ponto de vista prospetivo ou retrospetivo, enquanto outras,
devido à sua aplicação no continuum do jogo, permitem uma dupla análise a partir
dos dois sentidos (ver figura 39, com exemplo prático).
RETARDO -5
… RETARDO -1
Conduta Critério
RETARDO 1
…. RETARDO 5
Figura 39 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições, análise retrospetiva e prospetiva.
Devemos ainda referir que qualquer categoria poderá ser definida como conduta
critério, tendo em atenção o objetivo proposto para cada estudo (A. Silva 2004).
Ressalvamos que o conhecimento da lógica inerente aos objetos de estudo é
fundamental; assim, a título de exemplo no nosso estudo, quando definimos a
conduta critério com o início do PO, a utilização da análise retrospetiva não
evidenciará a ativação de qualquer conduta, uma vez que não se realizaram a
recolha de dados relativos a ações ocorridas anteriormente ao início.
Com base no cálculo realizado, para cada retardo ou transição, conheceremos as
condutas ativadas se estas superarem a probabilidade incondicional, verificando-se
uma probabilidade estatística superior ao acaso, evidenciando a possibilidade de
associação, entre a CC e CO.
António Barbosa Capítulo III
145
Com o intuito de determinar a excitatoriedade das transições entre as categorias
critério e objeto resolvemos sintetizar os critérios seguidos. A fim de averiguar se as
diferenças encontradas têm significado estatístico, aplica-se a prova binomial, sendo
que, se o valor de Z encontrado for maior ou igual a 1,96, existe a probabilidade de
haver uma transição excitatória entre as condutas, de igual forma, se o valor de Z é
inferior a -1,96, a relação entre as condutas é inibitória para a determinação de
padrões excitatórios de transições entre categorias critério e objeto (Anguera, 1990).
O valor dos resíduos, ajustado, deverá ser igual ou superior a 1,96 (Bakeman, &
Gottman, 1989; Anguera, 2006). Reportar-nos-emos ao estudo das condutas
excitadas, excluindo a probabilidade de inibição entre condutas. Atendendo ao
convencionado, o retardo (R) máximo nunca excederá o retardo - 5 ou + 5, ou seja,
retrospetivamente e prospetivamente, uma vez que depois deste lapso “a sequência
se vê muito reduzida” (Catellano-Paulis, 2000).
Atendendo aos critérios anteriormente expostos é exequível desenhar a estrutura de
conduta através dos padrões obtidos com aplicação da análise sequencial, sendo
possível conhecer, em cada retardo, quais são as condutas excitadoras, por existir
entre si um grau de coesão superior ao simples encadeamento provocado pelo
acaso, com algumas restrições metodológicas que é necessário acautelar
(Campaniço & Oliveira, 2003).
Regras para deteção de padrões
Um padrão de conduta terminará de forma natural quando não há mais retardos
excitatórios, todavia não excederá os 5 retardos, quer retrospetivamente quer
prospetivamente, já que a consistência da sequência se vê muito reduzida (como
descrito anteriormente).
Conduta Critério R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
x 1 (2.78) 2 (3.85) --- --- ---
Figura 40 - Exemplo de padrão que termina, por falta de retardos ativados.
Um padrão de conduta em que há dois retardos consecutivos vazios (sem condutas
excitatórias) termina em consequência deste.
António Barbosa Capítulo III
146
Conduta Critério R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
x 1 (2.78) 2 (3.85) --- --- 2 (2.85)
Figura 41 - Exemplo de padrão de conduta onde se verifica a existência de dois retardos consecutivos vazios (sem condutas excitatórias).
Quando, num padrão de conduta, há dois retardos consecutivos com várias
condutas excitatórias, o primeiro deles denomina-se max-lag e considera-se o último
retardo interpretativo do padrão de conduta.
Conduta Critério R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
X 1 (2.78) 3 (2.96)
2 (3.85) 2 (2.85)
--- --- ---
Figura 42 - Exemplo de padrão de conduta onde se verifica a existência de dois retardos consecutivos com várias condutas excitadas.
Os resultados significativos obtidos, não permitem no entanto, o estabelecimento de
relações lineares entre as condutas, sendo possível apenas concluir que existe a
probabilidade estatística de um determinado evento suceder ou anteceder outro. O
mesmo autor alerta ainda para o facto da análise efetuada em cada retardo ser
independente da anterior. Como consequência, a existência de condutas associadas
à conduta critério nos retardos 1 e 2, não implica que exista uma probabilidade
estatística superior ao acaso destas estarem associadas (Catellano-Paulis, 2000,
citado por J. Silva, 2008).
3.3.2.1 - Procedimentos
Diretrizes para o registo das sequências do processo ofensivo
Como descrito no ponto 3.3.1.1 (p.126), passamos a descrever os itens específicos
do processo de codificação dos PO, para aplicação no software SDIS-GSEQ34 .
Segundo Bakeman e Quera (1996, 2000):
i) Após o registo de uma conduta será utilizado um ponto final (.) como
passagem para a conduta seguinte da mesma sequência;
34 É um software que realiza análise sequencial, pela leitura de ficheiros do tipo MDS. Proporciona operações estatísticas sequenciais, como tabelas de frequência de retardo, qui-quadrado, resíduos ajustados e ainda realiza vários tipos de modificações de dados (recodificações, agrupamentos e encadeamento de códigos de conduta, através de linguagem de programação própria. Esta linguagem é considerada ideal para descrever dados sequenciais obtidos pela observação directa de comportamentos individuais, díades e/ou grupos - Bakerman & Quera, 1996).
António Barbosa Capítulo III
147
ii) Para definir o final de um PO será utilizado um ponto e vírgula (;);
iii) Cada sequência recolhida diz respeito a um PO, pois um novo PO implica
a passagem para a linha seguinte;
iv) Para definir o final de um PO e também do registo de uma sessão de
observação será utilizado o sinal (/).
Como referimos anteriormente, colocamos uma jogada relativa ao MJO contra-
ataque referente à equipa do Real Madrid.
Tabela 20 - Descrição dos dados para software SDIS-GSEQ.
Dados SDIS-GSEQ
Data name Frames Events
CARM 1534738 G2.
CARM 1534739 IN CA.
CARM 1534740 Ipi Z5 Spinp.
CARM 1534763 Dpl Z5 Pdf Pma RJr SPsr.
CARM 1534813 Dcd Z7 RJr Spinp.
CARM 1534863 Ddr Z10 RJr Spinp.
CARM 1534888 Fbad Z10 Pir;
CARM 1546463 G2.
CARM 1546464 IN CA.
CARM 1546465 Ipera Z4 SPsr.
CARM 1546466 Dpl Z4 Pdf Pal RJl SPsr.
CARM 1546813 Dpc Z10 PPl Pma RJr Spinp.
CARM 1546814 Dcz Z1 RJl Pir.
CARM 1546838 FLJ Z10 Pir/
Processamento dos dados
Recorremos a utilização da mesma fonte amostral que referimos no ponto 3.3.1.1.
Procedemos divisão em três grupos por equipa, assim compartimentamos os dados
relativos:
i) Contra-ataque;
ii) Ataque rápido;
iii) Ataque posicional.
António Barbosa Capítulo III
148
Este trabalho foi realizado para a equipa do Inter de Milão e para a equipa do Real
Madrid.
O processo desenvolvido, no presente ponto, passou pela introdução dos dados no
software do SDIS-GSEQ. Para melhor compreensão dos processos, descreveremos
o modus operandi relativo ao processamento dos dados. Pensamos ser pertinente
descrever as condutas critério e tipo de análises realizadas.
Para utilizar o SDIS-GSEQ para Windows (versão 5.1), procedemos à análise
sequencial de cada uma das equipas e dividimos de acordo com o processo
ofensivo em estudo. Da análise consta:
i) Inícios do PO
a. Recuperação da posse de bola por interceção;
b. Recuperação da posse de bola por desarme;
c. Recuperação da posse de bola por ação do
guarda-redes;
d. Recuperação da posse de bola por interrupção
regulamentar a favor;
e. Recuperação da posse de bola por golo do adversário;
ii) Desenvolvimentos PO
a. Desenvolvimento por passe curto/médio;
b. Desenvolvimento por passe longo;
c. Desenvolvimento por condução;
d. Desenvolvimento por receção/controle;
e. Desenvolvimento por drible (1x1);
f. Desenvolvimento por duelo;
g. Desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa
em fase ofensiva;
h. Desenvolvimento por remate;
i. Desenvolvimento por cruzamento;
j. Desenvolvimento com intervenção do adversário
sem êxito;
k. Desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa
adversária;
António Barbosa Capítulo III
149
iii) Finais do PO
a. Remate com obtenção de golo;
b. Por remate (Frr) engloba os finais (Frd, Fgr, Ffr, Fca);
c. Atingir o sector ofensivo de forma controlada (Fsoc);
engloba os finais (Fgp, Fld, Fpc, Fpga);
d. Recuperação da posse de bola pelo adversário;
e. Passe para dentro da grande área adversária;
f. Leis de jogo (Flj) engloba os finais (Ff, Fi);
A seguinte tabela tem por finalidade delinear o caminho do processamento dos
dados. Na tabela, evidenciamos condutas critério e quais as condutas objeto,
juntamente com o tipo de análise realizada (prospetiva, retrospetiva e retrospetiva-
prospetiva). As condutas foram estudadas de acordo com o MJO em questão.
Tabela 21 - Exposição da análise sequencial realizada. Identificação da perspetiva prospetiva, retrospetiva e retrospetiva-prospetiva. Condutas critério início do PO, desenvolvimento do PO, final do PO.
Condutas
critério Início do PO:
IPi,IPd,IPgr,IPera,IPga
Desenvolvimento do PO: Dpc, Dpl, Dcd, Drc, Ddr, Ddu,
Dpgr, Dre, Dcz, Dia, Dgra
Final do PO: Fgl, Frd, Fgr, Ffr, Fca, Fld, Fpc,Fgp, Fpga, Fbad,Ff,Fi
Grau de análise
Análise Sequencial Prospetiva
Análise Sequencial Retrospetiva e prospetiva
Análise Sequencial Retrospetiva
Condutas Objeto
Início do PO Início do PO Desenvolvimentos Desenvolvimentos Desenvolvimentos
Final do PO Final do PO Caraterização espacial Caraterização espacial Caraterização espacial
Centro de jogo Centro de jogo Centro de jogo Altura do passe Altura do passe Altura do passe
Direção e sentido do passe
Direção e sentido do passe Direção e sentido do passe
Ritmo de jogo Ritmo de jogo Ritmo de jogo
Em cada um dos processos ofensivos, e em cada grupo de análise, estudamos as
combinações possíveis, procurando estabelecer as relações de dependência de
cada equipa, para os diferentes MJO analisados.
3.3.2.2- Apresentação e discussão dos resultados recorrendo a técnica de
retardos
Procederemos à apresentação e discussão dos resultados atendendo à
interpretação das relações de interdependência verificadas. Serão analisados os três
métodos de jogo definidos na revisão bibliográfica, procurando descrever e
António Barbosa Capítulo III
150
interpretar os resultados, evidenciando os pontos de ligação ou de rutura entre as
equipas em estudo, recorrendo às medidas de sequencialidade procurando as
relações de dependência produzidas por cada equipa de acordo com a conduta
critério.
Para Catellano-Paulis e Hernández-Mendo (2002), o processo de análise sequencial
permite-nos um cálculo de tipo probabilístico onde, um determinado evento
condutural ou comportamental de uma cadeia ou sequência de eventos conduturais
é dependente tanto do evento inicial (conduta critério) como dos eventos anteriores,
procurando-se encontrar, assim, uma probabilidade nas transições entre os
diferentes acontecimentos do jogo. O primeiro evento não é mais do que o
antecedente e o segundo o consequente, com determinado valor probabilístico de
transição de caráter associativo, o que não implica qualquer relação linear direta
entre os dois eventos seguidos no tempo (A. Silva, 2004).
No ponto (3.3.2) referente à metodologia, procuramos a contextualização das
transições sequenciais, evidenciamos a lógica do PO, com esse objetivo, atendemos
à especificidade das ações codificadas. Para esse efeito, alguns eventos foram
analisados apenas do ponto de vista prospetivo, outros apenas do ponto de vista
retrospetivo, e um terceiro grupo que foi analisado retrospetivamente e
prospetivamente.
Com o intuito de demonstrar os padrões evidenciados para o estudo em questão,
passaremos a expor os padrões de conduta relativos ao PO, mediante a utilização
da técnica de retardos ou transições. Valendo-nos do método proposto por Sackett
(1980), método de retardos ou lag metod, procedemos à exposição dos resultados.
Com a finalidade de promover um rápido e concreto enquadramento, dividimos os
resultados em três grupos e três subgrupos.
Para a criação dos grupos utilizou-se os métodos de jogo ofensivo: contra-ataque,
ataque rápido e ataque posicional. Dentro de cada método de jogo ofensivo
subdividimos em três subgrupos de análise: início, desenvolvimento e final da posse
de bola. Para os resultados obtidos procedemos à exposição em tabela, descrição
das condutas objeto ativadas, interpretação e comparação.
António Barbosa Capítulo III
151
3.3.2.2.1 - MJO contra-ataque
Padrões de jogo encontrados para as condutas de início do processo ofensivo.
Provimos ao estudo das categorias início do PO. Atendendo ao processo de análise
fizemos o estudo de forma prospetiva. Para esse efeito verificamos as condutas
critério, tendo como condutas objeto desenvolvimento do PO, final do PO, direção e
sentido do passe, altura do passe, ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de
jogo.
Condutas de início de PO de forma aberta.
Conduta critério: início do contra-ataque através de interceção (Ipi).
Através da análise da tabela 22, poderemos verificar os padrões conduturais
detetados para a conduta de início do contra-ataque por recuperação da bola,
através de interceção.
Tabela 22 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério recuperação por interceção. Conduta Critério Início do processo ofensivo por interceção (Ipi)
Análise prospetiva R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão Dcd (2.01) --- --- --- ---
Real Madrid
Dcd (2.29) --- Ddr (2.20) --- ---
Z5 (2.33) --- --- --- ---
--- Rjr (2.02) --- --- ---
Dissecando individualmente as equipas aferimos que, na equipa do IM, a
recuperação da posse de bola por interceção ativa o desenvolvimento por condução.
O mesmo se verifica no estudo realizado por A. Silva (2004).
Por sua vez, na equipa do RM, constatamos que esta conduta critério ativa o sector
médio defensivo, mais concretamente o corredor central, zona 5 juntamente com a
ativação do desenvolvimento através da condução da bola, verificando-se um ritmo
de jogo rápido. A conduta critério termina com um max-lag ao nível do retardo 3
através de um desenvolvimento por drible.
António Barbosa Capítulo III
152
Aquando da recuperação da posse de bola, socorrendo-se à conduta interceção,
verificamos que ambas as equipas tendem a ativar o desenvolvimento por condução
de bola. Estamos em crer que a condução seja realizada pelo mesmo jogador que
realizou a recuperação da posse de bola, ou jogador que se encontra próximo, por
exemplo a realizar cobertura defensiva, com a finalidade de atacar o espaço entre e
interlinhas deixado pela equipa adversária e ao mesmo tempo aumentar a relação
referente ao centro de jogo, subindo o rácio entre número de atacantes e número de
defensores. Parece-nos que o facto de o RM ter como último desenvolvimento o
drible, indica a intensão da criação de rutura ofensivas recorrendo a ações
individuais. Também (Lopes, 2007) encontrou padrões curtos relativamente a esta
conduta critério; no entanto, no seu estudo, a conduta de início do processo ofensivo
por interceção era excitatória de receção/controle da bola seguida de passe para a
frente.
Castelo, citado por Sarmento (2012) refere, há uma coisa que eu sei, e isso tem
comprovação, que a ação de interceção é sempre a mais vantajosa para sair para
uma situação de transição rápida, por uma razão muito simples, porque numa
interceção, o jogador que a faz, nunca está pressionado, o jogador que desarma,
normalmente está sempre imediatamente pressionado pelo jogador que perdeu a
posse da bola.
Conduta critério: início do contra-ataque através de desarme (Ipd).
Da análise da tabela 23, poderemos verificar os padrões detetados para a conduta
de início do contra-ataque por recuperação da bola através de desarme.
Tabela 23 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desarme. Conduta Critério Início do processo ofensivo por desarme (Ipd)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Ddr (2.78) Dcz (2.02) --- --- ---
--- Z4 (2.51) Z12 (1.99)
--- --- ---
Real Madrid Z8 (3.15) Z8 (2.76) --- --- ---
António Barbosa Capítulo III
153
Nos resultados relativos à equipa do IM, poderemos constatar a ativação do
desenvolvimento através do drible seguido de cruzamento, ativando ainda os
corredores laterais (Z4 e Z12).
Por sua vez, apuramos que na equipa do RM a ativação do corredor central do
sector médio ofensivo a (Z8), com o max-lag a situar-se ao nível do retardo 2.
O estudo revela que a equipa do RM não ativa nenhum desenvolvimento para esta
conduta critério. O IM no entanto vai de encontro ao referido pelos estudos prévios
(J. Lopes 2007; A.Silva, 2004), ao ativar o desenvolvimento através de drible,
realizado ao nível do primeiro retardo. Estamos em crer que o desenvolvimento será
levado a cabo pelo mesmo jogador ou por um segundo elemento de equipa que se
encontre no centro de jogo a asseguram a cobertura defensiva. Ainda relativamente
ao IM poderemos também verificar a capacidade de excitação da conduta de
desenvolvimento através de cruzamento, ficando a equipa mais próxima da situação
de obtenção de golo.
Condutas de início de PO de forma fechada.
Conduta critério: início do contra-ataque por ação do guarda-redes (Ipgr).
Atestamos na tabela 24, os padrões conduturais detetados, através da análise
prospetiva, para a conduta de início do contra-ataque por recuperação da bola
através do guarda-redes. Verifica-se a ativação de várias condutas.
Tabela 24 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início por ação do GR. Conduta Critério Início do processo ofensivo por ação do GR (Ipgr)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Dpl (2.74) Dia (2.74) Pal (3.16)
Dia (2.06) --- --- ---
Z1 (2.74)
Z8 (1.99)
Z8 (2.08) Z11 (2.06)
Z8 (2.48)
Z8 (2.36)
Real Madrid
Dpl (3.08) Ddr (2.13) Pal (2.58) Pfr (2.43)
Ddu (2.94) Pal (2.23)
--- --- ---
Spsa (4.82) --- Spinp (2.16) --- ---
Z2 (6.85) Z8 (2.76) --- --- ---
António Barbosa Capítulo III
154
No que concerne à equipa do IM, poderemos verificamos que a ação de contra-
-ataque inicia-se através de um passe longo e alto, para o corredor central do sector
médio ofensivo, e o desenvolvimento seguinte é uma intervenção sem êxito por
parte do adversário. Existem padrões conduturais longos (max-lag no retardo 5)
relativamente a caracterizações espaciais.
Os resultados respeitantes à equipa do RM, permitem constatar um padrão
condutural com grau de semelhança notável com a outra equipa estudada. Depois
da recuperação da posse de bola pelo guarda-redes há um passe alto e longo,
realizado para a frente e em contexto de superioridade numérica, que visa atingir o
sector médio ofensivo do corredor central (Z8) produzindo um desenvolvimento por
duelo, onde a bola sofre uma trajetória alta. No max lag, que ocorre no retardo 3, há
a ativação de um contexto de jogo definido como igualdade não pressionada. Os
resultados obtidos parecem enquadrar-se com o que Castelo (2003) referiu quando
afirma que a transição defesa-ataque encontra-se dependente de dois aspetos
fundamentais. O primeiro está relacionado com as atitudes e os comportamentos
dos jogadores no momento logo após à recuperação da posse de bola, no que
respeita a quatro questões fundamentais:
i) A quem (todos os jogadores da equipa);
ii) Quando (momento imediato após a recuperação da posse de bola);
iii) Onde (em qualquer espaço do jogo);
iv) Como (ocupando espaços apropriados, estabelecer linhas de passe,
utilizar mudanças rápidas de ritmo e direção e executando procedimentos
técnico-táticos individuais e coletivos).
Parece existir uma ideia coletiva, a equipa sabe que quando o guarda-redes agarra
a bola vai jogar de forma longa. O segundo aspeto, relaciona-se com a rápida
transição do centro de jogo, desde a zona de recuperação da posse de bola em
direção a espaços dominantes de finalização. Verifica-se a aproximação as zonas de
finalização.
Posto isto é forçoso refletir sobre a influência do guarda-redes no processo de
construção do PO. Para o processo em causa o guarda-redes, quando tem a bola, é
compreendido como o primeiro atacante, tendo como comportamento posterior à
recuperação da posse de bola a rápida reposição em profundidade ofensiva, induz
ainda uma caraterística que ambos os guarda-redes possuem a sua boa capacidade
António Barbosa Capítulo III
155
na colocação 35 longa da bola. Estamos em crer que estes conjuntos de
comportamentos, que refletem elevado grau de similitude, realizados pelas duas
equipas, terão por finalidade explorar a colocação adiantada do adversário no
terreno de jogo. Recorrendo a CC verifica-se a diminuição do tempo de recolocação
e reorganização por parte do adversário, a zona de destino do passe (Z8) será a
zona onde o jogador referência 36 irá disputar a bola com os adversários.
Acreditamos que o desenvolvimento anteriormente mencionado, faculta fixar os
defensores, através da disputa de bola e das coberturas defensivas dando espaço
nas costa e nos corredores laterais dos defesas, permitindo aos jogadores, das
equipas observadas, procurar com esta ação o ganho das segundas bolas
recorrendo a jogadores muito velozes que exploram o espaço no terreno de jogo.
Pela revisão bibliográfica constatamos a existência de condutas próximas as
verificadas (Lopes 2007, Ramos, 2009; A. Silva, 2004).
Conduta critério: início do contra-ataque através de interrupção regulamentar a
favor (Ipera).
Na tabela 25, apresentamos os padrões conduturiais detetados, através da análise
prospetiva, para a conduta critério de início do contra-ataque por recuperação da
bola interrupção regulamentar a favor.
Tabela 25 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério interrupção regulamentar a favor. Conduta Critério Início do processo ofensivo por interrupção regulamentar a favor
(Ipera)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Drc (2.01) Pma (4.58) Rjl (2.37)
Dpc (2.20) Dre (2.11) --- ---
Pir (3.29) --- --- --- ---
Real Madrid
Pma (2.39) Rjl (3.17)
Dpc (2.61) Rjl (3.29) Ppl (2.04)
Rjl (3.58)
Rjl (4.18)
---
--- Z6 (2.01) Z1 (2.08) Z4 (2.15)
Z6 (2.03) Z6 (2.00)
35 Entedemos boa capacidade, como a habilidade de jogar com precisão, com velocidade de execução e com potência braçal ou com o pé. 36 Jogador referencia – pretendemos evidenciar, a procura deste jogador(es), de forma mais regular, para a realização da ação.
António Barbosa Capítulo III
156
Esta conduta critério ativa, na equipa do IM, no primeiro retardo, o desenvolvimento
por receção/controle. Contudo o passe a meia altura obtém maior valor de coesão,
verificando-se também a situação de inferioridade numérica relativa. Regista-se o
desenvolvimento através de passe curto/médio, precedido do desenvolvimento por
remate.
Na equipa do RM, existe a ativação de passe a meia altura com um ritmo de jogo
lento. No segundo retardo analisamos um desenvolvimento através de passe lateral
curto, com ritmo de jogo lento. Ao longo dos retardos 3 e 4 há a tendência para um
ritmo de jogo lento, que privilegia os corredores laterais com incidência do sector
médio defensivo e sector defensivo.
Apesar de ao nível do retardo 1, verificamos algumas similitudes, denotamos,
através da análise dos retardos seguintes, diferente estratégia do PO. O IM recorre à
conduta critério para utilizar um jogo mais vertical que permita obter uma situação de
remate, por sua vez o RM ativa um jogo mais lateral, não ativando ações que
indiquem progressão no terreno de jogo, à semelhança dos resultados obtidos
(Ramos, 2009).
Conduta critério: recuperação da posse de bola por golo do adversário (Ipga).
Nas equipas em estudo não verificamos nenhum início devido a conduta critério em
estudo. A especificidade do início limita a ocorrência da PO.
Padrões de jogo encontrados para as condutas de desenvolvimento do
processo ofensivo
Para realizar o estudo sequencial procedemos ao estudo das categorias
desenvolvimento do PO tendo por base uma análise retrospetiva-prospetiva.
No estudo averiguamos as relações das condutas nos inícios do processo ofensivo,
apenas de forma retrospetiva e relativamente aos finais do processo ofensivo
consideramos apenas de forma prospetiva. Nas restantes condutas analisadas,
procedemos à verificação da sua ativação retrospetiva e prospetivamente.
Como tal, procedemos à verificação das condutas critério, devidamente identificada
nas tabelas, expostas neste ponto, tendo como condutas objeto início do PO,
António Barbosa Capítulo III
157
desenvolvimento do PO, final do PO, direção e sentido do passe, altura do passe,
ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de passe
curto/médio (Dpc).
Na tabela 26, expomos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque por passe
curto/médio.
Tabela 26 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe curto/médio.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Drc (4.80)
Ddr (2.35)
Inte
r M
ilã
o
Dcd (2.15) Drc (9.08) Ppl (3.47) Ppt (3.31) Pma (3.41)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Spsr (3.44)
--- --- --- ---
--- --- Ipd (2.16)
Drc (2.11)
Ipera (2.61)
Dpc (4.26)
Drc (6.99)
Rea
l M
ad
rid
Drc (8.83)
Dpc (4.26) Dpl (2.03)
--- --- ---
Pdf (2.03)
Ppl (2.72)
--- Ppl (3.10)
--- --- --- --- --- ---
--- --- --- Rjl (2.16)
--- --- --- --- --- ---
Da análise dos resultados obtidos, referentes à equipa do IM constatamos, que esta
conduta critério ativa um padrão condutural curto, cujo max-lag se situa no retardo 1
tanto retrospetivamente como prospetivamente. Retrospetivamente verificamos a
ativação das condutas de receção/controle e drible. A análise prospetiva é mais rica,
verificando-se ativação do desenvolvimento através de passe para trás e a
receção/controle da bola, sendo esta última a conduta com maior força de coesão. A
conduta critério ativa também passa para o lado, passe a meia altura e a ativação do
contexto de superioridade numérica relativa.
António Barbosa Capítulo III
158
Por sua vez quando esta conduta critério é aplicada à equipa do RM apuramos, na
análise retrospetiva, a ativação do início do PO, ao nível do retardo 3 a recuperação
de bola por desarme, e no retardo 2 recuperação por interrupção regulamentar a
favor. Os desenvolvimentos ativados espelham ações de receção/controle e passe
curto/médio, sendo a direção do passe essencialmente lateral e verificando-se a
ativação do ritmo de jogo lento. Ao nível prospetivo verificamos a excitação da
conduta receção/controle. No max-lag registado podemos verificar a ativação de
duas condutas desenvolvimento através de passe curto/médio, conduta com maior
força de coesão, e desenvolvimento através de passe longo.
Também J. Lopes (2007) e A. Silva (2004) encontraram relações semelhantes às
descritas anteriormente nos seus estudos demonstrando a ativação da conduta de
receção/controle.
Apuramos similitudes no que concerne o comportamento. O IM ativa ações
individuais (Ddr e Dcd) contudo, a conduta com maior força de coesão, é a
receção/controle, esta conduta é igual para ambas as equipas. Parece-nos que a
direção do passe para trás no IM ou para o lado no RM terá a mesma finalidade,
retirar a bola de uma zona de pressão e colocá-la num jogador com mais espaço e
tempo para realizar a leitura de jogo, dando continuidade ao PO em zonas do campo
momentaneamente menos povoadas.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de passe longo
(Dpl).
Na tabela 27, exibimos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque por passe
longo.
António Barbosa Capítulo III
159
Tabela 27 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe longo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R1
R2 R3 R4 R5
--- --- --- --- Ipgr (2.74)
Drc (3.27)
Inte
r M
ilã
o
Ddu (4.91) Dia (3.22) Ppt (3.97) Pma (2.71)
--- --- --- ---
--- Z1 (2.03)
Z1 (4.40)
Z2 (4.06)
Z3 (4.58)
--- --- --- --- ---
--- --- --- --- --- Spinp (2.11)
--- --- --- ---
--- --- ---
Dpc (2.03)
Ipgr (3.08)
Drc (4.40)
Rea
l M
ad
rid
Drc (2.70) Ddu (3.69) Pma (2.37)
Drc (4.69) Ppl (2.44)
--- --- ---
--- --- --- --- Z1 (3.10)
Z2 (3.41)
Z5 (1.97)
Z6 (2.18)
--- Z1 (3.31)
Z10 (2.58)
--- ---
--- --- --- Rjl (2.16) Spsr
(2.91)
Rjl (2.05) Spsa
(4.61)
--- --- --- --- ---
A análise retrospetiva da equipa do IM permite apurar que, a conduta critério passe
longo ativa a interceção pelo guarda-redes da sua equipa e o desenvolvimento por
receção/controle. Há interceção de zonas no sector defensivo. Depois da conduta
critério ter lugar, regista-se prospetivamente, os desenvolvimentos por duelo ou
intervenção do adversário sem êxito, estas ações ocorrem numa situação de
igualdade numérica ativando ainda o passe para trás, pensamos que a intenção é
aproveitar os jogadores da segunda linha ofensiva, criando uma situação de
superioridade numérica.
Na análise retrospetiva, o RM ativa as ações de passe curto/médio e
receção/controle, em situações de superioridade numérica (Spsr, Spsa) utilizando
um ritmo de jogo lento e ativando zonas relativas ao sector médio defensivo.
Aferimos similarmente a ativação do início através da recuperação da posse de bola
pelo guarda-redes. Analisando a ocorrência das ações de forma prospetiva, verifica-
se a ativação de dois desenvolvimento ao nível do primeiro retardo, desenvolvimento
António Barbosa Capítulo III
160
por duelo (conduta com maior força de coesão) e desenvolvimento com
receção/controle, ainda verificamos a excitação do passe a meia altura. No retardo 2
verificamos a excitação do desenvolvimento receção/controle e passe para o lado.
Como já foi mencionado conferimos a existência em comum de condutas critério
excitadas. Este facto leva-nos a crer que os princípios e subprincípios de jogo que
levam a execução do passe longo serão similares. Constatamos a necessidade de
realizar uma ação que permita orientar a bola retrospetivamente à conduta critério,
como a excitação da ação de receção/controle. De realçar que na equipa do RM
verificamos a nível prospetivo, a excitação do desenvolvimento através de
receção/controle, este facto leva-nos a pensar sobre a existência um upgrade no
PO, ou (devido as características individuais dos jogadores da equipa) que
promoveu a possibilidade de a equipa manter a posse de bola sem ter um confronto
com o adversário. Contudo suscita-nos dúvida sobre se o resultado é fruto do MJO
diferente, fruto das características individuais dos jogadores das equipas observadas
e dos adversários.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de condução
(Dcd).
A tabela 28, expõe os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através da
condução.
António Barbosa Capítulo III
161
Tabela 28 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por condução.
Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Ipi (2.01)
Dpc (2.15)
Pma (2.07)
Inte
r M
ilã
o
Ddr (2.30)
---
Ddr (2.22)
Ddr (2.78)
---
--- Z2 (2.03)
Z2 (3.31)
Z3 (3.35)
Z5 (2.40)
--- Z11 (2.92)
--- --- ---
--- --- --- Pip (2.67)
--- --- --- --- --- ---
Ddu
(2.69)
Dre
(3.32)
Z11 (3.37)
Dpc
(2.18)
Z4 (2.41)
Drc
(2.65)
Z5 (2.01)
Ipi (2.29)
Z6
(2.31) R
ea
l M
ad
rid
Ddr (5.47)
Dre (3.05) Z10 (2.40)
Dia (2.07) Dagr (4.06)
Dia (2.13)
---
--- --- --- Pdf (2.88)
--- Pfr (2.55)
Pdt (3.41)
--- Ppl (2.22)
---
--- --- --- --- --- Pir (2.49)
--- --- --- ---
As condutas retrospetivamente ativadas na equipa do IM, são interceção de bola,
passe curto/médio efetuado a meia altura e a ativação das zonas do sector
defensivo e médio defensivo. Em termos espaciais, são retrospetivamente ativadas
zonas do sector defensivo (zonas 2 e 3) ou médio defensivo meio campo defensivo
(zona 5). Prospetivamente, averiguamos a ativação do desenvolvimento através do
drible, que se repetem ao longo de três retardos e a ativação da zona central do
sector ofensivo (zona 11).
No que concerne à equipa do RM, em termos retrospetivos quando consideradas
como condutas objeto as condutas comportamentais detetámos um padrão
condutural longo, o max-lag situa-se no retardo -5. As condutas ativas são
desenvolvimento por duelo, remate, passe curto/médio e receção/controle.
Relativamente as condutas espaciais, constatamos a ativação do início através de
interceção. Os contextos espaciais ativados, evidenciam predominância do sector
médio defensivo e a zona central do sector ofensivo.
Em termos prospetivos, o max-lag encontra-se ao nível do retardo 4. Constatamos
que as condutas ativadas foram drible, remate, ação do guarda-redes da equipa
adversário ou intervenção do adversário sem êxito, passe para a frente, passe para
António Barbosa Capítulo III
162
trás e passe alto, podemos ainda verificar a ativação da relação numérica de
inferioridade relativa.
Os resultados demonstram que as equipas recorrem à condução de bola para
desenvolver o contra-ataque. Acreditamos que esta ação tem origem nas
características individuais dos jogadores, que conseguem transportar a bola em
velocidade, aliados à elevada capacidade de criação de desequilíbrios nas defesas
adversárias. Constata-se a predominância da ativação de zonas do sector defensivo
e médio defensivo, retrospetiva à ativação da conduta critério. Estes factos levam-
nos a crer que a utilização da conduta critério está associada ao espaço deixado
entre linhas pela equipa adversária que se encontra no momento de transição
defensiva. Assim, admitimos que esta conduta critério é um dos elementos
fundamentais do processo do contra-ataque.
A utilização da conduta critério promove a ativação posterior de ações de drible,
parece-nos que o jogador que conduz a bola aproveita a velocidade que traz para
produzir desequilíbrio sobre os adversários que se encontram no processo
reorganização defensiva. Os resultados vão de encontro ao referido no ponto 2.6.1.
definição/caraterização do CA.
Na equipa do RM, a utilização da conduta critério promove a ativação de ações
próximas do final com obtenção de golo, (ações denominadas de pré-finalização)
remate e intervenção do guarda-redes adversário. Este facto parece estabelecer
uma unívoca relação causal entre a conduta critério e o sucesso do MJO. O último
ponto vai de encontro ao referido por J. Lopes, (2007), quando identifica a ativação
das condutas supramencionadas.
De ressalvar, que a equipa do RM consegue ganhar a bola ulteriormente da
intervenção sem êxito do adversário. Parece-nos que isto se deve a uma colocação
estratégica no terreno de jogo, juntamente com forte capacidade de leitura de jogo e
de duelos.
António Barbosa Capítulo III
163
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de
receção/controle (Drc).
Na tabela 29 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através da
receção/controle.
Tabela 29 - Padrão de conduta ou max lag definitivo para a conduta critério desenvolvimento por receção/controle.
Desenvolvimento do processo ofensivo por receção/controle (Drc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por receção/controle (Drc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Ipera (3.10)
Dpc (9.08)
Pr (2.87)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (4.80) Dpl (3.27) Pal (2.88)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- --- Spsr (2.21)
--- --- ---
--- --- Dpc (2.74)
Drc (4.24)
Dpc (8.83)
Dpl (2.70)
Ddu (2.77)
Ppl (2.04)
Rjl (2.43) R
ea
l M
ad
rid
Dpc (6.69) Dpl (4.40)
Ppt (2.21)
--- --- ---
--- --- --- --- --- Z5 (2.26)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Spsr (2.49)
--- --- --- --- ---
No que respeita à equipa do IM verificamos a existência de padrões conduturais
curtos, tanto retrospetivos como prospetivos, com o max-lag no retardo -1 e retardo
2 curtos. A conduta critério é fortemente ativada pelo desenvolvimento através de
passe curto/médio e de passe longo, possuindo uma ação de coesão mais forte,
com a conduta de passe curto/médio. Retrospetivamente ativa também a interrupção
regulamentar a favor e o passe rasteiro. Na análise prospetiva, para além do passe
curto/médio e passe longo, verificamos a ativação do passe alto, e ao nível do
segundo retardo a ativação da relação numérica em superioridade relativa.
Por sua vez, na equipa do RM, ativam-se retrospetivamente padrões conduturais
localizados ao nível do retardo 3. Verifica-se que a conduta critério ativa os
desenvolvimentos através de passe curto/médio, receção/controle, passe longo e
António Barbosa Capítulo III
164
duelo, ativando ainda o passe para o lado o ritmo de jogo lento e a relação de
inferioridade numérica. Analisando prospetivamente, apuramos que o max-lag situa-
se ao nível do retardo 2. Atestamos a ativação através de passe, passe curto/médio
e passe longo, regista-se a excitação da zona central do sector defensivo. Ao nível
do retardo dois, a conduta critério excita o passe para trás.
Segundo Castelo, (2004), a receção de bola é uma ação sem a qual não se poderá
rentabilizar o comportamento tático - técnico do jogador na resolução da situação
contextual do jogo.
Se compararmos os desenvolvimentos com padrões conduturais mais fortes,
verificamos que o denominador comum é o passe curto/médio. Os resultados vão de
encontro a estudos realizados (Barreira, 2006; Caldeira, 2001; J. Lopes 2007;
Ramos, 2009; A. Silva, 2004). Assim, verifica-se a articulação entre o passe
curto/médio e receção/controle.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de drible (Ddr).
Na tabela 30 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através do
drible.
António Barbosa Capítulo III
165
Tabela 30 - Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério desenvolvimento por drible (Ddr).
Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Ddr (3.61)
Dcd (2.78)
Dcd (2.22)
--- Ipd (2.78)
Dcd (2.30)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (2.35) Pr (2.60)
Ppt (2.38)
Dcz (4.62)
--- ---
--- --- --- --- Z12 (2.78)
Z7 (2.59)
--- Z10 (2.05)
--- ---
--- --- --- --- --- Pir (2.63)
--- --- --- ---
Ipi (3.90)
Dpl (4.13)
Pfr (3.08)
--- Ipi (2.20)
Drc (3.27)
Pdf (1.98)
Dpl (4.69)
Pdf (2.49)
Ipgr (2.13)
Dcd (5.47)
Ppt (3.30)
Rea
l M
ad
rid
Dre (2.37) Dcz (2.00) Ppl (2.38) Dia (2.08)
--- --- --- ---
--- --- --- Rjr (3.70)
--- Rjr (2.11)
--- --- --- ---
--- --- Z1 (2.47)
--- Z7 (2.10)
Z11 (2.73)
Z12 (2.36)
Z10 (2.97) Z11 (1.97) Z12 (2.41)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Pir (2.59)
Pir (3.66)
--- --- --- ---
Os resultados concernentes à equipa IM, patenteiam que a ativação do drible é
precedida de início por desarme, drible ou condução de bola. Em relação a estas
duas últimas condutas descritas, como já referido anteriormente, estamos em crer
que provavelmente são realizadas pelo mesmo jogador ou por um jogador que
realizava a cobertura. Podemos também registar a ativação da zona do corredor
lateral direito do sector ofensivo (Zona 12). Analisando agora prospetivamente as
condutas ativadas são o passe curto/médio rasteiro no meio campo ofensivo,
seguidas da conduta de cruzamento no sector ofensivo do corredor lateral esquerdo.
As zonas do campo posteriormente ativadas são referentes ao corredor lateral
esquerdo do sector médio ofensivo e sector ofensivo.
Na equipa do RM, quando o drible é a conduta critério, verificamos
retrospetivamente a ativação de dois inícios possíveis: a recuperação da posse da
bola por interceção; recuperação da posse de bola por ação do guarda-redes. No
quadro acima exposto registamos a ativação do desenvolvimento através de passe
António Barbosa Capítulo III
166
longo para a frente ou do passe na diagonal para a frente, juntamente com um ritmo
de jogo rápido e o contexto numérico de inferioridade relativa. No que respeita à
dimensão espacial verificamos que antes da utilização do drible existe a excitação
dos sectores defensivos, sector médio ofensivo e sector ofensivo. O conjunto de
informação que reproduzimos reflete os princípios de uma adequada utilização do
drible, ação preponderante no sucesso do PO em particular do CA. Em termos
prospetivos, verificamos existência de padrões conduturais situados no primeiro
retardo. A conduta critério ativa os desenvolvimentos remate, cruzamento e
interceção do adversário sem êxito (desenvolvimentos de pré-finalização). Na
relação contextual verificamos a ativação das ações em inferioridade relativa. Ao
nível espacial verificamos a ativação de zonas apenas do sector ofensivo.
Poderemos averiguar que o uso da ação do drible em ambas as equipas realiza-se
em situação de inferioridade numérica. Acompanhando às tendências evolutiva do
jogo de futebol, constatamos que cada vez é menor o número de jogadores
envolvidos no PO. Analisando comportamento das condutas ativadas, das equipas,
parece-nos que os jogadores do sector mais ofensivo terão muita capacidade de
resolução situações ofensivas de 1x1, 1x2 ou mesmo 1x3. Verifica-se
retrospetivamente a ativação de condutas que imprimem
velocidade/imprevisibilidade ao jogo em específico, à condução de bola. As zonas
do campo ativadas retrospetivamente, correspondem aos corredores laterais do
sector médio ofensivo e ofensivo. Atendendo ao MJO em estudo, aprece-nos que
estas condutas objeto, derivam do reduzido número de defensores (equipa
adversária) e a sua indispensabilidade de fechar as zonas centrais à baliza,
libertando assim os corredores laterais.
António Barbosa Capítulo III
167
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de duelo (Ddu).
Na tabela 31, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através de
duelo.
Tabela 31 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por duelo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Ipgr (4.00)
Dpl
(4.91) Dia
(3.01) Pal
(2.82)
Inte
r M
ilã
o
Ppt (3.97)
--- --- --- ---
--- --- --- Z2 (2.46)
--- --- Z2 (8.86)
--- --- ---
--- --- --- --- Pip (2.18)
--- --- --- --- ---
--- --- --- Ipgr (2.94)
Dcz
(3.98)
Pal (2.68)
Dpl
(3.69) Dcz
(3.17) Pal
(5.75) Pfr
(2.00) Rea
l M
ad
rid
Drc (2.77) Pal (3.25)
Pfr (2.04)
--- --- ---
--- --- --- --- Z2 (2.98)
Z6 (2.14)
--- Z9 (2.78)
--- Z12 (2.51)
---
Os resultados, alusivos à equipa do IM, demonstram que a ativação dos duelos é
precedida da interceção da bola pelo guarda-redes seguida de um passe longo e
alto e, em termos espaciais, verifica-se a ativação da zona 2, zona primordial de jogo
para o guarda-redes. Analisando as condutas verificadas depois da ocorrência do
duelo, constatamos a ativação do passe para trás. Pensamos que esta conduta
objeto ativada visa colocar a bola nos jogadores que asseguram a cobertura
ofensiva.
Por outro lado, a equipa do RM expõe retrospetivamente a ativação das condutas
objeto interceção de bola pelo guarda-redes seguida de um passe longo e alto,
verificando-se a ativação da zona central do sector defensivo e paralelamente a
ativação do desenvolvimento através de cruzamento. Prospetivamente há a
António Barbosa Capítulo III
168
excitação do desenvolvimento por receção/controle, passe alto e passe para a
frente, com a ativação das zonas referentes ao corredor lateral direito do SMO e SO.
Os resultados demonstram similitudes, concernentes à fase retrospetiva, entre as
equipas e entre os estudos realizados anteriormente (Caldeira, 2001; Lopes, 2004;
A. Silva, 2004) ao identificar a ativação da conduta objeto interceção da bola pelo
guarda-redes seguida de um passe longo e alto. A utilização de forma sequencial
das condutas interceção da bola pelo guarda-redes e a utilização de passe alto e
longo, procurando a construção do CA, recorrendo a utilização um jogo direto,
permitem ultrapassar velozmente as linhas adversárias (ofensiva e média),
acarretando à ocorrência de um duelo com a linha defensiva. Juntamente com os
resultados anteriormente obtidos, em particular no início do PO por recuperação da
posse de bola pelo guarda-redes, desenvolvimento através de passe longo,
verificamos de forma sólida a ativação das condutas, com a mesma ordenação
sequencial. No nosso parecer, as condutas objeto acima mencionadas definem um
padrão de ação. Quando as equipas se encontram em bloco baixo e a interceção da
posse da bola foi através da ação do guarda-redes as equipas parecem procurar
contra-atacar, utilizando o passe longo.
Denotamos diferenças nas condutas excitadas posteriormente à conduta critério.
Chamamos a atenção para a equipa do RM, na conduta desenvolvimento excitada
posteriormente ao duelo, há ativação da conduta objeto receção/controle. Em nosso
entender, deve-se à colocação dos jogadores da sua equipa que realizam a
cobertura ofensiva. Os jogadores, subindo no terreno de jogo, reorganizam-se
próximo do jogador que realiza o duelo, permitindo a ativação da conduta critério
referida e a continuidade do CA.
António Barbosa Capítulo III
169
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque através de cruzamento
(Dcz).
Na tabela 32 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através de
cruzamento.
Tabela 32 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por cruzamento.
Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Ipd (2.02)
---
Inte
r M
ilã
o
Dre (8.86) Pfr (1.98)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Z11 (3.30)
Z10 (2.99)
--- --- ---
--- --- Spinp (2.17)
Spinp (2.67)
--- Spsa (8.33)
--- --- --- ---
--- --- ---
Pdf (2.68)
Ddr (2.00)
Rea
l M
ad
rid
Ddu (3.17) Ddr (3.17) Dia (2.89)
--- --- --- ---
--- ---- Rjr (2.17)
--- Rjr (2.28)
--- --- --- --- ---
Z7 (2.96)
Z7 (2.89)
Z3 (3.64)
Z10 (4.41)
Z10 (10.29)
Z12 (2.56)
Z11 (6.03)
Z11 (2.90)
--- Z11 (2.72)
---
--- --- Spsa (3.67)
--- Spinp (2.38)
--- --- --- --- ---
Dissecando os resultados, patentes na tabela 32, em particular da equipa do IM,
observa-se que antecedendo a conduta critério, desenvolvimento por cruzamento,
há a ativação da interceção por desarme em contexto de igualdade não
pressionada. Nas ações ativadas depois do cruzamento, analisando a tabela,
constata-se que a equipa consegue criar situações favoráveis ao remate e,
paralelamente, a ativação de relação de superioridade absoluta (com três ou mais
jogadores). O contexto espacial ativado, localiza-se no sector ofensivo sendo que a
zona central tem maior força de coesão. Facto a ter em conta é que a equipa ativa a
situação de finalização em superioridade numérica mas não consegue tirar o devido
proveito, subentenda-se, a obtenção do golo.
António Barbosa Capítulo III
170
Os resultados referentes à equipa do RM levam-nos a deduzir que a conduta critério
de desenvolvimento por cruzamento é fortemente antecedida da ação de drible com
um ritmo de jogo rápido. Os mesmos resultados levam-nos a induzir a possibilidade
de no processo de seleção dos elementos da equipa. Estes deverão ser jogadores
com grande capacidade de criação de desequilíbrios recorrendo à velocidade das
ações, com a finalidade de ganhar condições espaciais para realizar a conduta
critério, no caso em estudo, o cruzamento.
Em relação aos contextos espaciais, verificamos a ativação do corredor lateral
esquerdo do sector médio ofensivo e sector ofensivo. Existe ainda a ativação da
zona 3, pertencente ao sector defensivo do corredor lateral direito, estamos em crer
que este facto indica uma maior tendência de contra-atacar pelo lado esquerdo,
independentemente do local onde se recupera a bola. A equipa parece privilegiar o
corredor lateral esquerdo para invadir os sectores mais ofensivos. Prospetivamente
à conduta critério denota-se a capacidade da equipa jogar na zona central do sector
ofensivo.
Facto curioso é que a equipa do IM não evidencia uma probabilidade superior, ao
acaso, nos resultados relativos à análise retrospetiva relativa aos corredores de
jogo. Por sua vez a equipa do RM, demonstra a ativação dos corredores laterais.
Prospetivamente ambas as equipas conseguem ativar o contexto espacial, na zona
central do sector ofensivo, contudo, não verificamos paralelamente a ativação de
qualquer final do processo ofensivo, ou seja conseguem estar na zona frontal a
baliza mas não têm consistência nos finais produzidos. Assim, os resultados
parecem induzir-nos a crença que se encontra uma correlação de baixo valor,
equivalente ao acaso, entre o cruzamento e a finalização do PO quanto ao contra-
ataque. O ponto em discussão vai de encontro ao referido por diversos autores
(Caldeira, 2001; Garganta, 1997; J. Lopes, 2007; Mombaerts, 2000; A. Silva, 2004),
quando expõem os resultados, sobre a ativação da zona frontal à baliza.
Ressalvamos que os processos em estudo realizam-se no sector ofensivo, local do
campo onde existe maior pressão defensiva e consequentemente menor tempo e
espaço para a leitura de jogo, tomada de decisão e ação.
António Barbosa Capítulo III
171
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque por remate (Dre).
Na tabela 33 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque através de
remate.
Tabela 33 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por remate.
Desenvolvimento do processo ofensivo por Remate (Dre)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por Remate (Dre)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Nenhuma C.O. ativada
Inte
r M
ilã
o
Nenhuma C.O. ativada
--- --- --- Dcd (3.05)
Ddr (2.37)
Dcz (3.17)
Rea
l M
ad
rid
Dagr (13.19)
Dia (4.50)
--- Dcd (3.32)
---
Z6 (2.12)
Z12 (2.39)
Z11 (1.97)
Z11 (2.94)
Z11 (2.03)
Z12 (3.37)
Z10 (2.80)
712 (2.73)
Z11 (2.25)
Z11 (2.95)
--- --- ---
--- --- Ppl (2.15)
Ppt (3.04)
Ppt (4.04)
--- Spsr (3.69)
--- --- ---
Através da análise da tabela 33, relativamente à equipa do IM, não constatamos a
ativação de qualquer conduta objeto.
Por sua vez, no que concerne a equipa do RM, apuramos a ativação de um padrão
condutural significativo. Retrospetivamente há a ativação das condutas objeto
desenvolvimentos por condução, drible e cruzamento. Atendendo às condutas
espaciais encontramos um padrão condutural longo, com a ativação de condutas ao
longo dos cinco retardos. Ao nível do retardo -5, poderemos observar a ativação da
zona relativa ao corredor lateral esquerdo do sector médio defensivo, as restante
condutas ativadas são relativas a zonas do sector ofensivo, com maior incidência
para o corredor central. Observamos ainda a ativação das condutas objeto direção e
sentido, do passe ativando o passe lateral e passe para trás. Na análise prospetiva,
verificamos a ativação dos desenvolvimentos ação do guarda-redes da equipa
adversária, desenvolvimento com intervenção do adversário sem êxito, e
desenvolvimento por condução. Relativamente a caraterização espacial, há a
António Barbosa Capítulo III
172
ativação da zona frontal a baliza do sector ofensivo. Poderemos também referenciar
a ativação do centro de jogo verificando-se a relação de superioridade numérica
relativa.
É marcadamente notória a diferença das condutas ativadas. Em relação ao IM os
resultados referem uma baixa correlação entre condutas objeto e conduta critério.
Por sua vez na equipa do RM verificamos ativação de desenvolvimentos que
imprimem velocidade ao jogo, e/ou a ativação de ações fundamentais para a criação
de situações de finalização (denominadas situações de pré-finalização).
Relativamente às condutas referentes à caraterização espacial, encontramos a
ativação das condutas do SO o que prediz que as ações que precedem a conduta
critério se realizam próximo do SO, ou no sector ofensivo. Realçamos que no retardo
-1 as zonas ativadas são relativas aos corredores laterais do SO. Atendendo às
características do MJO, e à informação obtida parece-nos que a equipa condiciona a
colocação defensiva do adversário, recorrendo à condução de bola, fixando a
organização defensiva, para posteriormente, recorrendo a situações de pré-
finalização, em particular o drible e cruzamento, vindo dos corredores laterais,
procurando o corredor central, executar o remate. Posterior à conduta critério
desenvolvimento por remate, há a ativação da conduta objeto intervenção do
guarda-redes da equipa adversária, o que nos leva a pensar que o remate atingiu a
baliza e não permitiu que o guarda-redes agarrasse a bola, seguidamente acontece
a excitação da conduta por intervenção sem êxito do adversário. Os
desenvolvimentos parecem realizar-se na zona central à baliza, zona primordial para
a ocorrência de golos.
O facto de ativar várias condutas objeto, leva-nos a pensar que, a equipa do RM
consegue rematar muitas vezes à baliza no MJO contra-ataque (atingindo um dos
objetivos do PO, alcançar a baliza adversária).
Procurando uma explicação de cariz teórico/prático, julgamos que estes resultados,
estão mais relacionados com as características dos quatro jogadores que
desenvolvem funções mais ofensivas (ponta de lança; médio ofensivo; médio ala
direito e esquerdo). Entre as características de excelência que qualquer um destes
jogadores evidencia, referenciamos algumas como a capacidade de interpretação e
aplicação dos MJO, capacidade de executar os elementos promotores de
António Barbosa Capítulo III
173
desequilíbrio ofensivo em velocidade, objetividade ofensiva, elevada habilidade
técnica individual, grande capacidade de remate no alvo.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque por intervenção do
adversário sem êxito (Dia).
Na tabela 34, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque por
intervenção do adversário sem êxito.
Tabela 34 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por intervenção sem êxito do adversário.
Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Ipgr (2.06)
Ipgr (2.74)
Dpl (3.22)
Inte
r M
ilã
o
Ddu (3.01)
Dcd (3.31)
--- --- ---
--- Z5 (2.03)
Z5 (3.20)
Z2 (3.51)
Z1 (2.24)
---
Z8 (2.93)
--- --- ---
--- --- --- --- Pip (2.05)
--- --- --- --- ---
---
Dcd (2.31)
Dcd (2.07)
Dre (4.50)
Ddr (2.08)
Dcz (2.89)
Rea
l M
ad
rid
Fgl (2.09) Ddu (3.17)
--- --- --- ---
--- --- Pfr (2.22)
Ppt (3.04) Pma
(2.50)
--- --- --- --- --- ---
--- --- --- --- --- ----- Z8 (2.09) --- --- ---
No que se refere à conduta critério acima mencionada, a equipa do IM, ativa
retrospetivamente o início do contra-ataque através da recuperação da bola pelo
guarda-redes, havendo a ativação do passe longo. No que concerne ao contexto
espacial, verificamos a excitação de zonas correspondentes ao corredor central dos
sectores defensivo e médio defensivo. A relação numérica verificada é uma
igualdade pressionada. Analisando prospetivamente, verificamos que a conduta
critério excita a ocorrência de desenvolvimento por duelo seguido de condução da
bola.
Os resultados retrospetivos relativos à equipa o RM evidenciam a ativação das
condutas objeto: desenvolvimentos por condução de bola, remate, drible e
António Barbosa Capítulo III
174
cruzamento (ações de risco de perda da posse de bola, associadas à criação de
situações de pré-finalização). Analisando as ocorrências depois da conduta critério,
encontramos a ativação do desenvolvimento através do duelo e o final do processo
ofensivo com a obtenção de golo. Ao nível do retardo 2 há a excitação da zona
central do sector médio ofensivo.
Os resultados referentes a equipa do IM, relativamente às condutas excitadas
retrospetivamente, são similares aos registados por J. Lopes (2007), quando expôs
a ativação do início do PO por interceção do guarda-redes. Por outro lado os
resultados referentes ao RM, relativamente as condutas excitadas prospetivamente
vão de encontro ao verificado por A. Silva, (2004), quando aferiu a ativação de
condutas relacionadas com a finalização do PO, como o cruzamento e o remate
(condutas de pré-finalização). Os resultados levam-nos a crer que o IM através do
início por interceção do GR (CO), tem mais dificuldades em ganhar a primeira bola
(depois da ação deste), justificando-se assim a relação com a CC. Os resultados
relativos ao RM levam-nos a crer que a ativação da conduta critério acontece depois
de um drible ou de um cruzamento, ações que são ativadoras de situações de
finalização. Somos levados a concluir que a equipa organiza-se ofensivamente,
permitindo ganhar a segunda bola ou a qualidade individual dos executantes permite
que estas ações momentâneas de intervenção sem êxito do adversário, se realizem
num espaço do terreno de jogo mais próximo da baliza. O binómio especulativo
anteriormente, referido permite, que posteriormente a equipa, do RM, alcance a
finalização com obtenção de golo. Assim como mencionamos anteriormente, no
ponto relativo a conduta desenvolvimento por duelo, estamos em crer, que a
diferença entre as duas equipas deve-se, ao preenchimento dos espaços de jogo de
forma mais racional e eficiente, juntamente com maior capacidade individual e
coletiva de promover situações favoráveis ao erro do adversário, continuando assim
o PO.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque com ação do guarda-
redes da equipa adversária (Dgra).
Na tabela 35, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do contra-ataque com ação
do guarda-redes da equipa adversária.
António Barbosa Capítulo III
175
Tabela 35 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa adversária.
Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa adversária
(Dgra)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa adversária (Dgra)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Nenhuma C.O. ativada
Inte
r M
ilã
o
Nenhuma C.O. ativada
--- --- --- Dcz (7.14)
Dre (13.19)
Re
al
Ma
dri
d
--- --- --- --- ---
--- Z4 (2.38)
--- Z10 (5.52)
--- Z11 (2.27) Ppt (2.44)
Z11 (2.08)
--- --- ---
--- --- --- --- --- Spsr (2.28)
Spsr (2.60)
--- --- ---
No que se refere à conduta critério exposta na tabela 35 apuramos que
relativamente à equipa do IM a equipa não ativa qualquer conduta objeto.
Em relação a equipa do RM, poderemos concluir que retrospetivamente há a
ativação das condutas objeto desenvolvimento por cruzamento, ao nível do retardo
-2 e desenvolvimento por remate ao nível do retardo -1. Relativamente aos
contextos espaciais ativados, existe a ativação do corredor lateral direito do sector
médio defensivo, no retardo -4 e a ativação do corredor lateral esquerdo do sector
ofensivo no retardo -2. Prospetivamente encontramos a ativação do corredor central
do sector ofensivo ao nível dos retardo 1 e 2, e também a ativação de passe com
direção para trás, e a relação numérica de superioridade relativa ao nível do retardo
1 e 2.
No tópico desenvolvimento do contra-ataque por remate, referente à equipa do IM, a
conduta critério não ativa qualquer conduta objeto; também neste ponto se verifica o
mesmo. Pensamos que estes resultados são devidos à menor quantidade amostral,
ou seja, ao número de contra-ataques estudados, juntamente com a baixa
quantidade de execução da conduta critério no MJO em estudo.
Por sua vez, a equipa do RM demonstra a ativação de desenvolvimento de pré-
finalização e tentativa de finalização do PO através do cruzamento seguido de
remate, juntamente com a ativação das zonas do campo em particular a zona
ativada no retardo -2, o corredor lateral direito (Z10). Atendendo às condutas objeto
António Barbosa Capítulo III
176
ativadas, parece-nos que a equipa busca o corredor lateral direito para ganhar
espaço no corredor central, para desenvolver o remate. Nas condutas ativadas
prospetivamente, em particular o contexto numérico, achamos que vão de encontro
às conclusões sobre as condutas critério anteriormente analisadas. Parece-nos que
a equipa prepara um conjunto de comportamentos que lhe possibilita encontrar
situações favoráveis, depois da ocorrência de situações de pré-finalização ou
tentativas de finalização. Com esse propósito, os elementos da equipa reconhecem
os indicadores pré-finalização ou tentativa de finalização do PO e adequam o seu
comportamento, com o intuito de ganhar uma segunda bola, no caso particular, em
zona ótima para a finalização. Constata-se que a equipa realiza um conjunto de
comportamentos que parecem antecipar o final do PO, preparando o momento de
transição ataque-defesa.
Conduta critério: desenvolvimento do contra-ataque com ação do guarda-
redes da equipa em fase ofensiva (Dgr).
Não encontramos a ativação de nenhuma conduta objeto, em nenhuma das equipas
em estudo.
Pensamos que este facto se relaciona com as características do MJO, e julgamos
que o desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva, se
coaduna mais com a finalidade de retirar a bola da pressão (ganhando com esta
ação espaço e tempo) e não com o objetivo direto de acelerar o ritmo de jogo,
promovendo o contra golpe. Aproveitamos para acrescentar, que da observação
realizada, verificamos utilização pouco significativa dos guarda-redes, durante o
desenvolvimento do PO.
Padrões de jogo encontrados para as condutas de final do processo ofensivo.
As tabelas seguintes são referentes ao estudo sequencial das diferentes condutas
critério, relativas aos finais do método de jogo ofensivo contra-ataque; atendendo à
lógica do jogo, a análise realizou-se apenas de forma retrospetiva. Demonstrámos e
interpretámos as condutas de jogo que precedem a ocorrência dos diversos finais
em estudo. Para melhor compreensão do jogo, procedemos à divisão da análise das
condutas dividindo-as em dois subgrupos: finais com sucesso e finais sem sucesso.
António Barbosa Capítulo III
177
Para cada conduta critério analisamos as seguintes condutas objeto: início do PO,
desenvolvimento do PO, direção e sentido do passe, altura do passe, ritmo de jogo,
caraterização espacial, centro de jogo.
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo contra-
ataque, com sucesso.
Conduta critério: final do contra-ataque por remate com obtenção de golo
(Fgl).
Na tabela 36, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do CA, remate com obtenção de golo.
Tabela 36 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com obtenção de golo.
Final do PO com remate com obtenção de golo (Fgl) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise Retrospetiva
---
---
---
---
Dia (3.45) Ppt (3.74)
Inter Milão
Z1 (2.04) --- Z5 (2.58) Z5 (2.85) Z10 (2.65)
Dcd (3.64) Dcz (3.58) Dcd (2.04) Dre (3.36)
Dagr (3.22) Dia (4.71) Ppl (4.39)
Real Madrid
--- Z6 (2.44) Z9 (2.50) Z11 (2.61) Z9 (2.05)
Z11 (3.79)
Através da análise dos resultados respeitantes à equipa do IM, poderemos verificar
que o final do processo é ativado por intervenção do adversário sem êxito,
verificando-se ainda a excitação paralela de um passe para trás como também
verificado por J. Lopes (2007). Constatamos a ativação das zonas dos sectores
defensivo, médio defensivo e ofensivo.
Na equipa do RM, por sua vez, averiguamos a existência de padrões conduturais
longos (max-lag no retardo -5). A conduta critério ativa retrospetivamente os
desenvolvimento por condução, seguida de cruzamento, remate à baliza, ação do
guarda-redes da equipa adversária, intervenção sem êxito do adversário e
realização de um passe para o lado. A nível espacial há a ativação do corredor
lateral direito do sector médio defensivo e médio ofensivo deslocando-se
posteriormente para o corredor central do sector ofensivo onde verificamos a
António Barbosa Capítulo III
178
ativação da última zona, o que é corroborado por A. Silva (2004), quando evidencia
a ativação da zona central à baliza antes do final com obtenção do golo.
Em comum, o que podemos constatar é que as equipas partilham o
desenvolvimento que antecede o final com obtenção de golo, corresponde a
intervenção de um adversário sem êxito. Parece-nos que os resultados são
reveladores da importância da colocação dos jogadores nas zonas de finalização,
antecipando o desenvolvimento, ficando preparados, para executar o remate sem
preparação.
As equipas diferem na ativação de contexto espaciais. No IM verifica-se a ativação
do sector ofensivo do corredor lateral direito (Z12), no RM constatamos a ativação
do sector ofensivo do corredor frontal. Este elemento parece indicar a utilização de
caminho diferentes para obter o golo. Pensamos que esta diferença representa a
heterogeneidade, advinda das características especificas dos jogadores que
compõem as diferentes equipas. As equipas ativam as zonas do campo onde têm
executantes mais capazes para realizar as diferentes tarefas.
Conduta critério: final do contra-ataque por remate (Frr).
Na tabela 37, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do contra-ataque por remate.
Tabela 37 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com remate.
Final do PO com remate (contra adversário, remate dentro, remate
fora, defendido pelo guarda-redes) (Frr) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- Drc(1.98) Dpc (2.31) Drc (2.24) Inter Milão
--- --- --- Z8 (2.23) Z12 (3.79)
--- --- --- Ipd (2.24) Dcd(3.76)
Ddu (2.21)
Real Madrid
--- Z5 (2.12) --- Z4 (2.72) Z8 (2.07)
Z8 (2.53)
A equipa do IM ativa a finalização por remate através de ações receção/controle,
passe curto/médio e receção/controle. O padrão de conduta detetado, quando
consideradas como as condutas critério espacialização do terreno de jogo, é a
António Barbosa Capítulo III
179
ativação da zona central do sector médio ofensivo e posteriormente a ativação do
corredor lateral direito do sector ofensivo.
Por outro lado, na equipa do RM, o final do processo com remate é antecedido pela
interceção de bola através de desarme, seguida de condução ou duelo.
Relativamente às condutas espaciais verifica-se a ativação de zonas
correspondentes ao sector médio defensivo e médio ofensivo, estes resultados vão
de encontro ao averiguado por J. Lopes (2007), quando também registou a ativação
destes sectores.
Os resultados expõem condutas distintas: parece-nos que a equipa do IM antecede
o final por remate recorrendo a ações mais lentas e organizadas, socorrendo-se do
passe curto/médio e receção/controle existindo proximidade entre as zonas ativadas.
A equipa do RM parece jogar de forma mais vertical e rápida, exposta pelo tipo de
interceção, desenvolvimento e ativação das zonas do campo utilizadas.
Atendendo ao mencionado, pensamos que a conduta critério é antecedida por
princípios diferentes. No IM por desenvolvimento de ações coletivas, por sua vez na
equipa do RM parece-nos ser devido a desenvolvimentos individuais.
Conduta critério: final do contra-ataque com o portador da bola atingindo o
quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc).
Na tabela 38, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do contra-ataque com o portador da bola a atingir o
sector ofensivo de forma controlada permitindo a manutenção da posse de bola,
posterior à conduta critério (livres diretos, pontapés de canto, grandes penalidades,
etc.).
António Barbosa Capítulo III
180
Tabela 38 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final atingindo o quarto ofensivo de forma controlada.
Final do PO tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- --- Ddr (2.54) Inter Milão
--- --- --- Z12 (2.11) ---
--- --- ---
Ppt(2.30)
Dre (4.72) Dcz (3.51)
Real Madrid
--- Z3 (2.25) Z8 (2.08) Z12(2.82)
Z10 (2.61) ---
A equipa do IM apresenta a excitação de apenas uma conduta comportamental,
situada no retardo -1. No que respeita às condutas espaciais, verificamos a ativação
de uma, situada no retardo -2, correspondendo ao SO do corredor lateral direito.
Por outro lado, na equipa do RM, quando o final do contra-ataque é devido ao
portador atingir o quarto ofensivo com a bola de forma controlada, a conduta critério
ativa retrospetivamente as condutas comportamentais desenvolvimento por remate
ou cruzamento; estes comportamentos são antecedidos de um passe para trás.
Relativamente às condutas espaciais, há a utilização dos corredores laterais com
exceção do retardo -3, onde se regista a ativação do corredor lateral direito do SO e
paralelemente a zona central do sector MO.
Em nossa opinião os desenvolvimentos conduturais que antecedem o final do PO
são distintos. A equipa do IM procura com maior frequência o drible. Atendendo às
condutas estudadas e á dinâmica do jogo, estes resultados parecem indicar que a
equipa obteve uma falta a favor ou um corte favorável à sua equipa. Por sua vez a
equipa do RM consegue criar espaço para realizar um remate ou cruzamento,
induzindo-nos a acreditar que terá conseguido um pontapé de canto fruto da defesa
do GR ou corte de um adversário. Segundo Russel (2005), num estudo realizado
sobre a equipa do Chelsea da época 2004/05 (equipa treinada pelo mesmo treinador
e equipa técnica), o primeiro golo obtido num jogo é, em 45% das situações,
resultante de um drible ou de um cruzamento. No caso particular, a equipa ativa os
desenvolvimentos mas tem menos sucesso.
Cogitamos que os desfechos sugerem que as equipas recorrem a ações de criação
de situações de finalização (cruzamento e drible) ou finalização (remate) e
António Barbosa Capítulo III
181
conseguem continuar com a posse de bola, evidenciando capacidade e critério na
realização das ações.
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo contra-
-ataque, sem sucesso.
Conduta critério: final do contra-ataque por recuperação da posse de bola pelo
adversário (Fbad).
Na tabela 39, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do contra-ataque por recuperação da posse de bola
pelo adversário. A conduta critério representa que a perda da posse de bola se
deveu a interceção, desarme ou duelo. Relativamente ao desenvolvimento espacial
verifica-se que o final ocorreu no sector ofensivo, mas sem que a bola tivesse
atingido a grande área.
Tabela 39 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por recuperação da posse da bola pelo adversário.
Final do PO por recuperação da posse de bola pelo adversário (Fbad)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- Dcd (2.58) Dpl (3.17) Inter Milão
--- Z1(2.26) Z2 (2.26) --- Z6 (3.15)
--- --- Dpl(2.69) --- Dpc(2.50) Real Madrid
--- --- Z5 (2.21) Z5 (2.65) Z5 (2.23)
Na equipa do IM, a conduta critério final do PO excita as condutas comportamentais
condução e passe longo. A conduta espacial ativada tem lugar no sector defensivo e
médio defensivo.
Na equipa do RM, há a ativação da conduta passe longo, seguido da ativação de um
passe curto/médio. Com a ativação das condutas espaciais verifica-se a excitação
da zona central do sector médio defensivo ao longo de três retardos (R-3, R-2, R-1).
Os resultados, supra-mencionados, patenteiam à utilização do passe longo, ao longo
do desenvolvimento condutural das duas equipas. Aliado a este facto, encontramos
a ativação de zonas correspondentes aos sector médio defensivo e sector defensivo,
António Barbosa Capítulo III
182
indo de encontro do averiguado por J. Lopes (2007). Estes factos levam-nos a
refletir sobre a ocupação de zonas do campo mais recuadas (SD, SMD) no processo
de contra-ataque, ou seja, para se produzir o MJO é necessário espaço interlinhas
mas, muito mais importante, é o espaço entre linhas.
É recorrente a utilização do passe longo (conduta com maior força de coesão) como
desenvolvimento no MJO, contra-ataque, devido à velocidade que imprime ao jogo.
Todavia, parece-nos evidente, que há uma relação que produz o insucesso na
utilização do passe longo relativo aos finais do PO. Apuramos que as equipas
perdem a posse de bola. Por tudo isto e atendendo aos resultados já apresentados
neste trabalho, em particular os finais com sucesso, parece-nos que para o MJO em
estudo, as equipa teriam maior sucesso se recorressem a outras condutas em
detrimento do passe longo.
Conduta critério: final do contra-ataque por infração às leis do jogo (Flj).
Na tabela 40, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do contra-ataque por infração às leis do jogo. A
conduta critério representa lançamento da bola para fora do terreno de jogo
(excluindo a ação de remate para fora), marcação de uma infração às leis de jogo,
cometida pela equipa atacante (a infração poderá advir de fora de jogo ou de falta
cometida sobre um adversário).
Tabela 40 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por infrações às leis de jogo.
Final do PO por infração às leis do jogo (Flj) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise Retrospetiva
--- --- Dpc (2.00) Drc (3.30) Dpc(2.03) Inter Milão
--- Z6(2.47) Z6 (2.78) Z6 (2.79)
--- Ipera(2.30) --- Ipgr (2.24) Pm (2.28)
Rjl (3.10)
Real Madrid
--- --- --- Z2 (2.52) Z2 (2.52) Z4 (2.52)
Na equipa do IM, encontramos a excitação das condutas comportamentais passe
curto/médio, receção/controle, passe curto/médio. No que concerne às condutas
espaciais há a ativação do corredor lateral direito do SMD ao longo de três retardos
(R -4, R -3, R -2).
António Barbosa Capítulo III
183
Quanto à equipa do RM, averiguamos a ativações de condutas iniciais do CA,
recuperação da posse de bola por interrupção regulamentar a favor (ao nível de R -
4) e recuperação da posse de bola por ação do guarda-redes. Verifica-se a
excitação do passe a meia altura e ritmo de jogo rápido. Relativamente à conduta
espacial há a excitação da zona central do sector defensivo e zona lateral esquerda
do sector médio defensivo.
Existem diferenças significativas que induzem ao final do PO. Na equipa do IM o
final do contra-ataque parece que deriva de situações de jogo aberto; no nosso
entender, são fundamentalmente ações que produzem infração à lei do fora de jogo.
Por sua vez, na equipa do RM, a conduta critério parece verificar-se depois de início
de forma fechada, ações em que o adversário não tem possibilidade de intervenção
direta sobre a bola. Supomos que são executadas com rapidez, produzindo duelos e
carga à margem da lei, ou possível infração à lei do fora de jogo, produzindo faltas
ofensivas. Os resultados são corroborados por A. Silva (2004).
Conduta critério: final do contra-ataque passe para dentro da grande área
adversária (Fpga).
Na tabela 41, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do contra-ataque passe para dentro da grande área
adversária.
Tabela 41 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com passe para dentro da grande área adversária.
Final do PO com passe para dentro da grande área adversária (Fpga) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise Retrospetiva
--- --- --- --- Pfr (2.15) Inter Milão --- --- --- --- Z7 (2.11)
Z9 (2.66)
--- --- --- --- Spinp (2.36)
Ddu (3.24) Dcz (3.24)
--- Ddu (2.48) Drc (2.03) Dpl (2.37) Real Madrid
--- --- Z10 (2.23) Z6 (2.26) Z6 (2.32)
Relativamente à equipa do IM, existe um padrão extremamente curto, com o max-
lag, situado no R -1. A conduta critério ativa retrospetivamente o passe para a frente,
António Barbosa Capítulo III
184
os corredores laterais do sector médio ofensivo e a relação numérica de igualdade
não pressionado.
Por sua vez, na equipa do RM, existe um padrão condutural longo, ativando as
condutas comportamentais desenvolvimento por duelo ou cruzamento, duelo,
receção/controle e passe longo. No que respeita às condutas espaciais encontramos
a excitação do corredor lateral esquerdo do sector ofensivo e o corredor lateral
direito do sector médio defensivo.
Os resultados vão parcialmente de encontro ao averiguado por J. Lopes (2007),
quando reporta a orientação do ataque pelos corredores laterais, mas em zonas do
SO.
Em suma, o que anteriormente mencionamos, levam-nos a excogitar que as duas
equipas finalizam o contra-ataque com passe para dentro da grande área
adversária, por distintas razões. Aparentemente a equipa do IM procura realizar um
passe interlinhas, potenciando a capacidade de rotura dos seus jogadores
avançados (ou com maior envolvimento ofensivo), na tentativa de aproveitar o
espaço deixado entre os defensores. A equipa do RM, parece que procura jogar em
profundidade, aproveitando o espaço entre a linha defensiva e o seu guarda-redes,
passe longo nas costas, explorando a velocidade dos jogadores do sector ofensivo.
Corroborando os resultados referidos no tópico final do contra-ataque por infração às
leis do jogo, a conduta objeto passe longo, quando ativada, parece-nos associada a
ações de insucesso ofensivo. Supomos que este facto carece de maior investigação;
contudo, suscita-nos a dúvida relativa à pertinência da utilização do passe longo no
MJO, para a equipa em concreto.
3.3.2.2.1.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa ao MJO contra-
-ataque
Condutas de início de PO de forma aberta.
Pretende-se, com a síntese, estabelecer um paralelismo entre a forma de
recuperação da posse de bola e os comportamentos posteriormente executados.
Para Queiroz (2003), na transição defesa-ataque o objetivo fundamental, e caso haja
António Barbosa Capítulo III
185
condições para o efetuar, é o de aproveitar a desorganização posicional do
adversário e progredir em direção à sua baliza, para criar, o mais rápido possível,
situações de golo. Cogitamos que as condutas de cariz individual são
preponderantes para o início deste MJO de forma aberta. Recorrendo a ações
individuais, os jogadores procuram aproveitar/criar desequilíbrios, explorando o
adiantamento das linhas adversárias e, paralelamente, poderão temporizar para que
mais elementos da sua equipa se envolvam no PO.
Subentendemos que a criação deste tipo de ações, e o seu sucesso, se deve à
criação de situações favoráveis, para a recuperação da posse de bola, através da
adequada colocação dos jogadores, no momento prévio à sua ocorrência. A
possibilidade de atacar rapidamente parece estar relacionada, com a organização
estrutural da equipa no final do processo defensivo. Com base na análise sequencial
supra mencionada, é possível identificar alguns comportamentos, ativados
posteriormente à recuperação da posse de bola, através de interceção de
comportamentos com cariz essencialmente individual.
No IM há mais condutas objeto ativadas quando recorre ao desarme; por sua vez, o
RM ativa mais condutas quando o início é por interceção. Poderemos verificar que
as equipas ativam desenvolvimentos de cariz tático-técnico individual, como o drible
ou a condução de bola. Relativamente aos contextos de caraterização espacial,
verifica-se a ativação de zonas do sector médio defensivo, médio ofensivo e sector
ofensivo. Parece-nos que a ativação dos dois primeiros sectores está relacionada
com a organização defensiva, através de uma zona pressionante. As equipas
parecem utilizar este método defensivo (organização defensiva, zona do campo, tipo
de recuperação da posse de bola e consequente início do ataque) para induzir os
adversários a cometer erros e, consequentemente perderem a posse de bola.
Quanto aos inícios por desarme, verifica-se que a equipa do IM tende a ativar os
corredores laterais, dos sectores SMD e SO. Pensamos ser um indicador de
pressão. A equipa organiza-se por forma a tentar recuperar a posse de bola nas
zonas descritas. Por sua vez, a equipa do RM ativa o corredor central, do SMO nos
inícios, de forma aberta.
António Barbosa Capítulo III
186
Nenhuma das condutas critério evidencia o final MJO, verificando-se baixa força de
coesão para todos os finais.
As condutas ativadas vão contra estudos previamente realizados (Barreira 2006;
Pereira, 2005; A. Silva 2004), estudos esses que evidenciavam padrões conduturais
curtos e verificavam a ativação da conduta objeto passe.
Condutas de início de PO de forma fechada.
Através da análise sequencial supra mencionada, é exequível identificar alguns
comportamentos de cariz mais coletivo. Atendendo à lógica do jogo, a ativação
deste tipo de desenvolvimento fundamenta-se na forma de recuperação da posse de
bola, uma vez que se realizou através de métodos que implicam a execução de uma
ação subsequente, com grande propensão para ser o passe. Verificamos tendências
similares, na recuperação da posse de bola pelo guarda-redes, com a utilização do
passe longo, usando esta ação de risco para acelerar o PO, ativando zonas do
corredor central do SMO. Esta ação é executada com o intuito de procurar o seu
jogador referência. Na saída longa a finalidade é explorar o adiantamento das linhas
defensivas adversárias e a desorganização defensiva momentânea.
Parece-nos que, quando as equipa recuperam a posse da bola por ação do guarda-
redes e recorrem ao passe longo, para além dos aspetos ofensivos anteriormente
mencionados, regista-se também o necessário equilíbrio ofensivo, atendendo à
grande quantidade de jogadores da equipa em estudo que se encontram atrás da
linha da bola, durante a ação que sucede ao passe longo, juntamente com o espaço,
inter e entre linhas, com especial atenção ao espaço entre a linha media e a linha
defensiva, deixado pela equipa adversária que se encontra em momento de
transição defensiva. O facto de ativarem o corredor central, poderá estar associado
ao aumento de possibilidades no decorrer do PO. O jogador a quem é direcionada a
bola poderá jogar em qualquer dos corredores laterais ou nas suas costas ou em
apoio.
Por sua vez, na interceção de bola por interrupção regulamentar, verifica-se ativação
de passe curto/médio; as equipas parecem optar por uma ação com maior
segurança. Atendendo à duração do PO em causa, afigura-se que o
desenvolvimento por passe curto/médio é induzido pela ação do adversário, que não
António Barbosa Capítulo III
187
permite a marcação da ação em profundidade. Os resultados aludem que, quando a
recuperação da posse de bola é devida a ações em que o adversário não tem
intervenção sobre elas, as equipas efectuam ações mais coletivas e com maior
sistematização.
O que anteriormente descrevemos vai de encontro a estudos precedentemente
(Barreira, 2006; Pereira, 2005; A. Silva, 2004), quando verificaram a correlação entre
condutas critério e objeto.
Condutas de desenvolvimento de PO.
Com o presente ponto pretende-se realizar uma síntese comparativa das condutas
desenvolvimento relativas ao MJO contra-ataque. Procuramos interpretar e
estabelecer uma relação entre os contextos espaciais ativados e as condutas
critério. Com esse propósito dividiremos as condutas atendendo à caraterização
espacial retrospetiva, com a finalidade de enquadrar comportamentos juntamente
com as zonas do terreno de jogo onde ocorrem. Como referido por A. Silva (2004), o
comportamento dos jogadores e das equipas não é o mesmo na proximidade da sua
baliza ou da baliza adversária, assim como serão também certamente diferentes, os
meios (condutas/ações) adotados para resolver os problemas com que confrontam
numa e noutra situação.
Partindo desta premissa, agruparemos os resultados e interpretaremos três
contextos distintos:
i) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos aos sectores
defensivo e médio defensivo:
a. Na equipa do IM, em que os desenvolvimentos que ativam
retrospetivamente zonas do campo correspondentes a estes sectores são:
passe longo (Dpl), duelo (Ddu), intervenção sem êxito dos adversários (Dia)
e condução (Dcd);
b. Por sua vez, na equipa do RM encontramos os desenvolvimentos:
condução (Dcd), passe longo (Dpl), duelo (Ddu), drible (Ddr).
Poderemos observar que as equipas recorrem aos desenvolvimentos Dpl, Dcd e
Ddu. Assim, ficamos persuadidos que as equipas recorreram a duas formas distintas
de iniciar o desenvolvimento do contra-ataque quando jogam no SD ou SMD;
atendendo aos resultados e à lógica do jogo, parece-nos que os jogadores
António Barbosa Capítulo III
188
respondem ao binómio momento de organização ofensiva da equipa em observação
e momento de organização defensiva da equipa adversária. Este pressuposto atribui
lógica à divergência dos desenvolvimentos ativados: saída pela condução de bola ou
passe em profundidade. Em relação à ativação dos duelos, pensamos que está
associada à utilização de passe longo, causando posteriormente a ativação da
conduta. Os desenvolvimentos por Dia, ativados pela equipa do IM, poderão estar
relacionados com menor capacidade para ganhar diretamente as segundas bolas,
ou menor habilidade tático-técnica, que induz a ocorrência de uma intervenção do
adversário, ainda que sem êxito. Estamos em crer que os desenvolvimentos
ativados por Ddr parecem estar relacionados com uma tentativa de vencer a
primeira linha de pressão adversária; contudo, verificam-se como uma situação de
risco mas, ao mesmo tempo, quando realizada com sucesso, poderá produzir
situações favoráveis ao processo ofensivo.
ii) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos ao sector médio
ofensivo e ofensivo:
a. Na equipa do IM poderemos verificar que o desenvolvimento que ativa
retrospetivamente as zonas do campo correspondentes a estes sectores é o
desenvolvimento por drible (Ddr);
b. Na equipa do RM poderemos verificar que os desenvolvimentos que
ativam retrospetivamente zonas do campo correspondentes a estes sectores
são drible (Ddr), ação do guarda-redes da equipa adversária (Dgra), remate
(Dre) e cruzamento (Dcz).
Os resultados parecem adequar-se à lógica de interpretação do jogo, ou seja, à
aplicação de desenvolvimento de risco nos sectores ofensivos. Em relação à
conduta que ambas as equipas ativam, o Ddr parece-nos que é um desenvolvimento
que se coaduna com o processo ofensivo, tendo em atenção as características do
jogo e do MJO; o ataque estará, na maioria das vezes, em inferioridade numérica e
com poucos jogadores envolvidos no processo. Atendendo a estes elementos, é
necessária a reprodução da conduta para a criação de espaço. Julgamos ser um
elemento critério a inserir no processo de treino, recorrer a exercícios que estimulem
o trabalho do contra-ataque em inferioridade numérica e, com isto, potenciar a
criação de hábitos relativos à utilização da conduta critério em condições próximas a
situação de jogo.
António Barbosa Capítulo III
189
Quanto ao desenvolvimento por Dcz há a ativação apenas por parte da equipa do
RM. O dado parece indicar que a equipa procura tirar proveito do processo de
reorganização defensiva levado a cabo pela equipa adversária. Como observamos
nas tabelas respetivas as condutas critério em discussão, a bola encontra-se num
dos corredores laterais, dificultando a ação à equipa adversária. Supomos que a
equipa em estudo, procura recorrer a uma ação coletiva, explorando o espaço entre
os defensores e ou entre defensores e guarda-redes. Os resultados levam-nos ainda
a estabelecer mais uma possibilidade: a ativação do remate deve-se à capacidade
de produzir com consistência situações de cruzamento e drible, juntamente com a
capacidade de finalização e recarga. Assim, a ativação Dgra está relacionada com a
produção de Dcz e Dre.
iii) Condutas que não ativam qualquer zona de campo:
a. Na equipa do IM, os desenvolvimentos que não ativam
retrospetivamente qualquer zona são: desenvolvimento por cruzamento
(Dcz), desenvolvimento do guarda-redes da equipa em fase ofensiva (Dgr),
ação do guarda-redes da equipa adversária (Dgra), remate (Dre),
receção/controle (Drc) e passe curto/médio (Dpc);
b. Na equipa do RM, poderemos verificar que os desenvolvimentos que
não ativam retrospetivamente qualquer zona são desenvolvimentos por
receção/controle (Drc) e passe curto/médio (Dpc), desenvolvimento do
guarda-redes da equipa em fase ofensiva (Dgr), intervenção do adversário
sem êxito (Dia).
Analisando a conduta (Dia), ativada pela equipa do RM, deveremos realçar que
quando esta conduta é conduta critério, produzia prospetivamente a ativação do final
com golo. Pensamos que o facto de a conduta não ativar qualquer zona se relaciona
com a capacidade da equipa do RM em forçar os adversário a errar e com isto ativar
a conduta em várias zonas do terreno de jogo.
Em relação às condutas partilhadas, os factos levam-nos a supor que as condutas
têm influência em qualquer zona do campo uma vez que poderão garantir elevado
grau de segurança na ação realizada ou na ação subsequente. Em relação a CC
Dgr, como descrevemos no ponto relativo a conduta, pensamos que o facto de não
ativar qualquer conduta relaciona-se com o MJO. Jogar para trás, na direção do seu
António Barbosa Capítulo III
190
guarda-redes apresenta-se como uma ação de elevado perigo expondo as equipas
aos adversários e ao mesmo tempo aumenta o tempo para os adversários se
reorganizarem defensivamente.
Os desenvolvimentos diferem de uma equipa para a outra. Isto é transversal aos três
MJO. Verifica-se especificidade de comportamentos. Depois de todos os resultados
expostos e discutidos, procedendo à realização de uma comparação ente as
equipas, verificamos que a equipa do RM consegue ativar de forma mais sistemática
e consistente desenvolvimentos atendendo à zona onde desenvolvem as ações.
Contudo a ativação dos desenvolvimentos em diferentes zonas do campo, ou não
ativação de desenvolvimentos, leva-nos a pensar na possibilidade de ir ao encontro
dos princípios de jogo defendidos pelo treinador e equipa técnica, e neste sentido
dissociam os desenvolvimentos das duas equipas no MJO, CA.
Das condutas critério analisadas e estudadas retrospetiva e prospetivamente,
(exceção feita aos inícios e finais) verificamos que apenas a conduta critério
desenvolvimento com intervenção do adversário sem êxito, ativa uma conduta de
final do PO. O final ativado, representa eficácia com obtenção de golo. Esta conduta
é relativa à equipa do RM. O resultado indica que a equipa assegura a segunda bola
através da colocação dos jogadores nas zonas de finalização antecipando a ação
que lhe permite obter o sucesso.
Condutas de final de PO com sucesso.
No presente ponto pretendemos agregar as condutas de final do processo ofensivo
com sucesso. Procederemos à reflexão procurando pontos em paralelo entre os
finais com sucesso.
Como descrito anteriormente averiguamos, grande variabilidade entre finais e entre
equipas. Mesmo os finais que permitam a obtenção de golo ou com situações que
podem resultar em golo.
Quanto aos inícios ativados apenas poderemos identificar um, início por interceção,
promovendo a recuperação da bola de forma aberta. Este facto ajuda também a
António Barbosa Capítulo III
191
comprovar a difícil ligação causal entre o início e o final de um PO, como verificado
no ponto anterior relativo á análise de T-partens.
Relativamente aos desenvolvimentos comportamentais ativados encontramos
grande diversidade de ações, excogitamos que este facto é devido ao maior
reportório técnico necessário para criar o espaço de jogo no sector ofensivo. Os
processos defensivos são de execução mais simples, uma vez que os jogadores
para os executarem apenas contactam com a bola no final da ação. Por sua vez, os
desenvolvimentos ofensivos, implicam a capacidade de, através da utilização do
corpo ou da bola, criar falhas no processo de leitura e execução do defensor ou da
defesa adversária (excluindo situações de erro não forçado). Assim, os jogadores
que se encontram na fase ofensiva, com o intuito de criar uma situação favorável,
realizam situações de forma acíclica, intempestuosa, como tal a sua repetição é
menos significativa.
Espelho do que falamos no parágrafo anterior, cremos ser o facto de nas situações
que terminam em golo, as equipas ativam a intervenção sem êxito do adversário. Os
resultados demonstram que utilizam zonas e desenvolvimentos distintos. Com isto
pretendemos evidenciar a multiplicidade de ações que os atacantes poderão realizar
e assim originar a ativação do desenvolvimento referido. Somos induzidos a supor
que os jogadores esperam por ações imprevisíveis, no momento que precede a
finalização, ou seja a previsão do imprevisível. Com esse propósito as equipas
recorrem à colocação dos seus jogadores em zonas favoráveis para ganharem
segundas bolas. Esta ação é alicerçada na capacidade de interpretação da jogada e
boa capacidade de finalização de primeira.
Os contextos espaciais ativados, são muito diversificados, desde o sector defensivo
até ao sector ofensivo e passando pelos três corredores de jogo.
Os elementos parecem indicar que num jogo de pouca previsibilidade, a
imprevisibilidade previsível ajuda ao sucesso. As equipas parecem ter executantes
capazes de recorrendo à imprevisibilidade e fruto da habilidade tático-técnica,
criarem situações ótimas para obtenção de golo ou situações de golo. Julgamos que
recorreram à habilidade técnica para criarem o espaço tático desejado.
António Barbosa Capítulo III
192
Condutas de final de PO sem sucesso.
A criação do ponto em debate tem por objetivo comparar os resultados obtidos nos
pontos prévios. Resultados que promovem o final do MJO contra-ataque de forma
ineficiente.
Poderemos verificar a ativação de apenas uma conduta objeto relativa ao início do
PO. Julgamos que este dado ajuda à compreensão da baixa quantidade de T-
-patterns verificados, uma vez que se confirma a baixa relação entre os inícios e os
finais.
Quanto às condutas objeto, desenvolvimentos, verifica-se a ativação de condutas
essencialmente relacionadas, direta ou indiretamente, com o passe. Quanto ao
desenvolvimento por passe parece pertinente referir que o passe tem uma
trajetória/duração, ou seja, durante um período de tempo, a bola desloca-se numa
determinada direção. Procurando enquadrar o que pretendemos representar,
quando as equipas estão a finalizar o processo ofensivo, significa que estão
próximas do seu sector ofensivo, ou pretendem aproximar-se, jogando no sector
defensivo adversário, zona do campo que à partida representará maior
agressividade sobre a bola e o seu portador. Assim, juntado os dois elementos, o
tempo que a bola se desloca também é o tempo para o defensor se recolocar e
atacar a bola e/ou adversário. Excogitamos que os finais sem sucesso, ativam
condutas de vocação ofensiva coletiva, ao contrário do que foi verificado, para o final
do contra-ataque com sucesso, onde encontramos a ativação de condutas de
características mais individuais.
Nos finais por Fbad, Flj, há a ativação dos contextos espaciais, relativos a zonas do
sector defensivo e médio defensivo, o que implica a realização de ações que
permitam velozmente chegar ao sector ofensivo. Podemos evidenciar uma relação
entre a ativação da última zona no sector médio defensivo e o posterior final do CA.
Quando a conduta critério foi Fpga, podemos constatar a ativação de zonas do
sector médio defensivo e médio ofensivo. Os factos parecem indicar que nos finais
Fbad e Flj as equipas procuram alongar o jogo e não tem sucesso, cometendo
faltas, ou perdendo a posse de bola, como averiguado por Catellano-Paulis (2000),
A. Silva (2004) as zonas ativadas pelos finais Fpga, parecem ser relacionados com a
António Barbosa Capítulo III
193
assistência sem sucesso, um possível passe que foi intercetado. Assim, os finais do
PO são devidos à ativação de condutas objeto distintas. Entendemos que as
equipas procuram proceder à realização do MJO de forma distinta, provocando o
final do PO. Na equipa do IM verificamos a ativação de ações de desenvolvimento
associadas ao passe ou a não ativação de condutas uma vez que não superam o
simples acaso. Na equipa do RM verificamos uma ligação entre o passe longo e
ativação de zonas de sectores menos ofensivos com o final com insucesso.
3.3.2.2.2 - MJO ataque rápido
Padrões de jogo encontrados para as condutas de início do processo ofensivo.
Procedemos ao estudo das categorias início do PO, relativamente à amostra ataque
rápido, realizando uma análise prospetiva. Para esse efeito averiguamos as
condutas critério, devidamente identificadas nas tabelas expostas neste ponto, tendo
como condutas objeto desenvolvimento do PO, final do PO, direção e sentido do
passe, altura do passe, ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
Condutas de início de PO de forma aberta.
Conduta critério: início do ataque rápido por interceção (Ipi).
Na tabela 42 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por interceção.
Tabela 42 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início PO por interceção.
Conduta Critério Início do processo ofensivo por interceção (Ipi)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão --- --- --- --- ---
Real Madrid Z4 (2.05) --- Z5 (2.05) Z7 (2.21) ---
Quanto a equipa do IM, não encontramos a ativação de qualquer conduta.
Por seu lado na equipa do RM, há a excitação da conduta espacial, após a
recuperação da posse de bola, com a ativação das zonas: corredor lateral esquerdo
do sector médio defensivo e médio ofensivo e a zona central do sector médio
defensivo.
António Barbosa Capítulo III
194
A ausência de condutas comportamentais exaltadas pela equipa do IM, parecem
relacionar-se com a elevada irregularidade, comportamental, posterior ao início do
MJO quando o utilizou.
É de salientar que a equipa do RM ativa posteriormente zonas do sector médio
defensivo, como já referido em estudos prévios, (Barbosa, 2011a, 2011b). Assim,
julgamos que o sector médio defensivo é a zona primordial para a recuperação da
posse de bola recorrendo a interceção.
Conduta critério: início do ataque rápido por desarme (Ipd).
Na tabela 43 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por desarme.
Tabela 43 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início PO por desarme.
Conduta Critério Início do processo ofensivo por desarme (Ipd)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
--- Pfr(2.79) --- --- ---
Z1(2.50)
--- Z5 (2.00) --- ---
Real Madrid
Dcd (2.13) Pr (2.34) Rjr (2.06)
Dcd (3.12) --- --- ---
Relativamente à equipa do IM, encontramos a ativação do passe para a frente.
Analisando agora as condutas espaciais há a ativação do corredor lateral esquerdo
do sector defensivo, posteriormente a ativação do corredor central do sector médio
defensivo.
A equipa do RM, posteriormente à conduta critério, ativa a condução de bola,
(acreditamos que seja realizada pelo próprio jogador que recuperou a posse de bola
ou um colega de equipa que se encontrava a realizar cobertura defensiva), com um
ritmo de jogo rápido e o passe rasteiro. Não se verifica a ativação de nenhuma
conduta referente ao contexto espacial. O desenvolvimento com Rjr parece indicar a
importância da transição mental/processual necessária quando a equipa ganha a
posse da bola (alternância de fase dependente da velocidade processual do
momento de transição defesa-ataque). Assim quando a equipa recupera a posse da
António Barbosa Capítulo III
195
bola de forma aberta, tem a preocupação de jogar com ritmo rápido, supomos que a
ativação deste desenvolvimento assenta na possibilidade de aproveitando o espaço
inter e entre linhas, imprimindo dificuldade à reorganização defensiva adversária.
Admitimos que está patente uma diferença no MJO, mais especificamente no ataque
rápido, o IM procura retirar a bola de pressão através de passe para a frente
utilizando sobretudo os corredores laterais indo de encontro ao referido por J. Lopes
(2007). Por outro lado a equipa do RM procura sair da zona de pressão, (zona de
recuperação da posse da bola) recorrendo à condução em velocidade corroborando
o referido por A. Silva (2004), que considera que após uma recuperação da posse
da bola, a condução durante uns metros pode permitir ultrapassar a linha de pressão
do adversário, tendo, quando bem realizada, um efeito demolidor.
Condutas de início de PO de forma fechada.
Conduta critério: início do ataque rápido por ação do guarda-redes (Ipgr).
Na tabela 44 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por ação do guarda-redes.
Tabela 44 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início PO por ação do guarda-redes. Conduta Critério Início do processo ofensivo por ação do GR (Ipgr)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
--- Dcd (2.35) Pfr (2.08)
--- --- ---
Z2 (5.74) Z6 (2.59) --- Z12 (2.69) ---
--- Pia (5.79) --- --- ---
Real Madrid
Dpl (3.79) Ddu (3.04) Pal (2.98) Pdf (2.19)
Ddu (4.34) Pma (2.96) Pdf (2.45)
Dcd (2.58) Pma (2.07) Pal (2.40)
Dia (3.00) ---
Z2 (5.48) Z8 (2.36) --- Z7 (3.38) ---
Spsa (3.04) Spsa (3.04) --- --- ---
Relativamente a equipa do IM, há a ativação da conduta espacial ao nível do
primeiro retardo na zona central do SD, zona de ação do guarda-redes,
posteriormente utilizam o corredor lateral direito no SMD e no sector SO.
Relativamente às condutas comportamentais verifica-se, a ativação ao nível do
António Barbosa Capítulo III
196
retardo 2, das ações de condução de bola ou passe para a frente. Em situação
numérica de inferioridade absoluta.
Na equipa do RM quanto às condutas comportamentais, há a ativação do
desenvolvimento através de passe longo (conduta com maior força de coesão),
duelo, condução e intervenção do adversário sem êxito. Temos também a ativação
da conduta passe alto, e direção do passe para a frente. Reportando-nos agora para
a descrição das condutas espaciais encontramos a ativação, do corredor central do
SD (zona de ação do guarda-redes) o corredor central do SMO e o corredor lateral
esquerdo do SMO. Verificamos ainda ativação da relação de superioridade numérica
absoluta (pelo menos mais três jogadores que a equipa adversária). A ativação de
várias condutas, supomos que está associado, à realização frequente destas ações.
Através da análise dos resultados descritos, somos obrigados a excogitar que as
equipas procuram, depois da recuperação da posse de bola, explorar a profundidade
ofensiva. A equipa do RM colocar-se de forma a assegura a superioridade numérica,
quando recupera a posse da bola e inicia o AR, bem como quando passa o jogo
para sectores mais ofensivos.
Consideramos que as diferentes condutas ativadas entre as equipas, em particular a
menor quantidade de desenvolvimentos ativados, por parte da equipa do IM
comparativamente ao RM poderá estar relacionada com: precisão do passe do
guarda-redes; intensidades mais elevadas de jogo, através de um momento de
transição mais veloz permitindo a reorganização ofensiva mais rápida, o que por
consequência originará maior sucesso nos desenvolvimentos e, como tal mais vezes
ativados. O sucesso produz o aumento da sistematização, na utilização das
condutas.
Apesar de existirem diferenças significativas entre as equipas em estudo, os
resultados vão de encontro ao verificado por J. Lopes (2007) quando identifica a
tentativa de explorar uma possível desorganização durante o momento de transição
defesa-ataque do adversário.
António Barbosa Capítulo III
197
Conduta critério: início do ataque rápido por interrupção regulamentar a favor
(Ipera).
Na tabela 45 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por interrupção regulamentar a
favor.
Tabela 45 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início PO por Interrupção regulamentar a favor. Conduta Critério Início do processo ofensivo por interrupção regulamentar a favor (Ipera)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Z9 (2.47) Z12 (2.49)
Z12 (3.07)
Z12 (2.49)
--- ---
Spinp (3.10)
Pir (2.27)
--- --- ---
Real Madrid
Drc (3.14) Pma (2.81) Ppt (2.27) Rjl (3.91)
Dpl (2.46) Rjl (3.78)
Drc (2.82) Dpc (3.94) Drc (2.71) Dia (3.04)
Z7 (2.46) Z9 (4.17)
Z9 (2.87) Z9 (3.03) --- ---
Spinp (2.24) Spinp (3.02) --- --- ---
Quando analisados os resultados referentes à equipa do IM, constatamos que não
se verifica a ativação de nenhuma conduta comportamental, logo nenhum
desenvolvimento é ativado. Estes resultados vão de encontro ao aferido por J. Lopes
(2007). No que concerne aos comportamentos espaciais há a ativação do corredor
lateral direito do sector médio ofensivo e sector ofensivo. Relativamente aos
contextos de interação verificamos no retardo 1, a ativação do contexto de igualdade
não pressionada e no retardo seguinte verifica-se a excitação do contexto de
inferioridade relativa.
Por sua vez a equipa do RM patenteia um padrão condutural forte, relativo aos
desenvolvimentos, situando-se ao nível do quinto retardo, contrariando o aferido por
J. Lopes (2007). Verifica-se a utilização repetida das condutas passe para trás a
meia altura, com ritmo de jogo lento, ativação dos corredores laterais do sector
médio ofensivo, com maior incidência do corredor lateral direito (a conduta com
maior força de coesão é a Z9). No contexto centro de jogo, há a ativação da situação
numérica de igualdade não pressionada. Ao nível do retardo 2 há a ativação do
desenvolvimento por passe longo executado, do corredor lateral direito, centro de
jogo em contexto numérico de igualdade não pressionada. Nos retardos seguintes
António Barbosa Capítulo III
198
encontramos a ação de receção/controle, passe curto/médio, receção/controle e
intervenção do adversário sem êxito.
Estes eventos levam-nos a inferir que as equipas possuem diferentes graus de
especificação tático-técnica a quando da ocorrência da conduta critério. A equipa do
IM evidencia a ativação de condutas de caraterização espacial, no sector ofensivo
do corredor lateral direito (Z12), que identificam a capacidade e tendência para a
equipa desenvolver o seu ataque rápido, nesta zona do campo. Em relação aos
contextos centro de jogo ativados parecem reportar para um relação adequada à
realidade entre a zona do campo e a relação numérica possível encontrar, próximo
da baliza adversária, atendemos habitualmente a situações de relação numérica
menos favoráveis à equipa em processo ofensivo. Por sua vez o facto da equipa do
RM ativar as condutas de desenvolvimento supra mencionadas, leva-nos a achar
que poderão estar relacionadas com uma sequência de jogo em que a equipa
procura circular a bola através de passe, criando a ativação passe-receção-passe.
Na marcação da interrupção regulamentar a favor a equipa procura assegurar a
continuidade do PO, recorrendo a ações coletivas que lhe atribuem segurança. Em
relação aos contextos espaciais ativados parece-nos que a equipa procura jogar no
sector médio ofensivo.
Os resultados levam-nos a supor que o RM adequa um conjunto de comportamentos
padronizados, onde os elementos da equipa identificam a conduta critério e
procuram desenvolver as ações segundo princípios tático-técnicos pré-definidos,
evidenciando elevado rigor.
Conduta critério: recuperação da posse de bola por golo do adversário (Ipga).
O início de uma sequência de ataque rápido por golo adversário só se verificou uma
vez, para a equipa do IM e não se verificou nos jogos observados da equipa do RM,
razão pela qual não é apresentado qualquer resultado.
António Barbosa Capítulo III
199
Padrões de jogo encontrados para as condutas de desenvolvimento do
processo ofensivo.
Como definido nos MJO contra-ataque, procedemos ao estudo das categorias
desenvolvimento do PO tendo por base uma análise retrospetiva-prospetiva.
No estudo averiguamos as relações das condutas início do processo ofensivo, de
forma retrospetiva e o final do processo ofensivo de forma prospetiva. Nas restantes
condutas analisadas, procedemos à verificação da sua ativação antes do
desenvolvimento e depois do desenvolvimento (retrospetivamente e
prospetivamente).
Como tal, procedemos à verificação das condutas critério, devidamente identificadas
nas tabelas, expostas neste ponto, tendo como condutas objeto início do PO,
desenvolvimento do PO, final do PO, direção e sentido do passe, altura do passe,
ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por passe curto/médio
(Dpc).
Na tabela 46, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
passe curto/médio.
António Barbosa Capítulo III
200
Tabela 46 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe curto/médio.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dcd (3.34)
Drc (9.73)
Ddr (2.20)
Rjl (3.24)
Inte
r M
ilã
o
Dcd (3.51) Drc (11.86) Ddu (2.09) Pdt (1.97) Rjl (2.11)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Z2 (2.17)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Spsr (2.10)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- R
ea
l M
ad
rid
Fbad
(3.09) Frr (2.68)
Fbad (2.82)
---
Drc (2.21)
Rjl (2.41)
Dpc (2.48)
Drc (4.46)
Rjl (3.67)
Dpc (6.29)
Pr
(2.41) Rjl
(2.71)
Dcd (3.92
Drc (9.19)
Pfr (3.11)
Rjl (3.30)
Drc (16.76)
Dpc (6.29) Ddr (2.93)
Drc (3.98)
Dpc (2.48)
Drc (2.78)
--- --- --- Z6 (2.15)
--- Z6 (2.16)
Z5 (2.23)
--- --- ---
--- --- Spsa (2.01)
Spsr (2.62)
Spsr (2.33)
Pip (4.24)
Spsr (2.77)
--- --- ---
Na apreciação do desenvolvimento do ataque rápido, tendo como conduta critério o
desenvolvimento através de passe curto/médio, na equipa do IM encontramos a
existência de padrões de estrutura linear curtos, com o max-lag situado no retardo 1
e no retardo -1. Analisando os resultados de forma retrospetiva há a ativação da
condução, receção/controle e do drible, ativando também um ritmo de jogo lento.
Depois da ocorrência da conduta critério verificamos a excitação das condutas
comportamentais condução, duelo e receção/controle, esta com desenvolvimento de
maior força de coesão. Há a ativação da conduta espacial no corredor central do
sector defensivo. Poderemos constatar a excitação do passe lateral para trás, e
ritmo de jogo lento em superioridade numérica relativa.
Atendendo aos resultados respeitantes a equipa do RM, demonstram padrões de
estrutura linear forte, ativando as condutas comportamentais ao longo dos cinco
retardos, quer retrospetivamente quer prospetivamente. Retrospetivamente as
condutas comportamentais expostas são receção/controle, passe curto/médio,
António Barbosa Capítulo III
201
receção/controle, passe curto/médio e receção/controle (conduta com maior força de
coesão). Nas condutas relacionadas com a altura do passe encontramos a excitação
do passe raso para a frente no retardo -2. No retardo -1 um verifica-se a ativação do
passe com sentido da baliza adversária. O ritmo de jogo é lento nos R -5, -3, -2, -1.
Pode verificar-se a ativação da zona referente ao corredor lateral direito do SMD.
Constata-se a hesitação das condutas numéricas com início no retardo -3
demonstrando a realização das ações em situação de superioridade absoluta.
Analisando prospetivamente averiguamos a ativação de várias situações
relacionadas com final. Iniciando-se no retardo 2, verificamos a excitação do final
pela recuperação da bola pelo adversário (repetindo-se em retardo 4), e o final por
remate (R 3). As condutas comportamentais ativadas foram reação/controle,
desenvolvimento por passe curto/médio ou drible, receção/controle, passe
curto/médio e receção/controle. As condutas espaciais excitadas são do sector MD
do corredor lateral direito e posteriormente do corredor central. Relativamente às
relações numéricas existe a excitação no primeiro retardo de igualdade pressionada
e superioridade relativa.
Há distintos padrões de estrutura linear relativamente à conduta critério. Em comum,
as equipas, ativam a receção/controle antes e após do desenvolvimento por passe
curto/médio, conjuntamente com a excitação retrospetiva da conduta, condução de
bola. Afigura-se-nos que este facto poderá enriquecer o nosso conhecimento sobre
o jogo, uma vez que as equipas não procuram circular a bola a um toque, recorrendo
a situações de maior segurança, receção/controle, passe curto/médio seguido de
receção/controle.
A análise dos resultados alude a diferenças muito significativas entre as equipas. A
equipa do RM busca recorrer ao passe curto/médio para circular a bola, através de
sequências de passe e receção/controle e utiliza o passe curto/médio com
regularidade. Por sua vez a equipa do IM parece não valer-se de forma regular à
ação de passe curto/médio, facto demonstrado por um padrão condutural curto.
A equipa do RM parece optar por ações coletivas jogando em apoio, o que
representa uma capacidade elevada para manter a posse de bola como citado por
Low, (2002), a capacidade de manter a posse de bola é simultaneamente progredir
com esta no terreno de jogo é um forte indicador de performance de nível superior.
Os finais ativados por recuperação da posse de bola pelo adversário são precedidos
António Barbosa Capítulo III
202
de receção/controle. A conduta mencionada, afigura segurança no processo de
construção ofensivo mas antagonicamente é o tempo para o adversário proceder à
pressão sobre o portador da bola, forçando a ocorrência de erros, ou reorganização
defensiva e consequente final do processo ofensivo sem sucesso.
Os resultados, concernentes às condutas finais por remate, da equipa do RM, vão
de encontro ao estudo realizado pelos autores Hughes, e Franks, (2005), quando
afirmam que é através de um jogo mais apoiado e trabalhado, onde prevalecem os
passes curtos, que se verifica uma maior realização de remates. Pensamos que a
ativação de forma sequencial das condutas de passe, por si só não identificam a
possibilidade de finalizar com remate (como poderemos ver no ponto relativo a
conduta critério receção/controle). Todavia deveremos enquadrar a conduta, passe,
com o MJO para perceber a sua real importância.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por passe longo (Dpl).
Na tabela 47 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
passe longo.
António Barbosa Capítulo III
203
Tabela 47 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe longo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Ddr (4.21)
--- Dia (2.39)
--- Dcd (2.77)
Inte
r M
ilã
o
Drc (2.41) Ppt (2.76) Pma (2.07)
Fbad (2.29)
Dia (3.32) Pma (3.04)
Pma (3.05)
Dia (3.23)
Z4 (2.99)
Z5 (2.15)
Z1 (2.06)
Z4 (2.44)
--- Z1 (2.04)
--- --- --- --- ---
--- --- --- --- --- Spinp (2.74)
--- --- --- ---
Ppt
(2.06)
Ppt (3.49)
--- Ipera (2.46)
Ppt (4.02)
Ipgr (3.79)
Drc (3.01)
Ppt (3.03)
Rea
l M
ad
rid
Flj (2.74) Drc (4.62) Ddu (5.70) Dia (2.33) Pma (4.18)
Ddr (2.05)
Dgr (6.04)
Dcd (2.33)
Ddu (2.91)
Z1 (2.44)
Z3 (2.10)
Z3 (2.23)
Z6 (2.77)
Z1 (3.51)
--- --- --- --- ---
--- --- --- Pip (2.18)
Spsr (2.05)
--- --- --- --- ---
Examinando retrospetivamente a equipa do IM verifica-se a ativação das condutas
comportamentais drible, intervenção sem êxito do adversário e condução de bola,
estas ações são desenvolvidas no SD e SMD no corredor lateral esquerdo e
corredor central. Decompondo prospetivamente encontramos a ativação das
condutas comportamentais receção/controle, intervenção do adversário sem êxito.
De referir a excitação do final do PO com recuperação da posse da bola pelo
adversário. No que se refere à relação numérica, há a ativação da relação igualdade
pressionada ao nível do primeiro retardo. Existe ainda a ativação do passe a meia
altura em três retardos e a ativação do passe para trás.
Na equipa do RM retrospetivamente, ativam-se os dois inícios com recuperação da
posse de bola, por interrupção regulamentar a favor e recuperação da posse de bola
por ação do guarda-redes. Há ainda a ativação da conduta desenvolvimento por
receção/controle. Ao longo de quatro retardos há também a ativação do passe para
trás. Relativamente à caraterização espacial, poderemos apurar a ativação dos
corredores laterais relativos ao SD e SMD. Encontramos a ativação dos contextos
de interação de igualdade pressionada e superioridade relativa. Na análise
António Barbosa Capítulo III
204
retrospetiva constatamos a ativação do final devido a infrações às leis de jogo. Nos
contextos dos desenvolvimentos verifica-se um padrão condutural longo, onde se
constata a ativação de condutas relacionadas com indefinição momentânea da
equipa com posse de bola, através de duelos e intervenção sem êxito do adversário,
paralelamente com a ativação das condutas receção/controle, drible, intervenção do
guarda-redes adversário, condução e duelo. Poderemos ainda verificar a ativação de
passe a meia altura.
Estes resultados levam-nos a refletir sobre a eficácia do passe longo, no ataque
rápido das duas equipas. O risco está associado no processo ofensivo à utilização
deste tipo de passe, no entanto, para equilibrar a balança há o lucro que daí pode
advir. Parece-nos que a equipa do IM ativa esta conduta no seu sector defensivo, ou
quando está sob pressão e não consegue circular a bola. Por sua vez o RM ativa a
conduta quando inicia o do PO de forma fechada. Constatamos que no IM a
utilização da conduta critério, ativa desenvolvimento de incerteza sobre o portador
da bola, paralelamente ativa uma conduta de final do PO sem sucesso. Pensamos
que a conduta final ativada será resultante de uma bola nas costas do adversário ou
uma segunda bola intercetada.
Por outro lado a equipa do RM parece demonstrar um padrão mais constante, pois
deparamos com a ativação de inícios, desenvolvimentos e finais. Inerente à sua
forma de jogar, quando a equipa recupera a posse de bola de forma fechada,
recorre ao passe longo para desenvolver o PO. Apesar de ativar um final de pouca
eficácia ofensiva revela também a ativação de vários desenvolvimentos associados
à manutenção da posse de bola, o que nos induz a pensar que se verifica a
continuidade do processo. Os resultados levam-nos a julgar que devido à elevada
força de coesão das ações de duelo, a equipa utiliza o seu forte jogo aéreo para
desorganizar a equipa adversária, ganhando espaço no terreno de jogo, procurando
com esta sequência de condutas a criação de condições favoráveis continuação do
ataque rápido. A ativação da conduta final devido a infrações às leis de jogo, parece
associada a a infração da lei do fora de jogo e faltas ofensivas.
As equipas fazem uso deste recurso de formas distintas. O IM recorre de forma
aberta (assegurando imprevisibilidade), em situação de jogo, por sua vez o RM
auxilia-se de forma fechada (limitando a imprevisibilidade), em situações de jogo, em
António Barbosa Capítulo III
205
que o adversário não poderá intervir diretamente sobre a bola, ou de forma aberta
mas precedida de uma ação que melhora a possibilidades de sucesso no passe
longo, recorrendo à ação receção/controle. Ao contrário de estudos realizados
previamente (Lopes, 2007; Ramos, 2009) não identificamos uma relação positiva
ente a utilização do passe longo e o sucesso do AR.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por condução de bola
(Dcd).
Na tabela 48 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
condução de bola.
António Barbosa Capítulo III
206
Tabela 48 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por condução.
Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dpc (3.51)
Ddu (3.67)
Pdf (2.05)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (3.34) Dpl (2.77) Ddr (3.13) Dcz (3.12)
Drc (4.13)
Dpc (2.58)
--- ---
--- --- Z2 (2.58)
Z2 (2.46)
Z3 (2.51)
---
Z5 (2.69)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Pir (2.19)
--- --- --- ---
--- Ipi (2.02)
Ipgr (2.58)
Ipd (3.12)
Rjr (2.08)
Ipd (2.13)
Pma
(2.26) Rjl
(3.30)
Rea
l M
ad
rid
Dpc (3.92) Ddr (4.57) Pr (2.06) Rjr (2.97)
Drc (2.45)
Dcz (2.88)
Ddu (2.35) Dcz (2.14)
Dcz (2.24)
--- --- --- --- Z4 (4.34)
Z6 (2.15)
Z9 (2.29)
Z8 (3.41)
Z12 (3.78)
Z11 (2.75) Z12 (3.15)
---
--- --- Spsr (2.21)
Pia (2.58)
Pia (2.58)
Pir (4.81)
--- --- --- ---
Retrospetivamente, na equipa do IM apuramos a ativação das condutas
comportamentais desenvolvimento por passe curto/médio e duelo, a direção do
passe para a frente e a ativação das condutas espaciais relativas ao corredor central
e corredor direito do sector defensivo.
Posteriormente à ativação da conduta critério ativam várias condutas
comportamentais e o desenvolvimento é através de passe curto/médio, passe longo,
drible, cruzamento e receção/controle. Poderemos ainda verificar a ativação do
contexto espacial relativo ao corredor central do SMD, e a relação numérica de
inferioridade relativa.
A equipa do RM ativa retrospetivamente inícios por interceção de bola pelo guarda-
-redes e desarme, ritmo de jogo rápido e ritmo de jogo lento. Relativamente à
relação numérica há a ativação das condutas de superioridade relativa e
inferioridade absoluta. Prospetivamente existe a ativação das condutas passe
curto/médio, drible, receção/controle, cruzamento, duelo e cruzamento. A ativação
António Barbosa Capítulo III
207
do ritmo de jogo rápido, do corredor central e do corredor lateral direito referentes ao
SMO e SO. Relativamente à relação numérica há a ativação da relação de
inferioridade relativa.
Laranjeira (2009) quando realizou um estudo caso sequencial, aplicado a equipa do
Chelsea FC, orientada pela mesma equipa técnica que orienta as equipas do IM e
RM, verificou que a condução de bola e o drible são diversas vezes utilizadas pelos
jogadores da equipa em estudo. A condução de bola é uma ação tático-técnica de
grande dificuldade para a organização do sector defensivo. Produz simultaneamente
uma trajetória e ritmo irregular e em qualquer momento pode sofrer alterações. O
portador da bola, em qualquer momento, poderá realizar uma das quatro opções
passe, remate, drible e condução, ações que implicam reorganização defensiva.
Os resultados parecem direcionar o nosso entendimento, para duas formas
divergentes de utilização da conduta critério. Interpretamos que a equipa do IM,
recorre à condução de bola, com a finalidade de progredir algum espaço no terreno,
dando depois continuação ao MJO ativando a soluções de cariz coletivo. Assim
parece-nos que a utilização da condução de bola enquadra-se no desenvolvimento
do PO. Por sua vez, na equipa do RM, a conduta critério condução, parece-nos ser
um meio claramente utilizada para o contra golpe.
Ficamos inclinados para a criação de um conjunto de suposições quanto à possível
aplicação da conduta critério. A equipa procura a condução de bola para ultrapassar
a linha ofensiva e média do adversário, atacando o espaço entre essas linhas e a
linha defensiva. Os jogadores parecem vir dos corredores laterais para o corredor
central servindo-se da conduta critério com a finalidade de atacar SMO. Esta ação
permite:
i) Tempo para reorganização ofensiva, permitindo que os jogadores mais
avançados procurem os corredores laterais (abrindo a frente de ataque,
dificultando o PD ADV) orientando os apoios para a frente da baliza a atacar
(melhorando a capacidade de leitura de jogo);
ii) O envolvimento de, pelo menos, mais um jogador no PO (o jogador que
transportou a bola melhora a relação numérica).
António Barbosa Capítulo III
208
No que concerne à ativação da conduta passe curto/médio posteriormente ativada,
pensamos que se relaciona com o desenvolvimento da envolvência coletiva,
levando-nos a crer que o passe seja orientado para os jogadores nos corredores
laterais, procurando situações de pré-finalização como, a título de exemplo, o
cruzamento. Da observação dos jogos juntamente com os resultados verificados,
parece-nos claro que o RM possui no seu MJA a condução de bola, por parte do
jogador que recuperou a bola ou está próximo da bola.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por receção/controle
(Drc).
Na tabela 49 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
receção/controle.
António Barbosa Capítulo III
209
Tabela 49 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por receção/ controle.
Desenvolvimento do processo ofensivo por receção/controle (Drc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por receção /controle (Drc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dpc (11.86)
Dpl (2.41)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (9.73)
Drc (6.25) Ddu (2.62)
--- --- ---
--- --- --- --- --- Z3 (1.98)
--- --- --- ---
Ipera (2.71)
Rjl (3.03)
Ipera (2.82)
Rjl (3.57)
Ipera (3.14)
Dpc (16.76)
Dpl (4.62)
Rjl (3.83)
R
ea
l M
ad
rid
Frr (3.62) Dpc (9.19) Dpl (3.01) Ddr (3.11) Rjl (3.17)
Drc (6.98) Pdt (3.28)
Fsoc (2.93) Dpc (4.46)
--- ---
--- --- --- Z9 (2.86)
--- Z2 (2.09) Z3 (2.11) Z5 (2.56) Z6 (2.04)
Z5 (2.01) Z6 (2.10)
Z9 (2.80)
Z9 (2.58)
--- --- --- --- Spsr (2.19)
Spsr (3.67)
Pip (3.36)
Spsr (3.39)
Spsr (2.37)
---
Dissecando os resultados expostos na tabela 49, a equipa do IM exibe um padrão
estrutural curto, quer retrospetivamente quer prospetivamente, situando-se em
retardo -1 e 2 respetivamente. As condutas ativadas induzem que a conduta critério
é antecedida de ações onde a equipa mantem a posse de bola, passe curto/médio e
passe longo. Posteriormente à ativação da conduta critério, verificamos a ativação
do corredor lateral direito do sector defensivo, com a ativação das condutas
comportamentais passe curto/médio, receção/controle e duelo.
Nos resultados referentes à equipa do RM a conduta critério (CC) excita várias
condutas. Retrospetivamente poderemos encontrar a ativação da conduta início,
através de recuperação da posse de bola por interrupção regulamentar a favor. Na
análise das condutas de desenvolvimento há a ativação do passe curto/médio
(conduta com maior força de coesão) e passe longo, juntamente com a ativação de
ritmo de jogo lento. Podemos ainda constatar a ativação do corredor lateral direito do
sector médio ofensivo e a relação numérica de superioridade relativa.
Posteriormente à ativação da conduta critério, existe a excitação do final por remate
e ainda o final atingindo o sector ofensivo de forma controlada. Verificamos também
António Barbosa Capítulo III
210
a ativação dos desenvolvimentos passe curto/médio, passe longo, drible e a
receção/controle. As condutas espaciais são ativadas no retardo 1 e 3,
correspondem a zonas do sector SD e MD, nos retardos seguintes verificamos a
ativação do corredor lateral direito do sector MO. As condutas contextuais numéricas
excitadas refletem relações de superioridade relativa e de igualdade pressionada.
Corroborando estudos realizados, verificamos que ambas as equipas partilham a
excitação da conduta passe curto/médio, com uma relação de coesão mais forte,
indo de encontro a estudos previamente realizados (Barreira, 2006; Caldeira, 2001;
J. Lopes, 2007; Ramos, 2009; A. Silva, 2004). Os resultados levam-nos a supor que
o IM ativa a conduta critério em situação de manutenção da posse de bola e numa
fase intermédia da construção ou desenvolvimento do AR, a ação é utilizada como
um meio para atingir outros propósitos, indo de encontro ao referido por Castelo
(2004), daí não ativando condutas iniciais e condutas finais. Por sua vez, na equipa
do RM, esta CC é utilizada em fases diferentes do processo de construção do MJO.
Os resultados sugerem-nos a aplicação da conduta critério ao longo de três grandes
grupos de comportamentos: i) ativação prospetiva ao início, quando a equipa
recupera a posse de bola; ii) durante o desenvolvimento do MJO, recorrendo à
sequência de passe e receção; iii) e retrospetiva ativação do final.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por drible (Ddr).
Na tabela 50 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
drible.
António Barbosa Capítulo III
211
Tabela 50 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por drible.
Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Dpc (2.10)
Pdf (3.29)
Dcd (3.13)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (2.20) Dre (8.01) Ppl (2.46)
--- --- --- ---
Z8 (2.62)
--- Z10 (2.15)
Z10 (2.71)
Z7 (2.53)
Z10 (4.13)
Z10 (3.70)
Z11 (3.44)
--- --- ---
--- --- --- Pia (3.86)
Spinp (2.40)
Pir (2.89)
Pir (2.41)
--- --- ---
--- ---
Rjr (2.92)
Pdf (3.57)
Pal (2.21)
Rjr (2.86)
Dcd (4.57)
Drc (3.11)
Rjr (2.49)
Rea
l M
ad
rid
Fsoc (2.15) Dre (9.10) Dcz (5.36) Ddr (2.06)
--- --- --- ---
--- --- Z10 (2.23)
--- Z10 (6.22)
Z11 (2.13)
Z12 (3.47)
Z10 (5.95)
Z11 (4.17)
--- --- ---
Pir (3.22)
Pir (2.81)
--- Spinp (2.77)
Spinp (3.57)
--- --- --- --- ---
Através da tabela 50, concluímos que a equipa do IM ativa retrospetivamente as
condutas desenvolvimento por passe curto/médio e condução de bola. A ativação
dos sectores médio ofensivo e ofensivo, correspondentes ao corredor central e
corredor lateral direito. As relações numéricas excitadas são de inferioridade
absoluta e igualdade não pressionada. Poderemos ainda averiguar a ativação do
sentido do passe para a frente. Prospetivamente apuramos a ativação da conduta
desenvolvimento por remate (conduta com maior força de coesão), passe
curto/médio e a ativação do sentido do passe para o lado. Há ativação do corredor
latera esquerdo e do corredor central do SO.
Por sua vez a equipa do RM ativa, retrospetivamente, as condutas desenvolvimento
por receção/controle e condução de bola. Ativa ainda o ritmo de jogo rápido.
Relativamente à conduta espacial ativada corresponde à zona do SO do corredor
lateral esquerdo. As relações numéricas expõem inferioridade relativa e igualdade
não pressionada. Prospetivamente identificamos a ativação de o final do ataque
rápido quando a equipa atinge o SO de forma controlada. Continuando a descrição,
António Barbosa Capítulo III
212
verificamos a ativação das condutas comportamentais, remate (detentora de maior
força de coesão) e desenvolvimento através de passe curto/médio. No contexto
espacial verificamos a ativação do corredor central e corredor esquerdo do sector
ofensivo.
Os resultados vão de encontro a estudo anteriormente realizado. Constatamos que
precede a conduta critério a ativação da condução de bola como foi verificado por
Caldeira (2001), acreditamos que esta ação prepara o sucesso do drible,
condicionando a colocação do adversário, procurando a criação de situações
favoráveis para a sua realização. Comparados os resultados relativos às duas
equipas, parece-nos que a equipa do RM tem maior sucesso na utilização do drible,
para além de conseguir rematar, (como também consegue a equipa do IM),
consegue cruzar e ganhar faltas. As duas equipas ativam dois contextos espaciais
sobre os quais debruçamos especial atenção: o corredor lateral esquerdo do sector
ofensivo, e a zona frontal a baliza do SO. No que concerne as condutas ativadas,
pensamos que denunciam algumas premissas:
i) Utilização do drible predominantemente no SO;
ii) Os jogadores que jogam habitualmente nestas zonas são jogadores
desequilibradores;
iii) São estimulados a proceder a utilização da ação de drible nestas zonas;
iv) A objetividade do drible é entrar com a bola na zona frontal a baliza.
Os resultados relativos às condutas espaçais ativadas, vão de encontro ao que
Ramos (2009) verificou, a ativação zonas referentes ao SO e, dentro dessas zonas,
com maior força de coesão, as condutas realizadas no corredor lateral esquerdo
como foi averiguado por Barreira (2006). Desta forma, os resultados obtidos vão
parcialmente ao encontro de Caldeira (2001), quando afirma que o drible se reveste
de grande importância na criação de oportunidades de golo, quer seja por originar
diretamente faltas passíveis de serem utilizadas na realização de esquemas táticos,
quer por conduzir indiretamente a situações de cruzamento e de remate,
ressalvando, contudo, a forte probabilidade de existir a perda de bola. A perda de
posse de bola não é ativada em nenhuma das equipas. Este facto leva-nos a pensar
que a utilização da conduta critério é realizada por jogadores com elevada
habilidade técnica, mas acima de tudo com critérios rigorosos. Evidenciamos alguns
elementos que pensamos ser pressupostos para a utilização do drible:
António Barbosa Capítulo III
213
i) Precedente da execução do drible, recorrer a uma ação que permita ter a
bola, em controlo do jogador (condução ou recção e controle);
ii) Ativar o drible nas faixas laterais, implicando menor número de jogadores
adversários;
iii) Finalidade, depois de realizar o drible, tirar proveito da ação promovendo o
final do PO ou situação de pré-finalização (não ativando ações que não tenham
este objetivo).
Julgamos que a utilização desta conduta de risco tem por finalidade a criação de
condições de favoráveis ao remate, entendendo assim que, os resultados expostos
por ambas as equipas atestam o drible, como desenvolvimento de pré-finalização
que pretende progredir em direção a baliza, ganhar espaço, rompendo a estrutura
defensiva, melhorar a relação numérica, criando situações de finalização ou de
eminente finalização. Alcançar espaço para finalizar o processo ofensivo. Assim, a
utilização desta situação de risco, realizada por jogadores com capacidade de
resolução de problemas mormente de cariz de igualdade ou inferioridade numérica,
atendendo a uma regra de utilização que assegure a criação de situações favoráveis
à realização do desenvolvimento, preparação da conduta, podendo posteriormente
tirar proveito da ação desenvolvida, através de remate ou cruzamento, parece ser
comum nas equipas em estudo.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por duelo (Ddu).
Na tabela 51 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo por duelo.
António Barbosa Capítulo III
214
Tabela 51 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por duelo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dpc (2.09)
Pfr (2.07)
Pal (4.32)
Inte
r M
ilã
o
Fbad (2.29) Dcd (3.67) Pfr (2.32)
Dcz (4.41)
Dcd (3.62)
---
Ddr (2.67)
Z3 (3.17)
Z3 (3.15)
Z6 (2.38)
Z6 (3.40)
Z3(3.35) Z6(2.15)
--- Z9 (2.50)
Z12 (2.70)
Z7 (2.53)
Z8 (2.16)
--- --- --- --- Pip (2.88)
--- --- --- --- ---
--- --- --- Ipgr (4.34)
Ipgr (3.04)
Dpl (5.70)
Dia (2.24) Pfr
(2.10) Pal (7.75) Rjr (2.02)
Rea
l M
ad
rid
--- Dia (2.42) Pma (2.95)
Dcd (4.46)
Dcd (2.26)
---
--- --- --- Z1 (2.68)
Z2 (4.78)
--- --- Z8 (2.05)
Z8 (2.71)
Z1 (9.22)
Z2 (8.23)
--- --- --- Spsr (2.13)
--- --- Pir (2.97)
--- --- ---
Quanto à equipa do IM há ativação retrospetiva das condutas desenvolvimento
através de passe curto/médio, ativação da direção para a frente e passe alto. As
condutas espaciais excitadas são relativas ao corredor lateral direito do SD ou MD.
Há também a ativação da conduta relativa ao centro de jogo, igualdade pressionada.
Prospetivamente encontramos a ativação do final do ataque rápido recuperação da
posse de bola pelo adversário, dos desenvolvimentos por condução de bola,
cruzamento e condução. As zonas ativadas são relativas aos sectores médio
ofensivo e ofensivo.
Por sua vez, a equipa do RM ativa retrospetivamente a interceção de bola pelo
guarda-redes e a excitação do passe longo, com sentido para a frente. Constatamos
a ativação das zonas central e esquerda do sector defensivo, a excitação da conduta
contextual centro de jogo em superioridade relativa e a ativação de ritmo de jogo
rápido. Depois da ocorrência da CC, prospetivamente, verificamos que no primeiro
retardo não há ativação de qualquer CO, demonstrando a diversidade de ações
realizadas. Continuando, na análise prostetiva, encontramos a ativação das
condutas, desenvolvimento por intervenção sem êxito do adversário e condução de
António Barbosa Capítulo III
215
bola. Ainda aferimos a ativação de condutas espaciais, relativas aos retardo 2 e 3
com a ativação do corredor central do sector ofensivo, os retardo 4 e 5 atestam a
ativação de zonas correspondentes ao SD.
Os resultados respeitantes ao desenvolvimento do ataque rápido, através da
conduta critério duelo, evidenciam utilizações distintas por parte das equipas.
Parece-nos que o IM ativa o duelo quando se encontra com o bloco baixo, próximo
do seu sector defensivo, em situações abertas, promovendo a sua utilização com a
finalidade de colocar a bola no SMO. Com este pressuposto a equipa procura subir
no terreno de jogo, excitando posteriormente, à conduta critério, ações que tem por
finalidade a criação de condições para finalizar o PO. Ressalvamos que o facto de a
conduta critério ativar o final do PO sem sucesso, leva-nos a crer que é fruto do risco
da utilização de uma ação onde não existe controlo da posse de bola, por parte de
nenhuma das equipa, também poderemos verificar posteriormente a ativação de
condutas de caráter iminentemente ofensivas. Parece-nos que o fator dissociador
desta relação é o sucesso ou insucesso no duelo. Este binómio carateriza na
perfeição o risco tático que esta conduta expõe a equipa.
Por sua vez, na equipa do RM, verifica-se que a conduta em análise ativa
retrospetivamente a interceção de bola através do guarda-redes e ativação do passe
longo. Depreendemos que a equipa em estudo, aproveita o facto de o adversário
subir as suas linhas para, assim, iniciar o ataque, jogando longo. Parece-nos que
depois de intercetada a bola, ela é jogada para o jogador referência na saída longa
que se encontra no corredor central do SMO, a sua colocação tática, permite libertar
o espaço nas faixas laterais para os alas da sua equipa subir, explorando o espaço
nos corredores laterais, aproveitando o adiantamento e concentração dos defesas.
Apesar do que referimos anteriormente, também se verifica, a ativação de zonas do
sector defensivo. A ativação destas condutas parece-nos estar associada a
situações em que: i) a equipa tenha jogado a bola para trás; ii) a equipa tenha
perdido o duelo ganhando uma segunda bola.
Atendendo ao que mencionamos anteriormente afigura-se-nos que a ativação do
duelo, tem maior incidência em fases diferentes do MJO, ataque rápido. No caso do
IM parece que se agrupa no desenvolvimento e pré-finalização, o caso da equipa do
RM sugere que se associa ao início e desenvolvimento do PO.
António Barbosa Capítulo III
216
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por remate (Dre).
Na tabela 52 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
remate.
Tabela 52 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por remate.
Desenvolvimento do processo ofensivo por remate (Dre)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por remate (Dre)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- Dia (3.96)
--- Ddr (8.01)
Inte
r M
ilã
o
Fsoc (2.69)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Z10 (5.49)
Z11 (3.40)
Z11 (3.87)
Z11 (3.23)
--- --- ---
--- --- Pia (11.18)
Pir (2.18)
Pir (3.29)
Pir (2.32)
--- --- --- ---
--- --- Dre (6.99)
Ddr (2.49)
Ddr (9.10)
Rjr (2.34)
Rea
l M
ad
rid
Fsoc (2.56) Dagr (18.42)
--- Dre (6.99)
--- ---
--- --- --- Z12 (4.25)
Z10 (3.47)
Z12 (2.93)
Z10 (4.08)
Z11 (2.24)
--- --- ---
--- --- Spinp (2.26)
Pir (2.13) Pir (2.35)
--- --- --- ---
Dissecando os resultados expostos na tabela 52 referentes à equipa do IM,
apuramos retrospetivamente, a ativação das condutas desenvolvimentos por
intervenção sem sucesso do adversário e drible. As condutas espaciais ativadas
localizam-se no SO corredor central e lateral direito, havendo a ativação dos
contextos de inferioridade absoluta e inferioridade relativa. Prospetivamente
constatamos a ativação, do final do PO atingindo o sector ofensivo de forma
controlada, juntamente com a ativação do corredor central do SO, poderemos ainda
aferir a ativação do contextual de inferioridade relativa.
Por sua vez, a equipa do RM excita retrospetivamente as condutas desenvolvimento
por remate e drible (conduta com maior força de coesão), no contexto espacial
atestamos a ativação dos corredores laterais do SO. Há ainda a ativação dos
centros de jogo, igualdade não pressionada e inferioridade relativa. Prospetivamente
constata-se a ativação do final do PO atingindo de forma controlada o SO. A
António Barbosa Capítulo III
217
ativação das condutas desenvolvimento com intervenção do guarda-redes
adversário e desenvolvimento por remate. As condutas espaciais ativadas localizam-
-se no corredor lateral direito e no corredor central do SO. Posto isto afigura-se-nos
que o RM progride conduzindo a bola na diagonal do corredor lateral para o corredor
central. Este facto deve-se à melhor relação numérica verificada nesses corredores
permitindo que, ao vencerem o drible, poderão alvejar a baliza.
Dos resultados das condutas ativadas sobressai a importância vital da ação de drible
preceder a ação de remate quando ativado o sector ofensivo. Atestamos a tendência
que nos ataques, as equipas, se encontrarem em inferioridade numérica. A análise
dos resultados e observação dos jogos, leva-nos a induzir a possibilidade que, o IM
procurar com maior regularidade, para realizar a conduta critério, os jogadores do
corredor lateral esquerdo ou do corredor central do SO. Prospetivamente à conduta
critério e uma vez que se regista a ativação de um final do PO positivo que permite
conservar a posse de bola, verifica-se sucesso. Por sua vez, os resultados parecem
indicar que o RM procura os jogadores dos corredores laterais do SO, recorrendo ao
drible para realizarem o remate. Conceituamos que os jogadores realizam uma
diagonal vinda dos corredores laterais para o corredor central. As condutas ativadas
prospetivamente aludem que a equipa tem sucesso com a utilização da conduta
objeto, uma vez que se registam a intervenção do GR adversário e o final da
codificação do PO continuando em posse de bola. Interpretando a forma como os
resultados se apresentam, cogitamos que a ativação do desenvolvimento por remate
é devida ao facto do jogador que está no corredor central ganhar uma segunda bola
Os resultados alcançados corroboram o verificado por A. Silva (2004):
i) Ativação de zonas do sector ofensivo pré e pós conduta critério;
ii) Ativação de condutas relativas ao final do MJO.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por cruzamento (Dcz).
Na tabela 53 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
cruzamento.
António Barbosa Capítulo III
218
Tabela 53 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por cruzamento.
Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Ddu (4.41)
Dcd (3.12)
Inte
r M
ilã
o
Dia (9.64)
--- --- --- ---
--- --- Z12 (2.49)
--- Z12 (2.04)
Z11 (7.04)
Z11 (3.56)
--- --- ---
Dcd
(2.24)
Dcd
(2.14) Rjr
(4.09)
Dcd
(2.88) Rjr
(2.62)
(2.93) Rjr
(4.33)
Ddr (5.36)
Pdf (2.56)
Rjr (3.63)
Re
al
Ma
dri
d
Fpga (3.67) Dia (9.47)
--- --- --- ---
--- --- --- Z10 (4.54)
Z11 (2.17)
Z12 (3.88)
Z12 (8.79)
Z11 (2.52)
Z11 (2.05)
--- Z10 (3.10)
--- --- --- --- Pir (2.48) Spinp (3.72)
Pir (3.20)
--- --- --- ---
Os resultados, expostos na tabela acima, da equipa do IM, quando analisados
retrospetivamente, exibem a ativação das condutas comportamentais duelo e
condução. A conduta critério fomenta a ativação das condutas espaciais, referentes
ao corredor lateral direito do sector ofensivo. Analisando as condutas ativadas,
depois do acontecimento da conduta critério, verificamos a ativação da conduta
comportamental intervenção do adversário sem êxito (conduta com maior força de
coesão) e ativação das condutas espaciais relativas ao corredor central do SO.
Na equipa do RM existe retrospetivamente a excitação das condutas
desenvolvimentos por condução, drible e ainda a ativação de ritmo de jogo rápido o
que não vai de encontro ao que Ramos (2009), havia indicado, quando descreveu a
ativação da conduta objeto drible. As condutas espaciais excitadas reportam-nos à
ativação dos três corredores do SO, constatando-se maior força de coesão no
corredor lateral direito. Poderemos ainda verificar a ativação dos contextos de
inferioridade relativa e inferioridade pressionada. Este facto foi também constatado
por J. Lopes (2007). Prospetivamente, atestamos a ativação do final do PO com
passe para dentro da área, excitação da conduta desenvolvimento com intervenção
do adversário sem êxito (conduta com maior força de coesão). As condutas
espaciais ativadas, reportam-nos para a corredor central do SO e corredor lateral
António Barbosa Capítulo III
219
direito, indo de encontro ao estudo realizado por J. Lopes (2007). Quanto ao centro
de jogo, há a ativação de contexto numérico com inferioridade relativa.
No estudo que executámos, averiguámos que, para além de ativarem corredores
laterais, existe a ativação do corredor central. Cogitamos que a ativação deste
corredor ao nível do retardo -2, prende-se com ações preparatórias de cruzamento,
onde o bloco defensivo se concentra no corredor central e liberta o corredor lateral.
Este possível acontecimento faculta que a equipa ganhe espaço para a realização
do cruzamento, obrigando a defesa a reorganizar-se rapidamente durante o
processo de basculação. Continuando a análise relativa às condutas espaciais,
verifica-se ao nível do retardo -1 a ativação do corredor lateral direito nas duas
equipas. Parece-nos que, nas equipas, os jogadores que jogam no corredor lateral
direito têm maior relação com a conduta cruzamento e os jogadores do corredor
central e do lado esquerdo do ataque maior relação com a finalização.
As condutas ativadas vão de encontro ao mencionado por A. Silva (2004) quando
conclui que a exploração dos corredores laterais e consequentemente recurso ao
cruzamento não tem qualquer relação direta com a ativação das condutas de
finalização com remate ou golo. Afigura-se contudo que poderá existir uma relação
indireta com base em dois pressupostos observados retrospetivamente:
i) Ativação de contexto espacial relativo à zona frontal a baliza do SO;
ii) Ativação de intervenção sem êxito do adversário.
Atendendo ao que anteriormente descrevemos, verificamos diferenças significativas
nos padrões conduturais ativados.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido por intervenção do
adversário sem êxito (Dia).
Na tabela 54 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
intervenção do adversário sem êxito.
António Barbosa Capítulo III
220
Tabela 54 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por intervenção do adversário sem êxito.
Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Dpl (3.23)
--- Dpl (3.32)
Ddr (2.13)
---
Inte
r M
ilã
o
Flj (3.24)
--- --- --- ---
Z1 (3.50)
Z2 (2.66)
Z12 (2.00)
Z4 (2.17)
Z7 (3.22)
Z12 (2.43)
--- Z11 (1.98)
--- --- --- ---
Dcz (4.33)
Pdt (2.00)
Dgr (6.22)
Pdf (2.31)
Ddu (2.42)
Pdt (2.34)
Dcz (9.47)
Rjr (2.26)
Pal (3.72)
Re
al
Ma
dri
d
Ddu (2.24) Pdf (2.76)
--- --- --- ---
--- --- Z12 (2.96)
Z12 (3.35)
Z12 (2.17)
--- Z11 (2.34)
Z7 (2.34)
--- ---
--- --- --- --- --- --- Pia (7.47)
--- --- ---
Na equipa IM deparamos retrospetivamente a ativação das condutas
desenvolvimento por passe longo, drible. A excitação de um contexto espacial
relativo a todos os corredores do campo, com maior incidência para os corredores
laterais. Prospetivamente aferimos a ativação do final devido a infrações às leis de
jogo, parece-nos derivarem de ações de fora de jogo. Há ainda a ativação do
corredor central do SO.
Nos resultados relativos a equipa do RM, através da análise retrospetiva,
constatamos a ativação das condutas desenvolvimento por cruzamento,
desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa adversária, duelo e
cruzamento. As zonas ativadas correspondem ao corredor lateral direito do SO.
Existe a excitação do passe para a frente e passe para trás. Há ainda a ativação de
passe alto e ritmo de jogo rápido. Prospetivamente apuramos a ativação da conduta
desenvolvimento através de duelo e a ativação do corredor central SO e do corredor
esquerdo do SMO. Regista-se também a ativação da conduta contextual com uma
relação numérica em inferioridade absoluta.
É marcante a diferença entre os padrões ativados, consequentemente entre
equipas. Os desenvolvimentos ativados na tabela 53, são descoincidente dos
resultados verificados (J. Lopes 2007; A. Silva, 2004). Os autores referem que a
conduta critério prospetivamente, teria uma grande afinidade com condução de bola,
duelos, remates e final do PO com eficácia.
António Barbosa Capítulo III
221
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido com ação do guarda-
-redes da equipa adversária (Dgra).
Na tabela 55, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do ataque rápido com ação
do guarda-redes da equipa adversária.
Tabela 55 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa adversária.
Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa adversária.
(Dgra)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa adversária (Dgra)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Nenhuma C.O. ativada In
ter
Milã
o
Nenhuma C.O. ativada
--- --- --- --- ---
Rea
l M
ad
rid
Fgl (3.43)
--- --- --- ---
Z6 (2.55)
Z6 (2.59)
Z9 (2.00)
Z8 (2.57)
--- Z11 (2.07)
Pma (2.76) Ppl (2.00)
Pal (3.18)
--- ---
--- --- --- --- --- --- Spsr (2.58)
--- --- ---
No que se refere a conduta critério, exposta na tabela 55, vemos que a equipa do IM
não ativa qualquer conduta objeto.
Em relação a equipa do RM apuramos a ativação retrospetiva de condutas de
caraterização espacial relativa ao corredor lateral esquerdo do SMD e ao corredor
central bem como do corredor lateral direito do SMO. Prospetivamente há a
excitação da conduta final com obtenção de golo juntamente com a ativação da
conduta espacial relativa ao corredor central do SO, do passe a meia altura e passe
alto, da direção do passe para o lado e a ativação do centro de jogo com a relação
de superioridade relativa.
No MJO contra-ataque a equipa do IM não ativa qualquer conduta. Por sua vez a
equipa do RM ativa, evidenciando um padrão estrutural com a excitação de várias
condutas objeto, em particular o final com obtenção de golo. A ativação das zonas
expostas, retrospetivamente, leva-nos a deduzir a possibilidade da equipa se
António Barbosa Capítulo III
222
aproximar da baliza adversária vinda dos corredores lateral para o corredor central,
onde através da utilização de uma panóplia variada de desenvolvimentos como
passes em rotura, remate ou cruzamento provoca a intervenção incompleta do
guarda-redes e posteriormente a finalização. Atravès dos resultados subentendemos
a importância dos jogadores mais avançados se deslocarem para a zona central do
SO com a finalidade de ganharem as segundas bolas (bolas defendidas pelo
guarda-redes), juntamente com a finalização de primeira. Preparando as ações a
realizar depois de uma ação de iminente perda de posse da bola. Verificamos na CC
Dia relativa ao contra-ataque a relação com o final com obtenção de golo.
Atendendo ao estudo prévio, realizado A. Silva (2004) que evidencia falta de
ativação de condutas critério e, ao nosso estudo, no caso a equipa do IM. Parece-
-nos que a equipa do RM coloca os jogadores de forma mais eficiente. Quando a
equipa desfere uma ação em direção à baliza, procurando finalizar o MJO com a
intervenção do guarda-redes adversário, os jogadores deslocam-se procurando
preencher a zona frontal procedendo a realização da recarga.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque rápido com ação do guarda-
redes da equipa em fase ofensiva (Dgr).
No que concerne à conduta critério desenvolvimento do PO por ação do guarda-
-redes da equipa em fase ofensiva, devido a inexistência de resultados, relativos as
equipas IM, RM, não procederemos a realização de qualquer análise. Ressalvamos
o porém que não evidenciaram qualquer comportamento que ultrapasse o conceito
de sorte ou acaso.
Padrões de jogo encontrados para as condutas de final do processo ofensivo.
As tabelas, seguintes são referentes ao estudo sequencial, do final do ataque rápido,
análise de forma retrospetiva. Demonstraremos e interpretaremos as condutas de
jogo que precedem a ocorrência da conduta critério. Para melhor compreensão do
jogo procedemos a análise das condutas criando dois grupos: finais com eficácia ou
finais sem eficácia. Para esse efeito procedemos à verificação das condutas critério,
devidamente identificada nas tabelas expostas neste ponto, tendo como condutas
objeto início do PO, desenvolvimento do PO, direção e sentido do passe, altura do
passe, ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
António Barbosa Capítulo III
223
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo ataque
rápido, com sucesso.
Conduta critério: final do ataque rápido com remate com obtenção de golo
(Fgl).
Na tabela 56 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por remate com obtenção de
golo.
Tabela 56 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com obtenção de golo.
Final do PO com remate com obtenção de golo (Fgl) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- --- Pdt (2.64) Inter Milão
--- --- --- --- Dagr(3.43) Real Madrid
A equipa do IM, apresenta um padrão curto em que o max-lag situa-se no retardo -1
ativando a conduta passe lateral para trás.
Por sua vez a equipa do RM, evidencia um padrão curto, e o max-lag situa-se no
retardo -1, ativando a conduta comportamental desenvolvimento com ação do
guarda-redes da equipa adversária.
No presente estudo, não verificamos a ativação de corredores ou sectores
retrospetivamente à obtenção do golo, não coincidindo com os estudos realizados
(Laranjeira, 2009; E. Silva, 2007).
O dado que obtivemos em relação à equipa do IM a excitação da conduta direção do
passe, também se regista no MJO CA. Esta ação afigura-se-nos estar ligada com o
passe direcionado para o jogador de frente para a baliza adversária. O passe para
trás não comporta necessariamente um aspeto negativo, uma vez que, quando
convenientemente utilizado, este constitui um passe positivo, no sentido de permitir
receber a bola numa posição mais recuada, garantindo uma maior visibilidade do
espaço de jogo e das configurações (Mahe,1995, citado por Garganta,1997).
António Barbosa Capítulo III
224
O resultado obtido pela equipa do RM, verifica-se igualmente no CA contudo num
retardo diferente. Este vai de encontro aos estudos realizados por (A. Silva, 2004;
Sousa, 2005), quando apuraram a ativação do desenvolvimento com intervenção do
guarda-redes adversário.
Consideramos que a imprevisibilidade é o fator determinante na obtenção de golo.
Conduta critério: final do ataque rápido com remate (Frr).
Na tabela 57 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por remate. A presente
categoria agrupa remate contra adversário, remate dentro, fora e defendido pelo
guarda-redes.
Tabela 57 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com remate.
Final do PO com remate (contra adversário, remate dentro, remate fora, defendido pelo guarda-redes) (Frr)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- Z8 (1.98) --- Inter Milão
--- --- --- Dpc (2.68) Ppl (2.04)
Drc (3.62)
Real Madrid --- --- --- --- Z9 (2.39)
--- --- --- Spsr (2.16) Spsr (2.67)
Nos resultados, concernentes à equipa do IM, aferimos a ativação retrospetiva, ao
nível do retardo -2, da conduta espacial, referente ao corredor central do SMO.
Por sua vez a equipa do RM ativa as condutas comportamentais desenvolvimento
por passe curto/médio, direcionado para o lado, receção/controle. A conduta
espacial ativada reporta-nos para o corredor lateral direito SMO.
A conduta ativada na equipa do IM corrobora, o que analisamos no MJO CA e o
verificado por Barreira (2006), quando a conduta critério pertencia ao grupo das
ações de final da transição defesa-ataque ou posse de bola eficaz, constata-se a
ativação do corredor central do SMO. Por sua vez J. Lopes (2007), não apura a
ativação de qualquer conduta espacial no retardo precedente à ação, o que poderá
acusar grande variabilidade de ações. Em relação a equipa do RM, os resultados
António Barbosa Capítulo III
225
não consubstanciam o que Barreira (2006) referiu, as condutas contextuais
excitadas demonstram a existência de uma superioridade relativa.
Estamos em crer que os resultados indicam claras diferenças relativamente ao AR.
O IM patenteia grande imprevisibilidade nos momentos que antecedem o remate,
ampliando a dificuldade da defesa adversária em reconhecer a ação e intercetar o
lance, o que também poderá indicar baixa capacidade para finalização do MJO com
remate. O RM consegue ativar situações contextuais de superioridade, parece-nos
estar associado a um remate anterior quando a equipa ganha a segunda bola. Em
relação a ativação do desenvolvimento por receção/controle da bola, pensamos que
esta conduta consente maior qualidade no desenvolvimento seguinte mas, também,
faculta tempo ao guarda-redes adversário, defensor direto e indireto, ou seja da
equipa se reorganizar e possivelmente impedir a finalização com sucesso.
Conduta critério: final do ataque rápido com o portador da bola atingindo o
quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc).
Na tabela 58, encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do ataque rápido com o portador da bola a atingir o
quarto ofensivo de forma controlada permitindo a manutenção da posse de bola,
posterior à conduta critério da ação (livres diretos, pontapés de canto, grandes
penalidades, etc).
Tabela 58 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma controlada.
Final do PO tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
Ddr (3.94) Pma (2.55) Dcd(2.07) Ddr (2.99) Ppl (2.07) Pal (2.32)
Dre (2.69) Inter Milão
Pfr (2.30) Dpl (2.35) Dre (2.05)
Drc (2.93) Pdf (2.26)
Ddr (2.15) Pdf (2.26)
Dre (2.56) Real Madrid
--- --- --- --- Z10 (2.03)
Na equipa do IM há um padrão de estrutura linear longo, em que o max-lag se situa
no retardo -5. Constatamos a ativação das condutas passe para o lado, passe meia
altura, passe alto, drible, condução de bola e remate.
António Barbosa Capítulo III
226
Por sua vez os resultados respeitantes ao RM permitem-nos constatar excitação das
condutas passe para a frente, passe longo, remate, receção/controle e drible.
Encontramos a ativação da conduta espacial referente ao corredor lateral esquerdo
do SO. No MJO CA a equipa também ativa o desenvolvimento do Dre pensamos
que revela a importância de tentar terminar o PO recorrendo ao remate.
Através da análise dos resultados, supomos a existência de uma estrutura mais
linear, relativamente ao ataque rápido, comparativamente ao contra-ataque por parte
das duas equipas. Conferimos que, para as duas equipas, os dois últimos retardos
consistem nas condutas drible e remate. Os resultados expostos não
consubstanciam o que Barreira, (2006) e J. Lopes, (2007) verificaram (quando
assinalaram a ativação de diferente desenvolvimento, zonas e contextos). Na nossa
opinião, acrescida do estudo realizado por Laranjeira (2009), parece-nos que esta
diferença poderá advir de características que especificam MJO utilizado pelo
treinador e consequentemente executado pelas equipas.
António Barbosa Capítulo III
227
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo ataque
rápido, sem sucesso.
Conduta critério: final do ataque rápido com recuperação da posse de bola
pelo adversário (Fbad).
Na tabela 59 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo com recuperação da posse de
bola pelo adversário.
Tabela 59 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por recuperação da posse de bola pelo adversário.
Final do PO por recuperação da posse de bola pelo adversário (Fbad) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- Dcd (2.43)
Dpl (2.29)
Ddu (2.29) Pal (2.02)
Inter Milão
Spsr (2.16) Spsa (2.29) Spsr (2.47) Pia (2.29) ---
Dia (2.42) --- Dpc (2.82) Pfr (2.07) Dpc (3.09) Real Madrid
Z3 (3.35) Z3 (2.32) Z5 (2.77) Z6 (2.32) Z7 (2.28)
Z7 (2.19)
Relativamente ao ponto supramencionado, a equipa do IM excita as condutas
comportamentais condução, passe longo e duelo. Há ativação do passe alto. Os
contextos ativados, reportam-nos para relações de superioridade numérica relativa e
absoluta e ainda inferioridade absoluta.
A equipa do RM demonstra a ativação das condutas comportamentais intervenção
sem êxito do adversário, desenvolvimento através de passe curto/médio, para a
frente, indo de encontro ao relatado por J. Lopes (2007). No que concerne as
condutas espaciais há um padrão estrutural linear comprido, excitando duas
condutas de cada sector SD, SMD, SMO.
Os resultados coincidem com estudos prévios (Caldeira, 2001; Pereira, 2005; A.
Silva, 2004) quando afirmam a dependência entre o final do ataque rápido e a
conjuntura. Entenda-se, o tipo de desenvolvimentos e as zonas onde as equipas os
preconizam, parecem definir o tipo de final do MJO. Saliente-se que as condutas
revelam procedimentos distintos com o mesmo objetivo. O IM parece procurar o jogo
em profundidade e posteriormente atacar as costas da linha defensiva (no CA
António Barbosa Capítulo III
228
registamos igualmente a ativação do passe longo no Fbad). O RM parece granjear o
passe em rutura interlinhas, procurando as zonas de maior ofensividade (no CA
também registamos a ativação do passé curto/médio).
Conduta critério: final do ataque rápido por infração às leis do jogo (Flj).
Na tabela 60 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por infração às leis do jogo.
Tabela 60 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por infrações às leis de jogo.
Final do PO por infração às leis do jogo (Flj) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- Pdf (2.07) Dia (3.24) Inter Milão --- --- --- Spinp (2.58) ---
--- --- --- --- Dpl (2.74) Real Madrid
--- --- --- Z11 (2.79) Z4 (2.74)
--- --- --- Pip (2.16) Pip (2.74)
A equipa do IM ativa retrospetivamente ao final a conduta critério, passe para a
frente e a intervenção sem êxito do adversário, condutas também referidas por A.
Silva (2004). A conduta contextual excitada evidencia uma relação de igualdade não
pressionada.
Por sua vez a equipa do RM ativa a conduta comportamental desenvolvimento
através de passe longo. Ativando os contextos espaciais relativos aos corredores
laterais do SO e SMD. A conduta contextual excitada representa uma igualdade
pressionada.
Acreditamos que os ataques rápidos deverão ser ações coletivas, que requerem
rápida adequação de comportamentos por todos elementos de equipa. Esta
mudança psico-motora que imprime nova ação tático-técnica permite progredir com
a bola ao longo do terreno de jogo aproveitando os desequilíbrios defensivos do
adversário tentando finalização com sucesso. Paralelamente as equipas deverão
assegurar as coberturas defensivas (equilíbrio defensivo) no caso de súbita perda da
posse de bola. Os resultados levam-nos a retirar conclusões interessantes: o IM
parece provocar o Filj, por faltas ofensivas, atendendo a ativação de
António Barbosa Capítulo III
229
desenvolvimentos onde se apura a indefinição da posse de bola. Por seu lado, o
final do ataque rápido do RM, afigura-se-nos que termina por um passe em
profundidade que produz o fora de jogo.
Conduta critério: final do ataque rápido por passe para dentro da grande área
adversária (Fpga).
Na tabela 61 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo passe para dentro da grande
área adversária.
Tabela 61 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com passe para dentro da grande área adversária.
Final do PO com passe para dentro da grande área adversária (Fpga) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- Rjl (1.98) Rjl (1.98) Inter Milão
--- Z6 (2.19) Z6 (2.26) Z6 (2.02) ---
--- --- --- Pip (1.98) ---
--- --- --- --- Dcz (3.67) Real Madrid
Na equipa do IM, antecede a perda da posse de bola a utilização de um ritmo de
jogo lento, a ativação do corredor lateral direito do SMD e uma relação numérica de
igualdade pressionada.
Por sua vez na equipa do RM há um padrão comportamental curto, colocado no
retardo -1, havendo a excitação da conduta cruzamento.
Os resultados parecem indicar condutas de ação distintas. O IM evidencia a ativação
de ritmo de jogo lento. Este facto parece-nos ter uma correlação negativa para o
desenvolvimento do AR, uma vez que permite a reorganização defensiva. A ativação
de passe longo em profundidade, associado ao ritmo de jogo lento e a ativação de
zonas do SMD, permite à equipa adversária reorganizar-se criando condições para
cobrir as costas do sector defensivo. Por sua vez os resultados indicam que o RM,
consegue chegar à linha de fundo e realizar o cruzamento. Constatamos
precedentes diferenciados para a conduta critério.
António Barbosa Capítulo III
230
3.3.2.2.2.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa ao MJO ataque
rápido
Condutas de início de PO de forma aberta.
Com base na análise sequencial supra mencionada, encontramos a ativação de
condutas objeto de forma diferente entre as equipas: primeiro a não ativação de
condutas por parte da equipa do IM, no início do PO por interceção e ativação no
RM; segundo a excitação de condutas que imprimem dinâmicas diferentes ao jogo,
no início, por desarme.
Em relação aos desenvolvimentos ativados, averiguamos a ativação do
desenvolvimento por condução, esta conduta, por parte do RM verifica-se também
no MJO, CA, mas relativa ao início por interceção.
No que concerne à direção do passe, passe para a frente, na equipa do IM
consideramos que a equipa recorre à utilização do passe curto/médio e passe longo,
este facto parece indiciar a procura de uma solução coletiva.
A ativação por parte da equipa do RM, dos desenvolvimentos, passe raso leva-nos
julgar que a equipa também procura sair para o ataque recorrendo a ações coletivas,
utiliza mais do que uma estratégia, de forma regular.
No MJO em estudo, os desenvolvimentos ativados, parecem satisfazer
pontualmente estudos precedentemente (Barreira, 2006; Pereira, 2005; A. Silva,
2004) ao verificar-se a ativação da conduta objeto, passe. No nosso estudo esta
conduta está indiretamente entendida pelas duas equipas, ao ativarem as condutas
direção e altura, condutas essas que apenas se aplicam ao passe.
Condutas de início de PO de forma fechada.
Os resultados obtidos contrariam estudos prévios, (Barreira 2006; Pereira, 2005; A.
Silva 2004), quando referem que os padrões conduturais respeitantes aos inícios da
fase ofensiva são de pequena amplitude.
António Barbosa Capítulo III
231
A análise sequencial anteriormente exposta, permite-nos proceder a uma
diferenciação vincada dos comportamentos entre equipas, principalmente na
ativação de condutas comportamentais. A equipa do RM parece-nos socorrer-se de
ações coletivas para desenvolver os inícios de forma fechada. Assim recorre a
desenvolvimentos por passe curto/médio, receção/controle e passe longo. Por sua
vez a equipa do IM ativa um desenvolvimento e este é de características individuais,
a condução. A falta de resultados, referentes às condutas desenvolvimento, parece-
nos induzir à variabilidade das situações executadas. As equipas utilizam estratégias
diferentes para o mesmo início.
Excogitamos que em relação às condutas espaciais as equipas conseguem
progredir no terreno de jogo, havendo ao longo dos cinco retardos uma aproximação
à baliza adversária o que é comprovado pela ativação dos sectores médio ofensivo e
ofensivo ao longo das cadeias de retardos. Este facto não é corroborado por estudo
prévio realizado por A. Silva (2004) quando evidencia a ativação de zonas
essencialmente relativas ao sector defensivo. Supomos que estes resultados
poderão ser entendidos como um fator de sucesso, ou seja as equipas realizam a
recuperação da posse de bola e conseguem acercar-se da baliza adversária com
regularidade. Contudo, apesar das equipas se aproximarem do sector ofensivo,
realizam-no percorrendo caminhos diferentes, facto comprovado pela ativação de
zonas diferentes. A equipa do IM ao longo da cadeia relativa à caraterização
espacial ativa zonas do sector ofensivo, evidenciando capacidade de recorrendo aos
inícios de forma fechada chegar ao sector ofensivo. Por sua vez a equipa do RM
ativa zonas do sector médio ofensivo.
No que concerne aos contextos de interação evidenciam alguma estabilidade. Este
facto contaria os resultados averiguados por Barreira (2006), quando refere padrões
relativos ao contexto de interação que não sejam estáveis para além do
comportamento imediatamente a seguir à recuperação da posse de bola, com
exceção para a recuperação de bola por ação do guarda-redes. No caso, por nós
estudado, também as interceções por interrupção regulamentar a favor ativam
contextos de interação estáveis.
Nenhum dos inícios ativa condutas de final do PO, coadjuvando a demonstrar a
dificuldade causal entre o início e o final do ataque rápido, como foi verificado por A.
Silva, (2004).
António Barbosa Capítulo III
232
Comparativamente aos inícios de forma aberta, inferimos a existência de padrões
conduturais mais longos e com mais condutas excitadas. Os resultados relativos aos
desenvolvimentos, demonstram que a equipa do RM emprega de forma mais
sistemática os inícios de forma fechada. Pensamos que a equipa utiliza a inícios
sem intervenção direta do adversário, sobre a bola, para iniciar o PO de forma
modelar, recorrendo ao desenvolvimento de ações de conhecimento geral da
equipa.
Condutas de desenvolvimento de PO.
Procederemos à síntese comparativas das condutas de desenvolvimento
concernentes ao MJO, ataque rápido. Procuramos interpretar e estabelecer uma
relação entre os contextos espaciais ativados e as condutas critério
desenvolvimentos. Dissociaremos as condutas atendendo à caraterização espacial
retrospetiva, com a finalidade de enquadrar comportamentos, juntamente com as
zonas do terreno de jogo. Como foi mencionado por A. Silva (2004) o
comportamento dos jogadores e das equipas não é o mesmo na proximidade da sua
baliza ou da baliza adversária assim, como serão também certamente diferentes, os
meios (condutas/ações) adotados para resolver os problemas com que se
confrontam numa e noutra situação.
Partindo destas premissas agruparemos e interpretaremos os resultados verificando
três contextos distintos:
i) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos aos sectores
defensivo e médio defensivo:
a. Na equipa do IM os desenvolvimentos que ativam retrospetivamente
zonas do campo correspondentes a estes sectores são passe longo (Dpl),
duelo (Ddu), intervenção do adversário sem êxito (Dia) e condução (Dcd);
b. Por sua vez na equipa do RM são os desenvolvimentos por passe longo
(Dpl), duelo (Ddu), condução (Dcd) e passe curto/médio (Dpc).
Como dissertamos, no MJO, CA, em relação ao ataque rápido, os resultados
também indicam a ligação entre a ativação de zonas referentes aos sectores
defensivo e médio defensivo com as condutas objeto desenvolvimentos Dpl e Dcd.
António Barbosa Capítulo III
233
Quanto à conduta critério desenvolvimento através de passe longo averiguamos que
ativa finais com categorias distintas. Na equipa do IM verifica-se a ativação de final
com recuperação da posse de bola pelo adversário. Por sua vez, na equipa do RM,
deparamo-nos com o final com insucesso, devido a infrações às leis de jogo. Parece
que as equipas utilizam estes desenvolvimentos com o intuito de fazer chegar a bola
dos sectores mais recuados até aos sectores mais ofensivos. Supomos que a
utilização de um ou outro desenvolvimento depende do método defensivo utilizado
pelo adversário e dos movimentos ofensivos realizados pelos colegas de equipa. Em
relação ao desenvolvimento Ddu, julgamos que a ativação deste desenvolvimento
está associada à progressão no terreno e à oposição causada pelo adversário, em
estreita relação com a conduta passe longo. Relativamente a conduta Dia
consideramos que demonstra a capacidade que a equipa do IM possui em ganhar
segundas bolas nos sectores mais defensivos.
ii) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos sector médio
ofensivo e ofensivo:
a. Na equipa do IM poderemos observar que os desenvolvimentos que
ativam retrospetivamente zonas do campo correspondentes a estes sectores
são o desenvolvimento por drible (Ddr), intervenção sem êxito do adversário
(Dia), cruzamento (Dcz) e remate (Dre);
b. Na equipa do RM os desenvolvimentos que ativam retrospetivamente
zonas do campo correspondentes a estes sectores são drible (Ddr),
intervenção do adversário sem êxito (Dia), ação do guarda-redes da equipa
adversária (Dgra), remate (Dre), cruzamento (Dcz) e receção/controle (Drc).
Em relação às condutas que ambas as equipas ativam, apuramos Ddr, Dia, Dcz e
Dre. As condutas excitadas, acreditamos que demonstram clarividência ofensiva, ou
seja ativação de condutas de risco em zonas onde a equipa “poderá37” e “deverá38”
adotar medidas de risco. Quando considerada a conduta critério drible, constatamos
que a equipa do RM ativa situações de pré-finalização, como remate e cruzamento,
assim como uma situação de final com sucesso. A equipa do IM ativa uma situação
de pré-finalização. A equipa do RM evidencia maior sucesso e objetividade na
utilização da conduta critério. Não verificamos qualquer relação entre o final do PO
37 Atendendo à distância que se encontra da sua baliza, e número de jogadores que à partida terá atrás da linha da bola. 38 Devido essencialmente a relação de inferioridade numérica.
António Barbosa Capítulo III
234
com obtenção de golo e as ações de cruzamento ou remate. No caso da conduta
Dia, somos levados a pensar que deriva da ativação das condutas anteriormente
referidas. Ou seja como são condutas de risco prevê-se que o adversário também
consiga tocar na bola em algum momento. No caso da conduta Drc parece-nos que
este facto se deve à sua utilização para preparação de uma conduta de risco,
orientando a bola para posteriormente desenvolver a ação. O desenvolvimento do
processo ofensivo, com Dgra, ativa, na equipa RM, prospetivamente o final com
obtenção de golo. Na equipa do IM não ativa qualquer conduta. Pensamos que se
trata de uma evolução estratégica, com implicações no processo de treino e que
atende às caraterística dos jogadores. Os resultados expõem a importância da
colocação dos jogadores nas segundas bolas, ou seja, depois de a equipa rematar
ou cruzar a baliza adversária.
iii) Não ativação de qualquer zona de campo:
a. Na equipa do IM poderemos verificar que os desenvolvimentos que não
ativam retrospetivamente qualquer zona são passe curto/médio (Dpc),
receção/controle (Drc) e ação do guarda-redes da equipa adversária (Dagr);
b. Na equipa do RM poderemos verificar que os desenvolvimentos
verificam sempre a ativação retrospetiva de uma zona do campo. Exceção
feita para a conduta desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa
em fase ofensiva (Dgr).
No caso da CC Dgr como referimos no MJO CA consideramos que a ativação da
conduta não reflete qualquer ganho para o MJO em estudo, deriva dai a sua não
ativação. Em relação a equipa do IM a não ativação de nenhuma zona específica
relativamente às condutas Drc e Dpc, sugere-nos que os desenvolvimentos são
utilizados em várias zonas do campo, quer perto quer longe da sua baliza. Como
referimos no contra-ataque o facto de serem desenvolvimentos que permitem
segurança ao processo a sua utilização reveste-se de maior flexibilidade em
qualquer zona de campo. Em relação ao Dgra não se verificou ativação de qualquer
conduta objeto.
A equipa do RM, de facto, parece evidenciar uma tendência de correlação entre a
execução das condutas objeto conforme a zona do campo em que a equipa joga. No
que concerne, à conduta ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva,
António Barbosa Capítulo III
235
julgamos que este resultado se deve ao facto de ser escassas vezes solicitada a sua
intervenção no PO.
Como também foi referido para o MJO, CA, os resultados levam-nos a excogitar
que, a equipa do RM, evidencia maior sistematização nos desenvolvimentos,
atendendo à zona do campo onde se desenvolve a ação.
Assim reiteramos a possibilidade de a ativação dos referidos desenvolvimento serem
devido a indicações tático-técnicas, nesse caso estamos perante diferenças
dissociadoras no MJO, AR.
Condutas de final de PO com sucesso.
Pretendemos verificar a possibilidade de pontos em comum entre equipas e finais do
processo com sucesso. Constatamos que as equipas ativam poucos contextos
espaciais. Nenhum dos contextos ativados é relativo a zona 11. Não apuramos a
ativação de nenhuma conduta relativa ao início do PO. Analisando os
desenvolvimentos excitados constatamos a heterogeneidade nas condutas objeto.
Com exceção do final do PO tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de
forma controlada, onde poderemos verificar a ativação de desenvolvimentos iguais
nos últimos dois retardos.
Interpretando as condutas espaciais excitadas, apenas o RM ativa zonas do campo
e são zonas relativas aos corredores laterais. Há ainda a ativação da direção,
sentido e altura do passe. A equipa do RM ativa mais condutas critério do que a
equipa do IM, mas quando a conduta objeto é Fgl, ativa o mesmo número de
condutas. Nos finais com obtenção de golo, as equipas ativam padrões curtos e
diferentes.
Atendendo aos resultados referidos, os finais com remate ou com obtenção de golo
demonstram maior imprevisibilidade, comparativamente ao final com o portador da
bola, atingindo o quarto ofensivo de forma controlada. Poderemos evidenciar a falta
de pontos em comum entre os finais com exceção do final com o portador da bola
atingindo o quarto ofensivo de forma controlada, onde constatamos a ativação dos
desenvolvimentos Ddr e Dre. Assim parece-nos que se estabelece uma relação
António Barbosa Capítulo III
236
entre os finais no MJO ataque rápido e as condutas ativadas, quanto maior a
possibilidade de finalização com sucesso menor a previsibilidade.
Condutas de final de PO sem sucesso.
Com o intuito de procurar estabelecer relações entre as condutas passaremos à sua
análise.
A análise retrospetiva, dos desenvolvimentos que antecedem os finais com
insucesso, constata que as equipas ativam condutas diferentes.
Não encontramos a ativação de nenhuma conduta relativa aos inícios.
Dissecando os desenvolvimentos na equipa do IM verificamos a ativação das
condutas Dcd (condução), Dpl (passe longo), Ddu (duelo), Dia (intervenção sem
êxito do adversário). Relativamente às últimas três condutas mencionadas
identificamos o risco inerente de final do PO. A ativação de Dcd verifica-se no
retardo -3 que evidencia alguma distância para a CC.
Por sua vez, a equipa do RM excita as condutas Dia, Dpl, Dpl, Dpl e Dcz. Os
desenvolvimentos ativados em particular, Dia e Dpl parecem ser associados a
condutas de insucesso, pretendemos referir a correlação entre a ativação das
condutas e o final do PO. A ativação dos desenvolvimentos Dcz sugere-nos ser
associada a ações em que a equipa consegue cruzar mas o adversário ganha a
posse de bola, devido à intervenção do guarda-redes ou corte da defesa adversária.
Em relação aos contextos de interação ativados, a equipa do IM ativa contextos
nestes três finais, (igualdade pressionada, inferioridade relativa e inferioridade
absoluta, na equipa do IM os contextos referidos poderão relacionar-se com o
insucesso nos finais). Por sua vez o RM excita contextos apenas num final. Somos
persuadidos a considerar que a equipa do RM expõe maior mobilidade ofensiva
motivando maior instabilidade nos contextos, não averiguando a relação entre o
insucesso no PO e o contexto numérico.
António Barbosa Capítulo III
237
As equipas ativam a direção do passe para a frente, em finais desiguais. Atendendo
ao jogo e à sua realidade afigura-se uma ação lógica, evidenciando a tentativa de
aproximação à baliza adversária.
3.3.2.2.3 - MJO ataque posicional
Padrões de jogo encontrados para as condutas de início do processo ofensivo.
Procedemos ao estudo das categorias início do PO, com a amostra respeitante ao
ataque posicional, realizando uma análise prospetiva. Para esse efeito procedemos
à averiguação das condutas critério, devidamente identificada nas tabelas, patentes
neste ponto, tendo como condutas objeto desenvolvimento do PO, final do PO,
direção e sentido do passe, altura do passe, ritmo de jogo, caraterização espacial e
centro de jogo.
Condutas de início de PO de forma aberta.
Conduta critério: início do ataque posicional por interceção (Ipi).
Na tabela 62 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por interceção.
Tabela 62 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início por interceção. Conduta Critério Início do processo ofensivo por Interceção (Ipi)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
--- Dcd (2.56) Drc (2.05)
--- --- ---
Z5 (3.04) Z5 (2.24) Z3 (2.26) Z8 (3.04)
--- ---
Real Madrid
Dcd (2.22) Pr (2.15)
Dgr (2.27) Pdf (2.93)
--- Ddr (2.25) Pdf (2.75)
Dcd (2.18) Pdf (2.46)
--- Z2 (2.63) Z5 (2.22)
Z2 (2.00) --- ---
Da análise dos resultados alusivos à equipa do IM, encontramos a ativação dos
contextos desenvolvimento por condução de bola e receção/controle. As condutas
espaciais demonstram ativação no corredor central SMD e SMO, e no corredor
lateral direito SD.
Por sua vez os resultados concernentes à equipa do RM evidenciam a ativação das
condutas comportamentais: condução de bola, intervenção do guarda-redes da
António Barbosa Capítulo III
238
equipa em fase ofensiva, drible e condução de bola. As condutas espaciais ativadas
revelam a excitação do corredor central dos SD e SMD e a ativação do passe raso.
Poderemos ainda verificar a ativação da conduta passe para a frente ativada no
retardo 2, 4 e 5.
Os resultados expostos na tabela indicam-nos que as equipas valem-se com maior
frequência a ações individuais, após a recuperação da posse da bola, para
ultrapassar a primeira linha de pressão adversária. Porém as diferenças são
expressivas. E equipa do IM excitação a condução por sua vez o RM ativa ao longo
de três retardos condutas individuais. As equipas recuperam a posse de bola no
corredor central, como aferido por J. Lopes (2007), para atingir esse objetivo fecham
os espaços inter e entre linha. Comparativamente aos restantes MJO em estudo o
RM sugere-nos procurar a recuperação da posse de bola no SMD. Há a ativação do
desenvolvimento por condução de bola, parece indicar que o primeiro objetivo,
depois de uma recuperação de bola por interceção, será atacar o espaço
procurando progredir no terreno de jogo. Posteriormente à ativação dessa conduta
objeto e de acordo com variáveis como: recolocação do adversário (MJD), linhas de
passe (referentes ao PO), resultado/tempo de jogo, estratégia de jogo, …., a equipa
adequa-se ao PO (p.70,figura16).
Enquadrando os desenvolvimentos excitados e o tipo de MJO, julgámos que depois
de recuperar a posse da bola as equipas procuram ganhar tempo/espaço para
desenvolver o momento de transição defesa-ataque de forma organizada, indo de
encontro a um dos princípios do ataque, o espaço. Atendendo ao somatório da
informação, zonas de campo e desenvolvimentos, parece-nos que o IM busca
circular a bola em zonas mais ofensivas valendo-se a ações de passe e condução.
O RM procura tirar a bola de pressão passando para o GR e circulando a bola em
sectores mais defensivos.
Conduta critério: início do ataque posicional por desarme (Ipd).
Na tabela 63 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por desarme.
António Barbosa Capítulo III
239
Tabela 63 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início por desarme.
Conduta Critério Início do processo ofensivo por desarme (Ipd)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Dpc (2.58) Ppl (2.02)
---
Dcd (2.31)
---
Ddu (2.64)
--- Z1 (2.64) Z1 (3.76) Z1 (2.64) ---
Pir (2.52) --- --- --- ---
Real Madrid
Pfr (2.11)
Dcd (2.97) Rjr (3.27) Pdf (2.93)
Rjr (2.53)
--- ---
Z1 (2.67) --- --- --- ---
Os desenvolvimentos excitados na equipa do IM foram passe curto/médio, condução
de bola e duelo. Aferimos a ativação do corredor lateral esquerdo relativo ao SD. O
contexto numérico ativado representa um centro de jogo com inferioridade relativa.
Por sua vez, os resultados da equipa do RM, evidenciam a ativação da conduta
comportamental condução de bola (também apurado no ataque rápido), ao nível do
retardo 2. Há ainda a excitação de um ritmo de jogo rápido. Ativam-se o passe para
a frente e passe lateral para a frente. A conduta espacial excitada aponta a utilização
do corredor lateral esquerdo do SD.
Os desenvolvimentos descritos, vão parcialmente ao encontro dos registados por
Barreira (2006) que identificou a ativação de soluções coletivas. Apesar dos
desenvolvimentos serem diferentes cogitamos que as condutas direção de passe
anunciam a procura das equipas em recorrer a soluções coletivas.
Este estudo evidencia igualmente a ativação da conduta individual, em especial a
condução. A. Silva (2004) expôs a ativação do desenvolvimento por condução, após
a recuperação por desarme.
Supomos que no modelo de jogo ofensivo, quando as equipas recuperam a posse
de bola, não existindo interrupções no PO, estas valem-se da condução. Devemos
juntamente alertar para a ativação de condutas relacionadas com o passe
curto/médio, aspeto que não se verifica no contra-ataque e ataque rápido.
Atendendo a todos os elementos expostos na tabela 63, consideramos que este
facto se deve ao propósito da utilização do passe, não com a finalidade de atingir a
baliza adversária mas sim com o objetivo de retirar a bola de pressão e, com esta
ação, ganhar tempo, no momento de transição (executando-a de forma lenta mas
António Barbosa Capítulo III
240
controlada) permitindo a reorganização ofensiva da equipa. Averbamos as
diferenças entre equipas e MJO não se registando a excitação de nenhuma conduta
objeto transversal, quer ao MJO quer às equipas.
Condutas de início de PO de forma fechada.
Conduta critério: início do ataque posicional por ação do guarda-redes (Ipgr).
Na tabela 64 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por ação do guarda-redes.
Tabela 64 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início por ação do GR. Conduta Critério Início do processo ofensivo por ação do GR (Ipgr)
Análise prospetiva
R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Dpc (2.45) Pdf (2.02)
Dcd (2.66)
--- --- ---
Z1 (3.94) Z3 (2.83)
Z4 (2.01) --- --- ---
Real Madrid
Ddu (2.05) Pdf (2.86) Pma (2.23)
--- Pal (2.36)
--- ---
Z2 (4.94) --- Z1 (2.04) Z6 (2.84)
Z8 (2.88) ---
--- Spsr (2.70) Spsr (2.61) --- ---
Através da análise da tabela acima patente, apuramos que a equipa do IM excita o
desenvolvimento por passe curto/médio. Direção do passe para a frente. As
condutas espaciais atestam a ativação dos corredores laterais do SD e SMD. Os
resultados corroboram estudos realizados anteriormente por vários autores J. Lopes
(2007), Ramos (2009) e A. Silva (2004), ou seja a ativação de desenvolvimentos que
permitem segurança ao MJO juntamente com a ativação de zonas relativas ao SD e
SMD. Estes resultados diferem também do verificado no presente estudo nos MJO
CA e AR.
Por sua vez, o RM desencadeia prospetivamente a conduta desenvolvimento
através de duelo, existindo a ativação do passe para a frente e passe a meia altura,
posteriormente no retardo 3 há a excitação do passe alto. A ocorrência de zonas
espaciais ativadas, reporta-nos para os corredores centrais do SD e SMO e os
corredores laterais do SD e SMD. Os contextos numéricos excitados declaram
relações de superioridade relativa. No que concerne às zonas do campo verifica-se
na equipa do IM excita diferentes zonas referentes ao SD, por sua vez o RM ativa a
António Barbosa Capítulo III
241
zona 2, pensamos que demonstra menor raio de intervenção do GR.
Os resultados comprovam condutas distintas, o IM vai de encontro ao verificado na
literatura, por sua vez o RM distingue-se ao não ativar desenvolvimentos
relacionados com a segurança no MJO. O único desenvolvimento ativado representa
uma ação de incerteza na posse de bola.
Procedendo à interpretação possível dos resultados, afigura-se que a equipa do IM
procura jogar de forma curta e apoiada, em sectores recuados do campo. Atendendo
à conjetura consideramos que o RM busca zonas do campo e relações contextuais
que facultam o desenvolvimento do processo ofensivo em segurança. Contudo a
análise às condutas altura do passe, evidencia comportamentos que poderão levar a
pressão por parte do ADV.
Conduta critério: início do ataque posicional por interrupção regulamentar a
favor (Ipera).
Na tabela 65 encontramos os padrões detetados, através da análise prospetiva, para
a conduta critério de início do processo ofensivo por interrupção regulamentar a
favor.
António Barbosa Capítulo III
242
Tabela 65 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério início por interrupção regulamentar a favor. Conduta Critério Início do processo ofensivo por interrupção regulamentar a favor (Ipera)
Análise prospetiva R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
Inter Milão
Drc (4.45) Dpc (3.32) Drc (3.73) --- ---
Spsr (2.28) --- --- --- ---
Real Madrid
--- Ddu (2.11) Ppt (3.97)
--- --- ---
Z9 (3.09) Z10 (2.11)
Z10 (2.59) Z10 (2.10) --- ---
Pir (2.11) --- --- --- ---
Quanto à equipa do IM poderemos descriminar a ativação dos padrões
desenvolvimento por passe curto/médio, receção/controle (também se verifica no
MJO CA), passe curto/médio e receção/controle. Averiguamos ainda ativação da
conduta contextual superioridade relativa.
Por sua vez, o RM ativa o desenvolvimento por duelo. As condutas espaciais
ativadas são contingentes ao corredor lateral esquerdo do SO e do corredor lateral
direito do SMO (também verificadas no MJO AR). Verifica-se a ativação do centro de
jogo em inferioridade numérica e a excitação do passe direcionado para trás.
Assim as equipas do IM e do RM desencadeiam condutas díspares (dentro do MJO
e entre equipas). A equipa do IM parece procurar realizar ações de grande
segurança ofensiva jogando a bola a dois toques e valendo-se do passe
curto/médio. Atendendo à relação numérica leva-nos a achar que procura circular a
bola entre os seus defensores. Por sua vez o RM evidencia grande variabilidade de
desenvolvimentos e a única conduta ativada tende a um confronto aéreo. Há
repetida ativação do jogo no corredor esquerdo do SO. Assim, procurando
interpretar os resultados, calculamos que a equipa do IM busca desenvolver o
ataque seguindo o desenvolvimento através de jogo apoiado. Por sua vez a equipa
do RM procurar desenvolver o ataque atendendo ao corredor onde ambiciona jogar.
Conduta critério: recuperação da posse de bola por golo do adversário (Ipga).
Nas equipas em estudo não verificamos nenhum início devido a conduta critério em
estudo. A especificidade do início limita à ocorrência da PO.
António Barbosa Capítulo III
243
Padrões de jogo encontrados para as condutas de desenvolvimento do
processo ofensivo.
Como definido nos MJO contra-ataque e ataque rápido, procedemos ao estudo das
categorias desenvolvimento do PO tendo por base uma análise retrospetiva-
-prospetiva.
No estudo, averiguamos as relações das condutas início do processo ofensivo, de
forma retrospetiva e o final do processo ofensivo consideramos de forma prospetiva.
Nas restantes condutas analisadas, procedemos à verificação da sua ativação antes
(retrospetivamente) e depois (prospetivamente) do desenvolvimento da conduta
critério. Como tal, realizamos a verificação das condutas critério, devidamente
identificada nas tabelas, expostas neste ponto, tendo como condutas objeto início do
PO, desenvolvimento do PO, final do PO, direção e sentido do passe, altura do
passe, ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por passe curto/médio
(Dpc).
Na tabela 66 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
passe curto/médio.
António Barbosa Capítulo III
244
Tabela 66 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe curto/médio.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe curto/médio (Dpc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Ipd (2.58)
Ipgr (2.45)
Dcd (5.51)
Drc (18.10)
Rjl (7.18) In
ter
Milã
o
Dcd (5.58) Drc (20.83) Rjl (5.55)
--- --- --- ---
--- --- --- --- --- Z1 (2.05)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Spsr (2.36)
Spsr (4.01)
--- --- --- ---
--- Ppt (2.39)
Rjl (2.83)
Pfr (2.26)
Rjl (3.76)
Dpc (16.78)
Ppt (3.83)
Ppl (3.34) Pr
(2.78) Rjl
(5.35)
Dcd (4.78)
Drc (20.09)
Dgr (2.78)
Pfr (2.99)
Rjl (6.09)
Rea
l M
ad
rid
Fpga (2.54) Fbad (2.17) Drc (29.60) Dgr (3.31) Ppl (2.35) Rjl (4.45)
Fsoc (2.34) Pfr (2.81) Rjl (2.02)
Rjl (3.17) Ppl (2.97)
Pfr (3.73)
---
--- --- Z5 (2.01)
--- Z5 (2.62)
Z8 (3.30)
Z5 (3.20) Z9 (3.23)
--- --- --- ---
--- Spsr (2.71)
Spsr (2.63)
Pip (2.95) Spsr
(2.35)
Spsr (2.65)
Pip (4.23) Spinp (2.20) Spsr (3.04)
Pip (2.54)
Spsr (2.04)
--- Spsr (2.52)
Relativamente à equipa do IM, dissecando as condutas ativadas retrospetivamente,
poderemos encontrar a ativação do início através de desarme e simultaneamente o
início através da recuperação da posse de bola por ação do guarda-redes. Há a
ativação das condutas desenvolvimento através condução e receção/controle. A
conduta contextual excitada evidencia uma superioridade relativa. Prospetivamente
aferimos a ativação das condutas desenvolvimento por condução e receção/controle
(conduta com maior força de coesão), com a excitação do corredor lateral esquerdo
do SD. A conduta contextual ativada reporta-nos para uma situação de
superioridade relativa.
Por sua vez, retrospetivamente, o RM desencadeia as condutas desenvolvimento
através de passe curto/médio, receção/controle (conduta com maior força de
António Barbosa Capítulo III
245
coesão), condução e desenvolvimento com intervenção do guarda-redes da equipa
em fase ofensiva. Espacialmente, há a ativação de zonas do corredor central
referentes ao SMD e SMO. Os contextos de interação excitados relacionam-se com
superioridade numérica relativa e igualdade pressionada. Podemos encontrar a
ativação de passes com direção para trás e para a frente, assim como a ativação de
um ritmo de jogo lento. Prospetivamente deparamos com a ativação de finais com
passe para dentro da área adversária e final com o portador a atingir o sector
ofensivo de forma controlada. As condutas comportamentais ativadas são
receção/controle e desenvolvimento com intervenção do guarda-redes da equipa em
fase ofensiva. As condutas espaciais apontadas, situam no corredor central do SMD
e no corredor lateral direito do SMO. As relações contextuais excitadas registam
contextos de superioridade relativa e igualdade não pressionada. Há, por último, a
ativação de passes altos para a frente e um ritmo de jogo lento.
Os resultados obtidos pela equipa do IM vão de encontro aos estudos realizados
precedentemente (Barreira, 2006; J. Lopes, 2007; A. Silva, 2004), verificando-se
que, no processo ofensivo em estudo, as equipas registaram um padrão de conduta
curto, quer retrospetivamente quer prospetivamente, aplicando-se a todas as
condutas.
Em comum, patentearam que a conduta com maior força de coesão é o
desenvolvimento por receção/controle, tanto retrospetivamente como
prospetivamente. Aferimos um padrão condutural curto, onde a circulação de bola é
realizada de forma mais regular, recorrendo à segurança do PO atendendo à
ativação da conduta objeto Drc. Esta situação é corroborada pelo estudo de Barreira
(2006), A. Silva (2004), quando referem uma relação entre os desenvolvimentos. O
ritmo de jogo lento ativado, parece indicar uma circulação de bola lenta, consentindo
que a equipa descanse com a posse de bola, dominando e controlando o jogo,
impondo um ritmo de jogo lento.
Atendendo ao contexto espacial e ao centro de jogo, julgamos que as equipas
procuram circular a bola nos sectores defensivos, mas a equipa do RM realiza estas
condutas de forma mais consistente.
António Barbosa Capítulo III
246
A equipa do RM evidencia um padrão condutural longo, com especial atenção na
direção do passe, que se mostra diversificado e representa ações de circulação da
posse de bola. Os resultados levam-nos a supor que a utilização desta conduta
critério, permite controlar o ritmo de jogo através de uma circulação de bola, com
direção diversificada e desenvolvimento de forma segura. Segundo Castelo (1994),
em partidas onde as duas equipas têm valores idênticos, a vitória é decidida pela
capacidade de uma equipa impor o seu ritmo de jogo. Excogitamos que a ativação
da direção do passe se relaciona com a capacidade da equipa para impor o ritmo de
jogo.
Depois da análise dos jogos e dos resultados expostos, supomos que o padrão
condutural longo verificado na equipa do RM está associado a períodos dos jogos
onde a equipa procura controlar, com posse de bola, valendo-se da sua circulação.
Denota-se a relação entre a CC e os finais oriundos da ação de passe.
No que se refere à comparação entre os MJO já estudados, poderemos verificar
poucos pontos em comum, sendo mais visível a divergência entre eles.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por passe longo (Dpl).
Na tabela 67 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
passe longo.
António Barbosa Capítulo III
247
Tabela 67 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por passe longo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por passe longo (Dpl)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- Dpc (3.28)
Drc (3.17)
Dpc (2.64)
Dcd (3.58)
Drc (2.28)
Inte
r M
ilã
o
Flj (2.07) Dcd (3.94) Ddu (2.51) Pma (2.02) Rjl (2.08)
--- --- --- ---
--- --- --- Z4 (2.40)
--- Z10 (2.42)
Z9 (3.35)
--- --- ---
--- --- --- --- Spsr (2.26)
--- --- --- --- ---
Dcd (2.17)
Dpc (2.39)
Rjl
(2.43)
Drc (2.71)
Rjl
(2.28)
Dpc (3.76)
Ppt (2.59)
Rjl (2.21)
Dcd (3.83)
Drc (5.16)
Rjl (1.99)
Rea
l M
ad
rid
Drc (7.25) Ddu (4.73) Pma (2.13)
Pdf (2.37)
--- --- ---
Z2 (3.02)
--- Z5 (2.00)
Z3 (2.00)
Z4 (2.63)
Z6 (3.63)
Z3 (3.19) Z4 (2.37) Z6 (2.32)
Z6 (3.26)
--- --- ---
--- --- --- --- Spsr (2.97) Spsa
(3.10)
Spsr (4.25)
Spsr (3.56)
--- --- ---
No que se refere aos resultados retrospetivos da equipa do IM, encontramos a
ativação das condutas desenvolvimento por passe curto/médio, receção/controle,
passe curto/médio, receção/controle e condução. Certificamos a ativação da conduta
espacial, localizada no corredor lateral esquerdo do SMD. Terminando a análise
retrospetiva, aferimos a ativação da relação contextual de superioridade relativa.
Analisando prospetivamente, há a excitação do final do PO devido a infrações à lei
de jogo e a ativação dos desenvolvimentos referentes a ações de duelo e de
condução de bola. A excitação das condutas espaciais respeitantes ao corredor
lateral esquerdo do SMO e ao corredor lateral direito do SO. Havendo ainda a
ativação de ritmo de jogo lento e passe a meia altura.
Os resultados relativos à equipa do RM indicam retrospetivamente, a excitação das
condutas comportamentais desenvolvimento por condução, passe curto/médio,
receção/controle, passe curto/médio, receção/controle e condução. No que concerne
às condutas espaciais ativadas estas correspondem a zonas do campo do SD e
António Barbosa Capítulo III
248
SMD. Encontramos as condutas contextuais de superioridade relativa e
superioridade absoluta. Há a ativação de um ritmo de jogo lento, com cadeia longa
que se inicia no retardo -4 e termina no retardo -1. Prospetivamente conferimos a
ativação das condutas comportamentais receção/controle e duelo. As condutas
espaciais excitadas são referentes aos corredores laterais do SMD e SD. As
condutas contextuais são referentes a situações de superioridade relativa. Devemos
referir a ativação das condutas passe a meia altura e passe direcionado para a
frente.
Tendo em atenção os resultados supramencionados, averiguamos a ocorrência de
ativação de condutas distintas, na utilização do passe longo, no ataque posicional. O
IM parece recorrer à conduta critério para imprimir um câmbio vertical ao jogo (jogar
em profundidade), a equipa recorre ao passe longo com a finalidade de jogar no SO
(padrão de comportamento associado a ativação de finais com insucesso). Este
facto vai de encontro ao verificado por J. Lopes (2007), quando constatou a ativação
retrospetiva de zonas do SD e prospetiva do SO. Há a excitação do final devido a
infrações às leis do jogo. Assim, o final difere do referido por Laranjeira (2009),
quando verificou maior eficácia ofensiva através do jogo vertical e profundo.
Também J. Lopes (2007), constatou a tendência para recorrer ao passe longo na
vertical.
A equipa do RM, julgamos que aproveita-se do passe longo com o intuito de mudar
de corredor lateral de jogo em segurança, pretendendo a circulação através de
zonas mais recuadas e em situação de superioridade numérica, promovendo a
alteração dinâmica do jogo, explorando a largura dada pelos jogadores da sua
equipa, obrigando à reorganização defensiva adversária. A conduta critério adquire
diferentes funções atendendo ao MJO.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por condução (Dcd).
Na tabela 68 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
condução.
António Barbosa Capítulo III
249
Tabela 68 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por condução.
Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por condução (Dcd)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dpc (5.58)
Dpl (3.94)
Pdf (3.03)
Inte
r M
ilã
o
Dpc (5.51) Dpl (3.58) Ddr (2.83) Dcz (2.02)
--- --- --- ---
Z1 (2.28)
Z4 (2.27)
--- Z1 (2.15)
Z5 (2.23)
Z2 (3.21)
Z5 (2.90)
Z9 (2.42)
Z10 (2.40)
--- --- ---
Spsr (2.50)
--- Spsa (3.46)
--- Spsr (2.20) Spsa
(3.35)
Spinp (2.79) Spsa (2.60)
--- Spinp (2.21)
--- ---
--- ---
Pal (2.30)
Ipd (2.97)
Pdf (2.61)
Pal (3.08)
Rjr (2.57)
Ipi (2.22)
Drc (2.96)
Ddr (2.49)
Pdf (4.83)
Pr (2.30)
Rjr (2.70)
Rea
l M
ad
rid
Dpc (4.78) Dpl (3.83) Ddr (6.39) Dcz (2.74) Pal (2.84)
--- --- --- ---
Z5 (2.31)
--- Z3 (4.35)
Z3 (3.54)
--- Z10 (2.82)
Z12 (3.36)
--- Z12 (2.46)
---
--- --- --- --- --- Pir (5.69)
--- --- --- ---
Nos resultados respeitantes à equipa do IM, retrospetivamente encontramos
desenvolvimentos por passe curto/médio ou passe longo, ativando igualmente o
sentido do passe para a frente. As condutas espaciais, anunciam um padrão longo e
identificam a excitação do corredor central e do corredor lateral esquerdo dos SD e
SMD. As condutas contextuais atestam relações numéricas de superioridade
absoluta e relativa, como verificado por J. Lopes (2007), quando expõe a excitação
da relação de superioridade relativa ao nível do retardo -1. Prospetivamente,
verificam condutas de desenvolvimento por passe curto/médio (padrão com maior
força de coesão), passe longo, drible e cruzamento (os desenvolvimentos ativados
no retardo 1 são iguais aos expostos no ataque rápido). As condutas espaciais
ativadas são relativas aos corredores laterais, corredor lateral esquerdo do SMO e
corredor lateral direito do SO. Existindo ainda condutas contextuais igualdade
pressionada e superioridade absoluta.
António Barbosa Capítulo III
250
Na equipa do RM, retrospetivamente poderemos encontrar a ativação das condutas
iniciais através de interceção da bola e recuperação por desarme. Há ainda as
condutas desenvolvimento por receção/controle e drible. As condutas espaciais
correspondem ao corredor lateral direito SD e corredor central do SMD.
Constatamos a excitação de ritmo de jogo rápido e ativação de passe para a frente.
Prospetivamente, há condutas de desenvolvimento por drible (conduta com maior
força de coesão), passe curto/médio, passe longo. Existe a excitação do passe alto.
As condutas espaciais ativadas são referentes aos corredores laterais do SO.
Verifica-se a ativação do contexto por igualdade pressionada como referido por J.
Lopes (2007), quando afere a ativação do contexto ao nível do retardo 1.
Através da análise dos resultados, retrospetivamente, concluímos que as equipas
efectuam desenvolvimentos com finalidades distintas. O IM recorre a ações de
envolvência coletiva excitando o passe e o sentido do mesmo; no entanto, o RM
ativa ações de caráter individual e coletivo. Em relação aos contextos espaciais
ativados retrospetivamente, as equipas ativam os SD, SMD. Prospetivamente ativam
os mesmos desenvolvimentos, sendo associados a ações de pré-finalização. Este
resultado vai de encontro ao narrado por A. Silva (2004), quando expõe a ativação
prospetiva dos desenvolvimentos por drible e cruzamento.
Como elementos dissociadores, por parte da equipa do RM, constata-se
retrospetivamente a ativação dos inícios de forma aberta, o ritmo de jogo rápido e a
não excitação de centros de jogo. Prospetivamente, apuramos que a equipa do RM
ativa passe alto e o contexto de inferioridade numérica, não havendo a ativação da
altura do passe; registando-se ativação de contexto de superioridade numérica, na
equipa do IM.
Considerando o supramencionado, em especial os contextos espaciais ativados,
cogitamos que a equipa do IM busca transportar o jogo para sectores de maior
ofensividade. A condução de bola é mormente utilizada como forma controlada de
subir no terreno de jogo. Contudo, e atendendo aos desenvolvimentos e zonas de
campo ativados prospetivamente, parece-nos também ser evidente o seu cariz de
preparação de situações de pré-finalização, com a ativação do drible e do
cruzamento. Em relação ao centro de jogo ativado, os resultados sugerem-nos que a
António Barbosa Capítulo III
251
equipa recorre à aplicação da conduta critério quando se verificam linhas de passe
disponíveis, ou quando o portador da bola não sofre pressão.
Os resultados que deparamos não vão de encontro ao aclarado por J. Lopes (2007).
A cadeia de desenvolvimento é reduzida, não se verifica retrospetivamente
excitação de nenhuma zona de campo, e prospetivamente ativa uma zona do SMO
e por quatro vezes zonas do SD. Regista-se ainda a especificidade da CC,
atendendo ao MJO em que está inserida e a equipa que a desenvolve.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por receção/controle
(Drc).
Na tabela 69, descrevemos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
receção/controle.
António Barbosa Capítulo III
252
Tabela 69 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento receção/controle.
Desenvolvimento do processo ofensivo por receção/controle (Drc)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por receção/controle (Drc)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Ipera (4.45)
Dpc (20.83)
Pr (2.95)
Rjr (5.62)
Inte
r M
ilão
Dpc (18.10) Dpl (2.28) Pfr (2.19) Rjr (4.70)
--- --- --- ---
Ppt (2.69)
---
Ppt (3.58)
Ppl (2.25)
Rjl (4.54)
Pdt (3.19)
Rjl (4.88)
Dpc (29.60)
Dpl (7.25)
Dia (2.18)
Ppl (3.77)
Rjl (4.80)
Real
Mad
rid
Frr (2.51) Dpc (20.09) Dpl (5.16) Dcd (2.96) Ddr (3.65) Pdf (2.27) Pr (3.03) Rjl (2.30)
Fpga (2.84)
Pfr (2.67)
Ppt (2.23)
---
--- --- --- --- Z4 (2.74)
Z4 (3.24)
Z6 (2.73)
Z6 (2.21)
--- ---
--- --- --- --- Spsr (2.75)
Spsr (2.11)
--- --- --- ---
Na descrição dos resultados relativos à equipa do IM reconhecemos um padrão de
estrutura linear curto onde o max-lag se situa ao nível do retardo 1 e -1.
Retrospetivamente, há a ativação do início do PO através de recuperação da posse
de bola, por interrupção regulamentar a favor. Existe a ativação das condutas passe
curto/médio, trajetória rasa e ritmo de jogo lento. Prospetivamente, verifica-se a
ativação do passe longo (conduta com maior força de coesão), passe curto/médio,
verificando-se a ativação da direção para a frente e um ritmo de jogo lento.
Por seu lado a equipa RM atesta um padrão condutural extenso, tanto
retrospetivamente como prospetivamente. Retrospetivamente, deparámo-nos com
as condutas relacionadas com a direção do passe, exercitando o passe para trás e o
passe para o lado. Os desenvolvimentos excitados foram o desenvolvimento por
passe curto/médio, passe longo e intervenção do adversário sem êxito. A conduta
critério é antecedida de ritmo de jogo lento. Prospetivamente, averigua-se final por
António Barbosa Capítulo III
253
remate e o final com passe para dentro da grande área adversária. As condutas
comportamentais ativadas são passe curto/médio, passe longo, condução e drible.
Existe a ativação do passe raso, do sentido do passe para a frente e para trás e a
excitação do ritmo de jogo lento. As zonas do campo excitadas reportam-nos para
os corredores laterais do SMD. Apuramos a excitação da conduta contextual
superioridade relativa. Os resultados referentes às condutas objeto,
desenvolvimentos e direção do passe, parecem ir de encontro a Garganta (1997),
quando refere que neste MJO a circulação de bola é realizada em profundidade e
em largura, com passes rápidos, curtos e longos alternados.
Depois de descritos os resultados, apurámos diferenças e pontos em comum,
relativos ao aproveitamento da receção/controle. Assim, reconhecemos a
especificidade da conduta, atendendo aos diferentes MJO e equipas. Em
semelhante, as equipas mostram a ativação da conduta passe curto/médio, com
maior força de coesão. Esta é excitada, tanto retrospetivamente como
prospetivamente. Estes resultados são corroborados por J. Lopes (2007), quando
estabelece a relação entre as condutas passe e receção/controle.
Em relação às diferenças mais significativas, expomos que na equipa do IM se
verifica a ativação do início do PO por uma ação de forma fechada; por sua vez, a
equipa do RM ativa situações de pré-finalização e finalização do PO. Poderemos
constatar a ativação de zonas relativas ao SMD e, paralelamente, ativação do centro
de jogo em superioridade absoluta, por parte da equipa do RM. Pensamos que a
ativação destas condutas está relacionada com períodos em que a equipa circula a
bola entre os seus jogadores do sector médio e defensivo.
Tendo em consideração os ritmos de jogo excitados, averiguamos que a equipa do
IM patenteia uma circulação rápida de bola; por sua vez, a equipa do RM, ativa um
ritmo de jogo lento. Parece-nos que a diferença entre os ritmos se reporta à forma
como a equipa gere o jogo.
Por tudo que anteriormente descrevemos, cogitamos que a aplicação da conduta
critério está associada a ações coletivas, relacionadas com o início do PO,
procurando acelerar o jogo, na equipa do IM. Por sua vez, o RM busca a
António Barbosa Capítulo III
254
organização ofensiva desejada, controlando o jogo recorrendo à posse de bola e/ou
finalização do PO.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por drible (Ddr).
Na tabela 70 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
drible.
Tabela 70 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por drible.
Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por drible (Ddr)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Pdf (2.28)
Pdf (2.47)
--- Pdf (4.55)
Rjr (2.25)
Dcd (2.83)
Inte
r M
ilã
o
Dcz (4.90)
Dre (2.37) Dia (2.14) Pdt (2.47)
Dgra (8.09)
Dia (2.62) Dgra (7.76)
---
--- --- Z8 (2.26)
Z8 (2.07)
Z10 (7.85)
Z10 (7.44) Z12 (2.94)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Spinp (3.22)
Pir (5.81) Spsa (1.98)
Pir (2.65)
--- --- ---
--- --- Pdf (3.00)
Rjr (5.34)
Pdf (5.16)
Rjr (6.65)
Dcd (6.39)
Drc (3.65)
Ddr (3.68)
Pfr (2.33)
Rjr (7.63)
Rea
l M
ad
rid
Dcd (2.49) Ddr (3.68) Dre (4.09) Dcz (7.14) Rjr (5.52)
Rjr (3.80) Ppt (3.12)
Rjr (3.56)
--- ---
--- --- --- Z7 (2.50)
Z10 (6.79)
Z12 (4.50)
Z10 (7.02) Z12 (6.07)
--- --- --- ---
--- --- Spinp (3.05)
Spinp (3.25)
Pir (3.91) Spinp (3.92)
Pir (9.85) Pia (5.09)
--- --- --- ---
Na equipa do IM encontramos, retrospetivamente, a conduta desenvolvimento por
condução, antecedida de passe para a frente e ritmo de jogo rápido. Quanto às
condutas espaciais, averigua-se a ativação do corredor central do SMO e do
corredor lateral esquerdo do SO. A excitação da conduta centro de jogo evidencia
António Barbosa Capítulo III
255
uma relação de igualdade não pressionada. Prospetivamente, apurámos a ativação
das condutas desenvolvimento por cruzamento, remate, intervenção do adversário
sem êxito, intervenção do guarda-redes da equipa adversária, intervenção sem êxito
da equipa adversária e intervenção do guarda-redes da equipa adversária. As
condutas espaciais atestam ativação dos corredores laterais do SO. As condutas
contextuais ativadas demonstram relações de superioridade absoluta e inferioridade
relativa.
A equipa do RM ativa, retrospetivamente, as condutas desenvolvimento por
condução, receção/controle e drible. Há a ativação do passe para a frente e do ritmo
de jogo rápido. As zonas excitadas são pertencentes ao corredor lateral esquerdo do
SMO e SO. Os centros de jogo reportam para relações de igualdade não
pressionada e inferioridade relativa. Prospetivamente, encontramos a ativação ao
nível do retardo 1, dos desenvolvimentos por condução, drible, remate e cruzamento
(conduta com maior força de coesão). Hà ainda ritmo de jogo rápido. As condutas
espaciais excitadas são respeitantes aos corredores laterais do SO. Existe ainda a
ativação das condutas contextuais, inferioridade relativa e inferioridade absoluta.
Em comum, ativam retrospetivamente o desenvolvimento por condução de bola.
Este resultado demonstra-se diferente do aferido por J. Lopes (2007), quando
evidencia a ativação retrospetiva da conduta receção/controle.
Se aferimos os restantes MJO em estudo, constatámos que a ativação retrospetiva
da conduta objeto desenvolvimento por condução é comum às duas equipas e aos
três MJO em estudo. Estes resultados representam a utilidade do desenvolvimento
da condução anteriormente à realização do drible.
Nas duas equipas excitão os SMO e SO retrospetivamente à execução do drible.
Este dado também foi mencionado por A. Silva (2004). Supomos que evidencia uma
tendência de segurança, procurar a criatividade e desequilíbrios em sectores
distantes da sua baliza, garantindo espaço e, consequentemente, tempo para
reorganização defensiva em caso de insucesso.
Tendo em consideração às condutas de desenvolvimento, zonas do campo e ritmo
de jogo, interpretámos que estas ações são executadas pelo próprio jogador.
António Barbosa Capítulo III
256
Atestámos também que, depois do drible, as equipas procuram mais vezes o
cruzamento (condutas com maior força de coesão), executando preferencialmente
do corredor lateral esquerdo. Atendendo ao MJO em estudo, julgámos que a
ativação da conduta cruzamento reveste-se de lógica, uma vez que a penetração
para a zona central da baliza é mais problemática comparativamente à conduta
cruzamento, devido a organização defensiva do adversário e ao maior número de
defensores envolvidos no processo.
Há ainda divergências entre as condutas ativadas. A equipa do IM consegue o
remate, demonstrando capacidade de tentar a obtenção do golo. A equipa do RM
excita o desenvolvimento por drible, retrospetivamente e prospetivamente,
juntamente com contextos de inferioridade absoluta e inferioridade relativa; no nosso
entender, a ativação desta conduta poderá familiarizar-se com as ações de 1x2 e
1x3 que os jogadores das alas encaram durante o jogo. Como temos vindo a
certificar, averbámos dissemelhanças entre as condutas objeto verificadas nos
diferentes MJO.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por duelo (Ddu).
Na tabela 71 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério desenvolvimento do processo ofensivo por duelo.
António Barbosa Capítulo III
257
Tabela 71 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por duelo.
Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por duelo (Ddu)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Dpc (2.18)
--- Dia (2.18)
Pal (3.33)
Dpl (2.51)
Pal (5.77)
Dia (7.04)
Inte
r M
ilã
o
--- --- --- --- ---
--- --- --- --- Pir (2.97)
--- --- --- --- ---
---
Rjr (2.69)
--- Ipera (2.11)
Pal (6.94)
Rjr (3.39)
Ipgr (2.05)
Dpl (4.73)
Ddu (3.25)
Dia (15.27)
Pal (6.06)
Rjr (3.00)
Rea
l M
ad
rid
Ddu (3.25) Dre (2.63) Dia (3.37) Pal (3.82) Rjr (2.50)
Flj (2.32) Dcd (2.04)
Rjr (2.16)
Dcd (2.25) Ddu (3.96)
---
--- --- --- Spsa (2.40)
Spsa (2.25)
Spsa (3.21)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Z2 (4.65)
Z11 (4.23)
Z12 (2.25)
--- --- --- --- ---
Na equipa do IM averiguamos a ativação retrospetiva de condutas desenvolvimento
por passe curto/médio, intervenção sem êxito do adversário, passe longo e
intervenção sem êxito do adversário. Constatámos ainda uma ativação de centro de
jogo em inferioridade relativa e a ativação em dois retardos do passe alto.
A equipa do RM excita, retrospetivamente, os inícios com recuperação da posse de
bola por interrupção regulamentar a favor e a recuperação da posse de bola por
ação do guarda-redes (inícios do PO de forma fechada). Os desenvolvimentos
correspondem ao passe longo, duelo e intervenção sem êxito do adversário.
Atestamos a ativação do passe alto e ritmo de jogo rápido. Os centros de jogo
ativados demonstram relações de superioridade numérica. Por sua vez as condutas
espaciais excitadas reportam-nos para o corredor central do SD, o corredor central e
o corredor direito do SO. Prospetivamente, existe a ativação da conduta final devido
a infrações às leis de jogo. Há ativação das condutas comportamentais duelo,
remate, intervenção sem êxito do adversário, condução de bola e duelo.
Encontramos a ativação do passe alto e ritmo de jogo rápido. Os centros de jogo
António Barbosa Capítulo III
258
expõem uma relação de superioridade absoluta. O duelo dá mostras de ser ativado
por si mesmo, ou seja, um desenvolvimento que ativa desenvolvimentos iguais, indo
ao encontro de estudos precedentes Barreira (2006), Caldeira (2001) e A. Silva
(2004). Tendo em consideração o centro de jogo, em particular ao facto de se
conferirem situações numéricas favoráveis, de superioridade absoluta, quer
retrospetivamente quer prospetivamente, a conduta critério representa condutas
benéficas à equipa observada. Este facto não foi identificado por Barreira (2006),
quando expõe que o duelo é procedido por situações desfavoráveis, situações de
inferioridade numérica. A ativação do final parece-nos ser devido a infrações á lei do
fora de jogo ou faltas nas disputas de bola.
Na equipa do IM há um padrão condutural longo retrospetivamente mas,
prospetivamente, não ativa qualquer conduta; este facto parece induzir à
possibilidade de uma utilização que faculte padronizar o comportamento. Ou seja, a
utilização da conduta transporta o jogo de um estado de alguma regularidade e
previsibilidade para um estado de imprevisibilidade total.
Na equipa do RM, o facto do PO em estudo ter uma duração superior a 18 segundos
e o número de jogadores envolvidos, leva-nos a pensar que as condutas de início
ativadas não terão relação direta com a conduta de final (ativada), visto a sua
proximidade ser confirmada pelos retardos ativados.
Em comum, ativam retrospetivamente o desenvolvimento por passe longo,
intervenção do adversário sem êxito e passe alto. Poderemos supor, através do
resultado obtido, que a conduta critério ativa, retrospetivamente, situações do jogo
onde, recorrendo ao passe longo, se induz uma disputa aérea.
Dissecando a tabela e o supramencionado, parece claramente evidente a diferença
de comportamentos entre a utilização da conduta em cada uma das equipas. Em
relação ao resto do estudo, a CC evidência a excitação de CO diferentes, atendendo
ao MJO em estudo.
António Barbosa Capítulo III
259
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por remate (Dre).
Na tabela 72 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
remate.
Tabela 72 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por remate.
Desenvolvimento do processo ofensivo por remate (Dre)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por remate (Dre)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- Ddr (2.37)
Dia (2.23)
Pdt (2.22)
Dia (2.27)
In
ter
Milã
o
Fsoc (2.14) Dia (3.48) Pma (3.16)
Fgl (2.07)
--- --- ---
--- --- Z11 (4.18)
Z11 (3.84)
Z11 (6.87)
--- Z11 (5.84)
--- --- ---
--- Spinp (1.97)
Pir (2.62)
Pir (2.54)
--- Pir (3.46)
Pir (2.30)
--- --- ---
Rjr (3.55)
Rjr (3.63)
Rjr (4.09)
Rjr (4.78)
Ddr (4.09)
Ddu (2.63)
Dcz (3.36) Dagr
(13.37) Ppl
(2.02) Pal
(3.50) Rjr
(4.97)
Rea
l M
ad
rid
Fsoc (2.27) Ppl (2.02) Pal (3.45) Rjr (4.12)
Fgl (3.11) Pdf (2.02) Rjr (3.58)
Fsoc (2.20) Pal (2.34) Rjr (3.36)
Fgl (3.11) Pdf (2.00)
---
--- --- --- --- Z10 (2.48)
Z11 (12.55)
Z12 (2.83)
Z11 (12.00)
Z11 (8.56)
Z11 (4.98)
--- Z11 (4.80)
Spinp (2.15)
Spinp (2.80)
Spinp (2.68)
Pir (2.62) Spinp (4.55)
Pir (3.14)
Pir (2.40)
--- --- --- ---
Na equipa do IM apuramos, retrospetivamente, a ativação das condutas
desenvolvimento por drible, intervenção sem êxito do adversário e passe para trás.
Constata-se a excitação da conduta espacial, da zona central do SO. Relativamente
aos centros de jogo, há contextos de igualdade não pressionada e inferioridade
relativa. Prospetivamente, constatámos a ativação dos finais através do portador da
bola atingir o sector ofensivo de forma controlada e final com obtenção de golo
(finais com sucesso). Encontramos a excitação da conduta desenvolvimento, por
António Barbosa Capítulo III
260
intervenção sem êxito do adversário. Ao nível do primeiro retardo, há a o passe a
meia altura, e a conduta espacial respeitante ao corredor central do SO. A conduta
contextual ativada reporta-nos para uma relação de inferioridade relativa.
Quanto à equipa do RM, retrospetivamente, ativa as condutas desenvolvimento por
drible, duelo, cruzamento e desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa
adversária. Verifica-se a excitação do ritmo de jogo rápido ao longo dos cinco
retardos. A ativação do passe para o lado e do passe alto. Constata-se a excitação
dos três corredores do SO, mas o corredor central expõe maior força de coesão.
Relativamente às condutas pertencentes ao centro de jogo, do retardo -5 até ao
retardo -3 inclusive, deparamos com um contexto de igualdade não pressionada e os
retardos seguintes reportam-nos para um relação de inferioridade numérica.
Prospetivamente, há a excitação de um padrão condutural longo relativamente às
situações de final do PO; assim, averigua-se, alternadamente, o final quando a
equipa atinge o sector ofensivo de forma controlada e final com obtenção de golo
(finais com sucesso), ao longo de quatro retardos. Há passes com direção para o
lado e para a frente e do passe alto. De registar a ativação do ritmo de jogo rápido.
Com um padrão condutural extenso, apuramos a excitação do corredor central do
sector ofensivo. Em relação ao centro de jogo, encontramos a ativação da relação
de inferioridade relativa.
Através da análise do supramencionado poderemos concluir a forte conexão entre o
remate e a obtenção de golo. Os resultados são corroborados por estudos
previamente efetuados por Caldeira (2001) J. Lopes (2007) e A. Silva (2004),
quando referem que as situações de remate ocorrem nas zonas próximas da baliza
e ativam os finais com obtenção de golo. O conjunto de condutas excitadas
prospetivamente, que deparamos nas duas equipas, afiguram-se como probatórios
da importância do impedimento de remates à baliza; inferimos a utilidade da
organização defensiva na zona frontal à baliza.
O que ficou visível sugere uma forte relação entre a zona frontal à baliza e a
obtenção de golo, como se afere pela sua ativação retrospetiva e prospetiva.
A equipa do RM ostenta maior imprevisibilidade relativamente aos desenvolvimentos
até ao retardo -1. Aí, apresenta uma panóplia variada de desenvolvimentos que
António Barbosa Capítulo III
261
precedem o remate. O IM demonstra a ativação de menor diversidade de
desenvolvimentos; contudo, inicia a sua ativação ao nível do retardo -2.
Cabe-nos, contudo, salvaguardar as dissemelhanças que, no nosso entender, são
mais significativas. A equipa do IM ativa uma zona previamente à finalização, menor
quantidade de desenvolvimento ativados, não ativa um ritmo de jogo ou um contexto
de jogo. Por sua vez, a equipa do RM ativa as três zonas do SO, ritmo de jogo
rápido e centros de jogo. Este conjunto de informações, cogitamos que denunciam:
i) Maior consistência na criação de situações prévias à execução do remate;
ii) Maior versatilidade para proceder ao remate.
Os finais ativados, e o tamanho da cadeia, fazem-nos supor que a conduta critério
na equipa do RM patenteia maior capacidade de finalizar o MJO. Este facto se deve
à capacidade da equipa produzir remates dos três corredores ofensivos e atingir a
baliza, simultaneamente com uma maior consistência para ganhar uma segunda
bola após o remate, realizando uma recarga. Por sua vez, o IM apresenta menor
diversidade, ao evidenciar que, de forma consistente, apenas ativa a zona frontal à
baliza, juntamente com um padrão condutural mais curto no que concerne os finais.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por cruzamento (Dcz).
Na tabela 73 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
cruzamento.
António Barbosa Capítulo III
262
Tabela 73 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por cruzamento.
Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por cruzamento (Dcz)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
--- Dcd (2.11)
Dcd (2.05)
Pal (2.85)
Dcz (4.03)
Dcd (2.02)
Ddr (4.90)
Pal (2.71)
Inte
r M
ilã
o
Dia (6.97) Pma (4.48)
--- --- --- ---
--- --- Z9 (2.40)
Z10 (3.97)
Z10 (6.56)
Z10 (2.56) Z11 (8.94) Z12 (2.88)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Spinp (2.95)
Pir (2.40)
--- --- --- ---
Dagr (2.57)
Rjr (2.33)
Dre (3.45)
Rjr
(5.32)
Dagr (2.35)
Pfr (1.98)
Rjr (5.86)
Pdf (4.70)
Rjr (6.34)
Dcd (2.74)
Ddr (7.14)
Rjr (6.82)
Rea
l M
ad
rid
Dre (3.36) Dia (18.32) Dagr (5.30) Rjr (5.29) Pal (3.45)
Frr (2.41) Rjr (2.83)
Rjr (2.06)
Rjr (2.15)
---
--- --- --- --- Z10 (11.18)
Z12 (11.28)
Z11 (20.61)
Z10 (2.72) Z11 (5.49)
Z11 (4.25)
Z11 (2.14)
---
--- --- --- --- Pir (3.52) Spinp (3.02)
Pir (6.57)
Spinp (2.13)
--- --- ---
Na equipa do IM conferimos, retrospetivamente, a ativação de condutas
desenvolvimento por condução, cruzamento e drible. Poderemos constatar a
ativação do passe alto. As condutas espaciais são pertencentes ao corredor lateral
direito do SMO e ao corredor lateral esquerdo do SO. Há uma relação numérica de
igualdade não pressionada. Prospetivamente, há a excitação da conduta
desenvolvimento por intervenção sem êxito e do passe a meia altura. A conduta
critério ativa os três corredores do SO; contudo, o corredor central demonstra maior
força de coesão. Poderemos, ainda, encontrar a ativação do centro de jogo
inferioridade relativa.
Na equipa do RM, através da análise dos resultados obtidos retrospetivamente,
existe a excitação das condutas desenvolvimento com ação do guarda-redes da
António Barbosa Capítulo III
263
equipa adversária, remate, condução de bola e drible. Encontramos a ativação do
passe para a frente e do passe lateral para a frente. O ritmo de jogo é rápido, com
um padrão condutural extenso ao longo de cinco retardos. Há condutas espaciais do
SO relativas ao corredor lateral direito e corredor lateral esquerdo. No que toca às
condutas contextuais, averiguámos a ativação de inferioridade relativa e igualdade
não pressionada. Prospetivamente, constatámos a ativação da conduta final por
remate. Quanto aos desenvolvimentos, relatámos a ativação do remate, intervenção
sem êxito do adversário e ação do guarda-redes da equipa adversária. O ritmo de
jogo é rápido e possui um padrão ao longo de quatro retardos. As condutas
espaciais atestam a ativação de zonas do corredor central do SO (conduta com
maior força de coesão) e corredor lateral direito. Relativamente as condutas
contextuais, verifica-se a ativação de ações em inferioridade relativa e igualdade não
pressionada.
Comparativamente, as equipas ativam vários desenvolvimentos que as dissociam e
os MJO precedentes à ocorrência da conduta critério. Parece-nos que as ações
drible e condução de bola, para as equipas em estudo, são preponderantes sobre a
ocorrência do cruzamento. Relativamente às zonas ativadas, a equipa do IM efetua
com maior sistematização o cruzamento do corredor lateral direito; por sua vez,
poderemos apurar que a equipa do RM desenvolve com consistência o cruzamento
servindo-se dos dois corredores laterais do SO. Ponderamos que estes elementos
afiguram melhor capacidade de cruzamento e finalização por parte dos jogadores da
equipa do RM, que preenchem estas zonas do campo e, como tal, efectivam estas
ações, uma vez que, quando não cruzam, deverão atacar a área. Consideramos que
este facto poderá ajudar à ativação do desenvolvimento por remate.
Nos resultados analisados não encontrámos uma relação excitatória entre o
cruzamento e a ativação do final com obtenção de golo. Na equipa do IM não ativa
qualquer final. A equipa do RM excita prospetivamente os finais através de remate.
A equipa aproveita de forma mais regular o desenvolvimento do cruzamento para
rematar à baliza, proporcionando a finalização do PO em equilíbrio. Este resultado
difere do conferido por A. Silva (2004), quando afirma que o cruzamento não
mantém qualquer relação de êxito com condutas de finalização, como o remate e /ou
o golo.
António Barbosa Capítulo III
264
Relativamente às zonas ativadas antes da conduta critério, o IM atesta a incidência
do lado direito, enquanto que o RM excita o cruzamento com valores de coesão
muito similares nos dois corredores laterais. Os resultados respeitantes ao RM
corroboram os estudos prévios (Laranjeira, 2009; A. Silva, 2004), quando expõem
resultados similares da ativação dos corredores laterais antes do desenvolvimento
por cruzamento. Os resultados sugerem ainda que a zona de destino do cruzamento
é o corredor central do SO como precedentemente verificado (Laranjeira, 2009; J.
Silva, 2008). A ativação das CO reveste-se de especificidade, atendendo à equipa e
MJO.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional por intervenção do
adversário sem êxito (Dia).
Na tabela 74 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo por
intervenção do adversário sem êxito.
António Barbosa Capítulo III
265
Tabela 74 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por intervenção do adversário sem êxito.
Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo por intervenção do adversário sem êxito (Dia)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1 R+2 R+3 R+4 R+5
--- --- --- --- Dcz (6.97)
Pal (2.42)
Inte
r M
ilã
o
Ddu (7.04) Dre (2.27) Dagr (6.86)
--- --- --- ---
--- --- --- --- Z10 (2.73)
Z12 (3.54)
Z3 (2.67) Z11 (2.16)
Z12 (3.88)
Z3 (6.77) Z11 (2.29)
Z11 (3.30)
---
--- --- --- --- Pir (3.47)
--- --- --- --- ---
Rjr
(4.29)
Rjr
(4.94) Pdf
(3.18)
Rjr
(4.68)
Rjr (6.05)
Pfr (2.77)
Drc
(3.37) Dre
(9.22) Dcz
(18.32) Dagr
(2.63) Pma
(2.32) Pal
(5.30) Rjr
(6.70) Rea
l M
ad
rid
Frr (2.41) Drc (2.18) Ddu (15.27) Ppt (2.32) Pma (2.77) Rjr (3.46)
Frr (2.13) Rjr (2.01)
Frr (2.13)
--- ---
--- --- --- --- Z10 (3.58)
Z11 (5.67)
Z12 (7.32)
Z8 (2.51) Z11 (2.96)
--- --- --- ---
Spinp (2.28)
Spinp (2.96)
Pir (4.34)
Pir (2.74)
Pir (2.45) Spinp (2.53)
--- Spsa (2.04)
Spsa (2.37)
--- ---
A equipa do IM, retrospetivamente ativa os desenvolvimento por cruzamento e altura
do passe alto. Aciona a os corredores laterais do SO e o contexto de inferioridade
numérica relativa. Prospetivamente, verifica-se a ativação dos desenvolvimentos por
duelo, remate e intervenção do guarda-redes da equipa adversária. As condutas
espaciais ativadas são relativas ao corredor lateral direito do SD, ao corredor central
e ao corredor direito do SO.
Todavia na equipa do RM encontramos, retrospetivamente, a excitação dos
desenvolvimentos por receção/controle, remate, cruzamento e ação do guarda-redes
da equipa adversária. Há a ativação do ritmo de jogo rápido (ao longo de quatro
retardos). As condutas espaciais são respeitantes aos três corredores do SO. As
António Barbosa Capítulo III
266
condutas concernentes ao centro de jogo levam-nos a identificar relações de
igualdade pressionada e inferioridade relativa. Prospetivamente, existe final por
remate, desenvolvimentos por duelo e receção/controle. Há a excitação do passe
para trás e do passe a meia altura e do ritmo de jogo rápido. Quanto à caraterização
espacial, atesta-se a ativação do corredor central do SO e SMO. Por último,
reconhecemos a excitação do centro de jogo em superioridade absoluta.
Interpretando as ações, comprovámos a forte relação entre a conduta critério e a
pré-ativação da conduta desenvolvimento por cruzamento. Este resultado expõe o
sucesso que esta conduta objeto impõe ao PO. Pensamos que é devido à
recolocação da defesa adversária e à dificuldade inerente à ação. Os resultados
indicam que a conduta é precedida de ações de pré-finalização e finalização, ou
seja, de ações de risco, drible e cruzamento.
Procedendo à analogia entre as equipas, podemos conferir a conexão da ativação
da conduta objeto desenvolvimento por cruzamento, juntamente com as zonas
ativadas que são pertencentes ao sector ofensivo. A. Silva (2004), concluiu o
mesmo, encontrando a ativação da conduta desenvolvimento por duelo e das zonas
do SO. Contudo, na equipa do RM, ativam juntamente o desenvolvimento por
remate e os três corredores do SO; por sua vez, o IM excita os corredores laterais
do SO.
São marcantes as diferenças: a equipa do IM ativa retrospetivamente menos
condutas, patenteando maior imprevisibilidade no MJO. Prospetivamente, não se
apura a ativação de qualquer final; contudo, há desenvolvimento por remate. Com
isto, parece-nos que a equipa consegue ganhar a segunda bola mas não obtém a
finalização o PO, de forma metódica. A equipa do RM ativa ao longo de três retardos
o final com remate.
Atendendo aos resultados descritos, a equipa do RM tem superior
consistência/variedade de ações no SO, ou seja, supomos que antecipa as
situações de perda de posse de bola e, com isto, organiza-se facilitando a ativação
de mais condutas. Na nossa opinião, as condutas prospetivas sugerem que quando
se processa uma ação de pré-finalização, a equipa do RM se coloca de forma a
ganhar as segundas bolas. Com esta ação procura o golo. Esta afirmação julgamos
António Barbosa Capítulo III
267
ser corroborado pela ativação dos finais com remate, ao longo de três retardos. Tal
parece ser validado pelo facto de nos três MJO que examinamos, a CC excita
retrospetivamente as CO Dcz e Ddu. As condutas comportamentais descriminadas
são as únicas que se repetem nos 3 MJO e nas duas equipas.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional com ação do guarda-
redes da equipa adversária (Dgra).
Na tabela 75 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo com
ação do guarda-redes da equipa adversária.
Tabela 75 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa adversária.
Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa
adversária (Dgra)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa adversária (Dgra)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Nenhuma C.O. ativada
Inte
r M
ilã
o Nenhuma C.O. ativada
---
Rjr (2.56)
Dcz (3.08)
Rjr (3.85)
Dagr (6.22)
Rjr (2.89)
Dcz (5.30)
Dre (21.29)
Rea
l M
ad
rid
Dia (2.63) Dre (13.37) Rjr (2.69)
Dagr (6.22) Rjr (2.64)
--- --- ---
--- --- --- Z10 (3.77)
Z11 (4.22)
Z12 (2.39)
Z11 (8.09)
Z11 (8.04)
Z11 (4.26)
Z11 (2.51)
Z11 (3.23)
Z11 (3.10)
Spinp (4.19)
--- Spinp (2.45)
--- Spinp (3.04)
--- --- --- --- ---
No que se refere à conduta critério, exposta na tabela 75, apuramos que,
relativamente à equipa do IM, esta não ativa qualquer conduta objeto. Este facto é
registado nos três MJO.
António Barbosa Capítulo III
268
Quanto à equipa do RM, verificamos que, retrospetivamente, excita os
desenvolvimento por cruzamento, ação do guarda-redes da equipa adversária,
cruzamento e remate. Constatámos a ativação do ritmo de jogo rápido ao longo de
três retardos. Há contextos espaciais relativos aos três corredores do SO. Podemos
ainda averiguar a ativação do centro de por jogo igualdade não pressionada.
Prospetivamente, encontramos o desenvolvimento por intervenção sem êxito do
adversário, remate e ação do guarda-redes da equipa adversária. Há a ativação do
ritmo de jogo rápido. Ao longo de cinco retardos dá-se a ativação do corredor central
do SO.
Poderemos verificar que o IM demonstra elevado grau de imprevisibilidade. A falta
de resultados vai de encontro ao estudo realizado por A. Silva (2004), quando não
evidencia a ativação de qualquer conduta objeto. Atendendo aos resultados
evidenciados pela equipa do RM, julgamos que a conduta critério ativa condutas de
pré-finalização e também a conduta critério. Pensamos que os resultados são
devidos a situações de pré-finalização, com intervenção do guarda-redes adversário
e posterior recarga. A excitação ao longo de sete retardos (e nos 3 MJO em estudo)
da zona frontal à baliza indica a capacidade da equipa em ganhar uma segunda bola
na grande área adversária. Apesar de se verificar um elemento em comum,
deveremos mencionar a especificidade da CC atendendo ao MJO em estudo.
Conduta critério: desenvolvimento do ataque posicional com ação do guarda-
-redes da equipa em fase ofensiva (Dgr).
Na tabela 76 deparamos com os padrões detetados, através da análise retrospetiva-
-prospetiva, para a conduta critério de desenvolvimento do processo ofensivo com
ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva.
António Barbosa Capítulo III
269
Tabela 76- Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva.
Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa em fase
ofensiva (Dgr)
CC Desenvolvimento do processo ofensivo com ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva (Dgr)
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 R+1
R+2 R+3 R+4 R+5
Nenhuma C.O. ativada
Inte
r M
ilã
o
Nenhuma C.O. ativada
--- Dcd
(2.35)
Dpc
(1.96)
Ipi (2.27)
Drc (2.06)
Pal (3.46)
Dpc
(3.31)
Rjl (2.36)
Re
al
Ma
dri
d
Dpc (2.78) Pfr (2.37)
Pfr (3.25) Pla (3.92)
Dpc (2.19) Ddu (4.06)
Dcd (2.44) Pal (2.30)
---
--- --- --- --- Z3 (2.79)
Z5 (3.38)
Z1 (6.06) Z2 (22.58) Z3 (4.05)
--- --- --- ---
--- Spsa (5.09)
Spsa (3.89)
Pip (2.00)
Spsr (3.25)
Spsr (5.60)
Spsr (5.14)
Spsa (4.50)
--- ---
No que se refere à conduta critério exposta na tabela 76, a equipa do IM não ativa
qualquer conduta objeto. Facto que vai de encontro ao estudo realizado por Barreira
(2006).
Relativamente à equipa do RM, poderemos apurar que, retrospetivamente, ativa o
início com recuperação de bola por interceção. A. Silva (2004), também evidenciou a
conduta objeto mencionada. Há a ativação dos desenvolvimentos condução, passe
curto/médio, receção/controle e passe curto/médio, assim como do de passe alto e
ritmo de jogo rápido. Constatamos a excitação das zonas do campo relativas ao
corredor lateral direito do SD e o corredor central do SMD. Os centros de jogo
ativados expõem superioridade absoluta (retardo -4 e -3), igualdade pressionada e
superioridade relativa. Da análise prospetiva verifica-se a ativação dos
desenvolvimentos por passe curto/médio (retardo 1 e 3), duelo e condução. Verifica-
se a ativação do passe para a frente (retardo 1 e 2) e passe alto (retardo 2 e 4). Os
contextos espaciais ativados são referentes às zonas do SD. Quanto aos centros de
jogo, averigua-se a excitação dos contextos de superioridade relativa (retardo 1 e 2)
e a ativação do contexto superioridade absoluta.
António Barbosa Capítulo III
270
O facto da equipa do IM não desencadear qualquer conduta (também verificado para
os restantes MJO em estudo) parece indicar a pouca intervenção do guarda-redes
em situações de jogo ou uma intervenção de forma menos sistematizada.
Por sua vez, na equipa do RM, as condutas objeto excitadas retrospetivamente
parecem indicar que a utilização da conduta critério tem o intuito de retirar a bola de
pressão ou circular a bola em segurança, jogando no sector defensivo ou médio
defensivo onde, por norma, se verificam relações numéricas favoráveis à equipa em
posse de bola. As condutas acionadas, prospetivamente, relacionam-se com ações
de passe em zonas do sector defensivo, onde os contextos de interação são
favoráveis à equipa que procura manter a posse de bola. O facto de não evidenciar
a excitação de qualquer CO no MJO CA e AR leva-nos a fortalecer o nossa
concepção relativa a especificidade dos desenvolvimentos nos diferentes MJO.
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo ataque
posicional, com sucesso.
Padrões de jogo encontrados para as condutas de final do processo ofensivo.
As tabelas seguintes são alusivas ao estudo sequencial do final do ataque
posicional, análise de forma retrospetiva. Demonstraremos e interpretaremos as
condutas de jogo que precedem a ocorrência da conduta critério. Para melhor
compreensão do jogo, realizamos a análise das condutas criando dois grupos: finais
com eficácia e finais sem eficácia. Para esse efeito procedemos à averiguação das
condutas critério, devidamente identificadas nas tabelas expostas neste ponto, tendo
como condutas objeto início do PO, desenvolvimento do PO, direção e sentido do
passe, altura do passe, ritmo de jogo, caraterização espacial, centro de jogo.
Conduta critério: final do ataque-posicional com remate com obtenção de golo
(Fgl).
Na tabela 77 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério final do processo ofensivo com remate e obtenção de golo.
António Barbosa Capítulo III
271
Tabela 77 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com obtenção de golo.
Final do PO com remate com obtenção de golo (Fgl) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- --- Dre (2.07) Ppl (2.96)
Ppl (2.15)
Inter Milão
Z11 (2.07) Z6 (2.07) Z11 (3.23)
Z11 (2.07) Z11 (2.97) ---
--- --- --- Pir (2.08) ---
Ddr (3.08) Dgra (5.70)
Dre (3.11) Dgra (3.92) Dre (3.11) --- Real Madrid
Z11 (2.27) --- Z11 (3.18) Z11 (2.75) Z11 (3.28)
Através da análise dos resultados verificamos que, na equipa do IM, há condutas
desenvolvimento por remate e direção do passe para o lado. Relativamente às
condutas espaciais ativadas, afirmamos que se localizam no corredor central do SO
(conduta com maior força de coesão e é ativada ao longo de quatro retardos); ao
nível do retardo -4 regista-se a excitação do corredor lateral direito do SMD. A
relação numérica encontrada representa uma inferioridade relativa.
Por sua vez, nos resultados respeitantes à equipa do RM, há a excitação das
condutas desenvolvimento por drible, intervenção do guarda-redes da equipa
adversária (CO encontrada nos 3 MJO) e remate. As condutas espaciais excitadas
demonstram a ativação do corredor central do SO (também apurado no MJO CA).
Corroborado pelos estudos prévios (Laranjeira, 2009; A. Silva 2004), que descrevem
que a zona ativada que antecede a obtenção do golo é preferencialmente a zona
central à baliza do SO, parecendo uma zona vital para a obtenção do golo. Os
resultados respeitantes às condutas desenvolvimento, que antecedem o final com
sucesso, na equipa do RM, sugerem-nos advir de ações de insistência, remate e
defesa com recarga. Por sua vez, na equipa do IM, o final parece surgir de passes
na diagonal, visando explorar o espaço entre as linhas, criando assim situações
favoráveis ao sucesso.
Julgamos ser evidente que o RM adapta a colocação dos seus jogadores
potenciando as recargas ou segundas bolas, possibilitando posterior obtenção de
golos. Este aspeto é transversal aos finais com obtenção de golo dos três MJO em
estudo. Os resultados levam-nos a levantar a questão sobre quais os princípios de
António Barbosa Capítulo III
272
colocação dos jogadores na zona de finalização? Apesar de se verificarem pontos
em comum, registamos a diferença entre MJO e equipas.
Conduta critério: final do ataque posicional com remate (Frr).
Na tabela 78 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo com remate (Frr).
Tabela 78 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com remate.
Final do PO com remate (contra adversário, remate dentro, remate fora, defendido pelo guarda-redes) (Frr)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- Pdt (2.68) Dia (2.21)
Pdf (2.50) Dpc (2.30) Pdt (2.75) Inter Milão
--- --- --- Z10 (1.97) ---
--- --- --- Pir (2.21) ---
--- --- --- Drc (2.84) Dpc (2.54) Real Madrid
--- Pip (2.00) --- Pip (2.13) ---
Relativamente à equipa do IM, verificam desenvolvimentos por intervenção sem
êxito do adversário e passe curto/médio (também verificado no MJO CA).
Desencaseiam-se passes com direção diagonal quer para trás quer para a frente. A
conduta espacial excitada relaciona-se com o corredor lateral direito do SO. A
conduta contextual evidenciada caracteriza uma situação de inferioridade relativa.
Na equipa do RM, averigua-se a excitação das condutas desenvolvimento por
receção/controle, passe curto/médio (CO foi excitada no MJO CA mas em retardos
diferentes) e altura de passe raso. Os centros de jogo evidenciam a igualdade
pressionada.
Os resultados levam-nos a crer que as equipas procuram realizar situações de
combinação ofensiva para posteriormente alvejar a baliza, tendo em atenção a
lógica interna do jogo. Cogitamos que recorrem a passes entre linhas, tabelas,
permutas ofensivas, estimulando a criação de espaços, para promover a ocorrência
da situação de finalização. De acordo com os resultados registados, atestámos
diferentes padrões que permitem distinguir equipas e MJO.
António Barbosa Capítulo III
273
Conduta critério: final do ataque posicional tendo o portador da bola atingido o
quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc).
Na tabela 79 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo tendo o portador da bola
atingido o quarto ofensivo de forma controlada.
Tabela 79 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma controlada.
Final do PO tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma controlada (Fsoc)
Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
Ddu (2.50) Dcd (3.83) Ddr (2.66) Drc (2.13) Dre (2.14) Inter Milão
--- --- --- Z12 (2.81) Z12 (2.08)
--- --- --- Spsr(2.26) ---
Drc (2.06) --- Dre (2.20) Dpc (2.34) Dre (2.27) Real Madrid
--- --- --- --- Pir (2.31)
Na análise retrospetiva da equipa do IM, verifica-se um padrão com estrutura linear
longa, com o max-lag situado ao nível do retardo -5. As condutas ativadas foram
desenvolvimento por duelo, condução, drible, receção/controle, remate (CO também
verificada no AR). As zonas acionadas são respeitantes ao corredor lateral direito do
SO (CO também verificada no CA). O centro de jogo patente representa uma
relação de superioridade relativa.
Na equipa do RM, há a ativação da conduta receção/controle, remate (CO também
verificada nos e MJO), passe curto/médio e remate. O contexto é de inferioridade
relativa.
As equipas expõem resultados que, no nosso entendimento, reportam para
comportamentos descoincidentes (inter equipa e entre equipas). O IM ativa condutas
de ação individual, com maior incidência no corredor lateral direito; por sua vez, o
RM regista condutas de cariz coletivo. Através da análise dos resultados, conferimos
que as equipas realizam o remate antes do final do ataque posicional. Supomos que
este dado deverá ser compreendido como elemento vital à dinâmica global do jogo.
Quando a equipa é capaz de produzir uma situação de remate, a estrutura modelar
do PO definido deverá permitir a adequada colocação dos seus jogadores para a
António Barbosa Capítulo III
274
continuação do PO ou o início do novo processo. Quanto à conduta critério, afigura-
se ficar assinalada a relação entre o remate e a continuidade da posse de bola,
através de um momento fracionante. Os resultados revelam-nos: a importância das
equipas buscarem de forma objetiva terminar os PO, aproveitando-se do remate
como desenvolvimento que permite a tentativa de obtenção de golo mas,
simultaneamente possibilita a manutenção da posse de bola.
Condutas critério indutoras de um final de método de jogo ofensivo ataque
posicional, sem sucesso.
Conduta critério: final do ataque posicional por recuperação da posse de bola
pelo adversário (Fbad).
Na tabela 80 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por recuperação da posse de
bola pelo adversário.
Tabela 80 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por recuperação da posse de bola pelo adversário.
Final do PO por recuperação da posse de bola pelo adversário (Fbad) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- --- Ppl (2.03)
Pfr (3.36) Ppt (2.44)
Inter Milão
Z5 (2.07) Z6 (2.07) Z9 (2.94) --- Z12 (2.40)
--- --- --- --- Dpc (2.17) Real Madrid
Na equipa do IM, há condutas de direção de passe para o lado, diagonal para a
frente e passe diagonal para trás. As condutas espaciais são localizadas no corredor
central e corredor lateral direito do SMD, corredor lateral direito do SMO e corredor
lateral direito do SO. Os resultados vão de encontro a J. Lopes (2007) e J. Silva
(1998), quando atestaram maior percentagem de passes efetivados no corredor
direito.
Por sua vez, os resultados relativos à equipa do RM, evidenciam um padrão
condutural curto com o max-lag situado ao nível do retardo -1. A conduta ativada é
um desenvolvimento através de passe curto/médio. Registamos a ativação nos três
MJO.
António Barbosa Capítulo III
275
Os resultados patenteiam claras diferenças com o que J. Lopes (2007), averiguou,
ao constatar os desenvolvimentos através de condução.
Quanto à equipa do IM, os resultados parecem indicar que mantêm o jogo no
mesmo corredor e perde a bola no SO do adversário. A utilização de apenas um
corredor de jogo, num processo ofensivo que decorre durante um período de tempo
longo, não favorece o sucesso do MJO.
No caso da equipa do RM, os resultados evidenciam a utilização de
comportamentos que não ultrapassam o mero conceito de sorte ou acaso; com isto,
pretendemos evidenciar a falta de repetição sistemática.
Apesar das CO serem divergentes, consideramos que estes finais se devem à
interceção de um passe pela equipa ADV. Na origem da interceção está Dpc na
equipa do RM e Dpl ou Dpc na equipa do IM. Porém, também nesta, CC fica visível
a especificidade dos MJO e das equipas.
Conduta critério: final do ataque posicional por infração às leis do jogo (Flj).
Na tabela 81 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por infração às leis do jogo.
Tabela 81 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final por infração às leis de jogo.
Final do PO por infração às leis do jogo (Flj) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
--- Dpl (2.07)
--- Dcz(2.07) Dia(3.23)
Dpl (2.07)
Inter Milão
--- Z4 (2.07) Z8 (2.27)
Z4 (3.23) Z11 (2.07)
Z4(3.23) Z4 (3.23)
--- --- --- Ddu (2.32) --- Real Madrid
--- Z5 (2.44) Z5 (2.44) Z5 (2.32) ---
--- --- --- --- Spsa (2.31)
Relativamente à equipa do IM, verificamos a ativação das condutas desenvolvimento
por passe longo, como foi apurado por J. Lopes (2007), e ainda o cruzamento, a
intervenção do adversário sem êxito e o passe longo. As condutas espaciais
António Barbosa Capítulo III
276
ativadas localizam-se no corredor lateral direito do SMD, corredor central do SMO e
corredor central do SO.
Na equipa do RM, há a conduta desenvolvimento por duelo, como verificado por A.
Silva (2004), com ativação do corredor central do SMD. Regista-se ainda o contexto
numérico superioridade absoluta.
As CO atestam especificidade relativa ao MJO e às equipas. Assinalamos a ativação
do SMD por parte das duas equipas. Atendendo à lógica do jogo, imaginamos que a
ativação destes sectores indica o recurso à utilização de um passe longo, em
profundidade no caso do IM; no casso do RM, passe alto, que fomenta a ocorrência
de duelo, induzindo ao final do PO. Os resultados levam-nos a pensar que as
condutas excitadas conduzem ao final do PO, devido ao fora de jogo, ou seja,
através de passe longo ou através de um passe alto colocar a bola nas costas dos
defensores. Assim julgamos que o risco de perda de posse de bola, que está
inerente à aplicação das ações descritas.
Conduta critério: final do ataque posicional passe para dentro da grande área
adversária (Fpga).
Na tabela 82 encontramos os padrões detetados, através da análise retrospetiva,
para a conduta critério de final do processo ofensivo por passe para dentro da
grande área adversária.
Tabela 82 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério final com passe para dentro da grande área adversária.
Final do PO com passe para dentro da grande área adversária (Fpga) Conduta Critério
R-5 R-4 R-3 R-2 R-1 Análise retrospetiva
Drc (2.65) Dpc (3.39) Pdt (3.37) Dpl (2.11) Pfr (2.25) Rjl (2.11)
Inter Milão
--- --- --- --- Spsr (2.16)
--- --- --- Drc (2.84) Dpc (2.54) Pal (2.01) Pfr (2.20)
Real Madrid
--- --- --- --- Z7 (2.65)
António Barbosa Capítulo III
277
Quanto à equipa do IM, averiguamos a ativação dos desenvolvimentos por
receção/controle, passe curto/médio, passe longo, direção de passe diagonal para
trás e passe para a frente. Aciona-se condutas de ritmo de jogo lento (CO também
apurada no MJO AR) e o centro de jogo em superioridade relativa.
Na equipa do RM, encontramos a excitação das condutas desenvolvimento por
receção/controle, passe curto/médio, altura do passe alto e direção do passe para a
frente. A zona do campo corresponde ao corredor lateral esquerdo do SMO.
Os resultados patentes divergem do que apurámos nos restantes MJO. A equipa do
IM procura a bola nas costas do adversário, recorrendo ao passe longo, tentando
explorar uma subida da linha defensiva. Cogitamos que vai de encontro ao aferido
por estudos anteriormente realizados (Laranjeira, 2009; A. Silva, 2004). Por sua vez,
o RM busca um passe em rutura. Os dois conjuntos de condutas ativadas de
exploração do PO, manifestam o risco de perda da posse de bola, com recurso a
ações de passe.
3.3.2.2.3.1 - Síntese da análise comparativa. Reflexão relativa ao MJO ataque
posicional
Condutas de início de PO de forma aberta.
Apesar de alguns pontos em comum, registamos a especificidade dos diferentes
MJO e das equipas. Atendendo aos resultados encontrados, poderemos constatar
que é mais ativado o desenvolvimento através de condução. Como já foi referido, as
equipas procuram tirar a bola da zona de pressão recorrendo à condução que, no
nosso parecer, será realizada pelo jogador que recuperou a posse de bola ou um
jogador que se encontra próximo. Pensamos que procuram retirar a bola de pressão,
de forma individual, atacando o espaço inter e entre linhas. Contudo, as condutas
respeitantes a direção do passe, desenvolvimento por receção/controlo e ação do
guarda-redes, parecem indicar que as equipas aproveitam-se da circulação de bola
com o intuito de desacelerar o jogo de forma controlada, passando para um ataque
posicional.
António Barbosa Capítulo III
278
Nos retardos próximos das condutas critério há a excitação de contextos espaciais
em zonas próximos da baliza (SD, SMD) defendida pelas equipas em estudo.
Julgamos que este facto pode ter duas proveniências:
i) A equipa recupera a posse de bola em sectores mais recuados;
ii) Neste MJO, no momento de transição defesa-ataque, a equipa no primeiro
momento não procura chegar a sectores mais avançados.
Condutas de início de PO no MJO de forma fechada.
A análise faculta-nos averiguar que, na generalidade, os padrões deste tipo de
condutas anunciam as seguintes diferenças:
As equipas demonstram tendências ofensivas distintas, mas recorrem com maior
incidência a ações análogas ao passe. Em relação aos desenvolvimentos, a equipa
do IM demonstra padrões conduturais mais longos que evidenciam situações de
posse de bola, continuidade do PO, como também foi mencionado por A. Silva
(2004), quando refere que se verifica a tendência para excitar as condutas de
desenvolvimento do PO e, assim, possibilitar a sua continuidade. A equipa do RM
patenteia padrões conduturais longos. Contradiz estudos previamente realizados
(Barreira, 2006; Perreira, 2005), quando evidenciam a ativação de padrões
conduturais curtos.
Analisando agora os contextos relativos à caraterização espacial, o IM tem um
padrão condutural curto na conduta critério Ipgr, ativando zonas dos SD SMD. Em
relação à CC Ipera, não ativa qualquer zona.
Por sua vez, a equipa do RM excita diversas zonas do campo. À medida que nos
afastamos da CC verifica-se que se acionam de zonas mais ofensivas.
Como já foi mencionado anteriormente, afigura-se-nos que nos inícios com posse de
bola de forma fechada, do MJO de ataque posicional, a equipa do IM procura
desenvolver o ataque seguindo o desenvolvimento apoiado; por sua vez, a equipa
do RM busca desenvolver o ataque atendendo à zona onde pretende jogar.
Supomos que as equipas optam por ações distintas: o IM espera que o adversário
baixe para procurar sair a jogar; por sua vez, o RM tenta o jogo direto.
António Barbosa Capítulo III
279
Condutas de desenvolvimento de PO.
Procederemos à síntese comparativa das condutas desenvolvimento respeitantes ao
MJO, ataque posicional. Procurámos interpretar e estabelecer uma relação entre os
contextos espaciais ativados e as condutas critério. Procedemos à comparação
atendendo aos MJO. Dividimos as condutas atendendo à caraterização espacial
retrospetiva, tentando enquadrar comportamentos com as zonas do terreno de jogo.
A. Silva (2004), referiu que o comportamento dos jogadores e das equipas não é o
mesmo na proximidade da sua baliza ou da baliza adversária e serão, também
certamente diferentes, os meios (condutas/ações) adotados para resolver os
problemas com que se confrontam numa e noutra situação.
Partindo desta premissa, agruparemos e interpretaremos os resultados. Analisamos
três contextos distintos:
i) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos aos sectores
defensivo e médio defensivo:
a. Na equipa do IM, os desenvolvimentos que excitam retrospetivamente
zonas do campo correspondentes a estes sectores são passe longo (Dpl) e
condução (Dcd). Poderemos verificar também no CA e AR a relação entre as
condutas referidas e as zonas do campo. No CA e AR regista-se ainda a
relação entre as CC Ddu e Dia, e as zonas em estudo.
b. Por sua vez, na equipa do RM, apuramos os desenvolvimentos por
passe curto/médio (Dpc), passe longo (Dpl), condução (Dcd),
receção/controle (Drc), ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva
(Dgra) e duelo (Ddu). O desenvolvimento ativa conjuntamente zonas do SO.
Nos MJO contra-ataque e ataque rápido, e também no ataque posicional,
constatámos que as condutas critério Dpl e Dcd acionam retrospetivamente zonas
do campo relativas ao SD SMD.
Os resultados mencionados anunciam a transversalidade da utilização das
condutas. Assim, julgamos que, independentemente do MJO e da equipa em estudo,
se regista a utilização, com maior regularidade, destes desenvolvimentos nestas
zonas do campo.
António Barbosa Capítulo III
280
Cuidamos que este resultado é devido a: maior espaço/tempo para desenvolver as
ações, melhor relação numérica e menor pressão sofrida sobre o portador da bola,
ou seja, nos SD ou SMD, as condições são mais favoráveis à utilização com
sucesso das condutas critério.
Aferimos que a equipa do RM também ativa retrospetivamente zonas do campo
referentes a estes sectores, em relação a CC Ddu, nos três MJO em estudo.
Em relação aos restantes resultados da equipa do RM, em particular a
receção/controle e ação do guarda-redes da equipa em fase ofensiva, consideramos
que estes acontecem em situações onde a equipa pretende controlar as ações,
dominando o jogo com uma circulação da posse de bola em segurança, realizada
nos sectores defensivos.
Em relação, ao desenvolvimento por ação do guarda-redes, somos levados a supor
que a excitação é devida à intenção de manutenção da posse de bola, ganhando
espaço, no desenvolvimento do PO.
A utilização da conduta critério Dgr convida o adversário a subir no terreno de jogo
e/ou ganhar tempo para se reorganizar.
O desenvolvimento por passe longo é utilizado com a finalidade de obrigar a uma
mudança na organização defensiva adversária; parece-nos que é usado para
colocar a bola em zonas menos povoadas. Para isso é utilizado no corredor lateral,
para o outro corredor lateral.
ii) Ativação retrospetiva de contextos espaciais relativos ao sector médio
ofensivo e ofensivo:
a. Na equipa do IM, os desenvolvimentos que ativam retrospetivamente
zonas do campo correspondentes a estes sectores são: os
desenvolvimentos por Drible (Ddr), remate (Dre), cruzamento (Dcz) e
intervenção sem êxito do adversário (Dia).
b. Na equipa do RM, os desenvolvimentos que ativam retrospetivamente
zonas do campo correspondentes a estes sectores são: drible (Ddr),
intervenção do adversário sem êxito (Dia), ação do guarda-redes da equipa
adversária (Dagr), remate (Dre), cruzamento (Dcz), receção/controle (Drc) e
duelo (Ddu). O desenvolvimento ativa conjuntamente uma zona do SD.
António Barbosa Capítulo III
281
Equiparando as condutas ativadas, reconhecemos que as equipas, como referido
anteriormente na síntese relativa ao contra-ataque e ataque rápido, ativam as zonas
relativas ao SMO e SO, na conduta critério Ddr.
Aferimos a relação ativação zonal com a CC para as duas equipas e ao longo dos
três MJO.
No caso do RM, verifica-se ainda a excitação das CC Dre, Dcz e Dgra. Estes
resultados estabelecem uma relação causa efeito ou seja, as equipas realizam
ações de risco, nas zonas mais distantes da sua baliza (mais vincada na equipa do
RM). A. Silva (2004), já havia conferido que se regista uma ligação entre estas
condutas e a sua ativação, nos sectores mais ofensivos. Os resultados não indicam
a ativação de condutas de passe, como apurado por Barreira (2006). Consideramos
que poderá relacionar-se com o modelo de jogo ofensivo definido pelo treinador,
privilegiando ações de procura de desequilíbrio ofensivo que envolvam poucos
jogadores no processo.
No caso da equipa do RM, constata-se paralelamente a ativação de três condutas.
Em relação à conduta desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa
adversária (Dgra), como já temos salientado, cogitamos que a ocorrência de forma
superior ao acaso se deve ao preenchimento das zonas de finalização, permitindo
ganhar a bola depois da intervenção do guarda-redes adversário. A conduta
desenvolvimento por receção/controle (Drc) serve como meio para preparar os
desenvolvimentos subsequentes e, atendendo às situações anteriormente descritas,
como situações de risco no PO, a receção/controle permite assegurar a estabilidade
da bola e assim desenvolver com maior qualidade as ações de risco.
A excitação da conduta duelo (Ddu) nos sectores ofensivos, ao invés da sua
ativação nos sectores defensivos, permite maior segurança defensiva, uma vez que
em caso de perda da posse de bola a equipa tem mais espaço/tempo para a
reorganização defensiva.
iii) Não ativação de qualquer zona de campo:
a. Na equipa do IM, analisamos que os desenvolvimentos que não
excitam retrospetivamente qualquer zona são desenvolvimento por passe
curto/médio (Dpc), receção/controle (Drc), duelo (Ddu), ação do guarda-
redes da equipa adversária (Dgra) e ação do guarda-redes da equipa em
fase ofensiva (Dgr).
António Barbosa Capítulo III
282
b. Na equipa do RM, poderemos verificar que os desenvolvimentos
verificam sempre a ativação retrospetiva de uma zona do campo.
No contra-ataque, ataque rápido e também no ataque posicional, a equipa do RM
parece associar, de forma superior ao acaso, as condutas a uma zona do campo.
Deveremos referir que esta forma de interpretar os resultados, correlacionando
condutas objeto com zonas do campo que ativam retrospetivamente, não reporta
para uma forma estanque de jogar, ou seja, uma forma mecânica, mas ambiciona
evidenciar que se apura a ativação retrospetiva de condutas zonais, de forma mais
regular nuns sectores do campo do que noutros.
Contudo, o facto da equipa do RM realizar as ações de forma mais regular,
evidencia maior padronização do jogo no PO, comparativamente com a equipa do
IM.
Na equipa do IM, entendemos que o facto de as condutas Drc, Dpc, Ddu, Dgra e Dgr
não ativarem retrospetivamente qualquer zona deve-se à sua utilização de forma
não superior ao acaso, indicando maior flexibilidade na sua utilização.
Em relação às condutas Drc, Dpc e Ddu, parece-nos que a equipa recorre com
grande versatilidade zonal a estas ações. Na conduta Dgr pensamos que a equipa
não procura a intervenção do seu guarda-redes de forma regular no
desenvolvimento do processo ofensivo. Procurando interpretar os resultados
relativos à conduta Dgra, somos levados a crer que a equipa não consegue de forma
regular ganhar as segundas bolas depois da intervenção do guarda-redes
adversário.
Aferimos que a equipa do RM tende a aumentar a relação entre CC e ativação de
zona do campo. Este dado leva-nos a supor que há um acréscimo da padronização
de comportamentos à medida que o MJO se prolonga. Estes elementos evidenciam
comportamentos diferentes dos evidenciados pela equipa do IM.
Depois de analisados os resultados relativos ao contra-ataque, ataque rápido e
ataque posicional, apurámos a especificidade na ativação da zona do campo,
desenvolvimento e método de jogo ofensivo.
António Barbosa Capítulo III
283
Comparativamente, o RM ativa de forma mais sistemática os desenvolvimentos de
acordo com as zonas do campo. Os resultados demonstram que a equipa do IM não
procede da mesma forma.
Como já foi reiterado, este facto pode advir de procedimentos tático-técnicos e,
como tal, diferencia a utilização zonal de alguns desenvolvimentos.
Condutas de final de PO com sucesso.
Em relação aos finais do PO com eficácia ofensiva não verificamos a ativação de
nenhuma conduta de início do PO.
Relativamente aos desenvolvimentos, as equipas acionam condutas diferentes.
Contudo, apurámos desenvolvimentos iguais ao nível do retardo -1 e -2, mas não
encontrámos igualdade nos restantes retardos.
A equipa do IM excita um desenvolvimento por remate; por sua vez, o RM ativa
vários: drible, intervenção do guarda-redes adversário e remate.
Pensamos que os resultados concernentes à equipa do RM ajudam a comprovar a
eficácia do aproveitamento das zonas de finalização, com particular atenção à
segunda bola.
Os resultados atinentes ao IM expõem grande variabilidade no final do PO. Parece-
-nos evidente que o RM ajusta a colocação dos seus jogadores para potenciar as
recargas ou segundas bolas, com o intuito de obter golos. Este aspeto é transversal
aos finais com obtenção de golo dos três MJO em estudo. A questão que se levanta
é: quais os princípios de preenchimento das zonas de finalização?
Vemos demonstrado que os finais têm aspetos que distinguem as equipas.
Relativamente às condutas espaciais, no final com obtenção de golos, os resultados
apontam que as equipas excitam o corredor central do SO. Este facto possibilita,
mais uma vez, evidenciar a importância da zona frontal à baliza na obtenção do
golo. Nos finais Frr e Fsoc, somente o IM ativa contextos de zona, sendo estes
relativos aos corredores laterais do SO.
Quanto aos centros de jogo ativados, constatámos que as equipas divergem
completamente em relação às condutas: os poucos contextos ativados expõem
relações de inferioridade numérica relativa ou igualdade pressionada. Assim
António Barbosa Capítulo III
284
testemunham a importância do treino em inferioridade ou igualdade numérica.
Consideramos que este elemento deverá ser utilizado para o processo de treino
como uma das condicionantes a considerar, aquando da exercitação das ações de
finalização do processo ofensivo.
Os resultados obtidos para o MJO, AP, comprovam tendências que separam as
equipas no momento de finalizar o PO com eficácia.
Condutas de final de PO sem sucesso.
Não encontrámos a ativação de nenhuma conduta relativa ao início do MJO.
Analisando as condutas, aferimos que o desenvolvimento por passe longo, ou
condutas relacionadas com a altura e direção de passe, são várias vezes e pelas
equipas. Em relação à excitação do passe longo, os resultados não coincidem com
Barreira (2006), quando afirma que o passe longo é bastante utilizado nas
sequências eficazes. Não apurámos desenvolvimento por ações individuais.
Não se registou a ativação de qualquer centro de jogo, patenteando a
imprevisibilidade na relação numérica que precede a perda da posse de bola.
Cogitamos que este facto indica que a relação numérica não é preponderante para a
eficácia ou ineficácia do MJO.
Atendendo às caraterização espacial, verifica-se a ativação de nove zonas relativas
ao SMD, três zonas do SMO e duas zonas do sector ofensivo. Cuidamos que a
maior distância que a bola tem que percorrer se evidencia como um entrave à
eficiência do processo ofensivo, uma vez que a equipa adversária se encontra em
organização defensiva.
Quanto à ativação da direção do passe, pensamos que representa a circulação da
posse de bola tentando a criação de situações favoráveis ao ataque, constatando-se
a correlação com o insucesso.
A ativação do passe alto e consequentemente perda da posse de bola com o final do
PO, ajuda a comprovar que a bola pelo ar é um indicador de pressão. Quando as
António Barbosa Capítulo III
285
equipas estão em MJO, ataque posicional, enfrentam defesas em equilíbrio que
tentam recuperar a posse de bola.
Conferimos que a equipa do IM, analogamente à equipa do RM, expõe padrões
conduturais mais longos onde há a ativação de mais condutas objeto. Este facto
indica que a equipa reproduz mais CO que lhe atribuem o insucesso no final do
MJO.
Capitulo IV - Considerações finais
António Barbosa Capítulo IV
288
O futebol é um jogo de interações antagónicas e dinâmicas. A riqueza de conteúdos
expostos é de elevada complexidade e a extrema velocidade de desenvolvimento
dos acontecimentos dificulta a real caraterização e descrição de todos os elementos
influenciadores que o constituem.
Para afetivar uma investigação científica, carecemos da orientação do objeto de
estudo, delimitar o problema, especificar o objetivo. Estes elementos basilares,
consentem selecionar uma gota de um oceano de influências. A redefinição da
realidade, ainda que parcial, adequa-se à caraterização do jogo de futebol,
atendendo a condicionantes impostas pelo que ambicionamos observar. Cumulativa
e repetidamente, averiguamos que o papel do treinador e da sua equipa técnica se
caracteriza como difuso na estrutura do clube ou nas características da equipa.
Procedemos com a finalidade de estudar o jogo atendendo à complexidade,
adaptabilidade e contextos situacionais. Buscamos estabelecer um paralelismo entre
duas equipas de elevado desempenho desportivo, que partilharam a mesma equipa
técnica. A procura de resultados foi alicerçada numa base científica sólida, capaz de
produzir informação concernente à modelação da performance desportiva.
Analisamos equipas de distintos campeonatos, mas que partilharam a mesma
equipa técnica, atendendo a constrangimentos estruturais, como o espaço de jogo,
contextos de interação, o centro do jogo, entre outros elementos em estudo,
procurando verificar os comportamentos adotados pelos jogadores, que caraterizam
todo o processo desde a recuperação da posse de bola até ao final. Com essa
finalidade procedemos à investigação de padrões de conduta que, assentando em
comportamentos individuais e coletivos, patenteiam dinâmicas específicas dos
diferentes métodos de jogo ofensivo e das respetivas equipas.
Ao longo do trajeto efetuado procedemos à aplicação dos dados do período
observacional à metodologia de investigação qualitativa com diferentes
potencialidades e como tal diferentes capacidades, com a finalidade de atingir os
objetivos definidos. Assim, as considerações finais por nós expostas, advêm da
multiplicidade de informação adquirida ao longo da realização de cada parte da
presente tese.
António Barbosa Capítulo IV
289
Durante o percurso passamos por alguns momentos de deriva; contudo, o recurso à
metodologia observacional e suas variáveis permitiu uma grande riqueza na
captação de informação e, ao mesmo tempo, a correspondente flexibilidade de
tratamento dos dados.
A primeira premissa metodológica utilizada permite aceder a um conjunto de
informação de elevada riqueza relativa à dinâmica do MJO. Dá especial atenção à
repetição de forma regular ao longo do tempo de um conjunto de elementos que
caraterizam cada ação. Para esse efeito recorremos a análise do T-patterns; depois
de realizado um exaustivo tratamento de resultados, concluímos que:
i) Tendo em consideração ao tipo de observação e análise realizada, esta
metodologia seria mais apropriada, uma vez que interpreta as linhas de código
conforme são introduzidas nos processos de registo e análise.
ii) A variabilidade de informação relativa a cada MJO, ou seja, a quantidade
de dados codificados, influenciaria negativamente o estabelecimento de
normas capazes de serem aplicáveis a todos os MJO. Reportamo-nos, em
particular, ao número mínimo de ocorrências.
iii) A nossa meta, que visava tentar potenciar toda a informação recolhida,
procedendo à seleção dos resultados, atendendo à caraterização das jogadas
de forma adequada à realidade do jogo e descrevendo inícios
desenvolvimentos e finais do método de jogo ofensivo, limita a ocorrência de
resultados. Particularmente na equipa do IM, que não patenteia qualquer
padrão completo.
iv) Os resultados alcançados não permitiram obter informações diretas sobre
a finalidade do estudo; todavia, poderemos verificar que, relativamente aos
MJO contra-ataque e ataque rápido, a equipa do RM repete, de forma mais
regular, padrões de conduta.
v) Concluímos, pela dificuldade em comparar as equipas recorrendo a
padrões onde o critério de seleção dos mesmos seja a descrição completa de
jogadas repetidas ao longo do tempo e dentro de um MJO.
Os resultados ajudam a testemunhar que o objeto do estudo, o jogo de futebol, é
rico em imprevisibilidade e variabilidade, a sua regularidade é alicerçada na
dificuldade em ser regular. A sua génese irregular condiciona a realização de forma
padronizada dos PO. Ainda assim, somos levados a crer que as equipas com maior
António Barbosa Capítulo IV
290
capacidade na interceção, desenvolvimento e finalização do PO, conseguem impor
de forma mais regular ações padronizadas.
Apuramos a falta de resultados capazes de satisfazer o propósito do nosso estudo.
Finalizada a primeira fase do trabalho, encontrávamo-nos num vazio. Atendendo ao
forte processo de observação efetivado, procedemos à reformulação e entrada
numa nova vaga investigacional, conservando o princípio onde os indicadores tático-
técnicos se evidenciam como elementos capitais para a obtenção do tão desejado
sucesso.
O processo de codificação permitiu a descrição minuciosa dos acontecimentos ao
longo de um PO.
Desenvolvemos o tratamento da informação com a técnica de análise sequencial de
retardos.
Atendendo ao propósito da tese e ao trabalho previamente executado, empregando
a referida metodologia, chegámos às seguintes conclusões:
i) Na fase ofensiva, verificamos a existência de condutas cuja regularidade e
probabilidade de ocorrência nos permitem certificar que a sua relação se
estabelece para além do mero acaso. Os resultados evidenciam que cada
equipa possui um conjunto particular de condutas que se relacionam. Os
diferentes MJO têm particularidades que os diferenciam; porém, encontrámos
alguns pontos em comum.
ii) Nos inícios, depois das equipas em estudo sofrerem golo, não apurámos a
ativação de qualquer conduta objeto em nenhum dos MJO.
iii) Comprovámos que cada desenvolvimento se reveste de um papel
divergente atendendo ao MJO e à equipa.
iv) Para os diferentes MJO conferimos a especificidade da ativação zonal das
condutas desenvolvimento, associadas à equipa que as desenvolve
(especificidade do PO). Tal facto permite-nos correlacionar zonas do campo e
desenvolvimentos, demonstrando assim a sua especificidade, atendendo à
equipa que os desenvolve.
A excitação de forma superior ao acaso atesta uma tendência. Cada equipa busca
de forma mais regular desenvolver o MJO, ativando certos comportamentos em
determinadas zonas.
António Barbosa Capítulo IV
291
v) Há condutas desenvolvimento que não ativam qualquer conduta objeto na
equipa do IM.
vi) Averiguámos que as condutas com maior pendor ofensivo variam de
acordo com o MJO e com a equipa. Todavia, há maior incidência das condutas
realça que os desenvolvimentos por drible, remate, cruzamento e a intervenção
do adversário sem êxito se relacionam mais vezes com o final do MJO.
vii) Registámos a especificidade de condutas ativadas, no final com obtenção
de golo. Na equipa do RM, apuramos a ativação da CO Dgra nos finais com
golo dos 3 MJO.
viii) Os finais com insucesso patenteiam mais pontos em comum do que os
finais com sucesso. Realçamos a ativação, retrospetiva nos finais com
insucesso, de zonas relativas ao sector defensivo e desenvolvimentos por
passe curto/médio e longo. Para as equipas em estudos esta combinação de
condutas parece culminar com insucesso. Quanto aos finais com sucesso cada
equipa realiza o seu próprio caminho; porém, cogitamos que a aciclicidade dos
processos representa um fator em comum.
ix) Concluímos que os guarda-redes das equipas têm pouca intervenção no
PO. No caso da equipa do IM, não ativa qualquer conduta de forma superior ao
acaso e, no caso do RM, somente ativa condutas no ataque posicional.
x) Estabelecemos a relação entre zona do campo ativada e CC. Arrolámos
pontos em comum entre as condutas que ativam zonas relativas ao SD e SMD
e as condutas que ativam zonas do SMO e SO. Certificámos ainda que, na
equipa do RM, o aumento do MJO leva a um aumento da relação entre
condutas e zonas do campo ativadas.
xi) Relativamente aos inícios, desenvolvimentos e finais, averbámos a
especificidade e variabilidade, como tal apurámos que o seu estudo deverá ser
individual e não em grupo, atendendo ao MJO e à equipa que o executa.
xii) Pudemos assinalar, pontualmente, a excitação de condutas objeto iguais;
mas, atendendo à multiplicidade das situações existentes no jogo e aos
comportamentos possíveis de registo, os resultados não comprovam que os
MJO sejam iguais, como foi descrito ao longo da exposição das condutas
critério.
Devido à quantidade de itens analisados e ao facto de não verificarmos pontos em
comum capazes de nos reportar para um PO igual em qualquer dos MJO, somos
António Barbosa Capítulo IV
292
levados a crer que o treinador e equipa técnica atenderam aos recursos humanos
disponíveis e aos seus conhecimentos do jogo, com a finalidade de se ajustarem a
um modelo e, com isso, potenciarem os recursos.
Quanto à proposta de organização dinâmica do processo ofensivo os resultados
facultaram chegar às seguintes conclusões:
i) Há pontos em comum, capazes de criar um laço unificador dentro de cada
grupo e, ao mesmo tempo, capazes de os dissociar. Dos diferentes MJO não
conseguimos definir dois grupos distintos início de forma aberta e início de
forma fechada. Cuidamos ser mais adequada a sua observação e análise de
forma individual, ou seja, atendendo à caraterização existente na macro de
observação.
ii) Estabelecer uma relação entre as condutas e a ativação retrospetiva de
zonas do campo, permitiu-nos aferir:
a. O papel que os diferentes desenvolvimentos têm nos diferentes MJO;
b. Que cada equipa ativa retrospetivamente zonas diferentes, atendendo
ao desenvolvimento;
c. Que se evidenciam, claramente, ações relacionadas com o
desenvolvimento do MJO e ações relacionadas com situações de pré-
finalização.
iii) Quanto aos finais do PO, averiguamos especificidade dentro de cada
equipa e respetivos MJO. Cogitamos que o sucesso ou insucesso deriva da
forma como a equipa o realiza, adequando os inícios e os desenvolvimentos
que condicionam o tipo de final.
iv) Constatámos a existência de correlação, que poderá indicar uma
interpretação adequada do modelo conceptual por nós esquematizado,
espelhando a dinâmica do jogo e que, à luz do conhecimento atual, é
fundamental o estudo dos comportamentos das condutas para o descrevemos
com rigor. Contudo, atendendo à amostra selecionada, pensamos que será
necessária a realização de mais estudos com diferentes equipas, campeonatos
e competições.
Consideramos que a construção de modelos de organização geral da dinâmica de
jogo, uma ideologia de jogo e a sua subjetividade, terá que assentar na flexibilidade.
António Barbosa Capítulo IV
293
Com o propósito de criar/implementar modelos de jogo, deve ser definido um
conjunto de guias de comportamento, por forma a verificar-se uma linguagem de
interpretação comum.
A construção de uma ideologia de jogo pelo treinador deverá ser flexível e atender
aos hábitos que os jogadores são capazes de reproduzir; ou seja, no MJO
deveremos atender às características dos jogadores.
Com isto, acreditamos que a compreensão de princípios gerais de atuação (modelo
de jogo) assenta no entendimento dos jogadores, na sua cultura de jogo, na sua
concepção de jogo e capacidades de execução, de acordo com as suas habilidades
tático-técnicas, conhecimentos, capacidade de leitura e de aprendizagem.
Como tal, julgamos que temos de falar em modelo de jogo composto por modelos de
jogadores capazes de executar o jogo pretendido.
O modelo de jogo não cristaliza, o modelo de jogo é flexível e dinâmico, um caminho
e uma trajetória dependente do momento individual de cada executante.
Como implicações para o treino, para além das indicações expostas, devemos:
i) Promover a execução, nos exercícios de treino, das condutas, atendendo
ao reconhecimento da sua relação com a zona do campo onde se verificam.
ii) Trabalhar as situações que produzem insucesso ofensivo, com o intuído
de as transformar em aspetos positivos.
iii) Reforçar as ações que produzem sucesso.
iv) Dividir o jogo em função das partes do todo e dar informações sobre como
trabalhar o processo de jogo através de informações cognitivas com
implicações tácito-técnicas, coletivas e individuais. Atribuindo às referências
visais, comportamentos a efetivar. Estas devem condicionar e orientar a
aplicação do seu MJO: Onde está a bola? Como está colocado o adversário?
Como está a minha equipa? O que tenho que fazer?
António Barbosa Capítulo IV
294
Sugestões para futuras investigações na área da análise do jogo de futebol.
Atendendo ao percurso realizado, seleção de uma macro de observação, processo
de observação e análise, tratamento de informação e resultados, reconhecemos
algumas limitações respeitantes ao estudo do jogo de futebol.
Esta experiência permite-nos, agora, manifestar algumas sugestões para estudos
futuros.
Quanto ao processo de recolha de dados, reconhecemos algumas limitações entre
elas:
i) O tempo necessário para codificar o jogo revela-se como demasiado
extenso e sem expressão visual. Cuidamos que o desenvolvimento de um
software aplicável, com recurso a tecnologia touch, simultaneamente com o
armazenamento dos dados com recurso a imagem, produzirá um avanço
importante em termos metodológicos e, ao mesmo tempo, servirá como forma
de articulação entre a teoria e a prática.
ii) O desenvolvimento de elementos caraterizadores das ações da equipa
que se opõe ao nosso estudo, poderão especificar, de forma mais rica, o jogo,
atendendo aos seus elementos de cooperação-oposição.
iii) A quantidade de informação codificada deverá atender à disparidade de
resultados. Consideramos que as bases de dados deverão atender ao mesmo
número de jogadas codificadas e não ao número de jogos, para tornar mais
igualitário o processo de comparação.
O tratamento da informação, através da procura de T-patterns completos, apresenta
limitações, associadas à questão temporal. O futebol não é uma ciência exata: a
cadência, o ritmo, é particular e próprio de cada jogador, de cada situação e de cada
equipa. Deveremos realçar que no processo de seleção dos padrões, se não
atendermos à pesquisa de padrões completos, poderemos analisar um conjunto
elevado com riqueza informativa relativa ao jogo.
A nossa história pessoal e concernente a uma determinada área da nossa vida,
persuade-nos a ver o jogo através dos olhos do nosso saber. Temos sempre
presente que “we can only see so much”, deveremos procurar uma plataforma de
análise comparativa entre os resultados e conclusões obtidos e o pretendido pelo
treinador e a equipa técnica. Assim, é importante ver o jogo pelos olhos de quem o
António Barbosa Capítulo IV
295
pensa, o seu treinador, e procurar comparar com a forma como ele é executado
pelos jogadores.
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António Barbosa Índice de Figuras
311
Índice de figuras
Figura 1 - Dimensão estratégico-tática enquanto polo de atração, campo de
configuração e território de sentido das tarefas dos jogadores no
decurso do jogo (adaptado de Garganta,1997). 20
Figura 2 - Fases do processamento da informação de uma ação tática
complexa (adaptado de Mahio, 1969; Tavares,1998, citado por J.
Silva, 2008). 21
Figura 3 - Hierarquização do processo de tratamento de informação
(adaptado de Melo et al., 2002). 22
Figura 4 - Conceitos descritivos do jogo de futebol (adaptado de Gréhaigne et
al., 1997). 23
Figura 5 - Comportamento estratégico dos jogadores (adaptado de Bayer,
1994). 29
Figura 6 - Segmentação do fluxo condutor do jogo de futebol (adaptado de
Castellano-Paulis, 2000). 30
Figura 7 - Modelo unitário da organização do jogo de futebol (adaptado de
Cervera & Malavés, 2001). 32
Figura 8 - Modelo de organização da dinâmica do jogo de Futebol (adaptado
de Barreira 2006). 33
Figura 9 - Evolução do processo de análise do jogo em futebol, da dimensão
quantitativa à dimensão qualitativa (adaptado de Garganta, 2000). 46
Figura 10 - Diferentes situações que se produzem no jogo (adaptado de
Ortega & Contreras, 2000). 54
Figura 11 - Processo de análise da performance (adaptado de Robertson,
2000). 56
Figura 12 - Interação do processo de análise do jogo com o treino e a
performance (adaptado de Garganta, 1998). 56
Figura 13 - Situações motoras desportivas (adaptado de Ortega & Contreras,
2000). 58
António Barbosa Índice de Figuras
312
Figura 14 - A observação em competição (adaptado de Ortega &
Contreras,2000). 59
Figura 15 - Processo da metodologia observacional (adaptado de Anguera et
al., 2001). 65
Figura 16 - Proposta de fatores condicionantes do método de jogo ofensivo. 70
Figura 17 - Proposta de modelo de gestão do controle do processo ofensivo. 72
Figura 18 - Proposta: modelo conceptual de organização da dinâmica do jogo
de futebol. 73
Figura 19 - Proposta: modelo conceptual de organização da dinâmica do jogo
ofensivo em futebol. 79
Figura 20 - Desenhos observacionais em quadrantes definidos (adaptado de
Anguera, 2003b). 84
Figura 21 - Folha de cálculo utilizada para o registo das sequências de
eventos. 99
Figura 22 - Ilustração do processo de recolha de dados, através da projeção,
observação e codificação do objeto em estudo. 106
Figura 23 - Início do processo ofensivo através de desarme. 107
Figura 24 - Desenvolvimento do PO através de passe curto/médio. 107
Figura 25 - Desenvolvimento do PO através de passe longo. 108
Figura 26 - Desenvolvimento do PO através de duelo. 108
Figura 27 - Desenvolvimento do PO através de receção e controle. 108
Figura 28 - Desenvolvimento do PO através de passe curto/médio. 109
Figura 29 - Desenvolvimento do PO através de receção e controle. 109
Figura 30 - Final do PO com golo. 109
Figura 31 - Demonstração gráfica do método de deteção de um T-pattern
(adaptado de Magnusson, 2000). 124
António Barbosa Índice de Figuras
313
Figura 32 - Representação gráfica de um t-pattern relativo a um jogo
Liverpool vs Sunderland, English premiership (Bloomfield, Polman,
Butterfly, & O`Donoghue, 2005b). 125
Figura 33 - T-pattern nº1, com ilustração, relativo ao contra-ataque Real
Madrid. 130
Figura 34 - T-pattern nº2, com ilustração, relativo ao ataque posicional Real
Madrid. 133
Figura 35 - T-pattern nº3, com ilustração, relativo ao ataque posicional Real
Madrid. 1335
Figura 36 - T-pattern nº4, com ilustração, relativo ao ataque rápido do Real
Madrid. 136
Figura 37 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições,
análise retrospetiva. 143
Figura 38 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições,
análise prospetiva. 144
Figura 39 - Representação da análise pela técnica de retardos ou transições,
análise retrospetiva e prospetiva. 144
Figura 40 - Exemplo de padrão que termina, por falta de retardos ativados. 145
Figura 41 - Exemplo de padrão de conduta onde se verifica a existência de
dois retardos consecutivos vazios (sem condutas excitatórias). 146
Figura 42 - Exemplo de padrão de conduta onde se verifica a existência de
dois retardos consecutivos com várias condutas excitadas. 146
António Barbosa Índice de tabelas
314
Índice de tabelas
Tabela 1 - Principais trabalhos realizados na área de futebol, recorrendo a
análise sequencial. 67
Tabela 2 - Critério de formato de campo 1 - caraterização do jogo. 88
Tabela 3 - Critério de formato de campo 2 - método de jogo ofensivo. 89
Tabela 4 - Critério de formato de campo 3 - recuperação da posse de bola:
início do processo ofensivo. 90
Tabela 5 - Critério de formato de campo 4 - desenvolvimento do processo
ofensivo. 91
Tabela 6 - Critério de formato de campo 5 - final do processo
ofensivo/sequência ofensiva finalizada. 92
Tabela 7 - Critério de formato de campo 6 - direção e sentido do passe. 93
Tabela 8 - Critério de formato de campo 7 - altura do passe. 93
Tabela 9 - Critério de formato de campo 8 - ritmo de jogo. 94
Tabela 10 - Critério de formato de campo 9 - caracterização espacial. 95
Tabela 11 - Critério de formato de campo 10 - centro do jogo. 96
Tabela 12 - Jogos relativos a amostra observacional. 102
Tabela 13 - Exemplo da descrição dos dados, marco utilizada para o
processamento dos dados. 110
Tabela 14 - Análise da qualidade de dados. Resultados da fiabilidade para
cada um dos critérios.
Tabela 15 - Sector do campo, comportamento e contexto de interação no
processo de recuperação da posse da bola (percentagem). 117
Tabela 16 - Zonas do campo e contextos de interação para ações de "último
passe" e "final do processo ofensivo" (percentagem). 119
Tabela 17 - Comportamento assumido no final do processo ofensivo. 120
Tabela 18 - Descrição dos dados para tratamento no software Theme. 126
115
António Barbosa Índice de tabelas
315
Tabela 19 - Exposição da análise sequencial realizada. Identificação da
perspetiva de processamento de dados através T-patterns. 128
Tabela 20 - Descrição dos dados para software SDIS-GSEQ. 147
Tabela 21 - Exposição da análise sequencial realizada. Identificação da
perspetiva prospetiva, retrospetiva e retrospetiva-prospetiva.
Condutas critério início do PO, desenvolvimento do PO, final do
PO. 149
Tabela 22 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
recuperação por interceção. 151
Tabela 23 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desarme. 152
Tabela 24 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início por ação do GR. 153
Tabela 25 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
interrupção regulamentar a favor. 155
Tabela 26 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe curto/médio. 157
Tabela 27 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe longo. 159
Tabela 28 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por condução. 161
Tabela 29 - Padrão de conduta ou max lag definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por receção/controle. 163
Tabela 30 - Padrão de conduta ou “max lag” definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por drible (Ddr). 165
Tabela 31 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por duelo. 167
Tabela 32 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por cruzamento. 169
António Barbosa Índice de tabelas
316
Tabela 33 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por remate. 171
Tabela 34 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por intervenção sem êxito do adversário. 173
Tabela 35 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa
adversária. 175
Tabela 36 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com obtenção de golo. 177
Tabela 37 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com remate. 178
Tabela 38 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final atingindo o quarto ofensivo de forma controlada. 180
Tabela 39 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por recuperação da posse da bola pelo adversário. 181
Tabela 40 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por infrações às leis de jogo. 182
Tabela 41 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com passe para dentro da grande área adversária. 183
Tabela 42 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início PO por interceção. 193
Tabela 43 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início PO por desarme. 194
Tabela 44 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início PO por ação do guarda-redes. 195
Tabela 45 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início PO por Interrupção regulamentar a favor. 197
Tabela 46 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe curto/médio. 200
António Barbosa Índice de tabelas
317
Tabela 47 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe longo. 203
Tabela 48 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por condução. 206
Tabela 49 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por receção/controle. 209
Tabela 50 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por drible. 211
Tabela 51 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por duelo. 214
Tabela 52 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por remate. 216
Tabela 53 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por cruzamento. 218
Tabela 54 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por intervenção do adversário sem êxito. 220
Tabela 55 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento com ação do guarda-redes da equipa
adversária. 221
Tabela 56 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com obtenção de golo. 223
Tabela 57 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com remate. 224
Tabela 58 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma
controlada. 225
Tabela 59 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por recuperação da posse de bola pelo adversário. 227
António Barbosa Índice de tabelas
318
Tabela 60 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por infrações às leis de jogo. 228
Tabela 61 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com passe para dentro da grande área adversária. 229
Tabela 62 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início por interceção. 237
Tabela 63 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início por desarme. 239
Tabela 64 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
iníco por ação do GR. 240
Tabela 65 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
início por interrupção regulamentar a favor. 242
Tabela 66 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe curto/médio. 244
Tabela 67 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por passe longo. 247
Tabela 68 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por condução. 249
Tabela 69 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento receção/controle. 252
Tabela 70 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por drible. 254
Tabela 71 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por duelo. 257
Tabela 72 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por remate. 259
Tabela 73 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por cruzamento. 262
António Barbosa Índice de tabelas
319
Tabela 74 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por intervenção do adversário sem êxito. 265
Tabela 75 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa adversária. 267
Tabela 76- Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
desenvolvimento por ação do guarda-redes da equipa em fase
ofensiva. 269
Tabela 77 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com obtenção de golo. 271
Tabela 78 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com remate. 272
Tabela 79 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final tendo o portador da bola atingido o quarto ofensivo de forma
controlada. 273
Tabela 80 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por recuperação da posse de bola pelo adversário. 274
Tabela 81 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final por infração às leis de jogo. 275
Tabela 82 - Padrão de conduta ou "max lag" definitivo para a conduta critério
final com passe para dentro da grande área adversária. 2766
Anexos
António Barbosa Anexos
321
Anexo 1
Níveis e eventos relativos aos T-patterns
De seguida, procedemos à apresentação dos resultados obtidos, relativos ao
processo ofensivo no futebol, detetados no nosso estudo utilizando os T-patterns.
i) O conjunto de tabelas expõe, recorrendo a gráficos e legendas, os dados
relativos ao número de eventos verificados pelos padrões.
Quanto ao método ofensivo contra-ataque, no gráfico relativo à equipa do Inter de
Milão, poderemos constatar um mínimo de dois eventos até ao máximo de três
eventos. Por sua vez, na equipa do Real Madrid verificamos um mínimo de dois
eventos até ao máximo de quatro eventos.
Inter de Milão Real Madrid
Co
ntr
a-a
taq
ue
Figura 1 - Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de eventos. Os gráficos expostos são relativos ao método de jogo ofensivo contra-ataque.
Podemos constatar a diferençar relativa ao máximo. Na equipa do RM, o máximo é
superior ao do IM.
No que concerne ao método ofensivo ataque rápido, a equipa do IM, evidencia um
mínimo de dois eventos até ao máximo de seis eventos. Por sua vez, na equipa do
RM, poderemos constatar de um mínimo de dois eventos até ao máximo de nove
eventos.
António Barbosa Anexos
322
Inter de Milão Real Madrid A
taq
ue
ráp
ido
Figura 2- Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de eventos. Gráficos relativos ao método de jogo ofensivo ataque rápido.
Da análise comparativa, apuramos que o número mínimo é igual, mas o máximo
difere em três níveis: a equipa do RM tem a mais três níveis. Relativamente ao
método ofensivo ataque posicional, na equipa do Inter de Milão, verificamos um
mínimo de um evento até ao máximo de dezassete eventos. Por sua vez, na
equipa do Real Madrid, poderemos averiguar um mínimo dois eventos até ao
máximo de dez eventos.
Inter de Milão Real Madrid
Ata
qu
e
ap
oia
do
Figura 3 - Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de eventos. Gráficos relativos ao método de jogo ofensivo, ataque posicional.
No ataque posicional, devido ao diferencial quantitativo das amostras, tivemos
necessidade de aumentar o número mínino de ocorrências, no processo de procura
de padrões. O IM tem um número mínimo de ocorrência de três vezes; por sua vez,
o RM tem um número mínimo de ocorrência de cinco repetições.
António Barbosa Anexos
323
Atendendo à amostra recolhida, se analisada sob o ponto de vista quantitativo, o
número de jogadas codificadas é significativamente maior na equipa do RM. Este
facto leva-nos a deduzir uma tendência: os máximos são superiores no método de
jogo ofensivo contra-ataque e ataque rápido. No ataque posicional , não se verifica
essa constante, uma vez que o software não procederia ao processamento de dados
com valores inferiores. Como tal, no método ofensivo contra-ataque, verificamos
uma diferenciação.
ii) O conjunto de tabelas expõe, recorrendo a gráficos e legendas, os dados
relativos aos níveis verificados.
No que se refere ao método ofensivo, relativamente à equipa do IM, verificamos um
mínimo de um nível até ao máximo de dois níveis; comparativamente, no mesmo
ponto, poderemos verificar na equipa do RM um mínimo de um nível até ao
máximo de três níveis.
Inter de Milão Real Madrid
Co
ntr
a-a
taq
ue
Figura 4 - Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de níveis. Os gráficos expostos são relativos ao método de jogo ofensivo contra-ataque.
A equipa do RM possui mais um nível, relativamente à equipa do IM. Quanto ao
método ofensivo ataque rápido, no gráfico respeitante à equipa do IM, aferimos um
mínimo de um nível até ao máximo de quatro níveis. Por sua vez, nos dados
relativos à equipa do RM, apurámos um mínimo de um nível até ao máximo de
cinco níveis.
António Barbosa Anexos
324
Inter de Milão Real Madrid A
taq
ue r
áp
ido
Figura 5 - Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de níveis. Os gráficos expostos são relativos ao método de jogo ofensivo ataque rápido.
Verifica-se a difrença de um nível: a equipa do RM tem mais um nível do que a
equipa do IM. Relativamente ao método ofensivo ataque posicional constatamos
que, na análise da equipa do IM, podemos apurar um mínimo de um nível até ao
máximo de dez níveis. Por sua vez, a equipa do RM apresenta um mínimo de um
nível e um máximo de sete níveis.
Inter de Milão
Real Madrid
Ataque Apoiado
Figura 6 - Distribuição de T-patterns, relativamente ao número de níveis. Os gráficos expostos são relativos ao método de jogo ofensivo, ataque posicional.
Como foi referido anteriormente, o facto de o número de ocorrências mininas ser
superior na equipa do RM condiciona o resultado final.
Em relação aos eventos já observados, a equipa do RM demonstra mais níveis do
que a equipa do IM. Pensamos que este facto se relaciona com o valor quantitativo
António Barbosa Anexos
325
da amostra ser superior na equipa do RM. No ataque posicional não se averigua
este aspeto, uma vez que o número mínimo de ocorrências é desigual.