Post on 18-May-2018
UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA MARIA
CENTRO DE TECNOLOGIA
DEPARTAMENTO DE PROCESSAMENTO DE ENERGIA ELÉTRICA
CURSO DE ENGENHARIA DE CONTROLE E AUTOMAÇÃO
METODOLOGIA CIENTÍFICA, TECNOLÓGICA, COMUNICAÇÃO E EXPRESSÃO
Prof. Leandro Michels
Santa Maria, 2010
Prof. Leandro Michels
2Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Sumário
1. Introdução ....................................................................................................................................... 5
1.1. Conselho aos formandos.... ................................................................................................. 6
2. Comportamento Profissional .......................................................................................................... 8
2.1. Comportamento Social e Etiqueta Profissional....................................................................... 8
2.2. Aparência Profissional ........................................................................................................... 10
2.2.1. Use a aparência a seu favor .......................................................................................... 10
2.2.5. Roupa de trabalho ......................................................................................................... 14
2.3. Assepsia ................................................................................................................................. 18
2.3.1. Banho ............................................................................................................................ 18
2.3.2. Controle do suor e mau‐cheiro ..................................................................................... 18
2.3.3. Assepsia bucal ............................................................................................................... 18
2.3.4. Maquiagem feminina .................................................................................................... 19
2.3.5. Assepsia de roupas e calçados ...................................................................................... 19
2.4. Etiqueta social ....................................................................................................................... 19
2.4.1. Regras para cumprimentar e apresentar pessoas ........................................................ 19
2.4.2. Regras ao abrir a porta .................................................................................................. 20
2.4.3. Regras no elevador ........................................................................................................ 20
2.4.4. Regras para uso do telefone ......................................................................................... 20
2.4.5. Regras no uso de secretária eletrônica ......................................................................... 21
2.4.6. Regras no uso da internet ............................................................................................. 21
2.4.7. Regras para almoço e jantar de negócios ..................................................................... 21
2.4.8. Dicas e regras para o dia‐a‐dia ...................................................................................... 22
2.4.9. Etiqueta na vida profissional ......................................................................................... 23
3. Comunicação e expressão ............................................................................................................. 25
3.1. Redação oficial ...................................................................................................................... 25
3.1.1. Qualidade e características fundamentais de texto ...................................................... 26
3.1.1.1. Clareza ....................................................................................................................... 26
3.1.1.2. Coesão ....................................................................................................................... 27
3.1.1.3. Concisão .................................................................................................................... 27
3.1.1.4. Correção gramatical .................................................................................................. 29
3.1.1.5. Formalidade e uniformidade ..................................................................................... 29
3.1.1.6. Impessoalidade ......................................................................................................... 29
Prof. Leandro Michels
3Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.1.2. Orientações básicas do ato de escrever ........................................................................ 30
3.1.2.1. Estilo .......................................................................................................................... 30
3.1.2.2. Qualidades da harmonia e da polidez ....................................................................... 30
3.1.3. Técnicas de redação das comunicações oficiais ............................................................ 34
3.1.3.1. Pronomes de Tratamento ......................................................................................... 35
3.1.3.2. Fechos para Comunicações ....................................................................................... 37
3.1.3.3. Identificação do Signatário ........................................................................................ 38
3.1.3.4. Formato padrão de redação oficial ........................................................................... 38
3.1.4. Tipos e modelos de documentos oficiais ...................................................................... 40
3.2. Redação comercial ................................................................................................................ 41
3.2.1. Técnicas de redação dos textos comerciais .................................................................. 41
3.2.2. Regras básicas para confecção de textos comerciais .................................................... 41
3.2.3. Registros de documentos em cartório .......................................................................... 42
3.3. Redação acadêmica ............................................................................................................... 44
3.3.1. Tipos de trabalhos científicos ........................................................................................ 44
3.3.2. Estrutura dos trabalhos científicos ................................................................................ 46
3.3.2.1. Elementos pré‐textuais ............................................................................................. 46
3.3.2.2. Elementos textuais .................................................................................................... 47
3.3.2.3. Elementos pós‐textuais ............................................................................................. 48
3.4. Currículo Vitae ....................................................................................................................... 48
3.4.1. Currículo Vitae Acadêmico – Plataforma Lattes ............................................................ 48
3.5. Comunicação oral .................................................................................................................. 49
3.5.1. Obstáculos a compreensão da informação falada ........................................................ 49
3.5.1.1. Ruídos ........................................................................................................................ 50
3.5.1.2. Falta de conhecimento e experiência comum .......................................................... 50
3.5.1.3. Confusão entre símbolo e objeto simbolizado.......................................................... 50
3.5.1.4. Uso exagerado de abstrações ................................................................................... 51
3.5.2. Como se comunicar adequadamente ........................................................................... 51
3.5.2.1. Uso da voz ................................................................................................................. 53
3.5.2.2. Movimento ................................................................................................................ 53
3.5.2.3. Gestos ........................................................................................................................ 53
3.5.2.4. Contato visual ............................................................................................................ 54
3.5.2.5. Atitudes ..................................................................................................................... 55
3.6. Apresentação oral ................................................................................................................. 55
Prof. Leandro Michels
4Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.6.1. Estruturação de uma apresentação .............................................................................. 55
3.6.1.1. Organização do assunto ............................................................................................ 56
3.6.1.2. Estruturação .............................................................................................................. 56
3.6.1.3. Recursos audiovisuais................................................................................................ 57
3.6.1.4. Estratégia para criação de transparências ................................................................ 59
3.6.2. Dicas para uma boa apresentação oral ......................................................................... 60
4. Metodologia Científica e Tecnológica ........................................................................................... 66
4.1. Ciência ................................................................................................................................... 66
4.1.4.1. Classificação quanto ao objeto de estudo ................................................................ 68
4.1.4.2. Classificação quanto à finalidade do estudo ............................................................. 69
4.1.4.3. Classificação quanto ao grau de precisão dos resultados ......................................... 69
4.2. Conhecimento científico ....................................................................................................... 70
4.2.4.1. Hipótese .................................................................................................................... 71
4.2.4.2. Achado ....................................................................................................................... 73
4.2.4.3. Modelo ...................................................................................................................... 73
4.2.4.4. Teoria ......................................................................................................................... 74
4.2.4.5. Lei .............................................................................................................................. 74
4.2.4.6. Hierarquia do saber científico ................................................................................... 74
4.3. Método científico .................................................................................................................. 75
4.3.1. Método dedutivo .......................................................................................................... 76
4.3.2. Método indutivo ........................................................................................................... 76
4.4. Técnicas de procedimentos ................................................................................................... 77
4.5. Pesquisa ................................................................................................................................. 78
4.5.1. Classificações da pesquisa ............................................................................................. 78
4.6. Pesquisa tecnológica ............................................................................................................. 81
4.6.1. Tecnologia ..................................................................................................................... 81
4.6.2. Inovação tecnológica ..................................................................................................... 81
4.7. Projetos ................................................................................................................................. 83
5. Bibliografia .................................................................................................................................... 84
Anexo I: Documentos oficiais ................................................................................................................ 85
Anexo II: Documentos comerciais ......................................................................................................... 86
Anexo III: Redação de documentos acadêmicos ................................................................................... 87
Prof. Leandro Michels
5Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
1. Introdução
As competências profissionais desejáveis um engenheiro, em suas diferentes modalidades, vai muito além de um conjunto de conhecimentos técnicos envolvendo matemática, física, e suas aplicações a sistemas técnicos. O exercício profissional de um engenheiro, descrito pelo artigo 1º da RESOLUÇÃO Nº218, de 29 Junho 1973, designa as seguintes atividades para os engenheiros:
Artigo 1º: Para efeito de fiscalização do exercício profissional correspondente às diferentes modalidades da Engenharia, Arquitetura e Agronomia em nível superior e em nível médio, ficam designadas as seguintes atividades:
Atividade 01: Supervisão, coordenação e orientação técnica; Atividade 02: Estudo, planejamento, projeto e especificação; Atividade 03: Estudo de viabilidade técnica‐comercial; Atividade 04: Assistência, assessoria e consultoria; Atividade 05: Direção de obra e serviço técnico; Atividade 06: Vistoria, perícia, avaliação, arbitramento, laudo e parecer técnico; Atividade 07: Desempenho de cargo e função técnica; Atividade 08: Ensino, pesquisa, análise, experimentação, ensaio e divulgação técnica; extensão; Atividade 09: Elaboração de orçamento; Atividade 10: Padronização, mensuração e controle de qualidade; Atividade 11: Execução de obra e serviço técnico; Atividade 12: Fiscalização de obra e serviço técnico; Atividade 13: Produção técnica e especializada; Atividade 14: Condução de trabalho técnico; Atividade 15: Condução de equipe de instalação, montagem, operação, reparo ou manutenção; Atividade 16: Execução de instalação, montagem e reparo; Atividade 17: Operação e manutenção de equipamento e instalação; Atividade 18: Execução de desenho técnico.
Como se pode constatar, para exercer a profissão em sua plenitude, os engenheiros precisam ter as seguintes competências, cujos conceitos principais são ministrados nesta disciplina:
• Comunicação e expressão
• Postura profissional
• Metodologia científica e tecnológica
• Propriedade intelectual
Os materiais de apoio a esta disciplina, com relação a parte de comunicação e expressão e postura profissional, são baseados em textos, livros e apostilas empregados por profissionais do setor de recursos humanos e recrutamento, empresas e organizações. Desta forma, tenta‐se repassar o pensamento do mercado de trabalho com relação as estas questões, que por vezes são controversas.
Prof. Leandro Michels
6Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
1.1. Conselho aos formandos....
Nizan Guanaes Discursando como paraninfo na formatura de uma turma na FAAP – 10 de novembro de 2003 Publicitário, fundador do IG e das agências DM9 e África http://www.supertextos.com/texto/Discurso_De_Formatura/752
Dizem que conselho só se dá a quem pede. E, se vocês me convidaram para paraninfo, estou tentado a acreditar que tenho sua licença para dar alguns. Portanto, apesar da minha pouca autoridade para dar conselhos a quem quer que seja, aqui vão alguns, que julgo valiosos.
Não paute sua vida nem sua carreira pelo dinheiro. Ame seu ofício com todo o coração. Persiga fazer o melhor. Seja fascinado pelo realizar, que o dinheiro virá como conseqüência.
Quem pensa só em dinheiro não consegue sequer ser nem um grande bandido, nem um grande canalha. Napoleão não invadiu a Europa por dinheiro. Hitler não matou 6 milhões de judeus por dinheiro. Michelangelo não passou 16 anos pintando a Capela Sistina por dinheiro. E, geralmente, os que só pensam nele não o ganham. Porque são incapazes de sonhar. E tudo que fica pronto na vida foi antes construído na alma.
A propósito disso, lembro‐me de uma passagem extraordinária que descreve o diálogo entre uma freira americana cuidando de leprosos no Pacífico e um milionário texano. O milionário, vendo‐a tratar daqueles leprosos, disse: "Freira, eu não faria isso por dinheiro nenhum no mundo". E ela responde: "Eu também não, filho".
Não estou fazendo com isso nenhuma apologia à pobreza, muito pelo contrário. Digo apenas que pensar e realizar tem trazido mais fortuna do que pensar em fortuna.
Meu segundo conselho: pense no seu país. Porque, principalmente hoje, pensar em todos é a melhor maneira de pensar em si. Afinal, é difícil viver numa nação onde a maioria morre de fome e a minoria morre de medo.
O caos político gera uma queda de padrão de vida generalizada. Os pobres vivem como bichos e uma elite brega, sem cultura e sem refinamento, não chega a viver como homem. Roubam, mas vivem uma vida digna de Odorico Paraguassu.
Meu terceiro conselho vem diretamente da Bíblia: "Seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito". É exatamente isso que está escrito na carta de Laudicéia: seja quente ou seja frio, não seja morno que eu te vomito. É preferível o erro à omissão; o fracasso, ao tédio; o escândalo, ao vazio. Porque já vi grandes livros e filmes sobre a tristeza, a tragédia, o fracasso.
Mas ninguém narra o ócio, a acomodação, o não fazer, o remanso. Colabore com seu biógrafo: faça, erre, tente, falhe, lute. Mas, por favor, não jogue fora, se acomodando, a extraordinária oportunidade de ter vivido.
Tenho consciência que cada homem foi feito para fazer história. Que todo homem é um milagre e traz em si uma evolução. Que é mais do que sexo ou dinheiro. Você foi criado para construir pirâmides e versos, descobrir continentes e mundos, caminhando sempre com um saco de interrogações na mão e uma caixa de possibilidades na outra.
Não use Rider: não dê férias a seus pés.
Não se sente e passe a ser analista da vida alheia, espectador do mundo, comentarista do cotidiano, dessas pessoas que vivem a dizer: "Eu não disse? Eu sabia!"
Prof. Leandro Michels
7Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Toda família tem um tio batalhador e bem de vida que, durante o almoço de domingo, tem que agüentar aquele outro tio muito inteligente e fracassado contar tudo o que faria, se fizesse alguma coisa.
Chega dos poetas não publicados. Empresários de mesa de bar. Pessoas que fazem coisas fantásticas toda sexta à noite, todo sábado e domingo, mas que na segunda não sabem concretizar o que falam. Porque não sabem ansiar, não sabem perder a pose, não sabem recomeçar. Porque não sabem trabalhar. Eu digo: trabalhem, trabalhem, trabalhem. Das 8 às 12, das 12 às 8, e mais, se for preciso. Trabalho não mata. Ocupa o tempo. Evita o ócio, que é a morada do demônio, e constrói prodígios.
O Brasil, este país de malandros e espertos, da vantagem em tudo, tem muito que aprender com aqueles trouxas dos japoneses. Porque aqueles trouxas, que trabalham de sol a sol ,construíram, em menos de 50 anos, a 2ª maior megapotência do planeta, enquanto nós, os espertos, construímos uma das maiores impotências do trabalho.
Trabalhe! Muitos de seus colegas dirão que você está perdendo sua vida, porque você vai trabalhar enquanto eles veraneiam. Porque você vai trabalhar, enquanto eles vão ao mesmo bar da semana anterior, conversar as mesmas conversas; mas o tempo, que é mesmo o senhor da razão, vai bendizer o fruto do seu esforço, e só o trabalho lhe leva a conhecer pessoas e mundos que os acomodados não conhecerão.
E isso se chama "sucesso".
Prof. Leandro Michels
8Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
2. Comportamento Profissional
Ter comportamento profissional condizente com a profissão é fundamental para a carreira de qualquer profissional. Esta necessidade é também fundamental aos engenheiros, cuja atividade profissional transcende das atividades técnicas. Os engenheiros precisam se relacionar com pessoas, comunicar‐se adequadamente, ter uma aparência e vestimenta condizente com a posição profissional, além de ter uma conduta ética condizente com sua importância social. Para destacar esta importância, nesta apostila são apresentados uma série de textos criados por profissionais especializados em recursos humanos, para demonstrar o que o mercado profissional com relação este assunto.
2.1. Comportamento Social e Etiqueta Profissional Rogério Martins rogerio.martins@personaconsultoria.com.br Graduado em Psicologia e possui Pós‐Graduação em Recursos Humanos e Psicodrama http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=p7b5zyrji
É curioso como ultimamente as empresas tem se preocupado com a formação ética e social dos seus colaboradores. Isto denota que há algo de "podre" no reino das organizações brasileiras. Tem surgido uma demanda muito significativa para formação e desenvolvimento da postura social e etiqueta profissional. Será que nossos funcionários desaprenderam sobre convívio social e boas maneiras no trato profissional? Parece que sim!
Com o crescente nível de exigências de conhecimento técnico para o preenchimento das ofertas de trabalho, algumas vezes os profissionais de RH e as próprias chefias esquecem‐se do fundamental: o ser humano. Dominar determinada área técnica não é mais o único fator relevante para o sucesso profissional. Daniel Goleman e muitos outros consultores que estudam o comportamento social nas organizações modernas alertam sobre a importância de utilizarmos corretamente nossa inteligência emocional, ou seja, tirarmos o melhor proveito de nossa capacidade de relacionar‐se com as pessoas. Saber como se portar em uma reunião, em um almoço de negócios, em um coquetel, ou mesmo no dia‐a‐dia da empresa tornou‐se fundamental para o futuro da carreira dos jovens e experientes profissionais.
A seguir relaciono três práticas de etiqueta profissional e comportamento social que, muitas vezes esquecidas ou não exercitadas por nós, podem causar situações embaraçosas ou até mesmo prejudicar o futuro profissional.
Cuide, em primeiro lugar, de si mesmo, da sua apresentação pessoal. Invista na sua imagem e na auto‐imagem. Valorize‐se! Existem pessoas que marcam sua existência pela elegância, outras pela total falta de bom senso na hora de se vestir e se portar. Portanto, quando for trabalhar deixe em casa as roupas coloridas, transparentes e decotadas, as saias justas, as bijuterias grandes e pesadas, os saltos muito finos e altos, as gravatas de bichinhos, aquele terno pink, o sapato velho e desgastado. Lembre‐se do famoso ditado que diz: "a primeira impressão é a que fica". Reflita sobre a imagem que quer transmitir para as outras pessoas e o que tem feito para isto. Peça a seus amigos um feedback sincero sobre sua apresentação pessoal. Vale aqui uma ressalva de que apresentação pessoal não tem a ver com beleza, raça ou tipo físico.
Prof. Leandro Michels
9Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Outro fator que está diretamente relacionado com sua imagem é a comunicação. De nada adianta estar muito bem vestido, andar corretamente, cumprimentar as pessoas adequadamente se na hora de expor suas idéias, ou participar de uma reunião, só ouve‐se erros de concordância verbal, gírias, piadinhas de mau gosto, interrupções constantes para contar vantagem, etc. Ouça mais as pessoas e exercite sua comunicação. Leia mais, participe de cursos, escreva com freqüência, pratique, pratique, pratique!
Evite fofocas. Conheça a história do funcionário que foi transferido de projeto. Logo no primeiro dia, para fazer média com o chefe, saiu‐se com esta:
‐ Chefe, o senhor nem imagina o que me contaram a respeito do Silva. Disseram que ele...
Nem chegou a terminar a frase, o chefe aparteou:
‐ Espere um pouco, Olavo. O que vai me contar já passou pelo crivo das três peneiras?
‐ Peneiras? Que peneiras, chefe?
‐ A primeira, Olavo, é a da VERDADE. Você tem certeza de que esse fato é absolutamente verdadeiro?
‐ Não. Não tenho não. Como posso saber? O que sei foi o que me contaram – completou.
‐ Então sua história já vazou a primeira peneira. Vamos então para a segunda peneira que é a da BONDADE. O que você vai me contar, gostaria que os outros também dissessem a seu respeito? – o chefe questionou.
‐ Claro que não! Nem pensar, Chefe.
‐ Então, sua historia vazou a segunda peneira. Vamos ver a terceira peneira que é a UTILIDADE. Você acha mesmo necessário me contar esse fato ou mesmo passá‐lo adiante?
‐ Não, chefe. Passando pelo crivo dessas peneiras, vi que não sobrou nada do que iria contar ‐ fala Olavo, surpreendido.
‐ Pois é, Olavo. Já pensou como as pessoas seriam mais felizes se todos usassem essas peneiras? ‐ diz o chefe sorrindo e continua: ‐ Da próxima vez em que surgir um boato por ai, submeta‐o ao crivo dessas três peneiras: VERDADE, BONDADE, UTILIDADE, antes de obedecer ao impulso de passá‐lo adiante.
Na vida representamos diversos papéis: de filho‐filha, de pai‐mãe, de empregado‐patrão, etc. Em cada um deles devemos ter o bom senso de nos adequarmos conforme as normas e regras existentes. Para este conjunto de normas e regras é dado o nome de sociedade. Uns dizem que as regras foram feitas para serem quebradas, mas que confuso seria se não as tivéssemos para nos orientar?
Prof. Leandro Michels
10Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
2.2. Aparência Profissional
2.2.1. Use a aparência a seu favor
José Antônio Rosa Professor de pós‐graduação em Administração no Instituto Nacional de Pós‐Graduação, jornalista, editor e consultor da Manager Assessoria em Recursos Humanos. http://www.manager.com.br/reportagem/reportagem.php?id_reportagem=783 Ninguém vê mais anúncios pedindo gente com boa aparência, pois é politicamente incorreto formalizá‐la. Porém, é óbvio que a aparência é levada em conta na hora da contratação, assim como o é em todas as circunstâncias da vida. O ser humano aprendeu a julgar por meio da visão e, se é verdade que esta leva eventualmente a erros de julgamento, é verdade também que o que os olhos dizem são, no mínimo, um dado a mais para o bom avaliador. Isso é profissional. Um bom psicólogo extrai insights sobre o cliente a partir do que está vendo em seu rosto, assim como faz o bom médico, o juiz, enfim, todos os que têm de avaliar. Então, aparência conta ‐ e muito.
Sendo assim, é bom investir na aparência. Quando não por vaidade ou por interesse, pelo menos por respeito aos outros com quem se vai relacionar. Isso não quer dizer, naturalmente, sofisticação no trajar, beleza, estilo fashion ou qualquer coisa que o valha, mas simplesmente cuidados pessoais, zelo, preocupação em evitar itens que comprometem o bom visual.
Ao pensar em aparência, imagem, temos sempre de levar em conta a seguinte pergunta: Para quê? Assim, se o objetivo for divertir‐se em uma danceteria, a imagem adequada é uma; quando se trata de trabalho, é outra completamente diferente. No que diz respeito ao trabalho, alguns pontos que devem ser observados:
• Roupas ‐ adequadas ao trabalho, discretas, bem cuidadas. • Cabelos ‐ aparência de limpeza e cuidado, corte em dia, ausência de itens controvertidos
(rabo‐de‐cavalo, cores estranhas). • Sapatos ‐ de trabalho, engraxados. • Adereços ‐ proibidos para homens (brinco, pulseira, piercing, exceto em algumas poucas
profissões); para mulheres são permitidos, mas vale o bom senso e a ausência de exageros no uso.
• Rosto ‐ é fundamental cuidar de espinhas, pêlos e outro itens do gênero. • Óculos ‐ limpíssimos, bem ajustados, discretos e profissionais.
Usualmente essas coisas não são uma questão de dinheiro, mas de cuidado e zelo. Um pouquinho de atenção resulta em melhora em termos da carreira.
2.2.2. Trabalho exige bom senso na hora de se vestir
(Folha de S. Paulo ‐ 16/09/02)
Saltos muito altos, decotes exagerados, camisa de manga curta com gravata, meias brancas com calça social. São muitos os erros que profissionais podem cometer na escolha da roupa de trabalho. Para driblá‐los, consultores tentam ajudar na difícil escolha diária da roupa que deve ser usada.
Na opinião de Luciane Robic, diretora de moda do IBModa (Instituto Brasileiro de Moda), homens e mulheres têm dificuldades ao tentar adaptar as últimas tendências ao trabalho. "Acabam
Prof. Leandro Michels
11Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
preocupando‐se demais com a moda quando deveriam vestir‐se de acordo com a cultura corporativa", afirma.
O problema é maior para as mulheres, já que têm mais possibilidades de escolha, e, portanto, de errar. "As brasileiras têm pouco critério sobre o que favorece ou desfavorece sua imagem de acordo com seu tipo físico", avalia Inês de Castro, autora do livro "Moda no Trabalho" (Editora Panda), que dá dicas sobre como se vestir em diferentes situações do cotidiano profissional.
As roupas transmitem mensagens, e é preciso cuidar da aparência. Aquele corte moderno nem sempre é o mais adequado ou confortável para as funções exercidas no dia‐a‐dia. O mesmo vale para sandálias, sapatos de salto alto ruidosos, gravatas e adereços chamativos, que dispersam a atenção dos colegas.
"O profissional deve levar em conta que não se veste para si, e sim para seu cliente e seus parceiros de trabalho", opina Ilana Berenholc, consultora de moda ligada ao Senac (Serviço Nacional de Aprendizagem Comercial).
Apesar de as empresas não deixarem de promover funcionários que consideram malvestidos, Andrea Huggard‐Caine, sócia‐diretora da Hewitt Associates, ressalta que quem se veste adequadamente demonstra saber a importância que a companhia dá para a imagem que ele passa.
"Estar bem‐vestido denota que o profissional pode representar bem a empresa, além de demonstrar o valor que dá a si mesmo", completa Nora‐ney Cerneviva, diretora de RH do Citibank.
Para os consultores, a escolha da roupa de trabalho deve levar em conta a cultura da companhia ‐se é mais conservadora ou mais arrojada‐ e a agenda de cada um. Os gostos pessoais podem ser adaptados com sutileza ao visual.
Estar alinhado, entretanto, não é sinônimo de ser chique. Cada vez mais as empresas aceitam um vestuário mais informal, como camisas pólo para homens."Se a companhia não tem uma política definida de vestuário, deve‐se observar como se vestem os superiores", opina Berenholc, acrescentando que "quanto mais o profissional repete um padrão de se vestir, torna‐se mais consistente e ganha credibilidade".
Geralmente, secretárias, vendedores e executivos precisam manter‐se alinhados, pois também representam a imagem da empresa. Como nem sempre é possível prever o que vai acontecer no dia, consultoras recomendam reservar acessórios (como ternos, blazers e gravatas em tons neutros) para ocasiões inusitadas, como uma reunião de última hora com o chefe ou com um cliente.
Estar não quer dizer acertar sempre. "Se você aparece chique para encontrar um cliente mais descontraído, pode passar um ar de arrogância", comenta Huggard‐Caine. Em outros casos, vestir‐se de modo despojado é a regra. "Nas profissões em que se espera um retorno criativo, recomenda‐se criatividade nas roupas, mesmo nas reuniões", diz Fawsia Borralho, estilista e professora da Universidade Anhembi Morumbi.
Prof. Leandro Michels
12Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
2.2.3. Vestuário: Ambiente de Trabalho
Rubem Queiroz Cobra http://www.cobra.pages.nom.br/bmp‐vesttrab.html
A adequação do traje de trabalho tem a ver com a atividade, com o local e o horário em que será usado. Se não for um uniforme obrigatório, segue o que se recomenda para o traje em geral: considerar a idade e o físico da pessoa, combinar com a cor dos seus cabelos e da sua pele. Mas neste caso a roupa de trabalho, sofre ainda mais alguns controles: deve guardar uma certa harmonia de nível entre os empregados no sentido de que algum deles não exceda em luxo aos colegas, e sobretudo ao chefe. Porém, não há medidas para o bom gosto. Este não depende de luxo nem precisa respeitar hierarquias.
O funcionário irá vestir‐se com o cuidado de não exceder em luxo, e também não usar um padrão de roupas inferior ao da média do que usam os colegas. Não esnobar, nem ficar por baixo Porém, não há limites para o bom gosto. Este não depende de luxo nem precisa respeitar hierarquias. É uma boa idéia manter‐se a roupa para uso no trabalho sempre separada das que se usará para outros fins, em casa e na rua.
Roupa‐de‐trabalho, mulher. No trabalho, são consideradas inadequadas para a mulher roupas que são coladas ao corpo, curtas e sem mangas, com decotes grandes ou em tecidos transparentes ou brilhantes; a blusa deve ser opaca o bastante para esconder as costuras e alças do sutiã. Tecidos grossos demais, certos conjuntos de jeans, roupa de couro ou veludo, dão aparecia de ineficiência e pouco dinamismo.
São mais próprias roupas fartas, dentro do seu figurino, evitando cores baratas (preto, marrom, ou coloridos ralos, de pouca tinta), como também estamparia de desenho muito graúdo (grandes retângulos, grandes círculos, grandes folhas, etc.).
Roupa, sapatos e bolsa de cor branca devem ser evitados nos meses frios ou nos dias chuvosos.
Salvo quando a natureza do trabalho recomendar o contrário, é mais conservador e clássico o uso de saias, em vez de calças compridas. Os caprichos da última moda sempre parecem, inicialmente, extravagantes, e chocam as pessoas que não lêem revistas francesas e italianas. Por isso não é uma boa idéia para a mulher, ser muito vanguardeira em seus trajes de trabalho.
As meias compridas são um acessório importante para a elegância, desde que não sejam espessas e chamem atenção como se fossem meias ortopédicas.
Quanto a jóias e bijuterias, no trabalho é conveniente usar o mínimo em tamanho e quantidade. Brincos discretos e pequenos, cintos não muito largos, principalmente se forem de couro cru ou cadeia de metais.
Certa vez fui atendido em uma livraria pela própria dona da loja. Usava em uma das mãos um anel com uma grande pedra, e na outra um chuveiro com cinco brilhantes de meio quilate cada um. Elogiei a beleza da ametista, mas ela respondeu secamente: "É um rubi." Abstive‐me de comentários sobre os brilhantes, mas pensei no quanto ela parecia ter vindo de uma grande noitada diretamente para sua livraria.
Os sapatos nunca são de plataforma alta, ou de salto muito alto; melhor que sejam delicados e de salto médio, e estejam sempre limpos, assim como a bolsa. Se a mulher tem que caminhar muito entre o local onde estaciona seu carro ou desembarca do transporte coletivo, e o local do trabalho,
Prof. Leandro Michels
13Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
não precisa estragar pelas calçadas os sapatos de sua toilete. Pode utilizar um calçado robusto, adequado para a caminhada, que não prejudique muito a sua elegância, e levar em uma pequena sacola o par que usará no trabalho. Porém, usar para esse trajeto um tenis e meias brancas e curtas – um costume das americanas que chama a atenção em Nova York –, é um contraste muito desagradável de se ver.
Não é uma boa idéia para a mulher, ser muito vanguardeira em seus trajes de trabalho, e surpreender os colegas com as extravagâncias da última moda. Porém; usar roupas velhas e muito fora de moda, e sapatos deformados e sujos, é igualmente ruim.
Roupa‐de‐trabalho, homem. Para o homem valem recomendações bem parecidas. O uso de paletó e gravata é praticamente obrigatório como paramento da autoridade, tanto pública como privada. O modo de vestir‐se de uma autoridade é sempre conservador. Os ternos são em cores escuras, listados ou não, a camisa branca, raramente azul claro, com punhos simples ou duplos, sapatos clássicos, de laço ou de fivelas, meias escuras e gravatas conservadoras. Tanto no governo quanto em empresas privadas os funcionários do alto escalão de chefia, podem usar blazer, mantendo a gravata. Em qualquer dos casos, a camisa a ser usada com o paletó é sempre de mangas compridas. O punho deve ultrapassar a ponta da manga do paletó cerca de 1 a 1,5 cm, ficando cobertas as abotoaduras ou o botão do punho da camisa. Esta, ao nível das assessorias, pode variar a cor, mantendo‐se o bom gosto da combinação; os sapatos podem ser mocassins com borlas.
Fora do escalão das autoridades, públicas ou privadas, e das suas assessorias, os homens comumente usam, no máximo, paletó esporte de cor e padrão discretos, com gravata ,até apenas camisas de mangas curtas ou compridas com gravata, sem paletó.. As camisas sociais coloridas, com colarinho e punhos brancos, são um tanto pretensiosas e por isso o seu uso resvala para os limites do mau gosto, e as camisetas de barras coloridas e tenis também não são recomendaveis..
Jalecos e acessórios. Os homens usam o jaleco sobre a camisa de gola com ou sem gravata, as mulheres usam diretamente sobre o vestido ou blusa preferencialmente que tenham gola . Ao sair do ambiente de trabalho, o jaleco ou o guarda‐pó deve ser despido, porque não é parte do traje social e sua função é restrita ao local da atividade. Jalecos usados em consultórios, hospitais, laboratórios e oficinas não interferem na vestimenta, exceto por dispensarem o paletó ou o blazer.
Os suspensórios são pouco usados atualmente, e as calças vêm com alças para os cintos. Se o homem prefere manter as calças em posição com o uso de suspensórios, deve usar um cinto folgado para ocupar as alças, ou então mandar removê‐las, ou encomendar calças a um alfaiate, sem esse detalhe
Os jeans nunca deixam de trair suas origens; ficam melhor para o trabalho no campo, no quintal, ou no jardim e nas oficinas. Sequer para o trabalho em um atelier de arte, um estúdio de fotografia, balcão de loja, ficam lá muito bem.
Não se usam meias claras ou brancas com sapatos escuros. As meias nunca devem ser de cano curto, pois deixam parte das pernas à vista quando o homem se senta. Sapatos engraxados – não se deve dar chance a alguém de saber de onde o outro vem, pelo barro nos seus sapatos –, roupas limpas e passadas, sem manchas, rasgos ou falta de botões, é um mandamento básico.
Prof. Leandro Michels
14Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
2.2.4. Como se vestir bem para uma apresentação de sucesso
Marcos Paulo Peitl http://www.artigonal.com/marketing‐pessoal‐artigos/como‐se‐vestir‐bem‐para‐uma‐apresentacao‐de‐sucesso‐521022.html
A comunicação é tudo e começa com a aparência. Estar bem vestido, alinhado e coerente com a circunstância é fundamental para o sucesso da sua apresentação.
Donald Trump, exímio comunicador, milionário, espelho da maioria dos executivos do mundo e estrela do reality show americano "O Aprendiz", afirma categoricamente em seu livro "How to get rich" ( Como ficar rico):
"A maneira como nos vestimos diz muito a nosso respeito, muito antes de dizermos uma só palavra"
O que você quer dizer ao se vestir? Organização ou desleixo? Confiança ou insegurança?
Muitas apresentações começam fadadas ao insucesso devido à má aparência. Temos poucos segundos para causar uma impressão, negativa ou positiva. A sociedade e a grande maioria das pessoas que nos assistem e que conversam conosco dão muito valor a embalagem, faz parte da essência humana gerar preconceitos, resistência e julgamentos em poucos instantes. Sem uma embalagem bonita e atraente, provavelmente ninguém irá se arriscar a conhecer o conteúdo. Antes da sua próxima reunião, entrevista ou apresentação, lembre‐se disso.
2.2.5. Roupa de trabalho
http://cursoschafic.com/etiquetasocial.pdf
Competência é o que interessa, mas o jeito de se vestir soma pontos na carreira. Se você quer ser uma pessoa de sucesso, tenha a aparência de uma pessoa de sucesso. Um guarda‐roupa com peças adequadas e de boa qualidade não é vaidade, mas uma ferramenta de trabalho que categoriza o profissional.
Qualquer um pode controlar a aparência em benefício próprio. Encare a roupa de trabalho como uma forma de exibir conceitos e códigos de valores seus e da sua empresa.
A chamada roupa de trabalho é diferente das escolhas para o final de semana ou lazer, onde incluir toques de moda é obrigação. A roupa profissional tem a tarefa de passar o conceito da empresa e um depoimento da pessoa que a esta usando.
Porém, liberdade significa responsabilidade. Portanto, mesmo com o casual ditando algumas regras na hora de se vestir para trabalhar, o bom senso sempre valoriza o curriculum. Como no ditado romano: “A mulher de César não basta ser honesta, mas também parecer honesta”.
A roupa de trabalho pode não fazer o monge, mas ajuda a conquistar os locais sagrados. A maneira como uma pessoa se veste pode ser uma pista para saber se ela se respeita, se é desleixada, se tem disciplina, é social ou introvertida, dinâmica, moderna, clássica ou até um narcisista de plantão.
Prof. Leandro Michels
15Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Dicas importantes ao vestir no ambiente de trabalho:
• na dúvida opte pelo clássico; cuidado com a moda e os modismos • cores escuras emagrecem e passam sobriedade e segurança; cores claras engordam e
passam descontração; faça uma composição que equilibre estes dois fatores • roupas discretas em cores harmoniosas • fuja à tentação do jeans • escolha relógio e acessórios que complementam sua roupa; cuidado com os excessos • gravata também é um acessório
Para o homem:
• prefira ternos escuros • pesquise tecidos que melhor se adaptam à sua região e estilo pessoal • a meia é uma extensão da calça • evite gravatas de bichinhos, de crochê ou frouxa no colarinho... • evite camisa quadriculada ou listrada • a barba deve ser feita todos os dias • cuidado com a combinação calçado e calça
Para a mulher:
• evite decotes e transparências • prefira batom e esmalte claros, saias na altura do joelho e tailleurs • cuidado com babados e rendas; nunca deixe o sutiã visível • prefira cores discretas, sem estampas fortes • maquiagem deve ser discreta e funcional • opte por sapatos fechados • cuidado com o pescoço e colo à mostra
Peças básicas de um guarda‐roupa formal (homem):
O figurino básico ideal para um executivo pode ter cinco ternos ou costumes (dois marinhos de modelos diferentes, um cinza escuro, um preto e outro mais claro para ocasiões menos formais), dez ou doze camisas sociais (quatro ou cinco brancas) e sete gravatas, para variar durante a semana. Lembre‐se: blazer é um coringa para homens e mulheres. Peças básicas de um guarda‐roupa informal (homem):
Com uma seleção de roupas básicas ninguém fica mal vestido no trabalho. Essas peças também aceitam um toque pessoal ou de moda, de acordo com o gosto ou estilo de vida de cada um. Elas também são roupas adequadas ao "Casual Friday".
• Camisas sociais em tom de branco e azul‐claro. • Camisetas brancas, pretas e mescla cinza, sem estampa. • Camisas brancas ou pretas esportivas em algodão. • Camisas pólo de tecidos firmes em tons neutros. • Calça de alfaiataria cinza ou bege escuro. • Calça esporte em sarja cáqui . • Calça esporte preta. • Suéteres decote “V”, redondo ou malha de tricô, em marinho, bege ou azul. • Sapatos pretos (amarrados e esportes), ou castanhos esportivos, com bico fino ou quadrado.
Prof. Leandro Michels
16Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Combinação de cores (homem):
• Homens de cabelos e olhos escuros e tez morena combinam com trajes marinho, verde musgo ou castanho. As camisas são em marfim, azul claro, branca, bege claro
• Homens de cabelos, pele e olhos claros: trajes em qualquer tom de azul, verde escuro ou de cinza, com camisas em tons de azul médio, beges e cinza pálido.
• Homens de cabelo grisalho devem usar trajes em tons de cinza, marinho bem escuro ou preto, com camisas brancas, rosa ou listrada em cinza.
• Para homens de pele escura, afro‐brasileiros, use traje azul médio, marinho, cinza médio e preto (risca‐de‐giz), combinando com camisas brancas, marfim ou azul‐claro.
• Para homens orientais, os ideais são os ternos marinhos, castanhos e cinza asfalto, usados com camisas claras que não sejam variantes do cáqui ou amarelo.
Evite sempre que puder (homem):
• Meias claras e brancas com trajes escuros. A meia deve ser um prolongamento da calça ou do sapato.
• Mangas e calças curtas ou volumes exagerados. • Sapato esporte com traje completo. • Roupas variando muito de acordo com a ocasião. • Prendedor de gravata está em desuso. • Gravata muito curta ou longa. A gravata deve chegar até a altura do cinto.
Os dez mandamentos para não errar na roupa de trabalho (homem):
1. Os colarinhos sociais e esportivos são os sinais mais visíveis da elegância de um homem. Maiores que o pescoço desabam qualquer rosto. Apertados, sufocam o visual.
2. A combinação da camisa com a gravata pode demonstrar atitude moderna ou decepcionar de cara. Estes itens devem ser atualizados a cada estação, como as bijuterias femininas.
3. Os ombros do paletó devem ser naturais. Maiores ou menores criam um ar "desmontado" ou desconfortável.
4. As mangas devem cair impecáveis em camisas e paletós com os comprimentos certos. Curtas deixam qualquer um deselegante ou mesmo cafona. Compridas, acabam com qualquer sinal de elegância. E não basta dobrar as mangas para dentro. O conserto deve ser feito por pessoas especializadas.
5. A largura do casaco deve ser do tamanho do corpo. Justo demais parece que encolheu na lavagem. Largos, engordam e deixam a silhueta mais baixa.
6. Use botões discretos e, sempre que possível, abotoados.
7. O comprimento dos casacos não deve passar muito das nádegas e nem ser muito curto. Quanto mais longo, menores aparecem as pernas.
8. Calças também definem a elegância. As modelagens de volume moderadas para o ajustado são as que vestem eternamente bem.
9. O comprimento das calças, especialmente as formais, deve ter a bainha marcada corretamente. Curtas comprometem, longas demais acabam com o visual.
Prof. Leandro Michels
17Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
10. Escolha sapatos adequados ao tipo de roupa. Os amarrados combinam com tudo, até com roupas informais. Os esportivos só se prestam a produções informais. Atenção com as meias. Na dúvida, combine com os sapatos.
Dicas importantes ao vestir no ambiente de trabalho (mulher):
• Aposte nos básicos modernos, peças combináveis entre si, tecidos que não amassem e nem atrapalhem os movimentos.
• Escolha peças práticas, econômicas e versáteis, que não interfiram no estilo individual e tipo de trabalho.
• Adote tendências com critério, sem carregar na sobriedade e nem escorregar nos exageros. • Tempo é dinheiro. Invista em roupas que enfrentem qualquer ocasião e dispensem o ferro
de passar. • Aprenda a avaliar se o que mostram as vitrines de moda de fato combinam com seu tipo
físico e seu ambiente de trabalho. • Roupas clássicas de boa qualidade duram até cinco anos impecáveis e, por isto, valem o
preço. • Vista‐se para se sentir confortável, apreciada e adequada. Opte por roupas que priorizem
versatilidade, e não só a beleza. • Profissionalmente, sempre é melhor chamar a atenção pela elegância do que pela ousadia
ou irreverência. • Prefira cores discretas, neutras e sem estampas marcantes e também peças ou conjuntos
inteiros, fáceis de vestir e melhor para combinar. • Imprima as tendências da moda nos acessórios e use roupas básicas fáceis de portar e
econômicas na manutenção. • Use sapatos confortáveis e com saltos médios ou sandálias mais fechadas. • Se você lida com o público, sua imagem deve comunicar eficiência e gentileza (roupas
básicas, poucos complementos). • Se trabalha num escritório de advocacia ou em outro ambiente sóbrio, sua imagem pede
maneiras discretas e roupas mais formais. • Agências de publicidade, empresas de marketing, o mundo da moda e escritórios de
arquitetura permitem trajes criativos e aceitam estilos mais ousados. • Para negociar com clientes conservadores, um tailleur ou roupa escura e acessórios discretos
transmitirão seriedade e segurança. • Já a apresentação de um projeto inovador pede roupas de corte moderno, cores fortes e
acessórios inventivos para imagem e idéia não colidirem. • Para se adaptar a ambientes mais sóbrios, as mais jovens podem dar um toque nas roupas
básicas, inventando combinações inéditas e usando acessórios leves e coloridos. • De modo geral, quem escolhe peças básicas para trabalhar pode imprimir o tom de cada
estação aos acessórios, mas não deve exagerar nos complementos.
Vestimenta formal (mulher):
• Para a mulher que ocupa posição de destaque, a roupa clássica é sempre a grande solução. Mas não confunda clássico com antigo: o estilo vale sempre, mas deve ser renovado e atualizado.
• Até mesmo a moda clássica das executivas acompanha as mudanças no comportamento. Com a valorização do corpo, as formas ajustadas trazem saias sensatas, na altura do joelho, e paletós mais acinturados.
• As cores claras são energéticas, mas as escuras tradicionalmente projetam uma aura de poder.
Prof. Leandro Michels
18Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Austeridade demais também pesa. Amenize, jogando acessórios ou desmembrando o tailleur com novas parcerias. Lembre‐se: os acessórios e complementos podem ser arrojados, mas a peça principal deve ser comportada.
• Um bom paletó é indispensável. Pode ser usado sobre uma saia, calça ou vestido. Roupas mais estruturadas, de linhas rígidas, impõem autoridade.
• Se o seu trabalho permite, use e abuse das calças. Elas escondem e insinuam as pernas e, usadas com paletó e camisa aberta, são modernas e discretas.
• Lembre‐se de que seu colega homem não comparece ao trabalho usando sandálias ou sapatos chamativos (além de não reclamar por ter que usar sapatos fechados!). Para dar o mesmo pique ao visual, escolha escarpins, mocassins e uma coleção de sapatos mais fechados.
2.3. Assepsia
Além de estar adequadamente vestido, é fundamental que o profissional tenha uma assepsia compatível com a atividade profissional desempenhada. Segue algumas regras básicas:
2.3.1. Banho • Preferencialmente duas vezes ao dia, pela manhã e à noite. No mínimo, uma vez ao dia. • Lavar os cabelos com freqüência (de preferência diariamente), usando shampoo e
condicionador e cremes de acordo com seu tipo de cabelo • Deve‐se evitar a oleosidade no cabelo, e garantir que o cabelo não possua caspa. • Para os homens, manter a barba aparada (pode‐se usar barba, mas mantê‐la cortada). • Para as mulheres, manter as axilas depiladas. • As unhas devem estar absolutamente limpas, lavando‐as com a maior freqüência possível. • As unhas devem ser permanentemente aparadas, polidas e limpas. • Pessoas com acne devem ter um cuidado permanente para evitar a má‐impressão causada
por oleosidade de pele e feridas abertas. Neste caso, lavar freqüentemente o rosto com sabonete apropriado para pele com acne.
• Os cabelos devem estar sempre bem cortados, penteados. O uso de gel para homens e de cabelos presos para mulheres é bem‐vindo.
2.3.2. Controle do suor e maucheiro • Usar desodorante antitranspirante preferencialmente neutro (ou com perfume suave) para
evitar o mal‐cheiro provocado pelo suor (em especial, nas axilas). • Controle o uso de especiarias, café, chocolate, etc. que elevam a temperatura do corpo e
tendem a aumentar o mau‐cheiro. • Rosto suado: lave‐o pelo menos 3 vezes ao dia. • Nunca enxugue o suor na manga da camisa ou barra da saia. • Usar perfume preferencialmente do tipo deo‐colônia, que dá a sensação de frescor e
limpeza. Em locais de clima frio, é possível usar‐se perfumes mais fortes no inverno. Contudo, deve‐se tomar o cuidado para não exagerar. Evite perfumes doces e de cheiros forte.
• Usar talco para os pés, evitando o chulé.
2.3.3. Assepsia bucal O sorriso de uma pessoa é o seu cartão de visitas isso não existe como negar, afinal a primeira coisa que reparamos no primeiro contato com uma pessoa e o seu sorriso, e um sorriso com dentes
Prof. Leandro Michels
19Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
brancos e bonitos é realmente cativante e envolvente. Por isso, é desagradável conhecer uma pessoa que tem os dentes feios, amarelos e mau cuidados.
Por este motivo, sugere‐se os seguintes cuidados:
• Escovar os dentes após as refeições. Se não for possível, ao menos masque um chiclete para reduzir o mau‐hálito.
• Use fio dental antes das escovações, para evitar que restos de alimentos fiquem aparentes, causando uma péssima imagem.
• Visite o dentista anualmente. A falta de limpeza gera tártaro, cáries, infecções nas gengivas,etc. que podem provocar mau‐hálito.
• Se o mal hálito for forte e persistente, procure ajuda médica, pois é extremamente desagradável às demais pessoas e pode indicar um problema de saúde.
2.3.4. Maquiagem feminina A maquiagem deve seguir a seguinte regras:
• Deve ser discreta, em tons claros. • A pele deve estar limpa e as sombracelhas aparadas. • Evitar batons de tons escuros e chamativos (vermelho, lilás, etc). • Usar base discreta ou pan‐cake.
2.3.5. Assepsia de roupas e calçados A vestimenta, além de adequada ao padrão profissional, deve:
• Estar em perfeito estado de uso (não possuir manchas, rasgos, marcas fortes, com golas estragadas, etc.).
• Estar devidamente limpa e não‐amassada. • Devem ser trocadas diariamente. • Os sapatos devem estar sempre limpos e engraxados, e em perfeito estado de uso.
2.4. Etiqueta social As regras de etiqueta são uma espécie de código através do qual nós informamos aos outros que somos preparados para conviver harmoniosamente no grupo. Essas regras tratam basicamente do comportamento social, e englobam desde o modo de vestir‐se adequadamente às diversas ocasiões, até os modos de comer, de freqüentar ambientes públicos e, principalmente, de como se relacionar com as pessoas.
2.4.1. Regras para cumprimentar e apresentar pessoas Há uma regra básica para todos os tipos de apresentação: quem quer que esteja se apresentando ou sendo apresentado, deve sorrir e olhar a pessoa nos olhos. Seriedade e tensão não funcionam bem nas apresentações.
Algumas regras:
• A pessoa mais importante é quem recebe a outra e tem seu nome dito primeiro. No meio empresarial, é interessante dar ao cliente essa importância maior."
• O tapinha nas costas e os beijinhos devem ser evitados sempre, a menos que haja grande intimidade entre eles e a ocasião permita esse tipo de carinho.
• Caso a pessoa apresentada — por uma questão de descortesia — não estique a mão para receber o cumprimento. O que fazer? Se ao esticar a mão para apresentar‐se a alguém, ela não retribuir esse gesto, retire a mão mas continue a apresentação.
Prof. Leandro Michels
20Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Para apresentar alguém a um grupo, aproveite o momento em que estiverem reunidos e diga algo mais ou menos assim: "Oi, pessoal, queria apresentar a vocês a Luciana Forli, designer da Briattore, em Milão."
• Nas apresentações para um grupo de pessoas são dispensados os apertos de mão. • Homens, se estiverem sentados ao ser apresentado, devem se levantar para cumprimentar.
Por outro lado, as mulheres, caso estejam sentadas, só devem levantar‐se se a pessoa apresentada for a anfitriã ou uma senhora de idade.
• As mulheres também se cumprimentam apertando as mãos. • Quando lhe cabe apresentar alguém, diga o nome completo da pessoa e algo que propicie o
início de uma conversa. • O "olá!" e o "como vai?" são considerados cumprimentos padrões. Você não precisa usar
aquele tradicional "muito prazer!" • Ao apresentar o cônjuge, independentemente se são casados ou não, o mais adequado é
apresentar o parceiro como meu marido, ou minha mulher. Algo do tipo: "Olá, esta é minha mulher, Denise." É de bom tom e evita constrangimentos.
• Quando você se apresentar a alguém, não se intitule doutor, professor, engenheiro, etc. Se você é doutor, professor ou magistrado, todos saberão no momento oportuno. Isso não é de bom tom na hora da apresentação. Você deve apenas dizer o seu nome.
2.4.2. Regras ao abrir a porta • Quando vier alguém atrás de você, segure a porta até que a pessoa possa segura‐lá, mas só
se ela estiver bem próxima
• Se você for o primeiro de um grupo que chegar à porta, abra‐a segurando‐a o tempo necessário para que ela não feche em cima de quem vem atrás de você.
2.4.3. Regras no elevador • Nos elevadores, o homem sempre deve segurar a porta para a entrada da mulher. Da
mesma forma, os idosos têm a preferência. • Se duas pessoas forem descer no mesmo andar, o homem, ou a pessoa mais jovem, deve
abrir a porta para que a mulher ou o mais idoso saia do elevador. • Em elevadores de empresas, o homem deve entrar após a mulher e permitir a passagem
para que ela saia primeiro. Se o elevador estiver muito cheio e essa delicadeza representar incômodo para as pessoas, o homem deve pedir licença e sair primeiro.
• Qualquer pessoa que entra no elevador deve cumprimentar aqueles que já estão dentro.
2.4.4. Regras para uso do telefone Ter bons modos ao telefone pode fazer uma diferença enorme na carreira de uma pessoa. Veja a seguir como evitar alguns erros muito comuns, que são cometidos, inclusive por executivos experientes:
• Tenha sempre papel e caneta e anote os recados; pergunte se o outro pode falar naquele momento; desligue o celular em reuniões, eventos e locais públicos – a menos que esteja aguardando uma ligação urgente!
• Se o celular de outra pessoa tocar nunca atenda! • Ao atender ao telefone, diga o seu nome e pergunte "em que posso ajudar?". Evite
perguntar "quem fala?". Só faça esta pergunta se não conseguir identificar quem está falando.
• Se a pessoa se identificar usando o título de doutor, professor, etc., trate‐o pelo título, nunca somente pelo nome.
• Enquanto estiver falando ao telefone, não faça outras coisas como digitar, mexer com papéis etc. A pessoa do outro lado, com certeza, vai perceber e pode achar que você não está lhe dando a devida atenção.
Prof. Leandro Michels
21Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Não coma enquanto estiver ao telefone. Mesmo o som de uma simples bala, chiclete ou pastilha é percebido pelo interlocutor e pode ser interpretado como pouco caso seu.
• Não tussa, espirre nem assoe o nariz diretamente diante do telefone. Desculpe‐se e afaste‐se do aparelho por alguns instantes.
• Se precisar deixar o aparelho por alguns instantes, coloque‐o com cuidado sobre a mesa para não fazer barulho.
• Durante uma reunião na sua sala, se o telefone tocar, peça licença aos demais, atenda e, ao desligar, desculpe‐se pela interrupção.
• Se você recebeu a ligação e precisa de algum tempo para dar uma resposta, comprometa‐se a ligar, informando quando e a que horas telefonará.
• Já se foi você que fez a ligação, e a outra pessoa precisa de um tempo para dar uma resposta, pergunte quando e a que hora você pode voltar a ligar.
• Sempre que ligar ou atender o telefone, esqueça seus problemas pessoais. • Sua voz deve soar calma e agradável, por mais que esteja sobrecarregado de trabalho.
E lembre‐se: quem faz a ligação deve desligar primeiro. Esta regra só deve ser quebrada quando o outro estende demais a conversa e não percebe que está na hora de desligar, mesmo depois de você dizer que está muito ocupado ou que tem um compromisso urgente naquela hora. Uma saída educada é interromper a conversa dizendo "foi um prazer receber sua ligação, mas eu preciso desligar". Se ele mesmo assim não desligar antes, você pode desligar primeiro.
2.4.5. Regras no uso de secretária eletrônica Os recados e as mensagens de gravação devem ser curtos. É inconveniente gravar uma trilha sonora demorada, ou deixar recados engraçadinhos. Da mesma forma, ao ser atendido por uma secretária eletrônica, as mensagens devem ser breves. Deixe registrado seu nome, dia e hora que ligou, um telefone de contato, e, se necessário, um resumo do assunto a ser tratado. Veja um exemplo: Mensagem gravada: "Olá, eu sou Rodrigo Pádova e esta é uma gravação. Por favor, deixe seu nome e telefone que eu retornarei a ligação em breve. Obrigado!" Como deixar o recado: "Dr. Rodrigo, aqui é Otacílio Câmara, da GrafiSul. Preciso falar a respeito do Seminário em Brasília. Meu telefone é 60008888. Obrigado!"
2.4.6. Regras no uso da internet • Não repasse e‐mails duvidosos, correntes, piadas e boatos; • Responda todos os e‐mails rapidamente. • Não faça spam (propaganda sem prévia aceitação pelo receptor); • Preste atenção na gramática, ortografia e na pontuação. • Lembre‐se: nas empresas, geralmente todo o conteúdo dos emails é monitorado. Evite o uso
pessoal do email corporativo.
2.4.7. Regras para almoço e jantar de negócios
Regras básicas: • Almoço ou jantar de negócios: quem convida paga a conta; • Opte por refeições e bebidas leves; lembre‐se que a finalidade é comercial e não nutricional; • Evite: palitar os dentes, mastigar com a boca aberta, cotovelos na mesa, olhar só para o
prato, arrastar a cadeira, comer antes de todos estarem servidos, chamar o garçom por outro nome, usar o celular.
O uso dos talheres segue, normalmente, as normas da etiqueta européia:
Prof. Leandro Michels
22Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Garfo sempre na mão esquerda, faca na direita;
• Faca só se usa para cortar;
• Quando garfo e faca não estiverem sendo usados, devem ser colocados sobre o prato, e nunca com o cabo apoiado na mesa;
• Terminada a refeição, coloque garfo e faca lado a lado, sobre o meio do prato no sentido vertical.
• Quando a refeição tiver vários pratos e a mesa se mostrar com talheres, sempre comece o uso pelos talheres mais externos indo para os mais internos.
• Caso tenha guardanapo de pano, a primeira coisa a fazer ao se sentar é colocar o guardanapo no colo. Se estiver engomado, mantenha‐o dobrado na horizontal pelos vincos. Sempre que por levar o copo à boca, passe antes o guardanapo nos lábios. Caso você precise se levantar durante a refeição, coloque‐o sobre a toalha, à esquerda do prato, sem dobrar. Quando terminar de comer, faça o mesmo.
• O talher usado nunca é deixado sobre o forro da mesa.
• Se você descansa ambos os talheres por algum motivo, como para usar o guardanapo, partir o pão, etc., o garfo é colocado fazendo um triângulo com a faca.
• Ao terminar uma refeição, a pessoa deixa o garfo e a faca unidos em paralelo, dentro do prato, com os cabos apoiados na borda do lado direito, aproximadamente na direção 4:20 horas.
• A etiqueta recomenda que o lado cortante da faca esteja voltado para o interior do prato e o garfo com os dentes para cima.
2.4.8. Dicas e regras para o diaadia
• Nunca fume em reuniões, visitas ou locais fechados. • Cuidado para não exceder nas festas de empresa, happy hours, jantares e almoços sociais,
comemorações, etc.; • Nunca seja o último a sair dos eventos. • Esteja atento e seja cordial com todos, afinal somos todos iguais e merecemos respeito. • Jamais chame o cliente de querido, meu bem, benzinho. • Sempre ande com cartões de visita atualizados. • Conheça os usos e costumes de cada local e preste atenção aos detalhes. • Na dúvida, observe primeiro e pergunte depois. • Nunca trate de assuntos particulares próximo a clientes. • Lembre‐se que cada cargo ou função demanda algumas posturas e responsabilidades
diferentes. • Nunca reclame ou fale mal da empresa em que trabalha perto de clientes e fornecedores.
Prof. Leandro Michels
23Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Evite sempre: • Chegar e não cumprimentar. • Ler enquanto outros estão conversando. • Conversar enquanto outros estão lendo. • Dar gargalhadas ruidosas. • Criticar alguém na frente dos outros. • Falar mal de uma pessoa ausente. • Cortar unhas na presença de outras pessoas. • Sussurrar ou rir em um templo religioso. • Deixar um convidado sem lugar para sentar. • Tocar numa obra de arte sem estar autorizado. • Não expressar gratidão ao receber um presente. • Rir dos erros alheios. • Começar a comer logo depois de sentar à mesa. • Falar enquanto um artista se apresenta. • Não retribuir um sorriso. • Não agradecer um elogio.
2.4.9. Etiqueta na vida profissional
As novas exigências da realidade empresarial estão levando o profissional deste final de século a relacionar‐se com um número cada vez maior de pessoas, com menor formalismo. Nesse ambiente, saber comportar‐se adequadamente em almoço de negócios, reuniões ou mesmo no local de trabalho passou a contar pontos valiosos na construção da imagem profissional. A proliferação dos manuais de boas maneiras para executivos mostra que, apesar dessas exigências, o mundo dos negócios é um terreno fértil para as gafes, e quem quiser manter‐se competitivo no mercado deve aprender rapidinho a evitá‐las.
"Ninguém duvide da importância da etiqueta na vida profissional", aconselha Célia Ribeiro, autora do livro Boas Maneiras & Sucesso nos Negócios. "Até mesmo na competição por uma vaga no mercado e trabalho, entre dois candidatos igualmente capacitados, tem maiores chances aquele com boa apresentação e que saiba comportar‐se". As dicas são muitas e variadas. Algumas situações, pela freqüência com que ocorrem na vida profissional, exigem maior cuidado. Entre elas:
(1) Cartão de Visitas ‐ Seu uso é freqüente e, muitas vezes, inadequado. Em um encontro de negócios nunca se deve sair distribuindo cartões a torto e a direito. Deve‐se entregar apenas a uma pessoa que se acabou de conhecer e nunca, nunca mesmo, deve‐se dobrar a ponta.
(2) Pontualidade nos Compromissos ‐ Uma regra básica que, apesar de indispensável, é uma das mais desrespeitadas. Para profissionais e executivos atrasar‐se em um encontro ou reunião de negócios é uma atitude injustificável. Segundo Célia, simplesmente não se pode atrasar, salvo se ocorrer uma situação absolutamente imprevisível. E, neste caso, é preciso telefonar avisando.
(3) Uso do Celular ‐ Telefonar, aliás, é um verbo que costuma ocupar pelo menos um capítulo nos manuais para executivos, por ser um campo vastíssimo de infrações às boas maneiras. Em almoços de negócios, reuniões de empresas ou encontros com clientes deve‐se evitar sacar o celular e engatar um bate‐papo, deixando os presentes como espectadores de um "show" que não pediram para ver. A única exceção pode ser aberta quando se está aguardando uma notícia importante e, mesmo assim, as pessoas em volta devem ser avisadas e se deve pedir licença para atender a chamada. Percy Barnevick, presidente mundial da Asea Brown Boveri, tem uma definição gramática para isso: "só se justifica deixar o celular ligado durante um almoço de negócios se você estiver esperando a notícia da morte de sua mãe".
Prof. Leandro Michels
24Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
(4) Telefonemas ‐ Ainda no quesito telefonemas, é importante lembrar‐se sempre de retornar todas as ligações recebidas que não se pôde atender pessoalmente. Não fazer isto é considerado falta de educação e pode vir a atrapalhar as relações profissionais.
(5) Desatenção ‐ Ser desatento com o interlocutor, olhando insistentemente para os lados durante um almoço ou evento, como se não se pudesse perder um lance do que acontece em volta, é um dos pecados mais graves. Gafe gravíssima.
(6) Memória Falha ‐ Ninguém está livre de esquecer o nome da pessoa com quem está falando. Nesses casos, a regra é apenas uma: esforçar‐se para lembrar ou conseguir a informação de alguma maneira. Deve‐se evitar a pergunta clássica: "qual é mesmo o seu nome?". Para o esquecido, é uma desatenção muito grande.
(7) Estrangeiros ‐ Regras de etiqueta são como moeda, mudam de país para país. O ideal, para quem vai ter contato com profissionais de outros países, é procurar informar‐se sobre alguns hábitos culturais dos visitantes. Um dos erros mais comuns dos brasileiros é saldar americanos, japoneses ou europeus com beijos e abraços. Para eles, esse tipo de atitude é embaraçosa, além de não ter significado algum. O correto é esperar que os visitantes estendam a mão.
Prof. Leandro Michels
25Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3. Comunicação e expressão
A comunicação tem lugar quando uma pessoa transmite idéias ou sentimentos a outra ou outras pessoas, sendo a sua eficiência avaliada pela semelhança entre a idéia transmitida e a idéia recebida. No entanto, comunicar não significa apenas falar às pessoas; significa também ouvi‐las, posto que ouvir como falar é um ato de comunicação. Assim comunicação não é apenas a transmissão duma mensagem, mas sim a transmissão dessa mensagem com fim de suscitar uma resposta específica. Pelo que se pode definir comunicação como sendo o processo e pelo qual um emissor se relaciona comum receptor através duma mensagem transmitida em código por um canal.
Ao definir‐se comunicação fez‐se referência a alguns elementos que permitem a sua realização. Estes elementos são designados por elementos do processo de comunicação e que são: o emissor, o receptor, a mensagem, o código, o canal e o contexto.
O emissor é o que emite uma mensagem num determinado código. A atividade do emissor é a de traduzir num código o que vai transmitir e a do receptor e de receber de descodificar o código utilizado. A mensagem é o conteúdo da comunicação ‐ o que se comunica ou se quer comunicar.
O código não é mais que símbolos que quando agrupados e combinados formam conjuntos significativos. As letras do alfabeto duma língua são símbolos que agrupados em palavras constituem um código, os idiomas, o sistema morse, o sistema Braille, os sinais de bandeiras, etc., são exemplos de códigos utilizados na comunicação.
Torna‐se evidente que havendo um emissor, um receptor e uma mensagem elaborada num código comum a ambos é necessário um meio pelo qual a mensagem seja transmitida e ponha em contacto o emissor com o receptor. Esse meio é o canal que poderá ser na comunicação através de linguagem verbal, as ondas sonoras propagadas através de vibração do ar na comunicação oral frente a frente ou os materiais de transmissão, aparelhos de televisão, rádio telefone, etc. na comunicação à distância e o papel na comunicação escrita.
Por outro lado e embora a mensagem esteja bem elaborada e num código comum ao emissor e receptor é necessário que estes estejam integrados no mesmo contexto e que a mensagem faça referência a objetos desse contexto.
Resumindo, para haver comunicação entre emissor e receptor é necessário que: exista um canal de comunicação, a mensagem esteja bem elaborada, ambos conheçam o código e estejam integrados no mesmo contexto.
3.1. Redação oficial
Redação oficial é a maneira de redigir própria da Administração Pública. Sua finalidade básica é possibilitar a elaboração de comunicações e normativos oficiais claros e impessoais, pois o objetivo é transmitir a mensagem com eficácia, permitindo entendimento imediato.
A eficácia da comunicação oficial depende basicamente do uso de linguagem simples e direta, chegando ao assunto que se deseja expor sem passar, por exemplo, pelos atalhos das fórmulas de
Prof. Leandro Michels
26Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
refinada cortesia usuais no século passado. Ontem o estilo tendia ao rebuscamento, aos rodeios ou aos circunlóquios; hoje, a vida moderna obriga a uma redação mais objetiva e concisa.
Considere‐se, entretanto, que não há uma forma específica de linguagem administrativa, mas sim qualidades comuns a qualquer bom texto, seja ele oficial ou literário, aplicáveis à redação oficial: clareza, coesão, concisão, correção gramatical. Além disso, merecem destaque algumas características peculiares identificáveis na forma oficial de redigir: formalidade, uniformidade e impessoalidade.
A seguir, apresenta‐se análise pormenorizada de cada uma dessas qualidades e características.
3.1.1. Qualidade e características fundamentais de texto
3.1.1.1. Clareza
Clareza é a qualidade do que é inteligível, facilmente compreensível. Já que se busca, então, com a clareza, fazer‐se facilmente entendido, é preciso que o pensamento de quem comunica também seja claro, com as idéias, ordenadas; a pontuação, correta; as palavras, bem dispostas na frase; as intercalações, reduzidas a um mínimo; a precisão vocabular, uma constante.
Da mesma forma, a indispensável releitura do texto contribui para obtenção da clareza. A ocorrência de trechos obscuros e de erros gramaticais em textos oficiais provém principalmente da falta da releitura, que torna possível sua correção.
Além disso, a falsa idéia de que “escreve bem quem escreve difícil” também contribui para a obscuridade do texto. Ora, quem escreve difícil dificilmente é compreendido. Cada palavra dessa natureza é um tropeço para a leitura e só pode desvalorizar o que se escreve.
Alguns preceitos para a redação de textos claros:
a) utilizar preferencialmente a ordem direta ou lógica (sujeito, verbo, complementos); às vezes essa ordem precisa ser alterada em benefício da própria clareza;
b) usar as palavras e as expressões em seu sentido mais comum;
c) evitar períodos com negativas múltiplas;
d) transformar as orações negativas em positivas, sempre que possível;
e) buscar a uniformidade do tempo verbal em todo o texto;
f) escolher com cuidado o vocabulário, evitando o jargão técnico;
g) evitar neologismos (palavras, frases ou expressões novas, ou palavras antigas com sentidos novos), preciosismos (delicadeza ou sutileza excessiva no escrever) e regionalismos;
h) utilizar palavras ou expressões de língua estrangeira somente quando indispensável.
Exemplos de textos obscuros, que devem ser evitados:
a) mudança de sentido com a mudança da pontuação: Aprovas? Não discordo. (Compare‐se: Aprovas? Não! Discordo.);
Prof. Leandro Michels
27Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
b) má disposição das palavras na frase: A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores para casal de lã. (Compare‐se: A Defesa Civil pede, neste ofício, cobertores de lã para casal.);
c) ambigüidade: Ela pensava no tempo em que trabalhara com o Cassiano e concluía que a sua falta de visão teria contribuído para o fracasso do projeto. (Ambigüidade ocasionada pelo emprego do pronome sua, que é válido tanto para ela como para ele; falta de visão dele ou dela?);
d) excesso de intercalações: O planejamento estratégico, que é um instrumento valioso para a gestão da empresa pública, e esta, uma alavanca indispensável ao desenvolvimento econômico‐social, deve periodicamente passar por um processo de revisão, que o atualiza perante as velozes mudanças do mundo moderno. (Compare‐se: O planejamento estratégico deve periodicamente passar por um processo de revisão.).
3.1.1.2. Coesão
O termo coesão pode ser conceituado como a união íntima das partes de um todo. Assim, o texto coeso é aquele em que as palavras, as orações, os períodos e os parágrafos estão interligados e coerentemente dispostos.
Às vezes, o cuidado com a estrutura do parágrafo pode induzir ao equívoco de encará‐lo como redação autônoma, bastante em si mesmo. Apesar de ser uma unidade lógica completa (começo, meio e fim), não pode estar solto do restante do texto.
Para que esse desligamento não ocorra, temos de trabalhar com mecanismos de ligação entre os parágrafos. A utilização desses mecanismos chama‐se transição ou coesão.
A transição não é necessariamente feita por partículas ou expressões. Ela pode ocorrer, por exemplo, com a utilização do mesmo sujeito da oração precedente. O importante nos mecanismos de transição é manter a fluência do texto.
Exemplos de algumas partículas e expressões de transição: da mesma forma, aliás, também, mas, por fim, pouco depois, pelo contrário, assim, enquanto isso, além disso, a propósito, em primeiro lugar, o entanto, finalmente, em resumo, portanto, por isso, em seguida, então, já que, ora, daí, dessa forma, além do mais.
3.1.1.3. Concisão
A concisão consiste em expressar com um mínimo de palavras um máximo de informações, desde que não se abuse da síntese a tal ponto que a idéia se torne incompreensível. Afinal, o tempo é precioso, e quanto menos se rechear a frase com adjetivos, imagens, pormenores desnecessários ou perífrases (rodeios de palavras), mais o leitor se sentirá respeitado.
Para que se redija um texto conciso, é fundamental que se tenha, além de conhecimento do assunto sobre o qual se escreve, o tempo necessário para revisá‐lo depois de pronto. É nessa revisão que muitas vezes se percebem eventuais redundâncias ou repetições desnecessárias de idéias. Veja‐se, por exemplo, o seguinte texto:
Prof. Leandro Michels
28Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
A partir desta década, o número cada vez maior e, por isso mesmo, mais alarmante de desempregados, problema que aflige principalmente os países em desenvolvimento, tem alarmado as autoridades governamentais, guardiãs perenes do bem‐estar social, principalmente pelas conseqüências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana que aterroriza a família, esteio e célula‐mater da sociedade.
Se esse mesmo trecho for reescrito sem a carga informativa desnecessária, obtém‐se um texto conciso e não prolixo:
O número cada vez maior de desempregados tem alarmado as autoridades governamentais, pelas conseqüências adversas que tal fato gera na sociedade, desde o aumento da mortalidade infantil por desnutrição aguda até o crescimento da violência urbana.
Vê‐se, assim, como é importante o texto enxuto. Economizar palavras traz benefícios ao texto: o primeiro é errar menos; o segundo, poupar tempo; o terceiro, respeitar a paciência do leitor. Pode‐se adotar como regra não dizer mais nem menos do que precisa ser dito. Isso não significa fazer breves todas as frases, nem evitar todo o detalhe, nem tratar os temas apenas na superfície; significa, apenas que cada palavra é importante.)
Procedimentos para redigir textos concisos:
a) eliminar palavras ou expressões desnecessárias: ato de natureza hostil => ato hostil; decisão tomada no âmbito da diretoria => decisão da diretoria; pessoa sem discrição => pessoa indiscreta; neste momento nós acreditamos => acreditamos; travar uma discussão => discutir; na eventualidade de => se; com o objetivo de => para;
b) evitar o emprego de adjetivação excessiva: o difícil e alarmante problema da seca => o problema da seca;
c) dispensar, nas datas, os substantivos dia, mês e ano: no dia 12 de janeiro => em 12 de janeiro; no mês de fevereiro => em fevereiro; no ano de 2000 = > em 2000;
d) trocar a locução verbo + substantivo pelo verbo: fazer uma viagem => viajar; fazer uma redação => redigir; pôr as idéias em ordem => ordenar as idéias; pôr moedas em circulação => emitir moedas;
e) usar o aposto em lugar da oração apositiva: O contrato previa a construção da ponte em um ano, que era prazo mais do que suficiente => O contrato previa a construção da ponte em um ano, prazo mais do que suficiente. O que se tem é a anarquia, que é a bagunça pura e simples, irmã gêmea do caos => O que se tem é a anarquia, bagunça pura e simples, irmã gêmea do caos;
f) empregar o particípio do verbo para reduzir orações: Agora que expliquei o título, passo a escrever o texto => Explicado o título, passo a escrever o texto. Depois de terminar o trabalho, ligo pra você => Terminado o trabalho, ligo pra você. Quando terminar o preâmbulo, passarei ao assunto principal => Terminado o preâmbulo, passarei ao assunto principal;
g) eliminar, sempre que possível, os indefinidos um e uma: Dante quer (um) inquérito rigoroso e rápido. Timor‐Leste se torna (uma) terra de ninguém. A cultura da paz é (uma) iniciativa coletiva.
Prof. Leandro Michels
29Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.1.1.4. Correção gramatical
Correção gramatical é a utilização do padrão culto de linguagem, ou seja, é escrever sem desrespeitar os fatos particulares da língua e as regras apropriadas para o seu perfeito uso. As incorreções gramaticais desmerecem o redator e põem em dúvida sua autoridade para falar sobre qualquer assunto.
Além disso, conhecer a própria língua não é privilégio de gramáticos, senão dever de todos aqueles que dela se utilizam. É erro de conseqüências imprevisíveis acreditar que só os escritores profissionais têm a obrigação de saber escrever. Saber escrever a própria língua faz parte dos deveres cívicos. A língua é a mais viva expressão da nacionalidade
3.1.1.5. Formalidade e uniformidade
A formalidade consiste na observância das normas de tratamento usuais na correspondência oficial. Não se trata somente da eterna dúvida quanto ao correto emprego deste ou daquele pronome de tratamento para uma autoridade de certo nível (ver tópico 19.2 – Pronomes pessoais, em especial a parte que trata do uso dos pronomes de tratamento, e Anexo IV); mais do que isso, a formalidade diz respeito à polidez, à civilidade no tratamento do assunto do qual cuida a comunicação.
É importante salientar que a formalidade de tratamento vinculase, também, à necessária uniformidade das comunicações. Ora, se a Administração Pública (municipal, estadual, distrital ou federal) é una, é natural que suas comunicações sigam um mesmo padrão. O estabelecimento desse padrão exige atenção a todas as características da redação oficial e cuidado com a apresentação dos textos. O uso de papéis uniformes e a correta diagramação do texto são indispensáveis para a padronização das comunicações oficiais.
3.1.1.6. Impessoalidade
A finalidade pública está sempre presente na redação oficial, daí a necessidade de ser ela isenta de interferência da individualidade de quem a elabora. O tratamento impessoal que deve ser dado aos assuntos constantes das comunicações oficiais decorre:
a) da ausência de impressões individuais da pessoa que comunica: independentemente de quem assina um expediente, a comunicação é sempre feita em nome do serviço público;
b) da impessoalidade de quem recebe a comunicação: seja um cidadão, seja um órgão público, o destinatário é sempre considerado de forma homogênea e impessoal;
c) do caráter impessoal do próprio assunto tratado: as comunicações oficiais restringem‐se a questões referentes ao interesse público; não cabe nelas, portanto, qualquer tom particular ou pessoal.
Desse modo, não há lugar na redação oficial para impressões pessoais, como as que, por exemplo, constam de uma carta a um amigo, ou de um artigo assinado de jornal, ou mesmo de um texto literário. É importante salientar que o caráter impessoal do texto é mantido pela utilização do verbo na terceira pessoa do singular ou plural, ou ainda na primeira pessoa do plural.
Prof. Leandro Michels
30Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.1.2. Orientações básicas do ato de escrever
3.1.2.1. Estilo
Tudo que o ser humano faz tem a marca de sua individualidade. Essa maneira pessoal de as pessoas expressarem‐se, dentro de uma determinada época, por meio da música, da literatura, da pintura, da escultura é o que se chama estilo. Em relação ao ato de redigir, estilo é, portanto, a maneira peculiar de cada escritor expressar os seus pensamentos.
Também nos textos oficiais pode‐se identificar o estilo de cada pessoa. Convém respeitá‐lo, apenas requerendo do redator a observância das qualidades e características fundamentais da redação oficial, já explicitadas nos tópicos anteriores.
3.1.2.2. Qualidades da harmonia e da polidez
As qualidades tradicionalmente conhecidas da expressão verbal — a clareza, a coesão, a concisão, a correção gramatical, a harmonia, a polidez — adquirem proeminência indiscutível na redação. A clareza, a coesão, a concisão e a correção gramatical já foram comentadas nos tópicos anteriores; resta fazer breves observações a respeito da harmonia e da polidez.
Harmonia:
Uma mensagem é harmoniosa quando é elegante, ou seja, quando soa bem aos nossos ouvidos. Muitos fatores prejudicam a harmonia na redação oficial, tais como:
a) a aliteração (repetição do mesmo fonema): Na certeza de que seria bem sucedido, o sucessor fez a seguinte asserção: ... (aliteração do fonema s);
b) a emenda de vogais (ou hiatismo): Obedeça à autoridade;
c) a cacofonia (encontro de sílabas em que a malícia descobre um novo termo com sentido torpe ou ridículo) : Dê‐me já aquela garrafa;
d) a rima: O diretor chamou, com muita dor, o assessor, dizendo‐lhe que, embora reconhecendo ser o mesmo trabalhador, não lhe poderia fazer esse favor;
e) a repetição excessiva de palavras: O presidente da nossa empresa é primo do presidente daquela transportadora, sendo um presidente muito ativo;
f) o excesso de que: Solicitei‐lhe que me remetesse o parecer que me prometera a fim de que eu pudesse concluir a análise que me fora solicitada. Obs.: Observe‐se que esse excesso de que confere ao período um estilo arrastado e deselegante; além disso, demonstra que o autor não conhece bem o manejo do idioma quanto à substituição das orações desenvolvidas por expressões equivalentes.
Polidez:
O texto polido revela civilidade, cortesia. A finalidade, especialmente nas correspondências oficiais, é impressionar o destinatário de forma favorável, evitando frases grosseiras ou insultuosas, expressando respeito sem rebaixamento próprio. Expressar consideração pelo outro, sem ao mesmo tempo rebaixar‐se, por vezes até compensa falhas nas outras qualidades fundamentais do texto antes examinadas. Correspondência é contato humano e, como tal, deve ser pautada pelos mesmos princípios de convivência pacífica da vida social.
Prof. Leandro Michels
31Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.1.2.3. Uso elegante de pronomes oblíquos
Os pronomes oblíquos (me, lhe, nos) substituem muito elegantemente os possessivos (minha, sua) em frases como as seguintes:
O barulho perturba‐me as idéias (em vez de: O barulho perturbaas minhas idéias).
Ninguém lhe ouvia as propostas (em vez de: Ninguém ouvia assuas propostas).
A solução do problema nos tomou o dia (em vez de: A solução do problema tomou o nosso dia).
3.1.2.4. Uso de cacófatos, chavões e pleonasmos
Cacófato (ou cacofonia):
É o som desagradável, ou a palavra obscena, proveniente da união das sílabas finais de uma palavra com as iniciais da seguinte: Metalúrgica gaúcha espera crescer 40%. Eva e Adão. Ela trina muito bem. Uma prima minha. Dê‐me já. Só haverá cacofonia quando a palavra produzida for torpe, obscena, ridícula. É infundado o exagerado escrúpulo de quem diz haver cacófato em por cada, ela tinha, só linha. Citem‐se, a propósito, os dizeres de Rui Barbosa: “Se a idéia de ‘porta’, suscitada em ‘por tal’, irrita a cacofatomania desses críticos... outras locuções vernáculas têm de ser, como essa, refugadas”.
Chavão:
É lugar comum, clichê. É o que se faz, se diz ou se escreve por costume. De tanto ser repetido, o chavão perde a força original, envelhece o texto. Recorrer a eles poderá denotar falta de imaginação, preguiça ou pobreza vocabular. Por isso, deve‐se procurar evitá‐los. Exemplos de chavões:
a cada dia que passa a olhos vistos abrir com chave de ouro acertar os ponteiros ao apagar das luzes assolar o país astro‐rei (sol) baixar a guarda cair como uma bomba calor escaldante crítica construtiva depois de longo e tenebroso inverno dizer cobras e lagartos em sã consciência estar no fundo do poço
hora da verdade inflação galopante inserido no contexto mestre Aurélio (dicionário) obra faraônica óbvio ululante parece que foi ontem passar em brancas nuvens perda irreparável perder o bonde da história pomo da discórdia silêncio sepulcral singela homenagem tábua de salvação vaias estrepitosas voltar à estaca zero
Prof. Leandro Michels
32Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Pleonasmo:
Indica redundância de expressão, ou seja, repetição de uma mesma idéia, mediante palavras diferentes. Quando a repetição de idéia não traz nenhuma energia à expressão, o pleonasmo passa a ser vício, devendo, nesse caso, ser evitado. Exemplos de pleonasmos indesejáveis:
acabamento final a razão é porque a seu critério pessoal certeza absoluta comer com a boca conviver junto criação nova descer para baixo destaque excepcional elo de ligação em duas metades iguais empréstimo temporário encarar de frente
expressamente proibido fato real há anos atrás meu amigo particular multidão de pessoas planejar antecipadamente relações bilaterais entre dois países sintomas indicativos subir para cima surpresa inesperada todos foram unânimes ver com os olhos
3.1.2.5. Problemas na construção de frases
A clareza e a concisão na forma escrita são alcançadas principalmente pela construção adequada da frase. Alguns problemas mais freqüentemente encontrados na construção de frases dizem respeito à utilização do sujeito da oração como complemento, à ambigüidade da idéia expressa, à elaboração de falsos paralelismos e aos erros de comparação, conforme exemplificado a seguir.
Uso indevido do sujeito como complemento:
Sujeito é o ser de quem se fala ou que executa a ação enunciada na oração. Ele pode ter complemento, mas não ser complemento. Devem ser evitadas, portanto, construções como:
Errado: É tempo dos parlamentares votarem o projeto. Certo: É tempo de os parlamentares votarem o projeto.
Errado: Antes desses requisitos serem cumpridos... Certo: Antes de esses requisitos serem cumpridos...
Errado: Apesar da Assessoria ter informado em tempo... Certo: Apesar de a Assessoria ter informado em tempo...
Ambigüidade:
Ambígua é a frase ou oração que pode ser tomada em mais de um sentido. Como a clareza é requisito básico de todo texto oficial, deve‐se atentar para as construções que possam gerar equívocos de compreensão. A ambigüidade decorre, em geral, da dificuldade de identificar‐se a que palavra se refere um pronome que possui mais de um antecedente na terceira pessoa. Outro tipo de ambigüidade decorre da dúvida sobre a que se refere a oração reduzida. Exemplos:
Ambíguo: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor que ele seria exonerado. (Quem seria exonerado? O Chefe de Gabinete? O Diretor?)
Prof. Leandro Michels
33Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Claro: O Chefe de Gabinete comunicou a exoneração dele ao Diretor. (O Chefe de Gabinete foi exonerado.)
Claro: O Chefe de Gabinete comunicou ao Diretor a exoneração deste. (O Diretor foi exonerado.)
Ambíguo: O Deputado saudou o Presidente da República, em seu discurso, e solicitou sua intervenção no seu Estado, mas isso não o surpreendeu. (Discurso de quem? Estado de quem? Quem não se surpreendeu?)
Claro: Em seu discurso, o Deputado saudou o Presidente da República. No pronunciamento, solicitou a intervenção federal em seu Estado, o que não surpreendeu o
Presidente. (Discurso do Deputado. Estado do Deputado. O Presidente não se surpreendeu.)
Ambíguo: Sendo indisciplinado, o Chefe admoestou o funcionário. (Quem é indisciplinado?)
Claro: O Chefe admoestou o funcionário por ser este indisciplinado.
Erros de paralelismo:
Uma das convenções estabelecidas na língua escrita consiste em apresentar idéias similares numa forma gramatical idêntica, o que se chama de paralelismo. Assim, incorre‐se em erro ao conferir forma não paralela a elementos paralelos. Exemplos:
Errado: Pelo aviso circular recomendou‐se às unidades economizar energia e que elaborassem planos de redução de despesas.
Certo: Pelo aviso circular, recomendou‐se às unidades que economizassem energia e (que) elaborassem planos para redução de despesas.
Certo: Pelo aviso circular, recomendou‐se às unidades economizar energia e elaborar planos para redução de despesas.
Errado: No discurso de posse, mostrou determinação, não ser inseguro, inteligência e ter ambição.
Certo: No discurso de posse, mostrou determinação, segurança, inteligência e ambição.
Certo: No discurso de posse, mostrou ser determinado e seguro, ter inteligência e ambição.
Errado: O novo procurador é jurista renomado, e que tem sólida formação acadêmica.
Certo: O novo procurador é jurista renomado e tem sólida formação acadêmica.
Certo: O novo procurador é jurista renomado, que tem sólida formação acadêmica.
Errado: Sugere‐se que o egrégio Plenário: I – tome conhecimento da ............;
Prof. Leandro Michels
34Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
II – autorizar a devolução de .........;
Certo: Sugere‐se que o egrégio Plenário: I – tome conhecimento da ............; II – autorize a devolução de .........;
Certo: Sugere‐se ao egrégio Plenário: I – tomar conhecimento da ............; II – autorizar a devolução de .........;
Erros de comparação:
A omissão de certos termos ao se fazer uma comparação deve ser evitada ao redigir, pois compromete a clareza do texto: nem sempre é possível identificar, pelo contexto, qual o termo omitido. A ausência indevida de um termo pode impossibilitar o entendimento do sentido que se quer dar a uma frase:
Errado: O salário de um professor é mais baixo do que um médico.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o salário de um médico.
Certo: O salário de um professor é mais baixo do que o de um médico.
Errado: O alcance da Resolução é diferente da Portaria.
Certo: O alcance da Resolução é diferente do alcance da Portaria.
Certo: O alcance da Resolução é diferente do da Portaria.
Errado: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as Secretarias do Governo.
Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as outras Secretarias do Governo.
Certo: A Secretaria de Educação dispõe de mais verbas do que as demais Secretarias do Governo.
3.1.3. Técnicas de redação das comunicações oficiais A redação das comunicações oficiais deve, antes de tudo, seguir os preceitos explicitados anteriormente. Além disso, há características específicas de cada tipo de expediente, que serão tratadas em detalhe neste capítulo. Antes de passarmos à sua análise, vejamos outros aspectos comuns a quase todas as modalidades de comunicação oficial: o emprego dos pronomes de tratamento, a forma dos fechos e a identificação do signatário.
Prof. Leandro Michels
35Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.1.3.1. Pronomes de Tratamento
Breve História dos Pronomes de Tratamento O uso de pronomes e locuções pronominais de tratamento tem larga tradição na língua portuguesa. Após serem incorporados ao português os pronomes latinos tu e vos, “como tratamento direto da pessoa ou pessoas a quem se dirigia a palavra”, passou‐se a empregar, como expediente lingüístico de distinção e de respeito, a segunda pessoa do plural no tratamento de pessoas de hierarquia superior. Prossegue o autor:
“Outro modo de tratamento indireto consistiu em fingir que se dirigia a palavra a um atributo ou qualidade eminente da pessoa de categoria superior, e não a ela própria. Assim aproximavam‐se os vassalos de seu rei com o tratamento de vossa mercê, vossa senhoria (...); assim usou‐se o tratamento ducal de vossa excelência e adotaram‐se na hierarquia eclesiástica vossa reverência, vossa paternidade, vossa eminência, vossa santidade.”
A partir do final do século XVI, esse modo de tratamento indireto já estava em voga também para os ocupantes de certos cargos públicos. Vossa mercê evoluiu para vosmecê, e depois para o coloquial você. E o pronome vós, com o tempo, caiu em desuso. É dessa tradição que provém o atual emprego de pronomes de tratamento indireto como forma de dirigirmo‐nos às autoridades civis, militares e eclesiásticas.
Concordância com os Pronomes de Tratamento Os pronomes de tratamento (ou de segunda pessoa indireta) apresentam certas peculiaridades quanto à concordância verbal, nominal e pronominal. Embora se refiram à segunda pessoa gramatical (à pessoa com quem se fala, ou a quem se dirige a comunicação), levam a concordância para a terceira pessoa. É que o verbo concorda com o substantivo que integra a locução como seu núcleo sintático: “Vossa Senhoria nomeará o substituto”; “Vossa Excelência conhece o assunto”.
Da mesma forma, os pronomes possessivos referidos a pronomes de tratamento são sempre os da terceira pessoa: “Vossa Senhoria nomeará seu substituto” (e não “Vossa ... vosso...”).
á quanto aos adjetivos referidos a esses pronomes, o gênero gramatical deve coincidir com o sexo da pessoa a que se refere, e não com o substantivo que compõe a locução. Assim, se nosso interlocutor for homem, o correto é “Vossa Excelência está atarefado”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeito”; se for mulher, “Vossa Excelência está atarefada”, “Vossa Senhoria deve estar satisfeita”.
Emprego dos Pronomes de Tratamento Como visto, o emprego dos pronomes de tratamento obedece a secular tradição. São de uso consagrado:
Vossa Excelência, para as seguintes autoridades:
• Poder Executivo:
Presidente da República;
Vice‐Presidente da República;
Ministros de Estado;
Prof. Leandro Michels
36Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Governadores e Vice‐Governadores de Estado e do Distrito Federal;
Oficiais‐Generais das Forças Armadas;
Embaixadores;
Secretários‐Executivos de Ministérios e demais ocupantes de cargos de natureza especial;
Secretários de Estado dos Governos Estaduais;
Prefeitos Municipais.
• Poder Legislativo:
Deputados Federais e Senadores;
Ministros do Tribunal de Contas da União;
Deputados Estaduais e Distritais;
Conselheiros dos Tribunais de Contas Estaduais;
Presidentes das Câmaras Legislativas Municipais.
• Poder Judiciário:
Ministros dos Tribunais Superiores;
Membros de Tribunais;
Juízes;
Auditores da Justiça Militar.
O vocativo a ser empregado em comunicações dirigidas aos Chefes de Poder é Excelentíssimo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Excelentíssimo Senhor Presidente da República,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Congresso Nacional,
Excelentíssimo Senhor Presidente do Supremo Tribunal Federal.
As demais autoridades serão tratadas com o vocativo Senhor, seguido do cargo respectivo:
Senhor Senador,
Senhor Juiz,
Senhor Ministro,
Senhor Governador,
No envelope, o endereçamento das comunicações dirigidas às autoridades tratadas por Vossa Excelência, terá a seguinte forma:
A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Ministro de Estado da Justiça 70064‐900 – Brasília. DF
A Sua Excelência o Senhor Senador Fulano de Tal Senado Federal 70165‐900 – Brasília. DF
A Sua Excelência o Senhor Fulano de Tal Juiz de Direito da 10a Vara Cível Rua ABC, no 123 01010‐000 – São Paulo. SP
Em comunicações oficiais, está abolido o uso do tratamento digníssimo (DD), às autoridades arroladas na lista anterior. A dignidade é pressuposto para que se ocupe qualquer cargo público, sendo desnecessária sua repetida evocação.
Prof. Leandro Michels
37Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Vossa Senhoria é empregado para as demais autoridades e para particulares. O vocativo adequado é:
Senhor Fulano de Tal, (...)
No envelope, deve constar do endereçamento: Ao Senhor Fulano de Tal Rua ABC, no 123 12345‐000 – Curitiba. PR
Como se depreende do exemplo acima, fica dispensado o emprego do superlativo ilustríssimo para as autoridades que recebem o tratamento de Vossa Senhoria e para particulares. É suficiente o uso do pronome de tratamento Senhor.
Acrescente‐se que doutor não é forma de tratamento, e sim título acadêmico. Evite usá‐lo indiscriminadamente. Como regra geral, empregue‐o apenas em comunicações dirigidas a pessoas que tenham tal grau por terem concluído curso universitário de doutorado. É costume designar por doutor os bacharéis, especialmente os bacharéis em Direito e em Medicina. Nos demais casos, o tratamento Senhor confere a desejada formalidade às comunicações.
Mencionemos, ainda, a forma Vossa Magnificência, empregada por força da tradição, em comunicações dirigidas a reitores de universidade. Corresponde‐lhe o vocativo:
Magnífico Reitor, (...) Os pronomes de tratamento para religiosos, de acordo com a hierarquia eclesiástica, são: Vossa Santidade, em comunicações dirigidas ao Papa. O vocativo correspondente é: Santíssimo Padre, (...)
Vossa Eminência ou Vossa Eminência Reverendíssima, em comunicações aos Cardeais. Corresponde‐lhe o vocativo:
Eminentíssimo Senhor Cardeal, ou Eminentíssimo e Reverendíssimo Senhor Cardeal, (...)
Vossa Excelência Reverendíssima é usado em comunicações dirigidas a Arcebispos e Bispos; Vossa Reverendíssima ou Vossa Senhoria Reverendíssima para Monsenhores, Cônegos e superiores religiosos. Vossa Reverência é empregado para sacerdotes, clérigos e demais religiosos.
3.1.3.2. Fechos para Comunicações
O fecho das comunicações oficiais possui, além da finalidade óbvia de arrematar o texto, a de saudar o destinatário. Os modelos para fecho que vinham sendo utilizados foram regulados pela Portaria no 1 do Ministério da Justiça, de 1937, que estabelecia quinze padrões. Com o fito de simplificá‐los e uniformizá‐los, este Manual estabelece o emprego de somente dois fechos diferentes para todas as modalidades de comunicação oficial:
Prof. Leandro Michels
38Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
a) para autoridades superiores, inclusive o Presidente da República:
Respeitosamente,
b) para autoridades de mesma hierarquia ou de hierarquia inferior:
Atenciosamente,
Ficam excluídas dessa fórmula as comunicações dirigidas a autoridades estrangeiras, que atendem a rito e tradição próprios, devidamente disciplinados no Manual de Redação do Ministério das Relações Exteriores.
3.1.3.3. Identificação do Signatário
Excluídas as comunicações assinadas pelo Presidente da República, todas as demais comunicações oficiais devem trazer o nome e o cargo da autoridade que as expede, abaixo do local de sua assinatura. A forma da identificação deve ser a seguinte:
(espaço para assinatura)
NOME Chefe da Secretaria‐Geral da Presidência da República
(espaço para assinatura)
NOME Ministro de Estado da Justiça
Para evitar equívocos, recomenda‐se não deixar a assinatura em página isolada do expediente. Transfira para essa página ao menos a última frase anterior ao fecho.
3.1.3.4. Formato padrão de redação oficial
Os documentos oficiais possuem um padrão definido por cada órgão da administração pública. A maior parte destes padrões segue o padrão da Presidência da República, descrita a baixo
Partes do documento
O aviso, o ofício e o memorando devem conter as seguintes partes:
a) tipo e número do expediente, seguido da sigla do órgão que o expede:
Exemplos: Mem. 123/2002‐MF Aviso 123/2002‐SG Of. 123/2002‐MME
b) local e data em que foi assinado, por extenso, com alinhamento à direita:
Exemplo: Brasília, 15 de março de 1991.
c) assunto: resumo do teor do documento
Prof. Leandro Michels
39Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Exemplos: Assunto: Produtividade do órgão em 2002. Assunto: Necessidade de aquisição de novos computadores.
d) destinatário: o nome e o cargo da pessoa a quem é dirigida a comunicação. No caso do ofício deve ser incluído também o endereço.
e) texto: nos casos em que não for de mero encaminhamento de documentos, o expediente deve conter a seguinte estrutura:
• introdução, que se confunde com o parágrafo de abertura, na qual é apresentado o assunto que motiva a comunicação. Evite o uso das formas: “Tenho a honra de”, “Tenho o prazer de”, “Cumpre‐me informar que”, empregue a forma direta;
• desenvolvimento, no qual o assunto é detalhado; se o texto contiver mais de uma idéia sobre o assunto, elas devem ser tratadas em parágrafos distintos, o que confere maior clareza à exposição;
• conclusão, em que é reafirmada ou simplesmente reapresentada a posição recomendada sobre o assunto.
Os parágrafos do texto devem ser numerados, exceto nos casos em que estes estejam organizados em itens ou títulos e subtítulos.
Já quando se tratar de mero encaminhamento de documentos a estrutura é a seguinte:
• introdução: deve iniciar com referência ao expediente que solicitou o encaminhamento. Se a remessa do documento não tiver sido solicitada, deve iniciar com a informação do motivo da comunicação, que é encaminhar, indicando a seguir os dados completos do documento encaminhado (tipo, data, origem ou signatário, e assunto de que trata), e a razão pela qual está sendo encaminhado, segundo a seguinte fórmula:
“Em resposta ao Aviso nº 12, de 1º de fevereiro de 1991, encaminho, anexa, cópia do Ofício nº 34, de 3 de abril de 1990, do Departamento Geral de Administração, que trata da requisição do servidor Fulano de Tal.”
ou
“Encaminho, para exame e pronunciamento, a anexa cópia do telegrama no 12, de 1o de fevereiro de 1991, do Presidente da Confederação Nacional de Agricultura, a respeito de projeto de modernização de técnicas agrícolas na região Nordeste.”
• desenvolvimento: se o autor da comunicação desejar fazer algum comentário a respeito do documento que encaminha, poderá acrescentar parágrafos de desenvolvimento; em caso contrário, não há parágrafos de desenvolvimento em aviso ou ofício de mero encaminhamento.
f) fecho
g) assinatura do autor da comunicação; e
h) identificação do signatário
Prof. Leandro Michels
40Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Forma de diagramação
Os documentos do Padrão Ofício devem obedecer à seguinte forma de apresentação:
a) deve ser utilizada fonte do tipo Times New Roman de corpo 12 no texto em geral, 11 nas citações, e 10 nas notas de rodapé;
b) para símbolos não existentes na fonte Times New Roman poder‐se‐á utilizar as fontes Symbol e Wingdings;
c) é obrigatório constar a partir da segunda página o número da página;
d) os ofícios, memorandos e anexos destes poderão ser impressos em ambas as faces do papel. Neste caso, as margens esquerda e direita terão as distâncias invertidas nas páginas pares (“margem espelho”);
e) o início de cada parágrafo do texto deve ter 2,5 cm de distância da margem esquerda;
f) o campo destinado à margem lateral esquerda terá, no mínimo, 3,0 cm de largura;
g) o campo destinado à margem lateral direita terá 1,5 cm;
h) deve ser utilizado espaçamento simples entre as linhas e de 6 pontos após cada parágrafo, ou, se o editor de texto utilizado não comportar tal recurso, de uma linha em branco;
i) não deve haver abuso no uso de negrito, itálico, sublinhado, letras maiúsculas, sombreado, sombra, relevo, bordas ou qualquer outra forma de formatação que afete a elegância e a sobriedade do documento;
j) a impressão dos textos deve ser feita na cor preta em papel branco. A impressão colorida deve ser usada apenas para gráficos e ilustrações;
l) todos os tipos de documentos do Padrão Ofício devem ser impressos em papel de tamanho A‐4, ou seja, 29,7 x 21,0 cm;
m) deve ser utilizado, preferencialmente, o formato de arquivo Rich Text nos documentos de texto;
n) dentro do possível, todos os documentos elaborados devem ter o arquivo de texto preservado para consulta posterior ou aproveitamento de trechos para casos análogos;
o) para facilitar a localização, os nomes dos arquivos devem ser formados da seguinte maneira: tipo do documento + número do documento + palavras‐chaves do conteúdo Ex.: “Of. 123 ‐ relatório produtividade ano 2002”
3.1.4. Tipos e modelos de documentos oficiais
Os documentos oficiais são diferenciados, tanto em seu nome quanto em sua estrutura, para facilitar do assunto do quais tratam. Os principais tipos e modelos, com base no documento criado pela Agência Nacional das Águas (ANA), são apresentados no Anexo I.
Prof. Leandro Michels
41Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.2. Redação comercial
Diversos tipos de documentos técnicos de uso comercial foram desenvolvidos. Estes documentos se diferem dos documentos de redação oficial por serem mais simples, e menos rebuscados. Além disso, no meio privado existem alguns tipos de documentos que não existem no meio público devido aos objetivos distintos entre eles. Assim como no meio público, estes documentos são diferenciados, tanto em seu nome quanto em sua estrutura, para facilitar do assunto do quais tratam. Os principais tipos e modelos são apresentados no Anexo II.
É importante destacar que muitos destes documentos possuem valor jurídico, devendo, neste caso, serem confeccionados para estar em consonância com a legislação em vigor. Em caso contrário, o documento pode perder sua validade, o que gera prejuízos para uma ou ambas as partes envolvidas.
3.2.1. Técnicas de redação dos textos comerciais
A carta comercial, também chamada de correspondência técnica, é um documento com objetivo de se fazer uma comunicação comercial, empresarial. A redação comercial tem como características comuns:
a) clareza: o texto, além de ser claro, deve ser objetivo, como forma de evitar múltiplas interpretações, o que prejudica os comunicados e negócios.
b) estética: a fim de causar boa impressão, o texto deve estar bem organizado e dentro da estruturação cabível. Não pode haver rasuras ou “sujeiras” impregnadas ao papel.
c) linguagem: seja conciso e objetivo: passe as informações necessárias, sem ficar usufruindo de recursos estilísticos. Seja impessoal, ou seja, não faça uso da subjetividade e de sentimentalismo. E por fim, escreva com simplicidade, mas observando a norma culta da língua.
3.2.2. Regras básicas para confecção de textos comerciais 01 – Podemos dizer que escrever bem é o mesmo que “falar no papel”, de maneira simples e organizada. Evite usar uma linguagem rebuscada ou expressões que você não usa no dia‐a‐dia. Evite usar palavras ou estilo excessivamente formais. Mas também não caia no outro extremo, sendo coloquial em excesso ou usando gírias. O ideal é o equilíbrio.
02 ‐ Não repita a mesma palavra muitas vezes ao longo do texto. Ao escrever, evite usar o mesmo termo repetidamente. Use sinônimos adequados aos contextos.
03 ‐ Use uma linguagem que seja entendida por todos, evitando o uso de jargões. Ninguém é obrigado a saber o que é job, default, market share, data venia, barriga, downsizing ou press release. Sempre que puder, prefira escrever uma palavra portuguesa a um termo estrangeiro. Evita mal‐entendidos e um pedantismo desnecessário.
Prof. Leandro Michels
42Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
04 ‐ Não use abreviaturas ou siglas. Escreva por extenso, principalmente se a abreviação não for muito conhecida. Você pode escrever sem problemas: "A pesquisa foi realizada pelo IBGE". Já "Os questionários serão aplicados pela ACVP" não quer dizer muita coisa.
05 ‐ Desenvolva o texto em três partes coerentes ‐ início, meio e fim. Ou seja, apresente o tema, desenvolva‐o e faça uma conclusão sobre o que foi tratado. Antes de começar a escrever, faça um breve resumo, listando as principais idéias, tópicos e argumentos do texto. Procure não se desviar do assunto central.
06 ‐ Seja objetivo. Se puder passar seu recado em um parágrafo, não escreva dois. Quanto menor e mais "enxuto" for o seu texto, mais chance ele terá de ser totalmente. Parágrafos curtos são mais fáceis e agradáveis de ler do que longos. Da mesma forma, não escreva frases longas, de três ou quatro linhas. A simplicidade é uma virtude.
07 ‐ Prefira a ordem direta e a voz ativa. Evite frases intercaladas. No lugar de "os novos produtos serão lançados, em dezembro, pela empresa, em todo o Brasil, através do departamento de marketing", escreva: "o departamento de marketing da empresa irá lançar os novos produtos em todo o Brasil, em dezembro".
08 ‐ Procure utilizar informações precisas a lançar mão de advérbios vagos. Compare as duas frases: "As informações devem ser enviadas rapidamente" e "As informações devem ser enviadas até a próxima quarta‐feira". Ou: "Os resultados ficaram sensivelmente abaixo da meta estabelecida" e "Os resultados ficaram 18% abaixo da meta estabelecida". Seja objetivo e passe seu recado com mais eficiência.
09 ‐ Seja moderado no emprego de pontos de interrogação ou exclamação. Um texto com perguntas em excesso cansa o leitor. "Você sabia que sua opinião é muito importante para nós? Que o seu bem‐estar é nosso objetivo? Que nossos produtos foram feitos para tornar sua vida mais fácil?". Muito chato e sem criatividade. Da mesma forma, os pontos de exclamação devem ser utilizados em casos bastante específicos.
10 ‐ Seja perfeccionista. Nunca se contente com o primeiro rascunho. Reescreva. Revise. Acima de tudo, corte. Quando se tratar de um trabalho importante, faça uma pausa, entre o primeiro e o segundo rascunho, de pelo menos uma noite. Volte a ele com um olhar crítico e imparcial.
3.2.3. Registros de documentos em cartório
Muitos documentos com caráter jurídico somente tem validade se forem devidamente registrados em cartório. Cartório é um nome genérico que designa uma repartição pública ou privada que tem a custódia de documentos (cartas) e que lhes dá fé pública.
A palavra cartório foi cunhada em Portugal para designar o local de trabalho do notário ou tabelião. No Brasil, a palavra passou a designar uma gama maior de competências, incluindo o registro civil de pessoas físicas e jurídicas, o registro de imóveis, o registro de títulos e documentos, o tabelionato de notas, os ofícios de protesto de títulos e também os cartórios judiciais onde tramitam os processos de fóruns de qualquer natureza.
Prof. Leandro Michels
43Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
O responsável pelo cartório chama‐se notário ou tabelião. Este é um profissional do Direito, dotado de fé pública, ao qual compete, por delegação do Poder Público, formalizar juridicamente a vontade das partes, intervir nos atos e negócios jurídicos a que as partes devam ou queiram dar forma legal ou autenticidade, autorizando a redação ou redigindo os instrumentos adequados, conservando os originais e expedindo cópias fidedignas de seu conteúdo e autenticar fatos. Dividem‐se em Tabeliães de Notas, Tabeliães de Protesto de Título e Tabeliães de Contratos Marítimos. Embora exerçam suas atividades em caráter privado, estão sujeitos à fiscalização do Poder Judiciário, pelas suas Corregedorias‐Gerais de Justiça, que lhes podem impor penalidades.
Os cartórios têm finalidades e competências distintas, por isto é importante saber quais os serviços prestados por cada um dos tipos de cartórios existentes, senão vejamos:
Cartório de Registro Civil de Pessoas Naturais: é o responsável pelo registro de nascimento, de casamento, de óbito etc., e por fornecer as certidões desses atos. Cuidam dos assuntos referentes às pessoas físicas, como:
• Registros de nascimento, de casamento e de óbito;
• Emancipações de menores de idade;
• Opções de nacionalidade;
• Averbam sentenças judiciais como de anulação de casamento, de divórcio e de alterações ou correções de nome.
Cartório de Registro de Títulos e Documentos e Civil de Pessoas Jurídicas: Cuidam dos registros dos atos constitutivos e contratos societários das pessoas jurídicas não comerciais ou industriais, como as sociedades civis, religiosas, científicas, literárias, fundações, associações de utilidade pública, partidos políticos, empresas de radiodifusão, agências de notícias e oficinas impressoras. Já no caso das empresas comerciais ou industriais, o órgão que cuida do registro de suas documentações societárias é a Junta Comercial estadual.
Cartório de Títulos e Documentos: Cabe a estes cartórios a realização de quaisquer registros não atribuídos por lei a outro cartório. Assim, sempre que se desejar dar publicidade a um documento, para que não se possa alegar desconhecimento de sua existência ou para a sua conservação em caso de extravio ou danificação do original, deve‐se solicitar seu registro em cartório de títulos e documentos. Há documentos que, obrigatoriamente, devem ser levados a registro em títulos e documentos, para que tenham validade contra terceiros, como os contratos que criam obrigações entre as partes,que podem ser exemplificados com os de locação de imóveis e o de caução de títulos.
Cartório de Notas: Destinam‐se a escriturar e registrar instrumentos como contrato, escritura, procuração, testamento e declaração ou quaisquer outros em que haja a necessidade, por lei ou por vontade das partes, de torná‐lo público, isto é, acessível a qualquer pessoa. Efetuam também o reconhecimento de firmas e a autenticação de cópias. Alguns documentos somente têm valor legal se efetuados através de um cartório de notas, como por exemplo:
• Adoção e reconhecimento de filho tido fora do casamento;
• Cessão de direito ou renúncia de herança;
• Escrituras definitivas de compra, venda ou transferência de imóvel;
• Instrumento particular em que analfabeto ou menor de idade seja parte;
• Pacto Antenupcial;
• Quitação de títulos sem sua entrega ao pagador;
Prof. Leandro Michels
44Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Cartório de Registro de Imóveis: registra os títulos de propriedade de imóveis e respectivas averbações. Promovem o registro da documentação da propriedade imobiliária, assegurando os direitos de propriedade ou os direitos reais sobre ela incidentes, como, por exemplo, uma hipoteca. Para que se possa saber quem é o proprietário de um imóvel é necessário consultar o registro do imóvel nesse cartório. É importante saber que a escritura de um imóvel pode ser lavrada em qualquer cartório de notas, inclusive de outra cidade ou estado, mas deve ser registrada no cartório que jurisdiciona o endereço do imóvel.
Cartório de Protestos de Títulos: Estes cartórios procedem à intimação de cobrança de títulos vencidos, como cheque, duplicata, letra de câmbio e nota promissória, fazendo seu recebimento, ou, caso isto não ocorra, efetuam seu protesto por falta de pagamento. Fornecem certidões de protesto, utilizadas na análise de fichas cadastrais dos tomadores de empréstimo.
Cartório de Registro de Contratos Marítimos e de Distribuição: restritos a alguns estados, os primeiros tratam exclusivamente de atos relativos a transações de embarcações marítimas; os segundos respondem pela distribuição eqüitativa de serviços cartoriais de que trata a Lei 8.935, e atos complementares à função.
Para consultar os cartórios disponíveis no Brasil, acesse:
http://portal.mj.gov.br/CartorioInterConsulta/
3.3. Redação acadêmica
Os documentos acadêmicos procuram atender a objetivos diferentes e a níveis de comunicação variados, mas, de maneira genérica, visam difundir avanços científicos. Com relação a sua natureza, possuem algumas características de normatização peculiares a cada tipo de documento e outras comuns a todos eles.
3.3.1. Tipos de trabalhos científicos
Os principais tipos de trabalhos científicos, resultantes de pesquisa, são definidos pela ABNT, da seguinte forma:
a) monografia: trata‐se de um estudo que versa sobre um assunto/tema, seguindo uma metodologia, apresentado mediante uma revisão bibliográfica ou revisão de literatura. É mais um trabalho de assimilação de conteúdos e de prática de iniciação na reflexão científica. Esta Comissão sugere que a monografia não exceda oitenta páginas;
b) dissertação: é o resultado de um estudo no qual não há a preocupação em apresentar novas descobertas, como em uma tese de doutorado, mas expor novas formas de ver uma realidade já conhecida com rigor metodológico. Sugere‐se que esse tipo de trabalho não ultrapasse o número de cento e cinqüenta páginas. A NBR 14724 (ABNT, 2005, p. 2) define esse tipo de trabalho científico como:
Prof. Leandro Michels
45Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico respectivo de tema único e bem delimitado em sua extensão, com o objetivo de reunir, analisar e interpretar informações. Deve evidenciar o conhecimento de literatura existente sobre o assunto e a capacidade de sistematização do candidato. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor), visando à obtenção do título de mestre.
c) tese: aconselha‐se que o número máximo de páginas não ultrapasse trezentas. Segundo a NBR 14724 (ABNT, 2005, p. 3), tese é:
Documento que representa o resultado de um trabalho experimental ou exposição de um estudo científico de tema único bem delimitado. Deve ser elaborado com base em investigação original, constituindo‐se em real contribuição para a especialidade em questão. É feito sob a coordenação de um orientador (doutor) e visa à obtenção de título de doutor ou similar.
d) artigo científico: "é um texto com autoria declarada que apresenta e discute idéias, métodos, processos, técnicas e resultados nas diversas áreas de conhecimento" (ABNT, 2003a, p. 2);
e) trabalhos acadêmicos ou similares: documento que representa o resultado de estudo, devendo expressar conhecimento do assunto escolhido, que deve ser obrigatoriamente emanado da disciplina, módulo, estudo independente, curso, programa e outros ministrados. Deve ser feito sob a coordenação de um orientador (ABNT, 2005, p. 3);
f) resenha: pode ser crítica ou científica e informativa. A chamada resenha crítica ou científica requer um conhecimento aprofundado da obra/autor e da temática por ela abordada por parte do resenhista. A resenha poderá ser apresentada por meio de um texto único ou subdividido em partes, devendo constar (LAKATOS; MARCONI, 1999, p. 243‐253): Nome e biografia acadêmica do(s) autor(es); Título e resumo da obra; Fundamentação teórica do(s) autor(es); Fundamentação teórica do resenhista; Metodologia adotada; Conclusão do(s) autor(es); Crítica do resenhista; Indicação do resenhista (para que área tal obra é sugerida). A resenha informativa é um breve comentário geral da obra, sobre o autor e para quem ela é indicada. Geralmente, tal resenha é usada pelas editoras ou periódicos de divulgação;
g) resumo crítico: é a síntese e análise das idéias do autor do texto (livro, capítulo, artigo, tese, etc.) feita pelo leitor.
h) livros e folhetos: são publicações avulsas, formadas por um conjunto seqüenciado de folhas impressas e revestidas por capas. O folheto distingue‐se do livro pelo número de páginas, que deve ser entre 5 e 48.
Destacam‐se também outros tipos de documentos científicos muito comuns no meio acadêmico:
a) Relatório técnico‐científico: documento que relata formalmente os resultados ou progressos obtidos em investigação de pesquisa e desenvolvimento, ou que descreve a situação de uma questão técnica ou científica.
b) Trabalho didático: pequenos textos exigidos nos cursos de graduação, sobre estudos realizados pelos alunos, com o objetivo de induzir e fixar o aprendizado.
Prof. Leandro Michels
46Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
c) Projetos de pesquisa: documento que descreve os planos, fases e procedimentos de um processo de investigação científica a ser realizado
3.3.2. Estrutura dos trabalhos científicos
A estrutura física de um trabalho científico, em sua caracterização geral, compreende três elementos:
a) pré‐textuais: são elementos que antecedem o texto com informações que ajudam na identificação e utilização do trabalho;
b) textuais: constituem o núcleo central do trabalho;
c) pós‐textuais: complementam o trabalho.
A UFSM possui uma norma para confecção de trabalhos científicos de cunho interno (monografias, dissertações, teses e trabalhos de conclusão de curso) denominada MDT, disponível no link abaixo:
http://prpgp.prumoshost.com.br/sistemas/updown.public/arquivos/arq_MDT_156.pdf
3.3.2.1. Elementos prétextuais Os elementos pré‐textuais não são iguais para todos os textos científicos. Nas monografias, dissertações e teses (MDT) eles são compostos de uma série de páginas, enquanto que nos artigos científicos são muito resumidos. A figura abaixo ilustra a sequencia dos diversos elementos pré‐textuais existentes no Manual MDT da UFSM:
De um modo geral, os seguintes elementos pré‐textuais estão sempre presentes nos textos científicos:
Identificação
É o elemento que contém os dados básicos necessários à identificação do trabalho e de seus autores. É composto de vários elementos, dentre os quais:
Prof. Leandro Michels
47Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
a) Título do trabalho b) Nome do autores c) Nome da instituição dos autores d) Natureza do trabalho e) Local e data de publicação
Resumo
O resumo é a recapitulação concisa do texto do trabalho, no qual são destacados os elementos significativos e as novidades. É uma condensação do conteúdo e deve expor as finalidades, a metodologia, os resultados e as conclusões do trabalho em parágrafo único. É preciso que os resumos tenham, no máximo, 250 palavras para monografias (trabalhos de conclusão de curso de graduação, aperfeiçoamento, especialização) e até 500 palavras para dissertações e teses. O ideal seria que todas as informações básicas referentes ao trabalho (título, nome do autor, nome do orientador, nome da instituição e centro de ensino, nome do curso ou programa, local e data de defesa e o resumo, propriamente dito) se alojassem em uma única página, apenas. Em face disso, o resumo poderá ser escrito, excepcionalmente, em letras de tamanho inferior às do corpo do texto e com entrelinhamento simples. Abaixo deste deverão constar, no mínimo, três palavras‐chave, onde cada termo separado dos demais por ponto e vírgula (;).
Resumo em língua estrangeira (quando escrito em português)
O resumo em língua estrangeira, normalmente em inglês, é obrigatório e deve ter as mesmas características do resumo em língua vernácula, digitado em folha separada. Deve ser seguido das palavras‐chave.
3.3.2.2. Elementos textuais
Correspondem ao conteúdo do trabalho em si. Divide‐se o trabalho sempre em três principais partes:
Introdução
É o primeiro capítulo da MDT, no qual deve constar a delimitação do tema, a problemática, os objetivos, a justificativa, o referencial teórico e uma síntese relacionando as partes constituintes do trabalho. Não deverá apresentar resultados nem conclusões.
Desenvolvimento
Parte principal do texto que contém a exposição ordenada e pormenorizada do assunto. Sua subdivisão varia em razão da forma de abordagem do tema e do método. O desenvolvimento pode ser organizado por capítulos, seções e subseções, dependendo do modelo adotado pelo veículo de divulgação (artigo, tese, livro, etc).
Conclusão
Parte final do texto, na qual são apresentadas as conclusões das reflexões realizadas no trabalho e em que medidas os objetivos propostos foram alcançados. Poderá conter sugestões e recomendações para novas pesquisas.
Prof. Leandro Michels
48Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.3.2.3. Elementos póstextuais
Os elementos pós‐textuais complementam o trabalho. São constituídos por referências, glossário, apêndices e anexos.
Referências
Elemento obrigatório que consiste em um “conjunto padronizado de elementos descritivos retirados de um documento que permite sua identificação individual”, mesmo que mencionado em nota de rodapé. O sistema de ordenação das Referências, adotado por esta MDT, é o de ordem alfabética, sendo reunidas no final do trabalho (após o capítulo CONCLUSÃO) em uma única ordem alfabética. As referências devem ser alinhadas somente à margem esquerda do texto, de forma a se identificar cada documento, em espaço simples e separado entre si por espaço duplo.
Glossário
É também opcional. Consiste em uma lista em ordem alfabética de palavras ou expressões técnicas de uso restrito ou de sentido obscuro, utilizadas no texto, acompanhadas das respectivas definições.
Apêndice
É um elemento opcional que consiste em um texto ou documento elaborado pelo autor, a fim de complementar sua argumentação, sem prejuízo da unidade nuclear do trabalho.
Anexo
Elemento opcional que consiste em um texto ou documento não elaborado pelo autor, que serve de fundamentação, comprovação e ilustração. Os anexos são também identificados por letras maiúsculas consecutivas, travessão e pelos respectivos títulos.
3.4. Currículo Vitae
O curriculum vitae (também chamado de currículo ou CV) é um documento que agrupa informações pessoais de um profissional junto a sua formação acadêmica e sua trajetória no mercado de trabalho, visando demonstrar suas qualificações, competências e habilidades. De uma forma mais direta, o curriculum descreve quem você é e quais qualidades e experiências profissionais você possui.
Um bom curriculum, bem apresentável e redigido, pode não garantir um emprego mas é sem sombra de dúvidas, um passo importantíssimo para alcançá‐lo. Grande parte das pessoas tem dúvidas em como criar seu curriculum, principalmente aquelas que estão entrando agora no mercado de trabalho.
Para maiores informações sobre como fazer um currículo vitae profissional, vide: http://www.meucurriculum.com/
3.4.1. Currículo Vitae Acadêmico – Plataforma Lattes
O CNPq desenvolveu um formato‐padrão eletrônico para coleta de informações curriculares adotado pelo meio acadêmico do país. Este formato é chamado de Currículo Lattes, em homenagem a Cesare Lattes, renomado físico brasileiro, que ajudou a fundar o CNPq.
Prof. Leandro Michels
49Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
O currículo lattes é usado pela maioria das instituições de fomento, universidades e institutos de pesquisa do País. Para buscar o currículo de qualquer pesquisador (acesso livre), acesse: http://lattes.cnpq.br/.
Para criar o seu Currículo Lattes, acesse o site da Plataforma Lattes e vá para o link Cadastrar‐se. O cadastro é todo eletrônico, e o processo é bem simples. Destaca‐se que as informações ali contidas são consideradas oficiais. Por isso, caso o usuário inclua de informações falsas no seu currículo, está passível de responsabilidade criminal por falso testemunho.
3.5. Comunicação oral
A linguagem é o conjunto de meios que permitem ou realizem a comunicação e na qual há a considerar a linguagem verbal e não verbal.
A linguagem verbal é a palavra falada ou escrita, em que a primeira pode ser utilizada na comunicação oral frente a frente ou à distância (telefone, rádio, televisão, etc.) e a segunda na comunicação escrita através de livros, revistas e jornais, entre outros…
Na linguagem não verbal há a considerar os sinais visuais, sonoros e visuais sonoros. Os sinais visuais como dança, os gestos do sinaleiro, a mímica, os sinais de trânsito, de bandeiras, de ajudas de instrução visuais, etc., permitem comunicar através de linguagem não verbal. Do mesmo modo sinais sonoros de navios, sinos, sirenes, a música, etc., são outra forma de se comunicar.
No agrupamento de sinais sonoros e visuais resulta outra forma de se comunicar através de som e da imagem que no campo da instrução tem particular utilização com as ajudas audiovisuais.
A comunicação através da palavra falada ou escrita tem características diferentes. A primeira permite a transmissão imediata da mensagem e a clarificação desta pela entoação/entusiasmo, ritmo, gestos, etc., utilizados pelo emissor, o emissor e receptor também conhecem o contexto situacional que os rodeia e a comunicação torna‐se mais breve que na comunicação escrita. Nesta não há transmissão imediata de mensagem, desde o momento em que o emissor escreve até à leitura pelo receptor há um dispêndio de tempo.
Os sentimentos do emissor que na comunicação oral são transmitidos pela entoação, gestos, etc., são aqui caracterizados pelo uso de pontuação. Por outro lado, como é do conhecimento comum do emissor e receptor o contexto situacional, o primeiro tem que o descrever ao segundo para que este possa receber e compreender a mensagem, tornando a comunicação mais longa.
3.5.1. Obstáculos a compreensão da informação falada
São muitos e variados os problemas que surgem na comunicação de entre os quais salienta‐se:
Prof. Leandro Michels
50Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.5.1.1. Ruídos
Ruídos são as perturbações que têm por efeito impedir que a mensagem chegue ao receptor. Em termos de comunicação, não são só os sonoros, há também ruídos visuais que se fazem sentir na comunicação visual.
Para superar os ocasionados pelos ruídos o emissor pode aumentar o volume de emissão, mas até certo ponto, sse o ruído for muito forte será preferível parar a exposição até que aquele se desvaneça. Pode‐se ainda utilizar a repetição da mensagem do mesmo modo que foi emitida, ou repeti‐la com algumas variações que não façam alterar o seu sentido.
A distorção da mensagem em virtude do tipo de personalidade de quem a recebe é outra das formas sob a qual se pode apresentar o ruído. Pode atingir níveis tais que se compreenda ao contrário aquilo que na realidade foi expresso. O ideal seria que o emissor pudesse atingir o nível ótimo de comunicação, adaptando as mensagens ao nível de compreensão do receptor. Quando isso acontece diz‐se que há uma boa sintonização.
3.5.1.2. Falta de conhecimento e experiência comum
A dificuldade em se atingir a sintonização resulta da falta de conhecimento e experiência recíproca entre o emissor e o receptor. Esta é uma das grandes barreiras à eficiência da comunicação, porque esta pode ser efetiva somente até um certo ponto e desde que as experiências – física, mental ou emocional – das pessoas intervenientes sejam similares.
Muitas pessoas acreditam que as palavras transportam significados do emissor para o receptor, tal como um ônibus transporta passageiros duma localidade para a outra. Contudo as palavras não transportam precisamente o mesmo significado da mente do emissor para a do receptor, porque as palavras não transferem qualquer significado.
As palavras faladas ou escritas são meros estímulos que o emissor estabelece para suscitar uma resposta do mesmo gênero no receptor. A natureza desta resposta é determinada pelas experiências anteriores do receptor com as palavras e as coisas que elas referem. Estas experiências dão às palavras o seu significado, o qual é formado na mente do receptor, não nas palavras em si. Assim o emissor pelas palavras comunicadas não comunica significados aos receptores a menos que elas possuam algum conhecimento Ou experiência dos objetivos ou conceitos que as palavras referem.
3.5.1.3. Confusão entre símbolo e objeto simbolizado
Outro aspecto a considerar é que as palavras são meras representações. Elas representam ou correspondem a alguma coisa que existe, que é palpável ou de que as pessoas falam. A linguagem serve como um mapa e tal como um mapa bem elaborado representa um território específico a linguagem corresponde a objetivo ou conceitos por si representados. Assim como um mapa que contenha erros, um enunciado que contenha inexatidões implica uma relação que não existe.
Nada na natureza da linguagem limita que as palavras não sejam usadas pelo emissor nos sentidos que desejar, ainda que as palavras e a realidade sejam diferentes, as pessoas falham algumas vezes em fazer a distinção. Por exemplo, um homem pode perder o seu emprego apenas por alguém lhe
Prof. Leandro Michels
51Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
chamar ladrão. Se as pessoas atuaram de modo a que ser chamado de ladrão e ser ladrão é o mesmo, estarão a confundir a palavra com o que ela representa.
Os emissores devem ter sempre presente o perigo em confundir os símbolos com os objetos ou conceitos que eles simbolizam, dando especial atenção à propriedade de linguagem de modo a evitar que na mente dos receptores sejam formados significados diferentes dos que o emissor pretende como resposta à sua mensagem.
3.5.1.4. Uso exagerado de abstrações
As palavras concretas referem‐se a objetos que o ser humano pode experimentar diretamente, enquanto que as palavras abstratas sugerem idéias que se podem experimentar diretamente, por coisas que não provocam imagens mentais nos receptores. As palavras abstratas são necessárias e úteis, embora a sua finalidade não seja a de provocar imagens específicas nas mentes dos receptores, elas servem como um encadear de símbolos que conduzem a várias áreas de experiência.
No entanto, o perigo do seu uso exagerado é o de não averbar no receptor, a experiência específica que o receptor pretende a mal entendidos. Quando se utiliza este tipo de palavras na comunicação e fundamentalmente quando essa comunicação é para fins de instrução deve ser apoiada com experiências específicas que através de exemplos e ilustrações de forma a clarificar o significado da mensagem que encerram.
3.5.2. Como se comunicar adequadamente
Para que qualquer comunicação tenha sucesso é necessário que tenha um objetivo claro e definido de forma a provocar na audiência a reação pretendida. Todas as comunicações orais são geralmente classificadas em três áreas distintas de acordo com o seu objetivo: informar, persuadir e entreter.
Informar: Caracteriza‐se pela ajuda dada à audiência na compreensão dum processo, idéia ou conceito ou na elevação do seu nível atual de conhecimentos.
Persuadir: Quando a finalidade da comunicação é modificar ou reforçar idéias já existentes, estimular atividades ou aumentar o envolvimento emocional da audiência. Nesta comunicação o conteúdo da mensagem e a atitude do orador é o apelar para as emoções da audiência em vez de apelar para o seu raciocínio. Um exemplo característico é o conteúdo da mensagem e atividade dum candidato em vésperas de eleições.
Entreter é aquela em que a informação é destinada a divertir a audiência, embora não seja necessário que o humor esteja sempre presente. Informação interessante, não usual ou humorística caracterizam este tipo de comunicação.
O profissional atuando como emissor que é, deve ter sempre presente qual o objetivo de sua comunicação. Como se constata, esta estará integrada nas comunicações como fim de informar de modo a ajudar o receptor a compreenderem processos, idéias ou conceitos e levá‐los a aumentar o nível de conhecimentos que possuam.
Prof. Leandro Michels
52Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Assim tendo em mente a finalidade da exposição o professor deverá coletar informações necessárias à exposição, pesquisando em qualquer publicação que contenha a matéria e recorrendo também à sua experiência sobre o assunto a apresentar. Se o emissor não conhecer bem o assunto a expor, a comunicação não será efetiva. Um bom conhecimento do assunto é um auxiliar precioso para a qualidade da exposição.
Após coletada a informação necessária, esta deverá ser analisada de forma a selecionar aquela e só aquela que seja importante para os alunos, dando‐lhe de seguida um ordenamento seqüenciado e logo sob a forma de plano guia da lição que o orientará durante a exposição, evitando desvios que conduziriam a prejuízos na compreensão da platéia.
Durante a exposição na aula o emissor deve ser direto e claro. Um dos fins a atingir é conseguir o sentido da comunicação direta com os receptores. Tanto o emissor como os receptores devem sentir que estão em contato entre si. Podemos considerar neste tipo de comunicação, uma conversação com concentrações mútuas e ambas são sensíveis ao retorno da comunicação, estimulando pelas suas idéias. Se um não compreender o outro, este com rapidez tenta explicar as coisas em detalhe.
Uma exposição oral é uma conversação alargada. A audiência responde nesta conversação por franzimento de sobrancelhas, acenar de cabeça afirmativo ou negativo, ou sorrisos, impassibilidade, etc... O emissor deve, através destes sinais de retorno da sua comunicação, ajustá‐la ou mantê‐la sempre que esses sinais sejam de retorno negativo ou positivo. Verifica‐se aqui quanto é importante ao emissor manter contato visual correto de modo a aperceber‐se das reações dos alunos.
Outro aspecto importante a considerar pelo emissor durante a exposição é a convicção. O emissor deve acreditar no conteúdo da comunicação e na necessidade de comunicá‐la. A convicção é transmitida à turma através da voz, movimentos, gestos e atitude do emissor.
Prof. Leandro Michels
53Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.5.2.1. Uso da voz
Pela voz o emissor revela as suas intenções e reflete o seu estado emocional e físico. A platéia apercebe‐se quando o emissor está cansado, nervoso, aborrecido, satisfeito ou triste.
A variação de volume da voz e de ritmo é um atributo para a exposição efetiva. O emissor deve modelar o volume de voz e ritmo de exposição sempre e de acordo com o significado, conteúdo emocional e ênfase a dar a determinado ponto. O volume da voz deve ser sempre de modo a ouvir‐se facilmente a comunicação em qualquer ponto da platéia, mas um abrandamento ou aumento de volume transmitirá ritmo de exposição mais baixo, quando se aborda partes importantes ou difíceis da matéria.
A média aproximada de 100 a 150 palavras por minutos é considerada satisfatória para a instrução oral. Ainda que muitas pessoas consigam falar claramente a uma média superior a 150 palavras por minuto, as pessoas têm normalmente dificuldade em receber e compreender acima dessa média.
Outro aspecto que o apresentador deve considerar é o de fazer pausas freqüentes, a fim de permitir a platéia ordene as suas idéias e terem espaço para expor alguma dúvida que tiveram ou para formulação de perguntas orais por parte do apresentador.
Para além do volume, modulação e ritmo o apresentador deve ter especial cuidado no vocabulário empregue e na sua enunciação, pelo que se deve esforçar numa construção e pronunciação correta.
Na exposição o apresentador deve manter a sua continuidade fazendo transições cuidadosas dum ponto a outro, de forma a que todas as idéias expressas tenham uma relação definida com o assunto abordado, evitando repetir excessivamente a mesma palavra.
3.5.2.2. Movimento
Numa apresentação, movimento refere‐se a mudar todo o corpo de posição ou movimento de partes específicas que se designa por gestos.
Um dos efeitos do movimento é o da platéia tender em seguir o apresentador quando ele se move. Este efeito pode ser utilizado para captar a atenção ou ajudar na transição dum ponto para o seguinte. Por exemplo, o movimento do apresentador da sua mesa para o local de apresentação dum ponto para o outro.
Todos os movimentos devem ter uma finalidade. A aproximação da platéia é usada para dar ênfase a certos pontos, enquanto a movimentação para longe ajuda a relaxar, etc. Contudo, deve‐se ter sempre em atenção que demasiado movimento é fator de distração, enquanto que manter uma posição estática aborrece a platéia por falta de alteração de estímulo visual.
3.5.2.3. Gestos
Os gestos são uma forma de linguagem não verbal pelo qual é possível realizar‐se a comunicação. Contudo, na comunicação oral, o orador pode produzir dois tipos de gestos: os gestos propositados e os gestos ao acaso ou maneirismos.
Prof. Leandro Michels
54Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Enquanto que os gestos propositados têm por finalidade transmitir alguma emoção ou pensamento a fim de clarificar e reforçar a exposição oral, os gestos ao acaso não têm qualquer finalidade. Estes ocorrem sem o orador se aperceber, tornando‐se fator de distração e prejudicando grandemente a eficácia da comunicação.
Os gestos devem ser naturais, definidos e executados no momento oportuno, sem nunca desviarem a atenção do ponto que com eles se pretende dar ênfase. O orador pode utilizar as suas mãos em gestos propositados a fim de ajudar a descrever formas, tamanhos, movimentos ou vincar enfaticamente qualquer ponto do assunto, etc... Por outro lado, brincar com chaves nas mãos ou nos bolsos, com óculos, ponteiro, etc...., são gestos que provocam a distração na platéia.
Assim tanto os movimentos como os gestos do apresentador devem ser naturais, nem muito enfáticos nem muito desleixados. Não há qualquer razão para se manter numa posição estática com as mãos fixas ao longo do corpo, mas também não há nenhuma para se mover ou gesticular sem significado.
3.5.2.4. Contato visual
Definiu‐se, atrás, que o contacto visual correto é o meio pelo qual o orador se apercebe das diversas reações na audiência à sua comunicação. Muitas pessoas desconfiam daquelas que não olham diretamente enquanto falam. É através do olhar direto para toda a turma que o orador lhes faz sentir que também participam na comunicação, que provoca a sua audição e se apercebe das suas reações dessa comunicação.
Ao manter sempre a platéia no seu campo visual, fixando por momentos o seu olhar em cada pessoa, o orador personaliza a sua exposição fazendo sentir a platéia que fala para cada individualmente.
Pela observação individual de cada espectador, o apresentador apercebe‐se das reações de dúvida, incompreensão, falta de interesse, fadiga, desejo de participar, compreensão, etc...
Esta observação permitirá ao orador tornar a atitude mais adequada, introduzindo na exposição algum exemplo ou ilustração que clarifique alguma incompreensão demonstrada, usar um pouco de humor ou imprimir mais volume à voz para despertar a platéia, caso a sinta fatigada ou sonolenta, etc.
Um dos procedimentos que o orador deverá sempre evitar é o do privilegiar com o seu contacto visual uma pessoa, grupo de pessoas ou área da sala. O olhar do orador deve vaguear por todas as pessoas, e nunca falar sem estar virado para estes. Se necessitar de escrever no quadro, apontar numa ajuda de instrução ou outra tarefa em que tenha de ficar de costas para a platéia, deve fazer uma pausa e retomar a exposição quando virado para todos.
O plano da apresentação onde o expositor estruturou a apresentação é um auxiliar precioso para o ordenamento e seqüência da exposição. Contudo, este deverá ser utilizado durante a exposição não para leitura do seu conteúdo por parte do orador, pois provoca um distanciamento entre emissor‐receptor, mas para uma consulta breve de modo a que os tópicos ali escritos sejam por essa ordem desenvolvidos. Desta forma, consegue‐se continuidade e encaminhamento mais lógico à mensagem a comunicar.
Prof. Leandro Michels
55Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.5.2.5. Atitudes
A atitude do emissor durante a exposição do assunto influenciará em grande parte a compreensão e aprendizagem pela platéia. É normal do ser humano sentir mais simpatia por um assunto do que por outro. Contudo, lembre‐se que a sua atitude deve sempre transmitir entusiasmo, despertando interesse na platéia e motivando‐os para a aprendizagem.
Se o orador demonstra uma atitude de aversão por qualquer matéria que transmita, desde uma sensação de desinteresse ou apatia na sua transmissão, estará a diminuir grandemente a atenção da platéia com a sua atitude.
A mensagem é compreendida pelos receptores se o emissor for conhecedor da matéria que ensina e a mesma for apresentada de forma adequada. Logo, para a sua comunicação ser efetiva, deve‐se saber escolher e utilizar os métodos e técnicas de adequadas.
Outra atitude importante que o professor deve observar é a de evitar favoritismos para qualquer pessoa, tratando‐os todos de igual. Desta atitude, da sua capacidade de se fazer respeitar pelo modo como expõe o assunto resultará um ambiente de respeito mútuo na platéia. A tentativa de se impor pela posição que ocupa resultará em indisciplina e conseqüentemente quebra na aprendizagem.
3.6. Apresentação oral
O uso de técnicas adequadas para apresentação oral é muito importante para se atingir a platéia e seus objetivos. Para tanto, vale‐se dá oratória, que é a arte de como falar em público ou o conjunto de regras e técnicas que permitem apurar as qualidades pessoais de quem se destina a falar em público. A oratória é uma parte da retórica, que é a técnica de convencer o interlocutor através da oratória, ou outros meios de comunicação.
Para tanto, desenvolveu‐se um conjunto de técnicas para facilitar a compreensão por parte do público. Algumas destas técnicas serão brevemente apresentadas a seguir:
3.6.1. Estruturação de uma apresentação
Apesar de parecer simples, estruturar uma apresentação oral é uma tarefa que exige uma adequada preparação. Para tanto, é preciso conhecer e empregar adequadamente os recursos audiovisuais disponíveis e se planejar uma estratégia para a apresentação. Ao contrário do que muitos pensam, não é fácil se construir uma apresentação que convença a platéia sobre o que se está abordando na apresentação.
Muitos estudos foram realizados com relação à cognição humana e aos fatores que atraem a atenção das pessoas. Com base nestes estudos, criaram‐se um conjunto de regras práticas que auxiliam na preparação de uma apresentação de elevada qualidade e que atinja seus propósitos. A seguir, são apresentadas algumas linhas gerais para se obter uma boa apresentação.
Prof. Leandro Michels
56Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.6.1.1. Organização do assunto
Inicialmente, organize suas idéias: determine seus objetivos (ensinar algo, vender um produto, conquistar novos membros para sua causa), depois enumere os principais tópicos de sua apresentação e, finalmente, detalhe cada uma delas. Esse roteiro pode ser a base das telas que formarão a apresentação.
Uma forma interessante é responder as seguintes questões quando formula uma apresentação:
• Quem?
• O que?
• Para quem?
• Com que efeito?
• Quando?
• Onde?
• Como?
É importante se gerar um material de suporte para embasar uma apresentação. Estes materiais podem ser organizados em três grupos:
• Fatos, estatísticas, gráficos e definições.
• Descrições, narrativas, exemplos, testemunhos.
• Comparações, contrastes, reafirmações, figuras.
3.6.1.2. Estruturação
Para estruturar a apresentação, liste os objetivos (introdução), seguida pelo conteúdo principal (desenvolvimento) que normalmente termina com uma revisão resumida (conclusão). Feito isso, é comum reservar um tempo para uma sessão de perguntas e respostas.
Uma forma clássica de organizar‐se uma apresentação segue a seguinte forma:
• Introdução (abertura) o Apresentação dos objetivos, das motivações e das justificativas do tema abordado na
apresentação o É importante se ganhar a atenção da platéia neste momento, pois são
posteriormente não se consegue mais o Para tanto é importante mostrar entusiasmo
• Desenvolvimento (sustentação) o Apresenta o assunto em si o Deve‐se destacar os pontos principais, fundamentar idéias e fazer transições
adequadas entre os diferentes assuntos abordados
• Conclusão (fechamento) o Deve‐se revisar o assunto e reforçar o tema central o Apresentar uma reflexão sobre o que foi apresentado, explicitando a mensagem
conclusiva que o apresentador quer passar para a platéia o Dar mensagem final e despedir‐se da platéia
Prof. Leandro Michels
57Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Importante: no início da apresentação, seja enfático com relação ao assunto abordado e os objetivos da apresentação. Isso é fundamental porque o ser humano aprende com base na associação de conhecimentos, além de possuir uma memória seletiva que descarta informações das quais não se interessa.
3.6.1.3. Recursos audiovisuais
Os recursos audiovisuais têm os seguintes objetivos:
• Facilitar compreensão • Reforçar pontos relevantes • Orientar raciocínio • Despertar/ prender atenção • Concretizar / ilustrar idéias • Dar dinamismo à exposição • Ampliar retenção
Logo, os recursos audiovisuais devem priorizar os seguintes critérios:
• Visibilidade • Relevância • Pertinência • Clareza • Praticidade • Qualidade
Para tanto, serão apresentados um conjunto de estratégias normalmente empregadas para se atingir estes objetivos.
Na hora de desenhar as telas de sua apresentação, procure utilizar o padrão visual da organização que você faz parte (seja universidade ou empresa). Para tanto, empregue fundos ou logotipos padronizados em todas elas, de modo a manter a uniformidade visual em todas as suas apresentações – presentes e futuras – uma prática freqüente no mundo corporativo e acadêmico. Seja previdente: mantenha sempre um desses fundos à mão já que nunca se sabe quando você deve preparar uma apresentação para ontem.
Uso de cores: Use SEMPRE cores contrastantes. Em transparências usa‐se fundo claro e letras escuras, enquanto que em apresentações na tela do computador usa‐se fundo escuro e letras claras. Somente arrisque combinar cores sem tanto contraste se você conhecer muito bem o local onde fará a apresentação, pois a luminosidade pode alterar as cores projetadas. Por exemplo, nunca use fundo amarelo com letras brancas!
Para não errar nunca (em transparências), use fundo branco com letras pretas. Caso queira usar cores, saiba que as cores básicas, vivas e chapadas produzem melhor visibilidade do que cores secundárias, efeitos de sombra ou texturas complexas. Não se esqueça também de que as cores por si só também transmitem mensagens. O exemplo clássico é o vermelho que, no mundo financeiro, é associado a perdas ou algum tipo de prejuízo. Outro exemplo é empregar as cores do semáforo para destacar itens positivos e negativos (ou vantagens e desvantagens): VERDE = POSITIVO, AMARELO =
Prof. Leandro Michels
58Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
INDIFERENTE, VERMELHO = NEGATIVO. A transmissão da mensagem fica facilmente assimilada pela platéia.
Use cores vibrantes, mas não abuse. Um contraste forte entre palavras, imagens e o fundo pode ser bastante eficaz na transmissão de mensagens e emoções. De um modo geral, as cores transmitem o seguinte sentimento:
PRETO: Percebido com algo neutro e final. Ótima opção para a base do texto da apresentação (fundo branco).
AZUL: Indica calma, credibilidade ou uma visão conservadora de certa informação.
VERDE: Apresentações que requerem uma resposta da platéia são mais eficientes com essa cor.
VERMELHO: Estimula uma forte resposta emocional. Pode motivar uma platéia.
AMARELO: Associado com otimismo, mas seu brilho pode distrair ou cansar a platéia.
VIOLETA: Associado com irresponsabilidade. Pode ser usado para brincadeiras.
Uso de símbolos: Símbolos e ícones podem ser usados para ressaltar uma mensagem.
Uso da tela: Use somente os 2/3 superiores da tela. Se o local for grande ou o telão não estiver bem posicionado, as pessoas que sentam atrás terão dificuldade de enxergar a parte de baixo dos slides. Por isso, use somente os 2/3 superiores dos slides. Deixe a parte de baixo para informações secundárias: número do slide, data, etc.
Uso de fontes: Use apenas as fontes mais comuns em todos os computadores, ou seja, Times New Roman, Arial, Verdana e Tahoma. Sua apresentação não vai ficar pior por causa disso. Ao contrário, você terá a certeza que todos a verão da mesma forma como você elaborou, pois estas fontes estão instaladas em todos os computadores.
Além disso, evite usar mais de duas fontes numa mesma apresentação. O uso de muitas fontes gera uma confusão mental na platéia, tirando o foco na apresentação. Para ser legível, use fontes grandes (maior que 24, preferencialmente 28 ou maior) e textos curtos. Lembre‐se: o conteúdo da apresentação deve estar na fala do apresentador, não no texto.
Uso de figuras: As figuras são um excelente meio de explicação. Mas tome cuidado: as figuras devem ser objetivas, nítidas e bem visíveis à platéia. Nas figuras, você tem liberdade para usar mais cores para explicitar o que foi explicado. Tome cuidado para não usar linhas muito finas, cores com pouco contraste e legendas pequenas, pois podem não aparecer adequadamente quando projetadas. Evite usar figuras prontas: faça‐as você mesmo, pois a qualidade fica sempre melhor.
Se possível, valha‐se dos recursos de animação do software de apresentação para facilitar a sua explicação. Para tanto, divida a figura (ou diagrama) em partes, de forma a ser mostrado ou destacado, os elementos que seqüencialmente serão destacados na apresentação.
Uso de tabelas: As tabelas são recursos excelentes de exposição de informações e de análise. As análises comparativas, se possível, devem ser feitas com base em resultados tabelados ou em
Prof. Leandro Michels
59Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
gráficos, mesmo para resultados qualitativos (bom/ruim, certo/errado, etc). Desta forma, a platéia consegue ver o todo e compreender a análise efetuada.
Uso de gráficos: Assim como as tabelas, os gráficos são excelentes formas de visualização de resultados. Gráficos em histogramas (barras) e em fatias (pizza) são excelentes formas de visualização de resultados numéricos. Os gráficos em pizza são excelentes para mostrar a divisão percentual de determinada grandeza.
Uso de equações: São elementos muito empregados nas análise matemáticas em engenharia. Contudo, evite ao máximo apresentar deduções matemáticas em apresentações. Portanto, apenas apresente as equações mais importantes, que expressem a base dos resultados obtidos. Analise criteriosamente se é a equação é realmente necessária, pois uma apresentação com muitas equações se torna maçante à platéia.
3.6.1.4. Estratégia para criação de transparências
Antes de preparar qualquer apresentação, você deve estruturar uma estratégia de apresentação. Várias técnicas diferentes podem ser empregadas, dependendo do tipo e do objetivo da apresentação. A seguir são apresentadas algumas destas técnicas que podem ser empregadas na apresentação:
1. Regra de 3
Normalmente as pessoas têm facilidade de assimilar até três itens de uma lista. Quer ver? “Pai, Filho e Espírito Santo”, “Ontem, hoje e amanhã”, “Save Our Souls (SOS)”, “Pare, Olhe e Escute”, etc. Por isso, tente apresentar no máximo três conceitos em um slide. Tente fazer listas de no máximo três itens, para que sua audiência lembre‐se deles. Se houver mais itens, liste somente os essenciais ou divida‐os em mais slides.
2. Regra 10, 20, 30
Essa dica do “10, 20, 30″ é bem útil para resumir sua palestra e colocar em prática o princípio da “Regra de 3″, apresentado acima:
• Limite sua apresentação em 10 slides de conteúdo (excluindo o slide de boas vindas e o de agradecimento);
• Ela não deveria demorar mais do que 20 minutos;
• Use fontes tamanho 30.
Aqui, vemos uma dica ajudando a outra. Se você usar a regra de 3, vai apresentar somente os itens realmente importantes. Dessa forma, você vai conseguir limitar em 10 slides, 20 minutos e usar fontes tamanho 30.
OBS.: Sempre saiba o tempo disponível para a apresentação, e nunca o ultrapasse, seja ele de 5min ou 50min.
Prof. Leandro Michels
60Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3. Texto seletivo repetido três vezes
Quando estiver elaborando o conteúdo das telas da apresentação, prepare um texto voltado para os espectadores mais informados, reservando sua capacidade de explicar verbalmente para as pessoas menos informadas.
Uma estratégia muito usada em apresentações é a técnica de transmitir o principal de sua apresentação pelo menos três vezes, sempre com a preocupação de enriquecer cada um desses passos com novos detalhes, de modo que isso não pareça muito repetitivo.
Evidente que há necessidade de apresentações mais longas, como é o caso de palestras e cursos, que podem durar várias horas. Ainda assim, vale a regra de 3.
4. Dicas complementares
Numere os slides, pois ficará mais fácil se um ouvinte tiver alguma dúvida sobre o assunto ou pedir para voltar a ele. Se o assunto for pesado, use imagens e elementos gráficos para relaxar ‐ Use imagens e elementos gráficos externos para variar e atrair visualmente, inclusive vídeo. "Isso acrescenta humor, transmite uma mensagem e relaxa o público".
3.6.2. Dicas para uma boa apresentação oral
1. Faça a sua parte usando material cativante ‐ Por mais simples e envolvente que seja criar slides e imagens cativantes, lembre‐se de que o programa de apresentações (PowerPoint, etc) não funciona por conta própria. O público veio para ouvi‐lo e não para fitar imagens projetadas na tela, por isso mas não deixe que suas observações orais sejam menos atraentes. Lembre‐se de que você está criando slides como apoio de uma apresentação oral.
2. Conheça o assunto. Não fale sobre o que você não conhece (e conheça bem os slides). Use os itens da apresentação apenas como guia. Se você ficar lendo os slides a sua platéia fará a leitura mais rapidamente do que você pode falar. Isso tira a atenção deles. Lembre‐se: se você tem dificuldade de explicar algo de forma simples, é porque você não entende bem o assunto. Evite isso.
3. Simplifique ‐ As apresentações usando transparências mais eficazes são simples — gráficos de fácil compreensão e imagens que refletem a fala do orador. Alguns especialistas sugerem não mais do que cinco palavras por linha e não mais do que cinco linhas por slide. "Não deixe o trabalho ficar lotado de palavras e imagens. Você precisa realmente mostrar tudo na tela?"
4. Minimize o uso de números nos slides ‐ O grande atrativo dos programas de apresentação é sua capacidade de transmitir idéias e servir de apoio às observações do palestrante de forma concisa. Isso se torna difícil diante de uma grande quantidade de números e estatísticas. Deixe isso para uma etapa posterior, mais abrangente, através de apostilas distribuídas no final da apresentação. Se desejar enfatizar uma estatística no PowerPoint, considere o uso de um elemento gráfico ou imagem para transmitir a idéia.
5. Não imite a transparência ‐ Um dos hábitos mais comuns e prejudiciais de usuários de transparências é fazer uma leitura simples da apresentação visual para o público. Isso não só é redundante — exceto pelo uso do controle, qual o motivo da sua presença? — como transforma a
Prof. Leandro Michels
61Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
mais linda apresentação em um tédio absoluto. A apresentação funciona melhor com observações orais que ampliam e discutem, em vez de reproduzir o que está na tela. "Mesmo com as transparências, você precisa de contato visual com o público". "Essas pessoas não foram a sua apresentação para ver sua nuca".
6. Faça observações no tempo certo ‐ Outra armadilha potencial são os comentários do apresentador que coincidem precisamente com a apresentação de um novo slide. Isso só divide a atenção do público. Uma apresentação bem planejada mostra um novo slide, dá ao público a oportunidade de ler e digerir o material e, em seguida, permite a apresentação de comentários que ampliam a imagem na tela. "É uma questão de tempo. Nunca fale junto com o slide".
7. Faça pausas ‐ Novamente, a transparência é mais eficaz como acompanhamento visual do discurso oral. Os apresentadores experientes não se acanham em deixar a tela vazia de vez em quando. Isso não só permite um descanso visual, como também é eficaz para concentrar a atenção em trocas mais orais, como uma discussão em grupo ou sessão de perguntas e respostas.
Durante a apresentação de slides, você pode deixar a tela totalmente preta ou totalmente branca. Esse recurso é útil para, por exemplo, fazer os expectadores prestarem atenção em algo que você tem em mãos. Para isso, faça o seguinte (no PowerPoint):
• Para deixar a tela toda preta, pressione a tecla E em seu teclado; • Para deixar a tela toda branca, pressione a tecla C em seu teclado. • Para voltar à apresentação de onde ela parou, simplesmente pressione qualquer tecla.
8. Use ilustrações ‐ Use uma ilustração ou um objeto de foco, para o qual haverá uma puxada no início ou final da palestra. Isso traz a possibilidade de uma aplicação mais prática para o que você está falando. Os ouvintes conseguem materializar seu discurso.
Lembre‐se: uma imagem vale mais do que mil palavras. Isso não é nenhuma novidade. Por isso, sempre que possível demonstre sua fala em gráficos. 83% do que aprendemos é visual. Da mesma forma, use imagens para demonstrar reações ou situações.
3.6.3. Oratória nas apresentações
As apresentações orais que usam adequadamente as técnicas de oratória normalmente atraem a platéia. Estas técnicas empregam as seguintes formas de linguagem:
• Linguagem verbal: A palavras proferidas pelo apresentador • Linguagem não‐verbal: Conjunto de sinais usados pelo apresentador para se comunicar sem
a voz. Incluem: o Aparência física o Tempo e espaço pessoal o Gestos, postura e movimentos o Expressões faciais o Olhar o Sinais vocais = paralinguagem
• Recursos audiovisuais de suporte
Prof. Leandro Michels
62Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3.6.3.1. Recursos de oratória mais importantes
Alguns dos pontos mais importantes para uma apresentação oral são os seguintes:
1. Contato visual com o público
O contato visual com o público é fundamental numa apresentação oral. Através dele, é possível se identificar se o assunto está sendo compreendido ou não pela platéia, se está agradando ou não, entre outras coisas. Além disso, transmite credibilidade, atrai a atenção e intimida os desinteressados. Mas tome cuidado: tente cobrir toda a platéia com a visão, não se restringindo a algumas pessoas apenas. Além disso, mantenha‐se concentrado, pois a maioria das pessoas têm dificuldade de manter a linha de raciocínio olhando para o público. A melhor forma de se aprender é exercitando‐se.
2. Uso da voz
Use adequadamente a sua voz para atrair a atenção do público. Fale pausadamente, abrindo bem a boca para a voz sair limpa e as palavras bem discerníveis. Evite falar de costas para o público, pois sua voz fica mais difícil de ser compreendida, uma vez que a leitura labial é perdida. Além disso, use os recursos de entonação e alteração de volume da voz para dar ênfase a partes da apresentação, deixando‐a mais atraente. Apresentações monotônicas são muito tediosas.
Caso a platéia seja grande, use microfone. Mas tome cuidado: sua voz seja captada de forma uniforme pelo microfone! Caso contrário, torna‐se extremamente desagradável pelo ouvinte. Além disso, cuide para não surgir microfonias e nem distorções por falar demasiadamente alto diante do microfone.
Tome muito cuidado!!! Evite falar repetidamente os seguintes chavões:
• né • tá • viu • bom • humm • ta me entendendo • sei la • pô • tipo assim.. • bem • que nem • estar enviando, fazendo • a nível de • não e por aí • tá ligado
Prof. Leandro Michels
63Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
3. Gesticulação
O uso de gestos é uma ferramenta importante na apresentação oral. Ao gesticular, o orador deve sempre usar de naturalidade e elegância. Deve sempre se lembrar de que o gesto é apenas a essência do que se quer exprimir.
Deve, portanto, ter os seguintes cuidados: O gesto deve sempre preceder, isto é, acontecer antes, adiantar‐se à palavra, ou então, pelo menos, acompanhá‐la. Nunca suceder, ou seja, acontecer depois. Por que? Porque se acontecer antes, o gesto prepara o efeito da palavra: se acompanhá‐la reforça a palavra, porém, se acontecer depois, faz a palavra perder a sua força. Ou seja:
• Antes ‐ dá força, maior efeito; • Acompanhando ‐ dá‐lhe reforço; • Depois ‐ tira a força da palavra.
O orador deve sempre agir com espontaneidade. Não deve prender as mãos tornando‐as imóveis, lançando‐as para trás, imobilizando‐as, nem adotar gesticulação teatral exagerada. A melhor atitude com relação aos próprios gestos, é esquecer as mãos, falando com naturalidade procedendo com elas, da mesma forma como quando conversamos comumente.
4. Postura
O orador deve sempre evitar a postura displicente, por exemplo, falar sentado na cadeira ou encostado em alguma coisa, bem como, jamais sentar‐se sobre a mesa. O olhar do expositor deve percorrer sempre a platéia inteira, não se circunscrevendo, ou mantendo, a sua atenção para este ou aquele lado, em especial. Deve, também, evitar os maneirismos, isto é, torcer os dedos, mexer na roupa, estalar os dedos, esfregar as mãos, bater palmas ou tocar amiudamente objetos sobre a mesa.
5. Uso de apontadores
O uso de apontadores (laser pointers) pode ser um grande aliado para identificar algum ponto em especial em figuras de uma apresentação com transparências. Contudo, se mal usado, torna‐se extremamente irritante, principalmente se movimentado com muita velocidade. Lembre‐se: somente use o pointer para destacar uma posição em figura ou tabela. Regra geral: o pointer deve ser usado em, no máximo, 10% do tempo da apresentação.
3.6.3.2. Erros comuns
A seguir, serão apresentados os erros mais comuns em apresentações orais, que devem ser evitados:
1. Uso inadequado de cores de fonte
Não escolha cores que prejudiquem a legibilidade do slide. Ao criar um slide dê a atenção devida para a cor da fonte a ser escolhida. Também é importante escolher neste mesmo momento o plano de fundo, afinal a cor da fonte vai contrastar com o plano de fundo. Cores parecidas podem dificultar na hora da leitura.
Prof. Leandro Michels
64Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
2. Textos extensos
Evite colocar textos muito extensos no slide. Prefira a utilização de palavras‐chave que sirvam como um guia para a sua apresentação. Tópicos com mais 6 linhas de texto explicativo são desnecessários. Lembre‐se que o foco deve ser muito mais no apresentador que no slide. Textos grandes distanciam o apresentador da platéia. E, teoricamente, os ouvintes não precisam de um simples leitor. Toda vez que precisar se desculpar por ter um slide muito carregado, lembre‐se que talvez ele não deveria estar ali ou então ele poderia ser divido em vários.
3. Relação inadequada entre o texto e o tamanho da tela
Evite usar o slide inteiro para colocar o texto. Ou seja, sempre é melhor em termos estéticos deixar uma margem em relação à borda do slide. No caso de diagramas e esquemas pode ser interessante ocupar todo o slide no sentido de aumentar a figura e facilitar a visualização.
4. Enquadramento/Estética/Centralização inadequados
Não deixe a caixa de texto desalinhada. Esteticamente a caixa de texto geralmente se encaixa melhor quando for disposta centralizada. Uma caixa "grudada" em uma das bordas do slide não parece ter um efeito estético bom.
5. Uso exagerado de animações
Use animações para enfatizar o que você quer dizer ou para quebrar a monotonia da apresentação. Use transição de slides para causar um efeito de diferenciação ótica nos ouvintes. Mas cuidado. Sua platéia não está interessada em um show pirotécnico.
6. Tamanho de fonte com legibilidade ruim
Não coloque fonte muito pequena. Geralmente o leitor gosta de ler o que está escrito no slide e na hora de criar o slide é importante lembrar que os leitores não estarão tão próximos da tela de projeção como o apresentador, então se o lugar da apresentação é grande é importante que todos, ou a grande maioria consiga ler com facilidade o conteúdo escrito do slide.
7. Plano de fundo com padrão confuso
Não escolha um plano de fundo que prejudique a leitura do slide. Geralmente opto por fazer esta escolha antes de começar a fazer a apresentação, juntamente com a cor da fonte. Existem várias opções de design de slide disponíveis no PowerPoint, e muitas outras opções disponíveis na internet a serem baixadas. Também há a possibilidade de se usar uma simples cor de fundo ou mesmo uma foto. No caso de fotos uma boa saída pode ser usá‐la como marca d'água (muito cuidado para não ficar poluído visualmente). Lembre‐se: Dê preferência para fundos claros e de cor uniforme.
8. Erros de português
Não deixe passar NENHUM erro de português. Deve‐se sempre revisar uma apresentação com olhar crítico para erros de português. Erros grosseiros podem fazer com que o prestígio de quem está apresentando vá por água abaixo, perdendo crédito e respeito de quem está assistindo. Não confie no corretor do Power Point, que sublinha as palavras grafadas erradas, muitas vezes a palavra pode estar certa, mas fora de contexto, cuidado. Revise, revise e revise.
Prof. Leandro Michels
65Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
9. Uso de abreviações não tão comuns
Não use abreviações desconhecidas. Como disse na outra dica, palavras‐chave são sempre bem vindas, porém elas devem ser entendidas. Algumas pessoas acham que as palavras que estão na apresentação são apenas para guiar o apresentador e acabam colocando abreviações que para ele pode ser muito óbvio, mas para os que estão assistindo nem tanto. Então na hora de usar uma abreviação tenha certeza de que ela é conhecida pela maioria das pessoas que vão te assistir.
10. Uso inadequado de sons durante a apresentação
Evite colocar músicas de fundo na apresentação. Quando se faz uma apresentação as pessoas podem pensar que os sons irão ficar legais e dinâmicos, porém muitas vezes se tornam irritantes, principalmente se forem freqüentes, como uma música de fundo, por exemplo. Além disso, os sons podem passar um ar de amadorismo.
Prof. Leandro Michels
66Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4. Metodologia Científica e Tecnológica
4.1. Ciência
Etimologicamente, ciência significa conhecimento. Mas, nem todos os tipos de conhecimento pertencem à ciência, como o conhecimento vulgar e outros.
Ciência é a atividade que propõe a aquisição sistemática de conhecimentos sobre a natureza biológica, social e tecnológica com a finalidade de melhoria da qualidade de vida, intelectual ou material.
Segue uma definição de ciência:
Trata‐se do estudo, com critérios metodológicos, das relações existentes entre causa e efeito de um fenômeno qualquer no qual o estudioso se propõe a demonstrar a verdade dos fatos e suas aplicações práticas. É uma forma de conhecimento sistemático, dos fenômenos da natureza, dos fenômenos sociais, dos fenômenos biológicos, matemáticos, físicos e químicos, para se chegar a um conjunto de conclusões verdadeiras, lógicas, exatas, demonstráveis por meio da pesquisa e dos testes (Oliveira, 2002).
A partir de tal afirmação constata‐se que tudo aquilo que compõe a natureza é objeto de observação e experimentação para se obter novos conhecimentos. Toda a matéria em qualquer forma e composição molecular pode ser objeto de estudo. Assim, pode‐se referir que todos os fenômenos relacionados a natureza social, biológica e tecnológica são objetos da ciência.
4.1.1. Ciência versus Senso Comum
O senso comum, enquanto conhecimento aprendido à luz das experiências e observações imediatas do mundo circundante, é uma forma de conhecimento que permanece no nível das crenças vividas, segundo uma interpretação previamente estabelecida e adotada pelo grupo social. Ao contrário do conhecimento científico, o senso comum leva a pensar de forma assistemática, sensitiva e subjetiva, sem atribuir o rigor e a utilização do método científico.
Por outro lado, no conhecimento científico, o pensar é sistemático, obtido através de verificação de uma hipótese (ou conjunto de hipóteses), empregando‐se o rigor na utilização de métodos científicos. Dessa forma, o trabalho científico configura‐se na produção elaborada a partir de questões específicas de estudo.
Contudo, o conhecimento do senso comum pode ser tornar conhecimento científico. Isto porque muitos ditos populares podem gerar questões que levam à pesquisa e à investigação científica, onde se busca uma resposta científica para aquilo a que o senso comum não responde.
Para exemplificar, pense nos tratamentos médicos. Muitos remédios foram desenvolvidos, inicialmente, por índios, advindo do senso comum, que também chamamos de conhecimento vulgar. Muitos deles possuíam realmente poder de cura, mas não eram cientificamente comprovados. A
Prof. Leandro Michels
67Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
comprovação científica permite desmitificar o “achismo” da cura e demonstrar quando este remédio cura e quando não cura, como ele deve ser preparado para ter mais efeito, e a dose a ser tomada para ampliar o poder de cura.
4.1.2. Classificação do conhecimento
Existem pelo menos quatro níveis de conhecimento fundamentais: empírico, científico, filosófico e teológico. Destaca‐se que apenas o conhecimento científico é objeto de estudo da ciência.
Cada tipo de conhecimento pode ser assim classificado:
• Empírico: é o conhecimento popular (vulgar), guiado somente pelo que adquirimos na vida cotidiana ou ao acaso, servindo‐nos da experiência do outro, às vezes ensinando, às vezes aprendendo, num processo intenso de interação humana e social. É assistemático, está relacionado com as crenças e os valores, faz parte de antigas tradições. Como exemplo de conhecimento empírico, você já deve ter ouvido o dito popular de que tomar chá de macela, mais conhecida como marcela, cura dor de estômago, mas ela precisa ser colhida na Sexta‐feira Santa, antes do sol nascer.
• Científico: é o conhecimento real e sistemático, próximo ao exato, procurando conhecer além do fenômeno em si, as causas e leis. Por meio da classificação, comparação, aplicação dos métodos, análise e síntese, o pesquisador extrai do contexto social, ou do universo, princípios e leis que estruturam um conhecimento rigorosamente válido e universal. Neste, são feitos questionamentos e procuradas explicações sobre os fatos, através de procedimentos que possam levar ao resultado com comprovação. Não é considerado algo pronto, acabado e definitivo, busca constantemente explicações, soluções, revisões e reavaliações de seus resultados, pois a ciência é um processo em contínua construção.
• Filosófico: procura conhecer a realidade em seu contexto universal, sem soluções definitivas para a maioria das questões; busca constantemente o sentido da justificação e a possibilidade de interpretação a respeito do homem e de sua existência concreta. A tarefa principal da filosofia resume‐se na reflexão. A filosofia procura compreender a realidade em seu contexto universal. Não produz soluções definitivas para grande número de questões, mas habilita o ser humano a fazer uso de suas faculdades para entender melhor o sentido da vida, concretamente.
• Teológico: é o estudo de questões referentes ao conhecimento da divindade, implicando sempre em uma atitude de fé diante de revelações de um mistério ou sobrenatural, interpretados como mensagem ou manifestação divina. Esse conhecimento está intimamente relacionado a um Deus, seja este Jesus Cristo, Buda, Maomé, um ser invisível, ou qualquer entidade entendida como ser supremo, dependendo da cultura de cada povo, com quem o ser humano se relaciona por intermédio da fé religiosa.
Prof. Leandro Michels
68Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.1.3. Objetivos da ciência
A ciência tem por função:
“[...] A principal é o aperfeiçoamento do conhecimento em todas as áreas para tornar a existência humana mais significativa” (OLIVEIRA, 2000).
Na área da tecnologia a ciência tem por objetivo estabelecer conceitos, definições e parâmetros a partir de novas descobertas experimentais de materiais, componentes e métodos, possibilitando a aplicação destes conhecimentos científicos na produção e obtenção de novos produtos e processos.
Nas áreas, industrial, comercial e de serviços, a ciência tem uma função vital, possibilitando o aumento da competitividade empresarial e a conseqüente melhoria dos sistemas produtivos. As novas descobertas originam novos produtos e processos, que beneficiam a humanidade tanto nas áreas da saúde, educação, transportes, comunicação como em qualquer outra que esteja relacionada a vida cotidiana.
4.1.4. Classificação da ciência
A ciência tem diversas formas de classificação distintas, que não são unânimes. A seguir, serão apresentadas algumas classificações utilizadas na literatura.
4.1.4.1. Classificação quanto ao objeto de estudo
Quanto ao objeto de estudo, as ciências são assim classificadas:
• Ciências formais: Estudam as idéias, ou seja, o estudo de processos puramente lógicos e matemáticos. São objetos de estudo das ciências formais os sistemas formais, como por exemplo, a lógica, matemática, teoria dos sistemas e os aspectos teóricos da ciência computacional, teoria da informação, microeconomia, teoria da decisão, estatística e lingüística.
• Ciências factuais: Também chamadas de ciências reais, fáticas ou empíricas, se encarregam de estudar os feitos auxiliando‐se na observação e na experimentação. Essas ciências estudam feitos que ocorrem na realidade e, conseqüentemente, precisam usar o exame de evidência empírica para comprová‐los. Dividem‐se em:
o Ciências naturais: Estudam o universo, que é entendido como regulado por regras ou leis de origem natural, ou seja, os aspectos físicos e não humanos. Isso inclui os subcampos astronomia, biologia, física, química, geografia e ciências da terra.
o Ciências sociais: Estudam os aspectos sociais do mundo humano, ou seja, a via social de indivíduos e grupos humanos. Isso inclui antropologia, estudos da comunicação, economia, geografia humana, história, lingüística, ciências políticas, psicologia e sociologia.
Prof. Leandro Michels
69Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.1.4.2. Classificação quanto à finalidade do estudo
Quanto a finalidade do estudo, as ciências são assim classificadas:
• Ciências puras (ou ciências fundamentais): São a parte da ciência que descreve os mais básicos objetos, forças e relações entre eles e as leis que os governam, como por exemplo que todos os outros fenômenos podem ser em princípio ser derivados desses, seguindo a lógica do reducionismo científico.
• Ciências aplicadas: Visam a aplicação do conhecimento para a solução de problemas práticos. As ciências aplicadas são importantes para o desenvolvimento tecnológico. Seu uso no cenário industrial é normalmente referenciado como pesquisa e desenvolvimento (P&D).
Há uma diferença entre ciência pura e ciência aplicada. As ciências puras, em contraste com as ciências aplicadas, são definidas como o conhecimento básico que elas desenvolvem. A ciência básica é o coração de todas as descobertas, e o progresso é feito em experimentos bem controlados. A ciência pura é dependente de deduções a partir de verdades demonstradas, ou estudos sem preocupação com aplicações práticas.
4.1.4.3. Classificação quanto ao grau de precisão dos resultados
Esta classificação divide as ciências de acordo com o grau de precisão dos seus resultados:
• Ciências exatas: É qualquer campo da ciência capaz de expressões quantitativas e predições precisas e métodos rigorosos de testar hipóteses, especialmente os experimentos reprodutíveis envolvendo predições e medições quantificáveis. Matemática, Física, Química, assim como partes da Biologia, Psicologia e Economia podem ser consideradas ciências exatas nesse sentido.
• Ciências inexatas: Em geral são os campos da ciência baseados no uso de definições e análise qualitativas para testar as hipóteses propostas. Desta forma, os resultados não são muito precisos, pois muitas vezes em experimentos que não podem ser reproduzíveis de forma idêntica.
A engenharia, de um modo geral, está relacionada as ciências factuais, naturais, aplicadas e exatas. O quadro abaixo mostra uma classificação geral das ciências:
Prof. Leandro Michels
70Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.2. Conhecimento científico
4.2.1. Princípios
A ciência baseia‐se nos seguintes princípios:
• Utiliza métodos objetivos e confiáveis para se chegar a “verdade”;
• Descreve a natureza através de “modelos” que podem ser Quantitativos ou Qualitativos;
• O conhecimento científico nunca é absoluto ou final, pode ser sempre modificado ou substituído;
• A exatidão sobre um conhecimento nunca é obtida integralmente, mas sim, através de modelos sucessivamente mais próximos;
• Um conhecimento é válido até que novas observações ou experimentações o substituam.
4.2.2. Características
“O conhecimento científico é um produto resultante da investigação científica. Surge não apenas da necessidade de encontrar soluções para problemas de ordem prática da vida diária, característica essa do conhecimento do senso comum, mas do desejo de fornecer explicações sistemáticas que possam ser testadas e criticadas através de provas empíricas e da discussão intersubjetiva” (Köche 2000).
Ao conhecimento científico podem ser atribuídas as seguintes características:
• Racional: constituído por conceitos, tendo como ponto de partida e ponto de chegada apenas idéias (hipóteses), não os fatos.
• Metódico: segue etapas, normas e técnicas, cuja aplicação obedece a um método preestabelecido.
• Sistemático: constitui‐se de um sistema de idéias interligadas logicamente que se apresentam como um conjunto de princípios fundamentais, adequados a uma classe de fatos, que compõem uma teoria.
• Verificável: o conhecimento é válido, quando passa pela prova da experiência ou, da demonstração.
• Falível: não existe verdade absoluta, pois novas proposições podem mudar as teorias existentes.
• Real: lida com o real, conforme ocorrência dos fatos.
4.2.3. Processo de aquisição de conhecimento
O processo de obtenção de conhecimentos científicos utiliza três formas fundamentais para sua aquisição:
• Intuição: É uma função especial da mente humana, que age pelo pensamento, independente da pessoa ter formação científica ou técnica. É um modo onde é considerado o fenômeno
Prof. Leandro Michels
71Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
psíquico natural que todos os seres humanos possuem, alguns em maior ou menor grau que outros, de obter conhecimentos sem a utilização da experiência ou da razão.
• Empirismo: Consiste na aquisição do conhecimento através da experimentação, ou seja, através de montagens, construções, testes, medições, entre outros.
• Razão: É o conjunto das faculdades anímicas que distinguem o homem dos outros animais. É a faculdade de compreender as relações das coisas e de distinguir o verdadeiro do falso, o bem do mal. Para tanto, vale‐se do raciocínio, pensamento, opinião, reflexão, julgamento e juízo.
Em geral, o conhecimento científico é o adquirido através do conjunto destas três formas, ou seja:
Ciência = Intuição + Empirismo + Razão
Em engenharia, este processo de aquisição de conhecimento científico é melhor descrito por:
Intuição Ter criatividade, Gerar novas idéias
+ +
Experimentação Projetar, Experimentar, Montar,Testar, Construir
+ +
Razão Descrever matematicamente,
Explicar como funciona fisicamente
4.2.4. Fundamentos científicos
É a forma como a ciência é estruturada do ponto de vista conceitual e com relação à profundidade dos resultados.
4.2.4.1. Hipótese
Um conjunto estruturado de argumentos e explicações que possivelmente justificam dados e informações, porém, que ainda não foi confirmado ou refutado por observação ou experimentação.
As hipóteses podem ser divididas, basicamente, em três tipos:
Hipótese afirmativa positiva
Ex.: “A temperatura máxima atingida por um condutor elétrico, em um dia quente, é maior que em um dia frio.” (O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação)
Hipótese afirmativa negativa
“Não ocorrem danos elétricos aos sistemas elétricos que possuem aterramento igual ou menor a 2 Ohms de resistência” (O resultado da pesquisa deve comprovar a afirmação)
Hipótese condicional
Prof. Leandro Michels
72Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
“Se for usado um dissipador de calor com resistência térmica menor que 0,1oC/W e uma temperatura ambiente o processador não queimará.” (O resultado da pesquisa é condicionado aos resultados do experimento)
Classificação das hipóteses
Hipótese de Ocorrência
São hipóteses que não encontram apoio nas evidências experimentais dos fatos ou fenômenos e nem fundamentação no conjunto das teorias existentes. São palpites ou especulações sem fundamentação científica .
Ex.: “Acho que a bala do revólver não o matou porque um espírito sobrenatural atuou como um escudo.”
Hipótese Empírica
São hipóteses que têm a seu favor algumas evidências experimentais preliminares que justificam a escolha das suposições e das correlações estabelecidas com as teorias e leis existentes. Estas hipóteses não possuem consistência lógica.
Ex.: “Acho que o sistema foi danificado hoje porque fazem dois meses que caíram muitos raios nas cidades próximas”
Hipótese Plausível
São hipóteses que se inter‐relacionam de forma consistente com as teorias existentes. As hipóteses plausíveis são produto da dedução lógica do conhecimento científico universalmente aceito.
Contudo, se estas hipóteses não podem ser verificadas, o evento referido não poderá ser repetido exatamente como ocorrido.
Ex.: “Possivelmente este raio caiu a menos de 700 metros da nossa localização, pois, observei no relógio que o som do trovão levou menos de 2 segundos para ser ouvido a partir do clarão do relâmpago”.
Hipótese Convalidada
São hipóteses que se fundamentam em um sistema de teorias, assim como as plausíveis, e ao mesmo tempo encontram apoio em evidências experimentais que ocorrem na realidade factual. Podem ser passíveis de verificação (testagem) oportunizando a análise de suas conseqüências, possuindo embasamento em um referencial teórico, sendo consistentes, coerentes e razoáveis.
Ex.: “O microprocessador MT455, quando instalado com seus dissipadores de calor original, aquece mais que o MT556 quando ambos são instalados em um gabinete com dimensões inferiores a 30 cm³”.
Prof. Leandro Michels
73Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.2.4.2. Achado
Informações produzidas a partir de dados coletados em estudos científicos, sendo um saber mais descritivo do que explicativo. São essencialmente narrativas científicas de acontecimentos verificados por observação ou experimentação.
Ex.: Descobertas arqueológicas.
4.2.4.3. Modelo
É uma representação lógica, um conjunto de mecanismos virtuais que permite a representação de um fenômeno. Pode ser avaliado segundo a sua semelhança com o sistema físico real. A validade do modelo consiste em efetivamente descrever aquilo que se propõe a descrever e, depende do seu grau de precisão.
Os modelos são utilizados para representar os conhecimentos científicos obtidos através da experimentação ou observação dos fenômenos da natureza, bem como produtos e processos
Os modelos são de fundamental importância para a engenharia. É através deles que se descreve e projeta estruturas, sistemas, circuitos, mecanismos, pois possibilita se descrever o seu comportamento, de forma simplificada, sem precisar montá‐lo
Ex. Modelo comportamental de um circuito elétrico, modelo equivalente de um sistema massa‐mola
Para ilustrar as diversas formas de modelo, a seguir serão mostrados modelos que representam a estrutura e comportamento de um painel fotovoltaico.
Representação icônica (imagem)
Circuito equivalente (modelo)
Representação gráfica (modelo) Representação matemática (modelo)
Prof. Leandro Michels
74Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.2.4.4. Teoria
A teoria tem um caráter explicativo mais universal do que a lei científica, abrangendo um espectro mais amplo. As teorias possuem a característica de estruturar as uniformidades e regularidades explicadas pelas leis científicas.
As teorias nunca atingem a totalidade de aspectos dos fenômenos da realidade. Estabelecem relações entre aspectos não diretamente observáveis.
Ex.: Teoria da relatividade, teoria de circuitos elétricos
4.2.4.5. Lei
Uma relação entre fenômenos, uma seqüência de acontecimentos, um mecanismo natural, que se manifesta sempre da mesma forma em inúmeros estudos independentes, com grande precisão e sem exceções. É o objetivo máximo, a suprema realização, da Ciência.
Ex.: Lei da conservação de energia, lei de gravitação universal.
4.2.4.6. Hierarquia do saber científico
Com base nas definições acima, obtém‐se o seguinte quadro comparativo:
Saber Extensão dos resultados
Descrição
Hipótese Menor
É o nível mais baixo do saber científico, diferenciando‐se da especulação filosófica apenas pela produção de expectativas plausíveis e passíveis de verificação
empírica.
Achado Baixo
Tem vantagem sobre as hipóteses por serem resultados efetivamente constatados via observação ou experimentação, e não apenas possibilidades
plausíveis.
Modelo Intermediário
Apresentam superioridade aos achados por apresentarem uma estrutura lógica mapeada ao resultado empírico, permitindo previsões cuja
confiabilidade pode ser aferida.
Teoria Alto Mostram‐se superiores aos modelos por permitirem
previsões acerca de um dado fenômeno com confirmação experimental.
Lei Maior
É o nível mais alto do saber científico, tendo todo o alcance funcional de uma teoria, mas com um grau
muito maior de confirmação empírica e, conseqüentemente, de confiabilidade e robustez.
Prof. Leandro Michels
75Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
4.3. Método científico
O conhecimento científico passou por várias etapas sempre questionando a maneira de obtenção do saber, ou seja, o Método. De origem grega, a palavra método significa o conjunto de etapas e processos a serem vencidos ordenadamente na investigação dos fatos ou na procura da verdade.
O método não é único e nem uma receita infalível para o cientista obter a verdade dos fatos. Ele apenas tem a intenção de facilitar o planejamento, investigação, experimentação e conclusão de um determinado trabalho científico.
A ciência é constituída de um conhecimento racional, metódico e sistemático, capaz de ser submetido à verificação, buscado através de métodos e técnicas diversas, ou seja, por passos nos quais se descobrem novas relações entre fenômenos que interessam a um determinado ramo científico ou aspectos ainda não revelados de um determinado fenômeno.
Dentre os métodos mais usuais para o desenvolvimento e a ordenação do raciocínio, se destacam:
• Dedutivo (Descartes): descobre uma verdade a partir de outras verdades que já conhecemos. Realiza a aplicação de princípios gerais a casos particulares (do macro para o micro). Ex.: Todos os metais são condutores de eletricidade. A prata é um metal, logo, é condutor de eletricidade. Pelo raciocínio dedutivo, se os metais pertencem ao grupo dos condutores de eletricidade e se a prata conduz eletricidade, necessariamente, entendemos que a prata é um metal.
• Indução (Galileu e Bacon): parte da enumeração de experiência ou casos particulares, para chegar a conclusões de ordem universal. Inclui quatro etapas: observação, hipótese, experimentação e a constatação de que a hipótese levantada, para explicar o fato observado, é confirmada pela experimentação e transformada em teoria ou lei. Ou seja, promove a descoberta de princípios gerais a partir de conhecimentos particulares (do micro para o macro). Ex.: partindo da observação empírica de que a prata é minério condutor de eletricidade e que se inclui no grupo dos metais, ela faz, por sua vez, parte dos minérios. Logo se infere, por análise indutiva, que a prata é condutora de eletricidade.
Dentre técnicas empregadas pelos métodos científicos para fazer ciência, se destacam:
• Observação: Quando se utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Forma de aquisição do conhecimento em que o pesquisador não interfere no objeto do estudo Ex.: astronomia, comportamento animal
• Experimentação: Forma de aquisição do conhecimento em que o pesquisador fixa, manipula e introduz variáveis no objeto do estudo. Ex.: química, física engenharia, etc. A experimentação pode classificada em:
o Em campo: Os dados são registrados a partir das reações resultantes das variáveis que o pesquisador introduz no experimento. Todos os eventos são realizados no ambiente externo não controlado.
Prof. Leandro Michels
76Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
o Em laboratório: Onde todas as variáveis e condições são controladas e, são introduzidas pelo pesquisador. O ambiente para a realização da experiência é controlado.
4.3.1. Método dedutivo
Este método foi proposto pelos racionalistas Descartes, Spinoza e Leibniz, pressupõe que só a razão é capaz de levar ao conhecimento verdadeiro. O raciocínio dedutivo tem o objetivo de explicar o conteúdo das premissas que, quando verdadeiras, levarão inevitavelmente a conclusões verdadeiras, visto que, por intermédio de uma cadeia de raciocínio em ordem descendente, de análise do geral para o particular, chega‐se a uma conclusão. Ou seja, a resposta já estava dentro da pergunta. Essa forma de raciocínio é chamada silogismo, construção lógica que a partir de duas premissas, retira uma terceira logicamente decorrente das duas primeiras, denominada de conclusão. Veja um exemplo de raciocínio dedutivo:
Todo homem é mortal (premissa maior)
Pedro é homem (premissa menor)
Logo, Pedro é mortal. (conclusão)
Pode‐se definir duas características básicas do método dedutivo, segundo Salmon (1978):
• Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é verdadeira. • Toda a informação ou conteúdo da conclusão já estava implicitamente nas premissas.
Pode‐se determinar quatro regras fundamentais do método dedutivo de Descartes:
• Evidência: Não admitir "nenhuma coisa como verdadeira se não a reconheço evidentemente como tal". Em outras palavras, evitar toda "precipitação" e toda "prevenção" (preconceitos) e só ter por verdadeiro o que for claro e distinto, isto é, o que "eu não se tem a menor oportunidade de duvidar".
• Análise: “Dividir cada uma das dificuldades em tantas partes necessárias para melhor compreendê‐las e resolvê‐las”. Consiste em fracionar o problema em partes menores para facilitar a investigação.
• Síntese: "Concluir por ordem os pensamentos, começando pelos objetos mais simples e mais fáceis de conhecer para, aos poucos, ascender, como que por meio de degraus, aos mais complexos". Ou seja, consiste em distinguir os problemas mais simples (independentes e absolutos) dos problemas mais complexos (condicionados ou relativos)
• Enumeração: “ Realizar sempre enumerações tão cuidadas e revisões gerais que se possa ter certeza de nada haver omitido”. Ou seja, realizar “desmembramentos tão complexos... a ponto de estar certo de se ter omitido nada".
4.3.2. Método indutivo
A indução já existia desde Sócrates, entretanto seus expoentes modernos são os empiristas Bacon, Hobbes, Locke e Hume. Considera que o conhecimento é fundamentado na experiência, não se levando em conta princípios preestabelecidos.
Prof. Leandro Michels
77Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Assim como no método dedutivo, na indução o raciocínio é fundamentado em premissas, contudo, diferentemente do anterior, premissas verdadeiras levam a conclusões provavelmente verdadeiras. No raciocínio indutivo, a generalização deriva de observações de casos da realidade concreta.
Pode‐se determinar três etapas fundamentais para toda a indução:
a) Observação dos fenômenos; b) Descoberta da relação entre eles; c) Generalização da relação.
Veja um exemplo de raciocínio indutivo:
a) Antônio é mortal. a) João é mortal. a) Paulo é mortal.
...
a) Carlos é mortal. b) Ora, Antônio, João, Paulo... e Carlos são homens. c) Logo, (todos) os homens são mortais.
Define‐se assim, duas características básicas do método indutivo:
• Se todas as premissas são verdadeiras, a conclusão é provavelmente verdadeira. • A conclusão inclui informações que não estavam nas premissas.
O método indutivo de Galileu sustenta que a pesquisa científica acontece por dois momentos:
• Analítico: consiste na observação do fenômeno e proposição das hipóteses.
• Sintético: consiste na experimentação e se a hipótese for confirmada, transforma‐se em lei.
Logo, uma pesquisa empregando o método indutivo de Galileu emprega as seguintes etapas:
1. Observação: Coletar de dados sobre o fenômeno em questão. 2. Análise: Estabelecer uma relação quantitativa entre os elementos do fenômeno. 3. Hipótese: Pressuposição do conhecimento do fenômeno. 4. Teste: Comprovação das hipóteses através de experimentos. 5. Modelo: Representação do conhecimento. 6. Generalização: Extensão do conhecimento para todos os fenômenos da mesma espécie.
4.4. Técnicas de procedimentos
Além dos métodos de abordagem descritos acima, existem técnicas de procedimento, que por vezes também tomadas por métodos, que são etapas mais concretas da investigação científica. Estas técnicas têm uma finalidade mais restrita em termos de explicação geral do fenômeno.
Essas técnicas são freqüentemente utilizadas de forma associada, podendo ser descritas como:
Prof. Leandro Michels
78Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Histórico: investigação de acontecimentos, processos e instituições no passado para a verificação de sua influência na atualidade;
• Comparativo: estudo de semelhanças ou diferenças entre diversos elementos em análise;
• Monográfico (ou estudo de caso): estudo de certos elementos, indivíduos, empresas, profissões, grupos, etc., com vistas à obtenção de generalização;
• Estatístico: redução de fenômenos variáveis (estocásticos) à representação quantitativa e aplicação de instrumentos estatísticos de análise;
• Tipológico: construção idealizada de um elemento que consiste em modelo ideal (ou perfeito), contra o qual, os dados da realidade são analisados;
• Funcionalista: estudo do sistema a partir das funções de cada elemento que o compõe; • Estruturalista: preocupa‐se a estrutura do sistema como um todo para explicar o
comportamento de partes mais específicas ou de indivíduos.
4.5. Pesquisa
Segundo pesquisar significa identificar uma dúvida que necessite ser esclarecida, construir e executar o processo que apresenta a solução desta, quando não há teorias que a expliquem ou quando as teorias que existem não estão aptas para fazê‐lo. Portanto, pesquisar é descobrir, e assim sendo, é um fato natural a todos os indivíduos. Contudo, considera‐se que pesquisa científica é a realização completa de uma investigação, desenvolvida e redigida de acordo com as normas de metodologia consagradas pela ciência.
Para que uma pesquisa seja considerada científica, ela deve seguir uma metodologia que compreenda uma seqüência de etapas logicamente encadeadas, de forma que possa ser repetida, obtendo‐se os mesmos resultados. Dessa maneira, os dados obtidos contribuirão para a ampliação do conhecimento já acumulado, bem como para a sua reformulação ou criação.
4.5.1. Classificações da pesquisa
Existem várias formas de classificar as pesquisas. As formas clássicas de classificação serão apresentadas a seguir, conforme Gil (1991):
Quanto a sua natureza:
• Pesquisa Básica: objetiva gerar conhecimentos novos, úteis para o avanço da ciência sem aplicação prática prevista. Envolve verdades e interesses universais.
• Pesquisa Aplicada: objetiva gerar conhecimentos para aplicação prática dirigidos à solução de problemas específicos. Envolve verdades e interesses locais.
Quanto a forma de abordagem:
• Pesquisa Quantitativa: considera que tudo pode ser quantificável, o que significa traduzir em números opiniões e informações para classificá‐los e analisá‐los. Requer o uso de recursos e de técnicas estatísticas (percentagem, média, moda, mediana, desvio padrão, coeficiente de correlação, análise de regressão, etc...).
Prof. Leandro Michels
79Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Pesquisa Qualitativa: considera que há uma relação dinâmica entre o mundo real e o sujeito, isto é, um vínculo indissociável entre o mundo objetivo e a subjetividade do sujeito que não pode ser traduzido em números. A interpretação dos fenômenos e a atribuição de significados são básicos no processo de pesquisa qualitativa. Não requer o uso de métodos e técnicas estatísticas. O ambiente natural é a fonte direta para coleta de dados e o pesquisador é o instrumento chave. É descritiva. Os pesquisadores tendem a analisar seus dados indutivamente. O processo e seu significado são os focos principais de abordagem.
Quanto a seus objetivos:
• Pesquisa Exploratória: visa proporcionar maior familiaridade com o problema, com vistas a torná‐lo explícito ou a construir hipóteses. Envolve levantamento bibliográfico; entrevistas com pessoas que tiveram experiências práticas com o problema pesquisado; análise de exemplos que estimulem a compreensão. Assume, em geral, as formas de Pesquisas Bibliográficas e Estudos de Caso.
• Pesquisa Descritiva: visa descrever as características de determinada população ou fenômeno ou o estabelecimento de relações entre variáveis. Requer o uso de técnicas padronizadas de coleta de dados: questionário e observação sistemática. Assume, em geral, a forma de Levantamento.
• Pesquisa Explicativa: visa identificar os fatores que determinam ou contribuem para a ocorrência dos fenômenos. Aprofunda o conhecimento da realidade porque explica a razão, o porquê das coisas. Quando realizada nas ciências naturais requer o uso do método experimental e nas ciências sociais, o uso do método observacional. Assume, em geral, as formas de Pesquisa Experimental e Pesquisa Ex‐post‐facto.
Quanto aos procedimentos técnicos:
• Pesquisa Bibliográfica: utiliza material já publicado, constituído basicamente de livros, artigos de periódicos e atualmente com informações disponibilizadas na Internet. Quase todos os estudos fazem uso do levantamento bibliográfico e algumas pesquisas são desenvolvidas exclusivamente por fontes bibliográficas. Sua principal vantagem é possibilitar ao investigador a cobertura de uma gama de acontecimentos muito mais ampla do que aquela que poderia pesquisar diretamente. A técnica bibliográfica visa encontrar as fontes primárias e secundárias e os materiais científicos e tecnológicos necessários para a realização do trabalho científico ou técnico‐científico. Realizada em bibliotecas públicas, faculdades, universidades e, atualmente, nos acervos que fazem parte de catálogo coletivo e das bibliotecas virtuais.
• Pesquisa Documental: quando elaborada a partir de materiais que não receberam tratamento analítico, documentos de primeira mão, como documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, diários, filmes, fotografias, gravações etc., ou ainda documentos de segunda mão, que de alguma forma já foram analisados, tais como: relatórios de pesquisa, relatórios de empresas, tabelas estatísticas, etc. e os localizados no interior de órgãos públicos ou privados, como: manuais, relatórios, balancetes e outros.
• Levantamento: envolve a interrogação direta de pessoas cujo comportamento se deseja conhecer acerca do problema estudado para, em seguida, mediante análise quantitativa, chegar as conclusões correspondentes aos dados coletados. O levantamento feito com informações de todos os integrantes do universo da pesquisa origina um censo. O
Prof. Leandro Michels
80Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
levantamento usa técnicas estatísticas, análise quantitativa e permite a generalização das conclusões para o total da população e assim para o universo pesquisado, permitindo o cálculo da margem de erro. Os dados são mais descritivos que explicativos.
• Estudo de Caso: envolve o estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de maneira que se permita o seu amplo e detalhado conhecimento. O estudo de caso pode abranger análise de exame de registros, observação de acontecimentos, entrevistas estruturadas e não‐estruturadas ou qualquer outra técnica de pesquisa. Seu objeto pode ser um indivíduo, um grupo, uma organização, um conjunto de organizações, ou até mesmo uma situação. A maior utilidade do estudo de caso é verificada nas pesquisas exploratórias. Por sua flexibilidade, é sugerido nas fases iniciais da pesquisa de temas complexos, para a construção de hipóteses ou reformulação do problema. É utilizado nas mais diversas áreas do conhecimento. A coleta de dados geralmente é feita por mais de um procedimento, entre os mais usados estão: a observação, análise de documentos, a entrevista e a história da vida.
• Pesquisa‐Ação: concebida e realizada em estreita associação com uma ação ou com a resolução de um problema coletivo. Os pesquisadores e participantes representativos da situação ou do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou participativo. Objetiva definir o campo de investigação, as expectativas dos interessados, bem como o tipo de auxílio que estes poderão exercer ao longo do processo de pesquisa. Implica no contato direto com o campo de estudo envolvendo o reconhecimento visual do local, consulta a documentos diversos e, sobretudo, a discussão com representantes das categorias sociais envolvidas na pesquisa. É delimitado o universo da pesquisa, e recomenda‐se a seleção de uma amostra. O critério de representatividade dos grupos investigados na pesquisa‐ação é mais qualitativo do que quantitativo. É importante a elaboração de um plano de ação, envolvendo os objetivos que se pretende atingir, a população a ser beneficiada, a definição de medidas, procedimentos e formas de controle do processo e de avaliação de seus resultados. Não segue um plano rigoroso de pesquisa, pois o plano é readequado constantemente de acordo com a necessidade, dos resultados e do andamento das pesquisas. O investigador se envolve no processo e sua intenção é agir sobre a realidade pesquisada.
• Pesquisa Participante: Pesquisa realizada através da integração do investigador que assume uma função no grupo a ser pesquisado, mas sem seguir uma proposta pré‐definida de ação. A intenção é adquirir conhecimento mais profundo do grupo. O grupo investigado tem ciência da finalidade, dos objetivos da pesquisa e da identidade do pesquisador. Permite a observação das ações no próprio momento em que ocorrem. Esta pesquisa necessita de dados objetivos sobre a situação da população. Isso envolve a coleta de informações socioeconômicas e tecnológicas que são de natureza idêntica às adquiridas nos tradicionais estudos de comunidades. Esses dados podem ser agrupados por categorias, como: geográficas, demográficas, econômicas, habitacionais, educacionais, e outros.
• Pesquisa Experimental: quando se determina um objeto de estudo, selecionam‐se as variáveis que seriam capazes de influenciá‐lo, definem‐se as formas de controle e de observação dos efeitos que a variável produz no objeto. A pesquisa experimental necessita de previsão de relações entre as variáveis a serem estudadas, como também o seu controle e por isso, na maioria das situações, é inviável quando se trata de objetos sociais. Esse tipo de pesquisa é geralmente utilizado nas ciências naturais. Exemplo: Analisar os efeitos colaterais do uso de um determinado medicamento em crianças de até 8 anos.
Prof. Leandro Michels
81Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Pesquisa Ex‐Post‐Facto: quando o experimento se realiza depois dos fatos. O pesquisador não tem controle sobre as variáveis. É um tipo de pesquisa experimental, mas difere da experimental propriamente dita pelo fato de o fenômeno ocorrer naturalmente sem que o investigador tenha controle sobre ele, ou seja, nesse caso, o pesquisador passa a ser um mero observador do acontecimento. Por exemplo: a verificação do processo de erosão sofrido por uma rocha por influência do choque proveniente das ondas do mar. Esse tipo de pesquisa é geralmente utilizado nas ciências naturais.
4.6. Pesquisa tecnológica
4.6.1. Tecnologia Tecnologia (do grego τεχνη — "técnica, arte, ofício" e λογια — "estudo") é um termo que envolve o conhecimento técnico e científico e as ferramentas, processos e materiais criados e/ou utilizados a partir de tal conhecimento. Dependendo do contexto, a tecnologia pode ser:
• As ferramentas e as máquinas que ajudam a resolver problemas;
• As técnicas, conhecimentos, métodos, materiais, ferramentas e processos usados para resolver problemas ou ao menos facilitar a solução dos mesmos;
• Um método ou processo de construção e trabalho (tal como a tecnologia de manufatura, a tecnologia de infra‐estrutura ou a tecnologia espacial);
• A aplicação de recursos para a resolução de problemas;
• O termo tecnologia também pode ser usado para descrever o nível de conhecimento científico, matemático e técnico de uma determinada cultura;
• Na economia, a tecnologia é o estado atual de nosso conhecimento de como combinar recursos para produzir produtos desejados (e nosso conhecimento do que pode ser produzido).
A tecnologia é, de uma forma geral, o encontro entre ciência e engenharia. Sendo um termo que inclui desde as ferramentas e processos simples, tais como uma colher de madeira e a fermentação da uva, até as ferramentas e processos mais complexos já criados pelo ser humano, tal como a Estação Espacial Internacional e a dessalinização da água do mar. Freqüentemente, a tecnologia entra em conflito com algumas preocupações naturais de nossa sociedade, como o desemprego, a poluição e outras muitas questões ecológicas, filosóficas e sociológicas.
4.6.2. Inovação tecnológica Inovações tecnológicas a concepção de novo produto ou processo de fabricação, bem como a agregação de novas funcionalidades ou características ao produto ou processo que implique melhorias incrementais e efetivo ganho de qualidade ou produtividade, resultando maior competitividade no mercado.
As atividades de inovação podem ser classificadas em:
Prof. Leandro Michels
82Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Pesquisa e Desenvolvimento (P&D) é a união da pesquisa, que é utilizada para a descoberta de novos conhecimentos, com o desenvolvimento, que é a aplicação destes novos conhecimentos para se obter resultados práticos. Atividades de P&D podem ser realizadas nas diferentes fases do processo de inovação, agindo não apenas como a fonte original de idéias inventivas, mas também como uma forma de eliminação de problemas.
• Ferramentaria e a engenharia industrial abrangem a aquisição e a troca do equipamento e das ferramentas de produção e dos procedimentos de controle de qualidade, métodos e padrões necessários para fabricar o novo produto ou para utilizar o novo processo.
• Início da fabricação e o desenvolvimento da pré‐produção podem incluir modificações no produto ou no processo, com treinamento de pessoal para as novas técnicas ou no uso do novo equipamento, e produção de testes se isto implicar em outro projeto e engenharia.
• Marketing de novos produtos abrange as atividades relacionadas com o lançamento de um novo produto. Isto pode incluir testes de mercado, adaptação do produto em mercados diferentes e propaganda de lançamento, mas irá excluir a construção de redes de distribuição para inovações do mercado.
• Aquisição de tecnologia independente inclui a aquisição de tecnologia externa na forma de patentes, invenções não patenteadas, licenças, divulgação de know‐how, marcas registradas, designs, padrões e serviços com um conteúdo tecnológico.
• Aquisição de tecnologia agregada abrange a aquisição de maquinário e equipamentos com conteúdo tecnológico no que diz respeito às inovações de produto ou processos introduzidos pela empresa.
• Design abrange plantas e desenhos com o objetivo de definir procedimentos, especificações técnicas e características operacionais necessárias para a concepção, o desenvolvimento, a fabricação e marketing de novos produtos e processos. Ele deve ser parte da concepção inicial do produto ou processo, isto é, pesquisa e desenvolvimento experimental, mas também pode estar relacionado com a ferramentaria, engenharia industrial, início da fabricação e marketing de novos produtos.
Embora todas estas sejam atividades de inovação, apenas as atividades de P&D são normalmente mencionadas pelas empresas. Para fins de estatística, utiliza‐se: gastos com P&D e pessoal de P&D, embora envolta todas as outras formas de inovação.
As principais atividades de pesquisa tecnológica e desenvolvimento de inovação tecnológica são as seguintes:
• Pesquisa básica dirigida: os trabalhos executados com o objetivo de adquirir conhecimentos quanto à compreensão de novos fenômenos, com vistas ao desenvolvimento de produtos, processos ou sistemas inovadores.
• Pesquisa aplicada: os trabalhos executados com o objetivo de adquirir novos conhecimentos, com vistas ao desenvolvimento ou aprimoramento de produtos, processos e sistemas.
• Desenvolvimento experimental: os trabalhos sistemáticos delineados a partir de conhecimentos pré‐existentes, visando a comprovação ou demonstração da viabilidade técnica ou funcional de novos produtos, processos, sistemas e serviços ou, ainda, um evidente aperfeiçoamento dos já produzidos ou estabelecidos.
Prof. Leandro Michels
83Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
• Tecnologia industrial básica: aquelas tais como a aferição e calibração de máquinas e equipamentos, o projeto e a confecção de instrumentos de medida específicos, a certificação de conformidade, inclusive os ensaios correspondentes, a normalização ou a documentação técnica gerada e o patente amento do produto ou processo desenvolvido.
• Serviços de apoio técnico: aqueles que sejam indispensáveis à implantação e à manutenção das instalações ou dos equipamentos destinados, exclusivamente, à execução de projetos de pesquisa, desenvolvimento ou inovação tecnológica, bem como à capacitação dos recursos humanos a eles dedicados.
São exemplos de pesquisa básica dirigida: física dos semicondutores empregados para fabricação de chips, estudo de materiais cerâmicos supercondutores, seqüenciamento do DNA do trypanossoma cruzi. Por outro lado, são exemplos de pesquisa aplicada: desenvolvimento de novos medicamentos para cura da malária, estudo do uso de novos materiais em motores automotivos.
4.7. Projetos
A maioria das atividades de pesquisa e de inovação tecnológica é realizada através de projetos. Um projeto consiste em um conjunto de etapas sistematicamente ordenadas que tenha por finalidade detalhar um conjunto de ações a serem executadas para se atingir a finalidade requerida. São características de um projeto:
• ter objetivo e objeto definido;
• possuir metas exeqüíveis;
• ser passível de análise de viabilidade;
• ser limitado no tempo;
• viabilizar uma nova atividade;
• prever resultados.
Os principais tipos de projetos são os seguintes:
• Projeto de pesquisa: Destina‐se a detalhar as ações a serem empreendidas desde a identificação de uma necessidade até a possível obtenção de um modelo científico (que represente os resultados a serem obtidos (novos conhecimentos tecnológicos).
• Projeto de desenvolvimento: Tem por objetivo “dizer como” materializar o modelo científico em forma de protótipo ou instalação piloto. O resultado do projeto de desenvolvimento é na verdade a representação do detalhamento do processo necessário para a obtenção do primeiro produto (protótipo).
• Projeto de engenharia: A função é elaborar e formatar um conjunto de informações destinadas a execução ou fabricação de um produto, a partir dos dados (parâmetros e características) obtidos pelo processo inicial de produção do protótipo. Essencialmente este projeto visa planejar o processo de fabricação ou sistemática para execução de uma obra.
• Projetos mistos: são a fusão de dois ou mais tios: Pesquisa e Desenvolvimento (P&D); Desenvolvimento e Engenharia (D&E); Pesquisa, Desenvolvimento e Engenharia (P,D&E).
Prof. Leandro Michels
84Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
5. Bibliografia
Agência Nacional de Águas, Manual de redação e de atos oficiais. Brasília: ANA, SGE, CDOC, 2005.
CAVALCANTE, M. B., Informativo conceitual, http://www.rededeinovacao.org.br/LeiturasRecomendadas/Defini%C3%A7%C3%A3o%20Basica%20Pesquisa_%20Desenvolvimento_Engenharia_Inova%C3%A7%C3%A3o.pdf, data de acesso: 09/06/2010.
COBRA, R. Q., Vestuário: Ambiente de Trabalho, http://www.cobra.pages.nom.br/bmp‐vesttrab.html, data de acesso: 09/06/2010.
GUANAES, N., Conselho aos formandos...., http://www.supertextos.com/texto/Discurso_De_Formatura/752, data de acesso: 09/06/2010.
JUNG, C. F., Metodologia científica, http://www.jung.pro.br/moodle/, data de acesso: 09/06/2010.
MARTINS, R., Comportamento Social e Etiqueta Profissional, http://www.rhportal.com.br/artigos/wmview.php?idc_cad=p7b5zyrji, data de acesso: 09/06/2010.
MENDES, G. F. e FORSTER Jr., N. J., Manual de redação da Presidência da República /. – 2. ed. rev. e atual. – Brasília: Presidência da República, 2002.
OLIVEIRA, S. L., Tratado de Metodologia Científica: Projetos de pesquisas,TGI,TCC,monografias, dissertações e teses, Ed. Pioneira Thomson Learning, São Paulo, 2004.
PEITL, M. P., Como se vestir bem para uma apresentação de sucesso, http://www.artigonal.com/marketing‐pessoal‐artigos/como‐se‐vestir‐bem‐para‐uma‐apresentacao‐de‐sucesso‐521022.html, data de acesso: 09/06/2010.
ROSA, J. A., Use a aparência a seu favor, http://www.manager.com.br/reportagem/reportagem.php?id_reportagem=783, data de acesso: 09/06/2010.
Roupa de trabalho, http://cursoschafic.com/etiquetasocial.pdf, data de acesso: 09/06/2010.
ROVER, A. (coord.), Metodologia científica : educação a distânciA – Joaçaba : UNOESC, 2006. http://www2.unoescsmo.edu.br/portal/biblioteca/arq/Apost_Metod_Cient‐1.pdf, data de acesso: 09/06/2010.
TAFNER, E. P. e SILVA, R., Apostila De Metodologia Científica, http://www.assevim.edu.br/assevim/htm/academicos/apostilas/apmetodologia02‐2007.pdf, data de acesso: 09/06/2010.
Tribunal de Contas do Distrito Federal. Manual de Redação Oficial. — Brasília: DIPLAN, 2003.
UFSM, Estrutura e Apresentação de Monografias, Dissertações e Teses, http://prpgp.prumoshost.com.br/sistemas/updown.public/arquivos/arq_MDT_156.pdf, data de acesso: 09/06/2010.
Prof. Leandro Michels
85Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Anexo I: Documentos oficiais
Prof. Leandro Michels
86Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Anexo II: Documentos comerciais
Prof. Leandro Michels
87Metodologia Científica, Tecnológica, Comunicação e Expressão
Anexo III: Redação de documentos acadêmicos