Post on 07-Jul-2015
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MELHORES
POEMASJoão Cabral de Melo Neto
Igor Marcel Leandra BrumMariana Vaz LucenaNatsumi Tamo
BIOGRAFIA9 de janeiro de 1920, Recife (PE);
Primo, pelo lado paterno, de Manuel Bandeira e, pelo lado materno, de Gilberto Freyre;
Chega ao Rio de Janeiro em 1940, onde conhece Murilo Mendes e outros intelectuais;
Primeiro livro: Pedra do Sono (1942);
Carreira diplomática em 1945;
Casa-se com Stella Maria Barbosa de Oliveira, em 1946;
Em 1955, ganha o Prêmio Olavo Bilac da Academia Brasileira de Letras e, no ano seguinte, publica pela Editora José Olympio "Morte e Vida Severina e outras
obras“;
Destaque: Morte e vida severina (1955), traduzido para diversas línguas;
Conquistou o Prêmio do Festival Universitário de Nancy em 1966;
Em 15 de agosto de 1968 é eleito para a Academia Brasileira de Letras por unanimidade;
Falece em 9 de outubro de 1999, aos 79 anos.
ALGUMAS OBRAS
“Pedra do Sono” (1940-1941)
“O engenheiro” (1942-1945)
“Morte e vida severina”
“A educação pela pedra”
(1962-1965)
“Agrestes” (1981-1985)
CONTEXTO HISTÓRICO
1945: início da terceira fase do
Modernismo “Geração de 45” ;
Fim da Segunda Guerra
Mundial;
O fim da Era Vargas;
A ascensão e a queda do
populismo;
A ditadura militar;
Guerra Fria.
Contra o individualismo dos poetas
que só se preocupam com seu “eu
íntimo”;
Obra centrada no objeto, se guia
pela contenção e economia
verbal;
CARACTERÍSTICAS
“Arquiteto das palavras”, “O poeta-engenheiro”, importava-se com o rigor e a
simetria;
Uso da musicalidade, do ritmo e das redondilhas;
Secura, aspereza, dureza, vazio;
Preocupação com a realidade social, principalmente com a do Nordeste
Brasileiro.
“O trabalho da poesia é um trabalho
intelectual, possui um vocabulário que
é essencialmente referencial e não
metafórico.” JCMN
“O horror que sente perante a emoção e
sentimentos o faz escrever poesia
como um trabalho intelectual,
linguagem lógica e matemática.”
(crítica)
PEDRA DO SONO
(1940-1941)
Primeiro livro;
Poemas curtos, versos regulares;
Metalinguagem, surrealismo;
POESIA
Ó jardins enfurecidos,
Pensamentos palavras
sortilégio
Sob uma lua contemplada;
Jardins de minha ausência
Imensa e vegetal;
Ó jardins de um céu
Viciosamente frequentado:
Onde o mistério amor
Do sol da luz da saúde?
O CÃO SEM PLUMAS
(1949-1950)Descrição sobre a passagem do rio Capibaribe na cidade de
Recife e da pobreza nordestina:
“A cidade é passada pelo rio como uma rua
é passada por um cachorro;
uma fruta
por uma espada.
O rio ora lembrava
a língua mansa de um cão
ora ventre triste de um cão,
ora o outro rio
de aquoso pano sujo
dos olhos de um cão
Aquele rio
era como um cão sem plumas”
O ENGENHEIRO
(1942-1945)
A luz, o sol, o ar livre
Envolvem o sonho do engenheiro.
O engenheiro sonha coisas claras:
Superfícies, tênis, um copo de água.
O lápis, o esquadro, o papel;
O desenho, o projeto, o número:
O engenheiro pensa o mundo justo,
Mundo que nenhum véu encobre
(Em certas tardes nós subíamos
Ao edifício. A cidade diária,
Como um jornal que todos liam,
Ganhava um pulmão de cimento e vidro).
A água, o vento, a claridade,
De um lado o rio, no alto as nuvens,
Situavam na natureza o edifício
Crescendo de suas forças simples.
MORTE E VIDA SEVERINA (1954-
1955)
Poema dramático que relata a trajetória de um retirante do
sertão nordestino em busca de uma vida melhor no litoral;
O poema é construído em redondilha maior (sete sílabas poéticas)
e é dividido em duas partes: CAMINHO OU FUGA DA
MORTE passa-se antes do protagonista chegar à capital Recife;
PRESÉPIO OU ENCONTRO DA VIDA, é após a chegada à
cidade;
Centrado em duas linhas narrativas que seguem a dicotomia
existente no próprio título da obra: “morte” e “vida”;
“— O meu nome é Severino,como não tenho outro de pia.
Como há muitos Severino,que é santo de romaria,
deram então de me chamarSeverino de Maria;
como há muitos Severinoscom mães chamadas Maria,
fiquei sendo o da Mariado finado Zacarias.
Mas isso ainda diz pouco:há muitos na freguesia,
por causa de um coronelque se chamou Zacariase que foi o mais antigosenhor desta sesmaria.
Como então dizer quem falaora a Vossas Senhorias?Vejamos: é o Severinoda Maria do Zacarias,lá da serra da Costela,
limites da Paraíba.
Mas isso ainda diz pouco:se ao menos mais cinco havia
com nome de Severinofilhos de tantas Marias
mulheres de outros tantos,já finados, Zacarias,
vivendo na mesma serramagra e ossuda em que eu vivia.
Somos muitos Severinosiguais em tudo na vida:
na mesma cabeça grandeque a custo é que se equilibra,
no mesmo ventre crescidosobre as mesmas pernas finas,
e iguais também porque o sangueque usamos tem pouca tinta.
E se somos Severinosiguais em tudo na vida,
morremos de morte igual,mesma morte severina”
O subtítulo do poema, “auto de natal
Pernambucano”, liga este texto aos autos medievais,
que são textos de linguagem simples, muitas vezes com
elementos cômicos e uma intenção moralizadora;
Uma característica importante dos autos é que suas
personagens são alegóricas e representam virtudes e
pecados, o bem e o mal, etc.
Temos um exemplo desse tipo de literatura com
Gil Vicente.
PSICOLOGIA DA COMPOSIÇÃO
(1946)
O eu lírico tenta discutir a criação da poesia;
O título é uma ligação com a obra Filosofia da
composição de Edgar Allan Poe, para debater
a origem de sua maior obra poética, o poema O
corvo.
A pedra ensina o homem: a vida é difícil, mas
leva ao aprendizado e à transformação social.
“Uma educação pela pedra: por lições;
Para aprender da pedra, frequentá-la;
Captar sua voz inenfática, impessoal
(pela dicção ela começa as aulas),
A lição de moral, sua resistência fria
Ao que flui e a fluir, a ser maleada
A de poética, sua carnadura concreta
A de economia, seu adensar-se compacta”
(...)