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Macroeconomia C.1/ Simonsen M. H. e Cysne R. P. /Março_2006
MATERIAL PARA NOVA EDIÇÃO DE "MACROECONOMIA”
MARIO HENRIQUE SIMONSEN (1935-1997) E RUBENS PENHA CYSNE
RIO DE JANEIRO
03 de MARÇO DE 2006
Observações dos autores para a Editora Atlas:
1- Banco Central deve ser sempre com letra minúscula ou sempre com
maiúscula. Acredito que maiúscula seja o correto (caso de repartições
públicas citado na introdução do Aurélio), mas neste texto utilizam-se
minúsculas. Cabe ao revisor ortográfico da Atlas decidir.
2- Os balancetes contábeis (exemplo Tabelas 1.1, 1.2 etc) encontram-se
separados por linhas horizontais, mas estas, tal como ocorre no livro,
devem ser dispensadas. Isto se aplica também à seção de exercícios
resolvidos.
3- É importante ter em mente a distinção de conteúdo entre letras
maiúsculas e minúsculas nos itens à esquerda dos balancetes
contábeis. Tal distinção deve ser mantida e monitorada para não haver
erros.
4- Todas as figuras deverão ter o arquivo em Power Point disponível na
home page do livro.
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MACROECONOMIA - CAPÍTULO I
I - SISTEMA MONETÁRIO
1.1 Origem, Funções e Formas de Moeda
A divisão do trabalho retira de qualquer indivíduo de uma sociedade
moderna a possibilidade de auto-suficiência econômica. Salvo nas
comunidades extremamente afastadas da civilização, um homem dos nossos
tempos só produz uma parcela minúscula daquilo que consome. Essa perda de
auto-suficiência é uma contingência do progresso e da produção em massa,
alcançáveis apenas com a intensa divisão do trabalho. Mais ainda, quanto mais
um país se desenvolve, mais se especializam os seus indivíduos, e maior
passa a ser a interdependência entre eles.
Obviamente o corolário imediato da divisão do trabalho é o
estabelecimento das trocas. Cada indivíduo passa a destinar a maior parte de
sua produção não ao seu consumo próprio, mas às trocas com terceiros que
tenham mercadorias do seu interesse. Historicamente, é certo que as trocas
evoluíram em duas etapas: a das trocas diretas, mercadorias por mercadorias,
e a das trocas indiretas, por intermédio da moeda.
As trocas diretas só podem promover uma circulação eficiente da
produção nas economias rudimentares, onde a divisão do trabalho se mostra
pouco extensa. Se imaginarmos dois indivíduos numa ilha deserta, Robinson
Crusoé e um Sexta-Feira, bastarão as trocas diretas para que a produção
circule perfeitamente bem entre eles. Todavia, quando a divisão do trabalho se
aprofunda, as trocas diretas se tornam extremamente difíceis e complicadas;
um indivíduo, A, pode desejar consumir mercadorias produzidas por outro
indivíduo, B; mas, talvez, o indivíduo B não queira as mercadorias produzidas
por A, e sim as de um outro indivíduo C, e daí por diante.
A única maneira de tornar eficientes as trocas numa economia onde
exista divisão do trabalho consiste em substituir as trocas diretas pelas trocas
indiretas, através da moeda. Alguma mercadoria, de aceitação geral, é
escolhida como o intermediário de trocas, e todas as transações passam a ser
efetuadas dando-se mercadorias em pagamento pelos bens recebidos. Esse
intermediário das trocas constitui a moeda.
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A introdução da moeda no sistema econômico conduz à dissociação de
cada troca em duas operações distintas: uma compra e uma venda. A moeda,
por sua vez, passa a desempenhar três funções fundamentais: a de
intermediário das trocas, a de unidade de valor e a de reserva de valor.
O papel da moeda como intermediário das trocas já foi explicado acima,
e é inerente à própria definição de moeda. O segundo papel, o da unidade de
valor, resume-se numa convenção cômoda: é praxe exprimir o valor de troca
das mercadorias em termos de uma unidade comum, qual seja o padrão
monetário; isso dá origem aos sistemas usuais de preços a que estamos
habituados. Normalmente, não pensamos no valor do feijão em termos de troca
com batatas, mas simplesmente nos referimos aos preços monetários (X
unidades monetárias, Y unidades monetárias etc.).
O terceiro papel, o de reserva de valor, decorre do desdobramento das
trocas em compras e vendas. No momento em que um indivíduo vende
serviços ou mercadorias recebendo moeda em troca, cabe-lhe o direito de
guardar esse dinheiro para gastá-lo num futuro mais ou menos próximo. É isso
que confere à moeda o papel de reserva de valor.
A princípio, qualquer mercadoria pode ser encarada como moeda em
potencial. Três fatores, no entanto, delimitarão suas possibilidades em relação
a este fim: os custos de transação, estocagem e aqueles relacionados a sua
função como meio de conta. Pode-se claramente imaginar quão onerosas
seriam as transações entre os agentes de determinada economia que
escolhesse, por exemplo, água como meio de troca. Esta escolha certamente
também não seria adequada sob o ponto de vista dos custos de estocagem.
Por último, a magnitude e instabilidade dos preços expressos em litros (ou
quilolitros) d'água também não a recomendaria como meio de conta.
Historicamente, as primeiras formas de moeda foram as mercadorias de
aceitação generalizada, tal como o trigo, o gado, o sal etc. A etapa seguinte,
numa necessária deferência aos custos anteriormente citados, foi a introdução
da moeda metálica, dentro do princípio de que uma moeda deveria possuir
especiais características de durabilidade. Mais adiante, com o objetivo de evitar
falsificações, surgiu a moeda metálica cunhada, a qual constituiu a base de
todos os sistemas monetários durante vários séculos.
Os últimos séculos assistiram a duas importantes inovações em matéria
de moeda: a criação do papel-moeda e da moeda escritural. O papel-moeda
surgiu aos poucos no sistema econômico: primeiro, como simples certificado de
depósito nos bancos; segundo, como um certificado transferível de depósito
(moeda-papel); e, finalmente, como um certificado inconversível, que é o
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próprio papel-moeda. O que há de importante no papel-moeda é a eliminação
da idéia da moeda representativa. Como intermediária de trocas a moeda vale
não por sua utilidade intrínseca, mas por sua capacidade de adquirir outras
mercadorias; assim sendo, é absolutamente desnecessário que a moeda
possua qualquer valor pelo seu uso direto. O que se supôs durante muitos
anos ser o valor intrínseco do ouro e dos metais preciosos em geral, nada mais
era do que o seu valor indireto, como meio de troca.
Pelas suas características especiais de divisibilidade, homogeneidade e
facilidade de manuseio e transporte, o papel-moeda, isto é, a moeda
representada por notas e moedas metálicas (chamamos o conjunto de papel-
moeda por uma questão de comodidade, já que se trata sempre de moeda
fiduciária), é um candidato privilegiado à função de meio de troca, devido aos
baixos custos de transação. Se, em adição, sua aceitação for garantida por
meios institucionais, como em geral ocorre, sua utilização generalizada como
intermediário de trocas se torna um ponto pacífico.
Nada impede, contudo, que emissões desenfreadas venham a
onerar sobremaneira os custos de retenção e contabilidade da moeda, pela
perda gradual de seu poder de compra. Sua utilização passa então a sofrer a
concorrência de outros ativos, principalmente no que diz respeito à sua atuação
como meio de conta. Algumas vezes chega a ocorrer uma dissociação natural
entre o meio de conta e o meio de troca, como foi o caso, no Brasil, entre 1981
e 1986, dos contratos celebrados em ORTNs (Obrigações Reajustáveis do
Tesouro Nacional), mas cujo acerto se dava efetivamente em cruzeiros.
Outro exemplo, este de dissociação oficial entre meio de conta e meio
de troca, ditada pela política econômica do governo, ocorreu no Brasil quando
da implementação do Plano Real, em 1994. Nesta ocasião, os preços dos bens
e serviços foram todos denominados em URVs (Unidade Real de Valor), cujo
valor em cruzeiros reais variava dia a dia, segundo cotação fixada pelo
governo. Como as transações eram necessariamente saldadas em cruzeiros
reais, a cada operação de compra e venda havia a necessidade de multiplicar-
se o valor (em cruzeiros reais) então vigente, da URV, pelo preço (em URV) do
produto. Esta experiência singular de dissociação institucional e generalizada
entre meio de conta (URV) e meio de troca (cruzeiros reais), parte de um plano
cujo objetivo era combater a inflação, durou quatro meses, de 27 de fevereiro a
30 junho de 1994. Em 1º de julho de 1994 criou-se uma nova moeda, o Real,
fazendo-se 1 Real = 1 URV. À época 1 URV valia 2750 (dois mil setecentos e
cinqüenta) cruzeiros reais, tendo então se estabelecido um prazo para que os
cruzeiros reais fossem trocados por reais na rede bancária, à cotação de 2750
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cruzeiros reais por real. Durante algum tempo permitiram-se transações
saldadas tanto na moeda antiga (cruzeiros reais) quanto na moeda nova
(reais). A partir de uma data previamente fixada, os cruzeiros reais perderam
seu poder liberatório, passando as transações a serem saldadas somente em
reais. Com isto, reunificaram-se, através do Real, o meio de conta e o meio de
troca.
É claro que separações entre meio de conta e meio de troca causam
uma certa ineficiência para o sistema econômico, o que pode ser constatado a
partir de sua não-existência num ambiente de preços estáveis. Esta ineficiência
pode ser facilmente visualizada em termos dos recursos econômicos (tempo,
computação...) utilizados na passagem dos valores dos bens e serviços
produzidos pela economia de um a outro numerário.
Pode ocorrer também um processo no qual a sociedade tende a
abandonar naturalmente a moeda fiduciária oficial tanto como meio de conta
quanto como meio de troca ou reserva de valor, passando a utilizar um ativo
alternativo para a realização destas funções. São exemplos neste sentido
alguns processos hiperinflacionários ocorridos no passado, quando alguma
mercadoria ou alguma moeda emitida por outro país passaram a ser utilizados
pelos residentes no país com elevada inflação. Este processo de migração
para uma moeda estrangeira implica numa queda na demanda pela moeda
doméstica e, conseqüentemente, um acirramento das pressões inflacionárias.
Se este caminho de elevada inflação levar à utilização oficial de um ativo
físico de oferta limitada como, por exemplo, o ouro, a perda de graus de
liberdade na condução da oferta monetária certamente terá efeitos expressivos
(não necessariamente desejáveis) sobre a economia. Tem-se, neste caso, o
chamado "padrão ouro", no qual a oferta monetária acompanha pari-passu o
ouro monetário contabilizado no ativo do banco central. Se, por outro lado, um
novo papel-moeda for oficialmente introduzido, sem que esse processo se faça
preceder por uma limitação na quantidade de bens e serviços que pode ser
adquirido pelo seu emissor (ou seja, de uma regulamentação da "seigniorage"),
os mesmos problemas que o fizeram surgir podem também levar ao seu
desprestígio e posterior abandono.
A desvirtuação do papel-moeda de suas funções básicas não decorre de
uma falha sua, mas, sim, da gerência de sua oferta. Pelas suas características,
ele sempre pode, através de adequadas variações em sua oferta, ser o melhor
ativo a desempenhar as funções inerentes à moeda. Por ações de política
econômica, entretanto, o papel moeda pode não alcançar tal otimalidade.
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Quanto à moeda escritural, ela surgiu com o desenvolvimento das
instituições financeiras autorizadas a receber depósitos à vista (também
denominadas instituições financeiras com “carteira de depósitos à vista”, ou
com “carteira comercial”). É praxe usual referir-se a tais instituições financeiras
como "bancos comerciais", convenção que adotaremos no presente livro. O
leitor deve ter em mente, entretanto que, no Brasil, há instituições autorizadas a
receber depósitos à vista que não têm a palavra "banco" em sua denominação,
como é o caso da Caixa Econômica Federal (no passado, também as Caixas
Estaduais) e as Cooperativas de Crédito (estas recebem depósitos à vista
apenas de seus associados). O oposto também ocorre. Há instituições
financeiras com o termo "banco" em sua denominação que não são
autorizadas a receber depósitos à vista, como é o caso dos bancos múltiplos
sem carteira de depósitos à vista.
Seguindo a praxe usual, entretanto, utilizaremos neste livro o termo
"banco comercial" como sinônimo para "instituição financeira autorizada a
receber depósitos à vista”.
DEFINIÇÃO
Bancos Comerciais ≡ Instituições Financeiras Autorizadas a Receber Depósitos
à Vista.
O leitor deve ter em mente, conseqüentemente, que isto implica em se ter, no
caso brasileiro atual:
Bancos Comerciais ≡ bancos (múltiplos ou não, contanto que tenham carteira
de depósitos à vista), Caixa Econômica Federal, Bancos Cooperativos e
Cooperativas de Crédito.
Feitas estas observações, seguiremos utilizando o termo "bancos
comerciais" para nos referirmos às instituições financeiras responsáveis pela
geração de moeda escritural e, conseqüentemente, de parte dos meios de
pagamento (a outra parte, o papel moeda em poder do público, é de
responsabilidade do Banco Central).
Especificamente, a moeda escritural é representada pelos depósitos à
vista nos bancos comerciais, os quais possuem liqüidez equivalente à moeda
legal. Assim sendo, consideram-se meios de pagamento numa economia
moderna o papel moeda em poder público (que é igual ao saldo do papel
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moeda emitido menos os encaixes (as reservas) em moeda corrente do Banco
Central e dos bancos comerciais) mais os depósitos à vista do público nos
bancos comerciais.
O fenômeno mais importante associado ao desenvolvimento da moeda
escritural consiste na multiplicação dos meios de pagamento através dos
bancos comerciais. No momento em que tais instituições observaram que, por
uma questão de cálculo de probabilidade, era possível emprestar parte dos
depósitos à vista recebidos, pois era altamente improvável que todos os
depositantes sacassem seus fundos ao mesmo tempo, começou a surgir esse
fenômeno de multiplicação. Os bancos comerciais passaram a manter encaixes
bem inferiores aos seus depósitos e, com isso, os meios de pagamento
tornaram-se várias vezes superiores ao saldo do papel-moeda em circulação
(papel moeda emitido menos caixa em moeda corrente do Banco Central). Isso
porque, no momento em que um banco comercial concede um empréstimo
com base em seus depósitos à vista, o dinheiro passa a pertencer ao mutuário,
sem que o depositante perca o direito de sacar seus fundos a qualquer
instante. O mecanismo se repete, pois as pessoas que recebem o empréstimo
de um banco comercial, ou que com ele são pagas, acabam depositando parte
do dinheiro em algum outro banco comercial, que irá expandir seus
empréstimos, e assim por diante. No final, o volume de meios de pagamento se
torna várias vezes superior ao saldo do papel-moeda em circulação.
Voltaremos a este ponto na seção 1.8, onde se deduz o multiplicador do papel
moeda em circulação.
1.2 O Sistema Monetário (SM) e os Meios de Pagamento
Considere o país A. O Sistema Financeiro Monetário ou,
equivalentemente, o Sistema Financeiro Bancário, do país A, representa a
parte do sistema financeiro de A responsável pela geração dos meios de
pagamento para transações realizadas em A. Os meios de pagamento de A
consistem na totalidade dos haveres possuídos pelo "resto do mundo exceto o
sistema monetário (ou bancário) da economia A", que possam ser utilizados a
qualquer momento para a aquisição de qualquer direito ou liquidação de
qualquer dívida no território sob jurisdição de A. Trata-se, em suma, do total
dos ativos de liqüidez imediata "do resto do mundo exceto o setor monetário da
economia A" (ou "do público").
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O que incluir precisamente nesses ativos disponíveis, eis uma questão
que pode suscitar algumas controvérsias e que não pode ser resolvida sem
certa margem de arbitrariedade. A definição mais usual desdobra os meios de
pagamento em dois componentes: i) o papel-moeda em poder do público
(inclusive moeda metálica), também chamado moeda manual ou moeda
corrente; ii) os depósitos à vista nos bancos comerciais, também denominados
moeda bancária ou moeda escritural. É usual a referência a esta definição
como M1 ou, mais simplesmente, como M. Por essa definição, é imediato que a
criação de meios de pagamento só pode ser realizada: a) pelo Banco Central,
que tem o poder legal de emitir papel-moeda; b) pelos bancos comerciais. É
por este motivo que o conjunto formado pelo Banco Central e pelos bancos
comerciais recebe a denominação de Sistema Monetário. Trata-se do conjunto
de instituições responsável pela criação de moeda, em sua versão mais estrita
(M1)
Todas as demais instituições financeiras que não o Banco Central e os
bancos comerciais fazem parte do chamado “Sistema Financeiro Não
Monetário”. A denominação provém do fato de tais instituições não serem
capazes de emitir meios de pagamento (M1).
A descrição pormenorizada das instituições que compõem o Sistema
Financeiro Não Monetário, no caso brasileiro, é efetuada na seção 1. 11 deste
capítulo.
É importante examinar em pormenores o conceito de meios de
pagamento. Ao tratarmos do papel-moeda, é usual distinguirem-se três
conceitos: o do papel-moeda emitido, o do saldo do papel-moeda em
circulação e o do saldo do papel-moeda em poder do público. O saldo do
papel-moeda emitido corresponde ao total da moeda legal existente, autorizada
pelo Governo ou pelo Banco Central. Essa moeda legal pode encontrar-se nas
mãos do público, na caixa dos bancos comerciais ou na caixa do Banco
Central. Define-se assim papel-moeda em circulação como sendo o saldo do
papel-moeda emitido menos a caixa em moeda corrente mantida pelo Banco
Central. Finalmente, o papel-moeda em poder do público será igual ao papel-
moeda em circulação menos a caixa em moeda corrente dos bancos
comerciais. Temos, pois:
Saldo do papel-moeda emitido
menos: caixa em moeda corrente do Banco Central
= Saldo do papel-moeda em circulação
menos: caixa em moeda corrente dos bancos comerciais
= Saldo do papel-moeda em poder do público.
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Observe-se que, da forma como foi definido o último termo acima,
considera-se em poder do público qualquer papel-moeda emitido que não se
encontre em poder do setor bancário (Banco Central e bancos comerciais) da
economia. A palavra "público" aqui engloba todo o resto do mundo exceto o
setor monetário da economia em questão. A diferença entre papel moeda
emitido e papel moeda em circulação pode ser estatisticamente insignificante,
em alguns casos. Mas deve ser incluída aqui em função de sua relevância
conceitual.
No cômputo dos meios de pagamento, a expressão que se usa como
moeda manual é a do saldo do papel-moeda em poder do público (isto é, o
total emitido menos os encaixes em moeda corrente dos bancos comerciais e
do Banco Central). A exclusão dos encaixes bancários se compreende
facilmente: estamos interessados em medir, com os meios de pagamento, o
total das disponibilidades (para transações realizadas na economia em
questão) do setor não monetário da economia. Isto inclui, por exemplo, o papel-
moeda em poder do Governo Federal, das instituições financeiras não
monetárias, de pessoas físicas e jurídicas residentes e não residentes no país.
Mas evidentemente não pode incluir as disponibilidades do próprio setor
bancário.
Vejamos agora o conceito de moeda escritural, isto é, da moeda
representada pelos depósitos à vista do público nos bancos comerciais. Por
definição, moeda escritural corresponde aos depósitos à vista do público nos
bancos comerciais e no Banco Central, excetuando-se aí os depósitos da
União no Banco Central. Quando o banco central não aceita depósitos à vista
do público o que costuma ser o caso usual (ver, entretanto, o exercício
resolvido número 12, na seção 1.13, que descreve uma exceção a este
procedimento), isto reduz a moeda escritural apenas aos depósitos à vista do
público nos bancos comerciais Incluem-se aí os depósitos à vista da União nos
bancos comerciais (estatisticamente insignificantes no caso brasileiro, haja
visto que a Constituição de 1988 regula que os recursos do Tesouro devem ser
depositados exclusivamente no Banco Central), bem como os depósitos de
pessoas físicas e jurídicas, Governos Estaduais e Municipais, Autarquias e
Sociedades de Economia Mista nos bancos comerciais.
Em resumo, de acordo com o conceito usualmente mais utilizado, os
meios de pagamento se compõem do papel moeda em poder do público e da
moeda escritural. Teoricamente, o papel moeda em poder do público equivale
ao papel moeda emitido menos as disponibilidades em caixa dos bancos
comerciais e do Banco Central. Da mesma forma, a moeda escritural deve
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incluir, quando existentes, os depósitos do público no Banco Central
(excetuando-se aqueles do Tesouro Nacional) e os depósitos do público nos
bancos comerciais.
Como se assinalou anteriormente, é inevitável um certo grau de
convencionalismo na definição de meios de pagamento. Fora os problemas de
classificação, há um problema de maior profundidade: nos sistemas financeiros
modernos tornou-se cada vez mais difícil precisar a distinção entre os ativos
realmente disponíveis e os indisponíveis a qualquer instante. Tomemos, por
exemplo, os depósitos bancários a prazo. Em princípio, eles não deveriam ser
considerados de liqüidez imediata, já que os seus titulares não possuem o
direito de exigir seu vencimento antecipado aos bancos. Contudo, se tais
depósitos forem representados por certificados transferíveis, e se houver um
amplo mercado de revenda destes certificados, torna-se plausível atribuir-lhes,
para todos os efeitos práticos, uma liqüidez virtualmente equivalente à dos
depósitos à vista. O mesmo se pode dizer a propósito de alguns títulos emitidos
pelo Tesouro Nacional e até mesmo de certas ações amplamente negociadas
em bolsa. É claro que, nessas condições, estabelecer as fronteiras exatas da
liqüidez imediata se torna um problema bastante complexo, cuja solução não
pode escapar a certo grau de arbitrariedade.
Um procedimento que costuma ocorrer, particularmente em economia
com altas taxas de inovações financeiras e inflação, em que o próprio mercado
cria ativos de elevada liqüidez, substitutos próximos à moeda, é a definição de
agregados monetários mais amplos, que incorporem títulos com elevada
liquidez. O conhecimento destas definições é importante para aqueles que
utilizam séries históricas brasileiras ou lêem trabalhos escritos durante os
períodos de alta inflação.
Usualmente começa-se do agregado de maior liqüidez, tentando-se
incorporar a este outros ativos financeiros em ordem decrescente de liqüidez.
Como definir propriamente esta ordenação e até onde estendê-la é um assunto
ainda em aberto em teoria monetária. Um princípio básico nesta agregação,
entretanto, deve ser observado. Ao se definir um agregado monetário, define-
se também, em função das regras existentes no mercado financeiro, os seus
agentes emissores. Como vimos anteriormente, utiliza-se, via de regra, a siglaM1 para denotar os meios de pagamento em seu sentido mais estrito (papel
moeda em poder do público mais depósitos à vista nos bancos comerciais).
Isto posto, o sistema gerador de M1 é o Sistema Monetário (Banco Central ebancos comerciais). A partir daí parte-se para os agregados mais amplos M2,
M3, etc.
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A título de ilustração, suponhamos que M2 seja definido nesta economia
como M1 mais um novo título (x) emitido pelas instituições financeiras X que,
por hipótese, não pertencem ao sistema gerador de M1. Suponhamos ainda,
para tornar mais didática a exposição, que os respectivos balancetes
simplificados sejam dados da forma abaixo:
Balancete Simplificado do Sistema Monetário
Ativo Passivo
Título x: 3 M1 : 25
Demais Contas do Ativo: 40 Demais Contas do Passivo: 18
Balancete Simplificado das Instituições Financeiras XAtivo PassivoM1: 5 Título x: 10
Demais Contas do Ativo: 25 Demais Contas do Passivo: 20
Um erro básico na obtenção do agregado monetário mais amplo M2
consistiria em se somar M2 = M1 + x = 25 + 10 = 35, esquecendo-se de
deduzir deste montante a parcela de x no ativo do sistema monetário e aparcela de M1 no ativo das instituições financeiras X. A conta certa seria: M2 =
M1 + x - montante de x no ativo do sistema bancário - montante de M1 no ativo
das instituições financeiras X = 25 + 10 - 3 - 5 = 27. Porque? Porque ao se
admitir que o título x é moeda, estaremos interessados (do ponto de vista
macroeconômico) na liqüidez de posse do restante do mundo exceto sistema
emissor, que no caso é dado pelo sistema monetário mais as instituições
financeiras X. A consolidação dos dois últimos balancetes, seguida do
balancete do resto do mundo, ajuda a entender este fato:
Balancete Consolidado das Instituições Financeiras X + Sistema
Monetário
Ativo Passivo
Demais Contas do Ativo: 65 M2 = M1 + Títulos x = 27
Demais Contas do Passivo: 38
Balancete Consolidado do Resto do Mundo
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Ativo PassivoM2 = M1 + Títulos x = 27 Demais Contas do Passivo: 65
Demais Contas do Ativo: 38
Assim, o princípio básico a nortear a obtenção de agregados monetáriosmais e mais amplos deve ser o de se considerar sempre, como saldo total,
apenas a parcela de agregados monetários em poder do resto do mundo
exceto o sistema emissor do respectivo agregado (observe que o sistema
emissor pode variar de agregado para agregado).Várias classificações dos agregados monetários mais amplos M2 , M3
etc. têm sido utilizadas no Brasil e em outros países. Um exemplo teórico neste
sentido pode ser dado por:M2 = M1 + títulos federais, ambos em poder do resto do mundo exceto sistema
gerador de M2
(no caso, sistema bancário e Tesouro Nacional);
M3 = M2 + depósitos de poupança, ambos em poder do resto do mundo exceto
sistema gerador de M3 (no caso, sistema bancário, Tesouro Nacional e
instituições financeiras emissoras de depósitos de poupança);M4 = M3 + depósitos a prazo, ambos em poder do resto do mundo exceto
sistema gerador de M4.
A utilidade de cada conceito monetário, sempre uma definição com certo
grau de arbítrio, só pode ser bem avaliada uma vez que tenham sido definidos
os objetivos da análise, assim como o sistema econômico a ser estudado. Em
adição, deve-se deixar bem claro que esta conclusão exige também adeferência, implícita ou explícita, a algum modelo de teoria econômica.(1)
Assim, pode ser que, tendo-se como objetivo o controle inflacionário, o
acompanhamento da evolução de determinado agregado seja mais relevante
para um país do que para outro, ou no mesmo país, num determinado período
do que em outro. Da mesma forma, para um dado objetivo de política
econômica, determinados modelos econômicos levarão a certas definições
empíricas de moeda, enquanto outros sugerirão conceitos alternativos. A teoria
econômica ainda não evoluiu o bastante para colocar um ponto final nesta
questão, o que deixa margem a certa dose de controvérsia sobre a definição doagregado monetário mais relevante para fins de condução de política
econômica. Para evitarem-se confusões semânticas, é conveniente definir
como moeda o agregado institucionalmente eleito como meio de troca, ou seja,M1. Partindo deste ponto, deve-se ter em mente que qualquer análise a
(1) A este respeito ver, por exemplo, Cysne (1985).
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respeito do grau de liqüidez do sistema econômico, que tome como base aevolução recente de política monetária (ou seja, da evolução de M1), deve se
fazer acompanhar pelas necessárias qualificações a respeito da liqüidez
complementar gerada pelo setor não-bancário da economia.
1.3 Contas do Sistema Monetário: Bancos Comerciais
Em uma próxima seção, concentraremos nossa atenção no processo de
criação e destruição de meios de pagamento. O melhor meio para conduzir
esta análise exige um exame prévio das contas do Sistema Monetário, isto é,
dos bancos comerciais e do Banco Central.
Comecemos pelos bancos comerciais. Os recursos por eles
potencialmente possuídos são: i) os recursos próprios ou patrimônio líquido
(capital e reservas); ii) os depósitos à vista e a prazo recebidos do público,
incluindo entidades governamentais; iii) os depósitos de poupança; iv) os
empréstimos recebidos do exterior; v) os empréstimos recebidos do Banco
Central, a título de redescontos ou com outros fins; vi) outros recursos diversos.
Esses recursos são aplicados: i) nos empréstimos ao setor privado, a entidades
públicas etc; ii) nas reservas bancárias (também chamadas "encaixes
bancários") mantidas em moeda corrente, nas agências, ou junto ao Banco
Central; iii) em carteira de títulos públicos e particulares; iv) no imobilizado
bancário; v) em outras aplicações diversas.
Alinhando, segundo a boa praxe contábil, os recursos no passivo e as
aplicações no ativo, chegamos ao balancete consolidado dos bancos
comerciais (2) apresentado na Tabela 1.1.
Tabela 1.1
Balancete Consolidado dos bancos comerciais
Ativo Passivo
A) Reservas Bancárias G) Recursos próprios
A.1 – Em moeda Corrente H) Depósitos à vista
A.2 - Em depósitos no Banco Central I) Depósitos a prazoA.2.1 – Voluntários J) Redescontos e outros recursos ori-
(2) O leitor deve habituar-se a interpretar um balancete como uma
igualdade entre o ativo (aplicações) e o passivo (recursos). Assim, o
balancete contido na Tabela 1.1 equivalente à igualdade:
A + B + C + D + E + F = G + H + I + J + K + L + N
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A.2.2 – Compulsórios undos do Banco Central
B) Empréstimos ao setor privado K) Empréstimos externos
C) Títulos públicos e particulares L) Depósitos de poupança
D) Empréstimos a entidades públicas N) Demais exigibilidades
E) ImobilizadoF) Outras aplicações
Alguns dos itens relacionados no balancete da Tabela 1.1 dispensam
maiores comentários: o recebimento de depósitos para aplicação em
empréstimos constitui a própria finalidade básica dos bancos comerciais. Isso
implica o destaque dos itens B, D, no ativo, e dos itens H, I, no passivo. Do
mesmo modo, como quaisquer outras empresas, os bancos comerciais contam
com recursos próprios (G) e com um ativo imobilizado (E). Em países
receptores de capitais estrangeiros, os bancos costumam obter empréstimosno exterior (item K do passivo) e que são repassados a seus clientes no país
(itens B ou D do ativo). Uma explicação especial deve ser dada a propósito das
reservas bancárias, redescontos e aplicações em carteiras de títulos.
As reservas bancárias são compostos de três partes: i) as reservas em
moeda corrente, e que correspondem ao papel-moeda guardado nas caixas e
nos cofres dos bancos comerciais; ii) as reservas voluntariamente depositadas
no Banco Central, iii) as reservas em depósitos compulsórios no Banco Central.
As reservas em moeda corrente são mantidas para compensar os
eventuais excessos de pagamentos sobre os recebimentos em papel-moedapelos bancos. Do mesmo modo, as reservas em depósitos voluntários são
conservadas para enfrentar os possíveis excessos de pagamentos sobre
recebimentos na compensação de cheques (na prática podem ser negligíveis,
tendo em vista que os bancos comerciais podem, alternativamente, aplicar tais
recursos em títulos que rendam juros e apresentem a liquidez desejada). Os
mais importantes são os encaixes compulsórios. Estes são exigidos por lei ou
por regulamentação do Banco Central, e recolhidos a este, como uma
proporção dos depósitos à vista e a prazo.
Os redescontos que figuram no item J do balancete da Tabela 1.1podem compreender usualmente dois componentes: os redescontos de
liqüidez e os redescontos com outros fins. Estes últimos podem incluir
refinanciamentos que o Banco Central concede aos bancos comerciais por
determinadas operações previstas em lei ou em regulamentos próprios
(financiamentos a produtos agrícolas, à exportação de manufaturados, a
pequenas e médias empresas etc.). Os redescontos de liqüidez correspondem
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ao redesconto clássico, no qual o Banco Central preenche a sua função de
emprestador de última instância. A existência de tal tipo de redesconto é
obviamente essencial em qualquer sistema financeiro moderno, onde os
bancos comerciais mantêm encaixes muito inferiores aos depósitos à vista.
Embora, pela lei dos grandes números, as retiradas de depósitos em volume
superior aos encaixes devam ser consideradas eventos raros, é também
altamente provável que vez por outra qualquer banco comercial tenha que
enfrentar um desses dias raros. A última maneira, nessas condições, de manter
a solvabilidade do sistema monetário, consiste no apelo aos redescontos de
liqüidez.
Quanto às aplicações dos bancos comerciais em carteira de títulos, elas
podem ser importantes, em alguns casos, por duas razões: i) o Banco Central
pode permitir que parte dos recolhimentos compulsórios dos bancos
comerciais, em vez de serem efetuados em dinheiro, o sejam em títulos da
dívida pública (particularmente no caso daqueles incidentes sobre depósitos a
prazo). Os bancos comerciais obviamente preferem essa opção, que lhes
rende juros; ii) Alguns títulos de emissão do Tesouro Nacional podem possuir
alta liqüidez. Os bancos comerciais, nessas condições, podem manter esses
títulos em carteira como uma quase caixa: dada a sua alta liqüidez no mercado,
eles podem servir como um substituto dos encaixes voluntários, tendo a
vantagem de render juros. Como vimos antes, isto pode fazer com que, na
prática, os encaixes voluntários mantidos pelos bancos comerciais sejam
estatisticamente negligíveis.
Voltemos agora ao balancete consolidados dos bancos comerciais
apresentado na Tabela 1.1. Os itens mais importantes costumam ser reservas
bancárias (A), empréstimos ao setor privado (B), títulos públicos e particulares
(C), os depósitos à vista e a prazo (H, l) os redescontos (J) e os depósitos de
poupança (L). Para simplificar a apresentação do balancete, reuniremos todas
as demais contas num único item M do passivo, e que corresponderá à soma
algébrica: M = G + K + N - D - E - F. (Dada essa transposição algébrica, o leitor
não deverá espantar-se se, algum dia, em alguma experiência estatística,
encontrar um valor negativo para (M)). Com essa simplificação, o balancete
consolidado dos bancos comerciais pode ser apresentado na forma da Tabela
1.2. Por uma questão de conveniência metodológica, os itens do passivo foram
subdivididos em dois grupos: os recursos monetários, que correspondem aos
depósitos à vista (que são meios de pagamento criados pelos bancos
comerciais); e os recursos não monetários, correspondentes a todos os demais
itens do passivo.
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Tabela 1.2
Balancete Consolidado Sintético dos Bancos Comerciais
Ativo Passivo
A) Reservas Bancárias Recursos MonetáriosA.1 - Em moeda corrente H) Depósitos à vista
A.2 - Em depósitos
A.2.1 - Voluntários Recursos Não-Monetários
A.2.2 - Compulsórios I) Depósitos a prazo
B) Empréstimos do setor privado J) Redescontos
L)Depósitos de poupança
C) Títulos públicos e particulares M) Saldo líquido das demais contas
1.4 Contas do Sistema Monetário: Banco Central
As funções típicas de Banco Central são quatro: i) a de banco emissor
de papel-moeda; ii) a de banqueiro do Tesouro Nacional; iii) a de banqueiro dos
bancos comerciais; iv) a de depositário das reservas internacionais do país.
Essas funções se refletem nas Contas Consolidadas do Banco Central da
seguinte maneira: i) pela função do banco emissor, no passivo deve constar o
saldo-moeda emitido, o qual constitui uma das fontes de recursos do Banco
Central, ii) pelo papel de banqueiro do Tesouro Nacional, devem figurar no seu
passivo os depósitos do Tesouro Nacional e no seu ativo as contas de títulospúblicos federais e de empréstimos à União, iii) pela função de banqueiro dos
bancos, figuram no passivo do Banco Central as reservas voluntárias e
compulsórias depositadas; no ativo, os redescontos e demais empréstimos aos
bancos comerciais; iv) pela função de depositário das reservas internacionais
do país, deve constar no ativo uma conta correspondente ao valor dessas
reservas em moeda nacional.
O Banco Central pode ainda desempenhar outras atribuições especiais
determinadas pela política econômica do Governo. Essas atribuições podem
variar no tempo e dar origem a diferentes recursos e aplicações em suascontas. Reuniremos todas as contas deste tipo numa única rubrica do ativo, e
os recursos correspondentes num único item do passivo, sob os títulos,
respectivamente, de "aplicações especiais" e "recursos especiais". Pelo que
vimos até aqui, o balancete consolidado do banco central pode apresentar-se
teoricamente como na Tabela 1.3:
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Tabela 1.3
Balancete Consolidado do Banco Central
Ativo Passivo
a) Reservas internacionais j) Saldo de papel-moeda emitido
b) Empréstimos ao Tesouro Nacional k) Depósitos do Tesouro NacionalJ)Redescontos e outros empréstimos
aos bancos comerciais
A.2 – Reservas Bancárias dos bancos
comerciais (apenas aquelas
depositadas no banco central):
A.2.1 – Voluntários
c) Títulos públicos federais A.2.2 – Compulsórios
d) Moeda Corrente I) Recursos próprios
e) Empréstimos ao setor privado o) Empréstimos externos
f) Empréstimos a Governos Estaduais, q) Recursos especiais
Municipais, Autarquias e outras p) Demais exigibilidadesentidades públicas
g) Imobilizado
i) Aplicações especiais
h) Demais aplicações
Formemos, agora, a partir desse balancete, o chamado sistema de
"contas consolidadas sintéticas do Banco Central". As etapas operacionais
serão as seguintes:
i) Em vez de escriturar no passivo o saldo do papel-moeda emitido e no
ativo a caixa (em moeda corrente) do banco central, lançaremos apenas no
passivo a diferença j - d, a qual é igual ao papel-moeda em circulação. Esse
será desdobrado, por sua vez, no papel-moeda em poder do público (r) e nas
reservas em moeda corrente dos bancos comerciais (A.1). Em suma,
representaremos o balancete de acordo com a equação:
j - d = A.1 + r
ii) Simplificaremos o balancete do passivo colocando sob título de "saldo
líquido das demais contas" (s) a diferença entre os itens "recursos próprios" e
"demais exigibilidades" do passivo e os itens "imobilizado" e "demais
aplicações" do ativo. Temos, assim:
s = l + p - g - h
iii) Decomporemos o passivo em dois grupos de contas, a base
monetária e os recursos não-monetários. A base monetária se compõe dos
meios de pagamento criados pelo Banco Central (papel-moeda em poder do
público e total das reservas (não remuneradas) dos bancos comerciais ou,
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alternativamente, papel moeda em circulação e reservas (não remuneradas)
dos bancos comerciais depositadas no Banco Central). Observe-se que as
reservas que compõem a base monetária não incluem as reservas
remuneradas (por exemplo, aquelas relativas a depósitos a prazo), efetuadas
em títulos públicos, mas apenas as reservas em espécie (que rendem juros
nominais nulos). Os recursos não-monetários compreendem os depósitos do
Tesouro Nacional, os empréstimos externos, os recursos especiais e saldo
líquido das demais contas (aqui incluindo os encaixes remunerados, em títulos
públicos, sobre depósitos à prazo e, possivelmente, sobre contas de
poupança). Chega-se, dessa maneira, ao balancete sintético do Banco Central,
conforme a Tabela 1.4.
Tabela 1.4
Balancete consolidado Sintético do Banco Central
Ativo Passivo
a) Reservas internacionais Base Monetária
b) Empréstimos ao Tesouro Nacional r) Papel moeda em poder do público
c) Títulos públicos federais A) Reservas Totais dos Bancos
Comerciais
e) Empréstimos ao setor privado A.1 - Em moeda corrente
f) Empréstimos aos Governos Estadu- A.2 - Em depósitos no Banco Cen-
ais, Municipais, Autarquias e outras tral:entidades públicas A.2.1 – Voluntárias
i) Aplicações Especiais A.2.2 – Compulsórias
J) Redescontos e outros empréstimos Recursos Não-Monetários
aos bancos comerciais k) Depósitos do Tesouro Nacional
o) Empréstimos externos
q) Recursos especiais
s) Saldo líquido das demais contas
1.5 Contas Consolidadas do Sistema Monetário
Consolidemos agora os balancetes sintéticos do Banco Central e dos
bancos comerciais apresentados nas Tabelas 1.2 e 1.4. Isso equivale a uma
soma algébrica de balancetes. A primeira tarefa deve ser a de eliminar as
contas internas do sistema, que aparecem casadas no ativo dos bancos
comerciais e no passivo do banco central e vice-versa. Estas são as Contas de
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Redesconto (J) e de Reservas dos Bancos Comerciais (A=A.1 + A.2=A.1 +
A.2.1 + A.2.2). É necessário também eliminar os encaixes remunerados dos
bancos comerciais (por exemplo, sobre as contas de depósitos a prazo), que
entram também (aqui, de forma não explícita nos balancetes) no ativos dos
bancos comerciais e no passivo do banco central. Feitas estas eliminações,
resulta o balancete consolidado apresentado na Tabela 1.5, que nos explicita
uma tautologia de grande utilidade no estudo do processo de criação e
destruição de meios de pagamento: o seu volume é igual ao saldo das
aplicações dos bancos comerciais e do banco central junto ao restante da
economia sobre o seu volume (recebido) de recursos não-monetários.
Tabela 1.5
Balancete Consolidado do Sistema Monetário
Ativo Passivo
Aplicações dos bancos comerciais Meios de Pagamento
B) Empréstimos ao setor privado r) Papel-moeda em poder do público
C) Títulos públicos e particulares H) Depósitos à vista nos bancos
comerciais
Aplicações do Banco Central Recursos Não-Monetários
a) Reservas internacionais dos Bancos Comerciais
b) Empréstimos ao Tesouro Nacional I) Depósitos a prazo
L) Depósitos de poupançac) Títulos públicos federais M) Saldo líquido das demais contas
e) Empréstimos ao setor privado
f) Empréstimos ao Governos Estaduais
Recursos Não-Monetários do Banco
Central
Municipais, Autarquias e outras k) Depósitos do Tesouro Nacional
entidades públicas o) Empréstimos externos
i) Aplicações especiais q) Recursos especiais
s) Saldo líquido das demais contas
1.6 Criação e Destruição de Base Monetária e de Meios de Pagamento
As análises efetuadas na presente seção não levam em consideração o
modelo dinâmico do multiplicador bancário, mas apenas as operações
mencionadas em cada caso, no instante zero. A análise de criação de meios de
pagamento definida em função do modelo de multiplicação bancária é efetuada
na seção seguinte.
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Os balancetes apresentados nas Tabelas 1.4 e 1.5 nos permitem
concluir que qualquer variação (∆) na Base Monetária ou nos Meios de
Pagamento deve apresentar como contrapartida uma variação das operações
ativas ou do passivo não-monetário do Banco Central (no caso de Base) ou do
sistema bancário como um todo (no caso dos Meios de Pagamento). Assim,
denotando por BC e SB, respectivamente, o Banco Central e o conjunto
composto por estes mais os bancos comerciais (sistema bancário, ou sistema
monetário), podemos escrever:
∆ Base Monetária = ∆ Operações ativasBC - ∆ Passivo não
monetárioBC
∆ Meios de Pagamento = ∆ Operações ativasSB - ∆ Passivo não
monetárioSB
A visão da base monetária e dos meios de pagamento como contas de
resíduo, de acordo com as tautologias acima apresentadas, é útil na medida
em que impede que se formem algumas confusões como, por exemplo, aquela
que associa apenas uma elevação dos encaixes compulsórios a um aumento
da base monetária. Para que isto ocorra, algum outro item do passivo não-
monetário ou do ativo do Banco Central tem que apresentar uma variação do
mesmo valor. Caso contrário, a elevação do compulsório terá se dado pela
igual redução do papel-moeda em circulação ou das reservas depositadas
voluntárias no Banco Central, não gerando qualquer variação da base
monetária.
Por outro lado, fica claro que, para que determinada operação dê origem
a uma variação nos meios de pagamento, deve haver uma transação entre o
setor monetário e o setor não monetário da economia (público). Isto elimina as
operações interbancárias e aquelas levadas a efeito envolvendo apenas
elementos do setor não-bancário como, por exemplo, um aumento das
aplicações do público em certificados de depósito a prazo emitidos por bancos
múltiplos sem carteira de depósitos à vista.
Por último, como as operações ativas definidas nas Tabelas 1.4 e 1.5
não incluem ativos monetários (o mesmo, obviamente, ocorrendo em relação
ao passivo não-monetário), ficam excluídas as operações que envolvem
apenas ativos pertencentes aos meios de pagamento. Isto significa que as
trocas de haveres monetários entre os setores monetário e não monetário da
economia como, por exemplo, o depósito à vista de x unidades monetárias
efetuado por um indivíduo num banco comercial, não afetam os meios de
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pagamento. De fato, tais operações não podem gerar um aumento dos ativos
disponíveis (de liqüidez imediata) em poder do setor não monetário da
economia, dado que se resume à troca de um haver monetário por outro de
mesma espécie.
Em suma, haverá criação de meios de pagamento sempre que o setor
bancário (SB) adquirir algum haver não-monetário do setor não bancário da
economia (SNB), pagando em moeda manual ou escritural. Isto é o que se
chama "monetização", pelo setor monetário, de haveres não-monetários do
público. Assim, os bancos comerciais criam meios de pagamento quando
descontam títulos públicos; quando adquirem do público, pagando em moeda,
quaisquer bens ou serviços; quando adquirem cambiais aos exportadores etc.
Reciprocamente, os bancos comerciais destroem meios de pagamento
quando vendem ao público quaisquer haveres não monetários em troca do
recebimento de moeda. Assim, há destruição de meios de pagamento quando
o público resgata um empréstimo previamente contraído nos bancos
comerciais; quando o público deposita dinheiro a prazo nos bancos comerciais;
quando os bancos comerciais vendem ao público, mediante pagamento em
moeda, quaisquer títulos, bens ou serviços; quando os bancos comerciais
vendem cambiais aos exportadores etc.
Os diagramas a seguir, acompanhados pelos respectivos lançamentos
contábeis no balancete consolidado do sistema monetário, ilustram este ponto:
I. Criação de Meios de Pagamento (M)
A) Pela elevação das operações ativas do setor monetário:
Balancete do Setor Monetário (ou Bancário)
Ativo Passivo
∆ Operações ativas > 0 ∆ M > 0
B) Pela queda do passivo não-monetário do setor bancário:
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Balancete do Sistema Monetário
Ativo Passivo
∆ M > 0
∆ Passivo não monetário < 0
II. Destruição de Meios de Pagamento
A) Pela queda das operações ativas do setor monetário:
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ Operações ativas < 0 ∆ M < 0
B) Pelo aumento do passivo não-monetário do setor bancário da economia:
Balancete do Sistema Monetário
Ativo Passivo∆ M < 0
∆ Passivo não-monetário .> 0
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Uma série de exemplos, acompanhados dos respectivos lançamentos
contábeis no balancete consolidado do sistema monetário, objetiva eliminar
quaisquer dúvidas a este respeito. O leitor deve manter em mente a
observação efetuada ao início desta seção: em todos os casos analisados, a
criação ou destruição de meios de pagamento é determinada apenas em
função da operação em questão, desprezando-se os efeitos dinâmicos
oriundos de multiplicação bancária, que serão analisados mais adiante. Assim,
por exemplo, neste tipo de análise, estática, apenas uma elevação de encaixes
compulsórios dos bancos comerciais junto ao Banco Central, sem nenhumacontrapartida em seu ativo ou passivo não-monetário, em nada afetaria os
meios de pagamento, visto que se trata de uma operação restrita (no instante
inicial) ao setor bancário da economia. Conforme veremos na próxima seção,
entretanto, sob o modelo dinâmico do multiplicador bancário esta operação
dará origem a uma alteração nas operações entre os setores monetário e não
monetário (no caso, uma queda de operação ativas dos bancos comerciais
junto ao público), afetando os meios de pagamento. Feita esta ressalva, damos
prosseguimento aos exemplos, onde se supõe que todas as operações
envolvam x unidades monetárias (u.m.):a) Um indivíduo leva a um banco comercial x u.m. e efetua um depósito
à vista: não há criação nem destruição de moeda mas, simplesmente,
substituição de moeda manual por escritural. O banco recebeu um haver
monetário (papel-moeda) e cedeu em troca outro haver monetário (depósito à
vista).
b) Um indivíduo leva a um banco comercial x u.m. e efetua um depósito
a prazo: há destruição de meios de pagamento. O público levou ao banco
comercial um haver monetário (papel-moeda), recebendo em troca um haver
não-monetário (depósito a prazo).
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ M = - x
Passivo não monetário
∆ Depósitos a prazo = + x
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c) Uma empresa leva a um banco múltiplo com carteira de banco
comercial uma duplicata para desconto, recebendo a inscrição de um depósito
à vista: houve criação de meios de pagamento. A empresa cedeu um haver
não monetário (a duplicata), recebendo moeda escritural em troca.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ Títulos públicos e ∆M = + x
particulares = + x
(Duplicata)
Observe que se o banco múltiplo em questão não fosse um banco múltiplo
autorizado a receber depósitos à vista, nada teria ocorrido com os meios de
pagamento; de fato, neste caso teríramos uma operação restrita ao setor nãomonetário da economia.
d) Um banco comercial compra cambiais de um exportador: há criação
de meios de pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ Títulos públicos e ∆M = + x
particulares = + x
(Cambiais)
e) Um banco vende cambiais a um importador: há destruição de meios
de pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ Títulos públicos e ∆M = - x
particulares = - x(Cambiais)
f) Um banco comercial compra títulos da dívida pública possuídos pelo
público: há criação de meios de pagamento (operação de "open-market").
Balancete do Setor Monetário
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Ativo Passivo
∆ Títulos públicos e ∆M = + x
particulares = + x
g) A Caixa Econômica Federal (que pertence ao conjunto dasinstituições autorizadas a emitir depósitos à vista, aqui denominadas "bancos
comerciais") vende um imóvel a uma pequena empresa não financeira,
recebendo o pagamento à vista em dinheiro: há destruição de meios de
pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ imobilizado (imóvel) = - x ∆M = - x
h) Um banco comercial aumenta seu capital vendendo ações ao público:
há destruição de meios de pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ M = - x
Passivo não-monetário
∆ Capital próprio = + x
i) O banco central redesconta uma duplicata em poder de um banco
comercial entregando papel-moeda a este último. Tratando-se de uma
operação entre bancos, não há criação nem destruição de meios de
pagamento. É possível que, por causa do redesconto, o banco comercial
posteriormente expanda seus empréstimos, então criando meios de
pagamento. Essa, porém, será outra operação.
j) O Banco Central fornece dinheiro à União adquirindo uma Letra do
Tesouro: há criação de meios de pagamento nessa operação, já que o papel-
moeda em poder da União se inclui nos meios de pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ Títulos públicos e ∆M = + x
particulares = + x
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l) Uma sociedade não financeira de economia mista paga uma dívida a
um seu fornecedor: não há criação nem destruição de meios de pagamento,
porque se trata de uma simples operação entre dois elementos do setor não
monetário da economia.
m) A União deposita impostos arrecadados do público no Banco Central:
há destruição de meios de pagamento, visto que os depósitos da União no
Banco Central são contabilizados no passivo não monetário do sistema
bancário.
Balancete do Sistema Monetário
Ativo Passivo
∆ M = - x
Passivo não-monetário∆ Depósitos do Tesouro = + x
Se a União utilizasse o sistema bancário comercial para efetuar seus
depósitos, nada teria ocorrido com os meios de pagamento, pois neste caso,
tais depósitos seriam contabilizados no passivo monetário do sistema bancário.
n) A União paga seus funcionários públicos sacando sobre seus
depósitos no Banco Central: há a criação de meios de pagamento, já que os
depósitos da União no Banco Central não se incluem entre os meios de
pagamento.
Balancete do Setor Monetário
Ativo Passivo
∆ M = + x
Passivo não-monetário
∆ Depósitos do Tesouro no
Banco Central = - x
A observação em separado do exemplo (n) mostra que as despesas da
União, quando saldadas pelo Banco Central têm como conseqüência uma
expansão monetária. A sua complementação pelo exemplo anterior (m),
entretanto, deixa claro que tal expansão é uma simples contrapartida da
redução da Base ocorrida quando a União depositou seus recursos no Banco
Central. As duas operações tomadas em conjunto em nada afetam os meios de
pagamento. As despesas do Governo só implicam em expansão dos meios de
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pagamento quando, ao ultrapassarem a receita, são financiadas junto ao
sistema monetário, dando origem a uma elevação de seus ativos líquidos. Em
nosso exemplo, isto equivaleria a trabalharmos com x u.m. no item (m) e y u.m.
no item (n), sendo y > x. Como a moeda gerada pelos bancos comerciais é
limitada pelo mecanismo de reservas fracionárias (que estudaremos a seguir),
para haver expansão monetária contínua deve haver financiamento deste
déficit junto ao Banco Central, a entidade emissora de liquidez primária. É claro
que o financiamento das despesas públicas através das receitas correntes do
Governo (impostos diretos, impostos indiretos, aluguéis etc.) ou da venda de
títulos (ou seja, captação de empréstimos) junto ao setor privado não monetário
em nada altera o volume total da base monetária ou dos meios de pagamento.
o) Uma empresa não-financeira efetua um depósito de x u.m. em
caderneta de poupança: se os meio de pagamento são alterados ou não
depende se o depósito foi feito num banco comercial, ou em uma outra
instituição financeira que emita depósitos de poupança, mas que não pertença
ao sistema monetário (no caso brasileiro, por exemplo, tal fato poderia ser
caracterizado pelo depósito em uma Associação de Poupança e Empréstimo).
No primeiro caso, terá havido destruição de meios de pagamento. No segundo,
não.
O último exemplo deixa claro que, no processo de criação e destruição
de meios de pagamento, não é apenas o título adquirido pelo público que
importa, mas também a instituição que o emite. Equivalentemente a este caso,
se o público compra com moeda corrente um depósito a prazo de um banco
comercial os meios de pagamento se contraem. Se, entretanto, esta compra é
feita a um banco múltiplo sem carteira de depósitos à vista, nada ocorre com osaldo total de M1.
1.7 O Multiplicador Bancário
Nesta seção deixamos de lado a análise apenas estática relativa à
criação e destruição de meios de pagamento, efetuada na seção passada, e
introduzimos o modelo de multiplicação dos meios de pagamento. Este modelo,
de concepção dinâmica, portanto não restrito apenas ao tempo zero de
determinada operação bancária, como na seção anterior, faz hipóteses
simplificadoras quanto ao comportamento do público e dos bancos, visando a
prever o saldo dos meios de pagamento, a partir do conhecimento do saldo da
base monetária. O modelo é útil para a formulação de política monetária devido
ao fato de o agregado de controle direto do Banco Central ser a base
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monetária, e não os meios de pagamento. Neste contexto, a existência de uma
função estável ligando a base aos meios de pagamento permite ao Banco
Central uma forma de prever qual será o saldo destes últimos (ou seja, dos
meios de pagamento, a variável mais relevante para fins de controle de
liquidez) em função do saldo de suas operações ativas sobre seu passivo não
monetário (ou seja, da base).
Em outras palavras, o Banco Central pode controlar as suas operações
ativas e o seu recebimento de recursos não-monetários, ou, o que é o mesmo,
pode controlar a base monetária. Mas o volume total de meios de pagamento é
um múltiplo dessa base. O que normalmente se admite é que existe uma
relação estável, ou pelo menos previsível a curto prazo, entre o volume de
meios de pagamento M e a base monetária B. Assim, conhecido o multiplicador
m=M/B, o volume de meios de pagamento poderá ser indiretamente controlado
pelo adequado dimensionamento da base monetária.
Um modelo de multiplicador pode ser obtido a partir das relações:
c papel-moeda em poder do público/meios de pagamento;
d1 depósitos à vista nos bancos comerciais /meios de pagamento;r 1 encaixe em moeda corrente dos bancos comerciais /depósitos à vista nos
bancos comerciais;r 2 depósito voluntário dos bancos comerciais no Banco Central/depósitos à
vista nos bancos comerciais;r 3 depósito compulsório dos bancos comerciais no Banco Central/depósitos à
vista nos bancos comerciais;
R encaixe total dos bancos comerciais (4) /depósitos à vista nos bancos
comerciais.Pelas definições acima, é obvio que c + d1 = 1 e que r 1 + r 2 + r 3 = R.
Os coeficientes c e d1 mostram como o público distribui seus meios de
pagamento entre moeda manual e depósitos à vista nos bancos comerciais. Ocoeficiente r 1 reflete as praxes bancárias quanto à fração dos depósitos à vista
que é mantida em encaixes voluntários em moeda corrente nas agências
bancárias. Tal como no caso da distinção entre papel moeda emitido e papel
moeda em circulação, as reservas voluntárias dos bancos e,conseqüentemente, o coeficiente r 2, pode ser estatisticamente insignificante
em alguns casos. Mas deve ser incluído aqui em função de sua relevânciaconceitual. Quanto ao parâmetro r 3, não se trata de um coeficiente de
(4) Em dinheiro. Não devem ser considerados aqui os recolhimentos
efetuados em títulos da dívida pública possivelmente existentes.
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comportamento, mas de uma percentagem fixada pelo Banco Central, ou seja,
de uma variável de política econômica.
A dedução da fórmula do multiplicador em função dos coeficientes de
comportamento acima é imediata. Como vimos no balancete consolidado
sintético do Banco Central, a base monetária B se compõe: i) do papel-moeda
em poder do público; ii) das reservas totais dos bancos comerciais. Designando
por M o volume de meios de pagamento, o papel-moeda em poder do público
será expresso por cM. Os depósitos à vista nos bancos comerciais, sendoiguais a d1M, levarão a um encaixe total desses bancos igual a Rd1M. Temos
assim:B = cM + Rd1M
ou, como c = 1 - d1:
B = (1 - d1)M + Rd1M = M - d1(1 - R)M
ou, ainda:
( ) Rd
BM
−−=
11 1
(1.1)
A fórmula acima mostra que o multiplicador (m) dos meios de
pagamento em relação à base monetária é expresso por:
( ) Rd m
−−=
11
1
1
A título de ilustração, o gráfico abaixo mostra a evolução do multiplicador
monetário no Brasil desde 1980. Os dados originais utilizam as definições de
base monetária em cada ano considerado (ou seja, não se trata de série
retroativa utilizando o novo conceito definido em 1986). A linha contínua, acima
(obtida com o filtro de Hodrick-Prescott) apresenta a evolução da tendência.
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1980 1985 1990 1995 2000 20051
1.5
2
2.5
3
3.5
Ano
M u l t i p l i c a d o r B a n c á r i o
Evolução do Multiplicador Bancário no Brasil
Observa-se, ao longo dos últimos vinte e cinco anos, que o multiplicador
apresentou um valor máximo da ordem de 3,2, em 1986, e um valor mínimo da
ordem de 1,2 entre meados de 1994 e início de 1996. No período mais recente,
de meados de 1994 a 2005, o multiplicador tem variado entre 1,2 e 1,7, o que
pode ser considerada uma oscilação razoável para fins de predição dos meios
de pagamento.Sugerimos ao leitor, após a leitura desta seção, pesquisar a evolução dos
coeficientes que definem o multiplicador bancário, para entender o porquê dos
altos e baixos ao longo da série histórica recente. Em particular, é interessante
comparar os dados acima com os períodos de queda ou ascensão da inflação,
bem como a modificação de status do Banco do Brasil em 1986, de Autoridade
Monetária a um banco comercial como outro qualquer, a que nos referiremos
na seção 1.11.
É interessante chegar ao mesmo resultado por raciocínio dinâmico envolvendoprogressões geométricas. Imaginemos que o banco central expanda suas
operações ativas (ou perca recursos não-monetários) de ∆B, o que dará
origem a igual aumento na base monetária. O primeiro impacto será uma
expansão de meios de pagamento no mesmo valor ∆B. Os bancoscomerciais, com isso, recebem depósitos à vista adicionais iguais a d1 ∆B ,dos
quais uma fração R será guardada como encaixes, e uma fração (1 - R) será
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reemprestada ao público. Os novos empréstimos, no valor de ( ) Bd R ∆−1
1 dão
origem a igual expansão secundária nos meios de pagamento. Daí refluirão
novos depósitos aos bancos comerciais, originando, pelos novos empréstimos,uma expansão terciária ( ) Bd R ∆−
2
1
21 , e assim sucessivamente. Ao todo,
teremos assim uma expansão de meios de pagamento:( ) ( ) ...11 2
1
2
1 +∆−+∆−+∆=∆ Bd R Bd R BM
ou seja, computando o limite do segundo membro:
( ) Rd
BM
−−
∆=∆
11 1
que é a versão incremental da fórmula (1.1).
No modelo de multiplicação bancária (ou seja, pela fórmula do
multiplicador), concluímos que uma expansão monetária pode originar-se:
a) num aumento das operações ativas do Banco Central ou numa
queda dos recursos não-monetários por ele recebidos (aumento da base
monetária);
b)numa diminuição da relação encaixe total/depósitos à vista nos
bancos comerciais;
c)num aumento da proporção dos meios de pagamento retida pelo
público sob a forma de depósitos à vista nos bancos comerciais.
Destas operações, qualquer uma envolve um aumento das operações
ativas no setor monetário da economia (banco central e bancos comerciais) ou
uma queda de seu passivo não-monetário, o que, na seção 1.6, foi
apresentado como condição necessária para uma alteração do volume total
dos meios de pagamento. No caso (a), basta lembrar que o Banco Central
constitui parte do setor bancário. Os casos (b) e (c), por sua vez, implicam num
aumento das operações ativas dos bancos comerciais junto ao setor não
monetário da economia, elevando a posse de moeda manual ou escritural por
parte deste último.
É interessante quantificar com alguns exemplos esses três efeitos.
Suponhamos, por exemplo, que o público mantenha 60% dos seus meios depagamento sob a forma de depósitos à vista nos bancos comerciais (d1 = 0,60)
e que os bancos mantenham uma relação encaixe total/depósitos igual a 0,35
(R = 0,35). Então a fórmula indicada se transforma em M = 1,64B, o que indica
que uma unidade monetária (u.m.) a mais de operações ativas do banco
central dá origem a 1,64 u.m. a mais de meios de pagamento.
Vejamos agora a influência do segundo fator, a relação
encaixes/depósitos à vista nos bancos comerciais. Suponhamos que essa
relação caia de 0,35 para 0,33, a percentagem dos meios de pagamento
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representada por depósitos à vista nos bancos comerciais permanecendo emd1 = 0,60. Teremos, para um mesmo volume da base monetária:
a) no primeiro caso: (R = 0,35), M = 1,64B;
b) no segundo caso: (R = 0,33), M = 1,67B.
Assim, a redução da relação encaixe/depósito de 35% para 33% seria
responsável por 2% de expansão nos meios de pagamento.
Examinaremos agora o terceiro fator, a composição dos meios de
pagamento. Admitimos que a relação reservas/depósitos seja de R = 35% e
que a percentagem dos meios de pagamento representada por depósitos à
vista nos bancos comerciais aumente de 60% para 65%. Teremos com isso
uma expansão de meios de pagamento de 5,6% (no primeiro caso, M = 1,64B
e no segundo M = 1,73B).
A análise precedente nos mostra como o Banco Central pode controlar a
expansão ou a contração do volume de meios de pagamento. Deixando de
lado a composição dos meios de pagamento, que é variável de difícil controle,
o Banco Central pode agir sobre a base monetária e sobre a relação
encaixe/depósitos nos bancos comerciais. Assim, para expandir o volume de
meios de pagamento, o Banco Central dispõe dos seguintes instrumentos:
a) expandir seus empréstimos ao Governo;
b) expandir seus empréstimos ao setor privado;
c) expandir os redescontos aos bancos comerciais;
d) comprar títulos da dívida pública em poder do público (operação
de "open-market");
e) reduzir seu passivo em moeda estrangeira;
f) aumentar as reservas cambiais;
g) reduzir a relação encaixe/depósitos nos bancos comerciais,
diminuindo as exigências de recolhimentos compulsórios à sua ordem.
Estas são as providências destinadas a promover a expansão dos meios
de pagamento. Naturalmente, as medidas inversas provocam a contração dos
meios de pagamento.
1.8 O Papel-Moeda em Circulação
O saldo do papel-moeda em circulação, PMC, pode ser considerado
uma conta residual do banco central, compensando o excesso de suas
aplicações sobre o recebimento dos demais recursos. Como já se viu, o saldo
do papel-moeda em circulação é igual ao saldo do papel-moeda em poder do
público mais as reservas em moeda corrente dos bancos comerciais. A
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primeira parcela, dentro da notação apresentada, é igual a cM e a segunda ar 1d1M. Temos, assim:
P = (c + r 1d1)M
o que nos leva ao seguinte multiplicador monetário em função do papel-moeda
em circulação.M
P c r d =
+
1
1 1
(1.2)
Assim, se o público mantém 20% dos meios de pagamento sob forma de
papel-moeda em poder do público (c = 0,20) e 80% sob forma de depósito àvista nos bancos comerciais (d1 = 0,80) e se estes últimos mantêm 7% dos
seus depósitos sob a forma de encaixes em moeda corrente (r 1 = 0,07)
teremos:
P = 0,256 M
ou seja:
M/P = 3,91
o que significa que para cada unidade monetária de papel-moeda em
circulação haverá 3,91 unidades monetárias de meios de pagamento.
É interessante observar que uma u.m. de expansão nas operações
ativas do banco central exige menos de uma u.m. de aumento de papel-moeda
em circulação, o que é o mesmo que dizer que o multiplicador da base
monetária é menor do que o papel-moeda em circulação. Analiticamente, isso
se percebe pelo exame da fórmula a seguir, resultante das expressões (1.1) e
(1.2):
P/B = (c + r 1 d1) / (1 - d1 + Rd1) (1.3)
onde o numerador é forçosamente inferior ao denominador, pois:c = 1 - d1 e r 1 < R (assumindo r 2 + r+3 > 0)
Assim, se c = 0,20; r 1 = 0,07 R = 0,35 e d1 = 0,80, uma u.m. de
expansão das operações do banco central exigirá apenas 0,533 u.m. a mais
do papel-moeda em circulação.
A validade desta fórmula depende, naturalmente, de que tenha decorrido
o tempo necessário para funcionar o multiplicador dos meios de pagamento.
Suponhamos que o banco central expanda subitamente de ∆ B as suas
operações ativas, colocando em circulação ∆ B de papel-moeda adicional. Na
medida em que daí se processa a multiplicação final dos meios de pagamento:∆ M = ∆ B/ (1 - d1 (1 - R))
o Banco Central receberá de volta certo refluxo de papel-moeda. Isto porque opúblico aumentará seus depósitos nos bancos comerciais em d1∆M, o que fará
com que os bancos aumentem depósitos voluntários e compulsórios junto ao
Banco Central em:
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∆F1 = (r2 + r3) d1 ∆M = (R - r1)d1∆ M
Assim, o aumento líquido de papel-moeda em circulação será igual àexpansão inicial ∆ B menos o refluxo ∆ F1:
∆ P = ∆ B - ∆ F1
o que equivale a:
∆ ∆ P c r d
c Rd B=
+
+
1 1
1
que é o resultado incremental da aplicação da fórmula (1.3).
Apesar de matematicamente indiscutível, o multiplicador do papel-
moeda em circulação é conceito bem menos utilizado do que o multiplicador da
base monetária.
1.9 Programação Monetária
Denomina-se programação monetária a projeção das variações nas
contas consolidadas do Banco Central e dos bancos comerciais durante
determinado período de tempo. O objetivo é efetuar uma projeção de como se
comportarão os meios de pagamento, em função das projeções de ativo e
passivo do Banco Central, e do multiplicador monetário. Observe que tal
programação pode ser efetuada independentemente do modo de operação do
Banco Central, se baseado na tentativa de influenciar, através da oferta de
reservas bancárias, o juro do mercado interbancário (veja a seção a 1.12) ou
no controle direto dos agregados monetários. A abordagem aqui é teórica, não
se restringindo a nenhum país em particular. O exercício resolvido número 16
na seção 1.13 trata de um caso prático.
Os critérios usados para a projeção dos itens de passivo e ativos do
banco central, bem como dos coeficientes do multiplicador bancário, podem ser
os mais variados possíveis, mas as seguintes condições devem sempre ser
respeitadas.
a) as variações do ativo devem igualar as do passivo, quer para o Banco
Central quer para os bancos comerciais;
b) a distribuição dos meios de pagamento entre papel-moeda em poder
do público e depósitos à vista nos bancos comerciais deve ser projetada de
acordo com os coeficientes de comportamento esperados do público;
c) os encaixes voluntários (em moeda corrente ou depositados no Banco
Central) dos bancos comerciais devem ser previstos conforme as relações
encaixe/depósitos esperados, de acordo com as praxes bancárias (os encaixes
compulsórios podem ser programados como variáveis de política econômica).
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No Brasil, por exemplo, foi hábito até meados da década de 80 fixar, em
função das políticas de desenvolvimento global e setorial, de combate à
inflação, e de comércio exterior: i) como variável autônoma, a expansão dos
meios de pagamento, ii) também como variáveis exógenas, os aumentos das
operações ativas do conjunto do sistema monetário e o recebimento, por esse
sistema, de recursos não-monetários (salvo os depósitos da União no Banco
Central); iii) como resíduo, para fechar a conta consolidada do sistema
monetário, o aumento dos depósitos da União no Banco Central obtido pela
venda ao público de títulos do Tesouro Nacional (operações de "open-market");
iv) como variáveis induzidas pelo comportamento do sistema, a distribuição dos
meios de pagamento entre papel-moeda em poder do público e depósitos à
vista nos bancos comerciais e os três tipos de encaixes dos bancos comerciais;
v) como conta de fechamento, os redescontos e outros empréstimos do Banco
Central aos bancos comerciais.
O problema prático mais importante numa programação monetária é o
acompanhamento, bem mais difícil do que o correspondente a um simples
orçamento fiscal. Em primeiro lugar, porque a programação monetária é em
parte normativa, em parte indicativa: o banco central pode controlar a base
monetária, mas não tão facilmente o multiplicador, o qual pode ser alterado
pelo público e pelo comportamento dos bancos comerciais. Por outro lado, até
em certas contas do Banco Central, os desvios da realidade em relação às
previsões podem ser consideráveis como, por exemplo, nas referentes às
reservas internacionais, quando o regime de câmbio é não flexível.
Diante desses inevitáveis desvios da execução em relação à
programação, busca-se usualmente uma válvula de escape: um tipo de
operação, cujos montantes possam ser rápida e facilmente alterados pelo
banco central, e que sirva para neutralizar os impactos dos desvios em questão
sobre o total dos meios de pagamento. Os instrumentos usualmente adotados
nesse sentido são as operações de "open-market". Se as reservas
internacionais sobem além das expectativas, por exemplo, o Banco Central
trata de vender títulos federais no mercado em quantidade superior à
inicialmente prevista, e assim por diante.
Ainda assim, a eficácia das operações de "open-market" pode ser
menos potente do que se pode supor à primeira vista. Imaginemos que o
Banco Central aumente suas vendas de títulos federais ao público e aos
bancos comerciais. Poderíamos afirmar que isso provocaria uma contração dos
meios de pagamento, caso o multiplicador da base monetária não se
modificasse. Acontece que o aumento dessas vendas de títulos federais deve
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provocar uma alta da taxa de juros, e essa alta incentivará os bancos
comerciais a substituírem parte das suas reservas voluntárias por uma quase-
caixa representada por títulos. Isso significa uma redução da relação
reservas/depósitos R e, por conseguinte, um aumento do multiplicador. Em
suma, o aumento das vendas do banco central no "open-market" terá contraído
a base monetária; mas, em compensação, o multiplicador terá aumentado.
É fácil verificar que condição deve ser obedecida para que um aumento
das vendas do banco central no "open-market" provoque efetivamente uma
queda nos meios de pagamento, apesar do efeito adverso do aumento do
multiplicador. Imaginemos que, inicialmente, a base monetária seja B, a relação
total encaixe/depósitos à vista para os bancos comerciais seja R, e a
percentagem dos meios de pagamento depositada à vista nos bancoscomerciais seja d1. Já sabemos que os meios de pagamento serão expressos
por:
( ) Rd
BM
−−=
11 1
Imaginemos agora que o banco central diminua de X a sua carteira de
títulos federais, reduzindo com isso a base monetária B - X; mas que, como
consequência, a relação reservas/depósitos dos bancos comerciais caia R* (suporemos que d1 não se altere). O novo nível de meios de pagamento
passará a ser expresso por:
( )*
1
*
11 Rd
X BM
−−
−=
Por estas fórmulas, é fácil concluir que, para que o volume de meios de
pagamento efetivamente se reduza, como consequência do lançamento de
títulos pelo banco central, deve-se ter:d1M (R - R*) < X (1.4)
Normalmente, pode-se esperar que essa condição seja obedecida e
que, por conseguinte, a venda de títulos no "open-market" efetivamente
provoque a contração dos meios de pagamento. Em todo o caso, o efeito
adverso do aumento do multiplicador não deve ser ignorado em qualquer
análise quantitativa.
1.10 Criação e Destruição de Liqüidez
Até agora, temos concentrado nossa atenção sobre um caso particular
de criação de liqüidez, que corresponde à criação de meios de pagamento por
parte do sistema bancário. Trata-se de um caso limite, em que as obrigações
adquiridas junto ao público têm liqüidez máxima (no tocante ao passivo
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monetário deste sistema, ou seja, os meios de pagamento), e as aplicações
(ver Tabela 1.5) estão longe de apresentar tamanha disponibilidade. É
exatamente esta assimetria tão grande na liquidez entre as operações
assinaladas no passivo e no ativo que confere ao sistema bancário um papel
tão importante na geração de recursos disponíveis de posse do restante da
economia.
A criação de liqüidez, entretanto, não é privilégio dos bancos comerciais
e do Banco Central (embora a criação de meios de pagamento o seja),
podendo ser efetuada por qualquer agente econômico (instituição financeira,
firmas, indivíduos, Tesouro...) que retire do restante da economia ativos de
menor liqüidez do que aqueles que introduz. Em outras palavras, seu passivo
deve apresentar uma liqüidez maior do que o ativo. Se isto ocorrer, o restante
da economia terá aumentado a liqüidez à sua disposição, às custas de uma
posição oposta adquirida por tal agente. Nesse ponto, fica claro que a liqüidez
gerada pelo setor bancário nada mais é do que a contrapartida de uma posição
menos líquida de sua parte, amparada pela pequena possibilidade de que
todos (ou uma grande parte de seus credores) queiram liquidar
simultaneamente as suas posições, trocando certificados de depósitos à vista
por moeda corrente.
Como a geração de liqüidez alternativa aos meios de pagamento
costuma estar associada a uma queda na demanda por este agregado,
trazendo implicações em termos de política econômica, faz-se necessário que
qualquer objetivo macroeconômico seja acompanhado não apenas em função
da evolução dos meios de pagamento, mas também levando-se em
consideração a transformação de liqüidez efetuada pelo restante dos agentes
econômicos. Isto nos remete à discussão efetuada na seção 1.2, a respeito da
utilidade do acompanhamento de estatísticas relativas a outros conceitosmonetários (M2, M3, M4 ou, genericamente, Mi) que não M1.
1.11- Sistema Financeiro Brasileiro
1.11.1 A Mudança de Status do Banco do Brasil em Março de 1986
Os estudiosos das séries monetárias brasileiras devem ter em mente
que, entre 1964 (quando foi criado o Banco Central do Brasil) e março de 1986,
o Banco do Brasil era, para fins de determinação da base monetária,
consolidado ao Banco Central do Brasil. Ao conjunto formado pelo Banco do
Brasil e Banco Central do Brasil dava-se a denominação de “Autoridades
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Monetárias”, ou de “Banco Central do tipo misto”. A segunda denominação
provém do fato de as Autoridades Monetárias apresentarem ao mesmo tempo,
em seu passivo e ativo, contas típicas de Banco Central de bancos comerciais.
Neste sistema, por exemplo, as Autoridades Monetárias recebiam
depósitos à vista do público (os depósitos à vista efetuados no Banco do Brasil,
então diretamente contabilizados na base monetária). Em função disto, as
reservas em caixa das Autoridades Monetárias apresentavam valores
estatisticamente não desprezíveis, pois o Banco do Brasil tinha que manter
numerário para saldar os cheques diretamente apresentados aos caixas de
suas agências. Hoje em dia, como o Banco Central do Brasil não recebe
depósitos à vista, as disponibilidades de caixa mantidas pelo banco central são
desprezíveis para fins de estatísticas monetárias, fazendo com que, na prática,
o papel moeda emitido coincida com o papel moeda em circulação (o que não
implica dizer que estes conceitos sejam equivalentes - a distinção conceitual
permanece).
Com a extinção deste sistema híbrido, ao início de 1986, o Banco do
Brasil passou a ser considerado um banco comercial como outro qualquer,
implicando (na data de reconceituação) numa mudança nos valores da base
monetária (que passou a não mais contar com o saldo de depósitos à vista no
passivo do Banco do Brasil), do multiplicador bancário e da diferença entre o
papel moeda emitido e o papel moeda em circulação (que passou a não mais
contar com as reservas em caixa do Banco do Brasil). Veja, a este respeito, o
exercício resolvido número 12.
O conhecimento de tais fatos históricos é importante para todos aqueles
que utilizam as séries temporais de agregados monetários no Brasil. Há que se
ter em mente que, a menos de séries especiais montadas após o mês de
Março de 1986, usando os novos conceitos de forma retroativa (em geral,
retroagindo até 1980), já classificando o Banco do Brasil como um banco
comercial qualquer, as estatísticas de base monetária, de papel moeda emitido,
de papel moeda em circulação e do multiplicador monetário publicadas
anteriormente a esta data (março de 1986) eram calculadas considerando-se o
Banco do Brasil como Autoridade Monetária, e não como um banco comercial
qualquer.
1.11.2 - A Estrutura Atual do Sistema Financeiro Brasileiro
Nas seções anteriores, nos detivemos detalhadamente na estrutura do
chamado Sistema (Setor) Financeiro Monetário, ou Sistema (Setor) Financeiro
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Bancário, composto pelo Banco Central e pelos bancos comerciais. Esta parte
do setor financeiro costuma receber maior atenção em livros de
macroeconomia porque é aquela responsável pela criação de meios de
pagamento. Cabe resssalvar que, obviamente, a decisão de quais instituições
financeiras classificar na rubrica “Sistema Não Monetário” decorre de definição
adotada de meios de pagamento, incluindo unicamente na moeda escritural os
depósitos à vista no sistema bancário.
Nesta seção, nos deteremos, sem o mesmo nível de detalhamento, mas
apenas com o objetivo de prover ao leitor uma visão por inteiro do sistema
financeiro brasileiro, na parte restante do mesmo, o Sistema (Setor) Financeiro
Não Monetário (ou Não Bancário).
Costuma-se subdividir o Sistema Financeiro Não Monetário em: i)
demais instituições financeiras, não captadoras de depósitos à vista; ii)
auxiliares financeiros; iii) entidades ligadas aos sistemas de previdência e
seguros; iv) entidades administradoras de recursos de terceiros e; v ) entidades
operadoras de sistemas de liquidação.
No primeiro grupo (demais instituições financeiras, não captadoras de
depósitos à vista) incluem-se bancos múltiplos sem carteira de depósitos à
vista, Bancos de Investimento, Bancos de Desenvolvimento, Sociedades de
Crédito, Financiamento e Investimento (SCFI), Sociedades de Crédito
Imobiliário (SCI), Companhias Hipotecárias, Associações de Poupança e
Empréstimo (APE), Sociedades de Crédito ao Microempreendedor, Sociedades
Administradoras de Consórcios e o BNDES (Banco Nacional de
Desenvolvimento Econômico e Social). O segundo grupo (auxiliares
financeiros) é formado pelas Bolsas de Mercadorias e Futuros, Bolsas de
Valores, Sociedades Corretoras, Distribuidoras, e de Arrendamento Mercantil e
pelos Agentes Autônomos de Investimento.
As entidades ligadas aos sitemas de previdência e de seguros (terceiro
grupo) incluem as Entidades Fechadas e Abertas de Previdência Privada, as
Sociedades Seguradoras, de Capitalização e Administradoras de Seguro
Saúde. Compõem as entidades administradoras de recursos de terceiros
(quarto grupo) os Fundos Mútuos, os Clubes de Investimento, as Carteiras de
Investidores Estrangeiros e as Admnistradoras de Consórcios. O último grupo,
das entidades operadoras de sistemas de liquidação, compõe-se dos sistemas
de compensação e de liquidação.
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Cabe uma palavra sobre os chamados "bancos múltiplos". A denominação
“bancos múltiplos", no Brasil, é usada para caracterizar instituições financeiras
que realizam operações ativas e passivas comuns a diferentes instituições. Ou
seja, os bancos múltiplos podem operar, dependendo da autorização do Banco
Central, com carteiras semelhantes aos bancos comerciais, aos bancos de
investimento e/ou desenvolvimento, às Associações de Crédito Imobiliário, de
Arrendamento Mercantil e de Crédito etc. Os bancos múltiplos devem ser
constituídos com um mínimo de duas carteiras, sendo uma delas
necessariamente de banco comercial (também chamada carteira comercial) ou
de investimento. Observe-se que, conceitualmente, é possível ter-se um banco
múltiplo que não seja autorizado a captar depósitos à vista, já que se abre a
possibilidade de a carteira obrigatória escolhida ser a de investimentos, e não
de banco comercial.
O quadro a seguir, adaptado de publicação do Banco Central do Brasil,
resume o que vimos nesta seção:
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Instituições
Categoria Discriminação
Bancos múltiplos c/carteira comercial
Bancos comerciais
Caixas Econômicas
Instituições financeiras que
captam depósitos à vista
Cooperativas de crédito e Bancos Cooperativos
Bancos múltiplos s/carteira comercial
Bancos de investimento
Bancos de desenvolvimento
Sociedades de crédito, financiamento e investimento
Sociedades de crédito imobiliário
Companhias hipotecárias
Associações de poupança e empréstimo
Sociedades de Crédito ao Microempreendedor
Sociedades Administradoras de Consórcios
Demais instituições
financeiras
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e
Social)
Bolsas de mercadorias e de futuros
Bolsas de valores
Sociedade corretoras de títulos e valores mobiliários
Sociedades distribuidoras de títulos e valores mobiliários
Sociedades de arrendamento mercantil
Sociedades corretoras de câmbio
Outros intermediários ou
auxiliares financeiros
Agentes autônomos de investimento
Entidades fechadas de previdência privada
Entidades abertas de previdência privada
Sociedades seguradoras
Sociedades de capitalização
Entidades ligadas aos
sistemas de previdência e
de seguros Sociedades administradoras de seguro-saúde
Fundos mútuos
Clubes de investimentos
Carteiras de investidores estrangeiros
Entidades administradoras
de recursos de terceiros
Administradoras de consórcios
Entidades operadoras de
sistemas de liquidação
Sistema de compensação e de liquidação
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1.12: Política Monetária no Brasil: Evolução Recente
Desde 1999, a política monetária no Brasil tem se baseado na
consecução das metas estipuladas pelo programa de Metas de Inflação,
instituído pela Lei 3088, de Junho de 1999. As metas são fixadas pelo
Conselho Monetário Nacional (CMN). O CMN, atualmente composto pelo
Ministro da Fazenda, Ministro do Planejamento, e pelo Presidente do Banco
Central do Brasil, foi criado pela Lei 4595, de 1964 (Lei de Reforma do Sistema
Financeiro Nacional), que regula até hoje em dia, a menos das modificações
introduzidas por legislação posterior, o funcionamento do sistema financeiro
brasileiro. Nos termos da Lei 4595, o CMN é o órgão formulador, no Brasil, da
política da moeda e do crédito.
De acordo com o programa de Metas de Inflação, cabe ao Banco
Central, principal órgão executor das políticas definidas pelo CMN, zelar para
que a inflação siga a trajetória prevista pelo Conselho. Na hipótese de as metas
serem ultrapassadas, a Lei estipula que o Banco Central deve apresentar uma
Exposição de Motivos, pública, justificando o ocorrido. Tal Exposição deve
discorrer também sobre as medidas necessárias para trazer a inflação de volta
à trajetória pré-definida.
Para que a inflação se situe no intervalo fixado pelo Conselho Monetário
(em geral em junho de cada ano estipulam-se as metas de inflação para os três
anos subseqüentes, acompanhadas de um intervalo de erro) o controle
monetário se dá de forma indireta, através do anúncio público mensal de uma
segunda meta, esta de cunho técnico e operacional: a meta de taxa de juros a
viger, durante o mês subseqüente a cada anúncio, no mercado interbancário
de reservas bancárias. O anúncio da taxa de juros desejada é feito pelo
Copom, o Comitê de Política Monetária, órgão colegiado do Banco Central
encarregado da condução política monetária. Trata-se, portanto, de uma
política monetária baseada em duas metas, ainda que com periodicidades e
outras características diversas: a meta de inflação e a meta de juros.
´ A taxa no mercado interbancário de reservas, principal instrumento de
política monetária no Banco Central, é usualmente denominada, taxa Selic,
iniciais para "Sistema Especial de Liquidação e Custódia". A origem do nome
se deve ao fato de tratar-se esta taxa da taxa de juros média dos
financiamentos diários lastreados por títulos públicos registrados em tal sistema
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(Selic). Algumas vezes, no anúncio da taxa esperada para o mês subseqüente,
o Copom anuncia também um “viés de taxa de juros”. Este viés, quando
mencionado no relatório mensal do Copom, autoriza o presidente do Banco
Central a alterar a meta da taxa Selic na direção estipulada pelo viés (que pode
ser de alta ou de baixa) ao longo mês subsequente ao anúncio, sem
necessidade de convocar nova reunião (do Copom).
Tal como no sistema operado pelo Federal Reserve Bank, nos Estados
Unidos, o Banco Central do Brasil não fixa ou interfere diretamente na
determinação da taxa de juros. Sua interferência é indireta, através de
variações adequadas da oferta de moeda. Desta forma, a meta de juros guarda
relação direta com a oferta monetária, tendo em vista que a influência do
Banco Central sobre os juros do interbancário se dá através da elevação ou
redução da oferta de reservas bancárias. A política de juros deve ser planejada
levando também em consideração a evolução recente e prevista dos
agregados monetários, tendo em vista a relação de longo prazo entre moeda e
preços.
O gráfico abaixo apresenta a evolução histórica, no Brasil, entre 1947 e
2004, do logaritmo dos meios de pagamento (M1) e dos preços (IGP-DI). Fica
clara a correlação de longo prazo entre tais variáveis.
1940 1960 1980 2000 20200
5
10
15
20
25
30
35
40
Ano
M o e d a ( L o g ) , P r e ç o s ( L o g )
Moeda e Preços no Brasil: 1947-2004
←preços
moeda→
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O gráfico acima foi normalizado de forma a ser ter o eixo das ordenadas
começando com a unidade. Isto é trivialmente factível para preços, que se
representam por índices. No caso da moeda, a normalização implica em
redefinir-se a unidade monetária. Em qualquer caso, o que interessa são as
taxas de variação logarítmicas, que podem ser obtidas tomando-se a diferença
de ordenadas. Observe-se que, no período considerado, a moeda cresce mais
do que os preços. Isto equivale a uma variação positiva da razão entre o
produto real e a velocidade renda da moeda (ponto que abordadaremos no
capítulo VI). O crescimento médio da moeda, dos preços e do PIB (Produto
Interno Bruto) no período considerado foi de, respectivamente, 87.0%, 84.0% e
5.1%. Tais números implicam um aumento da velocidade renda da moeda de
3.41% ao ano.
O gráfico a seguir mostra como evoluíram a inflação e os meios de
pagamento no Brasil, desde 1947, como fração do PIB.
1960 1970 1980 1990 2000 20100
0.02
0.04
0.06
0.08
0.1
0.12
Ano
M 1 / P I
B
M1 como Fração do PIB e Inflação
I n f l a ç ã
o
M1/PIB→
← Inflação
0
500
1000
1500
2000
2500
3000
A razão M1/PIB lê-se na ordenada esquerda, e a inflação na ordenada direita.
Em 1971, a razão a M1/PIB era de 0,127 (M1 representando 12,7% do PIB, um valor
razoável em economias não inflacionárias). A partir daí, a menos de pequena reversão
ao redor de 1973, observa-se claramente uma grande queda dos meios de pagamento
como fração do PIB, que vai do início dos anos 70 até 1986, ano do Plano Cruzado.
Esta pequena recuperação na década de 80, entretanto, foi apenas temporária. A
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tendência é novamente de declínio até o início dos anos 90 (quando houve o Plano
Collor), e depois até 1994 (quando foi introduzido o Plano Real). Após o Plano Real, a
razão M1/PIB novamente se eleva, com os meios de pagamento atingindo algo em torno
de 5% do PIB. O valor médio do multiplicador monetário entre Janeiro de 2004 e abril
de 2005 foi de 1.47, o que implica uma razão entre a base monetária e o PIB, no período
mais recente, em torno de 0.034.
De forma geral, pode-se observar que a razão entre M1 e PIB tende a reduzir-se
quando a inflação se eleva, fato que abordaremos no capítulo VI, quando estudarmos a
função de demanda por moeda. Veremos também que inovações financeiras podem
implicar em deslocamentos autônomos da demanda por moeda, o que também explica a
queda de M1/PIB nos anos 70, e porque esta razão não voltou aos níveis da ordem de
0,12 após a contenção da inflação a partir de 1994.
A próxima seção, de exercícios resolvidos, é dividida em duas partes. A primeira parte
aborda apenas exercícios oriundos dos exames de seleção ao Mestrado/Doutorado em
economia da ANPEC (Associação Nacional de Cursos de Pós-Graduação em
Economia). Estas questões iniciais ou são do tipo Falso/Verdadeiro ou apresentam
como resposta um número real. A segunda das questões resolvidas aborda problemas
mais amplos, com respostas em geral discursivas.
1.13 Execícios Resolvidos
1- (Anpec 2005, Questão 11):
Avalie as seguintes proposições sobre economia monetária:
Ⓞ Um aumento da taxa de redesconto, tudo o mais
constante, leva a uma contração de M1.
① Caso a base monetária não se altere, uma elevação do
multiplicador bancário leva à redução de M1.
② Dado que a autoridade monetária pode controlar o
compulsório dos bancos, ela também pode determinar o
tamanho do multiplicador bancário.③ Se o Banco Central quiser aumentar a quantidade de
moeda na economia, ele pode realizar operações de mercado
aberto que envolvam venda de títulos públicos, ou reduzir
as alíquotas do compulsório.
④ A base monetária é por definição igual à reserva
bancária mais os depósitos à vista nos bancos.
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Solução:
(0) Verdadeiro. A elevação da taxa de redesconto faz os
bancos manterem maiores proporções de seus depósitos como
reservas (R se eleva). O multiplicador é igual a 1/(1+d1+
Rd1)), que cai quando R se eleva.
(1) Falso. M=mB, implicando que quando B é constante e m se
eleva M também se eleva, da mesma variação percentual.
(2) Falso. O multiplicador também depende, através do
coeficiente d1, do comportamento do público, que não é
diretamente controlável pela autoridade monetária.
(3) Falso. Vendas de títulos públicos pelo Banco Central
reduzem a base monetária e, assumindo que a condição (1.4)
deste capítulo seja satisfeita, o que é usual em questões
deste tipo, também os meios de pagamento.
(4) Falso. A base monetária é por definição igual ao total
das Reservas Bancárias mais o Papel Moeda em Poder do
Público.
2- (Anpec 2004, Questão 3)
Tendo em conta conceitos relativos ao sistema
monetário, julgue as proposições:
Ⓞ Define-se papel-moeda em poder do público como sendo o
saldo do papel-moeda emitido menos a caixa em moeda
corrente dos bancos comerciais.
① O setor bancário cria meios de pagamento quando, por
exemplo, adquire bens ou serviços junto ao público, pagando
em moeda corrente.
② No cálculo dos meios de pagamento, a noção de moeda
manual empregada é a do saldo do papel-moeda em poder do
público, vale dizer, o total emitido menos os encaixes em
moeda corrente dos bancos comerciais e do Banco Central.③ Os recursos em poder dos bancos comerciais incluem
apenas o patrimônio líquido, os depósitos à vista recebidos
do público e os empréstimos recebidos do Banco Central.
④ Para que uma determinada transação origine uma
variação nos meios de pagamento, é necessário que ela
ocorra entre o setor bancário e o setor não bancário da
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economia. Sendo assim, um aumento das aplicações do público
em certificados de depósito a prazo emitidos pelos bancos
de investimento, por exemplo, mantém inalterados os meios
de pagamento.
Solução:
(0) - Falso. Conceitualmente, papel-moeda em poder do
público se define como o saldo do papel-moeda emitido menos
a caixa em moeda corrente do banco central (o que gera o
papel moeda em circulação) menos a caixa em moeda corrente
dos bancos comerciais.
(1) - Verdadeiro. Eleva-se o ativo e o passivo monetário do
sistema bancário.
(2) - Verdadeiro. Observe que este item está relacionado ao
item (0).
(3) – Falso. A questão não considera, por exemplo, os
recursos oriundos de depósitos a prazo (CDBs).
(4) – Verdadeiro. A afirmativa efetuada no texto é correta
e o exemplo envolve apenas o sistema não bancário da
economia.
3- (Anpec 2004, Questão 12)
Com base nos dados que seguem, calcule o montante dos meios
de pagamentos como proporção dos depósitos à vista:
a) o público mantém 20% de seus meios de pagamentos na
forma de papel-moeda;
b) do total de seus depósitos à vista, os bancos comerciais
mantêm 30% como reserva compulsória, 10% como reserva
voluntária e 10% como encaixe em moeda corrente.
Para marcação na folha de respostas, multiplique o valor
encontrado por 40.
Solução: Do item (a) conclui-se que os depósitos à vista
correspondem a 80% dos meios de pagamento. Logo, a fração
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meios de pagamento sobre depósitos à vista é igual a 1.25.
Multiplicando-se o resultado por 40 chega-se à resposta,
50. Os dados do item (b) não sao utilizados na resposta.
4- (Anpec 2003 , questão 11)
Avalie as proposições abaixo sobre criação de base
monetária, meios de pagamento e taxa de juros:
Ⓞ Empréstimos do Banco Central aos bancos comerciais
determinam aumento de igual montante nos meios de
pagamento.
① O Banco Central cria moeda quando, tomando empréstimos
externos, aumenta as suas reservas internacionais.
② Em situação de perfeita mobilidade de capitais e
regime de câmbio fixo, será o nulo o efeito líquido sobre abase monetária de uma compra de títulos domésticos no
mercado aberto pelo Banco Central.
③ Quanto maior for o coeficiente de reservas dos bancos
comerciais e menor for a preferência do público por papel
moeda (proporção da moeda em poder do público em relação
aos meios de pagamento), maior será o multiplicador da base
monetária.
④ Pela equação de Fisher, a taxa de juros real é
determinada pela inflação esperada.
Solução:
(0)- Falso. Utilizando-se o modelo de multiplicação
bancária tais empréstimos, se efetuados no valor de x u.m.,
expandem a base monetária de x u.m e os meios de pagamento
de mx, onde m é o multiplicador bancário. Assim, a questão
seria verdadeira apenas se o multiplicador bancário fosse
igual à unidade, o que apenas ocorre em casos particulares
(quando não há geração de moeda pelos bancos comerciais
(d1=0) quando o total de reservas bancárias é igual ao
total de depósitos à vista nos bancos comerciais (R=1)).
A resposta é também "Falso" se a questão for
interpretada do ponto de vista estático, considerando-se
apenas a operação em questão, sem apelo ao modelo do
multiplicador. Neste caso, um empréstimo do banco central a
um banco comercial é uma operação restrita ao setor
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bancário da economia, em nada afetando os meios de
pagamento.
(1)- Falso. Neste caso, há uma operação de aumento do ativo
(reservas internacionais) e do passivo não monetário so
banco central, em nada alterando a base monetária.
(2)- Verdadeiro. Veremos no capítulo 8 que, neste caso, as
reservas internacionais cairão do mesmo montante da compra
de títulos no mercado doméstico.
(3) – Falso. O multiplicador é função decrescente, e não
crescente, da relação entre reservas e depósitos.
(4) – Falso. A afirmativa vale para a taxa nominal de
juros, não para a taxa real.
5- (Anpec 2002, QUESTÃO 06)
Indique se as proposições abaixo, relativas ao tema dos
meios de pagamento, são verdadeiras ou falsas:
Ⓞ Definem-se meios de pagamento (M1) como a soma do papel
moeda em poder do público com as reservas bancárias.
① Em uma economia em que as reservas bancárias atingem
100% dos depósitos a vista o multiplicador monetário é
igual a 0.② Sendo meios de pagamento definidos como M1, um aumento
na relação moeda em poder do público/depósito à vista reduz
o multiplicador monetário.
③ Se a razão reservas/depósitos à vista é de 25% e a
razão moeda em poder do público/depósitos à vista é de 50%,
o multiplicador monetário é 2.
④ O fato de o sistema bancário ser por natureza ilíquido
é empregado como argumento em favor da existência de um
emprestador em última instância.
Solução:
(0)- Falso. M1 = papel moeda em poder do público mais
depósitos à visa nos bancos comerciais
(1) Falso. Fazendo-se R=1 na expressão do multiplicador
monetário obtém-se m=1.
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(2)Verdadeiro, pois 1/d1=(DVBC+PMPP)/DVBC=1+PMPP/DVBC.
Logo, se PMPP/DVBC se eleva, d1 cai e, com ele, o
multiplicador.
Aqui, DVBC= depósitos à vista nos bancos comerciais e PMPP=
papel moeda em poder do público.
(3) Verdadeiro. Tem-se que R=0,25 e PMPP/DVBC=0.5. Então
1/d1 = (PMPP+DVBC)/DVBC = 1.5. Logo m=1/(1-(0.75/1,5)) = 2
(4) Verdadeiro. O sistema bancario é ilíquido porque possui
um passivo com maior liquidez do que seus ativos. Este é um
argumento em favor de um Banco Central agindo como
emprestador de última instância.
6- (Anpec 2002, questão 07)
Indique se as afirmações são falsas ou verdadeiras:
Ⓞ Quando um banco compra à vista um imóvel pertencente a
uma empresa não financeira, ocorre destruição de meios de
pagamentos.
① Quando um banco comercial adquire títulos da dívida
pública diretamente de outro banco comercial não ocorre
variação no estoque de meios de pagamento.
② Quando um indivíduo transfere recursos da conta
corrente para a caderneta de poupança, há destruição demeios de pagamento.
③ A realização de operações de mercado aberto, em que o
Banco Central vende títulos governamentais, provoca um
aumento da demanda por moeda.
④ Déficits orçamentários do Tesouro financiados por meio
de empréstimos junto ao Banco Central aumentam a base
monetária.
Solução:
(0)-Falso. Assumindo-se que seja um banco comercial (e não,
por exemplo, um banco múltiplo sem carteira de depósitos à
vista), ocorre criação, e não destruição de meios de
pagamento. Se o banco fosse um banco de investimentos sem
carteira de depósitos à vista (ou seja, carteira
comercial), nada ocorreria com os meios de pagamento, pois
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seria uma transação restrita ao setor não monetário da
economia.
(1)- Verdadeiro, pois se trata de uma operação restrita ao
setor bancário da economia. Observe-se, entretanto que, num
contexto dinâmico, o multiplicador bancário poderá se
alterar se as práticas relativas às reservas voluntárias
diferirem entre os bancos tratados na questão. Esta
colocação não se aplica à pergunta, entretanto, posto que a
mesma se refere claramente a um contexto estático, e não
dinâmico.
(2)- Verdadeiro. O passivo não monetário do sistema gerador
de "M1 mais depósitos de poupança" é creditado no seu
passivo não monetário (onde se incluem os depósitos de
caderneta de poupança) e debitado no seu passivo monetário
(M1).
(3) - Falso. Veremos no capítulo VI que tal operação
costuma se acompanhada de uma elevação dos juros nominais.
Isto induz os agentes econômicos a preferirem mais títulos
e menos moeda. Cai a demanda por moeda.
(4)- Verdadeiro. Contabilmente, pode-se formalizar tal
operação através de uma elevação dos ativos do banco
central (títulos do Tesouro) e concomitante elevação da
base monetária.
2001
7- (Anpec 2001, Questão 05)
Sobre a criação de meios de pagamento e o multiplicador da
base monetária, indique se as afirmações são falsas ou
verdadeiras:
Ⓞ Uma expansão monetária pode ser causada pelo aumento
da proporção dos meios de pagamento sob a forma dedepósitos à vista nos bancos comerciais.
① Toda variação na quantidade de meios de pagamento tem
como contrapartida uma variação igual e em sentido inverso
do passivo não-monetário do setor bancário.
② O aumento dos meios de pagamento pode ser causado
pela expansão de operações de redesconto.
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③ O multiplicador será tanto maior quanto menor for o
encaixe compulsório sobre depósitos à vista dos bancos
comerciais.
④ O multiplicador será tanto maior quanto maior for a
velocidade de circulação da moeda.Solução:
(0)- Verdadeiro, pois o multiplicador bancário é função
crescente de d1=DVBC/M1
(1)- Falso, pois a variação pode ser também do ativo do
setor bancário.
(2)- Verdadeiro. Operações de redesconto elevam a base
monetária e, através do mecanismo de multiplicação
bancária, os meios de pagamento.
(3) Verdadeiro. Assumindo-se que as reservas voluntáriaspermaneçam inalteradas, uma queda do compulsório eleva o
multiplicador.
(4)- Falso.
8 - (Anpec 2000, Questão 07)
São conhecidos:
d1 = 0,6 (depósitos à vista nos bancos comerciais como
proporção dos meios de pagamento) e
R = 0,4 (encaixe total dos bancos comerciais comoproporção dos depósitos à vista nos bancos comerciais).
Supondo que haja um aumento de 10,24 na base monetária (∆B
= 10,24), pergunta-se: de quanto aumentarão os meios de
pagamento?
Solução: O multiplicador bancário neste caso é igual a
1/(1-0,6. 0,6) = 1,5625. A variação de meios de pagamento,
desta forma, será de 1,5625.10,24=16.
9 - (Anpec 1999, Questão 07)
Assinale se as afirmativas abaixo são falsas ou
verdadeiras:
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A) Aumento na oferta monetária produz baixa na taxa de
juros se for acompanhado por aumento na preferência pela
liquidez.
B) O financiamento do déficit público por meio da emissão
de títulos do Tesouro adquiridos pelo Banco Central, que os
retém em carteira, constitui fator de expansão da base.
C) O temor quanto à solvência do sistema bancário pode
induzir a substituição de depósitos à vista por papel
moeda, o que levaria a um aumento da taxa de juros.
D) O temor quanto à solvência do sistema bancário pode
induzir a um aumento das reservas voluntárias dos bancos
comerciais junto ao Banco Central o que levaria a um
aumento da taxa de juros.
Solução:
A) Falso. Veremos no capítulo VIII que no caso de elevação
tanto da oferta quanto da demanda por moeda (preferência
pela liquidez), a curva LM pode se deslocar para baixo ou
para cima, com reflexos, respectivamente, de queda ou
elevação da taxa de juros.
B) - Verdadeiro. He elevação das operações ativas do banco
central e, conseqüentemente, da base monetária.
C) - Verdadeiro. A substituição de depósitos à vista por
papel moeda reduz o multiplicador bancário e,
conseqüentemente, a oferta de moeda. Veremos no capítulo
VIII que isto implica um deslocamento da curva LM para a
esquerda e, conseqüentemente, no caso geral, a uma elevação
da taxa de juros.
D) - Verdadeiro. A elevação das reservas reduz o
multiplicador e a oferta monetária. Pelo mesmo raciocínio
do item anterior, isto eleva os juros.
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10 - (Anpec 1998, Questão 08)
Classifique cada evento abaixo como Verdadeiro, caso tenda
a aumentar o multiplicador monetário, e como Falso, em caso
contrário:
(0) Aumento da taxa de redesconto do Banco Central
(1) Aumento do percentual de reservas obrigatórias sobre
depósitos a vista a ser recolhido pelo Banco Central
(2) Redução do percentual de papel moeda sobre depósitos a
vista.
(3) Aumento da incerteza percebida pelos bancos quanto ao
fluxo de depósitos a vista.
Solução
(0)- Falso. Elevações do redesconto elevam o custo para os
bancos de ficar a descoberto nas reservas bancárias. Por
precaução, os bancos elevam as reservas e o multiplicador
monetário se reduz.
(1) - Falso
(2)- Verdadeiro. Isto eleva o coeficiente d1 e,
consequentmente, o multiplicador monetário.
(3) - Falso. A elevação de incerteza quanto aos depósitos
faz os bancos elevarem suas reservas, reduzindo o
multiplicador.
11 - (Anpec 1996, Questão 07)
Classifique como Verdadeira ou Falsa cada uma das
seguintes afirmativas:
(0) Uma alteração da taxa de redesconto, embora não afete,
em qualquer situação, a base monetária, causa impacto sobre
os meios de pagamento por modificar o multiplicador
monetário.
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(1) Uma inovação financeira associada a uma contração do
papel moeda em circulação necessariamente reduz a base
monetária e o total dos meios de pagamento.
(2) Quando o governo deposita junto às Autoridades
Monetárias sua arrecadação de impostos, a base monetária se
reduz.
(3) Suponha que os bancos comerciais possam compor parte de
suas reservas com títulos do Tesouro. Pode-se afirmar,
então, que isso levará a um aumento das operações ativas
das Autoridades Monetárias se seu passivo não-monetário
mantiver-se inalterado.
Solução:
(0)- Falso. A questão, ao mencionar o multiplicador
monetário, claramente refere-se à abordagem dinâmica para a
evolução da base monetária e dos meios de pagamento, o que
nos remete à seção 1.7. Neste contexto, a elevação da taxa
de redesconto tende a causar uma elevação em R e a
modificar, de fato, o multiplicador monetário. Por outro
lado, as operações de redesconto da parte do banco central,
que se constitui em um dos itens do ativo do banco central,
tenderão a ser alteradas, comisto alterando a base
monetária.
(1) - Falso. Uma contração do papel moeda em circulação
pode ser compensada por variação oposta e de mesmo montante
nas reservas depositadas pelos bancos junto ao banco
central, caso no qual a base monetária não se altera.
(2)- Verdadeiro. Eleva-se o passivo não monetário do banco
central, onde se situa a conta depósitos do Tesouro, e
reduz a base monetária.
(3)- Falso. Neste caso, o passivo monetário aumenta. Se a
operação for contabilizada no ativo, isto deve se dar com o
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sinal invertido, caso no qual as operações ativas se
reduzem, e não aumentam.
12) No Brasil, até o primeiro trimestre de 1986, funcionava
um Banco Central do tipo misto. Ao conjunto Banco Central
mais Banco do Brasil dava-se o nome de Autoridades
Monetárias. Como o Banco do Brasil tinha as suas reservas
automaticamente repostas pelo Banco Central ao fim de cada
expediente, por meio de uma conta entre Banco do Brasil e o
Banco Central denominada "Conta de Movimento", tudo se
passava como se o Banco do Brasil fosse um segundo Banco
Central. Devido a isto, obtinha-se contabilmente a Base
Monetária no passivo do balancete consolidado Banco Central
+ Banco do Brasil, que levava o nome de Balancete das
Autoridades Monetárias. Contrariamente ao que hoje ocorre,
os depósitos à vista no Banco do Brasil eram considerados
não apenas parte dos meios de pagamento, mas também da base
monetária. A mudança de procedimento efetuada no primeiro
trimestre de 1986, quando o Banco do Brasil passou a ser
tratado como um banco comercial como outro qualquer,
implicou numa revisão do conceito de base monetária, que
passou a não mais incluir os depósitos à vista no Banco do
Brasil. A modificação do status do Banco do Brasil também
fez com que o papel moeda emitido passasse a coincidir,
estatisticamente (mas não conceitualmente), com o papel
moeda em circulação.
Mostre que a mesma expressão do multiplicador bancário
obtida no texto aplica-se também a este caso híbrido em que
um banco comercial qualquer (no caso o Banco do Brasil, mas
no contexto deste exercício poderia ser qualquer outro)
assume as funções de Autoridade Monetária, conjuntamente ao
Banco Central. Deixe claro, entretanto, como os
coeficientes de comportamento monetário e a Base Monetária
devem ser revistos em função de tal modificação
institucional. Em particular, como variam com tal
modificação, no instante zero: os meios de pagamento, a
base monetária e o multiplicador monetário?
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Solução:
A expressão do multiplicador m = 1/(1 - d1 (1 - R))
permanece a mesma, mas a sua dedução deve seguir um
procedimento um pouco diferente. Definido-se por d2 a
razão entre os depósitos à vista nas Autoridades Monetárias
(na prática, no Banco do Brasil, pois o Banco Central não
recebe nem recebia, naquela época, Depósitos à Vista) e
meios de pagamento, tinha-se:
B = ( Base Monetária ) = cM + d2 M + Rd1 M = (c + d2 +
Rd1) M
onde c = Papel Moeda em Poder do Público / Meios de
Pagamento; d1 = Depósitos à vista nos bancos comerciais
(conjunto que não incluía o Banco do Brasil) / Meios de
Pagamento e R = Reservas Totais dos bancos comerciais /
Depósitos à vista nos bancos comerciais.
Assim, m = M / B = 1/(c + d2 + Rd1).
Mas como M = papel-moeda em poder do público mais
depósitos à vista nos bancos comerciais mais depósitos à
vista nas Autoridades Monetárias, tinha-se, dividindo-se
ambos os membros desta igualdade por M, e utilizando-se as
definições de c1, d1 e d2,
1 = c + d1 +d2 ⇒ d2 = 1 - c - d1.
Substituindo-se esta expressão acima,
m = M/B = 1/ (1 - d1 + Rd1)
Obtém-se assim a mesma fórmula para o multiplicador que a
deduzida no texto. Entretanto, os valores de d1 e R são
diferentes em cada caso (por considerarem ou não o Banco do
Brasil como banco comercial). Deixamos para o leitor a
resposta à pergunta sobre os efeitos, no tempo zero, sobre
base monetária, meios de pagamento e multiplicador,
decorrentes da reclassificlação do Banco do Brasil como
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simples banco comercial a partir de 1986. Sugestão para a
resposta relativa aos meios de pagamento: a medida implica
alguma operação, no instante zero (de modificação de status
do Banco do Brasil) entre o setor monetário e não monetário
da economia?
13) Num país, o público guarda 20% dos seus meios de
pagamento sob a forma de papel-moeda, e 60% em depósitos à
vista em um banco central do tipo misto (veja o exercício
resolvido anterior). Os bancos comerciais mantêm 10% dos
depósitos à vista recebidos do público como caixa em moeda
corrente. O Banco Central conserva um encaixe em moeda
corrente igual a 5% dos depósitos recebidos do público.
Pede-se: a) a relação entre meios de pagamento e papel-
moeda em circulação; b) a relação entre meios de
pagamento e papel-moeda emitido.
Solução:
a) Dado que papel-moeda em circulação (PMC) é igual a
papel-moeda em poder do público mais encaixes em moeda
corrente dos bancos comerciais, podemos escrever:
PMC = cM + r1d1M,
A partir desta última expressão, obtemos diretamente:
54,402,020,0
11
11
=+
=+
=d r c PMC
M
b) Dado que papel-moeda emitido é igual a papel-moeda em
circulação mais os encaixes em moeda corrente no banco
central, seguindo o procedimento adotado no item anterior,
podemos escrever:
PME = cM + r1d1M + r*1d2M
onde PME representa o saldo do papel-moeda emitido e r*1 a
fração dos depósitos à vista mantida sob a forma de
encaixes em moeda corrente por parte do Banco Central.
Conclui-se então que:M
PME c r d r d =
+ +=
+ +=
1 1
0 20 0 02 0 034
1 1 1 2
* , , ,
14) Em uma certa economia os depósitos compulsórios
dos bancos comerciais junto ao banco central não costumam
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ser esterilizados, ficando à disposição do banco central
para o financiamento de suas operações ativas. Posto isto,
comente a seguinte afirmativa: “neste caso, a elevação da
taxa de recolhimento compulsório não exerce efeito
contracionista sobre os meios de pagamento”
Solução:
O banco central não precisa necessariamente regular
suas operações ativas por suas disponibilidades de caixa.
Neste caso uma elevação, coeteris paribus, do recolhimento
compulsório deixará inalterada a base monetária (devido a
uma queda simultânea em algumas das demais contas que
compõem a base). Isto implicará numa queda do multiplicador
monetário, gerando, consequentemente, uma contração dos
meios de pagamento ao longo do tempo (os bancos comerciais
terão menos recursos livres para emprestar).
Se o Banco Central, por outro lado, perseguir uma
política de elevar as suas operações ativas do mesmo
montante e sempre que aumentarem os encaixes bancários,
então de fato nada ocorrerá com os meios de pagamento. Tem-
se, neste caso, inicialmente:
M = B/(1-d1(1-R))
e depois:
M* = (B + ∆B)/(1-d1(1 - R*))
Repetindo-se algebrismos semelhantes àqueles efetuados na
seção 1.9,
( )( )*
1
*
1
11*
Rd
B R RM d M M
−−
∆+−=−
Pelo que se supôs do comportamento do Banco Central,
a variação da base é exatamente igual à elevação de
reservas, ou seja,
∆B = d1M (R* - R)
Substituindo-se esta expressão acima conclui-se que M= M*,
ou seja, os meios de pagamento neste caso não se alteram.
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Macroeconomia C.1/ Simonsen M. H. e Cysne R. P. /Março_2006
15) Um banco comercial deseja estar preparado para
enfrentar uma queda súbita de 100% de seus depósitos à
vista. Se os recolhimentos compulsórios representam uma
fração R dos depósitos à vista, qual a fração destes
últimos que deve ser mantida como encaixes voluntários?
Solução:
Neste caso, os encaixes devem igualar os depósitos à
vista, ou seja:
Encaixes voluntários + Encaixes compulsórios =
Depósitos à vista Divindindo ambos os termos por
Depósitos à vista, obtemos, fazendo
Rv = Encaixes voluntários/Depósitos, e
Rc = Encaixes compulsórios/Depósitos
Rv = 1 - Rc
16) Numa economia funciona um Banco Central do tipo misto
(veja o exercício resolvido número 12). O público guarda
25% de seus meios de pagamento sob a forma de papel-moeda,
60% em depósitos à vista nos bancos comerciais e 15% em
depósitos à vista no banco central. As únicas contas do
sistema criador de moeda são as que indicam, a seguir:
A) Bancos comerciais
Ativo Passivo
Encaixe em moeda corrente Depósito à vista do público
Encaixe em depósitos no
Banco Central
Redescontos
Empréstimos ao setor privado
B) Banco Central
Ativo Passivo
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Empréstimos ao Governo Depósitos à vista do
público
Empréstimos ao setor privado Depósitos dos bancos
comerciais
Redescontos Papel-moeda em circulação
Os bancos comerciais mantêm um encaixe igual a 30% dos
seus depósitos, sendo 10% em moeda corrente e 20% em
depósitos no Banco Central. O orçamento monetário para o
ano X fixa como metas, em unidades monetárias: a) 500
bilhões de expansão dos empréstimos do Banco Central ao
governo; b) 300 bilhões de expansão dos empréstimos do
banco central ao setor privado. c)800 bilhões de expansão
dos empréstimos dos banco comerciais ao setor privado.Determine a expansão de meios de pagamento e o orçamento
monetário para o ano X (utilize o parâmetro d2 para
designar a relação entre os depósitos à vista do público,
exceto Tesouro, no banco central, e os meios de pagamento).
Solução:
Repetindo os balancetes, em termos das respectivas
variações, temos:A) Bancos Comerciais
Ativo PassivoEncaixes em moeda corrente Depósitos à vista do público
r1d1 ∆M = 0,06 ∆ M d1 ∆ M = 0,6 ∆ M
Encaixe em depósitos no
Banco Central
Redescontos = ∆ R
(r2 + r3) d1 ∆M = 0,12 ∆M
Empréstimos ao setor privado
800 bilhões
Total 800 bilhões + 0,18 ∆ M Total 0,6 ∆M + ∆ R
B) Banco Central
Ativo Passivo
Empréstimos ao Governo Depósitos à vista do público
500 bilhões d2 ∆ M = 0,15 ∆ M
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Macroeconomia C.1/ Simonsen M. H. e Cysne R. P. /Março_2006
Empréstimos ao setor privado Depósitos dos bancos
comerciais
300 bilhões (r2 + r3) d1 ∆M = 0,12 ∆ M
Redescontos = ∆R Papel-moeda em circulação
(c + r1d1)∆
M = 0,31∆
MTotal 800 bilhões + ∆R Total 0,58 ∆ M
Pela igualdade entre passivo e ativo, para cada
balancete tomado separadamente, chegamos ao sistema de duas
equações e duas incógnitas:
800 + 0,18 ∆M = 0,6 ∆M + ∆R
800 + ∆R = 0,58 ∆M
Resolvendo para ∆M e ∆ R, obtém-se ∆ M = 1600, ∆ R =
128. Substituindo estes valores nos balancetes acima,
chegamos ao orçamento monetário (com valores expressos em
bilhões de unidades monetárias):
A) Bancos comerciais
Ativo Passivo
Encaixe em moeda corrente96
Depósitos à vista do público960
Encaixe em depósito no Redescontos
128
Banco Central
192
Empréstimos ao setor privado
800
Total
1088
Total
1088
B) Banco Central
Ativo Passivo
Empréstimo ao Governo
500
Depósitos vista do público
240
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Macroeconomia C.1/ Simonsen M. H. e Cysne R. P. /Março_2006
Empréstimos ao setor privado
300
Depósitos dos bancos
comerciais 192
Redescontos
128
Papel-moeda em circulação
496
Total928
Total928
7) Em um certo país, permite-se que metade dos
recolhimentos compulsórios exigidos dos bancos comerciais
relativos aos depósitos à vista seja feita não sob a forma
de depósitos em moeda no banco central, mas pela aquisição
de títulos do Tesouro. Sob este tipo de procedimento a base
monetária diminui, pois baixam os empréstimos líquidos do
banco central ao Governo Federal. Mostre que no entanto, oaumento do multiplicador é exatamente o necessário para
compensar a contração da base, o efeito sendo neutro sobre
o volume de meios de pagamento.
Solução:
Os meios de pagamento não se alteram porque o crédito
fornecido pelo sistema bancário não se modifica com essa
operação. De fato, ocorre apenas uma troca do agentefinanciador do Tesouro. Se antes da entrada em vigor do
procedimento supracitado este papel era exercido pelo Banco
Central, depois passa a representar um ativo do sistema
bancário comercial. Formalmente, se M e M* representam os
meios de pagamento, respectivamente antes e depois da nova
medida, podemos escrever:
( ) Rd
BM
−−=
11 1
(1)
( )*
1
*
11 Rd
X BM
−−
−=
(2)
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Macroeconomia C.1/ Simonsen M. H. e Cysne R. P. /Março_2006
onde R* denota a nova relação entre reservas totais e
depósitos à vista nos bancos comerciais, após a implantação
da medida em questão, e X a queda da base monetária.
A partir de (1) e (2), obtém-se facilmente (repetindo
cálculo semelhante efetuado no problema resolvido número
14) que:
( )( )*
1
*
1*
11 Rd
X R RM d M M
−−
−−=−
(3)
Sabemos que neste tipo de operação a queda n
a base
monetária iguala exatamente a queda do nível de reservas,
onde podemos escrever:
Queda de Reservas = X = d1M (R - R*)
Substituindo (4) em (3), obtém-se diretamente M*
= M.
18) Em um certo país, um modelo usual para a análise
do impacto das operações de "open-market", conduzidas pelo
banco central, sobre o volume de meios de pagamento costuma
a partir dos seguintes pressupostos:
i) a venda de títulos do Tesouro nas operações de
"open-market" diminui no mesmo montante a base monetária;
ii) o saldo T dos títulos colocados é função crescente
da taxa de juros e esse saldo desdobra-se em duas parcelas:
T1, retida pelos bancos comerciais, e T2, retida pelo
público.T2 também é função crescente da taxa de juros;
iii) a fração d1 dos meios de pagamento conservada
como depósito à vista nos bancos comerciais independe dataxa de juros r;
iv) além de conservarem uma fração R dos seus
depósitos como encaixe em moeda corrente e em depósitos no
banco central, os bancos comerciais mantêm uma linha
secundária de encaixes em títulos de "open-market "
equivalente a uma fração A dos depósitos à vista. Supõe-se
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que R seja função decrescente e A crescente da taxa de
juros; R + A também deve ser função crescente da taxa de
juros, em virtude da imperfeita substituibilidade dos
encaixes em moeda pelos encaixes em títulos. Naturalmente,
R + A deve ser menor que 1. Mostre, com estas hipóteses,
que um aumento na colocação de títulos de " open-market ";
a) aumenta o multiplicador da base monetária; b) contrai os
meios de pagamento.
Solução:
Seja Z igual ao Ativo menos Passivo Não-Monetário das
Autoridades Monetária (excluindo o saldo dos títulos da
dívida pública ) e B a Base monetária. Podemos então
escrever:( ) ( ) ( )r T r T Z r T Z B 21 −−=−= (1)
T1(r) = A (r) d1M (2)
Segue-se que:
( ) ( ){ }r T r T Z mmBM 21 −−== sendo m o multiplicador bancário dado pela fórmula usual:
( ) Rd m
−−=
11
1
1 (3)
Temos então que:
( )( ) ( ) ( )r T M d r A Z Rd M
211 11−−=−−
( )( )( ) A Rd
r T Z M
+−−
−=
11 1
2
(4)
As duas proposições tornam-se agora facilmente
verificáveis. Quando T aumenta, a elevação das taxas de
juros implica numa queda do coeficiente R, levando a um
aumento do multiplicador bancário, conforme se depreende
diretamente da expressão (3). Por outro lado, a colocação
líquida de títulos junto ao público leva a um aumento de T2
e, pela elevação das taxas de juros, a um aumento de R+A.Ambos os motivos concorrem simultaneamente, conforme se
observa na expressão (4), para a contração de meios de
pagamento.
19) Define-se usualmente Crédito Interno Líquido (CIL)
como o saldo dos ativos financeiros do Banco Central contra
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o Governo e o setor privado, o que corresponde, num
balancete simplificado deste último, à base monetária menos
reservas internacionais.
Balancete simplificado do Banco Central
Ativo Passivo
a) Reservas internacionais d) Base Monetária
b) Crédito líquido ao setor
privado
c) Crédito líquido ao
Governo
ou seja, CIL = b + c = d - a. Assim
a) Qual a diferença entre o controle da base monetáriae o controle do crédito interno líquido?
b) Suponha a existência, no passivo do Banco Central,
de uma conta referente a depósitos de terceiros denominados
em moeda estrangeira. Qual a nova expressão que passaria a
relacionar o crédito interno líquido à base monetária?
Solução:
a) Fixar uma meta de controle (CIL) para o crédito
interno líquido equivale, no balancete apresentado, aestipular um valor CIL para o agregado base monetária -
reservas internacionais. Isto significa dizer (supondo que
o valor de CIL já se encontra em CIL), que apenas os
aumentos (ou decréscimos) da base que tiveram como origem
uma elevação (ou diminuição) do nível de reservas
internacionais serão permitidos. Logo, controlar CIL
equivale a controlar a base, a menos das variações deste
agregado (base) decorrentes da compra ou venda de reservas
internacionais por parte do Banco Central.b) Neste caso, teremos então o balancete simplificado
do Banco Central:
Ativo Passivo
a) Reservas internacionais d) Base monetária
b) Crédito líquido ao setor
privado
e) Depósitos em moeda
estrangeira
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c) Crédito líquido ao
Governo
quando, estão, CIL = b + c = d + e - a, ou seja. controlar
o crédito interno líquido equivale a controlar o agregadobase monetária mais depósitos em moeda estrangeira menos
reservas internacionais. Se o crédito interno líquido já se
controla no nível previamente fixado CIL, permite-se que a
base aumente (diminua) apenas no caso de uma aquisição
(venda) de reservas internacionais ou de uma diminuição
(aumento) dos depósitos em moeda estrangeira no Banco
Central.
20) Os balancetes patrimoniais apresentados na seção1.6 limitam-se a contabilizar a operação em questão,
desprezando o mecanismo de multiplicação bancária e as
receitas e despesas associadas a cada um dos casos
estudados. Trata-se de um reajuste restrito ao tempo to de
realização da operação, onde só se contabilizam as
variações de cada conta, sem reflexos sobre a conta de
lucros e perdas da entidade em questão. Sob este ponte de
vista, um empréstimo no valor de X unidades monetárias
(u.m.) aumenta em X u.m. os meios de pagamento,independentemente da taxa de juros envolvida. Trabalhando
com o balancete de um banco central do tipo misto (veja o
exercício resolvido número 12), inclua os lucros e
prejuízos associados ao período contábil para concluir que:
a) Um empréstimo de X u.m. concedido pelo Banco
Central financiado pela emissão de certificados de depósito
a prazo (no mesmo valor) só aumentará a Base monetária
(coeteris paribus) se a taxa de juros de captação forsuperior àquela acertada no empréstimo.
b) Um empréstimo de X u.m. concedido pelo banco
central e resgatado no mesmo exercício contábil, que tenha
gerado no primeiro momento um expansão da base monetária
terá, ao final do período, um efeito contracionista sobre
este agregado, ainda que efetuado a uma taxa de juros
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subsidiada (isto é, inferior à taxa média de mercado para
operações congêneres).
Solução:
Tanto o item (a) quanto o (b) se referem às variações do
patrimônio líquido (capital próprio) do banco central,
decorrentes da inserção da conta de resultados do período.
No primeiro caso, o empréstimo financiado pela emissão de
depósitos a prazo terá gerado um lucro negativo, já que,
por hipótese, a taxa de juros incidente sobre a aplicação é
inferior à taxa de captação. Coeteris paribus, isto
acarretará uma exapansão monetária, segundo o balancete a
seguir:
Balancete Consolidado do Banco Central
Ativo Passivo
∆ Empréstimo ao setor ∆ Base monetária = + Y
privado = + X Passivo Não-Monetário
∆ Depósitos a prazo = + X
∆ Patrimônio líquido
(Lucros acumulados) = − Y
Já no item (b), como o financeiamento do empréstimo
subsidiado se dá a juros nominais nulos (não estamos
levando em consideração os custos operacionais envolvidosna operação), teremos um resultado do exercícios positivo,
resultando num efeito contracionista sobre a base
monetária. Como o empréstimo, por hipótese, é resgatado
dentro do mesmo período contábil, apresentamos apenas as
alterações no patrimônio líquido e na base monetária, onde
Z corresponde ao lucro associado à operação.
Balancete Consolidado do Banco Central
Ativo Passivo
∆ Base monetária =− Z
∆ Patrimônio líquido
(Lucros acumulados) = + Z
A queda da Base neste caso pode ser visualizada como o
aumento da caixa (ou seja, no caso do próprio emissor de
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moeda, a diminuição das obrigações monetárias) decorrente
do lucro no execício.
21) Nos termos da lei 6404/76, os bancos comerciais
devem apresentar o seu balanço patrimonial a cada seis
meses, utilizando o regime de competência, e não o regime
de caixa, na classificação das receitas e despesas
referentes ao exercício contábil. Por este critério, estas
últimas devem ser lançadas no resultado do exercício quando
da ocorrência de seu fato gerador, e não, necessariamente,
quando do recebimento ou pagamento associado a cada
operação. Imagine então, dentro deste procedimento, que o
Banco X apresente, na data to, dois meses antes do
encerramento do período contábil (data t1), o seguinte
balancete patrimonial:
Balancete do Banco X em Unidades Monetárias
Data to
Ativo Passivo
Caixa
1500
Depósitos à vista
1000Depósitos no Banco Central
500
Patrimônio líquido
Capital
1000
Total
2000
Total
2000
Na data to, o banco X faz um empréstimo em moeda
corrente de 500 u.m., a uma taxa de juros de 6% aosemestre, com resgate previsto para seis meses. Os juros
são recebidos ao início da operação, o que significa dizer
que o mutuante em questão receberá pelo empréstimo apenas
94% do seu valor (470 u.m.). Supondo que as demais contas
permaneçam inalteradas, e inexistência de custos
operacionais, apresente o balanço patrimonial do Banco X,
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ao final do primeiro período (ou seja, na data t1 = t0 + 2
meses) e do segundo (data t2 = t1 + 6 meses) período
contábil.
Solução:
Entre a data to e a data t1 terá se passado apenas 1/3
do prazo do empréstimo. Assim, embora os juros já tenham
sido integralmente recebidos pelo mutuante a esta época, só
devemos incluir no resultado do exercício, de acordo com o
critério de competência, 1/3 deste total (ou seja, 10
u.m.). Assim, teremos:
Balancete do Banco X
Data t1 = to + 2 meses
Ativo Passivo
Caixa
1030
Depósitos à vista
1000
Depósitos no Banco Central
500
Receita de serviços recebida
Empréstimos
500
antecipadamente
20
Patrimônio líquido
Capital1000
Lucros
10
Total
2030
Total
2030
Na data t2 = t1 + 6 meses, toda a receita já terá sido
apropriada (em verdade, isto ocorre dois meses antes da
data t2). Além disto o empréstimo já terá sido amortizado,o que implica num aumento de caixa de 500 u.m. e no
desaparecimento (ou seja, na nulidade) da conta de
empréstimos:
Balancete do Banco X
Data t2 = t1 + 6 meses
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Ativo Passivo
Caixa
1530
Depósitos à vista
1000
Depósitos no Banco Central
500
Patrimônio líquido
Capital
1000
Lucros acumulados
30
Total
2030
Total
2030
Se o regime utilizado fosse o de caixa, e não o de
competência, a conta de resultados ao final do período t1
já apresentaria o saldo de 30 (pois os juros já haviamsido recebidos pelo banco), e não 10. Em compensação, não
haveria uma conta relativa à receita de serviços recebidos
antecipadamente.
1.14 - Exercícios Propostos
1) Qualifique as afirmativas a seguir como verdadeiras
ou falsas, justificando em seguida.
a) Para que determinado agente econômico contribuapara o aumento de liquidez do restante da economia, não
basta que ele emita obrigações de alguma liquidez.É também
necessário que a liquidez de suas obrigações seja maior do
que a liquidez dos ativos que tal agente adquire.
b) Um aumento da taxa de redesconto não pode alterar o
volume de meios de pagamento,dado que representa uma
operação que envolve apenas elementos do setor bancário da
economia.
c) Não há sentido de se fazer distinção entre políticamonetária e creditícia, já que M1 representa o passivo, e,
o crédito, o ativo do sistema bancário.
d) Se o multiplicador e a base monetária aumentarem
10% cada, os meios de pagamento se elevarão em 20%.
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e) Uma desvalorização cambial eleva o valor, em moeda
doméstica, das reservas internacionais.A contrapartida, no
caso, se dá por um aumento da base monetária.
f) Se uma lei oficializasse a utilização do dólar como
meio de conta e meio de troca na economia brasileira, o
efeito imediato se daria sobre a demanda e não sobre a
oferta de M1.
g) Se o banco central toma um empréstimo no exterior
objetivando aumentar as reservas internacionais à
disposição do pais, pode-se dizer com certeza que a base
monetária se expandiu.
h) Se os bancos comerciais cobrassem uma taxa pela
movimentação do saldo dos depósitos à vista , o depósito de
moeda corrente num banco (numa conta de depósitos à vista)
afetaria os meios de pagamento.
i) Se um banco comercial emite CDB, há uma queda no
saldo total dos meios de pagamento.O mesmo ocorre quando um
indivíduo vai a um banco de investimento e adquire um CDB
pagando em papel-moeda.
2) Alguns textos de macroeconomia trabalham com o
balancete simplificado no sistema bancário comercial:
Ativo Passivo
a) Empréstimos do sistema
bancário
c) Depósitos
Comercial
b) Encaixes totais
Dado isto:
a) Mostre que a diferença entre meios de pagamento e
base monetária ficará exclusivamente por conta dosempréstimos do sistema bancário comercial, no caso, iguais
a (1 - R) d1M.
b) Acrescente à conta do passivo acima especificada um
item adicional (d) que represente outras contas do passivo
do sistema bancário comercial, tais como, por exemplo,
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depósitos a prazo e operações de redesconto junto ao Banco
Central.
Qual a sua nova conclusão a respeito da diferença M-B?
Ela continua igual aos empréstimos totais do sistema
bancário, ou reflete apenas aqueles baseados na captação de
depósitos à vista, dados por (l - R) d1?
c) Tome agora o caso mais abrangente em que o item (d)
representa o saldo do passivo não-monetário dos bancos
comerciais sobre as demais contas do ativo. Qual a sua
conclusão final?
3) Suponha que, em determinada economia, uma certa
conta do passivo do sistema bancário faz parte da definição
mais apropriada de meios de pagamento. Baseado nisto alguém
argumenta que tal rubrica deve também ser incluída na
definição de base monetária, pois caso contrário não mais
se daria a equivalência entre M-B(meios de pagamento menos
base monetária) e a parcela de aplicações do sistema
bancário dado por (1 - R)d1M (ou seja, aquela proveniente
da fração dos depósitos à vista não alocada sob a forma de
encaixes).
a)Como você se colocaria diante de tal proposição?
b)A mudança do conceito de base implica na alteração
da expressão do multiplicador? Por quê?
4) Imagine uma instituição financeira que opere no
mercado emprestando por dois períodos à taxa de juros i e
captando, ao início do primeiro período, à taxa i e, ao
início do segundo, à taxa j. Pergunta-se:
a) Sob que condições esta operação implicará em
prejuízo?E em lucro?
b) Se admitirmos que títulos de um período têm uma
liquidez maior do que títulos de dois períodos de
maturidade esta instituição está contribuindo para o
aumento ou diminuição da liquidez da economia?
c) Um tipo de operação alternativa a anteriormente
descrita se dá quando as intituições financeiras captam e
emprestam em operações da mesma maturidade.Como você
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esperaria que variasse o número de operações de um e outro
tipo, num momemto de incerteza sobre a evolução da
economia?
5) Lê-se o seguinte trecho à página 34 da edição de
1984 do Relatório do Banco Central, a respeito do depósito
compulsório dos bancos comerciais: "Ao final de 1983, com a
Resolução no.864, de 11 de novembro, foi eliminada da
composição do recolhimento sobre os depósitos à vista a
parcela referente aos títulos públicos federais."
Baseado apenas neste trecho:
a)Intreperte a afirmativa.
b)Existe alguma influência desta medida sobre o valor
do multiplicador bancário?
c)Sobre a base monetária?
d)Sobre volume total de meios de pagamento?
6) No Boletim do Banco Central do Brasil de agosto de
2005 lê-se a seguinte definição do agregado monetário M2:
M2= M1+ depósitos a prazo + letras de câmbio + letras
hipotecárias + letras imobiliárias + depósitos de poupança.
Com base nesta definição, mostre como você construiria, a
partir do balancete do sistema monetário, o balancete do
sistema gerador de M2.
9) Uma variável M é dada pela expressão:
M = A + B +C
Deduza a expressão que relaciona a variação percentual de
M:
M M M
M % =
−1 0
0 às variações precentusia de A, B e C:
M A
A B C A B
A B C B C
A B C C % % % %=
+ ++
+ ++
+ +
0
0 0 0
0
0 0 0
0
0 0 0 onde A0, B0, e C0 correspondem, respectivamente, aos
valores iniciais de A, B e C. Repita seu procedimento para
o caso em que M = A +B.
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10) Deduza o multiplicador bancário utilizando o
coeficiente alternativo
c' = Papel moeda em poder do público/depósitos à vista
do público nos bancos comerciais
e o coeficiente já definido
R = Encaixes totais dos bancos comerciais/depósitos à
vista do público nos bancos comerciais.
Mostre que, tal como ocorre com o multiplicador
deduzido no texto, o seu valor será igual à unidade no
caso em que R = 1. Justifique economicamente. Utilize o
fato de que c' = c/(1-c) para obter a antiga expressão do
multiplicador a partir da nova expressão por você obtida.
Faça também o caminho inverso para mostrar a equivalência
entre as expressões.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
Banco Central do Brasil: Várias Publicações
Ipea - Banco de Dados Ipeadata
Cysne, Rubens Penha (1985). Moeda Indexada. Revista
Brasileira de Economia, v. 35, n. 1, p. 0-0.
Cysne, Rubens Penha (2005) . An Overview of Some Historical
Brazilian Macroeconomic Series and Some Open Questions. Rio
de Janeiro: Fundação Getulio Vargas (Ensaio Econômico,
592).
Cysne, Rubens Penha (2005). What Happens After the Central
Bank of Brazil Increases the Target What Happens After the
Central Bank of Brazil Increases the Target Interbank Rate
by 1%? . Rio de Janeiro: Fundação Getulio Vargas (Ensaio
Econômico, 584).
Simonsen, Mario. H. e Cysne, Rubens P. (1989, 1995)
"Macroeconomia" Ao Livro Técnico, primeira edição, de 1989,
e Editora Atlas, segunda edição, 1995.
Simonsen, M. H. "Macroeconomia" (1979), APEC Editora. (7°
edição).
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