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ATIVIDADE RESPIRATÓRIA E AMACIAMENTO DA POLPA DE FRUTOS DE 1
ACESSOS DE MANGUEIRA SOB ARMAZENAMENTO REFRIGERADO 2
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MAÍSA DE MACÊDO CRUZ1; NARA CRISTINA RISTOW
2; SAULO DE TARSO AIDAR
3; 4
MARIA AUXILIADORA COÊLHO DE LIMA4. 5
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INTRODUÇÃO 7
8
A manga teve origem na Ásia e se expandiu no Brasil, principalmente em meados dos anos 9
80 e por toda a década de 90. No Brasil, tem sido cultivada em todas as regiões e no período de 10
1990 a 2007 apresentou crescimento significativo de 67,56%, registrado nas regiões Nordeste, 11
Sudeste e Sul do País (SILVA; CORREIA, 2010). 12
Atualmente, a demanda por produtos de qualidade tem aumentado e o programa de 13
melhoramento genético, que é a base comercial da mangicultura brasileira, vem trabalhando para 14
uma eficiência produtiva, além de aprimorar as cultivares em diversos aspectos, como tolerância a 15
pragas e doenças. O objetivo é aumentar a produtividade e as exportações do Brasil, que é o terceiro 16
maior produtor mundial de frutas e tem a manga como a segunda mais exportada (ANUÁRIO 17
BRASILEIRO DA FRUTICULTURA, 2014). 18
Para atender as exigências do mercado, as mangas produzidas no Vale do São Francisco 19
que se destinam à exportação são submetidas a varias técnicas. Entre as técnicas de pós-colheita, 20
cita-se a refrigeração. Para que esta técnica seja eficiente, é necessário que se conheça como alguns 21
eventos metabólicos podem variar após a colheita de frutos de diferentes genótipos de mangueira. 22
O presente estudo teve o objetivo de caracterizar a atividade respiratória e algumas 23
mudanças relacionadas ao amaciamento da polpa em frutos dos acessos de mangueiras Foice, 24
Espada Ouro, Espada Itaparica, Imperial II e Princesa, durante o armazenamento refrigerado. 25
26
MATERIAL E MÉTODOS 27
28
Os frutos foram colhidos de mangueiras do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa 29
Semiárido, localizado no Campo Experimental de Mandacaru, em Juazeiro-BA. Os frutos, dos 30
acessos Foice, Espada Ouro, Espada Itaparica, Imperial II e Princesa, foram colhidos em estádio de 31
maturação 3, representado por casca verde-amarelada no ápice e polpa amarela. 32
1Bolsista PIBIC/CNPq-Embrapa, graduanda em Ciências Biológicas, UPE, Petrolina, PE;
2Engenheira Agrônoma, Dr., bolsista DCR FACEPE/CNPq, Embrapa Semiárido, Petrolina, PE.
3Biólogo, Dr., Pesquisador da Embrapa Semiárido, Caixa Posta 23, Petrolina, PE.
4Engenheira Agrônoma, Dr., Pesquisadora, Embrapa Semiárido. auxiliadora.lima@embrapa.br
Os tratamentos corresponderam aos cinco acessos e ao tempo de armazenamento sob 33
refrigeração (12,4 ± 1,4°C e 89 ± 5% UR). Para os acessos Foice, Espada Ouro, Espada Itaparica e 34
Princesa, os tempos de armazenamento foram 0, 7, 14, 21 e 28 dias, enquanto para os frutos do 35
acesso Imperial II foram 0, 7, 14 e 21 dias. Assim, o delineamento experimental foi inteiramente 36
casualizado, em fatorial 2 x 5 (acesso x período de armazenamento), para os quatro acessos 37
mencionados em primeiro lugar, e 2 x 4, para Imperial II. Foram usadas três repetições, constituídas 38
de quatro frutos, sendo avaliados respiração, firmeza da polpa e teor de substâncias pécticas. 39
40
RESULTADOS E DISCUSSÃO 41
42
A atividade respiratória é o processo mais importante na fisiologia e pós-colheita de frutos 43
e hortaliças (CALBO et al., 2007). Ela regula vários eventos e contribui efetivamente para a vida 44
útil. Entre os acessos de mangueira estudados, observou-se aumento respiratório em algum 45
momento específico do período de armazenamento (Figura 1). Destaca-se o aumento rápido e 46
acentuado para os frutos do acesso Espada Itaparica, com valor máximo registrado já ao sétimo dia 47
e redução gradual após esse pico. O comportamento observado para ‘Princesa’ foi semelhante, com 48
o diferencial de uma redução maior, típica de pico climatérico, a partir do sétimo dia de 49
armazenamento. Nos frutos do acesso Imperial II, a respiração sofre aumentou mais intenso a partir 50
do sétimo dia, caracterizando queda nos valores aos 21 dias, o que pode caracterizar o pós-51
climatério. Em frutos de ‘Espada Ouro’, ocorreu aumento gradual, assim como posterior redução. 52
Os valores não variaram muito, sugerindo maior controle da atividade respiratória nas condições de 53
armazenamento estudadas. Para o acesso Foice, o aumento respiratório começou a partir de 14 dias 54
e ocorreu a taxas menores em relação aos demais, não se observando a formação de um pico. É 55
possível que os frutos desse acesso pudessem ser mantidos por prazo maior nas condições de 56
armazenamento praticadas, o que indicaria maior potencial de conservação pós-colheita. 57
Observou-se que os frutos dos acessos Espada Ouro, Espada Itaparica e Imperial II 58
sofreram amaciamento mais rápido e a taxas comparáveis entre si (Figura 2A). Já nos frutos do 59
acesso ‘Foice’, esse processo ocorreu de forma lenta, partindo de valores iniciais de 60
aproximadamente 85 N, alcançando os 28 dias de armazenamento com valor inferior a 15N. Para o 61
acesso Princesa, o amaciamento da polpa dos frutos caracterizou-se por resposta linear. Em geral, 62
pode-se associar perda de firmeza mais rápida e precoce com atividade respiratória maior. Lima et 63
al. (2010) consideraram que a menor perda inicial de firmeza da polpa pode representar posterior 64
ganho na vida útil e que o evento, em frutos climatéricos, tem forte influência da taxa de síntese de 65
etileno. No sentido prático, estas informações subsidiam a definição de estratégias de conservação 66
para os frutos dos diferentes acessos, de forma a potencializar sua vida útil. 67
Figura 1. Respiração de frutos de mangueira dos acessos Foice, Espada Ouro, Espada Itaparica, 68 Imperial II e Princesa, procedentes do Banco Ativo de Germoplasma da Embrapa Semiárido, 69
durante o armazenamento refrigerado (12,4 ± 1,4°C e 89 ± 5% UR) por até 28 ou 21 dias. 70
71
(A)
(B)
Figura 2. Firmeza (A) e teor de substâncias pécticas (B) em frutos de mangueira dos acessos Foice, 72 Espada Ouro, Espada Itaparica, Imperial II e Princesa, procedentes do Banco Ativo de 73 Germoplasma da Embrapa Semiárido, durante o armazenamento refrigerado (12,4 ± 1,4°C e 89 ± 74 5% UR) por até 28 ou 21 dias. 75
Y1 = 0,0202x2 - 0,1414x + 12,779 R² = 0,9188*
Y2 = 0,0067x3 - 0,3591x2 + 5,4908x + 13,239 R² = 0,9864**
Y3 = 0,0099x3 - 0,4564x2 + 5,24x + 14,164 R² = 0,7209**
Y4 = -0,0329x2 + 1,1202x + 9,2263 R² = 0,7320**
Y5 = não ajustado R² ˂ 0,700
10
20
30
40
0 7 14 21 28
Resp
iração
(m
L O
2.K
g-1
.h-1
)
Tempo de armazenamento (dias)
Foice (Y1) Espada Itaparica (Y2) Princesa (Y3) Espada Ouro (Y4) Imperial II (Y5)
Y1 = -0,1099x2 + 0,587x + 81,287 R² = 0,9905*
Y2 = 0,0967x2 - 4,6129x + 56,356 R² = 0,9896**
Y3 = -1,5837x + 54,242 R² = 0,9483**
Y4 = 0,0073x3 - 0,2226x2 - 1,4604x + 60,59 R² = 0,9552**
Y5 = não ajustadoR² ˂ 0,70
-5
10
25
40
55
70
85
0 7 14 21 28
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meza
da p
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a (N
)
Tempo de armazenamento (dias)
Foice (Y1) Espada Itaparica (Y2) Princesa (Y3) Espada Ouro (Y4) Imperial II (Y5)
Y1 = 5E-05x3 - 0,0017x2 + 0,018x + 0,0583 R² = 0,9995**
Y2 = 0,0003x2 - 0,0022x + 0,1253 R² = 0,9674**
Y3 = 0,0002x2 - 0,0068x + 0,134 R² = 0,9568**
Y4 = -3E-05x3 + 0,0013x2 - 0,0064x + 0,1024 R² = 0,9853**
Y5 = não ajustado R² = ˂ 0,700,00
0,05
0,10
0,15
0,20
0,25
0,30
0,35
0 7 14 21 28
Teo
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g.1
00 g
-1)
Tempo de armazenamento (dias)
Foice (Y1) Espada Itaparica (Y2) Princesa (Y3) Espada Ouro (Y4) Imperial II (Y5)
Em relação ao teor de substâncias pécticas, observou-se resposta inversa à da firmeza da 76
polpa, com aumentos com a extensão do período de armazenamento, para todos os acessos 77
estudados (Figura 2B). No entanto, alguns autores consideram que esse aumento tem relação com 78
limitações metodológicas na fase de amadurecimento da manga. Desta forma, são estabelecidas 79
relações mais claras e confiáveis entre respiração e firmeza da polpa. 80
81
CONCLUSÕES 82
83
O rápido amaciamento da polpa em frutos dos acessos Espada Itaparica, Espada Ouro e 84
Imperial II coincidiu com aumentos respiratórios que resultaram em pico. 85
Os frutos do acesso ‘Foice’ não exibiram pico respiratório durante o período de 28 dias de 86
armazenamento, finalizando o estudo com polpa firme. 87
88
REFERÊNCIAS 89
90
ANUÁRIO BRASILEIRO DE FRUTICULTURA. Santa Cruz do sul: Editora gazeta, Santa Cruz, 91 2014. 140p. Disponível em: http://www.grupogaz.com.br/editora/anuarios/show/4333.html. Acesso 92
em: 29. mai. 2014 93
94
CALBO, A. G.; MORETTI, C. L.; HENZ, G. P. Respiração de frutas e hortaliças. Comunicado 95 técnico. Brasília, DF. 2007. 96
97
LIMA, M. A. C. de; ALVES, R. E.; FILGUEIRAS, H. A. C. Comportamento respiratório e 98
amaciamento de graviola (Annona muricata L.) após tratamentos pós-colheita com cera e 1-99 metilciclopropeno. Ciência e Agrotecnologia. Lavras, v.34, n.1, p. 155-162, 2010. 100
101
SILVA, P. C. G. da; CORREIA, R. C. Cultivo da mangueira. Sistema de produção online. 2ª 102
edição. 2010. Disponível em: http://www.cnptia.embrapa.br/. Acesso em: 29.mai.2014. 103